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AULA 5 Século XIX (HISTÓRIA DA ARTE)

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1 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
 
 
 
História da Arte 
 
 
Aula 5 
 
 
 
 
 
 
Prof. Otacilio Vaz 
 
2 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Conversa Inicial 
Assim como acontece em outros campos, na arte, também as ideias 
vêm e vão. Tendências e modas também se fazem presentes na arte, assim 
como as calças ficam mais soltas ou mais apertadas a cada década, e modas 
antigas retornam de outra maneira. Nesse caso, o que voltam são as ideias da 
Grécia e da Roma antigas, para terminar de romper os laços com ideias 
religiosas. Disso se trata o período neoclássico, que abordaremos aqui, 
juntamente com a maneira pela qual o neoclássico chegou ao Brasil, trazido 
por artistas franceses. Com ele surgiram outros movimentos, que, junto da 
popularização da fotografia, levaram a arte a novos caminhos. São as 
vanguardas do começo do século XX, que começaram a questionar se a arte 
precisava realmente representar tudo de uma maneira tão certinha. Apesar de 
muitos desses artistas parecerem que pintavam dessa maneira por preguiça, 
eles certamente colaboraram para que a arte se libertasse de algumas 
amarras. 
Tema 1: Arte e Comunicação (século XIX) 
O século XIX se caracterizou por várias técnicas de impressão e/ou 
gravura que, por um lado, aumentaram as possibilidades dos artistas e, por 
outro, permitiram a reprodução de uma obra. 
No começo do século XIX, o inglês Thomas Bewick, gravurista e autor 
de livros de história natural, usou ferramentas de gravura em metal para fazer 
gravuras em madeira, que eram combinadas com tipos em metal para imprimir 
livros. O processo barateou os custos de incluir gravuras em livros. Antes, o 
método usado era o talho-doce, pelo qual a tinta entra nas ranhuras gravadas 
em uma chapa de cobre. No talho-doce, é necessário limpar a chapa a cada 
impressão, o que também exige que o texto seja impresso separadamente. Por 
sua parte, o método do talho-doce derivou na impressão por rotogravura, 
usado para impressões em tiragens muito grandes. 
 
 
3 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Em 1796, o ator alemão Alois Senefelder procurava um jeito de gastar 
menos na impressão de suas peças teatrais, o que o levou a inventar a 
litografia. A técnica consiste em usar um lápis oleoso na superfície de uma 
pedra; depois, é aplicada uma tinta especial, que se fixa na graxa do lápis; o 
excesso de tinta é retirado, e, então, o papel é aplicado sobre a pedra, 
imprimindo o que havia sido desenhado com o lápis. 
O processo foi uma grande inovação, já que permitia que fosse usado 
em menor escala, para as artes, e também para a reprodução de mais cópias, 
como os livros. O uso de várias pedras permitia a combinação de diferentes 
cores. O livro com aquarelas de Debret, Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, 
do qual falaremos adiante, foi impresso com essa técnica. 
O barateamento da reprodução em cores, junto com o fim de legislações 
que censuravam avisos em espaços públicos, colaborou para o surgimento da 
arte dos cartazes ou pôsteres. Vários artistas passaram a fazer cartazes, 
muitos dos quais são conhecidos até hoje, como Toulouse-Lautrec – pintor que 
ficou mais conhecido pelos seus cartazes – e Jules Chéret – que alguns 
consideram o pai dos cartazes como propaganda, tanto pela sua obra como 
pelas mudanças que ele fez que facilitaram o processo da litografia e 
permitiram a impressão em grandes tiragens. 
Figura 1: Théophile Steinlen, cartaz para o cabaré “Le Chat Noir”. 
 
 
4 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
O processo de litografia foi aperfeiçoado para o uso de chapas de 
alumínio em vez de pedra, que podiam ser enroladas em um cilindro. Surgia, 
assim, a impressão offset, método popular até hoje, usado em jornais, revistas, 
folhetos, entre outros. 
Tema 2: O Neoclássico 
O iluminismo foi um movimento cultural que buscava reformar a 
sociedade através do conhecimento científico e da natureza, baseando o 
poder, idealmente, na razão. Esse movimento foi a base do neoclassicismo, 
que, assim como o iluminismo buscava novos valores para terminar de 
desapegar da Idade Média, buscava se desapegar dos excessos do barroco e 
do rococó. 
Como em vários outros momentos da história, foi feito um resgate dos 
ideais da Antiguidade, antes da Idade Média, particularmente Grécia e Roma 
antigas. A ideia era resgatar os valores éticos e estéticos da arte da época. O 
apreço pela ciência e pelo racional, aliado à queda da influência religiosa na 
arte, foi a chave no movimento neoclássico. 
As conotações políticas do movimento também estavam em sintonia 
com a época, o final do século XVIII. O governo revolucionário francês adotou o 
neoclassicismo em contraposição aos excessos do rococó, associado aos 
excessos das elites, porém logo o neoclássico foi apropriado pelas cortes. 
O pintor mais representativo do neoclássico é o francês Jacques-Louis 
David (1748–1825). Ajudado pelos tios, começou a estudar pintura, mas não 
era um bom aluno. Mais tarde, tentou estudar com François Boucher, pintor 
seguidor do rococó, que, por sua vez, o enviou como aprendiz de Joseph-Marie 
Vien, que já tinha uma influência neoclássica. David entrou na Academia Real 
e, mais tarde, depois de várias tentativas, conseguiu entrar na Academia de 
Roma. 
Durante o período na Itália, ficou fascinado com o renascentista Rafael e 
chegou a visitar a cidade de Pompeia, citada como influência do 
neoclassicismo. Retornou a Paris depois de cinco anos, onde, além de pintar, 
 
5 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
apoiou a Revolução Francesa. Um de seus quadros mais famosos é A morte 
de Marat, de 1793, em referência a Jean-Paul Marat, envolvido com a 
Revolução Francesa, assassinado em sua banheira. 
 
No quadro, é possível ver a influência dos clássicos, na representação 
da anatomia, mas também a tentativa de reproduzir fielmente a cena do crime, 
tudo isso de uma maneira austera, sem grandes exageros em perspectivas 
(Gombrich, 2000, p. 485). 
Outros artistas de destaque são o espanhol Francisco de Goya, o 
também francês e aluno de David Jean-Marie-Joseph Ingres, e o escultor 
italiano Antonio Canova. No Brasil, o neoclassicismo chegou com a chamada 
Missão Francesa, que estudaremos na continuação. 
Figura 2: Cartaz do documentário Lixo extraordinário, que referencia A morte de Marat. 
 
Fonte: Berlinda, 2016. 
Tema 3: A Missão Francesa no Brasil 
Com a chegada ao Brasil da corte portuguesa, em 1808, e junto da 
revogação da lei que proibia a instalação de indústrias no Brasil, aconteceu 
uma reestruturação urbana, para a qual foram chamados vários artistas 
 
6 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
franceses para que organizassem o ensino de artes e ofícios. Esses artistas 
chegaram ao Brasil em março de 1816, por iniciativa – segundo alguns autores 
– do Marquês de Marialva. 
Outra teoria seria que esses artistas vieram ao Brasil exilados depois da queda 
de Napoleão. 
Em agosto de 1816, é criada por decreto a Escola Real de Ciências, 
Artes e Ofícios, depois de vários problemas, entre os quais a substituição do 
líder Joaquim Lebreton, francês, pelo português Henrique José da Silva, que 
causou alguns problemas entre os artistas franceses e os portugueses. Com 
outro nome, a Academia Imperial das Belas Artes só foi inaugurada em 
novembro de 1826; três anos depois, foi realizada sua primeira exposição. 
Até então, a arte brasileira se inspirava nos mestres que estavam aqui 
presentes, na arte na qual predominava o estilo barroco português. A influência 
era principalmente essa, e era predominante apesar das releituras e 
apropriações que os artistas brasileiros faziam ao dar continuidade a esses 
trabalhos. O barroco e o rococó estavam esgotados, e sem grandes artistas 
que representassem o movimento (Instituto, 2016). 
Em entrevista, o museólogo Pedro Martins Caldas Xexéo contextualiza a 
quebra que a Missão Francesa representou para a arte brasileira: 
Um argumento clássico contrário àinfluência dos artistas franceses e seus imediatos 
seguidores brasileiros é que o desenvolvimento natural da arte brasileira dentro dos 
princípios formais do Barroco foi interrompido abruptamente por uma proposta formal 
alienígena que impedia a continuidade da trajetória natural de nossa arte. (Instituto, 
2016) 
Ainda segundo Xexéo, o estilo neoclássico chegaria ao Brasil de 
qualquer maneira, já que estava sendo difundido na Europa Ocidental, e 
também era visto como “sofisticado” pelas elites. 
A Missão Francesa teve por consequência uma renovação nas artes – 
ainda que criticada por alguns estudiosos –, e também a profissionalização 
artística, não somente para a pintura e escultura, mas também na arquitetura e 
urbanismo, que na época estavam mais relacionadas ao campo artístico. 
 
7 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Outro ponto importante, assim como aconteceu na missão holandesa 
dois séculos antes, foi que o trabalho desses artistas serviu para documentar 
as paisagens urbanas e naturais, e os próprios brasileiros, seus hábitos, seu 
cotidiano e as vestimentas daquela época. 
Principais artistas da missão 
Jean-Baptiste Debret (1768–1848): era um artista de muitas 
habilidades. Além de pintor, desenhista e gravador, trabalhou com decoração e 
cenografia, além de dar aulas de pintura. Trabalhou como pintor na corte de 
Napoleão, cuja queda, além da morte do único filho de Debret, fez com que o 
artista decidisse integrar a Missão Artística Francesa. No Brasil, ministrou aulas 
de pintura, além de visitar várias cidades para representar suas paisagens e 
costumes. Ele assumiu o papel de documentar o Brasil; portanto, sua obra 
parecia ser feita para ser reproduzida em gravuras, e suas aquarelas parecem 
ter sido feitas rapidamente, o que poderia revelar que ele priorizaria o registro 
do que a técnica. O historiador Rodrigo Naves aponta a dificuldade que Debret 
teria tido em transpor as ideias neoclássicas para o Brasil, considerando ideias 
conflitantes, como a monarquia aqui instaurada e a escravidão (Enciclopédia, 
2016a). Já de volta à França, várias aquarelas feitas no Brasil foram 
litografadas e editadas na obra Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, que foi 
publicada em três volumes, entre 1834 e 1839. 
Nicolas-Antoine Taunay (1755–1830): estudou pintura desde os 13 
anos. Em 1805, foi escolhido como um dos pintores que retratariam as 
campanhas de Napoleão na Alemanha. Com a queda de Napoleão, escreve à 
rainha de Portugal solicitando asilo político, o que acarretou sua vinda ao Brasil 
junto com a Missão. Esteve no Brasil entre 1816 e 1821, quando a nomeação 
de Henrique José da Silva para a academia de Belas Artes causou 
desentendimentos que o fizeram voltar à França. Ele ensinava pintura de 
paisagens, deixando seu filho Félix no lugar. Estima-se que ele tenha pintado 
de 25 a 40 quadros durante os cinco anos que esteve no Brasil, dos quais só 
são conhecidos 16. Taunay não representa a luz forte, típica de outros artistas 
 
8 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
que retrataram paisagens brasileiras, e sim uma luz calma, paisagens 
tranquilas, não tão narrativas, e sim contemplativas, minuciosas e ordenadas. 
Segundo o artista e historiador Carlos Zilio, a obra de Taunay revela uma 
dificuldade do artista em conciliar seus conhecimentos vindos da Europa com a 
natureza, desconhecida para ele, do Brasil, usando esquemas de 
representação europeus (Enciclopédia, 2016b). 
Auguste Henry Victor Grandjean de Montigny (1776–1850): arquiteto 
e urbanista, foi um profissional influente durante o império de Napoleão. 
Professor de arquitetura na Academia Imperial, ficou no Brasil até sua morte. É 
dele o projeto do prédio da Academia Imperial de Belas Artes – do qual só 
resta o portal, que pode ser visitado no Jardim Botânico da cidade do Rio de 
Janeiro. Outras obras que ainda podem ser visitadas, também no Rio de 
Janeiro, são o edifício da Praça do Comércio (atual Casa França-Brasil) e o 
Solar Grandjean de Montigny, no bairro da Gávea (Instituto, 2016). 
Tema 4: O Academicismo Brasileiro e sua Superação 
A fundação da Academia Imperial de Belas Artes no Brasil fortaleceu um 
movimento chamado, justamente, academicismo. O academicismo busca que 
as artes plásticas atinjam um nível de qualidade padrão, um uso apurado das 
técnicas e a busca pela beleza ideal, mais do que pela fidelidade na 
representação. O termo varia segundo os autores, mas alguns se referem ao 
academicismo como a consolidação do método das academias de belas artes 
em detrimento do sistema corporativo das guildas medievais de artistas. No 
academicismo, os artistas se distanciam dos artesãos e ficam mais próximos 
dos intelectuais. 
No Brasil, a situação até o início do século XIX era similar à das guildas 
medievais. O ensino da arte era informal, passado de pintores a aprendizes. O 
plano inicial de Lebreton para a Academia Imperial incluía aulas de desenho 
geral, desenho com modelo vivo, história da arte e da arquitetura, perspectiva, 
etc., além de cursos técnicos. 
 
 
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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Os cursos foram tirados do plano por Henrique da Silva, que se opunha aos 
franceses, fato ao qual Debret se referiu como um retrocesso (Cardoso, 2008). 
Depois de algumas décadas de instabilidade, problemas administrativos, 
pouca produção dos alunos, retorno de alguns dos mestres da Missão 
Francesa a Paris, a Academia Imperial afirmava seu papel de apontar os rumos 
da arte brasileira. A estabilidade política e econômica do segundo reinado 
(1840–1889) também colaborou para isso. Em 1854, o artista Manoel de Araújo 
Porto Alegre, discípulo de Debret, assumiu a direção da Academia Imperial, 
dando importância aos cursos técnicos, criando novas matérias, a pinacoteca, 
entre outras medidas; tudo isso cuidando para que fosse apropriado para a 
realidade brasileira, e não uma mera transposição do conhecimento europeu. 
Afonso Taunay – historiador, bisneto do pintor Nicolas-Antoine, de quem já 
falamos – resume o que o academismo representou no Brasil: 
Ao empirismo, ou automatismo dos processos correntes de aprendizagem 
artística e profissional, substituiu uma metodologia. Terminava a época 
antididática e iniciava-se a de caráter didático. […] Na pintura — o antigo, a 
mitologia e a história substituíram a obra quase que exclusivamente sacra dos 
'santeiros' pictoriais da colônia e do último Vice-Reinado (Taunay apud Vale, 
2006). 
Principais artistas 
Pedro Américo (1843-1905): aos dez anos, já era desenhista de uma 
expedição de estudos de plantas nordestinas. Recebeu apoio do governo para 
estudar na Academia Imperial, e depois estudou na Europa – não somente 
pintura, mas também Ciências Sociais e Ciências Naturais. Ele abordava vários 
temas, mas se caracterizava pelas pinturas representando batalhas, como a 
Batalha de Avaí, executada entre 1874 e 1877, em Florença, na Itália. A obra 
lhe rendeu o reconhecimento do governo italiano, que solicitou a Américo um 
retrato para ser colocado entre os retratos de pintores da Galleria degli Uffizi. 
Seu estilo é bem representativo do academicismo, misturando elementos 
neoclássicos, românticos, e realistas, não muito preocupado com a 
representação pictórica fiel dos fatos. Nas suas próprias palavras: 
 
10 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Um quadro histórico deve, como síntese, ser baseado na verdade e reproduzir 
as faces essenciais do fato, e, como análise, em um grande número de 
raciocínios derivados, a um tempo da ponderação das circunstâncias 
verossímeis e prováveis, e do conhecimento das leis e das convenções da arte 
(Melo apud Trevisan, 2009). 
Figura 3: Batalha de Avaí. 
 
 
Vitor Meireles de Lima (1832–1903): nascido em Nossa Senhora do 
Desterro, atual Florianópolis, era filho de imigrantes portugueses; apesar da 
falta de condições econômicas, conseguiu ir à escola e estudar desenho. Aos 
14 anos, foi admitido na Academia Imperialpelo então diretor Félix-Émile 
Taunay – filho de Nicolas-Antoine –, que ficou impressionado com seus 
desenhos. Aluno exemplar, destacou-se particularmente na disciplina de 
pintura histórica. Aos 20 anos, venceu o prêmio que outorgou a ele uma 
viagem à Europa, onde estudou até 1861, quando retornou ao Brasil. Antes 
disso, expôs no Salão de Paris sua obra mais conhecida, A primeira missa no 
Brasil, executada entre 1858 e 1861. 
 
 
 
 
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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Figura 4: A primeira missa no Brasil. 
 
 
José Ferraz de Almeida Júnior (1850–1899): nascido em Itu, interior 
de São Paulo, foi estudar na Academia Imperial aos 21 anos, com o dinheiro 
coletado pelo padre Miguel Correa Pacheco. Era descrito como o típico 
“caipira”, no modo de se vestir, na fala, e na timidez. Obteve o título de 
professor de desenho e também prêmios honoríficos que o habilitavam a 
concorrer ao prêmio de viagem, como acontecera com Pedro Américo e Vitor 
Meireles – este último, inclusive, foi professor de Almeida Júnior. Mesmo 
assim, passou seis anos na França, financiado por Dom Pedro II. Alguns 
críticos o consideram “o mais brasileiro” dos pintores do século XIX. Sua obra 
retrata temas históricos, mas ele se caracteriza pelos quadros que representam 
o cotidiano, como Caipira picando fumo. 
 
 
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Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Nessa fase, abandonou certas técnicas de pintura mais tradicionais para 
valorizar a luz, sem priorizar o retrato dos materiais, como fazia antes de voltar 
da Europa (Galvão, 1950). No aniversário do seu nascimento, 8 de maio, é 
comemorado o Dia do Artista Plástico. 
Figura 5: Caipira picando fumo. 
 
 
 
 
13 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Tema 5: Chegada da Fotografia e os Movimentos Abstratos 
A natureza que fala a câmara é distinta da que fala o olho; distinta, sobretudo porque, 
graças a ela, um espaço constituído inconscientemente substitui o espaço constituído 
pela consciência humana. (Benjamin, 1994, p. 26) 
As técnicas usadas na fotografia já eram conhecidas na época do 
Renascimento, mas somente durante o século XIX foram pesquisadas técnicas 
para fixar as imagens em chapas de vidro e, mais tarde, em papel fotográfico. 
A primeira fotografia permanente foi feita em 1826, pelo francês Nicéphore 
Niépce. Depois de várias trocas de experiências com o também francês 
Daguerre, os dois se associaram. 
Depois da morte de Niépce, Daguerre desenvolveu um processo com 
vapor de mercúrio, que reduzia a exposição necessária para a imagem se fixar 
na superfície de algumas horas para alguns minutos, o que permitia retratar 
pessoas com a ajuda de suportes para que as pessoas não se mexessem e 
saíssem borradas no retrato. No começo do século XX, a fotografia já era 
popular, com inovações como a câmera Kodak Brownie, lançada em 1900, que 
permitia que qualquer pessoa fotografasse. Em 1859, a fotografia, como 
expressão artística, teve seu espaço no Salon Carré do Louvre, o que causou 
polêmicas sobre o estatuto da nova técnica como arte (Ramos, 2009, p. 131). 
Segundo Walter Benjamin (apud Ramos, 2009, p. 131), “a fotografia 
permitiu que a pintura entregasse o testemunho”, ou seja, fez com que a 
pintura deixasse de ter a responsabilidade de representar a realidade. Já 
Gombrich (2000, p. 561) fala que essa necessidade surgiu no Renascimento, e 
cita como exemplo a arte egípcia, que representava a realidade de maneiras 
esquemáticas. Ainda segundo Gombrich, a realidade nunca pode ser retratada 
fielmente – como aconteceu, por exemplo, com as pinturas de batalhas de 
Pedro Américo e Vitor Meireles. 
 
 
http://www.passeiweb.com/saiba_mais/biografias/a/imagens/almeida_junior.jpg
 
14 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Gombrich (2000, p. 563) situa como os primeiros “rebeldes solitários” os 
expressionistas como Van Gogh, Cézanne e Gauguin. Nas palavras do próprio 
Van Gogh (Gombrich, 2000, p. 564): 
Exagerei a cor clara do cabelo, usando laranja, cromo e amarelo-limão, e por trás da 
cabeça não pintei a parede trivial do quarto, mas o Infinito. Fiz um fundo simples com o 
azul mais rico e intenso que a paleta era capaz de produzir. A luminosa cabeça loura 
destaca-se misteriosamente deste fundo azul-forte como uma estrela no firmamento. 
Lamentavelmente, meu caríssimo amigo, o público apenas verá nesse exagero uma 
caricatura – mas o que nos importa isso? 
Talvez a obra que melhor represente o expressionismo seja O grito, do 
norueguês Edvard Munch, cuja versão mais famosa data de 1893, inspirada 
por um pôr do sol em Oslo, no qual o céu ficou vermelho repentinamente. 
Na década de 1910, o russo Vassily Kandinsky, então morando em 
Munique, começou a experimentar com quadros não figurativos, tornando-se o 
primeiro pintor abstracionista. Outros pintores abstencionistas importantes são 
o holandês Piet Mondrian e o russo Kazimir Malevich. 
Outro pintor importante foi o francês Paul Cézanne, cujas tentativas de 
simplificação das formas influenciaram movimentos como o fauvismo e o 
cubismo. Nesse último movimento, talvez dentro das vanguardas artísticas da 
transição do século XIX para o século XX, o pintor mais famoso é o espanhol 
Pablo Picasso, que, aos 13 anos, já pintava retratos realistas. Depois de 
períodos mais ou menos experimentais, como os chamados períodos azul e 
período rosa, em 1907, pintou o que foi considerado o primeiro quadro dele 
com influência de arte africana: As senhoritas de Avignon. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Figura 6: Retrato da mãe do artista, 1896 – Picasso tinha 15 anos de idade. 
 
Fonte: Art Experts, 2016. 
 
Figura 7: Garota com barco, 1938. 
 
Fonte: Art Experts, 2016. 
https://www.artexpertswebsite.com/pages/artists/picasso-gallery.php
 
16 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Sobre Picasso, Braque, Cézanne e outros, Gombrich diz que: 
Pode-se perfeitamente simpatizar com o gosto de artistas do século XX por tudo o que é 
direto e genuíno e, no entanto, sentir que seus esforços para se tornarem 
deliberadamente ingênuos e primitivos estão fadados a cair em contradição. Ninguém se 
torna primitivo à sua escolha. Seu desejo frenético de se tornar como crianças direcionou 
alguns dos artistas meramente a exercícios de calculada tolice. (Gombrich, 2000, p. 589) 
Outros movimentos de vanguarda são o surrealismo, cujos principais 
expoentes são Salvador Dalí e René Magritte; o dadaísmo, de Michel Duchamp 
e Man Ray, que questionava a arte, apresentando objetos cotidianos como 
obras de arte; e o expressionismo abstrato, dos estadunidenses Jackson 
Pollock e Franz Kline. 
Síntese 
Aqui começamos estudando o neoclássico, que, por um lado, resgatava 
valores da antiguidade; por outro, fazia esse resgate com a intenção de marcar 
uma diferença, romper com os valores anteriores do rococó, por exemplo. É 
interessante observar as semelhanças com as vanguardas do século XX. 
Semelhanças não entre as pinturas e a arte em si, que eram bem diferentes, 
mas sim na intenção de romper com o anterior e contar sua própria história, 
sem se ater às convenções. No caso das vanguardas do século XX, é 
interessante ver os dois papéis da fotografia: por um lado, ela teria libertado os 
pintores da tarefa de representar fatos fielmente, ou nem tão fielmente, no caso 
dos pintores academicistas – ou você acredita que uma foto da Batalha de Avaí 
seria tão espetacular quanto o quadro? Por outro, a fotografia se tornou mais 
uma linguagem a ser usada pela arte. Portanto, é complicado se ater às 
divisões de movimentos e períodos históricos que aqui traçamos. Essas 
divisões facilitam nosso trabalho como historiadores, mas também temos que 
entender que há mais nuances entre os fatos, os artistas e as suas obras. 
 
 
 
17 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
Referências 
 
ART Experts. Disponível em: 
<https://www.artexpertswebsite.com/pages/artists/picasso-gallery.php>. Acesso 
em: 21 ago. 2016. 
 
BENJAMIN, W. Magiae técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e 
história da cultura. 4.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. 
 
BERLINDA. Disponível em: <http://www.berlinda.org/pt/wp-
content/uploads/2013/11/Lixo-Extraordinario.jpg>. Acesso em: 21 ago. 2016. 
 
CARDOSO, R. A Academia Imperial de Belas Artes e o ensino técnico. 19&20, 
Rio de Janeiro, v. III, n. 1, jan. 2008. Disponível em: 
<http://www.dezenovevinte.net/ensino_artistico/rc_ebatecnico.htm>. Acesso: 11 
jul. 2016. 
 
DEBRET, J. B. Voyage pittoresque et historique au Brésil. 1 v. 1834. 
Disponível em: <http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/00624510>. Acesso: 
11 jul. 2016. 
 
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. Debret. Itaú Cultural: São Paulo, 2016. 
Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa18749/debret>. 
Acesso: 11 jul. 2016. 
 
ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural. Nicolas Antoine Taunay. Itaú Cultural: São 
Paulo, 2016. Disponível em: 
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24452/nicolas-antoine-taunay>. 
Acesso: 11 jul. 2016. 
 
 
18 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
GALVÃO, A. Almeida Júnior: sua técnica, sua obra. 1950. Disponível em: 
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