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AULA 2 - Fotografia (IMAGEM E CONSTRUÇÃO SOCIAL)

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IMAGEM E CONSTRUÇÃO 
SOCIAL 
 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Sionelly Leite da Silva Lucena 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
 
Nesta aula, vamos abordar os fundamentos das relações sociais, estudando a 
linguagem fotográfica. Muito se fala sobre o click fotográfico, em como é fácil fazer uma 
foto, pois basta apertar um botão e... voilá! Ledo engano. Ainda há quem considere a 
fotografia um simples registro, subentendida a simplicidade de um click. Contudo, por 
trás de uma imagem, há diversos aspectos a serem considerados, quanto à sua 
produção, como questões técnicas, estéticas e culturais. As escolhas que distinguem 
grandes fotografias das banais ou do “simples” registro de uma foto jornalística, entre 
outros fatores. Também vamos analisar o que existe por trás da fotografia, além da luz, 
para entender o fundamento da imagem em suas relações sociais. 
CONTEXTUALIZANDO 
Com a facilidade técnica dos tempos modernos, novas ferramentas no mercado 
vêm permitindo a manipulação digital para que as fotografias sejam reproduzidas, 
copiadas, alteradas e enviadas para todo lugar. Nesse cenário, a imagem precisa ser 
ainda mais discutida, a fim de entender o poder de sua representação construtiva e dos 
paradoxos que a cercam. 
 
Fotografias também podem ser manipuladas por escolhas estéticas e/ou 
técnicas no enquadramento, escolha de lentes objetivas, ângulo de tomada, 
iluminação, recortes, cores etc., e, ainda, pelas escolhas culturais e intuitivas do 
fotógrafo. Para entender as características e as linguagens da fotografia pelas 
observações técnicas e estéticas, veremos como a linguagem fotográfica se constrói e 
dimensiona sua construção simbólica na e pela sociedade. 
Pesquisa 
Nesta aula veremos os seguintes temas: 
1. Linguagens fotográficas e decodificações sociais 
2. Fotografia e suas possibilidades estéticas 
3. Fotografia e suas possibilidades técnicas 
4. Linguagens fotográficas 
5. Leituras fotográficas 
 
 
 
 
TEMA 1 – LINGUAGENS FOTOGRÁFICAS E DECODIFICAÇÕES SOCIAIS 
 
A decodificação da imagem, ou seja, sua leitura, é um processo social e, ao 
mesmo tempo, individual, ao carregarmos coletivamente alguns aspectos que 
incutimos em nossa bagagem cultural. Alguns sentidos são incorporados socialmente: 
se está em um museu de arte, a fotografia, nesse contexto, cria automaticamente uma 
aura que a investe de arte e elegância; se está em um jornal, a mesma imagem se 
condensa à notícia, ao fato, o que indicia o sentido da imagem a tons de formalidade. 
 
Na fotografia, ao enquadrar, escolher a objetiva, as temperaturas das cores, 
luzes e uma construção de signos que querem dizer algo – mesmo que às vezes não 
se pretenda dizer coisa alguma, seja no jogo das imagens abstratas, por exemplo, 
como as telas de Jackson Pollock – o fotógrafo se utiliza de determinada linguagem, 
própria do meio em que ele se expressa. 
Figura 1 – Jackson Pollock n. 8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Álbum / DEA PICTURE LIBRARY/ Fotoarena. 
 
São características fotográficas os planos, abertos ou fechados, a 
composição, o enquadramento, a sensibilização da luz do objeto/ambiente ao 
sensor, a profundidade de campo, a nitidez, o brilho, o contraste, entre outras 
dezenas de fatores que, juntos, fazem parte das escolhas que o fotógrafo precisa 
tomar antes do click. Esses fatores, somados, são a linguagem fotográfica, 
mostrando possibilidades que podem varias da técnica à estética. 
 
Para entender a linguagem fotográfica, imaginemos a cena registrada por um 
fotógrafo profissional, no Havaí: um surfista, ao lado esquerdo da imagem, dentro de 
uma grande onda. O sol brilha forte. Em plano aberto, o movimento da água é 
 
 
 
“congelado” pelo click instantâneo, e, envolto pela água azul cristalina, o surfista olha 
confiante para frente, expressando sua alegria e coragem de enfrentar aquela onda. 
No segundo plano da imagem, vemos algumas palmeiras e outras plantas, desfocadas, 
mas visíveis. Agora perguntemos: 
1. Por que o fotógrafo escolheu aquele momento da onda e não outro? 
2. A que se devem suas escolhas técnicas e estéticas (exemplo: fundo desfocado, 
foco no primeiro plano, congelamento da onda, desfoque no segundo plano, foto 
em cores, na horizontal/vertical)? 
3. E, você, a partir de quais lembranças e repertórios você construiu essa série de 
imagens na sua mente? Já foi ao Havaí para saber como é lá, e assim poder 
reconstruir com propriedade o lugar ou só conhece por fotos? 
Para a construção dessa imagem na sua mente, é necessário que haja 
referências simbólicas na forma de repertório e bagagem cultural. É um processo 
simples, mas não homogêneo, pois devido às variedades culturais, às diferentes 
experiências de vida e assimilações dos elementos e sentimentos do mundo, as 
imagens construídas mentalmente se deram de formas individualizadas: o que eu 
imaginei não foi o que você imaginou. E mesmo não indo ao Havaí ainda ou não tendo 
visto nenhuma foto do lugar, se ao menos você já foi/já viu outro mar, facilmente 
conseguirá substituir um referente por outro, desenhando, mesmo que por 
aproximação, a cena descrita. 
 
É por isso que todos os elementos simbólicos podem gerar significados e 
nenhum deles está isento de sofrer alterações. A mente, que é um processo vivo, 
orgânico e mutável, se reorganiza a cada experiência. E é construindo a imagem 
fotográfica que o fotógrafo nos abastece com cenas que, mesmo longe fisicamente dos 
nossos olhos, são retratadas na construção estética-técnica de uma fotografia. 
TEMA 2 – FOTOGRAFIA E SUAS POSSIBILIDADES ESTÉTICAS 
Estética, conhecida como a filosofia da arte, tem origem no termo grego 
aisthetiké, palavra que significa “aquele que nota, que percebe”. Estética, ou o estudo 
do que é belo nas manifestações artísticas e naturais, aqui será entendida 
enquanto harmonia das formas e cores no contexto de possibilidades 
fotográficas, o que desperta no indivíduo sensações e sentimentos. Estética, portanto, 
é analisada aqui enquanto contemplação e análise dos elementos em sua harmonia 
 
 
 
plástica na imagem. Entre os elementos que nos induzem a uma percepção estética da 
fotografia, podemos considerar: 
• Composição: a forma como os elementos da imagem estão dispostos 
• Enquadramento: o recorte do quadro, que pode ser vertical, horizontal ou 
diagonal 
• Cores: o uso das cores, sua predominância e equilíbrio 
• Formas: a distribuição das formas pela imagem, de maneira a construir 
determinado aspecto de tridimensionalidade ou perspectiva 
• Iluminação: o segredo e o que torna a fotografia possível, a luz equilibra o tom 
da imagem, tornando visível o elemento 
• Aproveitamento técnico: a técnica fotográfica também remete à estética, já que 
a fotografia se dá por meio de mecanismos dispostos no equipamento, o qual 
pode registrar o mesmo objeto de diferentes modos 
• Harmonia: a beleza e o melhor aproveitamento de todas as categorias 
anteriores, pois uma fotografia harmônica significa um frame bem estruturado, 
com elementos bem distribuídos pelo quadro, cores bem aproveitadas, formas 
equilibradas e em dosagem ideal de luz, seguindo o planejado pelo fotógrafo e 
suas intenções 
Quando um desses requisitos está em desarmonia, a fotografia pode gerar 
estranhamento e, assim, incômodo ou surpresa no leitor. Para reparar a imagem, em 
alguns casos, são utilizados softwares de edição, se forem fotografias digitais. A 
utilização de softwares, mais especificamente no fotojornalismo, levanta uma série de 
questões sobre os valores éticos, estéticos e perceptivos. Com o surgimento da 
informática e sua rápida adoção como ferramenta tecnológica, houve a sucessão de 
novas descobertas no campo digital, aplicações em praticamente todas as áreas, 
incluindo profundas mudanças no campo da construção, edição e da percepção. 
essas possibilidades de se alterar a realidadejá registrada põem em xeque a 
credibilidade da fotografia e a sua capacidade de referenciar a realidade, 
evidenciando, igualmente, que as novas tecnologias vão provavelmente destruir de 
uma vez por todas a crença de que uma imagem fotográfica é um reflexo natural 
da realidade. As "culpas" recaem sobre a fotografia digital. (Sousa, 1998, p. 212) 
No entanto, muito antes da revolução digital, já eram realizadas intervenções 
diretas e manuais nas imagens. Fotografia e pintura são mais próximas do que parece. 
 
 
 
Era comum, por exemplo, precisar refazer o desenho dos olhos nos primeiros retratos, 
devido à longa exposição do modelo ao equipamento e ao incontrolável piscar de 
olhos. Pinças em uma estrutura de metal, além de cadeiras e poltronas eram utilizadas 
para estabilizar ao máximo o corpo do modelo. Seria mais fácil redesenhar os olhos do 
que montar uma estrutura que alicerçasse as pálpebras, o que também seria bastante 
incômodo. 
 
Enraizada pela essência de significar os elementos do mundo em recortes, a 
fotografia é a arte de combinar formas, tons, cores, luzes, sombras e 
significados. A fotografia também participa da educação do olhar do sujeito, em um 
exercício de encontros e aprendizados, de identificação e repulsa com a imagem, 
como se fosse um espelho, no sentido de devolver sentido a quem o vê. 
 
As escolhas estéticas podem induzir a interpretação enquanto escolha do 
operador nos ajustes da câmera e quanto ao olhar do leitor sobre a imagem. Portanto, 
a construção da fotografia, em sua percepção estética, também contribui na 
aprendizagem do indivíduo sobre as informações do mundo. 
Saiba mais 
Para entender melhor sobre a estética e a comunicação na fotografia, segue uma 
indicação para que você possa consolidar ainda mais seus estudos. Filme: Laranja 
Mecânica (A Clockwork Orange), 1971. 
TEMA 3 – FOTOGRAFIA E SUAS POSSIBILIDADES TÉCNICAS 
É por meio da manipulação técnica que um recorte temporal e espacial é 
congelado e passa a ser um código a ser interpretado. Graças a esses processos 
técnicos, com a luz, a captura da imagem é possível. Contudo, um mesmo elemento 
pode ser capturado de diversas formas, utilizando diferentes técnicas. Para dominar 
tais processos práticos, é preciso entender o equipamento fotográfico e o 
comportamento da luz. Há diversos modos e diferentes olhares e, por mais que dois 
fotógrafos façam a cobertura do mesmo plano, as imagens dificilmente se repetem, 
graças à diversidade do olhar e aos processos de captura. 
 
Se o fotógrafo quiser passar a ideia de movimento em uma imagem, por 
exemplo, ele deverá utilizar uma determinada técnica para transmitir tal sensação. A 
captura será registrada em baixa velocidade – iremos entender com mais afinco nas 
próximas aulas – o que trará o efeito de borrão. Ou, se o fotógrafo quiser capturar um 
elemento que está em movimento, ele fará o contrário, assim articulando a velocidade 
 
 
 
mais alta, fixando a imagem com efeito de congelamento. Para exemplificar as 
diferentes percepções e técnicas, vamos analisar algumas imagens do fotógrafo 
português Rui Palha. 
 
Na Figura 2, vemos uma menina andando na rua, sendo registrada em 
movimento. Tal sensação se dá pela particularidade técnica adotada pelo fotógrafo. 
Figura 2 – Imagem com efeito de borra; velocidade baixa do obturador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Rui Palha. Fonte: <http://blog.grainedephotographe.com/wp-
content/uploads/2015/05/RuiPalha_12.jpg>. Acesso em: 10 dez. 2019. 
Já na Figura 3, a técnica é oposta, a sensação é de congelamento, ou seja, de 
fixação do objeto num curto tempo de abertura do obturador, o que permite fixar a 
imagem e capturar o movimento de forma que os elementos aparecem completos, sem 
distorções com o referente real. Tanto a água quanto as crianças são registradas de 
maneira estática. 
Figura 3 – Imagem com efeito de congelamento; velocidade alta do obturador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Rui Palha. Fonte: <https://lucianevalenca.files.wordpress.com/2010/05/ruipalha2.jpg>. Acesso 
em: 10 dez. 2019. 
 
 
 
Outro importante fator técnico é a profundidade de campo, ou seja, à medida 
que o foco pode alcançar o objeto, se parcial ou completo. Por exemplo, se o fotógrafo 
quiser restringir o foco a uma pequena parte do elemento, ele vai utilizar uma técnica 
específica para transmitir tal sensação, no ajuste do foco e do diafragma – pontos que 
veremos com mais detalhes nas próximas aulas. A captura, sendo registrada com 
pouca profundidade de campo trará um efeito de desfoque. Ao contrário, se o 
fotógrafo quiser capturar um elemento completamente focado, ele fará o contrário, 
assim articulando a grande profundidade de campo, fixando a imagem com foco 
completo. 
 
Para exemplificar as diferentes percepções e oposições técnicas, observe mais 
algumas imagens pelo olhar de Rui Palha. 
 
Na Figura 5, o foco está parcial, ou seja, apenas uma parcela da imagem está 
em foco, trazendo a sensação de seleção do quadro dentro do recorte, enfatizando um 
elemento/ação e suavizando o restante da imagem. Percebe-se, por exemplo, que 
apenas uma pequena parte aparece “nitidamente”, dando ao restante do quadro um 
aspecto de nevo. O rosto do menino, assim, perde o foco gradativamente, no que se 
observa a diferença entre os olhos e as orelhas e, mais ao fundo da imagem, o que 
parece ser uma porta. 
Figura 4 – Imagem com efeito de desfoque proporcional, abertura do diafragma. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Rui Palha. Fonte: <http://www.emptykingdom.com/featured/rui-palha/>. Acesso em: 10 dez. 2019. 
Saiba mais 
Quer ver mais? Então conheça o trabalho de Rui Palha, acessando o link a seguir: 
<https://www.flickr.com/photos/ruipalha/>. Acesso em: 10 dez. 2019. 
 
 
 
TEMA 4 – LINGUAGENS FOTOGRÁFICAS 
A fotografia é um código em aberto. Tanto a individualidade de quem a 
registra quanto de quem a lê fazem com que os elementos ganhem novos e 
diversificados sentidos. Contudo, ela tem sua linguagem própria, um conjunto de 
especificidades que herdou da pintura, ou mesmo se reinventou, submetendo ao seu 
universo próprio. 
 
Enquadramento, foco, movimento, ângulo etc., aspectos da técnica e da 
estética, assim, constituem o aparato de decisões a serem tomadas para a captura da 
imagem que será enquadrada e fixada em um suporte, seja no papel ou em formato 
digital. Sobre os elementos da linguagem fotográfica, as decisões, portanto, segundo 
Cláudio Feijó, seriam: 
a. Planos: corte, enquadramento. Distanciamento da câmara em relação ao objeto. 
Deve levar em conta a organização dos elementos internos o enquadramento, 
pois cada plano permite que eles formem uma unidade de linguagem, 
adequando os elementos descritivos e/ou dramáticos nas possibilidades em 
cada plano. Do cinema, os planos se dividem em três grupos: planos gerais 
(PG); planos médios (PM); e primeiros planos (PP). 
b. Foco: profundidade de campo. Na manipulação do foco, há possibilidade de 
controlar não só a localização do foco, mas também a quantidade de elementos 
que ficarão nítidos. 
b. Movimento: a estabilidade ou o deslocamento do objeto. Um objeto pode 
adquirir maior destaque quando há ideia de movimento, ou, outras vezes, a força 
está na visão estática obtida pelo controle do obturador na máquina. 
c. Forma: contorno, espaço. Forma quer dizer a maneira como o objeto ocupa a 
imagem, se em destaque no primeiro plano, ou se distribuído a outros no 
quadro, mais ao fundo, no centro ou nas laterais. Pode gerar a sensação de 
tridimensionalidade ou efeito de perspectiva. 
d. Ângulo: posição do equipamento fotográfico. A câmera pode estar na mesma 
linha que o objeto, ou fazer um mergulho (plongée), colocando a câmera de cima 
para baixo, ou um contra-mergulho (contra-plongée), com a câmera de baixo 
para cima. 
e. Cor: degradê de cinza e as cores. Atrai o leitor da imagem de diferentesformas. 
No colorido, pode aproximar a imagem do referencial “real”, trazendo a sensação 
de natural, ou pode ser mais introspectiva e séria, quando colocada em preto e 
branco. 
 
 
 
f. Textura: impressão de tato imediata. A textura traz sensações à imagem, sendo 
um elemento importante para a sensação do real na fotografia, embora possa, 
também, desvirtuá-lo. 
g. Iluminação: luz e sombra. A luz é a principal fonte de criação técnica da 
fotografia, pois sem imagem não há luz. A iluminação pode evidenciar um 
elemento, destacando-o dos demais, como também pode alterar sua conotação. 
h. Aberrações: ópticas e química. As deformações na imagem têm conotações 
próprias, sejam de ordem química (negativo, papel fotográfico) ou digital. 
Causadas nas proporções das formas dos elementos, aberrações como a 
mudança das cores e da captura do movimento podem criar um clima irreal, com 
objetivo de alterar o clima de realidade. 
i. Perspectiva: uso das linhas. A perspectiva indica a profundidade, uma vez que 
cria a ilusão de tridimensionalidade. É determinada por um ponto de 
convergência que centraliza a linha ou as linhas principais da fotografia. 
j. Equilíbrio e composição: arranjo e componentes visuais. Composição quer 
dizer o arranjo visual dos elementos, e equilíbrio a interação desses 
componentes visuais. Podem provocar a sensação de estabilidade, harmonia, 
ordem ou desordem. 
Figura 5 – Fotografia de Robert Capa, 1951, com Pablo Picasso e Francoise Gilot 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crédito: Robert Capa © International Center of Photography/Magnum Photos / Fotoarena. 
Para entender a linguagem fotográfica, vamos analisar a foto de Robert Capa, 
um dos maiores nomes do fotojornalismo de guerra, datada de 1951. 
 
 
 
a. Plano: plano médio. Todo o quadro é preenchido com os três personagens, que 
aparecem dos pés à cabeça, sem maiores cortes, mais a ambientação, no caso 
a praia. 
b. Foco: há profundidade de campo, com foco do primeiro ao último plano. 
c. Movimento: há estabilidade do objeto (personagens) que está em movimento. 
d. Forma: a extensão da foto é dada à dimensão dos elementos, inclusive os três 
personagens mais o guarda-sol, principais elementos da imagem, aparecem 
completos, sem maiores cortes. 
e. Ângulo: contra-mergulho, pois a fotografia foi tomada de baixo para cima. 
g. Cor: preto e branco, suavizando a cena, carregando de poesia. 
h. Textura: não há textura de imediato. 
i. Iluminação: equilíbrio de luz e sombra, pois se percebe que há bastante luz na 
cena. 
j. Aberrações: não há aberrações. 
k. Perspectiva: a linha predominante na imagem é a do cabo do guarda-sol, que 
está praticamente no centro da imagem, dividindo-a, assim, ao meio. 
l. Equilíbrio e composição: elementos equilibrados. Partindo da linha central, o 
cabo do guarda-sol, há um personagem de cada lado, mais o que segura o 
guarda-sol. Os sorrisos dos personagens mais o olhar da moça também 
dialogam, gerando certo movimento na imagem, enquanto se faz a busca de 
sentidos. 
TEMA 5 – LEITURAS FOTOGRÁFICAS 
O fotógrafo de guerra sul-africano Kevin Carter fotografou umas das imagens 
mais conhecidas, como também conflitantes, da história. Feita em 1993, no Sudão, a 
fotografia traz no primeiro plano uma criança negra e desnutrida deitada em pose fetal 
no chão, aparentando estar à beira da morte; no segundo plano, vê-se um urubu, como 
se estivesse à espreita da criança. O ambiente aparenta ser um lugar quente, pelo tom 
alaranjado, e pela vegetação seca. 
 
Publicada no jornal americano The New York Times (1993), a imagem rendeu 
notoriedade a Carter, além do prêmio Pulitzer de Fotografia, em 1994, um dos mais 
importantes do fotojornalismo mundial. Tomada no Sudão, em pleno regime 
segregacionista do Apartheid, a fotografia de Carter trouxe a imagem da miséria de um 
povo, representando, pelo meio da imagem de uma criança, sendo vista e reconhecida 
no mundo inteiro. 
 
 
 
Figura 6 – Imagem capturada por Kevin Carter no Sudão, 1993 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: <http://www.revistabula.com/1093-10-fotografias-tristes-historia-lista-listas/>. Acesso 
em: 10 dez. 2019. 
Após verem a publicação, chocados, os leitores do The New York Times 
queriam saber mais sobre o menino. Para isso, escreveram ao jornal perguntando se o 
fotógrafo o teria ajudado e enviaram dinheiro para ser doado aos pais da criança. 
Carter respondeu que apenas tinha espantado o abutre e nada mais. À medida que ia 
sendo questionado, mudava a versão da história. Confuso, sendo mal interpretado por 
diversos leitores e a própria imprensa, o fotógrafo foi cobrado e criticado. 
 
Em meio à guerra civil e aos efeitos do regime Apartheid, além de estar 
passando por problemas pessoais, envolvido com uso excessivo de drogas, Carter 
cometeu suicídio em julho de 1994, dois meses após receber o prêmio Pulitzer e dar 
visibilidade à fome no continente. A imagem do menino negro é de tamanha relevância 
que o mundo despertou para a pobreza de países no continente africano, antes 
ignorado, mesmo sob regime político autoritário. 
Saiba mais 
Quer mais detalhes dessa história? Então acesse o link a seguir e leia a reportagem: 
<https://www.jn.pt/media/crianca-sobreviveu-ao-abutre-fotografo-sucumbiu-a-dor-
1789058.html>. Acesso em: 07 ago. 2020. 
 
Numa leitura rápida, entende-se, na imagem, que o urubu está à espreita da 
criança, revelando uma simbologia entre presa e predador, diante da miséria do 
continente, sabida mundialmente. Nesse sentido, a imagem tomada por Carter difundiu 
no mundo um sentimento de clamor e ficou marcada ao trazer uma trágica cena 
capturada na África, com as péssimas condições em que vive seu povo, tornando-se 
uma espécie de bandeira à causa dos direitos humanos no continente. 
 
 
 
 
Além do clamor, a imagem de Carter desperta a reflexão sobre outros mistérios 
inerentes à fotografia, como seu poder de convencimento ou a sua capacidade de 
chocar, como se mostrasse a realidade a olhos que antes nunca viram a miséria tão 
“de perto”. 
 
Quando pensada sob a individualidade do sujeito que lê a imagem, esta ganha 
novas características. São as decodificações, preconceitos e julgamentos prévios, além 
do não entendimento do quanto a fotografia é portadora de diversos significados, 
sentidos estes que, dependendo de uma série de fatores, sociais, culturais, técnicos e 
estéticos, induzem o leitor a uma leitura óbvia, de algo obtuso. 
TROCANDO IDEIAS 
Pensando em sair para fotografar? Então sugerimos uma ideia 
diferente: que tal sair para fotografar sem a câmera? Você já tentou fazer 
isso? É só sair para dar uma volta, deixar seu olhar reparar em cenas do 
cotidiano, em luzes ou sombras e como elas se comportam, elementos em 
harmonia etc. Enfim, separe essas cenas em quadros, como se fizesse um 
recorte do cenário e pense em como seriam se você pudesse fotografá-la. 
NA PRÁTICA 
Identifique os efeitos resultantes da fotografia tomada por Kevin Carter, 
no que se refere à sua decodificação social, e a linguagem fotográfica, nas 
escolhas técnicas e estéticas desse fotógrafo no filme a seguir. Para assistir, 
acesse o link: <https://www.youtube.com/watch?v=3lkYBDbpdjg>. 
FINALIZANDO 
A técnica e a estética possuem códigos que induzem tanto a produção quanto a 
interpretação da leitura fotográfica. Na análise da imagem, há diversos aspectos e 
convenções sociais que precisam ser avaliados, tudo conforme as expectativas 
culturais de quem produz e de quem vê, em sua decodificação simbólica. 
 
Além do contexto em que a imagem é tomada, avaliam-se também onde ela é 
publicada e o aparato textual que também auxilia nessa indução de leitura. Tais 
códigos, que precisam ser decifrados, formam a linguagem fotográfica. Vale lembrar 
que desde os experimentos de Joseph Niépce, Louis Mende Daguerre, Henry Talbot, 
entre outros nomes, à captura digital, a fotografia passoupor contextualizações e 
finalidades distintas. 
 
 
 
 
A princípio, servia mais como documento do que arte e até hoje muitos 
questionam sua funcionalidade artística, por sua facilidade de captura. Hoje, 
predominam as mais variadas redes sociais na internet, sendo compartilhadas 
instantaneamente imagens de acidentes, eventos, retratos e até momentos de certo 
modo banais do dia a dia. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
EVANS, H. Testemunha ocular: 25 anos através das melhores fotos 
jornalísticas. Tradução de Arlete Dialetachi. São Paulo: Editora Abril, 1981. 
GOODWIN, H. E. Procura-se ética no jornalismo. Rio de janeiro: Editora Nórdica, 
1993. 
HUMBERTO, L. Fotografia, a arte do banal. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 
2000. 
MARINOVICH, G.; SILVA, J. O clube do bangue-bangue: instantâneos de uma guerra 
oculta. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

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