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República Velha II

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51
REPÚBLICA VELHA
Unidade II
5 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Neste momento, o Brasil estava passando por inúmeras mudanças econômicas: sofria as consequências 
da Primeira Guerra Mundial e uma diminuição do consumo apesar do grande crescimento da produção.
Nosso maior produto de exportação era o café. Desde o início, a produção dessa cultura visava à 
exportação. Temos que lembrar que no início da industrialização, os operários europeus viviam em uma 
situação de miserabilidade. Assim, os industriais precisavam de um “estimulante” para mantê‑los ativos 
no trabalho. O café veio atender a essa necessidade.
Entretanto, a produção mundial necessitava de outros produtos, logo, a cana‑de‑açúcar, a borracha 
e até mesmo o fumo sempre tiveram como foco a exportação. Apesar de independente, em um sistema 
político que tinha como pressuposto a necessidade da sociedade, o Brasil permaneceu submetido 
economicamente às necessidades das grandes potências econômicas.
5.1 O café: processo e crise
Na nova ordem republicana, política, sociedade e cultura se entrelaçam com 
os cafezais. Ao longo da Primeira República (1889‑1930), especialmente, 
conjugam‑se o surto econômico advindo daquela monocultura e a construção 
de uma classe dirigente, que abraçou modelos políticos e projetos de hegemonia 
nascidos à sombra dos cafezais (MARTINS, 2008, p. 187).
O café foi introduzido no território nacional em 1760, na região da Capitania do Grão‑Pará, mas 
durante muitos anos sua produção era pequena, apenas para atender a necessidades particulares dos 
produtores. Ao longo dos anos, a cultura atraiu a atenção de fazendeiros do Sudeste, em especial do Rio 
de Janeiro e São Paulo.
As necessidades internacionais motivaram a cultura no sudeste brasileiro, em especial na região do 
Vale do Paraíba. Devemos lembrar que nessa época, nos países do primeiro mundo, estava ocorrendo a 
expansão da Revolução Industrial. O café era o estimulante dos operários, muitos destes trabalhadores 
recebiam parcos salários e possuíam péssimas condições de vida.
As indústrias forneciam o café como fonte de energia e, assim, mantinham ativas as linhas de 
produção.
Também no Brasil, o consumo de café foi difundido. Tornou‑se hábito. Na época, o governo fazia 
uma grande propaganda dos benefícios do consumo do café.
52
Unidade II
A produção do café passou por várias fases. Como vimos no começo deste livro‑texto, a queda 
da produção nas regiões tradicionais ocorreu principalmente pelo aumento do custo da mão de obra, 
imposta pela abolição, e da falta de investimentos em novas tecnologias pelos barões do café.
Recordando, os barões ficaram aguardando uma indenização, por parte do Império, pelo fim da 
abolição. A expectativa não foi atendida, o que ocasionou um rompimento entre os barões do café 
e o Império, esse foi um dos motivos do fim do regime, pois estes senhores, até então defensores da 
monarquia, passaram a apoiar a República.
Essa realidade contrastou com o Oeste Paulista e a região do Vale do Paraíba. Os fazendeiros daquela 
região, desde o início, investiram na mão de obra livre; por possuírem um perfil mais moderno, investiram 
na tecnologia trazendo novos recursos: estradas de ferro, telefone, fotografia etc.
Essa modernização destacou São Paulo das demais regiões do país, impondo uma liderança política 
e econômica para a burguesia cafeeira.
Como se sabe, da empresa cafeeira concentrada no Oeste paulista nasceria 
uma nova classe assentada em relações capitalistas de produção, com 
consciência de seus interesses e um projeto de estruturação política do país. 
Esta classe teria um caráter acentuadamente regional, tanto pela vigência 
de relações capitalistas restritas à área de São Paulo, como por sua conexão 
direta com os diferentes grupos externos (FAUSTO, 1975, p. 199).
O sentido de modernidade da República harmonizou com os interesses do novo grupo de cafeicultores. 
Desde o início, eles buscaram participar do Governo Provisório através de lideranças como: Francisco 
Glicério, Campos Sales, Bernardino de Campos e também Prudente de Moraes (FAUSTO, 2008, p. 273).
A configuração política se constituiu conforme a composição econômica dos Estados. Para 
compreendermos essa composição vamos analisar as oligarquias.
Segundo Fausto (2008, p. 261):
Oligarquia é uma palavra grega que significa governo de poucas pessoas, 
pertencentes a uma classe ou família. De fato, embora a aparência de 
organização do país fosse liberal, na prática o poder foi controlado por um 
reduzido grupo de políticos em cada Estado.
A República nasceu representando os interesses de cada Estado, não havia um sentimento de 
unidade. Cada estado possuía seu próprio partido republicano, não havia um partido nacional.
Assim, a administração da União passava pelos acordos entre os partidos estaduais, havia troca de 
favores, interesses. Segundo Fausto (2008, p. 261‑262), a configuração era a seguinte:
53
REPÚBLICA VELHA
1. São Paulo – a elite oligárquica ligada à econômica cafeeira e à indústria. Organizou o Estado de 
São Paulo com eficiência para atender aos interesses da sua elite.
2. Rio Grande do Sul – Partido Republicano Rio‑grandense, o PRR. Impôs os interesses da sua elite, 
com uma política forte e autoritária positivista, na defesa da imigração e demais interesses 
econômicos.
3. Minas Gerais – Partido Republicano Mineiro, o PRM. Constituiu uma máquina de políticos 
profissionais, tinha nela própria a fonte de poder: nomeava funcionários, legalizava posse de 
terras, decidia sobre os investimentos em educação, transporte etc.
Apesar de a República trazer consigo o direito ao voto, devemos lembrar que na época pouca parte 
da população podia exercer o direito: 1,4% da população do país votou na eleição de Afonso Pena em 
1906 e 5,7% da população do país votou na eleição de Júlio Prestes em 1930 (FAUSTO, 2008, p. 262).
O voto não era secreto, os eleitores ficavam sujeitos a ordens das suas lideranças e também ocorriam 
muitas fraudes, com falsificação de atas, cédulas etc.
Portanto, toda a estrutura da República foi criada para garantir e manter os interesses das oligarquias. 
Cada estado possuía a sua e, portanto, seus próprios interesses; à medida que havia necessidade, ocorria 
uma composição entre as forças garantindo os interesses de cada.
Muito parecido com o que ocorre atualmente, não é? Ou seja, apesar de estarmos em um Estado 
Democrático de Direito, onde o poder é exercido por meio do voto dos seus cidadãos, voto secreto, 
o exercício do poder ocorre com negociações e trocas de favores entre os partidos que compõem o 
parlamento e o executivo. Igualzinho como quando nasceu a República!
A primeira fase da República ficou conhecida como República do café‑com‑leite, ou seja, São Paulo 
e Minas Gerais dominavam a política nacional. Ainda segundo Fausto (2008, p. 265), Rio Grande do Sul 
também fazia parte desta configuração.
São Paulo instituiu a política de valorização do café – na verdade, no período da Primeira República, 
o preço da saca do café regulava o valor do câmbio da moeda nacional. Conforme oscilava o valor da 
saca, oscilava também o valor da moeda.
Para garantir seus lucros, os cafeicultores paulistas assinaram um acordo com os Estados de São 
Paulo, Minas e Rio de Janeiro, conhecido como Convênio de Taubaté.
Os dois pontos principais eram: um empréstimo de 15 milhões de libras esterlinas para custear a 
intervenção do Estado no mercado por meio de compra do produto (café) por um preço conveniente à 
cafeicultura; e a criação de um mecanismo destinado a estabilizar o câmbio, impedindo a valorização 
da moeda brasileira (FAUSTO, 2008, p. 266).
54
Unidade II
Isso nada mais é do que aquilo que hoje conhecemos como subsídio. O governo comprava o café 
para manter o preço da oferta, e controlava o câmbio para manter o café brasileiro competitivo no 
mercado externo.
Em inúmeras outras situações, o Governo Federal, ou o governo do Estado de São Paulo, atuaram 
para atender aos interesses da oligarquiapaulista, em algumas situações atuando como avalistas, em 
outras oferecendo o empréstimo diretamente.
Já os políticos mineiros agiam diferente. Em Minas não havia um produto principal, eles diversificavam 
entre café, gado e indústria. A atuação das elites era mais pelo domínio político.
Minas possuía uma cadeira maior de deputados federais e controlava a distribuição de cargos 
públicos e a maioria dos ministérios.
O Rio Grande do Sul possuía a cúpula do Exército. Por questões históricas e regionais, o estado esteve 
envolvido em vários confrontos, o que fortaleceu a sua configuração militar.
Outra grande diferença é que os políticos gaúchos defendiam uma economia voltada para o mercado 
interno. Seu principal produto era o charque, seus maiores consumidores eram o Distrito Federal (na 
época o Rio de Janeiro) e o Nordeste.
 Observação
O charque é uma carne salgada e seca ao sol com o objetivo de mantê‑la 
própria ao consumo por mais tempo. Tem uma salga e exposição solar 
maiores que outras carnes dessecadas, sendo empilhado como mantas em 
lugares secos para desidratação.
Portanto, a sua economia dependia essencialmente de questões internas, como a inflação e o 
desequilíbrio da dívida pública: as rebeliões tenentistas da década de 1920, por exemplo, apontaram 
a inflação e o desequilíbrio orçamentário como males tão graves quanto a fraude e as desigualdades 
regionais (FAUSTO, 2008, p. 270).
A grande diferença que havia é que, para atender aos seus interesses, a oligarquia paulista gerou 
o endividamento do Estado, e esse desiquilíbrio orçamentário ocasionou a inflação. Com o aumento 
generalizado dos preços (inflação), o produto produzido pelos gaúchos ficou muito caro, mas a renda 
dos consumidores não acompanhou a elevação dos preços.
Com a queda do consumo, caiu a produção e consequentemente os lucros da elite gaúcha, o que 
resultou no confronto militar. 
O Nordeste também possuía influência na política. Contudo, para realmente conseguir impor seus 
interesses, a região tinha que se coalizar em blocos, pois os estados isolados não possuíam grande 
55
REPÚBLICA VELHA
representação na Câmara dos Deputados Federais: “a Bahia tinha uma representação de 22 deputados 
[...] Pernambuco 17” (FAUSTO, 2008, p. 270).
Dependendo dos temas de interesses, os Estados se uniam e, assim, conseguiam aprovar as pautas 
de votação.
5.2 Café com leite
Novamente é Fausto (2008, p. 271) que nos socorre com seus ensinamentos. Conforme verificamos, 
São Paulo saiu na frente da consolidação de sua hegemonia econômica e política. O termo “locomotiva” 
vem dessa época.
Nos primeiros anos, o estado manteve um acordo com Minas Gerais, realizando uma alternância na 
presidência. Entre 1894 e 1902, o país teve três presidentes paulistas: Prudente de Morais, Campos Sales 
e Rodrigues Alves. Em 1909 rompeu‑se o acordo. Minas Gerais se aliou ao Rio Grande do Sul e ambos 
lançaram a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca. São Paulo, em aliança com a Bahia, lançou na 
oposição Rui Barbosa. Venceu o candidato Hermes da Fonseca.
O grande articulador político da época era o senador Pinheiro Machado. Ele controlava a Comissão 
de Verificação de Poderes do Senado e a Câmara dos Deputados. Manejava a representação do Nordeste 
e controlava também o Partido Republicano Conservador (FAUSTO, 2008).
Contudo, por questões pessoais (era filho de paulista, casado com uma paulista) e estratégicas, não 
confrontava diretamente a oligarquia paulista, pelo contrário, defendia planos de valorização do café. 
Sua atuação acabou prejudicando os outros estados e facilitando uma nova união entre São Paulo e 
Minas Gerais, que se concretizou em 1913. Foi assassinado em 1915, no Rio de Janeiro.
Apesar disso, o Rio Grande do Sul permaneceu atuando na política nacional. Até 1930 permaneceu 
a política do café com leite, quando tomou posse o paulista Júlio Prestes, na vez em que deveria ter sido 
eleito um mineiro para a presidência.
5.3 Voltando para o café
Toda esta explicação sobre o cenário nacional foi com o intuito de demonstrar como a cultura do 
café propiciou o fortalecimento das oligarquias, que passaram a manejar a República conforme os seus 
interesses.
Do latim res publica, “coisa pública”, mas de pública não tinha nada. Toda a estrutura política 
econômica visava atender aos interesses da elite, o público estava fora dos interesses e das preocupações.
Na Primeira República, o café era o principal item da economia, representava 72,6% das exportações. 
Ele fornecia a maior parte das divisas necessárias para importações e o atendimento da dívida externa 
(FAUSTO, 2008, p. 273).
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Unidade II
E, sem sombra de dúvida, o estado de São Paulo era o principal produtor:
Em suma, a concorrência das terras virgens do oeste de São Paulo, com seus 
magníficos solos, sua topografia regular que proporciona boas facilidades 
para o transporte, e com seu clima a que o trabalhador europeu se adaptou 
fácil e admiravelmente, desviou para elas os melhores esforços e recursos 
do país; e lá se concentrou a maior e melhor parcela da lavoura cafeeira do 
Brasil; mais da metade do número total de seus cafeeiros, com uma 
produção que ultrapassa 60% da produção global do país. É sobretudo com 
esta considerável parcela paulista que o Brasil contará para colocar‑se tão 
esplendidamente, como vimos acima, no comércio internacional do café 
(PRADO JUNIOR, 1981, p. 171).
Entretanto, o ciclo do café também gerou inúmeras crises. Prado Junior (1981, p. 172) ensina que 
o cafeeiro é uma planta cuja produção se inicia aos quatro ou cinco anos de idade. Dessa forma, após 
cinco anos são colhidas as primeiras safras. Com o passar dos anos, a quantidade colhida aumenta, 
ocasionando o seguinte fenômeno econômico: + oferta – demanda = – preço.
Para elevar os preços, os produtores seguravam o produto no estoque, criando grandes estoques 
impossíveis de serem vendidos. “Eles serão, em 1905, de 11 milhões de sacas de 60 kg que representavam 
70% do consumo mundial de um ano” (PRADO JUNIOR, 1981, p. 172).
O maior responsável da crise era sem dúvida o aumento das culturas. No 
período de 1890 a 1900 as plantações de São Paulo tinham duplicado (220 
e 520 milhões de cafeeiros respectivamente). Procura‑se remediar o mal 
restringindo as culturas, e estabelecer‑se‑á em São Paulo (1902) um imposto 
sobre novas plantações. Aliás, a própria queda de preços e dificuldades de 
venda tinham, já por si, reduzido muito o ritmo de crescimento. No decênio 
seguinte ao citado (1901‑1910), os cafeeiros paulistas aumentarão apenas 
de 150 milhões. Aliás, o mesmo fato observar‑se‑á nos demais países 
concorrentes do Brasil, onde se verifica mesmo um decréscimo da produção. 
Mas tudo isto não impedirá um desequilíbrio crônico entre a produção e o 
consumo mundiais. Alcançara‑se nitidamente um teto de produção cafeeira 
pela saturação dos mercados consumidores (PRADO JUNIOR, 1981, p. 172).
Com isso houve um grande desequilíbrio da economia; o país produzia mais, mas o consumo externo 
havia diminuído. Assim, as vendas caíram e o preço do produto também.
Para não irem à falência, os produtores de café contavam com os subsídios do governo. Esses 
financiamentos aumentavam ainda mais a dívida do governo e a economia ficava desequilibrada: queda 
de arrecadação (com a diminuição das vendas, o governo arrecada menos impostos) e aumento da 
dívida (pelos subsídios oferecidos).
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REPÚBLICA VELHA
A primeira consequência é a inflação: aumento generalizado de preços. Para controlar a inflação, o 
governo tem que aumentar os juros e retirar o papel do mercado (dinheiro). Contudo, naquele período, 
o governo emitiu mais papel‑moeda para pagar as suas dívidas. Pela ausência de reservas, esse papel 
chegava ao mercado desvalorizado, aumentando ainda mais a dívida interna.
Para poder pagar as dívidas, o governo contraiu empréstimos com bancos estrangeiros, como a Casa 
de Rothschild, um importante agente financeiro. São Paulo recebeu por seu intermédio mais 3.000.000de libras (PRADO JUNIOR, 1981).
Além disso, havia a especulação comercial: as sacas de café eram negociadas na bolsa de valores. 
Essas negociações eram realizadas por agentes financeiros que lucravam com a especulação. Assim, 
manobravam o preço da saca conforme os interesses econômicos.
Em muitas situações, para não terem um grande prejuízo, os fazendeiros eram obrigados a vender a 
saca do café pelo preço do custo. Toda essa situação determinou a intervenção do Estado no mercado 
de café:
Optar‑se‑á por um expediente oportunista que consistirá em intervir 
no mercado com compras maciças para forçar a alta. É difícil averiguar 
hoje até onde teriam as manobras de interesses ocultos contribuído 
para uma solução tão precária e de caráter especulativo. Os grandes 
proveitos que dela tirarão grupos financeiros que nada tinham de comum 
com os produtores autorizam‑nos, contudo, suposições verossímeis. Os 
produtores propriamente serão beneficiados, não há dúvida, embora 
momentaneamente apenas; mas a parcela maior dos proveitos não irá 
para eles (PRADO JUNIOR, 1981, p. 173).
Ou seja, o governo comprava grandes quantidades de café, para assim conseguir elevar o preço do 
produto no mercado (menos produto a venda, maior a valorização). Com esse plano, os fazendeiros 
conseguiam repor o seu custo, mas, na verdade, quem ganhava era o mercado financeiro: primeiro 
porque vendia o produto, depois porque, com a venda, o preço do produto era elevado.
Assim, o governo aumentou ainda mais a sua dívida.
Para consolidar os empréstimos anteriores e levar a cabo a operação, 
serão obtidos mais 15 milhões; e continuar‑se‑á a intervir no mercado 
até 1910 quando, cessada a tensão e firmados os preços, se interrompem 
afinal as compras. No período de 1906 a 1910 tinham sido retirados 
do mercado livre cerca de 8.500.000 sacas. Os interesses financeiros 
envolvidos na operação venciam assim a partida. E serão eles, muito mais 
que os produtores em cujo nome se agira, que colherão seus melhores 
frutos (PRADO JUNIOR, 1981, p. 173).
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Unidade II
Ocorre que essa dívida tinha que ser paga. Os produtores arcariam com o ônus dela. Foram criados 
impostos, o que aumentou ainda mais o custo da produção do café. Aumento de preços, aumento da 
dívida, inflação.
Figura 11 – A Plebe, 9 de junho de 1917, primeira página: Igualdade e Fraternidade [imagem meramente ilustrativa]
Logo em seu primeiro número, A Plebe traz uma charge na qual demonstra a situação de exploração 
e miséria sofrida pelos operários.
Sob o título “Igualdade e Fraternidade”, a imagem deixa evidente a extrema exploração pela qual os 
operários passavam. O burguês aparece em uma dimensão desproporcional aos demais, sentado sobre 
sacos de dinheiro e, entre eles, a figura de dois trabalhadores esmagados pelos sacos. O povo está de 
joelhos e maltrapilho, em um misto de súplica e revolta.
O burguês está de fraque e cartola, vestimenta clássica na representação da burguesia, reforçada 
pela condecoração que revela a sua superioridade e pelo fato de estar sentado sobre sacos de dinheiro. 
Fuma charuto, outro adereço que demonstra riqueza.
Do outro lado, uma fila de centenas de trabalhadores famélicos tem à frente duas mulheres ajoelhadas. 
A primeira apresenta o seu filho que pende morto em seus braços e a outra abraça de forma protetora seu 
rebento, com outra criança logo atrás. Elas são seguidas por uma multidão de operários famélicos, que com 
os braços estendidos apontam para uma manifestação de revolta, carregando pás, enxadas e bandeiras.
A imagem enseja a representação da desigualdade social, onde poucos lucram muito com a exploração 
e a miséria de muitos. Deixa evidente a situação vivida pelos operários e a necessidade de mudança para 
garantir a sobrevivência: a fome de muitos garante a riqueza de um único burguês.
59
REPÚBLICA VELHA
Aparentemente, a situação das lavouras do café era promissora – aumento da produção combinada 
com aumento do consumo –, mas não podemos esquecer que dependíamos das oscilações do mercado 
externo.
O desenlace fatal virá com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em outubro de 1929. O curso do 
café não resistiu ao abalo sofrido em todo mundo financeiro e declinou bruscamente em 30%. Ao 
mesmo tempo estanca‑se o crédito externo, suspende‑se o financiamento do café retido e processa‑se a 
liquidação dos débitos contraídos. Lazard Bros. ainda lançam na fogueira mais 20 milhões de libras para 
tentar a salvação dos últimos restos do desastre. Mas isso de pouco serviria: os novos preços do café 
não eram suficientes para fazer face aos débitos anteriormente contraídos pelos lavradores. A ruína era 
completa (PRADO JUNIOR, 1981, p. 173).
A crise econômica mundial custou um alto preço à economia brasileira. Diminuíram as exportações 
e a moeda desvalorizou, o que gerou a elevação dos preços e a diminuição do consumo interno. 
Caindo o consumo, cai a produção, gerando desemprego; sem produção/consumo, sem arrecadação. 
Sem arrecadação, não havia como pagar a dívida, aumentando o valor da dívida externa pela falta 
de pagamento e queda do valor da moeda, pela falta de credibilidade. Naquele momento a dívida era 
impagável:
A dívida pública externa do Brasil (governos federal, estadual e municipal) 
era em 1930 de 253 milhões de libras esterlinas. Suspendeu‑se depois 
daquele ano o serviço de juros, que somente por momentos esporádicos se 
retomou depois. A dívida efetiva do Brasil já somaria, no pós‑guerra, talvez 
o dobro daquela importância, não fossem as reduções impostas aos credores 
cujo crédito oficialmente reconhecido se reduziu a apenas 130 milhões, que 
com mais outros cortes posteriores se foram liquidando por entendimentos 
parciais com os diferentes credores, através de compensação com créditos 
brasileiros provenientes de exportações não pagas que se efetuaram durante 
a guerra, e que tinham sido congelados (PRADO JUNIOR, 1981, p. 280).
A saída foi investir no mercado interno. Se o mundo estava em crise e não podia comprar, por outro 
lado a população brasileira precisava ver atendidas suas necessidades básicas. A produção passou a visar 
ao consumo interno, assim parte dos produtores começou a plantar os “produtos de mesa”:
Assim, a produção de frutas de mesa (laranja, abacaxi, banana). Mas sobretudo 
do algodão, como foi assinalado no capítulo anterior. Também de minérios 
e produtos extrativos vegetais (oleaginosos, a cera de carnaúba etc.). A de 
laranja em particular alcançará certo vulto já antes, mas sobretudo depois 
de 1930. Um presidente eleito do Brasil, parecendo ter consciência do que se 
passava, afirmará (1930) na sua forte convicção conservadora que “a laranja 
salvará o café” (PRADO JUNIOR, 1981, p. 280).
Com idas e vindas, a economia do Brasil foi se adaptando à nova realidade. O mercado internacional 
teve que deixar de ser o foco, a produção cresceu visando atender as necessidades da população nacional.
60
Unidade II
Toda a crise econômica, essencialmente oriunda da opção do modelo agrário exportador, com foco 
em um único produto, o café, gerou problemas sociais enormes.
Não foram só os produtores, os oligarcas, que sofreram o impacto. Toda a sociedade brasileira de 
alguma forma foi atingida. Principalmente os mais pobres.
Como veremos a seguir, a crise econômica gerou a crise política, cujo resultado direto foi o fim da 
Primeira República e a instauração de uma nova configuração política.
5.4 O ciclo da borracha
Em 1880, a Amazônia viveu o seu maior nível de riqueza, a fonte de tanta abundância era a borracha. 
Segundo Fausto (2008), a mania da bicicleta, nos anos 1980, e gradativa popularização do automóvel 
incentivaram ainda mais a produção.
Entre 1898 e 1910, a produção da borracha alcançou o 2º lugar na exportação, correspondendo a 25,7%:
Tabela 2 – Brasil, principais produtos da exportação, 1889‑1945 (em percentagens)
Períodos Café Açúcar Cacau Mate Fumo Algodão Borracha Couros e pele Outros
1889-1897 67,6 6,5 1,5 1,1 1,2 2,9 11,8 2,4 4,8
1898-191052,7 1,9 2,7 2,7 2,8 2,1 25,7 4,2 5,2
1911-1913 61,7 0,3 2,3 3,1 1,9 2,1 20,0 4,2 4,4
1914-1918 47,4 3,9 4,2 3,4 2,8 1,4 12,0 7,5 17,4
1919-1923 58,8 4,7 3,3 2,4 2,6 3,4 3,0 5,3 16,5
1924-1929 72,5 0,4 3,3 2,9 2,0 1,9 2,8 4,5 9,7
1930-1933 69,1 0,6 3,5 3,0 1,8 1,4 0,8 4,3 15,5
1934-1939 47,8 0,5 4,3 1,4 1,6 17,6 1,1 4,4 21,3
1940-1945 32,5 0,6 3,2 0,9 1,2 9,1 2,4 3,6 46,5
Fonte: Fausto (2008, p. 292).
O crescimento da exploração da borracha motivou uma grande migração para a região, cerca de 
110 mil pessoas, principalmente para Belém e Manaus. A maioria era de pessoas oriundas do Ceará, 
fugindo das contingências da seca.
Inicialmente, a exploração se concentra no Estado do Pará; posteriormente, na região do Estado do 
Amazonas. Com o passar do tempo, a exploração segue em direção a outros territórios ricos em seringais.
Alcançaram os territórios de Purus e Juruá, regiões de fronteira entre o Brasil e a Bolívia:
O avanço dos exploradores brasileiros da floresta amazônica irá chocar-se 
neste território riquíssimo de seringueiras, com os vizinhos bolivianos que 
61
REPÚBLICA VELHA
o ocupavam nominalmente com alguns postos militares. Surgirá daí um 
conflito internacional resolvido afinal sem maiores consequências com a 
cessão, por parte da Bolívia de uma grande área de quase 200.000 km2 pela 
qual receberá uma indenização de 2.000.000 de libras esterlinas. Formar‑se‑á 
aí uma circunscrição, sob administração direta do governo federal, e que se 
denominará Território do Acre (PRADO JUNIOR, 1981, p. 179).
Graças à incorporação do Acre ao Brasil, a produção de borracha cresceu. Em 1907, ultrapassou mais 
de 11.000 toneladas. Sua exploração era extremamente rudimentar e no meio da floresta tropical.
O grande problema era o vínculo de emprego, análogo à escravidão. O seringueiro ficava isolado 
na floresta. Recebia salário, mas era obrigado a adquirir do seu patrão os gêneros alimentícios. Esses 
produtos, sob a justificativa do difícil transporte, eram vendidos por um preço muito elevado.
Assim, o empregado permanecia sempre devendo ao patrão e trabalhava para pagar uma dívida sem 
fim, que o mantinha vinculado. Sua única diversão era o consumo do álcool, que aumentava ainda mais 
a dívida. Caso se recusasse a trabalhar, o empregador usava da força.
Naquela época não existia preocupação com preservação do meio ambiente. Os seringais eram 
explorados ao extremo. A consequência era o constante deslocamento, uma vez esgotadas as árvores 
daquela área, buscavam‑se áreas mais distantes.
Todos esses fatores unidos levaram à crise:
Precisamente em 1912 a exportação da borracha brasileira alcança seu 
máximo com um total de 42.000 toneladas. Daí por diante é o declínio. Os 
preços também atingem seu teto em 1910, valendo então a tonelada quase 
10 contos FOB, ou seja, 639 libras. Neste ano a exportação soma 377.000 
contos (24.646.000 libras‑ouro), e representa quase 40% da exportação 
total do país; contra 385.000 contos, ou pouco mais de 40% representados 
pelo café. Depois, é a degringolada. A borracha brasileira, explorada nas 
condições que vimos, não resistirá à concorrência do produto oriental que 
em poucos anos a substituirá quase inteiramente nos mercados mundiais 
(PRADO JUNIOR, 1981, p. 180).
As riquezas cumuladas proporcionaram o crescimento da região. Acre, Belém e Manaus cresceram 
muito e a riqueza podia ser vista em todos os lugares. Contudo, o crescimento estava baseado em uma 
exploração que não tinha sustentabilidade.
Com a queda, muitas pessoas retornam a sua terra de origem, vilarejos foram abandonados, e os 
poucos locais que permaneceram mantinham de forma precária a exploração do produto:
As tentativas de substituição da simples coleta na mata pelo plantio não 
foram para a frente, sendo as plantas atingidas com frequência pelas pragas. 
62
Unidade II
Um exemplo disso foi a experiência realizada pela Ford – a Fordlândia – em 
fins da década de 1920, que resultou em um imenso fracasso. Da época de 
ouro, ficaram como marcas mais expressivas os dois belos teatros de Belém 
e Manaus (FAUSTO, 2008, p. 293).
Assim, a riqueza foi efêmera, da mesma forma que entrou, rapidamente saiu.
5.5 Cacau
O surto do cacau não foi tão intenso quanto a borracha, nem tampouco como o café, mas teve o 
seu valor na economia brasileira. A tabela de Fausto (2008) apresentada anteriormente demonstra isso. 
Entre 1914 a 1918, a produção chegou ao terceiro lugar dos principais produtos importados.
Inicialmente sua cultura começou na Amazônia, mas o seu desenvolvimento cresceu na Bahia. 
Lembra‑se do romance Gabriela, de Jorge Amado? Ele retrata esse período!
A Bahia conhecerá então mais uma fase de bem‑estar e progresso depois 
do longo período de estagnação e decadência que se vinha estendendo desde 
princípios do século passado, senão dantes. O ciclo do açúcar que no século XVII 
a elevara a culminâncias — Salvador, a capital, fora então uma das principais 
cidades da América —, encerrara‑se por completo no século XIX. O cacau 
proporcionar‑lhe‑á, depois de tão larga espera, uma nova perspectiva; e como 
dantes se vivera da exportação do açúcar, agora se viverá da do cacau. Para se 
avaliar o que significaria este gênero na economia baiana, basta lembrar 
que mais de 20% das rendas públicas do Estado provinham, em princípios 
do século atual, de um imposto sobre a exportação do produto. Direta ou 
indiretamente, quase toda a riqueza baiana e a vida dos habitantes repousará 
nos cacauais. E eles lhe trarão efetivamente um certo bem‑estar e desafogo 
econômico (PRADO JUNIOR, 1981, p. 183).
A produção do cacau visava tanto ao mercado externo como ao interno. Em relação ao mercado 
externo possuía uma grande concorrência, em alguns momentos esteve em destaque, mas nunca o 
suficiente para se solidificar no mercado.
O enriquecimento do território foi por um curto período, mas o suficiente para deixar suas marcas 
na nossa história.
6 O SETOR INDUSTRIAL
Vamos recordar alguns aspectos. Durante o período da colônia era proibida a instalação de indústrias 
manufatureiras no Brasil. No período do Império, ocorreu praticamente o mesmo desestímulo.
Não podemos esquecer que D. Pedro I era herdeiro do trono de Portugal, e é lógico que ele permaneceu 
defendendo os interesses da Coroa. Igualmente, seu filho e sucessor D. Pedro II permaneceu defendendo 
os interesses de Portugal. O que isso significa?
63
REPÚBLICA VELHA
Não interessava o desenvolvimento da indústria nacional. Durante séculos, o Brasil permaneceu 
na dependência dos produtos manufaturados europeus, primeiro de Portugal, depois da Inglaterra. O 
Império impedia das mais diversas formas a instalação da indústria nacional – um dos casos mais 
conhecidos é do Barão de Mauá.
Como agravante, as indústrias brasileiras enfrentavam uma grande barreira, a falta de infraestrutura. 
Havia falta de fontes de energia. Além disso, apesar de o Brasil ser abundante em fontes de recursos 
minerais, não havia siderúrgicas com capacidade para extrair os produtos.
Além disso, havia a grande diferença territorial e cultural. Cada região do Brasil possuía um consumo 
próprio e não existia uma rede de transporte suficiente para interligar os diversos produtos. Por outro 
lado, exportar era caro, pois além da diferença do câmbio, havia as taxas e os impostos.
Contudo, havia dois fatores que favoreciam a indústria nacional, o baixo custo da mão de obra e da 
matéria‑prima:
São estas as circunstâncias principais que condicionarão o desenvolvimento 
de uma pequena indústria, sobretudo têxtil, na segunda metade do século 
passado. Ela terá um caráter local limitado a pequenos mercados de curto 
raio (PRADO JUNIOR, 1981, p. 197).
A primeira indústria que cresceu e se destacou na nossa economia foi a indústria têxtil. No último 
período do Império, o número de indústrias começa a crescer, sendo que o crescimento substancial 
ocorreu na Primeira República.
Em 1907 realiza‑se o primeiro censo geral e completo das indústrias 
brasileiras.Serão encontrados 3.258 estabelecimentos industriais com 
665.663$000 de capital, e empregando 150.841 operários. Quanto à 
distribuição geográfica da indústria, 33% da produção cabia ao Distrito 
Federal (capital da República, a que se podem acrescentar os 7% do 
Estado do Rio de Janeiro, vizinho e formado geograficamente na mesma 
unidade); 16% a São Paulo e 15% ao Rio Grande do Sul. Nenhum outro 
Estado alcançará 5%. Com exclusão do Rio de Janeiro, que continuava, 
como sempre fora no passado, a encabeçar a produção industrial, 
a transformação desde o tempo do Império fora considerável. Seria 
particularmente notável o caso de São Paulo, que se tornaria logo o 
maior produtor do país, com a grande parcela de 40% do total (PRADO 
JUNIOR, 1981, p. 197).
O crescimento industrial em São Paulo se explica tanto pela localização do Estado como por toda 
a modernidade trazida pela cafeicultura. Devemos lembrar que junto com o crescimento do novo 
modelo de cafeicultura vieram a energia elétrica, telefonia, energia hidráulica, expansão da via férrea e 
principalmente a imigração europeia.
64
Unidade II
A proximidade com o maior porto do Brasil facilitava a circulação das mercadorias e a entrada 
dos imigrantes, que vieram com experiência e conhecimento técnico. Também ocorreu a instalação da 
primeira usina hidrelétrica paulista nas proximidades do centro industrial.
Membros da oligarquia paulista tornaram‑se investidores em várias atividades:
Um exemplo significativo é o do Senador Lacerda Franco, fazendeiro e 
fundador de uma empresa corretora de café. Proclamada a República, 
obteve a concessão para criar um banco de emissão e iniciou uma grande 
fábrica de tecidos em Sorocaba. Mais tarde, fundou outra menor em Jundiaí, 
uma companhia telefônica e foi diretor da Companhia Paulista de Estradas 
de Ferro (FAUSTO, 2008, p. 287).
Aproveitando‑se da riqueza acumulada com a produção do café, foi possível diversificar os 
investimentos e investir na instalação de indústrias e outros ramos de atividade.
Na Europa, ocorria a Primeira Guerra Mundial, o que deu maior impulso à indústria nacional. A 
Europa foi destruída, assim como sua indústria. Eles deixaram de exportar para o Brasil, fomentando o 
crescimento da indústria nacional, principalmente a indústria têxtil:
No primeiro grande censo posterior à guerra, realizado em 1920, os 
estabelecimentos industriais arrolados somarão 13.336, com 1.815.156 
contos de capital e 275.512 operários. Destes estabelecimentos, 5.936 
tinham sido fundados no quinquênio 1915‑1919, o que revela claramente a 
influência da guerra (PRADO JUNIOR, 1981, p. 198).
Fugindo das agruras da guerra, vieram para o Brasil empresários e operários europeus. Alguns 
vieram para trabalhar no campo e se deslocaram para o interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio 
Grande do Sul.
Outros, mais empreendedores, iniciaram suas atividades como importadores. Aproveitando os 
contatos que possuíam em sua terra natal, importavam máquinas e equipamentos, e, pela experiência, 
sabiam os ramos de atividade onde poderiam lucrar mais. Foi o caso de Francisco Matarazzo e Crespi, os 
dois maiores industriais italianos de São Paulo.
Tabela 3 – Brasil Indústria 1907 e 1920
Ano Número de empresas
Capital 
(contos)
Produção 
(contos)
Força 
motriz
Número de 
operários
1907 3.258 653.555 731.292 109.284 149.018
1920 13.336 1.815.156 2.959.176 310.424 275.512
Fonte: Decca (1991, p. 24).
65
REPÚBLICA VELHA
Como podemos verificar, o número de empresas praticamente quadruplicou de 1907 a 1920. O 
crescimento das grandes indústrias trouxe consigo o crescimento das pequenas também:
[...] É incalculável o número de tendas e sapatarias, marcenarias, fábricas 
de massas, de graxa, de óleos, de tintas de escrever, fundições, tinturarias, 
fábricas de calçados, manufaturas de roupas e chapéus, que funcionam em 
estalagens, em fundos de armazéns, em resumo: em lugares que o público 
não vê. [...]
É incalculável o número de pequenas marcenarias, nas quais às vezes 
trabalha um só homem. Das fábricas de bebidas e de massas, vulgarmente 
conhecidas por Macarrão, se é certo que elas de muito servem às classes 
pobres, hoje que a vida é tão cara, não menos certo que causam considerável 
diminuição na renda das grandes fábricas.
Isso, entretanto, não se dá na Capital Federal, que depois de São Paulo é a 
localidade mais industrial da República, e não se dá porque a maioria da 
imigração, que lá aflui, é em tudo diversa da italiana, razão pela qual ali o 
progresso industrial tem sido mais demorado do que aqui (DECCA, 1991, p. 23).
O trecho que acabamos de apresentar descreve a situação da indústria nacional no período. O 
crescimento da indústria em São Paulo foi alarmante e se destacava em relação ao restante do país.
Apesar do crescimento, havia uma carência muito grande das indústrias de base: cimento, ferro, 
máquinas e equipamentos, o que forçava a importação desses itens.
Com incentivos do governo, surgiram duas grandes indústrias do ramo: em 1924, a Siderúrgica 
Belgo‑Mineira, em Minas Gerais, e a Companhia de Cimento Portland, estabelecida em São Paulo, 
em 1926.
Como podemos analisar, fatores externos e internos colaboraram para a revolução industrial 
brasileira, que embora tardia ocorreu no período da Primeira República, muito mais pelo empenho dos 
industriais do que com incentivo do governo.
Exemplo de aplicaçãoExemplo de aplicação
O Censo de 1920 está à disposição no site do IBGE. É um documento que possui gráficos feitos a O Censo de 1920 está à disposição no site do IBGE. É um documento que possui gráficos feitos a 
mão, fotos e informações preciosas sobre o período. Foi o primeiro censo após a abolição da escravatura. mão, fotos e informações preciosas sobre o período. Foi o primeiro censo após a abolição da escravatura. 
Faça o seguinte exercício, compare o censo de 1920 com os anteriores e observe a mudança que houve Faça o seguinte exercício, compare o censo de 1920 com os anteriores e observe a mudança que houve 
na apuração da população brasileira. De que forma se deu essa mudança?na apuração da população brasileira. De que forma se deu essa mudança?
66
Unidade II
 Observação
Apesar das riquezas acumuladas no período, os pobres continuaram 
alijados das conquistas da elite.
 Lembrete
Segundo o entendimento de Fausto (2008), a mania de andar de 
bicicleta, que estava se expandindo pelo mundo, influenciou a produção 
da borracha no Brasil.
 Saiba mais
O filme a seguir pode propiciar uma inter‑relação com os conteúdos da 
unidade:
O CORTIÇO. Direção: Francisco Ramalho Jr. Brasil: Argos Filmes, 1977. 110 
min.
O filme indicado a seguir é uma famosa animação e conta a história de 
Campeão, que é filho de ciclistas profissionais e resolve desde cedo seguir 
os passos dos pais.
AS BICICLETAS de Belleville. Direção: Sylvian Chomet. França: Casablanca 
Filmes, 2003. 82 min.
67
REPÚBLICA VELHA
 Resumo
A República trouxe muita riqueza, surgiram as indústrias e, com elas, a 
modernidade: telefone, energia elétrica, rádio e viagens para o exterior, que 
se tornaram mais comuns. Entretanto, somente para a elite.
A grande população permaneceu excluída dos benefícios do novo 
sistema. Junto com as mudanças econômicas veio a inflação, ou seja, um 
aumento generalizado de preços.
Isso ocorreu porque, para manter os custos do novo sistema, o governo 
teve que emitir mais moedas. Por outro lado, a economia brasileira dependia 
da exportação.
Assim, manter uma estrutura sem um lastro econômico gerou problemas 
sociais que a sociedade brasileira enfrenta até hoje.
Houve uma grande expansão da indústria, com novos itens de produção 
para gerar riquezas para os grandes centros. Contudo, os operários não 
colhiam estes frutos.
A jornada de trabalho era extenuante, as condições de trabalho eram 
péssimas; com a inflação, os gêneros de primeira necessidade ficaram 
muito caros, piorando ainda mais as condições de vida dos trabalhadores.
Um grande exemplo desse paradoxoocorreu na Bahia com a produção 
do cacau. A cultura trouxe muita riqueza para os “senhores do cacau”, 
grandes fazendeiros, líderes da política local. Na região, surgiram teatros 
e cabarés, e as elites tiveram acesso à cultura, mas a grande população 
permaneceu desprovida de condições mínimas de qualidade de vida.
É importante salientar que a grande expansão industrial ocorreu por 
mérito dos empresários. Não houve uma preocupação do governo em 
investir em infraestrutura, incentivos fiscais ou mesmo subsídios.
As indústrias surgiram pelos investimentos pessoais dos empresários, 
mas também cresceram pelo trabalho e esforço dos operários, que vieram 
para o Brasil com suas experiências e técnicas desenvolvidas em suas terras.
68
Unidade II
 Exercícios
Questão 1. (Enade 2008) A economia brasileira sofre transformações na primeira metade do século XX, 
conforme se observa nas tabelas a seguir.
Tabela 4 – Taxas de crescimento: produção industrial, PIB e 
importação de bens de capital para a indústria, 1911‑1915 (%)
Período Produção industrial PIB
Importação 
de bens de 
capital para a 
indústria
1917‑1919 3,6 – –14,8
1920‑1922 6,2 3,2 12,3
1923‑1926 0 1,3 14,0
1927‑1928 8,0 12,4 –7,2
1929‑1932 0 0,3 –31,7
1933‑1936 14,1 7,4 41,0
1937‑1941 8,3 4,5 –5,5
1942‑1945 4,3 1,8 –1,1
Adaptada de: Suzigan (1975, p. 472).
Tabela 5 – Distribuição setorial do PIB brasileiro, 1910‑1950 (%)
Ano Agricultura Indústria Serviços*
1910 35,8 14,0 50,2
1920 32,0 17,1 50,9
1930 30,6 16,5 52,9
1940 25,0 20,8 54,2
1950 24,3 24,1 51,6
*inclui governo.
Fonte: Haddad (1978; IBGE, 1990 apud ABREU; VERNES, 1997, p. 26).
A análise das tabelas possibilita identificar que:
I – A taxa de crescimento do PIB manteve‑se estável durante as décadas de 1930 e 1940.
II – A indústria brasileira se equipou significativamente durante a primeira metade da década de 
1920 e o período de 1933 a 1936.
69
REPÚBLICA VELHA
III – O setor de serviços, incluindo o governo, ocupou sempre um papel de destaque no PIB durante 
a primeira metade do século XX.
IV – A participação do setor agrícola no PIB manteve‑se estável na primeira metade do século XX, o 
mesmo não acontecendo com a indústria.
É correto apenas o que se afirma em:
A) I e II.
B) I e IV.
C) II e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
Resposta correta: alternativa C.
Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: pelas tabelas, é possível verificar uma grande variação no volume do PIB na época 
mencionada.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: isso se deveu à política de substituição de importações no final da Primeira República, 
política que implantou a indústria no Brasil.
III – Afirmativa correta.
Justificativa: isso foi importante na medida em que a indústria ainda era incipiente e o preço do café 
oscilava constantemente no mercado internacional.
IV – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a participação da indústria cresceu significativamente no período citado, com tendência 
a uma leve queda da agricultura.
70
Unidade II
Questão 2. (Enade 2005) “O navio apita funebremente. Começa a manobra para a saída. Entoemos 
a “Internacional”, grita um do grupo. E rodeados de passageiros, curiosos de conhecer as personagens 
esquisitas pelas quais o navio esperou tantas horas, o grupo de deportados rompe com o canto da 
“Internacional” – e é com essas estrofes vigorosas e impressionantes que o ‘Benevente’ levanta ferro e 
deixa com lentidão a baía de Guanabara [...].” (Everardo Dias, 1920).
Este texto refere‑se à deportação de:
A) Imigrantes japoneses considerados doentes.
B) Judeus pertencentes ao movimento sionista.
C) Imigrantes russos adeptos da Revolução Bolchevique.
D) Militantes estrangeiros do movimento operário.
E) Brasileiros participantes da Revolta da Chibata.
Resposta correta: alternativa D.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: nunca houve no Brasil a deportação de japoneses doentes.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: nada no texto faz chegar a tal conclusão
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: embora o texto faça menções ao movimento operário de caráter socialista, não há 
notícia da deportação de russos. No entanto, esta questão é bastante mal formulada.
D) Alternativa correta.
Justificativa: as greves de 1917 contaram com a participação de militantes estrangeiros, sobretudo 
anarquistas italianos. O nome do navio sugere que estes italianos estariam sendo devolvidos ao seu país.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a Revolta da Chibata ocorrera 10 anos antes deste evento.

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