Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 - definir angina Angina de peito (angina pectoris) é a descrição utilizada para caracterizar a dor torácica causada pela falta de sangue (isquemia) que acomete o músculo cardíaco. A angina é quase sempre relacionada a doenças que causam obstrução nas artérias responsáveis por levar sangue ao coração, as coronárias. 2 - conhecer os tipos de angina Angina Estável = A angina estável (AE) refere-se ao desconforto no peito que ocorre de forma previsível e reprodutível em um determinado nível de esforço, com duração média de 1 a 5 minutos, é aliviada com repouso ou com nitratos e cujas características não se alteram no período de 2 meses. A angina estável é o quadro clínico inicial da doença cardíaca isquêmica em 50% dos casos. São considerados portadores de doença coronariana crônica pacientes com angina estável e os assintomáticos, mas que já apresentaram infarto agudo do miocárdio (IAM) ou se submeteram a procedimentos de revascularização ou com evidência de isquemia em provas funcionais, a chamada isquemia silenciosa. Acomete portadores de doença arterial coronariana com obstrução de 50% do lúmen de uma ou mais artérias epicárdicas, doença cardíaca valvar, cardiomiopatia hipertrófica, hipertensão não controlada, espasmo coronariano ou disfunção da microcirculação. FATORES DE RISCO = A maior causa de angina é a denominada aterosclerose, ou seja, a deposição de placas de gordura dentro dos vasos (coronárias) responsáveis por levar sangue ao músculo do coração. A aterosclerose, por sua vez, é multifatorial, sendo principalmente relacionada a outras doenças ou fatores de risco, como idade avançada, hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, tabagismo, histórico familiar e sedentarismo. FISIOPATOLOGIA = Sua fisiopatologia se baseia na existência de uma obstrução ao fluxo coronariano, levando a um suprimento sanguíneo inadequado para prover as necessidades do tecido miocárdico. Nesses pacientes, há progressão da aterosclerose com obstrução mais ou menos significativa da luz coronariana, com prejuízo da perfusão miocárdica, levando à angina estável, de esforço, com limiar determinado. No entanto, a DAC estável pode apresentar-se clinicamente associada a diferentes mecanismos fisiopatológicos, que incluem: obstrução de artérias epicárdicas por placas ateromatosas; espasmo focal ou difuso de vaso com ou sem doença aterosclerótica; disfunção ventricular causada por lesão aguda prévia ou músculo hibernado; e disfunção microvascular. Esses mecanismos podem atuar isoladamente ou combinados. A isquemia/hipoxemia miocárdica é causada por desbalanço entre a oferta de oxigênio para o tecido e sua demanda, e as consequências dessa isquemia ocorrem em uma sequência temporal, que envolve: (1) aumento das concentrações de íons de H+ e K+ na circulação venosa que drena o território isquêmico; (2) sinais de disfunção diastólica e posteriormente sistólica com anormalidades regionais de movimentação da parede ventricular; (3) aparecimento de alterações eletrocardiográficas nos segmentos ST-T; (4) dor torácica anginosa. A isquemia miocárdica por obstrução arteriolar é decorrente tanto de disfunção endotelial como da presença de placa de ateroma em si. A disfunção endotelial reduz a reserva coronariana, acarretando redução das substâncias vasodilatadoras produzidas pelo endotélio e aumento das vasoconstritoras, além de aumento da trombogenicidade do vaso, por produzir maior ativação plaquetária e menor fibrinólise. Além disso, atrai para a camada íntima monócitos e linfócitos T circulantes, miócitos da camada média e as plaquetas, que produzem substâncias proliferativas. Assim, inicia-se a formação da placa de ateroma que acomete a íntima dos vasos e constitui-se de células espumosas (macrófagos com partículas de LDL--oxidado) e células musculares lisas secretoras de colágeno. Com a proliferação dessas células, há crescimento progressivo da placa e obstrução vascular insidiosa ou formação de uma placa instável, a qual é mais importante na fisiopatologia da DAC aguda. Em ambos os casos, podem ocorrer redução da perfusão miocárdica e alterações reversíveis ou não da função cardíaca; desse modo, dependendo do grau e da duração da isquemia, há diferentes formas de apresentação da doença arterial. QUADRO CLÍNICO = Trata-se de uma síndrome clínica caracterizada como dor ou desconforto em região precordial ou retroesternal, em geral desencadeada ou agravada com a atividade física ou o estresse emocional, e atenuada com o uso de nitroglicerina e derivados. Também podem ocorrer os equivalentes anginosos, principalmente em idosos, como dispneia, tontura, fadiga e eructações. Nas mulheres, os sintomas não são tão claros em grande número dos casos, sendo frequentemente relatados sintomas como fadiga (baixo débito cardíaco), sudorese náusea e vômitos (sintomas neurovegetativos), sensação de medo, fraqueza ou dispneia (disfunção sistólica/ diastólica acarretando congestão pulmonar), palpitações (taquiarritmias por isquemia). A dor torácica, ou angina do peito, sintoma típico da DAC, tem característica própria, cuja presença pode praticamente confirmar o diagnóstico em certos contextos. A dor também pode ter localização distinta, muitas vezes no epigástrio ou mesmo na mandíbula. A irradiação pode acontecer para ambos os braços, em certos casos até ao mesmo tempo, assim como para as costas. A duração do desconforto também tem características próprias na doença coronariana crônica estável. Geralmente ele é curto e não ultrapassa 10 minutos na maioria dos casos. Contudo, sintomas com duração de poucos segundos não costumam estar relacionados a DAC. Outro ponto relevante é a intensidade de exercício para o desenvolvimento dos sintomas. Apesar de não existir uma regra, o paciente quase sempre tem o desencadeamento dos sintomas sempre com a mesma intensidade de esforço, a não ser quando há uma piora do quadro clínico. A esta característica dá-se o nome de reprodutibilidade. Ou seja, esforço semelhante, dor semelhante. Os sintomas também podem estar relacionados às refeições, principalmente quando há uma exagerada ingesta alimentar. DIAGNÓSTICO = Em geral, o exame físico é normal nos pacientes com angina estável. Entretanto, durante o episódio anginoso, pode fornecer indícios valiosos a respeito da existência ou não de DAC. Quando é possível realizar o exame físico do paciente na vigência de dor, achados como terceira bulha (B3) -disfunção sistólica, quarta bulha (B4) - disfunção diastólica, ou galope, sopro de regurgitação mitral, desdobramento paradoxal de segunda bulha (B2) e estertoração pulmonar bibasal são sugestivos e preditores prognósticos de DAC com comprometimento funcional do ventrículo esquerdo. Achados de aterosclerose em outros territórios, como pulsos de membros inferiores diminuídos, endurecimento arterial e aneurisma abdominal, aumentam a probabilidade de DAC. Outros achados, como pressão arterial elevada, aumento da FC, xantomas e exsudatos retinianos, apontam para a presença de fatores de risco de DAC. Hipofonese das bulhas cardíacas e rubor facial podem indicar doenças do pericárdio e/ou pleura contígua ao coração. Exames adicionais são baseados na probabilidade de o paciente apresentar DAC, em decorrência do tipo de dor, sexo, comorbidade e idade do paciente. Fatores de risco para aterosclerose, como tabagismo, dislipidemia (colesterol total > 250 mg/dℓ) e glicemia de jejum > 140 mg/dℓ, aumentam a chance de DAC. A probabilidade pode ser considerada baixa (< 10%), intermediária (10 a 90%) ou alta (> 90%). Nos casos de baixa probabilidade, deve-se procurar causas não cardíacas para a dor; na intermediária, métodos subsequentes; e, na alta, prosseguir a investigação e estratificar o risco cardíaco. Os testes de estresse são úteis para o diagnóstico de doença arterial coronariana e para a avaliação de risco e prognóstico. Exames bioquímicos: Os testes bioquímicos têm fundamental importância na medida em que ajudam a avaliar adequadamente o risco e/ou o prognóstico do paciente, auxiliam no diagnóstico de doençasassociadas e colaboram para a decisão terapêutica. Assim, a medida da glicemia de jejum, da hemoglobina glicada (HbA1c) e o teste de tolerância oral à glicose são fundamentais. A função renal está diretamente relacionada à DAC. O colesterol total, suas frações HDL e LDL, e triglicérides devem ser avaliados anualmente, em todos os pacientes com DAC com o objetivo de otimizar o tratamento e diminuir o risco de progressão da doença. As troponinas também têm seu valor na avaliação de DAC, em especial nos casos em que a instabilização clínica é uma suspeita. Hoje, os ensaios de alta sensibilidade, quando normais, praticamente nos permitem afastar ou confirmar um evento agudo. Outros testes, como hemograma, função hepática e tireoidiana, apesar de não estarem diretamente relacionados à DAC, podem ser fundamentais principalmente na avaliação de doenças associadas. Portanto, deverão ser solicitados conforme o julgamento clínico. Eletrocardiograma: Alterações eletrocardiográficas em repouso podem estar ausentes em 50% dos pacientes portadores de angina estável, principalmente aqueles com função de ventrículo esquerdo normal. Distúrbios de condução como bloqueio de ramo esquerdo, e bloqueio da divisão anterossuperior do ramo esquerdo, podem ocorrer em pacientes portadores de DAC e disfunção ventricular, comprometimento multiarterial, ou infarto prévio. Alteração do segmento ST e da onda T, principalmente as dinâmicas, são fortemente sugestivas de doença coronária, como ocorre por exemplo na angina vasoespástica (síndrome de Prinzmetal). Radiografia de tórax: Sua principal finalidade é realizar o diagnóstico diferencial nos casos de angina, como no pneumotórax, no pneumomediastino, nas fraturas de costela e nas infecções agudas. A radiografia também pode indicar aneurisma de aorta, dissecção da aorta e tromboembolismo pulmonar. Esse exame é indicado principalmente nas seguintes situações: pacientes com DAC e sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca congestiva; e pacientes com sinais e sintomas de doença pulmonar. Teste ergométrico: Método não invasivo utilizado com maior frequência na angina estável ou mesmo no paciente assintomático, visando especialmente à confirmação diagnóstica, à determinação prognóstica e à definição da conduta terapêutica. Utilizado sobretudo em indivíduos com probabilidade pré-teste intermediária, não é recomendado em pacientes com alterações no eletrocardiograma basal e sem condições físicas para o teste. Durante o teste, o principal achado de isquemia consiste no infradesnivelamento do segmento ST de pelo menos 0,1 mV, que persiste por pelo menos 0,06 s após o ponto J em uma ou mais derivações. É importante salientar que em 15% dos pacientes os sintomas só aparecerão na recuperação, fase fundamental do teste. O TE ainda traz informações adicionais, como resposta pressórica, presença de sintomas e capacidade funcional. Estas duas últimas são importantes não somente para o diagnóstico como também para o prognóstico. Vale ressaltar que em paciente com anormalidade no ECG em repouso, como o bloqueio de ramo esquerdo ou nas alterações persistentes do segmento ST, a interpretação pode ser prejudicada ou mesmo impossível. Realizado sem a influência de drogas anti-isquêmicas. Suspensão imediata do exame: desconforto precordial, dispneia, tontura, exaustão, elevação de ST > 2mm, queda da PA > 10 mmHg ou taquiarritmia ventricular. O teste só é considero negativo quando a FC alcançar no mínimo 85% da FC máxima para idade e sexo do paciente. Ecocardiograma: auxilia no afastamento de outras causas de dor precordial, como dissecção de aorta, pericardite e embolia pulmonar maciça. Em repouso, fornece uma série de informações sobre a função ventricular esquerda, como a viabilidade miocárdica, com importantes implicações terapêuticas e prognósticas após o IAM. Em situações de difícil obtenção de um exame com boa qualidade técnica, o uso de contraste com microbolhas pode trazer excelente contribuição. Ecocardiograma sob estresse: Método não invasivo, estabelecido para a avaliação de pacientes com DAC obstrutiva suspeita ou conhecida, a fim de determinar o diagnóstico e o prognóstico, avaliar o impacto de terapias de revascularização, detectar a viabilidade miocárdica e auxiliar nas decisões terapêuticas. O estresse cardiovascular causa isquemia miocárdica em regiões supridas por uma artéria com grau significativo de estenose, fenômeno é manifestado por alteração transitória da contração segmentar. Os métodos disponíveis para a indução do estresse são esforço físico (esteira ou bicicleta ergométrica), estimulação atrial transesofágica e uso de vasodilatadores (dipiridamol e adenosina) ou estimulantes adrenérgicos (dobutamina). Cintilografia miocárdica: A cardiologia nuclear avalia o coração enfocando os aspectos de perfusão miocárdica, integridade celular, metabolismo miocárdico, contratilidade miocárdica e função ventricular global ou segmentar. O princípio básico do teste de estresse com radionuclídeo MPI refere-se à avaliação visual de fluxo relativo do sangue no miocárdio ou à perfusão (por meio do marcador radioativo - sestamibi (tecnécio-99m),) entre o repouso e estados de tensão. Segmentos do miocárdio que demonstram perfusão miocárdica preservada em repouso, mas diminuição da perfusão durante o estresse, são indicativos de isquemia. Considera-se que a redução mantida da perfusão nas imagens de repouso e de estresse é sugestiva de um infarto do miocárdio prévio. Esse teste é principalmente indicado em pacientes com probabilidade pré-teste intermediária ou alta de DAC, com eletrocardiograma não interpretável ou incapacidade física. Como o ecocardiograma, o método pode ser realizado tanto em esteira (ou bicicleta) quando pela injeção de fármacos (adenosina, dipiridamol ou dobutamina). O exame também pode ser realizado com tálio-201, mas tem sido pouco empregado ultimamente a não ser para avaliação de viabilidade miocárdica. No caso da cintilografia, o estresse físico é sempre o preferido, uma vez que os exames com fármaco não trazem avaliações adicionais como no caso do ecocardiograma. Portanto, o teste com fármacos deve ser quase sempre reservado àqueles que não conseguem se exercitar. Ainda uma indicação muito importante para realização da cintilografia de perfusão miocárdica com agentes farmacológicos é a presença de bloqueio de ramo esquerdo ou quando o paciente possui marca-passo. Quanto à captação das imagens, elas podem ser obtidas por tomografia por emissão de fóton único (SPECT) ou por tomografia por emissão de pósitrons (PET). Os exames realizados com PET possuem melhor qualidade de imagens, porém são menos disponíveis e utilizam radiotraçadores menos comuns (82Rb, 13N-amonia), o que tornam os exames por este método bem mais caros e menos disponíveis. Angiografia coronariana: A cinecoronariografia (cateterismo), como método inicial para diagnóstico de DAC, tem papel em casos especiais, como na dor torácica sugestiva de isquemia na qual os testes não invasivos estão contraindicados ou há um improvável benefício, em virtude de doenças graves, inabilidade física para o método não invasivo ou características do paciente. Também há uma razoável indicação de testes invasivos em pacientes de alto risco para DAC e com resultados conflitantes dos testes não invasivos ou quando eles não contribuem claramente para o diagnóstico ou, ainda, naqueles pacientes com profissões de risco populacional (p. ex., pilotos de avião, bombeiros e atletas profissionais). A cinecoronariografia também está indicada nos pacientes candidatos a revascularização miocárdica, tanto por angioplastia quanto por cirurgia. Desse modo, necessitam, inicialmente, da definição da anatomia coronária para a escolha do tipo de procedimento. Entre esses pacientes, incluem-se aqueles com angina, com evidência clínica de insuficiência cardíaca e os que tenham experimentado uma morte cardíaca súbita ou arritmia ventricular grave. Nesses casos, a cinecoronariografia, como primeira opção, é uma escolha bem razoável.Com os vários testes não invasivos, seja para avaliação de isquemia ou da anatomia coronária, a cinecoronariografia tem espaço limitado dentro do contexto exclusivo do diagnóstico. Sua indicação quase sempre se baseia após a realização de um teste não invasivo cujo resultado é alterado, ou ainda em situações em que o teste não invasivo não pode ser realizado, o que é muito raro; paciente com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida sem etiologia definida é um exemplo. A angiotomografia coronariana trouxe uma grande contribuição nesse contexto. Em pacientes com probabilidade pré-teste elevada e rico em sintomas, a cinecoronariografia pode ser o exame de eleição, mesmo antes dos testes não invasivos. Isso porque por meio dela é possível planejar o tratamento, seja por via percutânea (angioplastia coronária) ou cirúrgica. Por este mesmo motivo, pacientes que não são candidatos à angioplastia ou cirurgia de revascularização não devem ser submetidos à cinecoronariografia, uma vez que o exame não se justifica apenas para o diagnóstico, e o tratamento clínico seja bem definido. Tomografia coronariana: A tomografia computadorizada (TC) cardíaca oferece duas principais modalidades de exame, que empregam técnicas diferentes e fornecem informações distintas: o escore de cálcio (EC) e a angiotomografia computadorizada das artérias coronárias (angio-TC coronariana). O exame pode ser realizado com ou sem contraste, dependendo do seu objetivo. A avaliação do escore de cálcio coronariano é feito sem a necessidade de infusão de contraste iodado. Exceto em pacientes com insuficiência renal crônica, cuja camada média arterial pode ser calcificada, todo o cálcio coronariano é proveniente de lesões ateroscleróticas. As lesões são classificadas de acordo com o escore de Agatston,30 quanto maior o seu valor maior a calcificação e, por consequência, maior a quantidade de aterosclerose. Já a infusão de contraste iodado (angiotomografia) torna possível a visualização da luz do vaso, porém é preciso que o exame seja realizado dentro de seus preceitos técnicos e que a escolha do paciente seja adequada. Pacientes idosos (por possuírem muitas calcificações), obesos e taquicárdicos, por exemplo, não deveriam ser candidatos à angiotomografia. Escore de cálcio: A quantificação pelo EC da calcificação nas artérias coronárias se correlaciona com a carga total de aterosclerose. O escore está associado a presença de redução luminal coronariana com alta sensibilidade, porém com especificidade baixa.2 Isso significa que, apesar de a ausência de calcificação coronária se traduzir em uma baixa probabilidade de estenose coronariana evidenciada pela angiografia convencional, especialmente em pacientes assintomáticos, a presença de calcificação não significa necessariamente a existência de estenose luminal significativa. Atualmente, a principal utilização do EC é como ferramenta para estratificar o risco cardiovascular por meio da detecção de aterosclerose subclínica, especialmente em pacientes assintomáticos de risco intermediário (IA). Angiotomografia computadorizada das artérias coronárias: Possibilita o diagnóstico de aterosclerose coronariana e a avaliação da luz arterial de maneira não invasiva. Pesquisas que avaliaram o valor prognóstico da ângio-TC em pacientes estáveis com suspeita de DAC demonstram que não somente a ocorrência e a extensão de estenoses coronarianas significativas (≥ 50% de redução luminal), mas também a presença e a extensão da aterosclerose não obstrutiva (redução luminal < 50%) foram fatores preditores independentes de maior mortalidade geral e cardiovascular.2 A dissociação encontrada entre os testes de isquemia e a informação anatômica fornecida pela ângio-TC sugere que esses métodos avaliam diferentes parâmetros na doença coronariana e oferecem informações prognósticas complementares. As principais indicações clínicas do método na avaliação da doença coronariana crônica, segundo a última diretriz nacional, são para pacientes sintomáticos de risco intermediário, podendo ser utilizado como exame inicial ou quando testes de isquemia prévios são conflitantes ou inconclusivos, bem como quando de sintomas contínuos e testes isquêmicos normais ou inconclusivos ou houver outro tipo de discordância entre a clínica e os resultados de testes prévios. De modo geral podemos assim resumir as melhores indicações da angiotomografia coronária no coronariopata crônico: a) pesquisa e avaliação de origem anômala de artérias coronárias; b) diagnóstico de doença coronária significativa como causa de insuficiência cardíaca de recente começo ou no surgimento de bloqueio de ramo esquerdo; c) avaliação de pacientes com resultados conflitantes de outros exames não invasivos; d) método de avaliação inicial de dor torácica em pacientes ambulatoriais ou de consultório considerados de risco intermediário.17,37 É ainda uma boa opção para pacientes com nível baixo ou intermediário de DAC. Conforme destacado anteriormente, a angiotomografia de coronárias ou o teste de estresse para avaliação de isquemia com imagem, são cosiderados a primeira opção para detecção de DAC. Ressonância magnética cardiovascular: Excelente método diagnóstico, pois possibilita a avaliação da anatomia cardíaca e vascular, da função ventricular e da perfusão miocárdica, e a caracterização tecidual de maneira acurada e reprodutível, sendo capaz de fornecer todas essas informações em um único exame. Além disso, apresenta como grande vantagem a não utilização de radiação ionizante e meio de contraste iodado. Hoje, a ressonância magnética é considerada o exame padrão-ouro para a quantificação de volumes ventriculares, fração de ejeção (FE) e massa miocárdica. No que se refere especificamente à cardiopatia isquêmica, pode ser empregada para a pesquisa de isquemia miocárdica, a detecção de fibrose/infarto/viabilidade miocárdica e a avaliação não invasiva das artérias coronárias. Realce tardio: O diagnóstico e a caracterização das regiões de infarto/necrose/fibrose do miocárdio pela ressonância magnética cardíaca baseia-se na técnica do realce tardio, por meio da qual se possibilita avaliar não apenas os pacientes com infarto do miocárdio na fase aguda, mas também aqueles nas fases subaguda e crônica, representando hoje uma ferramenta indispensável na avaliação da viabilidade miocárdica – e considerada o padrão-ouro nessa avaliação. A capacidade única de identificar a ocorrência e a extensão das regiões de infarto, a presença ou não de obstrução microvascular, a área peri-infarto e a contratilidade regional faz a ressonância magnética cardíaca se tornar uma ferramenta cada vez mais importante não apenas na avaliação diagnóstica, mas também na avaliação prognóstica dos pacientes. Angiorressonância das artérias coronárias: A visualização adequada das artérias coronárias pela ressonância magnética cardíaca é um grande desafio, em virtude de vários fatores que prejudicam a qualidade das imagens, como a movimentação cardíaca e respiratória, o fino calibre e a complexidade anatômica coronária. Seu emprego clínico atualmente se concentra na avaliação de anomalias congênitas de origem e trajeto das artérias coronárias. Portanto, as recomendações da ressonância magnética (classe I, nível de evidência A) são: ■Avaliação da função ventricular global, volumes e massa (esquerda e direita) ■Detecção de isquemia ■Avaliação da perfusão miocárdica, com estresse, usando vasodilatadores ■Avaliação da contratilidade ventricular com estresse utilizando dobutamina ■Infarto do miocárdio (agudo e crônico) ■Detecção e quantificação de fibrose miocárdica e massa infartada ■Avaliação da viabilidade miocárdica. Estratificação do risco cardiovascular na doença arterial coronariana: As mesmas estratégias e métodos utilizados no diagnóstico da DAC também provêm informações sobre a gravidade da doença, com implicações para a indicação dos métodos complementares invasivos, como coronariografia, e para a decisão terapêutica. Em relação aos resultados de testes não invasivose ao risco anual de morte. Alto risco (> 3% morte/ano) Disfunção do ventrículo esquerdo (VE) em repouso grave, FE < 0,35. Escore de risco elevado ao teste ergométrico, escore de Duke < -10. Disfunção do VE grave ao teste de imagem com estresse, FE < 0,35. Grandes defeitos de perfusão durante teste de imagem com estresse. Múltiplos defeitos de perfusão de tamanho moderado durante teste de imagem com estresse. Grandes defeitos fixos de perfusão com dilatação do VE ou aumento na captação pulmonar, usando a angiografia com radionuclídeos com tálio. Moderados defeitos com dilatação do VE ou aumento na captação pulmonar durante teste de imagem com estresse, utilizando tálio. Defeitos em mais de dois segmentos com baixa frequência cardíaca (< 120 bpm) ou com baixa dose de dobutamina (10 μg/kg/min) durante teste de ecocardiograma com estresse. Evidência de isquemia extensa durante ecocardiograma com estresse. Moderado risco (1 a 3% morte/ano) Leve a moderada disfunção do VE em repouso, FE entre 0,49 e 0,35. Risco intermediário no teste ergométrico, escore de Duke entre 4 e -10. Moderados defeitos de perfusão sem dilatação do VE ou captação pulmonar durante teste de imagem com estresse. Defeitos de perfusão limitados, envolvendo dois segmentos e com dose de dobutamina maiores que 10 μg/kg/min durante o ecocardiograma com estresse. Baixo risco (< 1% morte/ano) Escore de Duke baixo durante o teste ergométrico (≥ 5). Teste normal ou pequenos defeitos de perfusão em repouso ou em teste de imagem com estresse. Contração miocárdica normal ou nenhuma mudança em alguma porção do miocárdio durante teste do ecocardiograma com estresse. TRATAMENTO = Os objetivos fundamentais do tratamento da DAC incluem prevenir o infarto do miocárdio e reduzir a mortalidade, além de reduzir os sintomas e a ocorrência da isquemia miocárdica, propiciando melhor qualidade de vida. Para que eles sejam alcançados, deve-se começar orientando um estilo de vida saudável, com dietas balanceadas que restringem o consumo de gorduras saturadas, com controle calórico e evitando e corrigindo o sobrepeso. Além disso, estimula-se o consumo de frutas, verduras e legumes. O consumo excessivo de sal também deve ser reduzido. Os pacientes, ainda, devem realizar regularmente exercícios físicos, na modalidade aeróbica, de acordo com a condição física de cada um, após avaliação médica. É fundamental que haja um combate grave ao tabagismo. Basicamente, o objetivo do tratamento farmacológico deve contemplar: a) controle dos sintomas, particularmente os episódios anginosos; e b) prevenção dos eventos coronarianos agudos. Tratamento medicamentoso para reduzir risco de infarto do miocárdio e da mortalidade: Ácido acetilsalicílico: Tem efeitos antitrombóticos pela inibição irreversível da ciclo-oxigenase-1, com consequente bloqueio da síntese do tromboxano A2, responsável pela ativação da plaqueta. Alguns estudos consagram seu emprego na prevenção de eventos coronarianos adversos, como redução de infarto do miocárdio e morte em 30 a 35% nos pacientes portadores de doença coronariana crônica e angina estável. Recomenda-se a dose de 100 mg/dia, exceto se houver alguma contraindicação. Derivados tienopiridínicos: A ticlopidina e o clopidogrel são antagonistas da ativação plaquetária mediada pela adenosina difosfato (ADP), importante via para a agregação plaquetária. A associação de ácido acetilsalicílico e clopidogrel, diferentemente do que ocorre nas SCA, na doença aterosclerótica crônica de alto risco não mostrou benefício significativo. O clopidogrel está indicado quando há contraindicação absoluta ao ácido acetilsalicílico e associado a este após intervenção com stents não farmacológicos por pelo menos 30 dias, na dose de 75 mg/dia, ou por 1 ano quando utilizado stent farmacológico. Anticoagulantes: Nos pacientes de alto risco protrombótico, a associação de ácido acetilsalicílico à varfarina, na prevenção do IAM e da mortalidade cardiovascular, foi mais eficaz do que a monoterapia desses medicamentos. A varfarina aumenta a incidência de acidente vascular encefálico (AVE) hemorrágico, devendo seu uso se restringir aos pacientes com elevado risco trombótico, como quando de episódios repetidos de AVE ou periférico. O uso de varfarina pode ser considerado um substituto ao ácido acetilsalicílico, na total intolerância ao último, do mesmo modo que o são os outros antiagregantes plaquetários. A posologia diária dos varfarínicos deve ser guiada pelos valores da razão normalizada internacional (INR), a serem mantidos por volta de 2.9. Hipolipemiantes: As taxas de mortalidade cardiovascular aumentam com valores elevados de colesterol sérico total e a fração LDL-c, e o impacto dos valores lipídicos é significativamente maior em pacientes com DAC preexistente do que naqueles sem doença isquêmica. Segundo as últimas diretrizes nacionais e internacionais, as metas para paciente portadores de DAC, são: entre os pacientes considerados de alto risco, LDL-c < 70 mg/dℓ e não HDL-c < 100 mg/dℓ; e para aqueles de risco intermediário, LDL-c < 100 mg/dℓ e colesterol não HDL-c < 130 mg/dℓ. Com frequência, essas metas são atingidas com o uso de medicamentos hipolipemiantes, somado a orientações para a modificação de estilo de vida (MEV). Estatinas. Constituem a melhor opção terapêutica para o controle dos níveis séricos da LDL-c, sendo os medicamentos de escolha para reduzi-los em adultos. Fibratos. São indicados no tratamento da hipertrigliceridemia endógena, quando houver falha das medidas para MEV ou quando a hipertrigliceridemia for muito elevada (> 500 mg/dℓ). Ezetimibe. Atua inibindo a absorção do colesterol nas vilosidades intestinais, inibindo a enzima acetil-coenzima-A, acilcolesterol-transferase (A-CAT). Tem ação intensamente sinérgica quando usado em associação às estatinas em suas doses menores (10 mg para todas as substâncias), levando a reduções de até 50 a 60% no LDL-c. Bloqueio do sistema renina-angiotensina: Inibidores da enzima conversora de angiotensina: Os benefícios dos IECA no tratamento da DAC foram comprovados a partir de ensaios clínicos, que incluíram pacientes assintomáticos com FE reduzida e com disfunção ventricular após IAM. Nos indivíduos com maior risco, houve benefício de redução de mortes e eventos, especialmente na presença de diabetes melito. A melhora do perfil hemodinâmico, da perfusão subendocárdica e da estabilização de placas ateroscleróticas justificaria seu uso de rotina em todos os pacientes com DAC, independentemente de infarto do miocárdio prévio, de diabetes melito ou disfunção ventricular. Portanto, os IECA devem ser prescritos de rotina em todos os pacientes com DAC, principalmente se houver disfunção ventricular e/ou insuficiência cardíaca e/ou diabetes melito. Bloqueadores do receptor de angiotensina: São alternativas para os pacientes que não toleram IECA. Em outras situações, não há benefício que se acresça em comparação aos IECA na redução de infarto. Tratamento para reduzir os sintomas e a isquemia miocárdica Betabloqueadores: São subdivididos em inespecíficos, que bloqueiam igualmente os receptores adrenérgicos beta-1 e beta-2 e aqueles com ação vasodilatadora, que antagonizam o receptor alfa-1 periférico, como carvedilol e labetalol; e cardiosseletivos, que bloqueiam predominantemente os receptores beta-1, como propanolol, nadolol e timolol. Eles previnem a isquemia miocárdica e a angina por meio da redução da demanda miocárdica de oxigênio. Também inibem a estimulação simpática cardíaca, reduzindo a frequência cardíaca e a contratilidade ventricular, além de diminuir a tensão parietal do ventrículo esquerdo por meio da redução da pressão arterial sistêmica. Constituem a única classe de fármacos antianginosos que, comprovadamente, previnem o reinfarto e melhoram a sobrevida em pacientes que sofreram infarto do miocárdio. Permanecem como primeira escolha, particularmente quando há angina de esforço (reduzem sua frequência e gravidade) e na melhora da capacidade de exercício, sem efeitos adversos significativos.Entre os efeitos indesejáveis dos betabloqueadores, destacam-se fadiga, depressão, hipotensão postural, impotência, bradicardia, broncoespasmo e piora de insuficiência vascular periférica. Nesses casos, prefere-se o uso de betabloqueadores cardiosseletivos.2 Os betabloqueadores estão contraindicados na angina vasoespástica, podendo piorar os sintomas. Antagonistas dos canais de cálcio: Grupo heterogêneo de medicamentos cujos efeitos farmacológicos incluem relaxamento da musculatura lisa, redução da pós-carga, efeitos inotrópicos negativos (em algumas formulações) e redução do consumo de oxigênio. Os derivados di-hidropiridínicos (nifedipino, anlodipino e outros), os benzotidazepínicos (diltiazem) e as fenilalquilaminas (verapamil) constituem os três principais subgrupos de antagonistas dos canais de cálcio que bloqueiam especificamente os canais de cálcio tipo L. O verapamil reduz a condução atrioventricular, tem efeito inotrópico negativo e relaxa a musculatura lisa vascular, aumentando o fluxo coronariano e reduzindo a pós-carga. As di-hidropiridinas relaxam a musculatura lisa vascular, não modificam a velocidade da condução atrioventricular e, por mecanismos reflexos, aumentam a frequência cardíaca. O diltiazem tem efeitos similares aos do verapamil, exceto a depressão miocárdica, que é menos intensa no subgrupo benzotiazepínico. Nitratos: Pelo efeito de seu componente ativo, o óxido nítrico (NO), são vasodilatadores de ação independente do endotélio vascular e produzem efeitos benéficos aumentando a perfusão miocárdica e reduzindo a demanda miocárdica de oxigênio. A redução na demanda miocárdica de oxigênio resulta da diminuição de volume ventricular e da pressão arterial, principalmente pela queda na pré-carga. Em pacientes com angina estável, os nitratos melhoram a tolerância ao exercício, aumentam o tempo para início da angina e prolongam o tempo de exercício até o aparecimento de depressão do segmento ST durante o teste ergométrico. Quando em combinação com betabloqueadores ou antagonistas do cálcio, produzem efeitos antianginosos e anti-isquêmicos maiores do que quando em monoterapia. Nos pacientes com angina vasoespástica, os nitratos devem ser associados aos bloqueadores de canais de cálcio. Nitratos de ação rápida Os nitratos sublinguais ou spray de ação rápida exercem efeitos farmacológicos imediatos (1 a 3 min após sua dissolução), e os efeitos vasodilatadores perduram durante 30 a 45 min. O alívio dos sintomas advém da venodilatação, da redução da pré e pós-carga e da dilatação coronariana. Os nitratos de ação rápida e curta duração continuam sendo a primeira opção para tratar as crises anginosas. Quando estas ocorrem, o paciente deve repousar na posição sentada, uma vez que, em ortostase, há risco de hipotensão e/ou síncope, e deitado, aumentam-se o retorno venoso e o trabalho cardíaco. Administram-se 5 mg de isossorbida ou propatilnitrato 10 mg via sublingual. Alternativamente, os nitratos de ação rápida podem ser usados profilaticamente, diante de situações sabidamente provocadoras de angina, como relação sexual, estresse emocional etc. Nitratos de ação prolongada O uso contínuo de nitratos de ação prolongada induz à tolerância medicamentosa, que, supostamente, pode ser contornada por meio de prescrições assimétricas, de tal modo a promover um período de 8 a 10 h livre de nitrato. Apesar de largamente utilizados, descreveu-se piora da disfunção endotelial como potencial complicação do uso crônico dos nitratos de ação prolongada por ativação do sistema nervoso simpático e do sistema renina-angiotensina-aldosterona, além de aumento da produção de endotelina, da produção de superóxido e da atividade da fosfodiesterase. Desse modo, nitratos de ação prolongada devem se restringir aos pacientes com angina não controlada por outros agentes antianginosos. Trimetazidina: Substância com efeitos metabólicos e anti-isquêmicos sem qualquer efeito na hemodinâmica cardiovascular, seus benefícios têm sido atribuídos à preservação dos níveis intracelulares de trifosfato de adenosina (ATP) e da fosfocreatina, com o mesmo oxigênio residual, à redução da acidose, da sobrecarga de cálcio e do acúmulo de radicais livres induzidos pela isquemia, e à preservação das membranas celulares. A administração desse agente não modifica a frequência cardíaca e a pressão arterial durante o repouso ou esforço físico, podendo ser utilizado como monoterapia ou em associação a outros medicamentos. Ivabradina: Inibidor específico da corrente If (influxo de sódio) no nó sinusal. Como resultado, trata-se de um medicamento exclusivamente redutor da frequência cardíaca, sem afetar os níveis pressóricos, a contratilidade miocárdica, a condução intracardíaca e a repolarização ventricular. Seu efeito ocorre ao esforço e no repouso. A ivabradina pode ser utilizada como alternativa em pacientes que não toleram betabloqueadores e naqueles com diabetes, pois não interfere no metabolismo da glicose, e associada a betabloqueadores. Tratamento intervencionista: A decisão quanto à revascularização ou não de um paciente, seja por cirurgia de revascularização do miocárdio, seja por intervenção coronariana percutânea (ICP), quando estável, deve ser tomada quando: os sintomas limitam as atividades diárias, apesar da terapêutica médica máxima; os pacientes ativos solicitam alguma intervenção para uma melhor qualidade de vida em comparação à terapia médica, tal como aqueles que não estão tolerando adequadamente a terapia farmacológica ou que desejam aumentar seu nível de atividade; e, ainda, nos pacientes com substrato anatômico para o qual a revascularização tem benefício comprovado para sobrevida, como nos portadores de doença significativa do tronco de coronária esquerda ou lesões multiarteriais com redução da fração de ejeção ventricular esquerda e uma grande área de miocárdio potencialmente isquêmico. Há vários fatores clínicos, anatômicos, técnicos e ambientais que devem ser considerados e discutidos pela equipe médica no chamado Heart Team, visando à escolha do tratamento mais adequado para cada caso. Cirurgia de revascularização miocárdica (CRM): A revascularização do miocárdio, empregando enxertos venosos para as artérias coronárias, a partir da aorta, ou as próprias artérias nativas. Para que o tratamento por revascularização seja indicado, há diversos aspectos que precisam ser considerados: quantidade de vasos envolvidos, local da estenose, presença de disfunção ventricular, área do miocárdio sob risco e a possibilidade de realização do procedimento. Recomendada a CRM com classe I, de acordo com as últimas diretrizes, nos seguintes casos: ■Estenose ≥ 50% em tronco de coronária esquerda (TCE) ou na situação de tronco equivalente [descendente anterior (DA) e circunflexa (Cx) no óstio ou antes da saída de ramos importantes; nível de evidência A) ■Estenoses proximais (> 70%) nos três vasos principais, com ou sem envolvimento de DA proximal, principalmente nos pacientes com FE < 50%, ou com prova funcional mostrando isquemia moderada a importante (nível de evidência B) ■Estenose em dois vasos principais, com lesão proximal de DA, em pacientes com FE < 50%, ou com prova funcional com isquemia de grau moderado a importante (nível de evidência B) ■Estenoses em uma ou duas artérias principais, sem envolvimento da DA, mas com prova funcional com isquemia de grau importante (nível de evidência B) ■Angina incapacitante, com qualquer número de artérias envolvidas, esgotadas todas as opções terapêuticas não invasivas, mesmo sendo artéria secundária, e na impossibilidade técnica de tratamento por cateter (nível de evidência B) ■Estenoses em uma ou duas artérias, sem comprometimento da DA, após evento de morte súbita reanimada ou taquicardia ventricular sustentada (nível de evidência B). Angina Instável = Angina instável resulta de obstrução aguda de uma artéria coronária sem infarto do miocárdio. De modo geral, a angina instável é causada por um bloqueio temporário na circulação sanguínea que irriga o músculo do coração,onde uma veia pode ser entupida por completo ou parcialmente durante um determinado instante. Geralmente, esse bloqueio é ocasionado por coágulos sanguíneos que são capazes de se dissolver. O diagnóstico da angina instável baseia-se principalmente no quadro clínico. Essa se apresenta como uma dor torácica na área retroesternal ou apenas na região epigástrica, em queimação ou aperto, podendo irradiar para pescoço, ombro e/ou braço esquerdos, mandíbula. A duração da dor é de mais de 10 minutos e ocorre em repouso ou aos mínimos esforços, sendo de início recente e/ou progressiva. Além disso, o paciente também pode apresentar manifestações atípicas da angina, chamadas de “equivalentes” anginosos, como somente os sintomas autonômicos (dispneia, náusea, sudorese), dor torácica em pontada e dor somente epigástrica. Tais equivalentes são mais comuns em idosos, diabéticos e mulheres. A avaliação começa com ECG inicial e serial e medições seriais dos marcadores cardíacos para ajudar a distinguir entre angina instável e infarto agudo do miocárdio — infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (IMSST) ou com elevação do segmento ST (IMCST). Essa distinção é a base da tomada de decisão porque os fibrinolíticos beneficiam os pacientes com IMCST, mas podem aumentar o risco de aqueles com IMSST e angina instável. Além disso, é indicado cateterismo cardíaco urgente para pacientes com IMCST, mas geralmente não para aqueles com IMSST. Cerca de 30 a 50% dos pacientes com AI apresentam alterações no eletrocardiograma, sendo elas: infradesnivelamento do seguimento ST, supradesnivelamento transitório do segmento ST e/ou inversão da onda T. Após alívio da dor, esse exame deve ser repetido, já que tais alterações transitórias ocorrem apenas durante esse sintoma, quando se trata de angina instável. Pacientes com suspeita de angina instável devem passar por teste de alta sensibilidade de troponina cardíaca (hs-cTn) realizada na apresentação e 3 h mais tarde (em 0 e 6 h se um ensaio Tn padrão for utilizado). O nível de creatinoquinase (CK) não é alto na angina instável, mas a troponina cardíaca, especialmente quando dosada por testes de alta sensibilidade (hs-cTn), pode estar ligeiramente aumentada, mas sem atender os critérios de infarto do miocárdio (acima do 99º percentil do limite superior de referência ou LSR). Estratificação de Risco na Angina Instável https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/vis%C3%A3o-geral-das-s%C3%ADndromes-coronarianas-agudas-sca#v934946_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/infarto-agudo-do-mioc%C3%A1rdio-iam https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/f%C3%A1rmacos-para-s%C3%ADndromes-coronarianas-agudas#v27854194_pt Risco Alto Deve estar presente pelo menos um dos seguintes achados: Risco Intermediário Nenhum achado de alto risco, mas deve ter qualquer um dos seguintes: Risco Baixo Nenhum achado de risco alto ou intermediário, mas deve ter qualquer um dos seguintes: Dor em repouso prolongada (>20 minutos) e contínua. Angina em repouso ausente no momento da avaliação, mas sem baixa probabilidade de DAC. Angina aumentada em frequência, gravidade ou duração. Edema pulmonar. Angina de repouso (> 20 minutos ou melhorada com repouso ou nitroglicerina). Angina desencadeada com limiar baixo de esforço. Angina associada à sopro de insuficiência mitral. Angina noturna. Angina de início recente no intervalo de 2 semanas a 2 meses. Angina com 3a bulha à ausculta cardíaca ou estertores. Angina de início recente grau III ou IV (CCS) nas últimas duas semanas passadas, mas com baixa probabilidade de DAC. Eletrocardiograma normal ou não alterado. Angina com hipotensão. Ondas Q ou depressão de ST ≥ 1mm em várias derivações. Angina em repouso com alterações dinâmicas de ST (>1 mm). Idade > 65 anos. Angina com alterações dinâmicas da onda T.
Compartilhar