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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA As úlceras de pressão são lesões isquêmicas de pele e estruturas subjacentes causadas pela pressão não aliviada que prejudica o fluxo sanguíneo e linfático. Muitas vezes, são chamadas de úlceras de decúbito. Têm maior propensão a se desenvolverem sobre uma proeminência óssea, mas podem ocorrer em qualquer parte do corpo sujeita a pressão externa, atrito ou forças de cisalhamento. São causadas por fluxo sanguíneo inadequado como resultado de pressão prolongada ou fricção -> uma compressão tecidual acima da pressão de enchimento capilar de 32 mmHg que dure mais de 2h pode provocar isquemia local e necrose. ❖ A pele sobre proeminências ósseas (sacro, maléolo, quadris) é especialmente vulnerável, podendo também acometer a região occipital, hélices, cotovelos e extremidades inferiores, incluindo calcanhares e tornozelos. Essas úlceras são determinadas pela pressão contínua e dependem de mecanismos vasculares e neurotróficos. Inicialmente, observa-se, na região de pressão, área de lividez, que progride com o aparecimento de escara enegrecida. Após alguns dias, a escara caduca e é eliminada, resultando, então, a úlcera. FATORES DE RISCO Várias subpopulações estão particularmente em risco, incluindo pessoas com tetraplegia, os idosos com restrição nas atividades e fraturas do quadril, e os pacientes em UTI. ❖ Mais de 65 anos de idade (possivelmente por causa da redução do tecido adiposo subcutâneo e diminuição do fluxo sanguíneo capilar). ❖ Diminuição da mobilidade (período prolongado de internação, repouso no leito, lesão medular, sedação, fraqueza que diminui a movimentação espontânea e/ou deficiência cognitiva). ❖ Exposição a irritantes cutâneos (ex.: por causa de incontinência urinária e/ou incontinência fecal). ❖ Capacidade prejudicada de cicatrização de feridas (ex.: decorrente de desnutrição, DM, hipoperfusão tecidual devido DAOP; imobilidade, IVC). ❖ Perda de sensibilidade. Lesões por úlcera de pressão também são relatadas em crianças com comprometimento neurológico grave -> espinha bífida, paralisia cerebral e lesão medular. FISIOPATOLOGIA Vários fatores contribuem para o desenvolvimento das úlceras de pressão, incluindo outras comorbidades como DM 2, pressão do posicionamento e do peso corporal, a transpiração e/ou incontinência. As pressões externas que excedem a pressão capilar interrompem o fluxo sanguíneo nos capilares. Quando a pressão entre uma proeminência óssea e uma superfície de suporte excede a pressão normal de enchimento capilar, o fluxo capilar é obstruído. Se uma pressão é aplicada constantemente durante 2h, a privação de O2 + um acúmulo de produtos metabólicos finais, leva a danos irreversíveis. Pessoas com circulação deficiente precisarão de uma pressão menos para interromper a circulação, de modo que correm risco ainda maior de desenvolver uma úlcera de pressão -> a mesma quantidade de pressão causa um dano maior quando distribuída sobre uma área menor do que sobre uma área maior. Se uma pessoa está sentada/deitada, o peso do corpo é suportado pelos tecidos que recobrem as proeminências ósseas -> a maior parte das úlceras de pressão está localizada na parte inferior do corpo, na maioria das vezes sobre o sacro. Como resultado, a maior pressão ocorre na superfície do osso e dissipa-se para fora de modo semelhante a um cone em direção à superfície da pele. ❖ Pode haver dano tecidual subjacente extenso quando uma pequena lesão de pele superficial é inicialmente notada. A alteração na distribuição da pressão de uma área de pele para a outra impede a lesão tecidual. As forças de cisalhamento são causadas pelo deslizamento de uma camada de tecido sobre a outra com distensão e angulação dos vasos sanguíneos, causando ferimentos e trombose. APG 34 - úlceras de Pressão Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ O cisalhamento ocorre quando o esqueleto se move, mas a pele mantém-se fica em uma superfície externa, tal como ao transferir uma pessoa da maca para o leito ou puxá-la para cima no leito. O atrito contribui para a ulceração por pressão, danificando a pele na interface dermoepidérmica -> isso ocorre em pessoas acamadas que usam os cotovelos e calcanhares para ajudar no movimento. A umidade contribui para a formação de úlceras de pressão pelo enfraquecimento da parede das células da pele e pela alteração em seu pH protetor -> isso torna a pele mais suscetível a lesões por pressão, cisalhamento e atrito. ESTAGIAMENTO E TRATAMENTO ESTADIAMENTO Úlceras de pressão podem ser estagiadas em 4 categorias: Estagio I -> representa a pele intacta com eritema, calor e infiltração. ❖ Reconhecimento e tratamento efetivo neste estágio são especialmente importantes porque, quando cuidado adequadamente, o caso pode ser resolvido em 5-10 dias. Estágio II -> úlcera rasa (envolve epiderme e possivelmente a derme) com alterações pigmentares. A lesão apresenta-se como erosão, bolha ou úlcera superficial. Estágio III -> caracteriza-se por uma perda da pele de espessura total, envolvendo o subcutâneo, porém poupando a fáscia subjacente. A lesão apresenta-se como úlcera necrótica. ❖ Tecido adiposo pode ser visível, mas não há exposição de osso, tendão ou músculo. Estágio IV -> é representado por úlceras de espessura total, com perda de pele e tecido subcutâneo, penetrando profundamente na fáscia, resultando em envolvimento de músculo, osso, tendão ou cápsula articular. ❖ Podem estar presentes osteomielite e fraturas, bem como fístulas. TRATAMENTO O tratamento atual baseia-se em 4 pontos cruciais: ❖ Redução da pressão e prevenção de novas úlceras. ❖ Tratamento da ferida. ❖ Intervenção cirúrgica. ❖ Nutrição. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Depois da ruptura da pele, são necessárias medidas de tratamento especiais para evitar danos isquêmicos adicionais, reduzir a contaminação e infecção bacteriana e promover a cura: Estágio I -> são tratadas com mudanças de decúbito e medidas para eliminar a pressão frequente. Estágio II ou III -> as com pouco exsudato são tratadas com curativos oclusivos ou semipermeáveis. O curativo oclusivo pode ajudar na migração celular epitelial ao manter o líquido da ferida -> esse líquido contém uma variedade de fatores de crescimento que melhoram a cicatrização de feridas. Curativos oclusivos também podem aliviar a dor da ferida e evitar a contaminação bacteriana. ❖ Existem vários tipos de curativos oclusivos disponíveis, incluindo películas poliméricas, hidrogéis, hidrocoloides, biomembranas e grânulos absorventes. ! Os dedritos necróticos aumentam a possibilidade de infecção bacteriana e retardam a cicatrização de feridas. As úlceras de estágio III com exsudato e dedritos necróticos e as de estágio IV geralmente exigem desbridamento (remoção de tecidos necróticos e escara) -> isso pode ser feito cirurgicamente, com curativos úmidos-secos ou por meio da utilização de enzimas proteolíticas. Estágio IV -> muitas vezes exigem o fechamento para obliterar o espaço morto e são cobertas com curativos não aderentes. ❖ Podem exigir intervenções cirúrgicas, como enxertos de pele ou retalhos miocutâneos.
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