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Perfil Lipídico Prof. Dr. Lucas Nojosa Oliveira FacUnicamps – Farmácia – Bioquímica Clínica Lipídios - definições Grego lipos = gordura; - Baixa solubilidade em água e alta solubilidade em solventes orgânicos. - Natureza hidrofóbica das estruturas química é refletida em suas propriedades físicas. Classe de Biomoléculas que apresenta grande diversidade, sem grupo funcional comum. - Grande número de ligações carbono-hidrogênio, poucos heteroátomos (por exemplo: enxofre, selênio, fósforo, etc). Mas, possuem em comum: Funções biológicas Reserva de energia e combustível celular; Membranas celulares (fosfolipídios e glicolipídios); Isolamento e proteção de órgãos: Impermeabilizante (ceras); Isolante térmico; Hormonal (esteróides); Antioxidante (Vitaminas A e E); Digestiva (sais biliares); Mensageiros intracelulares; Composição dos Lipídios * Esteróides: Estrutura básica de 17 átomos de carbono, dispostos em 4 anéis fusionados. Ex. Colesterol, ergosterol, sais biliares. * Ácidos Graxos: mais abundantes, são ácidos orgânicos derivados de hidrocarbonetos. * Outros tipos: vários outros tipos de biomoléculas hidrofóbicas como por exemplo: vitaminas A, D, E e K; Lipoproteínas (LDL, HDL e VLDL. Classificação Lipídios de membrana (Fosfolipídeos e Glicolipídeos) Lipídios de armazenamento (Triacilgliceróis e Ceras) Esteroides (colesterol – o mais importante em animais) Vitaminas Lipídios de membrana Membrana: bicamada lipídica; Lipídios de membrana anfipáticas; Fosfolipídios Interações hidrofóbicas van der Waals (interações fracas) Interações polares Hidrofílica Interações polares Hidrofílica Lipídios de armazenamento São ésteres de ácidos graxos e glicerol; Altamente apolares e menos densos que água; São essencialmente reserva energética. Triglicerídeos Adipócitos Esteroides apresentam quatro anéis carbônicos fusionados; Colesterol principal esteróide nas membranas de cél. Animais; Correspondentes em plantas (estigmasterol) e fungos (ergosterol); Bactérias não produzem algumas incorporam do meio; Precursores de outras moléculas: hormônios, sais biliares Esteroides * Núcleo: 4 anéis de carbono fusionados; * Núcleo: planar e rígido; * Cadeia de hidrocarboneto; * Exclusivo de animais; Colesterol FUNÇÕES Essencial para a formação de membranas celulares. Confere rigidez às membranas. Precursor de sais biliares. Precursor de vários hormônios esteroides: estradiol, progesterona, testosterona, cortisol e aldosterona; Tem ação antioxidante. Resumindo... Os fosfolípides formam a estrutura básica das membranas celulares. O colesterol é precursor dos hormônios esteroidais, dos ácidos biliares e da vitamina D. Além disso, como constituinte das membranas celulares, o colesterol atua na fluidez destas e na ativação de enzimas aí situadas. Os triglicérides são formados a partir de três ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol e constituem uma das formas de armazenamento energético mais importantes no organismo, depositados nos tecidos adiposo e muscular. Lipoproteínas Complexos solúveis de proteínas e lipídeos As lipoproteínas permitem a solubilização e o transporte dos lípides, que são substâncias geralmente hidrofóbicas, no meio aquoso plasmático. Existem quatro grandes classes de lipoproteínas separadas em dois grupos: (1) as ricas em triglicérides, maiores e menos densas, representadas pelos quilomícrons, de origem intestinal, e pelas lipoproteínas de densidade muito baixa ou very low density lipoprotein (VLDL), de origem hepática; e (2) as ricas em colesterol, incluindo as de densidade baixa ou low density lipoprotein (LDL) e as de densidade alta ou high density lipoprotein (HDL). Lipoproteínas Qm VLDL IDL LDL HDL Principais TG TG Col e TG Col Col Constituintes dietét endóg. Apoproteínas AI,AII,B48, B100,CI, B100 B100 AI,AII, CI,CII,CIII,E CII,CIII,E CIII,E CI,CII,CIII Densidade <1.006 <1.006 <1.019 1.019- 1.063- (g/mL) 1.063 1.210 Diâmetro 800-5.000 300-800 250-350 180-280 50-120 (nm) Mobilidade origem pré-beta pré-beta beta alfa eletroforética Constituintes Perfil Lipídico Componentes: • Colesterol totais (CT) e frações; • Colesterol HDL • Colesterol VLDL • Colesterol LDL • Colesterol não-HDL • Triglicérides (TG); não-HDL = CT - HDL VLDL = TG/5 LDL: calculado pela fórmula de Friedwald LDL-C = CT – (HDL-C + TG/5)* (*não aplicável com TG > 400 mg/dL). Exercício de fixação Paciente L.N.O. realizou o perfil lipídico durante um check-up. • CT = 150 mg/dL • HDL = 33 mg/dL • TG: 85 mg /dL Defina os valores de: • Colesterol não-HDL: • Colesterol VLDL: • Colesterol LDL: 117 mg/dL 17 mg/dL 100 mg/dL Valores de referência FONTE: ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE – 2017, Valores de referência • PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: • COLESTEROL TOTAL (COM OU SEM JEJUM): INFERIOR A 170 mg/dL • COLESTEROL HDL (COM OU SEM JEJUM) : SUPERIOR A 45 mg/dL • COLESTEROL LDL (COM OU SEM JEJUM) : INFERIOR A 110 mg/dL • TRIGLICÉRIDES CRIANÇAS DE 0 A 9 ANOS (COM JEJUM): INFERIOR A 75 mg/dL (SEM JEJUM): INFERIOR A 85 mg/dL • TRIGLICÉRIDES CRIANÇAS DE 10 A 19 ANOS (COM JEJUM): INFERIOR A 90 mg/dL (SEM JEJUM): INFERIOR A 100 mg/dL FONTE: ATUALIZAÇÃO DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE – 2017, A determinação do perfil lipídico deve ser feita em indivíduos com dieta habitual, estado metabólico e peso estáveis por pelo menos duas semanas antes da realização do exame Deve-se evitar • Ingestão de álcool – 72 horas • Atividade física vigorosa – 24 horas Dislipidemias - classificação Tanto as hiperlipidemias quanto as hipolipidemias podem ter causas primárias ou secundárias: • Causas primárias: são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética. • Causas secundárias: a dislipidemia é decorrente de estilo de vida inadequado, de certas condições mórbidas, ou de medicamentos. Classificação etiológica HF é uma mutação no gene específico do receptor para LDL plasmático, PCSK9 ou na ApoB. A HF, uma das doenças monogênicas mais comuns, foi descrita como doença de herança autossômica dominante, sendo caracterizada pela elevação do CT e do LDL-c. Hipercolesterolemia familiar https://cardiopapers.com.br/novidades-da-diretriz-de-hipercolesterolemia-familiar/ https://cardiopapers.com.br/novidades-da-diretriz-de-hipercolesterolemia-familiar/ CT ≥ 310 mg/dL (para adultos) ou CT ≥ 230 mg/dL (crianças e adolescentes) podem ser indicativos de HF, se excluídas as dislipidemias secundárias. A HF é a mais comum entre as dislipidemias e seus portadores têm 20 vezes mais risco de morte precoce por DCV. Causas secundárias Dislipidemias - classificação As dislipidemias podem ser classificadas de acordo com a fração lipídica alterada em: • Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL). • Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado dos triglicérides (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum). Classificação laboratorial • Hiperlipidemia mista: aumento do LDL-c (LDL-c ≥ 160 mg/dL) e dos TG (TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum). • Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewald é inadequado, devendo-se considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-c ≥ 190 mg/dL. • HDL-c baixo: redução do HDL-c (homens < 40 mg/dL e mulheres < 50 mg/dL) isolada ou em associaçãoao aumento de LDL-c ou de TG. Controle de qualidade – exames laboratoriais • Fase pré-analítica • Variação biológica: as lipoproteínas podem sofrer alterações ao longo do tempo; • Uso do torniquete na punção venosa: após 1 minuto de torniquete, pode haver hemoconcentração e pode ocorrer aumento de cerca de 5% no CT; • Preparo do paciente: para a realização das dosagens do perfil lipídico, recomenda-se manter o estado metabólico estável e a dieta habitual. O jejum não é necessário para realização do CT, HDL-c e Apolipoproteínas (ApoAI e ApoB), pois o estado pós-prandial não interfere na concentração destas partículas. Porém pode alterar levemente os valores de Triglicérides. • Fase analítica • Escolha do método adequado; • Cálculos. Tratamento medicamentoso Na hipercolesterolemia isolada, os medicamentos recomendados sao as estatinas, que podem ser administradas em associação a ezetimiba, colestiramina e eventualmente a fibratos ou ácido nicotínico. Estatinas ou inibidores da HMG-CoA redutase • Sua inibição reduz o conteúdo intracelular de colesterol e, como consequência, há aumento do numero de receptores de LDL nos hepatócitos que então removem mais VLDL, IDL e LDL da circulação para repor o colesterol intracelular. Tratamento não-medicamentoso • Terapia nutricional • Substituição parcial de ácidos graxos saturados por mono e poli-insaturados • Ácidos graxos trans • Controle de peso corporal • Redução de bebida alcoólica • Redução de açúcares e de carboidratos Influência - hábitos Perda de peso (5Kg) • ↓ LDL- C de 5 a 8% • ↓ TG 15% Exercício regular • ↓ TG 24% • Não altera o Colesterol e LDL- C • ↑ HDL-C 8% Dieta • ↓ Gordura saturada (↓ LDL- C de 8% a 10%) • ↓ Colesterol - 200mg/dia - (↓LDL- C de 3% a 5%) • ↑ Fibras solúveis 5 a 10g/dia (↓LDL- C de 3% a 5%) • Fitoesteróis 2g/dia (↓ LDL- C 6% a 15%) Doença Aterosclerótica A aterosclerose é uma inflamação, com a formação de placas de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias do coração e de outras localidades do corpo humano, como por exemplo cérebro, membros inferiores, entre outros, de forma difusa ou localizada. Ela se caracteriza pelo estreitamento e enrijecimento das artérias devido ao acúmulo de gordura em suas paredes, conhecido como ateroma. https://www.einstein.br/especialidades/cardiologia/doencas-sintomas/aterosclerose https://www.einstein.br/especialidades/cardiologia/doencas-sintomas/aterosclerose New England Journal of Medicine, 365(19), 1812–1823. 2011 doi:10.1056/nejmra1104901 • A HDL transporta o colesterol até o fígado, no qual ela é captada pelos receptores SR-B1. O circuito de transporte do colesterol dos tecidos periféricos para o fígado é denominado transporte reverso do colesterol. • A HDL também tem outras ações que contribuem para a proteção do leito vascular contra a aterogênese, como a remoção de lípides oxidados da LDL, a inibição da fixação de moléculas de adesão e monócitos ao endotélio e a estimulação da liberação de óxido nítrico. Importância da HDL O Escore de Risco Global (ERG), que estima o risco de infarto do miocárdio, AVC ou insuficiência cardíaca, fatais ou não fatais, ou insuficiência vascular periférica em 10 anos. Escore de risco global (ERG) de Framingham https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/obesidade-no-adulto/unidade-de-atencao-primaria/planejamento-terapeutico/escore-risco-global-framingham/ https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/obesidade-no-adulto/unidade-de-atencao-primaria/planejamento-terapeutico/escore-risco-global-framingham/ Teste: https://www.unimedteresina.com.br/portalunimed/medicinapreventivanas/framingham#:~:text=O%20Escore%20de%20Risco%20de,de%2 0certos%20fatores%20de%20risco.&text=Idade%3A,mais%20recente%20do%20colesterol%20LDL%3F https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/obesidade-no-adulto/unidade-de-atencao-primaria/planejamento-terapeutico/escore-risco-global-framingham/ https://www.unimedteresina.com.br/portalunimed/medicinapreventivanas/framingham#:~:text=O%20Escore%20de%20Risco%20de,de%20certos%20fatores%20de%20risco.&text=Idade%3A,mais%20recente%20do%20colesterol%20LDL%3F https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/obesidade-no-adulto/unidade-de-atencao-primaria/planejamento-terapeutico/escore-risco-global-framingham/ Fatores não-modificáveis • Obesidade • HAS • DM-2 • Dislipidemia • Síndrome Metabólica Fatores modificáveis • Sedentarismo • Tabagismo • Etilismo Fatores de risco para doença cardiovasculares https://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=14102 https://www.tudoporemail.com.br/content.aspx?emailid=14102
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