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Bioquímica Clínica Conteúdo: Metabolismo e Avaliação Laboratorial dos Lipídeos: vias metabólicas, Dislipidemias e outros distúrbios no metabolismo dos lipídeos. Diagnóstico Laboratorial. Os Lipídios são nossa 2° fonte de energia, tem características como: - Insolúveis em solventes polares; - Componentes estruturais e funcionais; - Hormônios ou precursores hormonais membranares; - Isolante térmico e elétrico. - Vitaminas Lipossolúveis: A, D, E e K. Classificação dos lipídeos - Fosfolipídios: Os fosfolipídios atuam na formação de bicamadas, que são as estruturas básicas das membranas celulares. - Colesterol: O colesterol é precursor dos hormônios esteróides, dos ácidos biliares e da vitamina D, além de ter importantes funções nas membranas celulares, influenciando a sua fluidez membranar e o estado de ativação de enzimas ligadas a membranas. - Triglicérides (TG): Os triglicerídeos são as formas de armazenamento energético mais importantes no organismo, constituindo depósitos no tecido adiposo e no músculo. Eles são formados por ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol. São hidrofílicos por fora e hidrofóbicos por dentro. - Ácidos Graxos (AG): Podem ser saturados (lig. simples), insaturados (lig. duplas) e poliinsaturados (+ de 1 lig dupla). A gordura sólida é pior que a líquida. Quanto mais insaturações + prejudicial ela fica. Lipoproteínas O transporte dos lipídios no sangue é realizado por lipoproteínas(geralmente tem a albumina como base). As lipoproteínas são partículas que transportam lipídios apolares (insolúveis em água) em seu núcleo. Esses complexos são constituídos por quantidades variáveis de colesterol e seus ésteres, triglicerídeos, fosfolipídios e proteínas denominadas apolipoproteínas(APO), sendo solúveis no meio aquoso plasmático devido à natureza hidrófila da parte proteica. As lipoproteínas plasmáticas são classificadas conforme a sua densidade. Lipoproteínas Apo São polipeptídeos que determinam o destino metabólico dos lipídeos no plasma e a sua captação pelo organismo. Estruturam a lipoproteína: Formação intracelular de partículas lipoprotéicas (B100 e B48) Ligantes a receptores de membrana (B100 e E) Cofatores enzimáticos (CII, CIII e AI) --- aceleram a reação. Classes de lipoproteínas - quilomícrons: Ricas em triglicerídeos (85%), maiores e menos densas, de origem intestinal. Responsável pelo transporte de grande parte dos triglicerideos. - VLDL: Carrega TG (50%) e colesterol (20%), densidade muito baixa de origem hepática - IDL: Carrega TG (30%) e colesterol (30%), de densidade intermediária. - LDL (colesterol ruim - excesso faz mal): Ricas em colesterol (50%) e pouco TG (8%), de densidade baixa. - HDL (bom colesterol): Alta densidade por possuir a lipoproteína A (Lp(a)) que liga LDL a ApoA. obs: A LpA não é utilizada de rotina para a avaliação de risco de DAC, tendo relação com genética. Transporte de lipídeos Os lipídios ao serem ingeridos na dieta são emulsificados por sais biliares no intestino delgado formando ácidos graxos, glicerol e colesterol. Os ácidos graxos e outros produtos da degradação são absorvidos pela mucosa intestinal e convertidos em triacilgliceróis que serão incorporados com o colesterol e a apolipoproteínas, formando os quilomícron. Esses quilomícrons irão entrar na corrente sanguínea e adentrar nos tecidos extra-hepáticos, porém apenas a parte dos ácidos graxos** e sobrará no vaso sanguíneo os remanescentes dos quilomícrons com ajuda da proteína ApoA. Esses remanescentes irão para o fígado o qual se juntarão com o colesterol endógeno e os triacilgliceróis endógenos, e formará o VLDL. Este irá para o vaso sanguíneo que liberará seus ácidos graxos nos tecidos extra-hepáticos sobrando o IDL que também libera o ácido graxo formando o LDL que entrará nos tecidos extra-hepáticos e no fígado. Os ácidos graxos são utilizados como combustível ou são armazenados. ------------------------------------------------------------------ - Colesterol total - Dislipidemias É o aumento de lipídeos no plasma sanguíneo. Esse aumento pode causar a predisposição ao aparecimento de depósitos de placas de gordura(acúmulo no endotélio do vaso). Essas dislipidemias têm relação direta a doenças cardiovasculares e a aterosclerose (Hipóxia por excesso de gordura), ou até infarto (morte causada por hipóxia). - Primárias: São doenças de origem multifatorial (genética e/ ou ambiental) que afetam CT, TG, LDL-c E HDL-c. - Secundárias: São doenças de origem por uma doença de base como distúrbios metabólicos tireoidianos, hepáticos, renais ou idiopáticas (beta-bloqueadores, diuréticos e corticoides). Essas dislipidemias podem ser: 1. Hipercolesterolemia isolada ou primária: é uma alteração poligênica por fatores genéticos e ambientais determinam fenótipos do perfil lipídico, com defeito no gene receptor e defeito no gene ApoB-100, no qual causa o acúmulo de LDL-c gerando uma hipercolesterolemia (aumento do colesterol - CT e/ou LDL). 2. Hipertrigliceridemia isolada ou primária: São alterações genéticas das enzimas hidrolíticas e/ ou Apo que causa a redução da hidrólise de TG, quilomícrons e VLDL pela lipase lipoproteica (LPL) e também o aumento da síntese hepática de VLDL-c, e o acúmulo plasmático de quilomícrons e VLDL-c pode causar uma hipertrigliceridemia (aumento de glicerídeos - TG). 3. Hiperlipidemia mista: Aumento de colesterol e triglicerídeos. HDL-c baixo isolado ou associado com o aumento do LDL-c ou aumento do TG. Dislipidemias genotípicas (monogênicas ou poligênicas) - Hipercolesterolemia familiar: Causa um aumento no LDL-c e TG normal. - Síndrome de quilomicronemia familiar: aumento do triglicérides - Disbetalipoproteinemia familiar: aumento dos quilomícrons e do VLDL. - Hipertrigliceridemia familiar: Causa um aumento do VLDL-c e/ou aumento dos quilomícrons. Dislipidemias Secundárias - Obesidade: A obesidade é dada pelo aumento de adipócitos e o aumento da resistência à insulina, e com isso pode ser gerado vários problemas. --Os adipócitos terão muitos ácidos graxos livres para o fígado, causando a maior síntese de triglicérides e o aumento do VLDL-c; --A hiperinsulinemia causará um aumento na síntese hepática de ácido graxos; --O aumento dos carboidratos. - Doença da Tireóide: A tireóide é responsável pela liberação dos hormônios T3 e t4 e se há alguma alteração nessa liberação, pode causar o hipotireoidismo afetando no aumento do LDL-c pela diminuição dos metabolismo ou pode causar um hipertireoidismo afetando na diminuição do LDL-c pelo aumento do metabolismo. - Diabetes Mellitus: A tipo 1 causa a cetoacidose que afeta diretamente no aumento dos ácidos graxos livres para o fígado e o tipo 2 diminui diretamente o LPL. - Distúrbios renais: A síndrome nefrótica causa um aumento na síntese hepática e no LDL-c, aumentando assim o TG e CT; Na insuficiência renal por sua vez ocorre uma diminuição da lipólise dos triglicerídeos, deixando-os com níveis altos; já no transplante renal há uma hiperlipidemia secundária e imunossupressores. - Doenças hepáticas: A hepatite aumenta a síntese de VLDL-c e os TG; já a hepatite grave ou insuficiência hepática diminui a síntese de lipoproteínas que causam o baixo transporte de CT e TG; pode ocorrer também por meio da colesterase. - Álcool: O álcool inibe a oxidação de AG nos hepatócitos, e isso está diretamente ligado ao aumento dos triglicerídeos e VLDL-c; já o seu consumo regular aumenta HDL-c. - Estrogênios: Os contraceptivos orais e terapias de reposição hormonal aumentam a quantidade de HDL-c e VLDL-c Aterosclerose A aterosclerose é uma doença que pode ser ligada a vários fatores como: obesidade (inflamação extracelular), HAS, tabagismo, hiperlipemias e até diabetes mellitus. Esses fatores são responsáveis pela lesão do endotélio vascular, causando a disfunção endotelial (permeabilidade endotelial as lipoproteínas ajudam na retenção das lipoproteinas na camada íntima). E com essa retenção de lipoproteinas há a oxidação da LDL-c dentro dos macrófagos, que acabam se acumulando e diminuindoo tamanho do lúmen do vaso sanguíneo. Essa diminuição no lúmen do vaso obstrui e impede que o sangue passe de forma correta. São vários os fatores que colaboram para o desenvolvimento da aterosclerose, dentre eles podemos citar a idade, genética, dislipidemia, hipertensão sistêmica, tabagismo, obesidade e etilismo. Devido ao fato da aterosclerose ser uma doença de caráter progressivo, a idade do paciente é um fator que colabora no prognóstico da doença. Quanto maior a idade do paciente maior são as chances de desenvolver uma doença secundária. A genética é um fator intrínseco crucial para o desenvolvimento ou não da doença, como por exemplo, a hipercolesterolemia familiar, de ordem hereditária e que está relacionada a doenças cardiovasculares agressivas e prematuras. A obesidade e a dislipidemia resultam em aumento dos níveis séricos de LDL e LDL oxidadas, constituintes da placa de ateroma, e, portanto, é um fator de suma importância para a formação da placa aterosclerótica. Contudo, a obesidade e a dislipidemia são condições passíveis de mudança no estilo de vida com uma reeducação alimentar adequada e monitoramento dos níveis lipídicos por meio de exames bioquímicos periódicos. O uso abusivo de álcool e o tabagismo estão relacionados à hipertensão arterial sistêmica, o tabaco possui efeito vasoconstritor que influencia na pressão arterial, esta por sua vez aumenta a probabilidade de lesões no endotélio, criando um ambiente favorável a formação da placa de ateroma; também pode fazer com que as placas ateroscleróticas já estabelecidas se rompem causando complicações como, por exemplo, embolia. Avaliação Laboratorial - Perfil lipídico: Ele é dado pela avaliação do CT (colesterol total); HDL-c; Triglicérides (TG); LDL-c Os valores de referência no perfil lipídico são: CT (<200 mg/dL) HDL-c (<129mg/dL) TG (<150 mg/dL) LDL-c (<70mg/dL) - Fase analítica: É feita pela coleta de sangue venoso em jejum. Que é usado na ultracentrifugação para lipoproteínas; Espectroscopia por RM ou espectroscopia de massa; Eletroforese; Métodos enzimáticos e colorimétricos (mais utilizados) para CT, HDL-c e TG. ------------------------------------------------------------ Caso clínico Um paciente do sexo masculino apresenta colesterol total de 236 mg/dL, HDL de 30mg/dL e triglicérideos de 160 mg/dL. 1. Através da fórmula de Friedwald, calcule o LDL LDL-c = CT - ( HDL-c + TG/5) LDL-c = 236 - (30 + 160/5) LDL-c = 236 - (30 + 32) LDL-c = 236 - 2 LDL-c = 174 mg/dL 2. Compare as lipoproteínas aos valores de referência O nível de CT, LDL-c e TG do paciente está acima dos níveis de referência. O HDL-c do paciente está abaixo dos níveis de referência. 3. Classifique a dislipidemia do paciente O paciente possui hiperlipidemia mista, que é uma hiperlipidemia primária com origem multifatorial (genética e/ ou ambiental). --------------------------------------------------------- Por: Dávylla Pinheiro.
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