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SEMANA AULA 1- DIREITO CIVIL PARTE GERAL

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1- Personalidade Jurídica
Pode-se afirmar, que o conceito de personalidade está totalmente ligado ao conceito de pessoa, de forma que todo aquele que nasce com vida torna-se pessoa, sendo assim adquire personalidade.
Portanto, podemos definir a personalidade jurídica como sendo a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. 
ATENÇÃO! CAPACIDADE JURÍDICA X PERSONALIDADE JURÍDICA: Não podemos confundir os dois institutos, vez que a personalidade jurídica é adquirida com o nascimento e não pode ser quantificada. Já com relação a capacidade, apesar de também surgir com o nascimento, ela pode ser maior o menor. 
a) Capacidade de direito/gozo: esta surge com o nascimento, consubstancia-se na capacidade de adquirir direitos esta capacidade é reconhecida a todo ser humano independentemente do grau de discernimento, inclusive ao infante, de forma que só não há capacidade de aquisição de direitos onde falta personalidade, como no caso do nascituro. Ex: podem, os infantes, herdarem (adquirir direitos) bens deixados por seus pais. Já o nascituro só terá esta capacidade após adquirir personalidade (vida).
b) Capacidade de Fato/exercício/ação: esta é a aptidão para exercer, por si só¸ os atos da vida civil. Pode faltar a algumas pessoas, por falta do requisito material, como maioridade, saúde, desenvolvimento mental etc. O legislador buscou proteger estas pessoas ao nega-lhes o direito a autodeterminação, exigindo sempre a presença de outra pessoa, a qual deve as representar ou assistir. Ex: Os recém-nascidos podem herdar (capacidade de direito/gozo), mas não possuem a capacidade de fato/exercício/ação, para dispor ou até mesmo propor qualquer ação em defesa da herança recebida, momento em que serão representados.
c) Capacidade Plena: trata-se da capacidade daquele que ostenta tanto a capacidade de direito/gozo, quanto a capacidade de fato/exercício/ação.
d) Capacidade Limitada: trata-se da capacidade daquele que não ostenta a capacidade plena, pois só possui a capacidade de direito. São, por isso, chamados de incapazes. 
ATENÇÃO! CAPACIDADE X LEGITIMAÇÃO
Capacidade não se confunde com legitimação. Esta é a aptidão para a prática de determinados atos jurídicos, uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações. Assim, por exemplo, o ascendente é genericamente capaz, mas só estará legitimado a vender a um descendente se o seu cônjuge e os demais descendentes expressamente consentirem (CC, art. 496). A falta de legitimação alcança pessoas impedidas de praticar certos atos jurídicos sem serem incapazes, por exemplo, o tutor, proibido de adquirir bens do tutelado (CC, art. 1.749, I); o casado, exceto no regime de separação absoluta de bens, de alienar imóveis sem a outorga do outro cônjuge (art. 1.647); os tutores ou curadores, de dar em comodato os bens confiados à sua guarda sem autorização especial (art. 580) etc.
2- DOS SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
O Código Civil, no livro I da Parte geral, dispõe sobre os sujeitos das relações jurídicas. A ordem jurídica reconhece duas espécies de pessoas:
I- Pessoa natural: o ser humano, também chamado de pessoa física
II- Pessoa Jurídica: agrupamento de pessoas naturais, visando alcançar fins de interesse comum, também denominada, em outros países, pessoa moral e pessoa coletiva
ATENÇÃO! Os animais não são considerados sujeitos de direitos, embora mereçam proteção. Por essa razão, não têm capacidade para adquirir direitos. Não podem, por exemplo, ser beneficiados em testamento, a não ser indiretamente, sob a forma de encargo, imposto a herdeiro testamentário, de cuidar deles. Do mesmo modo estão excluídas do conceito de sujeitos de direitos as entidades místicas, como almas e santos. 
Obs: PLC 27/18 estabelece que os animais passam a ter natureza jurídica sui generis, como sujeitos de direitos despersonificados. Eles serão reconhecidos como seres sencientes, ou seja, dotados de natureza biológica e emocional e passíveis de sofrimento.
2.1- Das pessoas Naturais
É o ser humano considerado como sujeito de direitos e deveres. Para qualquer pessoa ser assim designada, basta nascer com vida e, desse modo, adquirir personalidade.
I- Do Começo da personalidade Natural 
Segundo o art. 2º do Código Civil “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”
Como vimos, o sistema adotado pela legislação pátria tem como marco inicial da personalidade o nascimento com vida. Contudo, respeitam-se, em nosso ordenamento jurídico, os direitos do nascituro, deste a concepção, pois desde esse momento já começa a formação de um novo ser. 
Conforme a doutrina majoritária o nascimento, para efeitos civis, ocorrerá quando criança é separada do ventre materno, não importando que tenha o parto sido natural ou mediante intervenção cirúrgica. 
Para se dizer que nasceu com vida, todavia, é necessário que haja respirado. Conforme corrente majoritária se respirou, viveu, ainda que logo após venha falecer, nesta hipótese seria lavrado dois assentos, o de nascimento e o de óbito, conforme dispõe o art. 53, §2º da lei de registros públicos, conforme veremos in verbis: 
Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito. 
§ 2º No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos os dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas. 
É de suma importância para o direito sucessório saber se de fato o feto que morreu durante o parto respirou, mesmo que por segundos, pois caso isto tenha acontecido, este adquiriu personalidade, o que pode impactar no direito de herança. Ex: imagine que o genitor do feto, recém-casado pelo regime da separação de bens, veio a falecer, estando vivos os seus pais (avós do feto). Se o infante, que morreu durante o parto, respirou, ainda que por poucos segundos, adquiriu todo o patrimônio deixado pelo falecido pai, a título de herança, e a transmitiu, logo após sua morte, a sua genitora. Se, contudo, este infante não respirou (natimorto), este não adquiriu personalidade, sendo assim, não chegou a receber qualquer herança de seu genitor, ficando está com os avós paternos. 
ATENÇÃO! É importante observar que apesar de o nascituro não possuir personalidade jurídica, pois ainda não nasceu, o artigo 2º do Código Civil, resguarda seus direitos desde a concepção.
No que tange a situação jurídica do nascituro três teorias procuram a definir, como veremos a seguir:
A Doutrina majoritária sustenta ter o direito brasileiro adotado a teoria natalista, que exige o nascimento com vida para que se obtenha a personalidade. Ressalvam‐se, contudo, os direitos do nascituro, desde a concepção. Nascendo com vida, a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao momento de sua concepção.
O Supremo Tribunal Federal não tem uma posição definida a respeito das referidas teorias, ora seguindo a teoria natalista, ora a concepcionista (cf. RE 99.038, Reclamação 12.040‐DF e ADI 3.510). O Superior Tribunal de Justiça, no entanto, tem acolhido a teoria concepcionista, reconhecendo ao nascituro o direito à reparação do dano moral. Confira‐se: 
“Direito civil. Danos morais. Morte. Ação ajuizada 23 anos após o evento. O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê‐lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum.” (STJ, REsp 399.029‐SP, 4a T., rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU, 15.4.2002, p. 232)
ATENÇÃO! CONCEPTURO (é aquele que não foi gerado ainda, sendo prole eventual- art. 1799, I e 1800, do CC) deve ser tratado de forma diferente do nascituro, pois somente na hipótese de pertencer à prole eventual de pessoas designadas pelo testador e vivas ao abrir-se a sucessão irá adquirir um direito surgido ante mesmo da sua concepção. 
3- DOS INCAPAZES (art. 3º e 4º do CC)
Conforme ditoanteriormente as pessoas portadoras da capacidade de direito ou de aquisição de direitos (direito/gozo), mas não possuidoras da de fato ou de ação (Fato/exercício/ação), têm capacidade limitada e são chamadas de incapazes. Com o intuito de protegê‐las, tendo em vista as suas naturais deficiências, decorrentes, na maior parte, da idade, da saúde e do desenvolvimento mental e intelectual, a lei não lhes permite o exercício pessoal de direitos, exigindo que sejam representadas ou assistidas nos atos jurídicos em geral. 
No brasil, não existe incapacidade de direito, porque todos se tornam, ao nascer, capazes de adquirir direitos, conforme dispõe o art. 1º do CC. Há, por tanto, somente incapacidade de fato ou de exercício.
 Incapacidade, destarte, é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a capacidade é a regra.
 Supre‐se a incapacidade, que pode ser absoluta e relativa, conforme o grau de imaturidade, deficiência física ou mental da pessoa, pelos institutos da representação e da assistência. O art. 3º do Código Civil menciona os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os seus direitos e que devem ser representados, sob pena de nulidade do ato (art. 166, I). E o art. 4º enumera os relativamente incapazes, dotados de algum discernimento e por isso autorizados a participar dos atos jurídicos de seu interesse, desde que devidamente assistidos por seus representantes legais, sob pena de anulabilidade (art. 171, I), salvo algumas hipóteses restritas em que se lhes permite atuar sozinhos. 
3.1- DA INCAPACIDADE ABSOLUTA (REGRA: MENORES DE 16 ANOS):
ATENÇÃO! Antes de falarmos sobre incapacidade é necessário trabalharmos os conceitos de alguns institutos
 
Conforme já mencionado, a incapacidade absoluta causa a proibição total do exercício do direito, de forma que o ato somente poderá ser praticado por um representante legal, restando evidente que a inobservância dessa regra provoca a nulidade do ato, conforme dispõe o art. 166, inc. I, do CC.
A Lei n. 13.146, de 6 de julho de 2015, denominada “Estatuto da Pessoa com Deficiência”, promoveu uma profunda mudança no sistema das incapacidades, alterando substancialmente a redação dos arts. 3º e 4º do Código Civil, que passou a ser a seguinte: 
“Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.” 
“Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I — os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II — os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III — aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV — os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.”
Com o advento da lei nº 13.146/2015 (estatuto da pessoa com deficiência), o deficiente passou a ser considerado pessoa plenamente capaz, salvo se não puder exprimir sua vontade, hipótese em que será considerado relativamente incapaz, podendo, quando necessário, ter um curador nomeado em processo judicial, conforme art. 84, caput, desta lei. 
É importante asseverar que a incapacidade relativa não decorre da deficiência, mas sim da impossibilidade de exprimir a vontade, a corroborar com este entendimento vem ser o art. 6º da lei nº 13.146/2015, que diz “A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa”. 
Resta cristalino que a intenção do legislador foi a de promover a autonomia da pessoa nas mais diversas esferas de atuação social, entre as quais o trabalho, o lazer, a cultura, a constituição de família e a administração de suas relações patrimoniais e negociais. 
De outro giro, o código civil de 2002, consideram que o ser humano, até atingir os dezesseis anos, não tem discernimento suficiente para dirigir sua vida e seus negócios e, por essa razão, deve ser representado na vida jurídica por seus pais, tutores ou curadores.
ATENÇÃO! Em situações especiais a lei exige a manifestação de vontade do incapaz. Ex: Adoção do maior de 12 anos (art. 28, §2º, ECA).
3.2- DA INCAPACIDADE RELATIVA
A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade (CC, art. 171, I). Certos atos, porém, pode praticar sem a assistência de seu representante legal, como ser testemunha (art. 228, I), aceitar mandato (art. 666), fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único), exercer empregos públicos para os quais não for exigida a maioridade (art. 5º, parágrafo único, III), casar (art. 1.517), ser eleitor, celebrar contrato de trabalho etc. Sendo assim, estes estão em uma situação intermediária entre a capacidade plena e a incapacidade total.
Urge asseverar, que menores de 18 anos e maiores de 16 anos, figuram nas relações jurídicas e delas participam pessoalmente, assinando documentos, se necessário. Contudo, não podem fazê‐lo sozinhos, mas acompanhados, ou seja, assistidos por seu representante legal (pai, mãe ou tutor), assinando ambos os documentos concernentes ao ato ou negócio jurídico. Se houver conflito de interesse entre eles, como na hipótese em que o menor tenha necessidade de promover ação contra seu genitor, o juiz lhe dará curador especial (CC, art. 1.692).
 ATENÇÃO! PRÓDIGO: Trata-se de um desvio de personalidade, geralmente ligado à prática do jogo e ao alcoolismo, não se tratando de um estado de alienação mental. O indivíduo que, por ser portador de um defeito de personalidade, gasta imoderadamente, dissipando o seu patrimônio, com o risco de reduzir‐se à miséria.
O pródigo só passará à condição de relativamente incapaz depois de declarado como tal em sentença de interdição, a qual só interfere em atos de disposição e oneração do seu patrimônio. Justifica‐se a interdição do pródigo pelo fato de encontrar‐se permanentemente sob o risco de reduzir‐se à miséria, em detrimento de sua pessoa e de sua família, podendo ainda transformar‐se num encargo para o Estado, que tem a obrigação de dar assistência às pessoas necessitadas.
ATENÇÃO! ÍNDIOS: Preceitua, o art. 4º, parágrafo único, do Código Civil, que a “capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial” 
O diploma legal que atualmente regula a situação jurídica dos índios no País é a Lei n. 6.001, de 19 de dezembro de 1973, que dispõe sobre o Estatuto do Índio, proclamando que ficarão sujeitos à tutela da União até se adaptarem à civilização. Referida lei considera nulos os negócios celebrados entre um índio e uma pessoa estranha à comunidade indígena sem a participação da Fundação Nacional do Índio (Funai), enquadrando‐o, pois, como absolutamente incapaz. Entretanto, declara que se considerará válido tal ato se o índio revelar consciência e conhecimento deste e, ao mesmo tempo, tal ato não o prejudicar.
3.3- Da Cessação da Incapacidade
Cessa a incapacidade desaparecendo os motivos que a determinaram. Assim, quando a causa é a menoridade, desaparece pela maioridade e pela emancipação.
3.3.1- Emancipação
Emancipação é a aquisição da capacidade civil antes da idade legal. Consiste, desse modo, na antecipação da aquisição da capacidade de fato ou de exercício (aptidão para exercer por si só os atos da vida civil). Pode decorrer de concessão dos pais ou de sentença do juiz, bem como de determinados fatos a que a lei atribui esse efeito.
a) Espécies de emancipação: 
ATENÇÃO! A emancipação voluntária NÃO CONSTITUI DIREITO DO MENOR, MAS SIM UMA BENESSE CONCEDIDA PELO GENITOR.
4- DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
4.1- Conceito: 
“São os direitos da personalidade, inalienáveis e cuja existência tem sido proclamada pelo direito natural, destacando‐se, dentre outros, o direito à vida, à liberdade, ao nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra” (Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de direito civil, v. 1, p. 152)
A doutrina divide os direitos da personalidade em duas categorias:
Segundo o art. 11, do Código Civil, “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveise irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”. 
Sendo assim, podemos dizer que tais direitos, EM REGRA, são também absolutos, ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis, inexpropriáveis e vitalícios, não podendo os seus titulares deles dispor, transmitindo‐os a terceiros, renunciando ao seu uso ou abandonando‐os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais são inseparáveis. Evidentemente, ninguém pode desfrutar em nome de outrem bens como a vida, a honra, a liberdade etc. 
Atenção! 
Alguns atributos da personalidade, contudo, admitem a cessão de seu uso, como a imagem, que pode ser explorada comercialmente mediante retribuição pecuniária. Pode-se concluir, portanto, que a indisponibilidade dos direitos da personalidade pode ser relativizada.
Por ser, o direito da personalidade personalíssimo (Ex: direito à honra, à imagem, etc...) a pretensão ou o direito de se exigir a sua reparação pecuniária é intransmissível. Contudo, em caso de ofensa após a morte, transmite-se aos sucessores os direitos a reparação, conforme dispõe o art. 943 , do Código Civil e jurisprudência pacificada. 
4.2- DO DIREITO AO NOME 
O nome integra a personalidade da pessoa, não só durante a sua vida, mas também após a sua morte, e indica a sua procedência familiar. O nome deve ser estudado em seu aspecto público e aspecto individual, vejamos:
O art. 16 do Código Civil diz “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”, abrangendo o direito de usá‐lo e de defendê‐lo contra usurpação, como no caso de direito autoral, e contra exposição ao ridículo. O uso desses direitos é protegido mediante ações, que podem ser propostas independentemente da ocorrência de dano material, bastando haver interesse moral. São elas: 
I- Retificação: para que seja preservado o verdadeiro nome;
II- Contestação: para que terceiro não use o nome ou não exponha ao desprezo público.
Atenção! O uso de Pseudônimo ou Codinome (nome fictício adotado, diferente do seu nome civil verdadeiro Ex: Susana Vieira – o nome de verdade dela é Sônia Maria Vieira Gonçalves; Bruna Marquezine – Bruna Reis Maia; Gusttavo Lima- Nivaldo lima), segundo o art. 19 do Código Civil, desde que seja adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
O nome completo compõe‐se, pois, de dois elementos:
Prenome (antigamente denominado nome de batismo); e Sobrenome ou apelido familiar (também denominado patronímico, nome de família ou simplesmente nome). Em alguns casos, usa‐se também o agnome, sinal que distingue pessoas pertencentes a uma mesma família que têm o mesmo nome (Júnior, Neto, Sobrinho etc.)
Atenção! IMUTABILIDADE DO NOME: A imutabilidade do prenome é salutar, devendo ser afastada somente em caso de necessidade comprovada, e não simplesmente porque ele não agrada ao seu portador. A facilitação da mudança pode ser realmente nociva aos interesses sociais.
EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE NO NOME 
a) substituição do prenome por apelidos públicos notórios (art. 58 da Lei dos Registros Públicos); b) correção de evidente erro gráfico (o art. 110 da Lei dos Registros Públicos); c) retificação de nome que possa expor o seu portador ao ridículo (art. 109 da Lei dos Registros Públicos); d) substituição do prenome ou do nome completo como medida de proteção à testemunha de crime que corre risco de vida; e) atribuição ao adotado do sobrenome do adotante; f) adição intermediária de apelidos notórios ou de sobrenome materno, especialmente para evitar homonímia; g) inclusão do nome de família do padrasto ou madrasta, havendo motivo ponderável; h) acréscimo ao seu do sobrenome do outro cônjuge, por qualquer dos nubentes; i) renúncia pelo cônjuge, no divórcio, do nome de casado; j) direito ao uso, pelo filho, do sobrenome do genitor ou genitora que o reconheceu; k) direito ao uso, pelo companheiro ou companheira, do patronímico de seu companheiro ou companheira.
 A jurisprudência admite, ainda, as seguintes exceções:
a) substituição do prenome oficial pelo prenome de uso; b) tradução de nomes estrangeiros; c) retificação do nome e do sexo de transexuais; d) exclusão do sobrenome paterno em virtude de abandono do filho pelo genitor
Atenção! A Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) diz apenas que os gêmeos e irmãos que tiverem o mesmo prenome deverão ser registrados com prenome duplo ou com nome completo diverso, “de modo que possam distinguir ‐se” (art. 63 e parágrafo único).
O direito ao nome é espécie dos direitos da personalidade, pertencente ao gênero do direito à integridade moral, pois todo indivíduo tem o direito à identidade pessoal, de ser reconhecido em sociedade por denominação própria. Tem ele caráter absoluto e produz efeito erga omnes, pois todos têm o dever de respeitá-lo. Dele surgi para o titular a prerrogativa de reivindicá‐lo quando lhe é negado. Um dos efeitos da procedência da ação de investigação de paternidade, por exemplo, é atribuir ao autor o nome do investigado, que até então lhe fora negado.
5- DA EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
Preceitua o art. 6º do Código Civil que “a existência da pessoa natural termina com a morte; presume‐se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”. Somente com a morte real termina a existência da pessoa natural, que pode ser também simultânea (comoriência). Doutrinariamente, pode‐se falar em: morte real, morte simultânea ou comoriência, morte civil e morte presumida.
I- MORTE REAL: Sua prova se faz através do atestado de óbito, ou por ação declaratória de morte presumida, sem decretação de ausência (art. 7º, do CC), podendo, ainda, ser utilizada a “justificação para o assento de óbito” prevista no art. 88 da Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73) quando houver certeza da morte em alguma catástrofe, não sendo encontrado o corpo do falecido.
ATENÇÃO! A morte real que ocorre com o diagnostico de paralisação da atividade encefálica, conforme o art. 3º da Lei nº 9.434/97, que dispõe sobre o transplante de órgãos extingue a capacidade e dissolve tudo, não sendo mais o morto sujeito de direitos e obrigações, consequentemente acarreta na extinção do poder familiar, dissolução do vínculo matrimonial, abertura da sucessão, extinção dos contratos personalíssimos, extinção da obrigação de pagar alimentos a qual será transferida ao herdeiro do devedor, conforme Art. 1.700, CC, etc.
II- MORTE SIMULTÂNEA OU COMORIÊNCIA (art. 8º do Código Civil): se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião (não precisa ser no mesmo lugar), não se podendo averiguar qual deles morreu primeiro, “presumir‐se‐ão simultaneamente mortos”. O principal efeito da presunção de morte simultânea é que, não tendo havido tempo ou oportunidade para a transferência de bens entre os comorientes, um não herda do outro. 
ATENÇÃO! Essa presunção, todavia, é relativa e poderá ser afastada por laudo médico ou outra prova segura do momento da morte real (cf. TJSP, Apel. 9179145‐82.2008.8.26.0000, 25a Câm. Dir. Priv., rel. Des. Hugo Crepaldi, j, 20‐6‐2012). Na dúvida, prevalece a presunção da simultaneidade das mortes.
III- MORTE CIVIL: A morte civil é a perda da personalidade em vida (ex. prisão perpétuas – idade Média) . A pessoa estava viva, mas era tratada como se estivesse morta. Geralmente era uma pena aplicada a pessoas condenadas criminalmente, em situações especiais.
Atualmente, pode-se dizer ela não existe mais. No entanto, há resquícios de morte civil. Ex.: exclusão de herança por indignidade do filho, “como se ele morto fosse” (vejam esta expressão no art. 1.816, CC); embora viva, a pessoa é ignorada para efeitos de herança. 
IV- MORTE PRESUMIDA: 
Podemos ter a morte presumida COM declaração de ausência e SEM declaração de ausência
a) Morte presumida COM declaração de ausência:
Poderá ser requerida por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, devendo haver em relação à ausência a existência de uma declaração judicial. 
Ocorre quando a pessoa desapareceu, sem que houvesse uma situação em que se pudesse presumir quea pessoa faleceu, ela, simplesmente, desapareceu de seu domicílio sem deixar vestígios. Para a declaração de ausência COM a conseguinte sucessão definitiva, deve ser seguido o seguinte procedimento:
b) MORTE PRESUMIDA SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA: 
Conforme dispõe o art. 7º, do código civil, a declaração de morte presumida será feita nas seguintes hipóteses:
 
“I — se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II — se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.”
6- PESSOA JURÍDICA
Consiste num conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica própria, distinta da de cada um de seus membros, e constituído na forma da lei para a consecução de fins comuns. Pode‐se afirmar, pois, que pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando‐as a serem sujeitos de direitos e obrigações. 
Pessoa jurídica é um ente invisível que possui personalidade jurídica. Há três pressupostos existenciais da pessoa jurídica: (1) a vontade humana que lhe dá origem; (2) observância das condições legais para a sua criação; (3) licitude do objeto. Trata-se de elementos essenciais à personificação da pessoa jurídica.
6.1- Natureza Jurídica:
No que tange a natureza jurídica, há dois grupos de teorias: 
6.3- DO SURGIMENTO DA PESSOA JURÍDICA 
No Brasil, as pessoas jurídicas de direito privado surgem com o registro do seu ato constitutivo no órgão competente (art. 45, CC). O ato constitutivo é o ato que incorpora a vontade dos instituidores da pessoa jurídica e pode ser um contrato social ou um estatuto social. Tratando-se de sociedade empresária, o órgão competente é a Junta Comercial (art. 984, CC); se pessoa jurídica de advogados – sociedade simples de advocacia ou sociedade unipessoal de advocacia –, a OAB (art. 15, Lei 8.906/94); se demais tipos de pessoas jurídicas, o Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. 114, Lei 6.015/1973). 
Isso vale também para partidos políticos e sindicatos: o seu surgimento enquanto pessoa jurídica é com o registro no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, de maneira que o seu registro no TSE ou no Ministério do Trabalho é apenas uma espécie de “alvará de funcionamento” eleitoral ou sindical, hábil a autorizar o exercício das atividades. 
No caso de empresas públicas e sociedades de economias mistas, por elas serem dotadas de personalidade jurídica de direito privado e de terem natureza empresária, elas também nascem com o registro na Junta Comercial, mas, como elas nascem de destaque orçamentário de um ente público para ser usado em atividade econômica, há necessidade de lei prévia autorizando a sua criação (art. 173, CF, e art. 2º, Lei 13.303/2016). 
Já as pessoas jurídicas de direito público são criadas por lei, pois só lei pode conferir-lhes os “superpoderes” próprios do regime de direito público. No caso dos entes federativos, a lei criadora é a CF. No caso de pessoas jurídicas de direito público externo (governos de nações estrangeiras; organismos internacionais ex: ONU, OEA, União Europeia, Mercosul, UNESCO, FAO etc), também é a CF ou algum tratado internacional, segundo as regras de Direito Internacional Privado.
As pessoas jurídicas podem ser de direito público ou de direito privado. De um lado, as pessoas jurídicas de direito público são previstas nos arts. 40 ao 43 e podem ser: (1) de direito público externo, quando regida por normas de Direito Internacional Público, como a República Federativa do Brasil e os organismos internacionais – ONU, OIT etc.; e (2) de direito público interno, quando se cuida dos entes sujeitos ao regime jurídico do direito administrativo, a saber os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e as respectivas autarquias (o que abrange as associações públicas disciplinadas na Lei n. 11.107/2005, as agências reguladoras, as fundações públicas etc.).
De outro lado, as pessoas jurídicas de direito privado são catalogadas no art. 44 do CC e podem ser: sociedades, empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), fundações, organizações religiosas e partidos políticos. 
Vamos falar um pouco dessas pessoas jurídicas de direito privado:
I- Das Sociedade 
As sociedades são união de pessoas com fins econômicos, ou seja, os seus sócios objetivam auferir lucro por meio de futura distribuição de dividendos. Em regra, é fundamental haver mais de um sócio, mas, quando houver lei específica, admitem-se exceções de sociedades unipessoais.
II- DAS EIRELI
A EIRELI é uma pessoa jurídica constituída por uma única pessoa (designada de titular) com fins econômicos. Em princípio, esse tipo de pessoa jurídica perdeu sentido prático com a Lei da Liberdade Econômica (Lei n. 13.874/2019), que permitiu que as sociedades limitadas sejam unipessoais. Seja como for, tendo em vista que há EIRELIs constituídas antes da Lei da Liberdade Econômica e tendo em vista que novas EIRELis podem ser constituídas (embora isso seja pouco provável diante da existência da sociedade limitada unipessoal), a figura segue disciplinada no Código Civil e ainda merece estudo. 
III- Das Associações
Consistem na reunião de pessoas sem fins econômicos. Em princípio, uma associação pode ter lucro com suas atividades, mas esse fato, por si só, não descaracteriza a sua finalidade não econômica. Só haveria fim econômico se os lucros fossem rateados entre os membros da associação, o que não sucede. O lucro é reinvestido na própria atividade da associação. 
IV- Das Fundações
As fundações são pessoas jurídicas de direito privado, que não tem fins lucrativos, que são formadas a partir de um patrimônio, sendo constituída a partir de escritura pública ou testamento, servindo a um interesse público, a exemplo de assistência social, de educação, de promoção da democracia, de atividades religiosas etc.
V- Das Pessoas Jurídicas que Exercem Atividades Religiosas 
As pessoas jurídicas que exercem atividades religiosas independentemente da orientação de fé, são consideradas organizações religiosas. A opção do legislador de tratar as organizações religiosas como pessoa jurídica diversa possui cunho mais político e didático, para evitar que os templos em geral tivessem de adaptar-se às inúmeras regras complexas e burocráticas de associação trazidas pelo CC/2002 e para reconhecer que há um regime jurídico peculiar para elas, com direito a imunidade tributária sobre patrimônio, renda e serviços (art. 150, VI, “b”, CF) e com liberdade de culto (art. 5º, VI, CF). 
VI- Dos partidos políticos
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, que surgem com o registro no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas e que, após esse seu nascimento enquanto pessoa jurídica, dependem de um registro no TSE para efeito de viabilizar o exercício da atividade eleitoral, nos termos do art. 7º da Lei n. 9.096/1995. 
6.4- DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
É cediço que o ordenamento jurídico confere às pessoas jurídicas personalidade distinta da dos seus membros. Ocorre que o princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas faz com que, muitas vezes, estas sejam utilizadas para a prática de fraude e abusos contra credores, hipóteses em que a legislação irá prevê sua desconsideração. Tal desconsideração poderá se dar das seguintes formas: 
ATENÇÃO! Toda desconsideração da personalidade jurídica é episódica, pois após o adimplemento da dívida se reconstitui a personalidade jurídica.
ATENÇÃO! Para haver a desconsideração da personalidade jurídica deve haver um Incidente de Desconsideração de Personalidade Jurídica (art. 133 a 137, do CPC), havendo ampla defesa e contraditório ao alvo da desconsideração. 
Destarte, no afã de coibir práticas abusivas, o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, vem permitir que o juiz de direito, em caso de reconhecidamá-fé, desconsidere que a pessoa jurídica tem existência distinta da de seus membros e os efeitos dessa autonomia para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade. 
ATENÇÃO! Despersonalização X desconsideração: A despersonalização acarreta a dissolução da pessoa jurídica ou a cassação da autorização para seu funcionamento. Já a desconsideração da personalidade jurídica, desconsidera a existência distinta de personalidade entre a P.J e seus membros, para atingir os bens particulares dos sócios, no afã de satisfazer dívidas da sociedade.
6.4.1- CASOS ESPECIAIS DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
A doutrina e a jurisprudência têm desenvolvido novas hipóteses de desconsideração, como veremos a seguir:
a) Desconsideração indireta: através desta permitisse que respondam pela dívida de uma pessoa jurídica os bens de uma outra que, com o objetivo de frustrar credores, mantenha confusão patrimonial ou desvio de finalidade com a pessoa jurídica devedora. Não importa o vínculo jurídico mantido entre essas pessoas jurídicas (societário, joint venture-união etc.), pois ele é meramente formal diante do abuso de direito. Essa hipótese autoriza que entes do mesmo grupo econômico respondam por dívidas uma das outras, desde que seja provado o abuso da personalidade jurídica. O mero fato de ser integrante do mesmo grupo econômico não é suficiente para a desconsideração indireta (art. 50, § 4º, CC; e STJ, REsp 1266666/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 25/08/2011).
 
b) Desconsideração expansiva: é a desconsideração de uma pessoa jurídica para atingir o patrimônio de “pessoas” que, com o intento fraudulento de frustrar os credores, mantêm-se escondidos, atuando como um verdadeiro “sócio escondido”. Nesse caso, a desconsideração da pessoa jurídica expande-se para atingir os bens desses sócios escondidos. Assim, por exemplo, se uma pessoa, por algum meio fraudulento, criar uma sociedade da qual serão sócios dois “laranjas” (pessoas que nem sabem disso) para viver a subtrair o patrimônio dessa pessoa jurídica, os credores desta poderão pedir a desconsideração para atingir os bens desse indivíduo fraudador, que é um “sócio ardilosamente escondido”. 
6.5- DA EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA 
Conforme já dito, o início da pessoa jurídica de direito privado se dar com registro no ato constitutivo no órgão competente, mas o término pode ocorrer de por diversas causas. 
A extinção de uma pessoa jurídica deve atravessar três etapas: dissolução, liquidação e cancelamento do registro (art. 51, CC). Só com esse último ato ocorre a efetiva extinção do ente. 
Temos quatro formas de dissolução, são elas: 
6.5- DA RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO:
No âmbito do direito civil, a responsabilidade da pessoa jurídica de direito privado pode ter natureza contratual ou extracontratual. 
A responsabilidade contratual tem caráter patrimonial e fundamento no art. 389, do Código de Civil, como veremos a seguir: 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
Esta responsabilidade encontra arrimo, também, no Código de Defesa do Consumidor (art. 12 e 18), neste caso de forma objetiva (não precisando de comprovação de dolo ou culpa, bastando comprovar o nexo de causalidade). 
De outro giro, a responsabilidade Extracontratual dispõe que toda pessoa jurídica de direito privado, tendo ou não fins lucrativos, responde pelos danos causados a terceiros de forma objetiva. Desta feita, a pessoa jurídica responde civilmente pelos atos de seus dirigentes ou administradores, assim como de seus empregados ou prepostos que, nessa qualidade, causem dano a outrem (art. 186 e art.932, III, do CC). 
 6.6- DA RESPONSABILIDADE DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO.
As pessoas jurídicas de direito público também respondem objetivamente pelos danos causados por seus agentes. Sendo assim, a vítima não tem o ônus de provar culpa ou dolo do agente público, mas, sim o dano e o nexo de causalidade, podendo ainda pleitear a inversão do ônus da prova. 
Atenção! O Estado se exonerará da obrigação de indenizar se provar culpa exclusiva da vítima, força maior e fato exclusivo de terceiro. Em caso de culpa concorrente da vítima, a indenização será reduzida pela metade (art. 37, §6º, CF, e art. 43 do Código Civil. 
7- DO DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL E DA PESSOA JURÍDICA 
O conceito de domicílio tem importância, sobretudo, processual, à medida em que a norma estabelece que a ação deva ser ajuizada no domicílio do réu. Como veremos in verbis:
Art. 46, do CPC “A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.”
a) Domicílio da pessoa natural 
No que tange o domicílio da pessoa natural, em regra, é voluntário e se presta a regular todas as relações jurídicas as quais o indivíduo é titular, passiva ou ativamente.   
Salienta-se que o domicílio é composto por um elemento objetivo, a residência, e um subjetivo, o ânimo definitivo, ou seja, a intenção de permanência naquele local, sendo certo que é possível a pessoa ter mais de uma residência, como aquele que possui uma casa na praia, mas reside em outro local. A corroborar com este entendimento, vem ser a inteligência do art. 70, do código civil que diz “O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.”
Destarte, podemos dizer que Domicílio= Residência + Ânimo Definitivo.
O Código Civil Brasileiro, em seu art. 76, trata ainda do chamado pela doutrina de “Domicílio Necessário ou Legal”. Este domicílio é uma imposição legal, seja por conta da pessoa natural não poder escolher, seja pela função que desemprenha, como veremos a seguir:
 
ATENÇÃO! A regra geral é que todo indivíduo possua um único domicílio, voluntário ou necessário. Porém, os artigos 71 a 73 trazem exceções a esta regra. Ex:
1- Se um indivíduo possui um domicílio geral, mas exerce suas atividades profissionais em outra localidade, esta será considerada seu domicílio para as relações que lá se estabeleçam.
2- O circense (pertencente ao Circo), o cigano ou o nômade têm como domicílio o local onde for encontrado.
3- Caso a pessoa que dívida igualitariamente o seu tempo em diferentes domicílios, que não tenha o domicílio necessário definido em lei, qualquer um deles será considerado o seu domicílio.
ATENÇÃO! FORO DE ELEIÇÃO (art. 78, do CC): Do conceito de domicílio, deriva o foro de eleição, o qual, através de um contrato, as partes, em comum acordo, escolhem uma unidade de jurisdição para regular as questões e conflitos oriundos daquele contrato. Assim, ao alugar uma casa, é possível que o proprietário estipule esta cláusula como forma a facilitar o seu acesso à justiça.
A cláusula de eleição de foro só não é válida em contratos de adesão em que a relação seja de consumo e que a escolha do domicílio coloca o consumidor impossibilitado ou em grande dificuldade de acesso à justiça. Nestas circunstância, o domicílio de eleição é nulo, valendo o domicílio do consumidor, voluntário ou necessário.
b) Domicílio da Pessoa Jurídica:
A rigor, a pessoa jurídica de direito privado não tem residência, mas sede ou estabelecimento, que se prende a determinado lugar. Trata-se de domicílio especial, que pode ser livremente escolhido no seu estatuto ou atos constitutivos. Não o sendo, o seu domicílio será o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações.
As pessoas jurídicas de direito público interno têm por domicílio a sede de seu governo. O domicílio da União é o Distrito Federal; dos Estados, as respectivas capitais; e do Município, o lugar onde funcione a administração municipal.
A União aforará as causas na capital do Estado em que tiver domicílio a outra parte. E será demandada, a critério do autor, no Distrito Federal ou na capital do Estado em que ocorreu o ato que deu origem à demanda ou em que se situe obem. Os Estados têm por sede jurídica as suas capitais e os Municípios, a sede da administração municipal.
A corroborar com o supra alegado, vejamos o art. 75 do Código Civil Brasileiro:
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1 o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2 o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Tutor 
é a pessoa que cuida de um menor
Não confundir com Pai e Mãe, estes são os Representantes legais
Curador 
sempre será ligado a alguém em razão de causa psicológica, seja de absoluta ou relativa
A curatela é instituída para cuidar de uma pessoa incapaz
Curatela Especial 
Nesta nomeia-se alguém para cuidar de uma pessoa e gerir seus bens em todos os atos. Trata-se de um múnus público que se impõe a alguém para cuidar de um incapaz (absoluta ou relativamente) em razão de causa psicológica. É um instituto de proteção do incapaz.
Art. 9º, e incisos, do CPC
Direito da Personalidade 
INATOS 
(Direito a vida e a integridade física e moral) 
Segundo a corrente majoritaria cabe ao estado reconhcê-los e sancioná-los 
ADQUIRIDOS 
(Decorre do status individual, conferido pela lei. Ex: direito autoral) 
 ASPECTO PÚBLICO 
decorre do fato de o Estado ter interesse em que as pessoas sejam perfeita e corretamente identificadas na sociedade pelo nome e, por essa razão, disciplina o seu uso na Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73)
 ASPECTO INDIVIDUAL 
 consiste no direito ao nome, no poder reconhecido ao seu possuidor de por ele designar‐se e de reprimir abusos cometidos por terceiros
MORTE PRESUMIDA
COM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA
EX: desaparecimento de alguem 
SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA 
EX: catástrofe; queda de avião. 
DESAPARECIMENTO DA PESSOA
NOMEAÇÃO DE CURADOR E ARRECADAÇÃO DOS BENS a PEDIDO DE QUALQUER INTERESSADO ou do MP (a ideia é possibilitar abertura de sucessão, bem como a proteção dos béns até que esta seja feita) 
art. 22, do Código CIVIL
PASSADO 1 ANO (caso não haja procurador/representante) ou 3 ANOS (caso haja procurador/representante)
PEDIDO DE DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA E SUCESSÃO PROVISÓRIA
art. 26, CC 
10 ANOS (contados do trânsito em julgado da decisão que abre a sucessão provisória) 
SUCESSÃO DEFINITIVA
ATENÇÃO! essa fase se encerra , pela confirmação da morte do ausente; pelo seu retorno ou pela abertura da sucessão provisória
ATENÇÃO! os herdeiros podem entrar na posse dos bens do ausente, desde que prestem garantia da restituição deles, em caso de retorno do ausente.
ATENÇÃO! O prazo se reduz para 5 anos, se o ausente tiver mais de 80 anos e de mais de 5 anos datarem suas últimas notícias. (art. 38, do CC)
ATENÇÃO!os herdeiros podem solicitar o levantamento das garantias prestadas, adquirindo assim, o domínio dos bens deixados. No entanto, o domínio será resolúvel, uma vez que, caso o ausente retorne, terá seus bens de volta, porém, no estado em que se encontrarem. Todavia, é importante ressaltarmos que o ausente só terá esse direito, se retornar em até 10 anos contados da abertura da sucessão definitiva, depois disso, não mais terá direito aos bens. Art.39, CC
TEORIAS EXISTENTES 
Negativistas (não são aceitas hoje) 
não aceita que possa uma associação formada por um grupo de indivíduos ter personalidade própria
Afirmativistas 
Teorias da Ficção
(Não são aceitas hoje) 
Ficção Legal
Ficção Doutrinária 
Realidade objetiva (ou Orgânica)
Realidade Jurídica (ou institucionalista)
Realidade técnica (TEORIA ADOTADA PELO DIREITO BRASILEIRO)
 considera a pessoa jurídica uma criação artificial da lei, pois somente a pessoa natural pode ser sujeito da relação jurídica e titular de direitos subjetivos.
afirma que pessoa jurídica não tem existência real, mas apenas intelectual, ou seja, na inteligência dos juristas, sendo assim uma mera ficção criada pela doutrina. 
Teoria da Realidade 
sustenta que a pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ser com vida própria, que nasce por imposição das forças sociais (vontade, pública ou privada).
Considera as pessoas jurídicas como organizações sociais destinadas a um serviço ou ofício e, por isso, personificadas. 
 a personificação dos grupos sociais é expediente de ordem técnica, a forma encontrada pelo direito para reconhecer a existência de grupos de indivíduos que se unem na busca de fins determinados. sendo assim, trata-se de um atributo que o estado defere a certas entidades merecedoras destes por observarem determinados requisitos pelo Estado estabelecidos.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
DIRETA
(a dívida é de uma pessoa júridica, mas o alvo da despersonalização é uma pessoa física)
SUBJETIVA 
(MOTIVADA)
OBJETIVA
(IMOTIVADA) Ex: imputar aos sócios responsabilidade tributária art.130 a 137, do CTN 
INVERSA
(a dívida é de uma pessoa natural/física, mas o alvo da despersonalização é uma pessoa jurídica) - Art. 1.026 CC, c/c art. 133, §2º do CPC
TEORIA MAIOR (é chamada desta forma pois oferece maior dificuldade de desconsideração) - É a regra geral (art. 50 do CC). Pressupoe ilícitude
TEORIA MENOR
(é chamada assim por oferecer menos dificuldade para a desconsideração) É exceção e tem de ser prevista em lei específica ou, no caso de dívidas trabalhistas, em princípio constitucional. Pressupõe qualquer obstaculo.
 Requisitos (ao menos um dos seguintes requisitos): I- Confusão patrimonial (teoria maior objetiva); II- Desvio de finalidade (teoria maior subjetiva)
Basta o mero inadimplimento da dívida. Ex: I- perante consumidor (art. 28, § 5º, CDC); II- decorrentes de danos ambientais (art. 4º, Lei 9.605/1998); III- Trabalhistas (jurisprudência do TST, que aplica, por analogia, o art. 28, § 5º, do CDC em favor do trabalhador em razão do princípio constitucional da vulnerabilidade do trabalhador.)
FORMAS DE DISSOLUÇÃO DA P.J
CONVENCIONAL
dá-se por deliberação de seus membros, conforme quorum previsto no estatuto ou na lei. Sendo assim, a mesma vontade humana capaz de gerar uma entidade com personalidade distinta da de seus membros, também é capaz de extingui-la. (vide art. 1033, inc. II e III)
LEGAL
ocorre em razão de motivo determinado na lei. Ex: Morte dos sócios (art. 1.028, CC), decretação de falência (lei 11.101/2005), anulada sua constituição (art. 1.034, do CC) etc.
ADMINISTRATIVA
Extinção ou cassação da autorização para o seu funcionamento. Ex: Concessão, Autorização, Permissão.
CAUSAS JUDICIAIS
Deriva de decisão judicial, quando se configura algum dos casos previstos em lei ou no estatuto e a sociedade continua a existir, obrigando um dos sócios a ingressar em juízo

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