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e-Book 4 Eduardo Soares Benjamin GESTÃO DE PROJETOS E PROCESSOS DE TI Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 GERENCIAMENTO DE RISCOS ����������������������� 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������48 3 INTRODUÇÃO Agora que conhecemos a Estrutura Analítica do Projeto e estudamos a importância de monitorar e controlar os prazos de um projeto por meio do cronograma, vamos para a próxima etapa. Você pensa: “Fiz a EAP do projeto e, a partir daí, o diagrama de rede. Identifiquei o caminho crítico e, portanto, posso ficar mais tranquilo em relação ao sucesso do meu projeto”. Correto? Resposta: Não. Existem os riscos do projeto. O que é um risco? Como o risco pode impactar o projeto? Essas e outras perguntas serão respon- didas neste módulo. Bons estudos! 44 GERENCIAMENTO DE RISCOS Um risco é um evento ou uma condição de incer- teza que, eventualmente ocorrendo, tem um efeito que pode ser positivo ou negativo sobre o projeto. Um risco com efeito positivo pode agregar valor ao projeto. Já um risco com efeito negativo pode acabar com o projeto. Portanto, precisamos saber como gerenciar esses riscos. O gerenciamento de riscos no projeto possibilita a seu gerente tratar com eficácia as incertezas, bem como os riscos e as oportunidades a elas associadas, a fim de melhorar a capacidade de gerar valor. Continuaremos tomando como base de referência Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (PMBOK). A visão que este guia apresenta sobre o risco é bem definida e clara: O risco do projeto é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, provocará um efeito positivo ou negativo em um ou mais objetivos do projeto, tais como escopo, cronograma, custo e qualidade. Um risco pode ter uma ou mais causas e, se ocorrer, pode ter um ou mais impactos. Uma causa pode ser um requisito, premissa, restrição ou condição 55 potencial que crie a possibilidade de resultados negativos ou positivos. (BPM CBOK, 2013) Vamos usar como exemplo o case da Harley-Da- vidson estudado anteriormente. Você se lembra dele? A proposta era de que precisaríamos de uma licença ambiental que permitisse a instalação de uma célula para cuidar do processo de revestimento galvânico de algumas peças das motocicletas. Aqui há um risco. A agência responsável pela au- torização pode demorar mais do que o planejado para conceder a licença autorizando a implantação da empresa. Vamos observar o Diagrama de Rede do Projeto Harley-Davidson. Figura 1: Diagrama de Rede para Instalação de uma célula da empresa. Memorial Descritivo Licença de Funcionamento 15 20 30 5 10 75 A C C B D D 90 55F E 60 = = =A B Local da célula na Empresa C Instalação de Equipamentos D Funcionamento da Empresa F Contratação dos Funcionários E Fonte: elaborado pelo autor 66 Podemos observar que a atividade B, que é a ob- tenção da licença de funcionamento da empresa, está no caminho crítico do projeto. Portanto, há um grande risco nessa situação. A Cetesb atrasando a licença acarretará um atraso no cronograma do projeto com impacto no escopo, custo, cronogra- ma, qualidade ou desempenho do projeto. Esse é um exemplo de efeito com causas negativas para o projeto. Agora, imagine outra situação, na qual o gerente alocou certa quantidade de profissionais da sua equipe para participar de um projeto, com previsão de finalização em seis meses. Por uma série de circunstâncias positivas, o projeto acabou dois meses antes, em quatro meses. Não é comum, mas também é uma condição de incerteza e, nes- se caso, positiva que impactará o escopo, custo, cronograma, qualidade ou desempenho de outro projeto que poderá receber esse reforço de pessoal agora disponível. As condições de risco podem incluir aspectos internos da empresa ou do próprio projeto em desenvolvimento. Precisamos tomar cuidado com falhas e práticas imaturas de gerenciamento, falta de ativos organizacionais que não contemplam sistemas integrados de gerenciamento, e também com recursos e insumos provenientes de partici- 77 pantes externos que estão fora do controle direto do projeto. Conforme o Guia PMBOK, o risco do projeto tem origem na incerteza existente em todos os projetos. Os riscos conhecidos são aqueles que foram identi- ficados e analisados, possibilitando o planejamento de respostas. Deve ser designada uma reserva de contingência para os riscos conhecidos que não podem ser gerenciados de forma proativa. Os ris- cos desconhecidos não podem ser gerenciados de forma proativa e, assim sendo, podem receber uma reserva de gerenciamento. Um risco negativo do projeto que já ocorreu também é considerado problema. Os riscos individuais do projeto são diferentes do risco geral do projeto. O risco geral do projeto representa o efeito da incerteza no projeto como um todo. Ele é mais do que a soma dos riscos individuais do projeto, pois inclui todas as fontes de incerteza no projeto. Ele representa a exposi- ção das partes interessadas às implicações das variações no resultado do projeto, tanto positivas quanto negativas. As organizações entendem o risco como o efeito da incerteza nos projetos e objetivos organizacionais. As empresas e as par- tes interessadas estão dispostas a aceitar vários graus de riscos, dependendo da sua atitude em relação aos riscos. 88 As atitudes das organizações e das partes interes- sadas em relação aos riscos são baseadas nos seguintes fatores: Figura 2: Comportamento da organização com relação aos riscos. Grau de incerteza que uma entidade está disposta a aceitar, na expectativa de uma recompensa� Grau, quantidade ou o volume de risco que uma organização ou um indivíduo está disposto a tolerar� Refere-se às medidas ao longo do nível de incerteza ou nível de impacto no qual uma parte interessada pode ter um interesse específico� A organização aceitará o risco abaixo daquele limite� A organização não tolerará o risco acima daquele limite� Apetite de risco Tolerância a riscos Limite de riscos Fonte: Guia BPM CBOK Uma organização pode definir que no projeto acei- tará um determinado apetite de risco definido pelo grau de incerteza estipulado, definirá também o quanto será a tolerância aos riscos, com base na quantidade e no volume parametrizados para aque- le projeto e, por fim, quais os limites, os níveis de risco que serão ou não aceitos para aquele projeto. Os riscos positivos e negativos são comumente chamados de oportunidades e ameaças. Anteriormente, estudamos que há uma ferramenta administrativa que nos ajudar a visualizar esses 99 contrapontos: oportunidades x ameaças. A matriz SWOT, lembra? A matriz ou análise SWOT – sigla para Strengths (pontos fortes), Weaknesses (pontos fracos), Oppor- tunities (oportunidades) e Threats (ameaças) – é uma representação gráfica que permite enxergarmos quais são os pontos que temos de levar em conta em uma análise competitiva. É utilizada quando se lida com situações complexas em um espaço de tempo limitado, consistindo em avaliar a visão interna dada pelos pontos fortes (+) e fracos (-) e a visão externa dada pelas oportunidades (+) e ameaças (-). Cabe analisar se os riscos a serem assumidos estão em consonância com as recompensas advindas desses riscos. Na verdade, é aquela situação: será que vale a pena assumir riscos? Em troca de quais benefícios? O projeto pode ser aceito se os riscos estiverem dentro das tolerâncias e em equilíbrio com as recompensas que podem ser obtidas ao assumir os riscos. Processo de planejar o gerenciamento dos riscos Esse é mais um processo importante para o per- feito gerenciamento do projeto de forma holística. Atividades como a definição de como conduzir as atividades de gerenciamento dos riscos de um 1010 projeto deverão ser bem pontuadas, bem descritas e, mais importante, bem acompanhadaspara o êxito do projeto. O ponto-chave desse processo é que ele garanta a identificação de todos os riscos do projeto, o grau e o tipo de cada um desses riscos. O planejamento de gerenciamento dos riscos é importante e im- prescindível para toda a comunicação com todos os interessados no projeto, permitindo a obtenção de acordos que garantirão que o processo de ge- renciamento dos riscos seja apoiado e executado de maneira efetiva. Na imagem abaixo estão detalhadas as etapas do processo de Gerenciamento dos Riscos do Projeto. 1111 Figura 3: Detalhamento de todas as etapas do processo de Gerenciamento de Riscos do Projeto. Planejar o gerenciamento dos custos Definição de como conduzir as atividades de gerenciamento dos riscos de um projeto. Foca grau, tipo e visibilidade do gerenciamento dos riscos para que sejam proporcionais tanto aos riscos quanto à importância do projeto. O planejamento aumenta a chance dos outros processos de gerenciamento de riscos lograrem êxito. Processos de gerenciamento de riscos do projeto Identificar os riscos Definição e documentação dos riscos que podem afetar o projeto. O benefício desse processo é a documentação dos riscos existentes e o conhecimento e a capacidade que ele fornece à equipe do projeto de antecipar os eventos. Realizar a análise qualitativa dos riscos Processo de priorização de riscos para análise ou ação adicional por meio da avaliação e da combinação de sua probabilidade de ocorrência e impacto. O principal benefício desse processo é habilitar os gerentes de projetos a reduzirem o nível de incerteza e focar os riscos de alta prioridade. Realizar a análise quantitativa dos riscos Analisar numericamente o efeito dos riscos identificados nos objetivos gerais do projeto. O benefício desse processo é a produção de informações quantitativas dos riscos para respaldar a tomada de decisões, a fim de reduzir o grau de incerteza dos projetos. Planejar as respostas aos riscos Desenvolvimento de opções e ações para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto. O benefício desse processo é a abordagem dos riscos por prioridades, injetando recursos e atividades no orçamento, no cronograma e no plano de gerenciamento. Controlar os riscos Implementação de planos de respostas aos riscos, acompanhamento dos riscos identificados, monitoramento dos riscos residuais, identificação de novos riscos e avaliação da eficácia do processo de riscos durante todo o projeto. Fonte: elaborado pelo autor Algumas ferramentas ajudam no planejamento do gerenciamento de riscos: 1) Técnicas Analíticas 1212 Figura 4: Ferramentas para Gerenciamento de Riscos – Técnicas Analíticas. Usadas para melhorar o entendimento do contexto geral de gerenciamento dos riscos do projeto. Usadas para a perfeita definição de todo o contexto geral de gerenciamento dos riscos do projeto. Técnicas analíticas Fonte: elaborado pelo autor 2) Opiniões especializadas Para garantir uma definição completa do plano de gerenciamento dos riscos, solicitamos a opinião, a experiência e o conhecimento de grupos ou pes- soas que tenham treinamento ou conhecimento especializado na área em questão. 1313 Figura 5: Ferramentas para Gerenciamento de Riscos – Opiniões especializadas. Alta administração Partes interessadas do projeto Gerentes de projetos Especialistas no assunto da área de negócio Grupos e consultores do setor Associações profissionais e técnicas Opinião especializada Fonte: elaborado pelo autor Deve haver reuniões patrocinadas pela equipe de gerenciamento de riscos do projeto para tratar de todo o desenvolvimento do plano de gerenciamento dos riscos. Os participantes dessas reuniões são os envolvidos no processo: desde o gerente de projetos, passando pelos membros selecionados da equipe do projeto e das partes interessadas, qualquer pessoa da organização com responsa- bilidade de gerenciar o planejamento dos riscos e as atividades de execução e outros, conforme necessário. 3) Categorização dos riscos A ideia de criar categorias de riscos permite agru- par possíveis causas de riscos. Podem ser usadas 1414 várias abordagens para realizar esse agrupamento. Uma delas é uma estrutura baseada nos objetivos do projeto por categoria. Nessa categorização, temos uma estrutura analítica dos riscos (EAR), que permitirá à equipe do projeto considerar muitas fontes, a partir das quais os riscos podem surgir em um exercício de identificação de riscos. Figura 6: Exemplo de uma estrutura analítica dos riscos (EAR). Projeto 1�1 Requisitos 1�2 Tecnologia 1�3 Complexidades e interfaces 1�4 Desempenhos e confiabilidade 1�5 Qualidade 2�2 Regulador 2�3 Mercado 2�4 Cliente 2�5 Condições climáticas 2�1 Subcontradas e fornecedores 3�2 Recursos 3�3 Financiamento 3�4 Priorização 3�1 Dependências do projeto 4�2 Planejamento 4�3 Controle 4�4 Comunicação 4�1 Estimativa 1 Técnico 2 Externo 3 Organizacional 4 Gerenciamento de projetos Fonte: Guia BPM CBOK Processo de identificação dos riscos É o processo de determinação, de definição dos riscos que podem afetar o projeto e de documenta- ção das suas características. O principal benefício desse processo é a documentação dos riscos 1515 existentes e o conhecimento e a capacidade que ele fornece à equipe do projeto de antecipar os eventos. Quem são os participantes dessa atividade? Os participantes das atividades de identificação dos riscos podem ser o gerente do projeto, membros da equipe do projeto (se houver), membros da equipe de gerenciamento dos riscos, os próprios clientes do projeto, especialistas no assunto (mesmo que externos à equipe do projeto), usuários finais, outros gerentes de projetos, partes interessadas e especialistas em gerenciamento dos riscos, e todo o pessoal do projeto que deve ser encorajado a identificar riscos. Identificar os riscos é um processo ativo, iterativo e de constante refinamento das etapas porque novos riscos podem surgir ou se tornar evidentes durante o ciclo de vida do projeto. Ao especificar os riscos, os responsáveis por essas especificações devem ter em mente a clareza e a consistência dos riscos e as suas características. A clareza e a compreensão dos riscos devem ser inequívocas, proporcionando a análise e o desenvolvimento de respostas eficazes. A especificação dos riscos deve oferecer a capacidade de comparar o efeito relativo de um risco em relação a outros riscos no projeto como um efeito cascata. O processo deve envolver a equipe do projeto de modo que ela possa 1616 desenvolver e manter um sentido de propriedade e responsabilidade pelos riscos e ações associadas de resposta aos riscos. Algumas ferramentas que ajudam na identificação dos riscos 1) Revisão da documentação do projeto É prudente que a equipe que irá identificar os riscos do projeto faça uma revisão completa da docu- mentação do projeto, incluindo planos, premissas, arquivos de projetos anteriores, acordos e outras informações. Essa revisão deverá ser totalmente estruturada para repassar cada uma das etapas do projeto, visando a atingir um grau máximo da identificação de todos os possíveis riscos que, se forem efetivados, irão impactar o projeto como um todo. Ao analisar detalhadamente cada plano do projeto, a equipe terá a percepção da qualidade dos planos, assim como a consistência entre eles e os requisitos e as premissas do projeto. Dessa análise, se perfeita, sairão os indicadores de riscos no projeto. 2) Técnicas de coleta de informações y Brainstorming: o objetivo dessa técnica é obter uma lista completa dos riscos. As ideias sobre os riscos no projeto são geradas sob a liderança de um facilitador, seja em uma sessão tradicional de brainstorming de forma livre com ideias fornecidas 1717 pelos participantes; ou estruturada, usando técnicas de entrevista em grupo. y Técnica Delphi: essaé uma maneira de obter consenso dos especialistas. Os especialistas em riscos do projeto participam anonimamente nessa técnica. O facilitador usa um questionário para solicitar ideias sobre riscos importantes do pro- jeto; as respostas são resumidas e redistribuídas aos especialistas para comentários adicionais; o consenso pode ser obtido após algumas rodadas desse processo. y Entrevistas: entrevistar participantes expe- rientes no projeto, partes interessadas, e outros especialistas pode ajudar a identificar riscos. y Análise da causa principal: a análise da causa principal é uma técnica específica para identificar um problema, descobrir as causas subjacentes que levaram ao problema, e desenvolver ações preventivas. 3) Análise de listas de verificação A lista de verificação é mais conhecida pelo seu termo em inglês: checklist. Ela identifica o que pode ser controlado e define os itens que devem ser verificados. Essas listas são desenvolvidas nas informações levantadas com base no histó- rico proporcionado pelos ativos organizacionais e no conhecimento acumulado através do tempo e da vivência com outros projetos semelhantes 1818 na organização e outras fontes de informações. Como é impossível criar uma lista completa, de- ve-se tomar cuidado para assegurar que a lista de verificação não seja usada para evitar o esforço de identificação adequada dos riscos. 4) Análise de premissas Todos os projetos e seus planos são concebidos e desenvolvidos com base em um conjunto de hipóteses, cenários ou premissas. A análise de premissas explora a validade dessas premissas em relação ao projeto. Ela identifica os riscos do projeto decorrentes do caráter inexato, instável, inconsistente ou incompleto das premissas. As premissas são fatores considerados verdadeiros, sem prova para fins de planejamento. Se elas não forem cum- pridas, o planejamento será impactado. Premissas são fatores associados ao escopo do projeto que, para fins de planejamento, são assumidos como verdadeiros, reais ou certos, sem necessidade de prova ou demonstração. 5) Técnicas de diagramas y Diagramas de causa e efeito, também conhe- cidos como diagramas de Ishikawa ou de espinha de peixe: são úteis para identificar as causas dos riscos. FIQUE ATENTO 1919 y Diagramas de sistema ou fluxogramas: mos- tram como os vários elementos de um sistema se inter-relacionam, e o mecanismo de causalidade. y Diagramas de influência: representações gráfi- cas de situações que mostram influências causais, ordem dos eventos no tempo, e outras relações entre variáveis e resultados. Abaixo um exemplo do diagrama de influência. Figura 7: Diagramas de influência. Estimativas do projeto Condição de risco EntregasAtividadedo projeto Fonte: Guia BPM CBOK 6) Análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (Análise SWOT) Essa técnica examina o projeto do ponto de vis- ta de suas forças e fraquezas, oportunidades e ameaças, a fim de aumentar a abrangência dos 2020 riscos identificados, incluindo os riscos gerados internamente. A técnica começa com a identificação das forças e fraquezas da empresa, enfatizando a organização do projeto, ou a área de negócios em geral. Em seguida, a análise SWOT identifi- ca as oportunidades do projeto resultantes das forças da organização, assim como as ameaças decorrentes das fraquezas. Essa análise também examina o grau com que as forças da organização compensam as ameaças e as oportunidades que podem superar as fraquezas. 7) Opinião especializada Na criação do plano de gerenciamento de riscos do projeto, cabe ao seu gerente a identificação de pessoas com especialização e experiência em projetos ou áreas de negócios semelhantes. Depois de identificados pelo gerente do projeto, esses especialistas devem ser convidados a considerar todos os aspectos de riscos, levando-se em conta toda a experiência anterior com projetos e com suas áreas de especialização. Esses especialistas terão total condição de identificar riscos possíveis no projeto. Processo de análise dos riscos através de análise qualitativa O processo de analisar de forma qualitativa os riscos baseia-se na avaliação das prioridades dos 2121 riscos previamente identificados. Para realizar esse tipo de análise, usamos a técnica da probabilidade relativa (baseada nos riscos considerados de ocor- rências razoáveis) e o impacto correspondente nos objetivos do projeto, se esses riscos ocorrerem. A partir desse conceito, deve-se levar em conta outros fatores na análise qualitativa dos riscos. Quais são eles? Intervalo de tempo para resposta aos riscos e tolerância a riscos da organização associada com as restrições de custo, cronograma, escopo e qualidade do projeto. Todas as análises e avaliações acabam influen- ciando o comportamento da equipe do projeto e das outras partes interessadas do projeto, em relação ao risco, e isso determina que a avalição dos riscos seja feita de forma que não haja dúvida sobre a eficiência do trabalho e, principalmente, a sua clareza na identificação explícita e o gerencia- mento das abordagens dos riscos dos principais participantes do processo de análise qualitativa dos riscos. Algumas ferramentas que ajudam na análise qualitativa dos riscos 1) Avaliação de probabilidade e impacto dos riscos Dois pontos importantes: 2222 y A análise de probabilidade de riscos investi- ga a probabilidade de ocorrência de cada risco específico. y A avaliação do impacto de riscos investiga o efeito potencial sobre um objetivo do projeto, como cronograma, custo, qualidade ou desempenho, incluindo tanto os efeitos negativos das ameaças como os efeitos positivos das oportunidades. Figura 8: Quesitos da avaliação de probabilidade e impacto dos riscos. Avaliação de probabilidade e impacto dos riscos O risco pode acontecer? Quais as consequências? Fonte: elaborado pelo autor Para uma perfeita avaliação, cada risco identifi- cado deve ser avaliado conforme os quesitos da imagem acima. Essa avaliação mostrando o nível de probabilidade de cada risco e seu impacto em cada objetivo do projeto pode ser feita por meio de entrevistas ou reuniões com participantes se- lecionados por sua familiaridade e experiências anteriores com as categorias dos riscos a serem tratados. É interessante também registrar os de- talhes elucidativos de cada risco, classificando as probabilidades e os impactos de cada risco, de 2323 acordo com as definições fornecidas no plano de gerenciamento dos riscos. 2) Matriz de probabilidade e impacto Identificada a possibilidade de o risco ocorrer e do impacto que ele irá proporcionar, podemos avaliar a importância de cada um dos riscos para o projeto por meio de uma tabela. Uma vez identificados, priorizados, avaliados na sua chance de ocorrer ou não e quais os impactos que trarão, os riscos podem ser sequenciados usando uma tabela de referência ou uma matriz de probabilidade e impacto. Essa matriz mostra as combinações de probabili- dade e impacto que resultam em uma classificação dos riscos como de prioridade baixa, moderada ou alta. Podem ser usados termos descritivos ou valores numéricos, dependendo da preferência organizacional. Segundo o Guia BPM CBOK, cada risco é clas- sificado de acordo com a sua probabilidade de ocorrência e impacto em um objetivo, se ele real- mente ocorrer. A organização deve determinar que combinações de probabilidade e impacto resultam em uma classificação de alto risco, risco moderado e baixo risco. Em uma matriz em preto e branco, essas condições são indicadas pelos diferentes tons de cinza. Especificamente na matriz abaixo, a área cinza-escuro (com os números maiores) 2424 representa alto risco; a área cinza-médio (com os números menores) representa baixo risco, e a área cinza-claro (com os números intermediários) representa risco moderado. Em geral, essas regras de classificação de riscos são especificadas pela organização antesdo projeto e incluídas nos ati- vos de processos organizacionais. As regras de classificação de riscos podem ser adaptadas ao projeto específico e no processo planejar o geren- ciamento dos riscos. Figura 9: Matriz de probabilidade e impacto. Probabilidade Ameaças Oportunidades Matriz de probabilidade e Impacto 0,90 0,70 0,50 0,30 0,10 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0,09 0,07 0,05 0,03 0,01 0,18 0,14 0,10 0,06 0,02 0,36 0,28 0,20 0,12 0,04 0,72 0,56 0,40 0,24 0,08 0,72 0,56 0,40 0,24 0,08 0,36 0,28 0,20 0,12 0,04 0,18 0,14 0,10 0,06 0,02 0,09 0,07 0,05 0,03 0,01 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0,05/ Muito baixo 0,10/ Baixo 0,20/ Moderado 0,40/ Alto 0,80/ Muito Alto 0,80/ Muito Alto 0,40/ Alto 0,20/ Moderado 0,10/ Baixo 0,05/ Muito baixo Impacto (escala numérica) em um objetivo (por exemplo, custo, tempo, escopo ou qualidade) Cada risco é avaliado de acordo com a sua probabilidade de ocorrência e o impacto em um objetivo se ele realmente ocorrer. Os limites de tolerância da organização para riscos baixos, moderados ou altos são mostrados na matriz e determinam se o risco é alto, moderado ou baixo para aquele objetivo. Fonte: Guia BPM CBOK 3) Avaliação de qualidade dos dados sobre riscos Técnica que tem por objetivo avaliar o grau em que os dados sobre riscos são úteis para o gerenciamen- to dos riscos. A avaliação leva em conta a análise e o exame de cada um dos riscos identificados, em relação a como o risco é compreendido, qual 2525 a sua precisão, sua qualidade, confiabilidade e a integridade dos dados relativos ao risco. Se os riscos acusarem uma baixa qualidade, o trabalho de avaliação qualitativa dos riscos poderá ficar comprometido, não contribuindo em nada para a eficácia do projeto. Nessa situação, novas cole- tas de dados e novos estudos serão necessários. Frequentemente, a coleta de informações sobre riscos é difícil e consome mais tempo e recursos do que originalmente planejado. Os valores usados no exemplo da figura acima são representativos. Os números de passos na escala são geralmente estabelecidos quando a atitude da organização em relação ao risco é definida. Processo de análise dos riscos através de análise quantitativa O processo de análise quantitativa dos riscos deve ser executado naqueles riscos que foram identificados como os principais no processo de análise qualitativa. Os riscos a serem analisados são aqueles considerados com alto impacto poten- cial e substancial nas demandas concorrentes do projeto. Esse processo analisa o efeito dos riscos nos objetivos do projeto e como os seus resultados serão impactados. Ele é usado principalmente para avaliar o efeito agregado de todos os riscos que afetam o projeto. Quando os riscos direcionam a 2626 análise quantitativa, o processo pode ser usado para atribuir uma classificação de prioridade numérica àqueles riscos individualmente. Planejar as respostas aos riscos A ideia desse processo consiste em ter um plano para proporcionar uma resposta para cada incidência de risco no projeto. Cada uma dessas respostas precisa ter o esclarecimento da forma com que o risco será abordado. A forma utilizada serve para a análise da eficiência do plano de resposta aos riscos – se está sendo eficiente e cumprindo o seu papel. O plano de resposta ao risco deve designar uma pessoa responsável pela resposta ao risco e que assumirá a responsabilidade por cada resposta ao risco acordada e financiada. As respostas apon- tadas para cada risco devem: ser planejadas de forma adequada à relevância do risco, ter eficácia de custos (ser econômica) para atender ao desafio, ser realistas (o que se pode cumprir) dentro do contexto do projeto, ser acordadas por todas as partes envolvidas, e ter um responsável designado. Para isso, deve-se selecionar a melhor resposta ao risco entre as diversas opções possíveis. Esse processo deve também apresentar as abor- dagens mais usadas para o planejamento de res- postas aos riscos, uma vez que os riscos incluem 2727 as ameaças e as oportunidades que podem afetar o êxito do projeto, no que tange à promessa de sua entrega. Podemos entender o processo de planejar as respostas aos riscos a partir da imagem abaixo. Figura 10: Quadro sinóptico sobre como planejar as respostas aos riscos. Ação Compreensão do mecanismo pelo qual cada risco será abordado� Designa Responsável Risco RespostaAção Análise qualitativa de risco Fonte: elaborado pelo autor Algumas ferramentas que ajudam no planejamento das respostas aos riscos 1) Estratégias para riscos negativos ou ameaças Existem três estratégias para lidar com ameaças ou riscos que, quando realmente ocorrem, podem ter impactos negativos nos objetivos do projeto: prevenir, transferir e mitigar. E uma quarta pode ser usada tanto para riscos negativos ou ameaças quanto para riscos positivos ou oportunidades. 2828 Cada uma das estratégias de resposta ao risco tem uma influência variada e única na condição dos riscos, por isso, devem ser escolhidas face à probabilidade e ao impacto do risco nos objetivos gerais do projeto. As estratégias de prevenção e mitigação são geralmente boas para riscos críti- cos com alto impacto, enquanto as estratégias de transferência e aceitação são normalmente boas para ameaças menos críticas e com impacto geral baixo. 2929 Figura 11: Estratégias para riscos negativos ou ameaças. Prevenir: estratégia de resposta ao risco, em que a equipe do projeto age para eliminar a ameaça ou proteger o projeto contra o seu impacto. Ela envolve a alteração do plano de gerenciamento do projeto para eliminar totalmente a ameaça. O gerente do projeto também pode isolar os objetivos do projeto do impacto do risco ou alterar o objetivo que está em perigo. Como exemplo: alocação de mais pessoal no projeto que está com cronograma atrasado, ou mesmo, em uma prevenção mais radical, suspensão total do projeto. Transferir: estratégia de resposta ao risco, na qual se transfere o impacto de uma ameaça do risco para terceiros, juntamente com a responsabilidade pela sua resposta. É utilizada de forma mais eficaz quando se trata de riscos financeiros. A transferência de riscos quase sempre envolve o pagamento de um prêmio à parte que está assumindo o risco. As ferramentas de transferência podem ser bastante variadas e incluem, entre outras, o uso de seguros, seguros-desempenho, garantias etc. Mitigar: estratégia de resposta ao risco, na qual os responsáveis pelo projeto agem para reduzir a probabilidade de ocorrência ou impacto do risco. O objetivo no processo de mitigação é reduzir a probabilidade e/ou o impacto de um evento de risco adverso para dentro de limites aceitáveis. Adotar uma ação antecipada para reduzir a probabilidade e/ou o impacto de um risco ocorrer no projeto é mais eficaz do que tentar reparar o dano, depois de o risco ter ocorrido. Aceitar: estratégia de resposta através da qual os responsáveis pelo projeto decidem reconhecer a existência do risco e não agir, a menos que o risco ocorra. Essa estratégia é adotada quando não é possível ou econômico abordar um risco específico de qualquer outra forma. Essa estratégia indica que a equipe do projeto decidiu não alterar o plano de gerenciamento do projeto para lidar com o risco, ou não conseguiu identificar outra estratégia de resposta adequada. Estratégias para riscos negativos ou ameaças Fonte: Guia BPM CBOK 2) Estratégias para riscos positivos ou oportunidade Três das quatro respostas são sugeridas nas lite- raturas sobre gerenciamento de projeto para tratar de riscos com impactos potencialmente positivos sobre os objetivos do projeto. A quarta estratégia, aceitar, pode ser usada tanto para riscos negati- vos ou ameaças quanto para riscos positivos ou 3030 oportunidades. Essas estratégias são: explorar, melhorar, compartilhar, e aceitar. Figura 12: Estratégias para riscos positivos ou oportunidades. Estratégiaspara riscos negativos ou ameaças Explorar: a estratégia explorar pode ser selecionada para riscos com impactos positivos, quando a organização deseja garantir que a oportunidade seja concretizada. Procura eliminar a incerteza associada a um determinado risco positivo, garantindo que a oportunidade realmente aconteça. Como exemplo, temos a designação do pessoal com mais talento da organização para o projeto, a fim de reduzir o tempo de conclusão, ou usar novas tecnologias ou atualizações de tecnologias para reduzir o custo e a duração requeridos para alcançar os objetivos do projeto. Melhorar: a estratégia melhorar é usada para aumentar a probabilidade e/ou os impactos positivos de uma oportunidade. Identificar e maximizar os principais impulsionadores desses riscos de impacto positivo pode aumentar a probabilidade de ocorrência. Exemplos de melhoramento de oportunidades são: o acréscimo de mais recursos a uma atividade para terminar mais cedo. Compartilhar: compartilhar um risco positivo envolve a alocação integral ou parcial da responsabilidade da oportunidade a um terceiro, que tenha mais capacidade de explorar a oportunidade para benefício do projeto. Exemplos de ações de compartilhamento incluem a formação de parcerias de compartilhamento de riscos, equipes, empresas para fins especiais ou joint ventures, as quais podem ser estabelecidas com a finalidade expressa de aproveitar a oportunidade, de modo que todas as partes se beneficiem das suas ações. Aceitar: aceitar uma oportunidade é estar disposto a aproveitá-la, caso ela ocorra, mas não a perseguir ativamente. Fonte: Guia BPM CBOK O que é gestão? Há várias definições para a palavra gestão: y Gestão é planejar, organizar, liderar e controlar as pessoas que constituem uma organização e as tarefas e atividades por elas realizadas. 3131 y Gestão é o processo de gerenciar pessoas, processos, ativos e estratégias em um alinhamento comum em direção a um objetivo. y Na forma mais comum, é a ação direta de uma pessoa (gestor) sobre os sistemas e procedimentos empresariais para atingir resultados previamente definidos. Eu prefiro uma definição mais simples: Gestão é fazer as coisas bem feitas, no menor espaço de tempo possível, e gastando o menos possível. Figura 13: Quadro sinóptico sobre o que é Gestão. Fazer bem feito Qualidade Menor tempo possível Gastando-se o menos possível Eficiência/ Eficácia Economia Fonte: elaborado pelo autor Não é uma definição simples? Fazer as coisas com eficiência e eficácia. Muitos acham que eficiência e eficácia são palavras sinônimas, que querem dizer a mesma coisa. Mas não é bem isso. Observe: y Eficiência: relaciona-se à racionalidade e à pro- dutividade do que será feito. Executar exatamente o que foi planejado. É a produção, resultado de 3232 algo como foi anteriormente planejado, atendendo aos prazos, no menor tempo e gastando o mínimo possível de recursos. y Eficácia: trata da qualidade ou característica daquilo que alcança os resultados ou efeitos es- perados. Assim, esse conceito está busca atingir o objetivo final, mas fazendo isso com qualidade. É o fazer, mas é o fazer bem feito, com a maior e melhor qualidade possível. Peter Drucker define os termos da seguinte forma: a eficiência consiste em fazer certo as coisas: está ligada ao nível operacional, como realizar as opera- ções com menos recursos: menos tempo, menor orçamento, menos pessoas, matéria-prima etc. Já a eficácia consiste em fazer as coisas certas: está relacionada ao nível gerencial. Existe uma diferença fundamental entre os dois termos e que evita a confusão entre eles. A admi- nistração é voltada para processos: são as etapas de um planejamento estratégico, que precisa ocor- rer de forma otimizada para alcançar resultados esperados. A gestão não se limita a esse lado técnico do tra- balho de empreendedores, diretores e CEOs. Além de conhecer bem os processos operacionais da empresa, eles precisam entender do mercado, ficar 3333 de olho em novidades (como soluções tecnológi- cas), e inspirar pessoas. O perfil da gestão, portanto, é mais completo do que o do administrativo. Não é apenas fazer fun- cionar, é o impacto de uma boa operação dentro da empresa e para seu público. Nesse sentido, a aliança entre o conhecimento de processos e o gerenciamento de colaboradores é fundamental. Vamos pensar em um exemplo: SpaceX e Elon Musk. Elon Musk é um exemplo de bom gestor. Fundador da Pay Pal (sistemas de meio de pagamento), CEO das empresas: SpaceX (foguetes), Tesla Motors (carros elétricos), SolarCity (energia solar), Giga- factory (baterias). A SpaceX tem contratos de US$ 2,6 bilhões com a NASA. Por quê? Em virtude da gestão empregada por Elon Musk na sua empresa. Diferentemente dos foguetes da NASA, que descartava os seus módulos, os foguetes da SpaceX voltam para a terra e são reaproveitáveis. Em 2014, o governo dos EUA deu em números a eficiência da SpaceX: enquanto a Força Aérea do país pagava até US$ 400 milhões por um lançamen- to para a United Launch Alliance (ULA), a mesma operação era conduzida pela empresa de Musk por menos de US$ 100 milhões. (INFOMONEY) 3434 É como eu costumo dizer: se você empregar gestão, você poderá ser um gerente de projetos na NASA ou na própria SpaceX. Por quê? Porque você fará os foguetes mais eficientes e eficazes do mundo, ao menor custo possível e no menor tempo possível. Qual a diferença entre gestão e administração? Existe uma diferença entre esses dois conceitos: a administração é focada primeiramente nos processos, que são executados dentro de uma organização. São esses processos responsáveis e que permitem à organização existir. Não podemos nos esquecer de que a administração também se preocupa com a visão da organização. O que a organização espera para o futuro, onde ela que ser posicionar no mercado em que atua. Nesse momento, a administração se preocupa com o planejamento estratégico, um plano que, se cum- prido em etapas, consegue alcançar resultados esperados. A gestão não se preocupa com o lado operacional ou técnico do trabalho realizado pelos processos, a gestão se preocupa com algo maior. A gestão se preocupa com a performance da organização durante a sua vida e com a sua posição em relação ao seu mercado, ao segmento de concorrência e à sua atuação junto à comunidade. Os gestores têm 3535 um papel fundamental nisso tudo, pois cabe a eles conhecer bem todos os processos operacionais da empresa e, além disso, precisam entender o mercado em que estão inseridos, a concorrência, o ambiente governamental que rege as leis e os procedimentos contábeis e, principalmente, ficar de olho nas inovações trazidas pelos setores tecnológicos. Vamos entender isso observando a imagem abaixo. Figura 14: Figura 14. Pirâmide da estrutura organizacional Presidente, sócios, diretores, conselhos administrativos Gerente, coordenadores, supervisores Analistas, assistentes, auxiliares Objetivos globais, visão a longo prazo, preocupação com toda a organização. Objetivo no departamento, processos detalhados, foco no médio prazo. Objetivo no processo, na atividade no curto prazo; questões operacionais. Nível Estratégico Nível Tático Nível Operacional Fonte: elaborado pelo autor Portanto, você percebe que as atribuições da fun- ção do gestor são mais complexas e abrangentes, comparadas às funções administrativas. Aplicar gestão ao desenvolvimento de projetos Para alcançar êxito na gestão de um projeto, exige-se do gestor um bom conhecimento sobre processos 3636 e, a partir do conhecimento desses processos, um bom conhecimento sobre projetos. Um gestor precisa, inicialmente, conhecer os processos em todos os seus níveis: estratégicos, táticos e operacionais. Os diretores da empresa, gerentes (de forma geral), gerentes de projetos e outras partes interessadas no negócio (que são as pessoas envolvidas com a gestão, de modo geral)precisam desses conhecimentos básicos como uma forma de pré-requisito para efetivação da gestão de projetos. Portanto, conhecer esses processos é fundamental e primordial para quem pretende ser gestor de um projeto. A literatura de referência, quando se trata de gestão de processos, é o Guia para o Gerencia- mento de Processos de Negócio – Corpo Comum de Conhecimento (BPM CBOK) e também o Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (PMBOK). O Project Management Institute (PMI), uma das instituições mais respeitadas na formação de gestores de projetos, aponta que cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) global é investido na execução de projetos. Não temos condições, nem tempo para explicar sobre o PMBOK de forma completa aqui, já que o Guia PMBOK possui mais de 600 páginas. Portanto, 3737 para saber como aplicar gestão ao desenvolvimen- to do projeto, vamos tratar dos cinco processos abordados no guia para gerenciamento de projetos. Como aplicar os cinco grandes processos para gerenciamento de projetos Vamos começar relembrando algo importante que estudamos anteriormente. Você se lembra da definição de gerenciamento de projetos, segundo o Guia PMBOK? “Gerenciamento de projetos é a aplicação do conhecimento, habilidades, ferra- mentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos”. E o guia continua, explicando como esse geren- ciamento pode ser realizado. O gerenciamento de projetos é realizado através da aplicação e integração apropriadas dos 47 pro- cessos de gerenciamento de projetos, logicamente agrupados em cinco grupos de processos, focando dez áreas de conhecimento. Esses cinco grupos de processos são: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento/controle e Encerramento. 3838 Figura 15: Os cinco grandes grupos de processos para gerencia- mento de projetos utilizando de 47 processos em dez áreas de conhecimento. Iniciação Planejamento ExecuçãoMonitoramento e controle Encerramento Integração Escopo Tempo Custos Qualidade RH Comunicação Riscos Aquisições Partes Interessadas Fonte: elaborado pelo autor 3939 Integração Escopo Tempo Custos Qualidade Recursos Humanos Comunicações Riscos Aquisições Partes Interessadas Totais 1 1 2 1 4 6 3 1 1 1 5 1 1 24 1 1 3 1 1 1 8 1 1 1 1 11 1 2 2 2 1 1 1 1 6 6 7 4 3 4 4 6 4 3 47 47 processos entre os cinco grandes grupos de processos utilizando as dez áreas de conhecimento� Iniciação Planejamento Execução Controle Encerramento Total No mapa acima podemos entender como funciona a estrutura do PMBOK. Perceba os cinco grandes grupos de processos que todo projeto possui: 1) Iniciação 2) Planejamento 3) Execução 4) Controle (Monitoramento) 5) Encerramento Em cada um desses processos o mapa mostra como a área de conhecimento é utilizada em uma determinada fase do projeto. Por exemplo, a fase de planejamento. 4040 Perceba – pelo fato de todas as áreas de co- nhecimento estarem envolvidas e também pela quantidade de processos, 24 no total – que a fase de planejamento do projeto é crucial para seu su- cesso. O planejamento é fundamental para obter êxito no gerenciamento de projetos. Outra coisa interessante de se observar no mapa é que a área de conhecimento mais aplicada no gerenciamento de projetos é o tempo. Acredito que agora você passa a ter uma compre- ensão macro do que é o gerenciamento de projetos, a partir da visão do PMBOK. Planejar o projeto é de suma importância. Planejar o tempo de execução e depois controlar o tempo de execução também é fundamental. Agora, observe o mapa abaixo. Ele foi criado para você ter uma visão holística e perceber como os cinco grandes processos para gerenciamento de projetos são aplicados. Esse mapa mostra os cinco processos que temos de utilizar para gerenciamento de qualquer projeto, segundo o PMBOK. Destaque também para o mapa das áreas de conhecimento, que são tratadas em cada um dos grandes processos e, dentro deles, os 47 processos que, se realizados a contento, permitirão que o projeto, ao seu término, alcance as metas estipuladas pela organização. 4141 Áreas de conhecimento Desenvolver o plano de gerenciamento Planejar o gerenciamento do escopo Coletar requisitos Definir o escopo Criar a EAP Planejar o gerenciamento de riscos Desenvolver o termo de abertura do projeto Planejar o gerenciamento do cronograma Definir as atividades Planejar o gerenciamento dos RH Estimar os recursos das atividades Planejar o gerenciamento dos custos Sequenciar as atividades Estimar as durações das atividades Estimar os custos Desenvolver o cronograma Determinar o orçamento Planejar o gerenciamento da qualidade Identificar os riscos Planejar o gerenciamento comunicações Realizar análise qualitativa dos riscos Planejar o gerenciamento requisições Realizar análise quantitativa dos riscos Planejar o gerenciamento das partes int. Planejar as respostas aos riscos Orientar e gerenciar o trabalho projeto Conduzir as aquisições Gerenciar o engajamento das partes int. Realizar a garantia da qualidade Encerrar o projeto ou a fase Mobilizar a equipe do projeto Desenvolver a equipe do projeto Gerenciar a equipe do projeto Gerenciar todas as comunicações Encerrar as aquisições Identificar as partes interessadas Monitorar e controlar o trabalho do projeto Controlar a qualidade Validar o escopo Validar o escopo Controlar os riscos Controlar o engajamento das partes int. Controlar as aquisições Controlar as comunicações Controlar os custos Controlar o cronograma Realizar o controle integrado das mudanças Integração Escopo Tempo Custos Qualidade Recursos Humanos Comunicações Riscos Aquisições Partes Interessadas Processos de Planejamento Processos de Execução Processos de Monitoramento e Controle Processos de Encerramento Processos de Iniciação 4242 Figura 16: Áreas de Conhecimento segundo o PMBOK. Áreas de conhecimento Integração Escopo Tempo Custos Qualidade Recursos Humanos Comunicações Riscos Aquisições Partes Interessadas Fonte: Elaborado pelo autor. 4343 Figura 17: Processos de Planejamento segundo o PMBOK. Desenvolver o plano de gerenciamento Planejar o gerenciamento do escopo Coletar requisitos Definir o escopo Criar a EAP Planejar o gerenciamento de riscos Planejar o gerenciamento do cronograma Definir as atividades Planejar o gerenciamento dos RH Estimar os recursos das atividades Planejar o gerenciamento dos custos Sequenciar as atividades Estimar as durações das atividades Estimar os custos Desenvolver o cronograma Determinar o orçamento Planejar o gerenciamento da qualidade Identificar os riscos Planejar o gerenciamento comunicações Realizar análise qualitativa dos riscos Planejar o gerenciamento requisições Realizar análise quantitativa dos riscos Planejar o gerenciamento das partes int. Planejar as respostas aos riscos Processos de Planejamento Fonte: Elaborado pelo autor. 4444 Figura 18: Processos de Execução e Processos de Encerramento segundo o PMBOK. Orientar e gerenciar o trabalho projeto Conduzir as aquisições Gerenciar o engajamento das partes int. Realizar a garantia da qualidade Encerrar o projeto ou a fase Mobilizar a equipe do projeto Desenvolver a equipe do projeto Gerenciar a equipe do projeto Gerenciar todas as comunicações Encerrar as aquisições Processos de Execução Processos de Encerramento Fonte: elaborado pelo autor 4545 Figura 19: Processos de Iniciação segundo o PMBOK. Desenvolver o termo de abertura do projeto Identificar as partes interessadas Processos de Iniciação Fonte: elaborado pelo autor Figura 20: Processos de Monitoramento e Controle segundo oPMBOK. Monitorar e controlar o trabalho do projeto Controlar a qualidade Validar o escopo Validar o escopo Controlar os riscos Controlar o engajamento das partes int. Controlar as aquisições Controlar as comunicações Controlar os custos Controlar o cronograma Realizar o controle integrado das mudanças Processos de Monitoramento e Controle Fonte: elaborado pelo autor 46 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo, falamos de assuntos extremamente importantes, dentro do gerenciamento de um pro- jeto. Começamos estudando os riscos do projeto e descobrimos que eles podem ser tratados e administrados. Você aprendeu também que há riscos positivos para o projeto e riscos negativos. Independentemente do tipo, eles podem ser gerenciados e aprendemos como identificá-los, analisá-los e como planejar as respostas aos possíveis riscos. Aprendemos, portanto, como gerenciar os riscos de um projeto. Outro ponto importante é a questão da gestão. Você percebeu a importância de ser um bom gestor e agora saberá como aplicar a gestão nos projetos com que trabalhar em sua vida profissional. Focamos também os cinco grandes processos, que nos ajudam a conduzir e a gerenciar qualquer tipo projeto, de qualquer segmento, de qualquer tamanho, quaisquer que sejam seus objetivos. Verificamos como utilizar as dez áreas de co- nhecimento dentro dos processos de Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento/Controle e Encerramento. Como conclusão, você verificou um mapa que permite uma visão abrangente de como utilizar os 47 47 processos do PMBOK para gerenciar qualquer tipo de projeto. Sabemos que a gestão de projetos e processos dentro das organizações tende a crescer, e todos que se interessam e querem atuar nesse seg- mento precisam estar preparados para grandes oportunidades e também para grandes desafios. Desejo-lhe boa sorte! Referências Bibliográficas & Consultadas ABPMP. Association of Business Process Professionals. Guia para o gerenciamento de processos de negócio: corpo comum de conhecimento (BPM CBOK). Brasília, 2013. CAVALCANTI, R. Modelagem de processos de negócios: roteiro para realização de projetos de modelagem de processos de negócios. Rio de Janeiro: Brasport, 2017. [Biblioteca Virtual] CRUZ, T. Manual para gerenciamento de processos de negócio: metodologia DOMP™: (documentação, organização e melhoria de processos). São Paulo: Atlas, 2015. [Minha Biblioteca] INFOMONEY. Elon Musk: o homem por trás dos projetos mais audaciosos dos últimos tempos. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/ perfil/elon-musk. Acesso em: 19 fev. 2021. MEREDITH, J. R.; MANTEL, S. J. Administração de projetos: uma abordagem gerencial. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. [Minha Biblioteca] MUNHOZ, A. S. Fundamentos de tecnologia da informação e análise de sistemas para não analistas� Curitiba: Intersaberes, 2017. [Biblioteca Virtual] PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, INC. Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (PMBOK). 5. ed. Pensilvânia: Newtown Square, 2013. REZENDE, D. A.; ABREU, A. F. Tecnologia da informação aplicada a sistemas de informação empresariais: o papel estratégico da informação nas empresas. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2013. [Minha Biblioteca] TACHIZAWA, T.; SCAICO, O. Organização flexível: qualidade na gestão por processos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2006. TURBAN, E.; VOLONINO, L. Tecnologia da informação para gestão: em busca do melhor desempenha estratégico e operacional. 8. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. [Minha Biblioteca] VALLE, R.; OLIVEIRA, S. B. Análise e modelagem de processos de negócio: foco na notação BPMN. (business process modeling notation). São Paulo: Atlas, 2013. [Minha Biblioteca] Introdução Gerenciamento de riscos Considerações finais Referências Bibliográficas & Consultadas
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