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Metodologia de pesquisa científica E-book 1 Bruna Borba Neste E-book: Introdução ���������������������������������������������������� 3 Conhecimentos ������������������������������������������ 5 Conhecimento popular ou senso comum ������������� 7 Conhecimento filosófico ��������������������������������������10 Conhecimento religioso ���������������������������������������12 Conhecimento científico ��������������������������������������13 Metodologia Científica: definição e abordagens ������������������������������������������������ 22 A pesquisa ������������������������������������������������������������25 Métodos de abordagem ���������������������������������������28 A importância das pesquisas para a produção de conhecimento �������������36 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������38 Síntese �������������������������������������������������������� 40 O que é Metodologia Científica? 2 E-book 1 INTRODUÇÃO Olá, estudante� Iniciaremos a disciplina de Metodologia Científica, na qual você aprenderá o que é ciência, a sua relação com a construção de conhecimento e as etapas de desenvolvimento de um estudo científico. O conhecimento científico nos ajuda a descortinar o mundo à nossa volta, com- preendê-lo mais, questioná-lo e modificá-lo. Já se perguntou como as teorias são elaboradas? Como é feito o avanço tecnológico? O que precisa ser feito para se desenvolver uma pesquisa como monografia ou tese? Nesta disciplina você poderá responder essas e outras perguntas e conhecer mais sobre diferentes métodos existentes para a realização do estudo científico. Sabemos que existem diversos tipos de conheci- mento, como aquele que adquirimos ao longo de nosso crescimento, na relação com nossos familia- res e colegas, em que vamos acumulando saberes em relação à realidade que nos cerca. Esse conheci- mento adquirido na vida cotidiana, passado de gera- ção a geração, é chamado de senso comum. O senso comum envolve um conjunto de conhecimentos que são compartilhados por grupos e são importantes, pois através dele trocamos experiências. Contudo, será o senso comum o único tipo de co- nhecimento existente? Será que o conhecimento vindo do senso comum é suficiente para explicar os fenômenos naturais e sociais, investigar possíveis 3 avanços para tratamentos de doenças e planejar melhores formas de organizar o meio urbano? Para refletirmos sobre isso é necessário primeiro problematizar o que é o conhecimento e as formas de desenvolvê-lo e compartilhá-lo. A ciência é um campo fundamental nesse processo e produzirá um tipo de conhecimento específico, com critérios que contribuem para aprofundarmos o saber sobre determinados assuntos� Neste módulo você poderá conhecer o que é ciência e Metodologia Científica, diferenciar o conhecimento popular do conhecimento científico, os métodos existentes para realização de investigações e estu- dos e a importância disso para o desenvolvimento da sociedade e das várias áreas do conhecimento que fazem parte da realidade em que vivemos. 4 CONHECIMENTOS Quando sabemos que conhecemos alguma coisa? Afirmações como eu conheço o assunto, conheço esse lugar ou conheço bem essa pessoa são co- muns no nosso dia a dia e referem-se à capacida- de de descrevermos com maior profundidade algo. Conhecer, na definição formal, implica em “ter ou adquirir informações sobre alguma coisa; ter noção, ideia ou conhecimento sobre algo; saber; ter ciên- cia ou consciência de algo” (MICHAELIS, 2019). Em outras palavras, conhecer significa ir além das apa- rências sobre determinado fenômeno; ultrapassar a barreira do aparente e superficial para adentrar um campo mais aprofundado� Conhecer é atividade especificamente hu- mana. Ultrapassa o mero “dar-se conta de”, e significa a apreensão, a intepretação. Conhecer supõe a presença de sujeitos, um objeto que suscita sua atenção compreen- siva; o uso de instrumentos de apreensão; um trabalho de debruçar-se sobre. Como fruto desse trabalho, ao conhecer, cria-se uma representação do conhecido – que já não é mais o objeto, mas uma construção do sujeito. O conhecimento produz, assim, modelos de apreensão – que por sua vez vão instruir conhecimentos futuros (FRANÇA, 1994, p. 140). 5 Conhecer, então, envolve necessariamente sujeitos (pessoas) que se debruçam para conhecer algo, um objeto que deverá ser foco dessa investigação (o quê? quem?), instrumentos e meios para investigar (como?) e a atitude de investigar, entrando em con- tato com aquilo que será estudado� REFLITA Quando você quer conhecer mais algum assun- to, como costuma fazer? Que meios utiliza para encontrar mais informações? Diversas formas de conhecimento foram desenvol- vidas ao longo da história com o intuito de compre- ender, interpretar e explicar como as coisas aconte- ciam. Falamos brevemente sobre o senso comum, forma popular de conhecimento, e agora poderemos nos debruçar mais sobre esse assunto. 6 Conhecimento popular ou senso comum No nosso cotidiano, nos deparamos com situações e pessoas diversas. Ao longo de nosso crescimento, aprendemos o que são as coisas e como elas fun- cionam, e esse aprendizado advém tanto da nossa experiência como da experiência de outras pessoas com as quais convivemos e que nos transmitem seu conhecimento sobre determinado assunto� O conhecimento advindo do senso comum refe- re-se ao contexto cultural que o origina e possui significado próprio neste contexto. Imagine que no Brasil temos uma série de costumes característicos da nossa realidade, um jeito próprio de explicar as coisas, diferentemente de outros lugares que criam saberes sobre seu contexto específico. Esse tipo de conhecimento não requer uma com- provação e pode ser passado de geração a geração quando estabelecido� Grande parte das pessoas possui, por exemplo, uma receita infalível para dor de garganta aprendida com a avó, ou acerta uma bolinha de papel no lixo estando a certa distân- cia dele, sem necessariamente fazer cálculos para isso. O senso comum produz suas próprias teorias e, ao mesmo tempo, apropria-se de conhecimentos produzidos por diversos campos, simplificando-os (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Essa simplifica- ção não abarca a complexidade do conhecimento, 7 mas o populariza, passando este a fazer parte do cotidiano� Utiliza-se frequentemente a palavra estresse para expressar uma forma de se sentir frente a uma si- tuação, ou mesmo atribui-se a definição deprimido no dia a dia para explicar um estado de humor per- cebido por uma pessoa. Termos como esses, que se desenvolveram por meio de estudos aprofundados, passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, o que mostra a aproximação com o conhecimento científico, mas, muitas vezes, de maneira superficial e generalizante� Ao mesmo tempo, é na realidade cotidiana que surgem os questionamentos que são investigados através de estudos científicos. Por meio da vivência e experiência, estudiosos, no decorrer da história, passaram a problematizar como, de que forma e por que certas coisas aconteciam e, a partir disso, criaram formas de estudar tais assuntos para me- lhor compreendê-los. Assim, a relação entre ciência e cotidiano é muito próxima: a realidade nos leva a questionar e buscar o conhecimento para além das aparências. Contudo, uma vez produzido, o conhe- cimento científico carrega importantes diferenças em relação ao senso comum, que serão abordadas neste módulo. 8 Figura 1: Senso comum envolve o conhecimento desenvolvido no cotidiano e transmitido de geração a geração. Fonte da imagem: https://unsplash.com/photos/3iz7U48P0Ns 9 Conhecimento filosófico Um importante saber desenvolvido ao longo da his- tória da humanidade é o conhecimento filosófico, que tem como base o questionamento como atitude essencial. Como colocado no tópico anterior, as pes- soas e grupos produzem um conhecimento chamado de senso comum, desenvolvendo cotidianamente uma série de respostas, crenças esaberes advindos da realidade, da tradição e da experiência; produzem uma série de verdades sobre os comportamentos� Ao invés de afirmar o que são e como ocorrem de- terminadas coisas, a filosofia propôs, ao longo da história, a indagação sobre o que são as crenças e como as desenvolvemos, o que são os valores morais e éticos que adotamos e, enfim, o que são e por que ocorrem processos que atribuímos como verdades na realidade em que vivemos. Esse desejo, de conhecer de forma aprofundada, re- quereu um distanciamento do fenômeno para poder compreendê-lo, de maneira a questioná-lo e ques- tionar a si mesmo� Chama-se essa forma de apre- ender os fenômenos através de questionamentos aprofundados de atitude filosófica (CHAUÍ, 2000). Segundo a autora, filosofia seria: 10 A decisão de não aceitar como óbvias e evi- dentes as coisas, as ideias, os fatos, as si- tuações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreen- dido. Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações” (CHAUÍ, 2000, p. 9). A atitude filosófica envolve uma postura ativa de questionamento e a negação às respostas vindas do senso comum, constituindo uma postura críti- ca frente à realidade e o olhar racional sobre ela� A filosofia situa-se na base da ciência, pois os ques- tionamentos e reflexões feitas por meio da atitude filosófica, bem como as respostas encontradas, de muito impulsionaram ou subsidiaram o conheci- mento científico produzido, que objetivará encontrar respostas fidedignas através de caminhos espe- cíficos (CHAUÍ, 2000). Assim, há diferenças entre a preocupação filosófica e a científica, mas uma é base constitutiva da outra. Saiba mais o romance norueguês O mundo de Sofia (1991), transformado em filme (1999), apresenta de for- ma poética a atitude filosófica na vida de uma garota, através de uma viagem pela história. 11 Conhecimento religioso O conhecimento religioso foi e é presente no con- texto das várias culturas ao redor do mundo. Com o objetivo de compreender o universo, tal como a filosofia, o conhecimento religioso diferencia-se desta, pois se volta à confiança e fé no divino, con- siderando princípios irracionais e não-verificáveis (CHAUÍ, 2000). Tal conhecimento tem como base as doutrinas sa- gradas e dogmas e organiza-se através de diferentes religiões, com suas características, crenças e rituais próprios. As religiões apresentam verdades sobre a origem, o significado do mundo e sua finalidade, além de um conjunto de regras que organizam, ex- plicam e sustentam os preceitos defendidos e sua relação com a realidade. No século 19 surge a área, compreendida no cam- po das ciências humanas e sociais, chamada ciên- cias da religião, formulada por Friedrich Max Müller (1823-1900). As ciências da religião voltam-se ao estudo da história das religiões e religiões compa- radas nas diferentes culturas, buscando compreen- der seu surgimento e desenvolvimento ao redor do mundo. Aponta-se a diferença entre os dois campos: conhecimento religioso como aquele pautado na verdade e crenças da fé e as ciências da religião como o estudo das religiões através da história e da cultura� 12 Conhecimento científico Até agora buscamos diferenciar tipos de conhe- cimento para compreender o que caracterizará o conhecimento científico. Desde cedo na vida escolar entramos em contato com as ciências. São as ciências naturais e bioló- gicas, ciências exatas, ciências humanas e ciências sociais que fazem parte das disciplinas escolares e que, posteriormente, no Ensino Superior, diferen- ciam os campos profissionais que escolhemos. Além disso, no dia a dia nos deparamos com a produção científica de variadas formas: nos aparelhos ele- trônicos cada vez mais avançados, nas pontes e túneis que acessamos durante o tráfego na cidade, nos alimentos que consumimos e nos projetos so- ciais que são desenvolvidos para abarcar demandas da sociedade, entre outros inúmeros exemplos que constituem nosso cotidiano� Cada um desses campos, apesar de compartilhar uma série de procedimentos para a produção cientí- fica, possui características próprias; o objetivo aqui é compreendermos algumas das características em comum existentes entre eles para a produção científica. 13 Figura 2: A ciência está presente nos diferentes campos do conhe- cimento. Fonte: https://unsplash.com/photos/ZSPBhokqDMc Como falamos no início, a produção científica está diretamente relacionada com a produção de co- nhecimento. Tentar definir o que é ciência é uma tarefa complexa e ousada, pois as compreensões e princípios muitas vezes divergem entre as áreas e os cientistas, o que torna difícil chegar a uma só resposta� A palavra ciência vem do latim scientia, traduzido como conhecimento. Considera-se então a ciência como o conhecimento, ou conjunto de conhecimen- tos, acerca de um ou mais objetos, ou seja, sobre algum elemento e/ou fenômeno presente na realida- de que o cientista se propõe a investigar, descrever, compreender, explicar e analisar para além das suas aparências iniciais e superficiais. 14 A origem da noção de ciência ocorreu na Grécia, sob a contribuição de Aristóteles (384-322 a.C.), onde, através da lógica e observação dos fenôme- nos, sua necessidade era demonstrada (CASARIN; CASARIN, 2012). Contudo, essa noção estava inse- rida na proposta filosófica de olhar sobre a realidade e o discurso mostrava-se mais significativo do que a preocupação com uma investigação empírica. Já na Idade Média, o conflito com as ideias religiosas cristãs, que defendiam uma verdade baseada na fé, passou a ser mais acentuado. Houve progresso cien- tífico no período, ao mesmo tempo em que existiu a perseguição e execução de pensadores que questio- navam o saber religioso (CASARIN; CASARIN, 2012). Nota-se significativa mudança no saber científico a partir do século 16, quando o método empírico passa a ser o predominante. A organização e a sistemati- zação fazem parte desse paradigma, que teve como importante pioneiro Francis Bacon (1561-1626), pos- teriormente ratificadas por Galileu (1564-1626) e Newton (1642-1727), dentre outros. 15 De maneira sintética, destacamos alguns dos pres- supostos do método empírico: Identificação de um fenômeno e experimentação (experiência) com base na observação Formulação de hipóteses (proposições e suposições) Confirmação, por meio da repetição do experimento e das hipóteses previamente estabelecidas 1 2 3 Figura 3: Etapas do método empírico. Fonte: elaborado pela autora, com base em Casarin e Casarin (2012). Essa proposta manteve-se aceita por bastante tem- po e, em determinadas áreas, até os dias de hoje� O conceito de scientia, portanto, apenas podia ser atribuível a um determinado tipo de conhecimento: ao que se possuía o sa- ber correto, diferente de outros pretensos conhecimentos que não o possuíam, que não podiam ser scientia. E como havia vá- rios conhecimentos, e se um era correto e 16 os outros não, havia a necessidade de se descobrir algum meio ou algum critério que distinguisse o correto do não correto, isto é, a ciência da não ciência (KOCHE, 2004, p. 67, grifo do autor). Já nos séculos 17 e 18, os filósofos John Locke (1632-1704) e David Hume (1711-1776), dentro da proposta empirista, questionaram a ideia de indu- ção, apontando que deveriam ser garantidas certas condições para a determinação de leis gerais so- bre os fenômenos� Dentre esses questionamentos, destaca-se: a) a necessidade de um alto número de observações e b) a variação das condições de produção do fenômeno, processos esses que nem sempre eram realizados� Ainda assim, seguiu-se adotando o método empírico e problematizando a possibilidade de encontrar-se, de forma indutiva, uma explicação única e geral. Como falamos no início, há especificidades no co-nhecimento produzido por cada área e as ciências humanas, por exemplo, questionaram a busca por uma única verdade ou lei geral para apreender os fenômenos relacionados às relações humanas. Atualmente, reafirma-se que deve haver rigor cien- tífico na construção de conhecimento, e o planeja- mento é parte importante deste processo� Contudo, houve avanços nas concepções das formas de fazer ciência e sua função, ampliando-se para além do 17 método empírico, como abordaremos nos módulos seguintes� REFLITA Que grandes contribuições da ciência foram re- alizadas desde o século 15 até os dias de hoje no seu campo de estudo? Faça uma pesquisa na internet e procure encontrar informações sobre os avanços nos últimos 6 séculos na sua área. Hoje há concordância sobre certos pressupostos: a) Busca-se ampliar o conhecimento teórico, a partir de hipóteses formuladas ou reformuladas ao longo do estudo; b) Organização através de um sistema planejado e articulado, que permita ao pesquisador perceber e demonstrar as correlações existentes entre o ob- jeto de estudo e as variáveis com as quais ele se relaciona; c) A possibilidade de descrição e verificação das condições sob as quais ocorre um fenômeno e suas variáveis; d) Busca-se produzir respostas fidedignas, ou seja, de confiança, mas também o questionamento das mesmas, sendo possível revê-las e reformulá-las através de novos estudos e hipóteses, ou mesmo da revisão dos estudos já feitos; 18 e) Busca-se produzir um conhecimento relevante tanto para o quadro teórico no qual se insere quanto para a sociedade� É possível produzir-se conhecimento sobre tudo, ao mesmo tempo? É possível contemplar-se, em um único estudo, tudo que se relaciona ao objeto que nos propomos a investigar? O que as diversas áreas do conhecimento foram percebendo ao lon- go do tempo é que não. Como aponta Freire-Maia (1990, p. 24): Ciência é um conjunto de descrições, inter- pretações, teorias, leis, modelos, visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que re- sulta da ação deliberada de uma metodolo- gia especial (metodologia científica) (grifos nossos). Dessa forma, a ciência se debruça sobre o conhe- cimento de fenômenos por meio da realização de pesquisas científicas, que possuem metodologias próprias para sua realização. A pesquisa científica pretende produzir ciência, conhecimento. Para que esse estudo seja elaborado de maneira aprofundada e organizada, passível de apreender os diversos ele- mentos correlacionados, é necessário selecionar-se o que estudar e de que forma; por isso o autor afirma que o estudo refere-se a uma parcela da realidade: para que seja possível aprofundá-la, mensurá-la e compreendê-la. 19 A complexidade dos objetos de estudo, muitas ve- zes, contempla áreas do conhecimento variadas. Se pensarmos no uso de carros, por exemplo, podemos compreender que existe a engenharia e a mecânica por trás de seu funcionamento; existem as habilida- des motoras e cognitivas para manuseá-lo; existe o impacto do uso no ambiente urbano e existem as leis que regem o funcionamento coletivo do tráfego de veículos na cidade. Assim, é importante considerar-se que um mesmo objeto – no caso, o carro – pode ser visto através de diferentes pontos de vista e esses pontos de vista são as áreas do conhecimento que produzem sabe- res a partir de suas teorias e metodologias próprias. A interdisciplinaridade é uma modalidade rica na produção de conhecimento, contudo existem tam- bém critérios para sua execução. Figura 4: O estudo científico volta-se à apreensão de aspectos da realidade. “Quer dizer, se os pontos de partida são diversos, os re- 20 sultados serão igualmente diversos” (DEMO, 1985, p. 15). Fonte: pexels.com. Dentre as áreas do conhecimento científico estão: ciências humanas, ciências sociais aplicadas, ci- ências exatas e da terra, ciências da saúde, ciên- cias biológicas, ciências agrárias, engenharias, lin- guística, letras e artes� Falamos inicialmente que nosso objetivo é apresentar eixos que atravessam as diferentes áreas no que se refere aos aspectos metodológicos; contudo, é importante ressaltar-se que há particularidades da produção de pesquisa em cada campo, características próprias, bem como modalidades metodológicas específicas. Quer conhecer outras características do conheci- mento científico? Acesse o PODCAST 1. Podcast 1 21 https://famonline.instructure.com/files/70235/download?download_frd=1 METODOLOGIA CIENTÍFICA: DEFINIÇÃO E ABORDAGENS Para melhor definir o que é Metodologia Científica, comecemos refletindo sobre o que é o método� O ter- mo método, tal como outros do campo da ciência, foi apropriado pelo senso comum e passou a fazer parte das referências cotidianas. Dizemos que temos um método próprio de arrumar a casa ou de educar os filhos, que a empresa em que trabalhamos utiliza um método de trabalho; em outras situações, dizemos que nós, ou pessoas que conhecemos, são metó- dicas. Todos esses exemplos parecem apresentar um significado em comum para a palavra método: um modo ou meio de realizar algo� Método, de origem grega Methodos, significa ca- minho (através de) para chegar a um fim. Através de um ou mais métodos, então, podemos construir trajetos para alcançar certos objetivos. A ciência uti- liza-se do método científico. Esse método, além de diferenciar-se do senso comum, permite diferenciar- -se a ciência de outros campos, como a filosofia e a religião, e se refere a um conjunto de procedimentos para se compreender as relações existentes entre determinados fenômenos (SEVERINO, 2010). Para Gil (2006, p. 26), método científico é o “conjunto de 22 procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”. Considerando-se isso, Metodologia Científica é a disciplina que estuda os diferentes métodos cien- tíficos, e o metodólogo é o estudioso que investiga, desenvolve e aprofunda as diversas possibilidades de métodos. De acordo com Demo (1985, p. 19): Metodologia é uma preocupação instrumen- tal. Trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. A finalidade da ciência é tra- tar a realidade teórica e praticamente. Para atingirmos tal finalidade, colocam-se vários caminhos. Disto trata a metodologia. É um erro supe- restimar a metodologia, no sentido de cuidar mais dela do que de fazer ciência. O mais im- portante é chegarmos aonde nos propomos chegar, ou seja, a fazer ciência. A pergunta pelos meios de como chegar lá é essencial também, mas é especificamente instrumen- tal. Somente o metodólogo profissional faz dela sua razão de ser, principalmente o filó- sofo da teoria do conhecimento. Mas, para o cientista em geral, é apenas disciplina auxiliar. 23 A produção científica tem na metodologia uma aliada fundamental: é através de caminhos planejados e desenvolvidos que chegamos a um novo conheci- mento, ou ao avanço de um conhecimento já exis- tente. Se a ciência quer desvendar e apreender a realidade, a metodologia contribui com os meios de chegar a isso (DEMO, 1985). Como aponta Luna (2011), a metodologia não pos- sui um status próprio, ela é sempre definida em um contexto teórico-metodológico; assim, torna-se co- erente discutir metodologia como uma disciplina inserida em um quadro de referência teórico, ou seja, relativo a um conjunto de saberes sobre determi- nado assunto/campo, pautado por pressupostos epistemológicos. 24 A pesquisa A pesquisa será, então, a atividade central para a produção científica, para desvendar a realidade além de suas aparências. Pesquisa ocorre em um proces- so. Para tanto, requer organização e planejamento. Pesquisar envolve o desenvolvimento de etapas su- cessivas; mas, por mais que pareça um processo linear (uma etapa seguida de outra), é necessário, muitas vezes, reformular e modificar os caminhos a princípio traçados. Figura 5: https://www.pexels.com/photo/laptop-computer-ma-cbook-apple-7361/ No quadro a seguir, vemos a classificação proposta por Demo (1985) de quatro linhas gerais de pesqui- sa: pesquisa teórica, pesquisa metodológica, pes- quisa empírica e pesquisa prática� 25 Linhas de pesquisa Características Realização Teórica - Propõe e desvenda quadros teóricos - Investiga as defini- ções conceituais nos diferentes campos - Forma quadros teóricos que passam a ser referências para o pesquisador - Através do domínio de con- ceitos e ideias centrais de uma disciplina - Domínio sobre a bibliografia e au- tores, para apre- ender a produção já existente no campo - Desenvolvimento de olhar crítico sobre a produção científica, propi- ciando o avanço teórico e o diá- logo com outros teóricos Metodológica - Refere-se ao estudo dos instrumentos de apreensão e manipu- lação da realidade - Através da problematiza- ção das vias do conhecimento - Desenvolvimento de outros ca- minhos para a produção cientí- fica, com vistas a um conhe- cimento mais aprofundado 26 Empírica - Direciona-se à dimensão experimen- tal e observável dos fenômenos - Compromete- se com variáveis controláveis -Tende a ser quantitativa - Manipulação de fatos concretos - Tradução de re- sultados em dados mensuráveis Prática - Busca evidenciar horizontes que não tinham sido percebi- dos no campo teórico e as “surpresas à revelia da teoria” - Faz-se através da ação prática de possíveis ideias ou posições teóricas. Tabela 1: Linhas de pesquisa. Fonte: elaborado pela autora, baseada em Demo (1985). O autor versa sobre as linhas de pesquisa em ci- ências humanas e sociais. No campo das ciências exatas, a mensuração de dados e informações tem outra importância. Através de cálculos, elaboração de fórmulas, da estatística aplicada e do estudo de amostragens de uma população, entre outros, é pos- sível chegar com precisão a resultados fidedignos. As ciências biológicas e da saúde se debruçarão sobre o estudo da vida, desde a atividade molecular ao desenvolvimento de ecossistemas completos e o cuidado em saúde� Para tanto, há uma grande possibilidade de métodos a se empregar, incluindo os desenvolvidos tecnologicamente. As abordagens metodológicas para a realização das pesquisas cien- tíficas partem de diferentes pressupostos e formas de raciocinar sobre o objeto de estudo� 27 Métodos de abordagem No contexto da Metodologia Científica há os cha- mados métodos de abordagem, que são raciocínios adotados na produção da pesquisa, a maneira de aproximar-se do objeto de estudo. Vimos as quatro linhas gerais da pesquisa; dentro delas, podemos realizar os estudos através de meios diversos, que analisaremos a seguir� Método indutivo O método indutivo tem como proposta encontrar possíveis generalizações e conclusões mais abran- gentes para fenômenos particulares� Busca am- pliar resultados e encontrar leis gerais para os fatos, através de alguns procedimentos, com destaque à observação e experimentação. Como vimos ante- riormente, a experimentação aparece como método desde os primórdios da ciência, e o método indutivo, consolidado por Bacon, aparece nas premissas de filósofos tempos antes. A atitude, nessa perspecti- va, vai do sujeito em relação ao objeto de estudo e caracteriza-se como procedimento voltado à gene- ralização, do particular para o que abrange o todo. Destacam-se as etapas: 28 1. Observação sistemática do fenômeno que se pretende estudar; 2. Classificação das descobertas observadas; 3. Hipótese (proposições e suposições prévias); 4. Experimentação (teste e análise para verificação das hipóteses); 5. Comparação (classificação e análise em condi- ções semelhantes); 6. Generalização (desenvolvimento de leis gerais a partir dos dados obtidos). É importante ressaltarmos que a generalização é uma etapa delicada, pois é preciso garantir-se que as condições que se pretende analisar sejam as mesmas, assegurando a veracidade dos resultados obtidos. Relações causais (causa-efeito) podem ser estabelecidas a partir desse método, desde que os critérios e condições de realização do estudo sejam passíveis de verificação, para constatar se deter- minadas causas produzem os mesmos efeitos se estiverem nas mesmas circunstâncias. Por exemplo: José não tem a capacidade de voar, Maria também não, Olga também não. José, Maria e Olga são seres humanos. Logo, seres humanos não possuem a capacidade de voar. Quando tratamos das ciências humanas e sociais, contudo, nem sempre essa visão determinista é apli- 29 cável, pois há uma maior variabilidade de aspectos relacionados aos fenômenos quando nos debruça- mos sobre o estudo das relações humanas. Método dedutivo Ao contrário do método indutivo, o método dedutivo parte de uma generalização, já validada pela ciência, para uma questão particular. Assim, é necessário que as questões gerais sejam consideradas válidas para que se possa afirmar o particular. A dedução pauta-se em uma relação e raciocínio lógicos entre as proposições gerais e particulares, relacionando duas premissas para se chegar a uma conclusão. Diferentemente do método indutivo, no método dedutivo, se as premissas gerais são con- sideradas verdadeiras, haverá possivelmente uma conclusão também verdadeira, havendo uma pre- visibilidade maior. Por exemplo: nenhum ser humano possui a capa- cidade de voar. José é um ser humano, logo, José não voa. REFLITA Indução e dedução são caminhos possíveis para a construção de conhecimento em certas áreas. Pense em algum conhecimento que você possua que tenha sido descoberto através de uma des- sas abordagens� 30 Método Hipotético-dedutivo O método hipotético-dedutivo, desenvolvido por Karl R Popper, busca, ao mesmo tempo, criticar os pressupostos indutivos enquanto utiliza-se de sua proposta de experimentação e a relaciona com o pressuposto lógico do método dedutivo. Parte da construção de hipóteses para buscar resolver um problema científico. Para tanto, aponta como caminho: 1. Construção de hipóteses sobre um determinado problema; 2. Busca de solução ou resposta para esse problema; 3. Questionamento e falseamento dessas hipóte- ses, através de observação e experimentação; 4. E, por fim, a validação e comprovação (ou não) dessas hipóteses. Diferentemente dos métodos anteriores, o hipotéti- co-dedutivo busca questionar as próprias hipóteses como caminho para sua verificação, até o momento em que sejam (ou não) refutadas, admitindo essa possibilidade. Popper apontava para a criação de probabilidades sobre os fenômenos e não para a busca de verdades. 31 Método dialético A palavra dialética tem origem na palavra grega dia- lektiké, que significa diálogo, e implica no embate de ideias. O método dialético pressupõe apreender o movimento de contrários existente nas ideias e na realidade em que vivemos, compreendendo a realidade social como totalidade e não de maneira fragmentada ou individualizada. O filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) voltava-se à dimensão idealista como base para compreensão da realidade. Hegel iden- tificou três momentos que constituem o método dialético: 1. Tese (premissas verdadeiras); 2. Antítese (negação da tese apresentada); 3. Síntese (fruto do embate teórico entre tese e antítese). Karl Marx (1818-1883), filósofo e sociólogo alemão, desenvolveu sua proposta a partir da compreen- são de que o movimento de contrários ocorre nas condições concretas de existência dos sujeitos, dimensão essa chamada de material, a partir da qual o sujeito desenvolve-se. Assim, a realidade, em permanente processo, não é fixa, mas está em constante movimento. Esse método compreende que o pesquisador deve contraditar as verdades apresentadas a ele e, a partir deste confronto de ideias, novas ideias podem surgir. 32 É necessário apontar-se as contradições existentes para o estudo do fenômeno. Nesse processo, de ne- gação da negação, há a possibilidade de criação do novo.Para tanto, é preciso analisar-se os fenôme- nos inseridos em um contexto e não isoladamente, considerando-se que as características qualitativas e quantitativas dos fenômenos estão relacionadas. Figura 6: Giornonotte, M. C. Escher, 1938. 33 Método fenomenológico O método fenomenológico foi desenvolvido por Edmund Husserl (1859-1938) e busca compreen- der como determinado fenômeno se apresenta na realidade e para aquele que o apreende� Para tanto, afasta-se de relações causais e não se prende a pressupostos sobre o fenômeno, buscando olhar para sua essência. Desde o seu desenvolvimento, o método fenomenológico foi bastante apropriado pela psicologia e outras áreas nos campos das ci- ências humanas e sociais. De acordo com Martins e Farinha (1984 apud SIANI; CORREA; LAS CASAS, 2016), há três princípios a se considerar, voltados à postura do pesquisador, para a realização de pes- quisa a partir desse método: 1. Definição do campo de investigação (direção a se investigar, doando-se àquela experiência); 2. Descrição fenomenológica (olhar rigoroso, consi- derando o que será incluído e excluído da descrição sobre o fenômeno); 3. Dialética da interpretação (interpretação que se volta à essência do fenômeno, com suspen- são de pressupostos e julgamentos por parte do pesquisador). 34 Na adoção do método fenomenológico há de se ter uma abertura por parte do pesquisador ao conte- údo que emana da pesquisa, buscando apreender- -se as significações que dali derivarão. O processo de aprofundamento das informações obtidas será chamado de “redução fenomenológica”, caminho para a busca da essência do fenômeno estudado. 35 A IMPORTÂNCIA DAS PESQUISAS PARA A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO A produção de pesquisas é considerada parte fun- damental da construção de conhecimento nos dife- rentes campos do saber� Se pretendemos aumentar o conhecimento sobre determinado assunto, desen- volver mais e melhores recursos para a resolução de problemas, promover avanços tecnológicos e contribuir com o desenvolvimento social, a realiza- ção de pesquisas torna-se atividade fundamental, devendo ser promovida e viabilizada nos diversos contextos educacionais, em especial no Ensino Superior. Espera-se que nos diferentes campos do saber tenha-se em vista a importância do com- promisso social da realização de pesquisas. Isso significa destacar-se a importância das pesquisas contemplarem, em seu desenvolvimento e objetivos, a preocupação com o avanço e transformação da sociedade� 36 Podcast 2 Falamos sobre a importância da produção de pes- quisas para a ciência e para o desenvolvimento da sociedade� Sobre o compromisso social na pesquisa cientifica, ouça o Podcast 2. 37 https://famonline.instructure.com/files/70236/download?download_frd=1 CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificamos neste módulo que existem diversos ti- pos de conhecimento� Desde o conhecimento po- pular, que aprendemos e desenvolvemos nas rela- ções cotidianas, o conhecimento religioso, que se debruçou sobre a explicação da existência através de dogmas e da fé, ao conhecimento filosófico, que partiu do questionamento sobre a realidade para buscar compreendê-la. O conhecimento científico foi desenvolvido ao longo da história da humani- dade, em comunicação com a filosofia e questio- nando as verdades do senso comum, na busca pelo aprofundamento do conhecimento para além das aparências. Para tanto, desenvolveram-se caminhos para produ- zir conhecimentos, ou seja, métodos, que partiram de diferentes pressupostos teóricos e epistemológicos para sua construção, tendo em vista objetivos va- riados, mas voltados à produção de conhecimento fidedigno e relevante. A Metodologia Científica se debruçará, como disciplina, no estudo dos vários métodos existentes para a produção científica. A pesquisa é a principal atividade para a produção de conhecimento e, por meio de métodos alicerça- dos em campos teóricos e do desenvolvimento de procedimentos, proporcionará o avanço de conhe- cimento nas diferentes áreas� Assim, a pesquisa 38 está diretamente relacionada à transformação nos âmbitos sociais e tecnológicos, já que, através do estudo aprofundado sobre os diferentes fenômenos, podemos conhecê-los e analisá-los. Os métodos indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico constituem-se como caminhos para se alcançar esses objetivos. Para você, estudante que está conhecendo mais sobre o mundo da ciência, é importante ter em vis- ta que a pesquisa é um processo inesgotável, nas diferentes áreas do conhecimento� Quando acredi- tamos que chegamos ao final da pesquisa, novas investigações se mostram importantes de serem feitas, e isso é rico para o avanço da ciência, que pensa sobre a realidade, e, assim, importante para o avanço da sociedade. Nos próximos módulos você poderá conhecer um pouco mais sobre as etapas para o desenvolvimento de pesquisas e os aspectos éticos relacionados a essa atividade. 39 Síntese Fenomenológico Compreender o fenômeno na sua essência. Dialético Apreender o movimento de contrários: tese, antítese e síntese. Indutivo Encontrar generalizações, fenômenos particulares. Dedutivo Parte de uma genera- lização para o particular. Hipotético-dedutivo Construção de hipóteses e falseamento das mesmas. Método: caminho para realização Metodologia científica é a disciplina que estuda os diferentes métodos científicos; Pesquisa: atividade central da produção científica. E-book 1 METODOLOGIA DE PESQUISA CIENTÍFICA Conhecimento Conhecer significa ir além das aparências sobre determinado fenômeno; ultrapassar a barreira do aparente e superficial para adentrar um campo mais aprofundado. Conhecimento Científico Ciência = conhecimento; Conjunto de conhecimentos acerca de um ou mais objetos, elemento e/ou fenômeno presente na realidade que o cientista se propõe a investigar e analisar para além das suas aparências iniciais e superficiais. Alguns objetivos da ciência: a) Busca-se ampliar o conhecimento teórico; b. Sistemático, capaz de demonstrar as cor- relações existentes entre o objeto de estudo e as variáveis com as quais ele se relaciona; c. Descrição e verificação das condições sob as quais ocorre um fenômeno e suas variáveis; d. Respostas fidedignas. Conhecimento popular Senso comum, vivência cotidiana, tradição. Conhecimento popular Senso comum, vivência cotidiana, tradição. Conhecimento popular Senso comum, vivência cotidiana, tradição. Referência Bibliograficas & Consultadas ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do tra- balho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. BOCK, A.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 14. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. CASARIN, H. C. S.; CASARIN, S. J. Pesquisa científi- ca: da teoria à prática. Curitiba: Intersaberes, 2012. CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000� CORREA, D. A.; LAS CASAS, A. L.; SIANI, S. R. Fenomenologia, método fenomenológico e pesqui- sa empírica: o instigante universo da construção de conhecimento esquadrinhada na experiência de vida. Revista de Administração da UNIMEP, v. 14, n. 1, jan�/abr� 2016� DEMO, P. Introdução à metodologia da ciência� 2� ed� São Paulo: Editora Atlas, 1985. FRANÇA, V. R. N. Teoria(s) da comunicação: busca de identidade e de caminhos� Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, Minas Gerais, 23� ed� p� 138-152, 1994. FREIRE-MAIA, N. A ciência por dentro. Petrópolis: Vozes, 1990. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social� 5� ed. São Paulo: Atlas, 2006 MARTINS, J.; FARINHA, S. F. M. Temas fundamentais de fenomenologia. 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