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Psicomotricidade Prof ª. Jacqueline Leire Roepke ePistemologia da Indaial – 2021 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof ª. Jacqueline Leire Roepke Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI R716e Roepke, Jacqueline Leire Epistemologia da psicomotricidade. / Jacqueline Leire Roepke. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 200 p.; il. ISBN 978-65-5663-415-9 ISBN Digital 978-65-5663-416-6 1. Psicomotricidade. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 152.334 Prezado acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático Epistemiologia da Psicomotricidade. Considerando esse título, quais foram os pensamentos que lhe vieram à mente? Você já tem alguma familiaridade com a psicomotricidade ou não tem muita segurança para explicar o que significa, ainda que já tenha lido ou estudado algo sobre ela? Neste conteúdo, esperamos que você amplie consideravelmente os seus conhecimentos acerca da psicomotricidade. Para tanto, a Unidade 1 foi elaborada para esclarecer quais são as relações entre epistemologia e psicomotricidade. Assim, você aprenderá, primeiramente sobre os conceitos “epistemologia” e, na sequência, “psicomotricidade”. Tendo cumprido essa etapa, veremos os conceitos fundamentais e as especificidades da psicomotricidade. Já na Unidade 2, nosso enfoque estará na psicomotricidade em termos de conhecimento e intervenção. Desse modo, aprenderemos sobre o conhecimento nas áreas de intervenção profissional tanto relativas à educação, quanto à clínica. Também encontraremos alguns subsídios sobre as relações da Psicomotricidade com outras formas de intervenção. Por fim, vamos nos concentrar, na Unidade 3, na formação profissional em psico- motricidade, levando em consideração aspectos teóricos, práticos e pessoais. Esperamos que seja uma leitura proveitosa e ofereça, a você, oportunidades de aprimorar algumas de suas habilidades. Bons estudos! Prof a. Jacqueline Leire Roepke APRESENTAÇÃO GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! QR CODE SUMÁRIO UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE .......1 TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA ................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 O QUE É EPISTEMOLOGIA? ................................................................................. 3 3 A UTILIDADE DA EPISTEMOLOGIA ................................................................... 16 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................25 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................26 TÓPICO 2 — PSICOMOTRICIDADE ........................................................................29 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................29 2 PSICOMOTRICIDADE ........................................................................................29 3 EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE ........................................................34 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 37 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................38 TÓPICO 3 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM PSICOMOTRICIDADE ................39 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................39 2 OS PRINCIPAIS CONCEITOS EM PSICOMOTRICIDADE ...................................39 3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM PSICOMOTRICIDADE ................................ 40 3.1 CORPO ..................................................................................................................................40 3.2 MOVIMENTO ........................................................................................................................41 3.3 ATIVIDADE ...........................................................................................................................41 3.4 AÇÃO .....................................................................................................................................41 3.4.1 Motor .............................................................................................................................41 3.4.1.1 Funções motoras .......................................................................................... 42 3.4.1.2 Funções motrizes ........................................................................................42 3.5 FUNÇÕES PERCEPTUAIS ................................................................................................ 42 3.5.1 Psicológico .................................................................................................................43 3.5.2 Psíquico .....................................................................................................................43 3.5.3 Funções psíquicas ..................................................................................................43 3.6 FUNÇÕES MENTAIS ..........................................................................................................43 3.6.1 Emoções .....................................................................................................................44 3.7 SISTEMA NERVOSO ...........................................................................................................45 3.7.1 Encéfalo .......................................................................................................................45 3.8 DESENVOLVIMENTO .........................................................................................................46 3.8.1 Maturação ..................................................................................................................46 3.8.2 Maturidade ................................................................................................................ 47 3.9 CONTEXTO SOCIAL ........................................................................................................... 47 3.9.1 Interação ..................................................................................................................... 47 3.9.2 Experiência individual .............................................................................................48 3.10 SENSITIVO .........................................................................................................................48 3.10.1 Integração ................................................................................................................. 49 3.11 EDUCAÇÃO ........................................................................................................................50 3.12 ESQUEMA CORPORAL ....................................................................................................50 3.12.1 Lateralidade ..............................................................................................................50 3.12.2 Coordenação motora ampla .................................................................................51 3.12.3 Coordenação motora fina .....................................................................................51 3.12.4 Coordenação óculo-manual ............................................................................... 52 3.12.5 Orientação espacial ............................................................................................... 52 3.13 ORIENTAÇÃO TEMPORAL .............................................................................................. 53 3.13.1 Equilíbrio .................................................................................................................... 53 3.13.2 Tonicidade ................................................................................................................54 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................54 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................56 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................62 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................63 REFERÊNCIAS .......................................................................................................65 UNIDADE 2 — RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE ........71 TÓPICO 1 — ESPECIFICIDADES DA PSICOMOTRICIDADE .................................. 73 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 73 2 A PSICOMOTRICIDADE E SUAS ESPECIFICIDADES ........................................ 74 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................82 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................83 TÓPICO 2 — O CONHECIMENTO NAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL: EDUCAÇÃO ............................................................85 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................85 2 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE E APRENDIZAGEM ................................................................................................85 3 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE E FRACASSO ESCOLAR ............................................................................................................92 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................100 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 101 TÓPICO 3 — O CONHECIMENTO NAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL CLÍNICA ................................................................103 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................103 2 A ÁREA DE ATUAÇÃO CLÍNICA .......................................................................103 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 118 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................119 TÓPICO 4 — RELAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE COM OUTRAS FORMAS DE INTERVENÇÃO .......................................................................... 121 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 121 2 OUTRAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS PSICOMOTRICISTAS ............................. 121 3 PSICOMOTRICIDADE: O CÓDIGO DE ÉTICA ................................................... 123 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................130 RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................ 136 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 137 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 139 UNIDADE 3 — PSICOMOTRICIDADE: FORMAÇÃO PROFISSIONAL ..................143 TÓPICO 1 — FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE: TEÓRICA ..........................................................................................145 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................145 2 FORMAÇÃO TEÓRICA EM PSICOMOTRICIDADE ............................................145 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................158 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 159 TÓPICO 2 — FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE: PRÁTICA ...........................................................................................161 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................161 2 PSICOMOTRICIDADE E PRÁXIS .......................................................................161 3 FORMAÇÃO PRÁTICA ...................................................................................... 170 RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................177AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 178 TÓPICO 3 — FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE: PESSOAL ......................................................................................... 179 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 179 2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E HISTÓRIA PESSOAL ...................................... 179 3 FORMAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL ....................................................... 181 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................190 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................194 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 195 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 197 1 UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • entender o que é epistemologia; • ampliar o conhecimento sobre o que é psicomotricidade; • conhecer alguns dos conceitos fundamentais em psicomotricidade; • depreender algumas das especificidades da psicomotricidade. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – EPISTEMOLOGIA TÓPICO 2 – PSICOMOTRICIDADE TÓPICO 3 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM PSICOMOTRICIDADE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 EPISTEMOLOGIA TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Nesta disciplina, temos muito para aprender sobre epistemologia e psicomo- tricidade. Talvez essas palavras não soem muito familiares para você. Fique tranquilo, neste tópico desvendaremos o que significa a palavra epistemologia e, no Tópico 2, a psicomotricidade. Então você conseguirá identificar algumas associações entre elas. Portanto, iniciaremos os estudos colocando a nossa concentração sobre a epistemologia. Leia atentamente, pois a compreensão dos tópicos subsequentes depende dos conceitos que veremos logo a seguir. 2 O QUE É EPISTEMOLOGIA? O nosso primeiro desafio é compreender o sentido da palavra epistemologia. Se recorrermos aos dicionários ou aos sinônimos dessa palavra, encontraremos as seguintes expressões, conforme mostra o Quadro 1. QUADRO 1 – DEFINIÇÃO DE EPISTEMOLOGIA NO DICIONÁRIO COMENTADO PELO PROFESSOR PASQUALE FONTE: Adaptado de Cipro Neto (2009) e.pis.te.mo.lo.gi.a (gr epistéme + logo + ia1) sr Filos Estudo crítico dos métodos empregados nas ciências. Teoria da ciência Ao analisar o quadro, em conformidade com Tesser (1994), pode-se notar, resumidamente, a história ou a origem da palavra epistemologia: gr epistéme + logo + ia. Analisando brevemente a explicação do significado da palavra pela análise dos elementos que a constitui, temos a Figura 1. 4 FIGURA 1 – ETIMOLOGIA DA EPISTEMOLOGIA FONTE: A autora Ao observarmos a figura, podemos inferir que a palavra “epistemologia” significa discurso (logos) sobre a ciência (episteme) (TESSER, 1994). O Quadro 2 apresenta a etimologia da palavra epistemologia – que já tínhamos visto no quadro anterior –, além de fazer menção à filosofia. QUADRO 2 – SIGNIFICADO DA PALAVRA EPISTEMOLOGIA EM DICIONÁRIO ON-LINE FONTE: <https://www.dicio.com.br/epistemologia/>. Acesso em: 21 ago. 2020. Significado de Epistemologia Substantivo feminino Reflexão sobre a natureza, o conhecimento e suas relações entre o sujeito e o objeto Teoria do conhecimento [Filosofia] Subárea da filosofia que se dedica ao estudo do conhecimento humano, buscando defini-lo, determinando suas fontes (percepção, memória, razão, introspecção etc.) e implicações Ciência das práticas relacionadas com conhecimento: epistemologia política Análise das premissas teóricas e práticas relacionadas com o conhecimento científico, de acordo com seu avanço histórico no desdobramento de uma sociedade Etimologia (origem da palavra epistemologia). Epistem + o + logia Já que a palavra filosofia marcará presença em mais partes deste tópico, vale lembrar que ela consiste no “Estudo geral sobre a natureza de todas as coisas e suas relações entre si” (CIPRO NETO, 2009, p. 273). Vale recordar ainda, que o verbete filosofia também pode ter o sentido de conjunto de doutrinas de uma época ou de uma escola. A filosofia geralmente está associada à sabedoria e à razão (CIPRO NETO, 2009). logos episteme epistemologia 5 QUADRO 3 – EPISTEMOLOGIA NO DICIONÁRIO PRIBERAM ON-LINE FONTE: <https://dicionario.priberam.org/epistemologia>. Acesso em: 21 ago. 2020. e·pis·te·mo·lo·gi·a 1. [Filosofia] Ramo da filosofia que se ocupa dos problemas que se relacionam com o conhecimento humano, refletindo sobre a sua natureza e validade. = FILOSOFIA DO CONHECIMENTO, TEORIA DO CONHECIMENTO epistemologia genética • Teoria do conhecimento que consiste em descrever os processos pelos quais se produz o conhecimento científico. QUADRO 4 – SINÔNIMOS DE EPISTEMOLOGIA FONTE: <https://www.sinonimos.com.br/epistemologia/>. Acesso em: 21 ago. 2020. Sinônimo de epistemologia 5 sinônimos de epistemologia para 1 sentido da palavra epistemologia: Ciência da origem e da natureza do conhecimento: filosofia do conhecimento gnoseologia gnosiologia teoria da ciência teoria do conhecimento Em relação aos quadros apresentados, a novidade do Quadro 4 é a palavra gnosiologia, que se refere “[...] às propriedades fundamentais necessárias à constituição do sujeito e suficientes para que os objetos produzam efeitos na construção do sentido consciente, e no desenvolvimento do intelecto” (GOMES, 2009, p. 38). Ainda que, muitas vezes, encontremos a palavra gnosiologia como sinônimo de epistemologia, é válido esclarecer que, para alguns autores, como Gomes (2009), essas palavras possuem diferenças quanto aos seus significados. Você já ouvir falar na epistemologia genética? Para essa área do saber, as pessoas passam por várias fases de desenvolvimento durante o ciclo vital. A epistemologia genética foi proposta por Jean Piaget e está associada aos conceitos cunhados pelo referido autor: assimilação, estrutura cognitiva e construtivismo (ABREU et al., 2010). NOTA 6 No Quadro 5, uma de suas palavras merece destaque: postulados – talvez, você já a conheça por estar relacionada ao contexto da esfera religiosa, no sentido de dogma ou de princípios. QUADRO 5 – SIGNIFICADO DE EPISTEMOLOGIA NO BUSCADOR GOOGLE FONTE: <http://twixar.me/BXsm>. Acesso em: 21 ago. 2020. epistemologia 1. reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do conhecimento humano, esp. nas relações que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte, as duas polaridades tradicionais do processo cognitivo; teoria do conhecimento 2. freq. estudo dos postulados, conclusões e métodos dos diferentes ramos do saber científico, ou das teorias e práticas em geral, avaliadas em sua validade cognitiva, ou descritas em suas trajetórias evolutivas, seus paradigmas estruturais ou suas relações com a sociedade e a história; teoria da ciência No que concerne à epistemologia, por exemplo, relaciona-se ao levantamento de hipóteses sobre os fenômenos, tendo a ver com suposições, conjecturas, premissas, pressupostos, evidências. Em linhas gerais, trata-se de um ponto de partida de um raciocínio ou de uma argumentação. Agora, fazendo um apanhado de todos os significados apresentados, podemos identificar algumas palavras que se repetem, não é mesmo? Vamos checar quais são elas na Figura 2. Para sabermais sobre o assunto, sugerimos a leitura completa do artigo de Gomes (2009): “Gnosiologia versus epistemologia: distinção entre os fundamentos psicológicos para o conhecimento individual e os fundamentos filosóficos para o conhecimento universal”. Acesse na íntegra em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v17n1/v17n1a05.pdf. DICA 7 FIGURA 2 – SIGNIFICADOS DE EPISTEMOLOGIA FONTE: A autora Muitas dessas palavras são usadas normalmente no dia a dia, empregadas em diversas situações e com sentidos diferentes. Por exemplo, a palavra “validade” indica, entre outras coisas, qual é o prazo em que um alimento pode ser consumido. Embora seja possível termos ouvido essas palavras na escola, talvez ainda não tenhamos compreendido o que significam e como se relacionam. Então, antes de estudarmos sobre a articulação entre epistemologia e psicomotricidade, precisamos entender o que é a epistemologia. Para tanto, o Quadro 6 mostra breves definições das palavras-chave que vimos nos quadros apresentados até aqui. QUADRO 6 – PALAVRAS RELACIONADAS COM O SABER EPISTEMOLÓGICO TEORIA CONHECIMENTO VALIDADE GNOSELOGIA CIÊNCIA CIENTÍFICO MÉTODOS COGNITIVA Palavra Significado Teoria Princípios básicos e elementares de uma arte ou ciência. Sistema ou doutrina que trata desses princípios. Conhecimento que se limita à exposição, sem passar à ação, sendo, portanto, o contrário da prática. Conjetura, hipótese. Utopia. Opiniões sistematizadas Métodos Conjunto dos meios dispostos convenientemente para alcançar um fim e especialmente para chegar a um conhecimento científico ou comunicá-lo aos outros. Ordem ou sistema que se segue no estudo ou no ensino de qualquer disciplina. Caminho pelo qual se atinge um objetivo. Maneira de fazer as coisas; modo de proceder, meio. Processo ou técnica de ensino ou organização. A palavra método está ligada à metodologia, por isso, vale a pena nos deter, também sobre ela. Metodologia: Estudo científico dos métodos. Arte de guiar o espírito na investigação da verdade. Filos Parte da Lógica que se ocupa dos métodos do raciocínio, em oposição à Lógica Formal Ciência Conjunto de conhecimentos organizados sobre determinado assunto. Erudição, instrução, literatura. Conhecimento, informação, notícia 8 FONTE: Adaptado de Cipro Neto (2009) Conhecimento Ato ou efeito de conhecer. Faculdade de conhecer. Ideia, noção; informação, notícia. Consciência da própria existência. Assim, conhecer é ter ou chegar a ter conhecimento, ideia, noção ou informação de. Ser perito ou versado em. Ter experiência de. Discernir, distinguir, reconhecer. Ter ideia justa da própria capacidade. Tomar conhecimento. Apreciar, julgar. Observação: A palavra faculdade aqui presente, denota o poder de efetuar uma ação física ou mental: capacidade. Função inerente ao espírito Científico Relativo à ciência. Que mostra ciência. Que tem o rigor da ciência Validade Qualidade de válido. Dir Qualidade do ato jurídico ou administrativo, feito com todos os requisitos que a lei exige. Já a palavra válido equivale a “que tem valor”. A palavra validar, por sua vez, consiste em dar validade a; fazer (-se) ou tornar (-se) válido; legitimar (-se) Cognitiva Relacionada à cognição que é o ato de adquirir um conhecimento Gnoseologia Teoria da natureza, validade e limites do conhecimento humano, epistemologia. Está ligada à gnosia que é a faculdade de perceber e reconhecer as coisas Assim, podemos depreender que a epistemologia explicita a ciência da ciência ou, ainda, a filosofia da ciência (TESSER, 1994). Isso pode parecer meio confuso, então, vamos dar seguimento à leitura para proporcionar maior clareza sobre essa palavra. Pode-se dizer que a epistemologia conta como uma teoria foi construída, já que a epistemologia explora com lentes diferentes a variedade dos saberes, dos conhecimentos (CAÑÓN ORTIZ; PELÁEZ ROMERO; NOREÑA NOREÑA, 2005). Assim, a epistemologia precisa considerar o objeto de estudo de uma dada área do conhecimento, bem como atentar para como se deu a construção teórica (NACHONICZ, 2002). A epistemologia pode propiciar o entendimento de como os conteúdos e os conhecimentos foram estruturados, levando em conta as ações que foram realizadas para tal desenvolvimento, bem como as experiências que fizeram parte dele. Abarca, ainda, uma série de reflexões, entendimentos, busca de sentido, exercícios intersubjetivos, articulação de ideias e de observações (GARZÓN, 2008). A epistemologia também busca identificar como uma ciência é classificada e desenvolvida metodologicamente (CASTAÑON, 2004). A metodologia tem a ver com os procedimentos adotados durante um experimento feito em laboratório, por exemplo. Um dos métodos que tende a ser mencionado, quando se fala em história da epistemologia, é o empírico-indutivo, cujas raízes estão na filosofia empirista inglesa, sobretudo do filósofo John Locke, e que foi retomado pelo positivismo de Auguste Comte. Assim, algumas das perguntas que a epistemologia costuma fazer, enquanto analisa uma ciência, são: “trata-se de uma ciência empírica?” e “assenta-se sobre o estudo de quais processos?”. 9 Uma vez que dialogamos sobre ciência, vale destacar que, nos dias atuais, ela é cúmplice do processo de industrialização (TESSER, 1994), porque “[...] contribui, organiza, racionaliza o processo de produção, ampliando o campo de suas investigações do microcosmo ao macrocosmo” (TESSER, 1994, p. 97). É importante ressaltar que a psicomotricidade é uma ciência – ainda nesta unidade, estudaremos sobre isso, mas, por enquanto, vamos manter o foco sobre a epistemologia. “A pesquisa foi absorvida na aspiral do crescimento, na medida em que a ciência penetrou na indústria, foi profundamente industrializada, ‘indústria cultural’. Cabe aos epistemólogos questionar e problematizar o conhecimento do senso-comum, científico e filosófico” (TESSER, 1994, p. 97). Assim, podemos rememorar que o conhecimento científico não é o único existente. Também é importante salientar o que é senso comum. Trata-se do conhecimento que é passado de geração em geração e que não é submetido aos procedimentos metodológicos. O senso comum é o conhecimento popular, obtido por meio da observação. Quanto ao conhecimento científico, é pertinente mencionar o movimento histórico que foi imprescindível para a formação das ciências humanas: a Revolução Francesa, que aconteceu entre 1789 e 1799. A revolta contou com a participação de camponeses, artesãos e burgueses, que estavam descontentes com as condições de vida, a crise econômica e as desigualdades sociais. Até o final deste tópico, voltaremos a falar sobre essa relevante revolução. Por enquanto, basta lembrar que, até a Revolução Francesa, as palavras proferidas pela Igreja e pelo clero eram extremamente valorizadas pela sociedade – isto é, até a Revolução Francesa, o conhecimento religioso era o mais valorizado, legitimado e prestigiado. O que aconteceu após a Revolução Francesa, sobretudo com a ciência? Você concorda que a ciência ganhou maior notoriedade a partir dessa revolução? Se, até então, as pessoas acreditavam que a verdade estava com a religião, não passaram a acreditar que a verdade era explicitada pela ciência? A Epistemologia seria uma reflexão profunda e crítica sobre o universo da Ciência. Pois já que a Ciência ocupa um lugar na sociedade atual grande e tão significativo, que ela se torna uma das mais importantes atividades humanas, a tal ponto de constituir-se numa das formas específicas da existência moderna do homem (TESSER, 1994, p. 97). 10 DICA Ei, acadêmico, o que você pensa sobre essa citação? Na sua opinião, qual é o lugar que a ciência ocupa na sociedade em que vivemos? Que tal dar uma rápida pausa na leitura para pensar sobre isso? Um filme que pode te ajudar a pensar sobre a relevância da ciênciaé “A Cure for Wellness”, de 2016, que, no Brasil, recebeu o título de “A Cura”. Essa produção cinematográfica aborda indiretamente o poderio da ciência. Trata-se de um filme que suscita reflexões sobre a ética e a pesquisa com humanos. Embora seja um filme de suspense, terror e fantasia, leva à reflexão sobre o poder que um médico pode exercer sobre o paciente, além dos efeitos das intervenções oriundas da ciência na vida das pessoas. CARTAZ DO FILME “A CURA” FONTE: <http://www.adorocinema. com/filmes/filme-232128/>. Acesso em: 21 ago. 2020. Retomando nossas reflexões sobre as palavras do Quadro 6, já vimos teoria, métodos e, mais recentemente, ciência. Na sequência, vamos refletir mais um pouco sobre o conhecimento. Existem diferentes tipos de conhecimento. O conhecimento é desenvolvido pouco a pouco, a partir do que já se tem acumulado, na grande maioria das vezes; ele é construído em meio às disputas, às divergências, às convergências e aos conflitos. Nasce, também com Kant, a figura do sujeito cognoscente: aquele que conhece, desvenda e enuncia verdades; “duplo” da filosofia e da ciência modernas: ao mesmo tempo sujeito e objeto do conheci- mento, núcleo da epistemologia clássica, que permanece ainda no centro das epistemologias contemporâneas, de forma revisitada. Apesar da tradição crítica que liga Nietzsche e Foucault levantar esta questão ao longo do século XX, ainda não foi superado esse lugar central do sujeito nos jogos de produção do conhecimento, onde toda a verdade ainda remete e retorna a ele. Sujeito cognoscente, transcendental e universal, porque não é nenhum sujeito concreto em especial e sim, uma abstração genérica que se refere a uma po- sição e não de um indivíduo, um “descobridor genial” (PRADO FILHO; MARTINS, 2007, p. 16, grifo nosso). 11 Além de ser produzido, o conhecimento ainda é analisado, classificado, mensurado e disseminado – sobretudo, o conhecimento relativo à ciência (FERRAZ; CHAVES; FERRAZ, 2018). O conhecimento do sujeito sobre o real não é uma apropriação do real em sua imanência e totalidade, mas uma apresentação organizada pela razão, segundo critérios colocados pela própria razão sobre o objeto. Nesse sentido, o posicionamento gnosiológico- epistemológico se preocupa com a constituição do saber pela propositura subjetiva, está preocupado com o “como saber?” e, desse modo, ganha relevância a discussão metodológica – os procedimentos/critérios envolvidos no processo de verificação da ideia do real como empírico (FERRAZ; CHAVES; FERRAZ, 2018, p. 5). Nem todos os tipos de conhecimento são sopesados com tantos critérios, tanta racionalidade, tantos cuidados e procedimentos metodológicos. Entretanto, quando se trata de ciência – ou do conhecimento científico –, há uma série de critérios que entram em jogo: Considerando-se que o desenvolvimento de uma ciência é refletido na produção científica, ou seja, que por meio das publicações a comunidade científica tem acesso a um novo conhecimento e o torna legítimo, o estudo da comunicação científica possibilita o exame e a avaliação dos conteúdos produzidos pelos cientistas, bem como as tendências, métodos e influências teóricas. Nesse contexto, desde o século XVII, o periódico científico figura como um dos mais importantes veículos de comunicação, pois proporciona disseminação, formalização, atualização com rapidez, ampliação e precisão dos conhecimentos científicos (ARBOIT; BUFREM; FREITAS, 2010, p. 20). Por conseguinte, o conhecimento científico é analisado em termos de influ- ências de pensamento, tendências, conteúdos, classificações, categorias, concepções, aplicações, linhas e enfoques (ARBOIT; BUFREM; FREITAS, 2010). De acordo com Tesser (1994), o conhecimento científico nunca está con- cluído, plenamente acabado nem atinge um patamar definitivo. Por isso, diz-se que o conhecimento científico é sempre provisório. No entanto, por qual o motivo o conheci- mento científico é necessariamente temporário e transitório? Porque, geralmente, ele está ancorado ao contexto de seu momento e, portanto, é afetado por questões ideoló- gicas, religiosas, econômicas, políticas, históricas, entre outras (TESSER, 1994). 12 Outro filme que merece ser assistido, relaciona- do com o conhecimento científico, chama-se “O Homem que Viu o Infinito”. Sugerimos que preste atenção em quanta dedicação a ciência deman- da, o quanto seus resultados são questionados, contestados entre os próprios pesquisadores e cientistas. Repare, ainda, nos embates entre a fé, professa- da pelo protagonista, e a reação dos demais ma- temáticos em relação a ele. CARTAZ DO FILME O HOMEM QUE VIU O INFINITO FONTE: <http://twixar.me/NSym>. Acesso em: 21 ago. 2020. DICA Também é necessário apontar que novas descobertas no campo da ciência podem reforçar premissas científicas já legitimadas ou podem questioná-las, arruiná- las. No desenvolvimento da produção de conhecimento, esse será tão mais válido quanto tais critérios forem rigorosamente aceitos, eis porque o consenso entre os sujeitos pesquisadores se torna o fundamento de verdade científica, eis o solo do acirramento das disputas em torno de quais critérios são os válidos. Assim, temos uma ciência que parte exclusivamente do sujeito-pesquisador, que opera a perda da coisa, do ser, da integralidade do real, eis porque nesta perspectiva científica as explicações aos problemas acabam sendo distintas e, portanto, apreendidas enquanto uma rivalidade entre os sujeitos operadores da ciência (FERRAZ; CHAVES; FERRAZ, 2018, p. 5, grifo nosso). Ei, acadêmico, você percebeu que a palavra “válidos” foi repetida nesse excerto que acabou de ler? Lembre-se de que lá no quadro em que essas palavras foram apresentadas, a palavra validade aparece como a qualidade de válido. De vez em quando, ouvimos que uma ciência tem sua validade lógica ou filosófica questionada, não é mesmo? “Ou seja, se não há parâmetro ou prova suficiente para garantir a validade de qualquer conhecimento, como foi possível chegar a essa conclusão acerca da validade do conhecimento, (ou seja, a da não validade) entendendo-a como válida?” (CASTAÑON, 2004, p. 76). 13 Certamente você se recorda de algum postulado que já foi reconhecido como científico em algum momento da história e, que hoje, foi contestado, desmantelado. Será que, então, é aqui que a palavra validade se encaixa na área da epistemologia? No sentido de que um pressuposto passa a ser considerado científico, portanto é válido ou, melhor, foi validado como científico? E quando uma premissa é derrocada, ela perde a validade científica? De modo geral, podemos inferir que sim. Afinal, ao validar um postulado, o cientista está dando mais força a ele, mais firmeza ao postulado. DICA Um filme que pode ajudar a lembrar de infor- mações que foram consideradas científicas e que, depois, deixaram de ser consideradas é “A Teoria de Tudo”. Esse filme retrata a vida do astrofísico Stephen Hawking. Notam-se os esforços dele para comprovar que suas ideias eram válidas. Repare, também, na resistência que ele preci- sou encarar por parte dos integrantes da uni- versidade e de outros pesquisadores. CARTAZ DO FILME A TEORIA DE TUDO FONTE: <http://www.adorocinema. com/filmes/filme-222221/>. Acesso em: 21 ago. 2020. Agora que já refletimos um pouco sobre teoria, métodos, ciência, conhecimento, conhecimento científico e validade, falaremos sobre as palavras cognição ou cognitiva. Pensando sobre as questões intelectuais e as faculdades mentais, a cognição está ligada ao conhecimento, à aprendizagem e à sapiência. A cognição, enquanto processo, pode explicar o que ocorre: um sistema é cognitivo quando elabora de forma coerente suas informações, para permanecer no real. Todo sistema é abertoe sensível ao ambiente, em algum nível. Os sistemas internalizam relações e a recodificação das informações altera o próprio estímulo. Desenvolvem, assim, a função memória (NACHONICZ, 2002, p. 62, grifo nosso). 14 Para Arboit, Bufrem e Freitas (2010), o paradigma cognitivo articula a informação e o sujeito individual. Segundo Ferraz, Chaves e Ferraz (2018), é preciso levar em conta o aspecto cognitivo do sujeito, isto é, a subjetividade, o caráter subjetivo. Isso porque, quando o sujeito está apreendendo algo sobre um objeto de estudo, ele está fazendo o uso de sua capacidade de pensar e de sua faculdade de conhecer tal objeto. Para analisar o objeto, o sujeito precisa elaborar explicações e argumentos sobre tal objeto, buscando evidências objetivas acerca dele, fazendo abstrações e utilizando o pensamento crítico. Ao fazer cada uma dessas ações, a pessoa acionará seu aparato cognitivo. Com base no conteúdo disponibilizado até aqui, na sua opinião, a cognição humana é limitada ou ilimitada? Está em dúvida sobre como responder a esta pergunta? Então, que tal ler o artigo: “Para além da epistemologia: reflexões necessárias para o desenvolvimento do conhecimento”, escrito por Ferraz, Chaves e Ferraz (2018)? Acesse, na íntegra, em: http://twixar.me/QXsm. Vale lembrar que ele já foi citado algumas vezes neste tópico. Boa leitura! DICA Tendo em vista que já refletimos acerca de teoria, métodos, ciência, conheci- mento científico, conhecimento, validade e cognição/cognitiva, chegou o momento de analisarmos a última palavra do Quadro 6, que é a gnoseologia ou gnosiologia. Veja como Moreno e Wainer (2014, p. 51, grifo nosso) articulam as palavras gno- siologia, método e epistemologia: “[...] a palavra método tem originalmente o signifi- cado de caminho, outro objetivo foi demonstrar como o caminho entre gnosiologia e epistemologia é o caminho do método hipotético-dedutivo”. Almeida (2007, p. 11, grifo nosso) também ajuda a compreender melhor a relação entre gnoseologia e metodologia: “A questão dita gnoseológica interrogava a natureza do conhecimento. A questão metodológica dirigia-se à produção desse conhecimento e às suas condições”. Portanto, ao fazer um estudo pautado na epistemologia, recorre-se aos elementos-chave de uma dada área do saber. Por exemplo, ao fazer uma análise em epistemologia da educação, os elementos-chave podem ser: conhecimento, saberes, cognição, projeto, aprendizagem, recodificação, paradigma e método (NACHONICZ, 2002). Além disso, é preciso buscar compreender como esses elementos interagem 15 uns com os outros, suas articulações e interdependências. Acrescentam-se, ainda, os elementos que já constam na produção bibliográfica da dada área do saber. Por exemplo, no caso mencionado, seria necessário fazer uma busca quanto ao conhecimento em educação em termos bibliográficos: • O que os autores, pesquisadores, teóricos têm falado sobre educação? • O que eles falaram sobre ela ao longo da história? • Quais são os grandes temas em torno dos quais a educação vem sendo construída? • Quais são os conceitos e teorias que a amparam? Assim, é preciso levar em conta aspectos relacionados com o tempo, o espaço, o sujeito e a palavra (NACHONICZ, 2002). A epistemologia transformou-se numa área relevante para a ciência e a filosofia, muitos pensadores e intelectuais têm dedicado parte de seu tempo para refletir este tema complexo e amplo, citemos alguns filósofos (Piaget, Bachelar, Foucault, Popper e Habermas), considerados como os mais importantes críticos, muitas vezes, até radicais no questionamento da ciência e da tecnologia, pois as mesmas passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas. Vivemos um momento do triunfo da ciência. Tudo indica que é a civilização científico-técnica que elabora, sob medida, as condições ideais de nossa existência (TESSER, 1994, p. 91, grifo nosso). Você notou a palavra críticos na citação? Ocorre que, para Tesser (1994), a epistemologia pressupõe o estudo crítico tanto dos princípios quanto das hipóteses e ainda dos resultados das diversas ciências. Esperamos que, com esta leitura, você já tenha uma noção do que é a epistemologia. Então, você já pode imaginar qual é o objetivo da epistemologia. O intuito da epistemologia é promover a reconstrução racional do conhecimento. Quando se trata do conhecimento científico, a epistemologia tem a intenção de conhecer e analisar o processo gnosiológico (epistemológico) da ciência (TESSER, 1994). Desse modo, propicia uma análise que se baseie na perspectiva lógica, linguística, sociológica, interdisciplinar, política, filosófica e histórica da ciência (TESSER, 1994). É fazer uso de conhecimentos científicos de diferentes áreas da ciência para investigar uma dada área da ciência. “A Epistemologia exerce seu papel de reflexão e crítica, quando ela tenta mostrar aos cientistas suas filosofias implícitas nas Ciências, quando ela submete a Ciência a um estudo crítico, pois a Ciência utilizada sem consciência torna-se a ruína da alma” (TESSER, 1994, p. 98). Possivelmente, você já compreendeu o que é a epistemologia e qual é o objetivo dela. No entanto, talvez esteja pensando sobre a sua serventia – em termos práticos, para que a epistemologia serve? Vamos aprender sobre isso na próxima seção. 16 3 A UTILIDADE DA EPISTEMOLOGIA Às vezes, alguns alunos no ensino fundamental ou, até mesmo, no médio questionam os professores sobre a utilidade da filosofia, dizendo que eles têm a impressão de que a filosofia não leva a lugar nenhum, já que um grupo de pessoas fica pensando e nada é feito com o produto do que pensaram. Talvez, você esteja pensando algo parecido sobre a epistemologia. Afinal, para que ela serve? Vamos conferir se o Quadro 7 apresenta essa resposta. QUADRO 7 – UTILIDADES DA EPISTEMOLOGIA FONTE: Adaptado de Bunge (1980, apud Tesser, 1994 p. 92) Utilidades da epistemologia Refere-se à ciência propriamente dita Ocupa-se de problemas filosóficos que surgem antes do curso da investigação científica, ou no decurso Ocupa-se de reflexão sobre os problemas da ciência Ocupa-se de análise dos métodos da ciência Ocupa-se de teorias da ciência Propõe soluções claras para problemas atrelados à ciência Propõe soluções consistentes em teorias rigorosas e inteligíveis, adequadas à realidade da investigação científica É capaz de distinguir a ciência autêntica da pseudociência É capaz de criticar programas relativos à ciência É capaz de criticar resultados errôneos advindos de pesquisas ditas científicas É capaz de conseguir novos enfoques promissores à ciência Traz à tona os pressupostos filosóficos – em particular semânticos, gnosiológicos (e) ontológicos – de planos, métodos ou resultados de investigação científicas de atualidade Visa a elucidar conceitos filosóficos, empregados em diversas ciências Pode sistematizar conceitos filosóficos, empregados em diversas ciências Ajuda a resolver problemas científico-filosóficos, como o de saber se a vida se distingue pela teleonomia e a psique pela inespacialidade Reconstrói teorias científicas de maneira axiomática Desvela pressupostos filosóficos de teorias científicas Participa de discussões sobre a natureza e o valor da ciência pura e aplicada Ajuda a esclarecer as ideias sobre ciência pura e aplicada Serve de modelo a outros ramos da filosofia, como a ontologia Serve de modelo à ética 17 Com base nesse quadro, podemos depreender que a epistemologia esclarece que construções teóricas não são perpassadas por neutralidade. É um equívoco dizer que a ciência é neutra (NACHONICZ, 2002). Afinal, cada ciência é tecida num dado momento histórico, o qual é influenciado por determinadas perspectivas sociais, econômicas, culturais, religiosas, psicológicas, ideológicas, políticas etc. Cada contexto histórico exerce influênciatanto nas ciências quanto na epistemologia. Além disso, os objetos de estudo podem transformar-se com o passar do tempo e, até mesmo, por influência da própria epistemologia. No fim das contas, pode oferecer um olhar sobre o objeto de estudo segundo a perspectiva teórica pela qual ele é visto (NACHONICZ, 2002). De mais a mais, a epistemologia pode oferecer subsídios para questionamentos no que tange à responsabilidade social dos cientistas e dos técnicos (NACHONICZ, 2002). Assim, “[...] cabe à epistemologia refletir tanto sobre a teoria quanto sobre a prática das ciências, desde seu início, estruturação, formação e progresso, este estudo visa contribuir, assim, para a compreensão e consolidação do domínio científico” (ARBOIT; BUFREM; FREITAS, 2010, p. 22). Como exemplo de sua utilidade, podemos citar a epistemologia pedagógica, que, segundo Tesser (1994), visa a propiciar condições para que os estudantes pensem com criticidade, superando, assim, interpretações literárias e os modos fragmentados de raciocínio. Isso vai além do aprendizado, já que diz respeito a desenvolver a capacidade e a competência de problematizar, dialeticamente, a teoria e, inclusive, a própria práxis educacional. Não se trata de negar, especificamente da Ciência, a sua dimensão social no desenvolvimento do progresso; trata-se de mostrar que ela não constitui um mundo à parte, neutral, desinteressado, mas de mostrar que todo conhecimento é portador de interesses, e de que a racionalização científica moderna é instrumental e coisificante. Portanto, a Ciência e a Técnica são hoje instrumentos ideológicos de poder, manipulação e legitimação da sociedade dominante (TESSER, 1994, p. 98, grifo nosso). Nesse caso, os alunos passam a ter contato com uma epistemologia que lhes proporciona a busca de elementos de distintas áreas do conhecimento. Além do mais, eles podem engajar-se em novos tipos de questionamentos e de análises sobre problemas, bem como na formulação de soluções que acarretam a transformação da realidade educacional (TESSER, 1994). “Baseado em quê uma pessoa, que parta de pressupostos relativistas éticos e epistemológicos, pode denunciar a validade de outro sistema de valores morais ou epistêmicos, a não ser no mais contraditório autoritarismo?” (CASTAÑON, 2004, p. 78, grifo nosso). 18 Já que ponderamos sobre interesses, a influência do autoritarismo na produção e na disseminação de conhecimento, vamos a outra dica de filme. Vimos que há interesses que enviesam o conhecimento, os quais podem interferir tanto na produção do conhecimento quanto no que se faz com os resultados gerados por ele. Um filme que ilustra essa situação é “Epidemia” (1995). Ao assistir a esse filme, fique atento aos interesses pessoais que influenciam as decisões do protagonista, Coronel Sam Daniels, interpretado pelo ator Dustin Hoffman. Também preste atenção no quanto as decisões das lideranças governamentais são afetadas pelos interesses políticos que estão em jogo. Além disso, o autoritarismo (que observamos na última citação) também fica claro no decorrer do filme. CARTAZ DO FILME EPIDEMIA FONTE: <http://twixar.me/6Xsm>. Acesso em: 21 ago. 2020. DICA Antes de encerrarmos este tópico, é pertinente esclarecer que, tanto a filosofia quanto a epistemologia, possuem utilidade. Ao longo desta seção, vimos qual é o papel da epistemologia. Se você ainda tiver dúvidas sobre a utilidade da filosofia, ou minimamente dos efeitos que ela pode gerar na sociedade, que tal fazer uma rápida pesquisa sobre a Revolução Francesa? Além das pesquisas sobre esse tema, é oportuno refletirmos sobre a Revolução Francesa, porque, assim, veremos que a filosofia não é inerte, como muitas pessoas acham. Além disso, podemos ter uma noção do panorama que quebrou paradigmas de pensamento que se perpetuavam por décadas e décadas. 19 Seguem algumas sugestões de leitura sobre a Revolução Francesa, para você aprofundar seus conhecimentos sobre essa época revolucionária da História: • ARRUDA, J. J. de A; PILETTI, N. Toda a história: história geral e história do Brasil. 7. ed. São Paulo: Ática; 1997. • GRESPAN, J. Revolução francesa e iluminismo. São Paulo: Contexto; 2003. • HILLS, K. A Revolução Francesa. Tradução e adaptação Jayme Brener. 4. ed. São Paulo: Ática; 1994. • MANFRED, A. Z. A concepção materialista da Revolução Francesa. Tradução de Maria Luisa Borges. 2. ed. São Paulo: Global; 1989. • VOVELLE, M. A Revolução Francesa explicada à minha neta. Tradução de Fernando Santos. São Paulo: UNESP; 2007. DICA Certamente, você descobrirá que os pensamentos dos filósofos iluministas desempenharam um papel crucial para a derrubada do absolutismo e para a consequente transformação social. Você se lembra o que é absolutismo? Quando o rei Luís XVI (Figura 3) foi coroado na França, em 1654, ele transmitia uma imagem sagrada, como de um representante direto de Deus e como se possuísse o poder absoluto. Ele não foi a única figura de liderança que apresentava essas características, mas foi a que mais as colocou em proeminência. FIGURA 3 – REI LUÍS XVI FONTE: <https://aulazen.com/wp-content/uploads/2018/05/1-2.jpg>. Acesso em: 21 ago. 2020. 20 O rei Luís XVI mostrou-se um péssimo administrador da economia do país – e quem ousasse questionar os poderes do rei também recebia rigorosas punições. Por isso, os reis enriqueciam cada vez mais à custa dos impostos e de outras explorações do povo, exibindo riqueza e roupas caríssimas (como é possível observar na imagem), enquanto a população padecia com fome e miséria. “Críticos do absolutismo, os filósofos iluministas insistiam que os monarcas franceses eram pessoas absolutamente normais às quais a ignorância atribuía poderes especiais: a faculdade de curar os escrofulosos ou governar a França como representantes de Deus” (ALMEIDA, 2016, p. 271). Outros monarcas, além do rei Luís XVI, demonstravam poderio absolutista na Europa e, assim, não necessitavam se submeter a qualquer poder manifesto sobre a Terra – por isso, esses monarcas faziam o que queriam com o povo. O rei Luís XVI monopolizava a administração e controlava os tribunais, enquanto a dívida externa excedia o dobro do valor circulante. Ele ainda esbanjava luxo e tinha o poder de condenar quem quisesse à prisão sem julgamento; bastava ordenar e os presos iam para a fortaleza da Bastilha sem que fosse averiguado se a pessoa realmente cometeu um ato ilegal. Conforme Nunes (2019), a Revolução Francesa foi desencadeada por conta dos discursos que, durante o século XVIII, foram disseminados acerca de crítica sobre a religião católica e o poder régio. Para o mesmo autor, o Iluminismo possuía um potencial transformador, além de preconizar a valorização de certo modelo de filosofia racional. Um dos motivos que gerou a insatisfação do povo foi a cobrança de vários impostos, para o governo sustentar o regime absolutista monárquico, os luxos exuberantes da corte do rei Luís XVI, os privilégios do clero da Igreja Católica e dos nobres. Existiam o imposto sobre o sal (chamado de gabela) e taxas pagas em trabalho, como a corveia, que estava relacionada à conservação das estradas e ao conserto de carruagens dos nobres, além de ocorrerem aumentos sucessivos e do fato de apenas o povo pagar por esses impostos. A população sentia-se oprimida com tantos tributos e tarifas, pois seu poder aquisitivo era baixíssimo. Havia fome, condições precárias de higiene e recorrentes infestações de ratos. Muitos adoeciam e apresentavam corpos magros, porque os alimentos tinham preços inacessíveis. Enquanto isso, a realeza francesa ostentava inúmeras festas pomposas, nas quais as madames usavam vestidos caríssimos. Isso deixava a população ainda mais inconformada e irritada. 21 Você já assistiu à série Versailles?Sua primeira temporada foi em 2015, retratando a ostentação da monarquia francesa e o rei Luís XVI, interpretado por George Blagden. O título da série foi inspirado na cidade de Versalhes, na qual está localizado o Château de Versailles – o suntuoso palácio que era ocupado pela monarquia francesa. É válido destacar que essa série tem classificação indicativa para acima de 18 anos. SÉRIE VERSAILLES FONTE: <http://twixar.me/CXsm>. Acesso em: 8 dez. 2020. DICA A burguesia estava se fortalecendo e tomou conhecimento da situação econômica delicada do país. Assim, procurou conscientizar a massa da população. Os filósofos iluministas foram os responsáveis por denunciar a gravidade da situação econômica do país para o povo. O padre Jean Meslier, Rousseau, Montesquieu e Voltaire foram destacáveis iluministas. O rei Luís XVI manteve seu poder sobre a França no início da revolução francesa até ser deposto em 1792, tendo sido guilhotinado no ano seguinte. 22 Frequentemente, as pessoas dizem que o povo não tem poder. A Revolução Francesa é um exemplo de que o povo não era insignificante – além de mostrar os efeitos da atuação dos filósofos iluministas. Nas aulas de filosofia, às vezes, os jovens pensam que os filósofos não têm uma funcionalidade, porque “só filosofam” e não fazem nada de prático. A Revolução Francesa é um exemplo de que o produto da reflexão dos filósofos também não é inútil. Afinal, a união entre os atos dos filósofos e do povo foi determinante para acabar com o sistema de governo absolutista monárquico, no qual o rei detinha praticamente todo o poder. INTERESSANTE Assim, o lema da Revolução tornou-se “liberdade, igualdade e fraternidade”. Com inspiração iluminista, também tal lema fundamentou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (aprovada em 26 de agosto de 1789), que defendia o direito à liberdade, à igualdade perante a lei, à inviolabilidade da propriedade e o direito de resistir à opressão – o Quadro 8 mostra outros itens do legado dessa revolução. QUADRO 8 – LEGADO DA REVOLUÇÃO FRANCESA FONTE: A autora Abalou o absolutismo monárquico em toda a Europa Superação das instituições feudais do Antigo Regime Tomada do poder pela burguesia Muitas pessoas são executadas na guilhotina, dentre elas o rei Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão Preparação para o despontar do capitalismo industrial A Revolução Francesa gerou as conjecturas necessárias para que o capitalismo industrial eclodisse. Com a Revolução Industrial, as forças produtivas (indústria) provocaram uma gigantesca transformação nas relações de produção, despontando, assim, novas classes sociais: a burguesia e o proletariado. É bem verdade que inúmeras novas indústrias surgiram nessa fase, mas, também, aconteceu a aplicação de novos métodos às velhas indústrias, além da descoberta e da aplicação de novas técnicas. 23 Se você preferir produções cinematográficas para incrementar o seu processo de aprendiza- gem, seguem algumas sugestões sobre a Revolução Francesa no quadro a seguir. SUGESTÃO DE FILMES SOBRE A REVOLUÇÃO FRANCESA DICA Título do Filme Ano Gênero Duração Direção Maria Antonieta 1938 Drama/obra de Época 2h40 Van Dyke, Julien Duvivier A Queda da Bastilha A Tale of Two Cities 1980 Drama 202 minutos Jim Goddard Danton – O Processo da Revolução 1983 Drama/ficção histórica 2h16 Andrzej Wajda La Revolution Française 1989 Drama/thriller 6 horas Robert Enrico, Richard T. Heffron Caindo no Ridículo – Ridicule 1996 Drama/romance 1h43 Patrice Leconte Maria Antonieta 2006 Drama/romance 2h7 Sofia Coppola Adeus, Minha Rainha 2012 Drama/romance 1h40 Benoît Jacquot A Revolução Em Paris 2019 Drama, histórico 2h02 Pierre Schoeller Como é possível observar, a Revolução Francesa teve significativo derrama- mento de sangue e muitas pessoas foram degoladas, já que a guilhotina foi bastante utilizada na época. Talvez, essa época tenha servido de inspiração para o escritor Lewis Carroll, que viveu entre 1832 e 1898, em sua obra “Alice no País das Maravilhas”, na qual utilizou, repetidas vezes, a expressão “cortem as cabeças” por meio da personagem Rainha Vermelha. 24 DICA Um dos filmes apresentados no quadro de sugestões é “Maria Antonieta”, que foi a esposa do rei Luís XVI – e também retrata o Château de Versailles. CARTAZ DO FILME MARIA ANTONIETA FONTE: <http://twixar.me/5Xym>. Acesso em: 21 ago. 2020. Lembre-se de que, para compreendermos a palavra epistemologia, passamos boa parte deste tópico revendo, aprendendo e refletindo sobre as seguintes palavras: teoria, métodos, ciência, conhecimento, conhecimento científico, validade, cognição/ cognitiva e gnoseologia/gnosiologia. Em seguida, mergulhamos em trechos da história da Revolução Francesa – que também irá aparecer em outros momentos deste livro. 25 Neste tópico, você aprendeu: • A epistemologia é o estudo do saber e pressupõe o estudo metódico e reflexivo do conhecimento. • A epistemologia presta atenção na organização, na formação, no desenvolvimento e no funcionamento das áreas do saber, sobretudo quanto aos seus produtos intelectuais. • Precisamos compreender algumas palavras para ter um entendimento mais amplo da epistemologia. São elas: teoria, métodos, ciência, conhecimento, científico, validade, cognitiva e gnosiologia. • Às vésperas da Revolução Francesa, a França era um país agrário, que apresentava aumento populacional e assistia ao início da industrialização. A França vivia no regime monárquico absolutista. RESUMO DO TÓPICO 1 26 AUTOATIVIDADE 1 Para Wahba (2019, p. 1), “[...] o fazer nas ciências humanas [...] está atrelado a um método que respeite a subjetividade do pesquisador e a integridade do sujeito de pesquisa, imbuído de princípios epistemológicos”. Com base no exposto, associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Teoria. II- Metodologia. III- Ciência. ( ) Envolve estudos científicos. Arte de guiar o espírito na investigação da verdade. Parte da Lógica que se ocupa dos métodos de raciocínio, em oposição à Lógica Formal. ( ) Conjunto de conhecimentos organizados sobre determinado assunto. Erudição, instrução, literatura. Conhecimento, informação, notícia. ( ) Princípios básicos e elementares. Sistema ou doutrina que trata desses princípios. Conhecimento que se limita à exposição, sem passar à ação, sendo, portanto, o contrário da prática. Conjectura, hipótese. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) II – III – I. b) ( ) I – II – III. c) ( ) III – I – II. d) ( ) II – I – III. 2 “Por outro lado, essa pedagogia, pretendendo ser analítica, traduz-se numa arquitetura curricular fragmentada em matérias, numa trajetória gradual e linear, congruente com a análise de decomposição-recomposição justificada por uma epistemologia cartesiana” (ALMEIDA-FILHO, 2017, p. 10). Associe os itens, utilizando o código a seguir: I- Validade. II- Conhecimento. III- Gnoseologia. ( ) Qualidade de válido. Qualidade do ato jurídico ou administrativo, feito com todos os requisitos que a lei exige. Já a palavra válido equivale a “que tem valor”. ( ) Faculdade de conhecer. Ideia, noção; informação, notícia. Ter ideia justa da própria capacidade. Tomar conhecimento. Apreciar, julgar. ( ) Teoria da natureza e limites do conhecimento humano, epistemologia. Está ligada à faculdade de perceber e reconhecer as coisas. 27 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) I – II – III. b) ( ) III – I – II. c) ( ) II – I – III. d) ( ) II – III – I. 3 “A formação da opinião pública, que se apresentava, frequentemente, pelo seu matiz didático-pedagógico, conduzia os intelectuais orgânicos da Revolução Francesa a se postarem como arautos da verdade revolucionária, da interpretação histórica e da orientação do futuronacional” (BOTO, 2003, p. 746). Com base na Revolução Francesa, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O povo não tem poder, no que tange às questões políticas, sobretudo numa monarquia. b) ( ) Os filósofos iluministas desempenharam um papel crucial para a derrubada do absolutismo. c) ( ) O rei Luís XVI era estudioso da psicomotricidade, por isso exibia silhueta esbelta e magra. d) ( ) O clero foi responsável pela Revolução Francesa, ao desbancar a valorização da ciência que vigorava até ali. 28 29 PSICOMOTRICIDADE UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, abordaremos a psicomotricidade propriamente dita, retomando alguns conceitos da epistemologia. Para quem ainda não se sentiu satisfatoriamente familiarizado com o conceito de psicomotricidade, aprenderemos sobre essa palavra até obtermos uma noção mais ampla acerca do que ela abrange. 2 PSICOMOTRICIDADE Esse é um bom momento para encarar um desafio: quando você se depara com a palavra psicomotricidade, o que vem a sua mente? Você arriscaria escrever o que entende dessa palavra? Dê uma pausa na leitura, pegue uma caneta e escreva o que você acha que é psicomotricidade. É necessário se lançar nesse exercício, porque, mais adiante, o retomaremos – e, quem sabe, talvez, você também precise falar sobre ele em um encontro presencial ou virtual desta unidade. Para lhe ajudar, deixamos esse espaço para que você registre o seu conceito pessoal: Psicomotricidade é _____________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________. DICA 30 Mesmo que, conforme a leitura seguinte, você descubra que seu conceito estava incorreto, equivocado ou muito resumido, não tem problema. O importante é manter o registro, mesmo que errado, e mais para a frente revê-lo. Você encontrará mais oportunidades para registrar um conceito mais elaborado – fique tranquilo! Agora, novamente buscaremos a ajuda dos dicionários para entender o que significa psicomotricidade, conforme mostra o Quadro 9. QUADRO 9 – PSICOMOTRICIDADE NO DICIONÁRIO MICHAELIS FONTE: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/psicomotricidade>. Acesso em: 24 ago. 2020. psi·co·mo·tri·ci·da·de PSICOL. Conjunto e integração das funções motoras e psíquicas que determinam e coordenam os movimentos corporais ETIMOLOGIA der do voc comp do gr psykhē+o+fr motrice+i+dade, como fr psychomotricité Podemos depreender que a psicomotricidade está relacionada com funções motoras, funções psíquicas e movimentos corporais. No estudo de epistemologia, recorremos à etimologia da palavra. Vamos fazer o mesmo com a psicomotricidade, afinal, poderemos conferir a etimologia da palavra psicomotricidade. Se, mesmo assim, esse conceito não ficou totalmente claro, não se preocupe, preparamos um elemento gráfico para o ajudar na compreensão (Figura 4). FIGURA 4 – ETIMOLOGIA DA PALAVRA PSICOMOTRICIDADE FONTE: A autora • movimento • mover com frequência • agitar com força • alma • espírito • mente motrice+i+dade psykhē+o+fr 31 Ter acesso a essas informações pode ajudar aqueles que nunca estudaram sobre o tema, ou que não irão lidar diretamente com ele no futuro. Entretanto, uma vez já envolvidos nessa área, ter essas informações não é suficiente. Então, vamos mergulhar um pouco mais fundo, conforme apresenta o Quadro 10. QUADRO 10 – PSICOMOTRICIDADE NO DICIONÁRIO LÉXICO FONTE: <https://www.lexico.pt/psicomotricidade/>. Acesso em: 24 ago. 2020. Significado de Psicomotricidade Grupo de funções motoras que estão envolvidas na atividade a nível psicológico Além de reforçar a questão das funções motoras, já vistas anteriormente, a novidade são as expressões atividade e nível psicológico. Poderíamos presumir que a psicomotricidade tem a ver com aspectos psicológicos que envolvem os movimentos corporais? QUADRO 11 – PSICOMOTRICIDADE NO DICIONÁRIO ESTRAVIZ FONTE: <http://estraviz.org/psicomotricidade>. Acesso em: 24 ago. 2020. psicomotricidade Integração das funções motoras e psíquicas em consequência da maturidade do sistema nervoso No Quadro 11, temos o acréscimo da informação relacionada à maturidade do sistema nervoso. Então, minimamente, podemos inferir que há participação direta do encéfalo e/ou da medula espinhal, não é mesmo? QUADRO 12 – PSICOMOTRICIDADE NO DICIO FONTE: <http://twixar.me/Qjym>. Acesso em: 24 ago. 2020. Significado de Psicomotricidade Integração das funções motrizes e mentais sob o efeito da educação e do desenvolvimento do sistema nervoso. Integração organizada do que é motor, sensitivo, psíquico e das experiências individuais, que busca, através do corpo e de sua interação com o contexto social, o desenvolvimento individual. Etimologia (origem da palavra psicomotricidade). Psico + motricidade. No Quadro 12, as expressões novas, pelo menos no que se refere à leitura deste livro, são funções motrizes e funções mentais – vale lembrar que a palavra motriz está ligada à força que gera movimento. Além disso, a palavra educação também não tinha sido associada à psicomotricidade. Já a palavra desenvolvimento, de certo, surgirá novamente adiante. 32 FIGURA 5 – O REI LUÍS XVI E A OBESIDADE FONTE: <https://rainhastragicas.files.wordpress.com/2017/07/bastilha.jpg>. Acesso em: 27 ago. 2020. Outras palavras recorrentes nos estudos da psicomotricidade são motor, sensitivo e psíquico. Todas elas possuem diversos sentidos ou significados. Talvez muitos associem motor ao motor de um carro e sensitivo às pessoas que consideram ter uma percepção mais aguçada. Será que são esses os significados com os quais lidaremos nesta disciplina? Também não podemos deixar de mencionar as expressões experiências individuais, interação e contexto social. Ao acrescentarmos essas expressões, vemos que a psicomotricidade não está restrita ao sistema nervoso de uma pessoa, pois aspectos sociais também incidem sobre ela. Que tal um exemplo? “Em relação ao meio social, nunca houve registros na história ocidental de tamanha incidência de problemas posturais, obesidade e doenças cardiovasculares em crianças” (FERNANDES; DANTAS; MOURÃO-CARVALHAL, 2014, p. 117). Já que acabamos de obter uma informação sobre obesidade, que tal lembrarmos do rei Luís XVI? Você sabia que ele era obeso? Você já percebeu que boa parte dos integrantes das famílias reais europeias, que viveram às vésperas da Revolução Francesa, exibia corpos, hoje, considerados obesos? Naquele tempo, estar “acima do peso” era algo que conferia status. Afinal, a maioria da população era magra por não ter condições de comprar comida. Então, aqueles que tinham poder aquisitivo para comer gostavam de ter uma aparência mais avantajada, para sinalizar que eram ricos e tinham posses. Talvez você já tenha assistido a algum dos filmes que foram indicados, quando estávamos aprendendo sobre a Revolução Francesa – o rei Luís XVI foi retratado como alguém obeso nessas produções cinematográficas? Por quê? Hoje, a obesidade é indício de status em nossa sociedade? Na atualidade, algo que confere status na sociedade, por exemplo, é possuir carros e/ou roupas e/ou equipamentos de grife. Algumas pessoas fazem isso para passarem a impressão de que têm poder aquisitivo considerável. 33 Assim, podemos ter uma ideia de que a Revolução Francesa interferiu nos hábitos alimentares e, provavelmente, nos movimentos corporais das pessoas – até porque movimentar o corpo pode nãoser uma tarefa fácil para as pessoas com obesidade. Então, a relação entre psicomotricidade e Revolução Francesa vai muito mais além do que supõe nossa vã filosofia. Desse modo, é hora de honrarmos mais uma palavra do Quadro 12: corpo. É bem possível que ela tenha sido escrita, por você, no exercício que propusemos no começo deste tópico, pois muitas pessoas associam a palavra psicomotricidade a corpo. Outras expressões que merecem atenção e que apareceram em vários dos quadros deste tópico são: conjunto, grupo e integração organizada. Todas essas expressões serão retomadas no Tópico 3, mas esse pequeno contato permite ter certa noção do que vem a ser a psicomotricidade: A psicomotricidade está relacionada a aspectos psicológicos e cognitivos do movimento e às atividades corporais na relação do organismo com o meio em que se desenvolve. Na psicomotricidade, há componentes maturacionais relacionados com os movimentos e ações que se mostram quando a criança entra em contato com pessoas e objetos com os quais se relaciona de forma construtiva. E, ao mesmo tempo, é fonte de conhecimento e expressão do que já se tem, como meio de gerar vivências e emoções (FERREIRA; MARTINEZ; CIASCA, 2010, p. 224, grifo nosso). As palavras destacadas nessa citação foram as mesmas apresentadas nos quadros deste tópico. Sugerimos que você releia a citação, para entender algumas relações estabelecidas entre esses termos. Agora, aprofundaremos a etimologia da palavra psicomotricidade, conforme mostra o Quadro 13. QUADRO 13 – A ORIGEM DO SIGNIFICADO DE PSICOMOTRICIDADE FONTE: Adaptado de <https://institutoneurosaber.com.br/entenda-o-conceito-de-psicomotricidade/>. Acesso em: 27 ago. 2020. PSI Refere-se ao aspecto emocional da pessoa; está ligado ao sentimento CO Faz referência à cognição, ao processamento das informações recebidas por todos nós MOTRIC Motriz = movimento e força IDADE Etapa de vida de todos nós. Ciclo vital Podemos afirmar que a psicomotricidade está atrelada ao corpo, portanto, ela também está vinculada à esfera orgânica. Além disso, está conectada, ainda, aos aspectos afetivos, cognitivos, intelectuais, bem como à maturação e ao movimento. 34 A palavra motricidade “[...] é entendida como o conjunto de expressões corporais, gestuais e motoras, não verbais e não simbólicas, de índole tónico-emocional, postural, somatognósica, ecognósica e práxica, que sustentam e suportam as manifestações do psiquismo” (FONSECA, 2010, p. 46). Agora que já analisamos o significado da palavra psicomotricidade, a seguir, entenderemos qual é a sua relação com a epistemologia. 3 EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE Vamos retomar, brevemente, o que aprendemos sobre epistemologia? Ela tem a ver com teoria, métodos, ciência, conhecimento científico, validade, cognição e gnosiologia. Vejamos algo sobre a psicomotricidade no que diz respeito à teoria. No âmbito da matriz teórica da psicomotricidade, o psiquismo é entendido, concebido e compreendido como sendo composto pelo funcionamento mental total, isto é, pelas sensações, percep- ções, emoções, fantasmas, representações, projeções e condutas relacionais e sociais. Cabem nesta concepção dinâmica, corpora- lizada e atuante do psiquismo, todos os processos cognitivos que integram, processam, planificam, regulam e executam a motricidade, como uma resposta adaptativa intencional e inteligível exclusiva da espécie humana (FONSECA, 2010, p. 42, grifo nosso). Assim, sabemos, de antemão, que a psicomotricidade possui uma matriz teórica, bem como podemos ter uma ideia mais abrangente sobre o que é o psiquismo (Figura 6). FIGURA 6 – PSIQUISMO FONTE: Adaptada de Fonseca (2010) ps iq ui sm o funcionamento mental total sensações percepções emoções representações projeções condutas 35 No tópico anterior, vimos que a psicomotricidade é uma ciência. É chegada a hora de conferir isso mais de perto. Na perspectiva de Fonseca (2010), a psicomotricidade é uma ciência com arquitetura conceitual e estrutural, que se embasa num grupo de paradigmas e pressupostos que se harmonizam, se conciliam. A Psicomotricidade, como ciência, é entendida como o campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistémicas, entre o psiquismo e o corpo, e, entre o psiquismo e a motricidade, emergentes da personalidade total, singular e evolutiva que caracteriza o ser humano, nas suas múltiplas e complexas manifestações biopsicossociais, afetivoemocionais e psicossóciocognitivas (FONSECA, 2010, p. 42). Pode-se dizer que a psicomotricidade é mais do que uma área interdisciplinar ou multidisciplinar, tendo em vista que se ampara em conteúdos que se interligam e que apresentam conceitos representantes das áreas biológicas e das áreas culturais. “A Psicomotricidade é reconhecida como uma ciência que muito tem a contribuir para o desenvolvimento humano, em todas as suas etapas, da infância à velhice, e em toda sua complexidade, pois afeto, cognição e movimento são inseparáveis e fazem parte da condição humana” (BENETTI et al., 2018, p. 604). Talvez, pareça estranho o uso da expressão “todas as suas etapas”, relacionada ao desenvolvimento humano. Isso porque quando imaginamos um profissional trabalhando com a psicomotricidade, temos uma certa tendência a associar a alguma intervenção com crianças. Você também tinha essa impressão? Essa impressão decorre do fato de que é justamente durante a infância que as funções psicomotoras passam a se desenvolver (BENETTI et al., 2018). Além disso, como apontam Ferreira, Martinez e Ciasca (2010, p. 223), “Na infância, o papel da psicomotricidade é de fundamental importância para o desenvolvimento e a aprendizagem da criança, e envolve: aspectos emocionais, motores e cognitivos”. Também por isso Benetti et al. (2018) defendem que os gestores da Educação Infantil necessitariam ter mais conhecimento sobre a psicomotricidade, a fim de aumentar, consideravelmente, as condições para que fosse colocada em prática em meio à educação formal. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Duzzi, Rodrigues e Ciasca (2016) recomendam que a psicomotricidade esteja presente nos currículos de cursos de formação, tanto na fase de graduação quanto na fase de pós-graduação, ressaltando a necessidade de ser abordada nesses contextos com seriedade e aprofundamento, sobretudo com os cursos voltados à formação de professores, já que há uma relação entre o desenvolvimento das habilidades psicomotoras e a aquisição da escrita. Vale salientar que o conhecimento nessa área implicará grandemente em sua instrumentalização, que se mostra necessária e é o diferencial de um profissional capacitado (BENETTI et al., 2018, p. 604). 36 Ao ler as expressões “colocadas em prática” e “instrumentalização” associadas à “profissional capacitado”, é bem provável que desconfiemos que a psicomotricidade não seja apenas uma ciência. Parece que ela também pode ser uma profissão ou área de atuação profissional, não é mesmo? Por outro lado, Kolyniak (2010) esclarece que a psicomotricidade não pode ser considerada uma estratégia que une diversos exercícios mecânicos, com vistas à aquisição de habilidades automatizadas, para que a criança saiba escrever com letras bem feitas. Muito mais do que isso, o desenvolvimento das funções psicomotoras, no nível neurológico e motor, permite à criança uma interação com o meio social de tal qualidade, que promove possibilidades de vivências que constroem conhecimento internalizado e, com mediações, são representadas e generalizadas em representações simbólicas (KOLYNIAK, 2010, p. 69). Nesse sentido, Fonseca (2010) acrescenta que a psicomotricidade não se propõe a auxiliar somente no que tange a promoção
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