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2 Princípios e Conceitos para Projetos e Infraestruturas Verde

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Prévia do material em texto

Certificação e Orientação 
Ambiental de Edificações
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Michele Cavalcanti Toledo
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Princípios e Conceitos para Projetos e Infraestruturas Verdes
• Impacto Ambiental;
• Energia e Eficiência Energética;
• Gestão de Resíduos Sólidos;
• Biodiversidade;
• Recursos Hídricos;
• Qualidade e Desempenho 
Ambiental de Interiores.
 · Conhecer os principais conceitos e questões que permeiam o âmbito 
ambiental no contexto de edificações sustentáveis.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Princípios e Conceitos para Projetos e 
Infraestruturas Verdes
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Princípios e Conceitos para Projetos e Infraestruturas Verdes
Impacto Ambiental
Um conceito fundamental para nos aprofundarmos na questão da sustentabilida-
de em edificações é o de impacto ambiental. 
Antes de avançar a leitura, pense: o que é um impacto ambiental?
Faça uma breve lista em suas anotações de possíveis impactos oriundos da construção e 
operação de edificações.
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or
Responder ao que é um impacto ambiental pode ser mais complicado do que se 
imagina em um primeiro momento, afinal, impactos são sempre negativos? Qual é a 
diferença entre um impacto e um aspecto ambiental?
Em poucas palavras, podemos dizer que um impacto ambiental é a consequên-
cia de um aspecto ambiental; já um aspecto nada mais é do que o fenômeno em si 
(SÁNCHEZ, 2008).
Aspecto ambiental: fenômeno e elementos acarretados por ação humana que podem 
interagir com o meio ambiente;
Impacto ambiental: consequência, negativa ou positiva, de um aspecto ambiental.
Ex
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A partir dessa definição podemos entender que a emissão de gases atmosféricos, 
decorrentes de uma atividade como o transporte de materiais para a construção, 
comporte-se como um aspecto ambiental; enquanto que os impactos ambientais desse 
aspecto serão as consequências da emissão de gases, tais como problemas respiratórios 
na população que respirar esse ar, deterioração da qualidade do ar em si e contribuição 
às mudanças climáticas.
Quadro 1 – Lista de atividades, aspectos e impactos ambientais 
negativos comuns à construção de edificações em cidades
Atividade Aspecto ambiental Impacto ambiental
Transporte de carga 
por caminhões Emissão de ruídos Incômodo às pessoas da região
Transporte de carga 
por caminhões Aumento do tráfego de veículos Maior frequência de congestionamentos
Pintura Emissão de compostos orgânicos voláteis Deterioração da qualidade do ar
Preparação do terreno 
para construção Nivelamento, transporte e exposição do solo Deterioração da qualidade do solo
Preparação do terreno Demolição da edificação presente no terreno para a construção de uma nova obra
Degradação da paisagem durante a 
construção do empreendimento
Fonte: inspirado em Sánchez (2008)
8
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O entendimento sobre os aspectos e impactos ambientais pode ser muito impor-
tante para a gestão ambiental de edificações (CIANCIARDI, 2014). Assim, munidos 
de uma lista de possíveis aspectos e impactos, devemos trabalhar para controlar esses 
últimos. Significa que não necessariamente precisaremos eliminar o aspecto ambiental 
para lidar com os impactos.
De maneira geral, devemos sempre buscar prevenir, mitigar e compensar impac-
tos ambientais – sempre nesta ordem de prioridade (SÃO PAULO, 2014), afinal:
• Prevenção ocorre quando busca-se evitar que o impacto ambiental exista; por 
exemplo, se incluirmos as árvores de uma região no projeto arquitetônico, preve-
niremos o corte dessas e, consequentemente, os seus impactos;
• Mitigação, por sua vez, é a diminuição do impacto; por exemplo, se criar-
mos regras para que os caminhões entrem na obra apenas em horários pré-
-determinados – intervalos de tempo que tenham menos tráfego nas ruas –, 
diminuiremos o impacto gerador de congestionamentos na região – embora 
não o eliminaremos;
• Já a compensação é o nosso último recurso, empregando-se para gerar um 
impacto positivo em decorrência do impacto negativo que não conseguimos 
prevenir; por exemplo, se realizarmos o corte de árvores locais, o plantio de 
uma quantidade superior em outra área é uma maneira de gerar um impacto 
positivo que tente “compensar” o impacto negativo anterior. 
Importante!
A ordem de prioridade da gestão de impactos ambientais negativos é prevenção, 
mitigação e compensação.
Importante!
É importante destacar que apesar de mencionarmos compensação, é difícil ve-
rificarmos eticamente que um impacto positivo “compensa” outro; afinal, um im-
pacto negativo pode ser algo definitivo, tal como no caso do corte de uma árvore 
– matando-a –, ou do desvio de um rio, afetando para sempre os organismos que 
desse se utilizavam.
É por isso que a compensação deve ser sempre utilizada apenas quando não 
possuirmos mais recursos para a prevenção ou mitigação – trata-se de um dos princí-
pios fundamentais da gestão para edificações ecológicas (GAUZIN-MÜLLER, 2011; 
SPIRIN, 1984)
Energia e Efi ciência Energética
A geração de energia elétrica é fonte de grandes impactos ambientais (GALLARDO 
et al., 2017). Seja em razão dos impactos territoriais causados por hidrelétricas, pela 
utilização de recursos não renováveis, ou pelos diversos tipos de poluição comumente 
9
UNIDADE Princípios e Conceitos para Projetos e Infraestruturas Verdes
associados à própria produção. Poucas pessoas discordariam de que precisamos 
ser mais eficientes e independentes no que tange o uso de energia (GAUZIN- 
-MÜLLER, 2011).
Edificações ecológicas buscam a utilização da energia da maneira mais eficiente 
possível, mantendo-a dentro das edificações – ciclo fechado (CIANCIARDI, 2014). 
Para tanto, tais construções procuram utilizar sistemas de reaproveitamento, além de 
geração de energia – solar ou eólica –, assim como aproveitamento da iluminação 
solar e de sistemas naturais de resfriamento, equilibrando os fluxos de ar interno e a 
vegetação – externa e interna.
A utilização de energia solar por edificações, seja na iluminação, aquecimento ou 
geração de energia elétrica, vem se popularizando mundo afora. Algumas cidades, 
como Frankfurt, na Alemanha, já possuem todo um sistema público de mapeamentode irradiação solar para que o empreendedor saiba exatamente a capacidade de gera-
ção de energia elétrica de um painel em seu imóvel. Trata-se de um fator muito impor-
tante, pois ciente do potencial de geração, esse empreendedor saberá exatamente o 
seu payback – tempo que o investimento levará para se pagar (CABRAL; TORRES; 
SENNA, 2013).
Quando analisamos o potencial de geração de energia elétrica a partir de painéis 
fotovoltaicos no Brasil, observamos que, potencialmente, muitas edificações pode-
riam gerar mais energia do que consomem. Neste cenário é possível que a energia 
elétrica gerada excedente fosse distribuída na rede – onde o empreendedor obteria 
descontos em futuras contas – ou armazenada em baterias (KEELER; BURKE, 2010).
É cada vez mais comum termos notícias sobre novas e mais eficientes tecnologias de 
aproveitamento solar. Considerando que possivelmente se tornará uma opção que poderá 
ser comum a todo tipo de edificação, veja um exemplo na reportagem.
Disponível em: https://goo.gl/1BFCxr
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A energia eólica também vem sendo cada vez mais empregada em projetos de 
edificações. Sua utilização pode se dar tanto em extensos terrenos, capazes de ge-
rar grandes quantidades de energia elétrica – tais como usinas eólicas –, quanto por 
meio de microgeradores eólicos, que podem ser instalados nas próprias edificações. 
Designs cada vez mais modernos e adaptados a situações específicas vem fazendo com 
que se torne uma alternativa cada vez mais presente nas cidades (EDWARDS, 2005).
Células de combustíveis à base de hidrogênio, energia geotérmica e biocombus-
tíveis são apenas mais alguns exemplos de novas tecnologias que vêm mudando a 
maneira como as edificações lidam com as suas demandas energéticas (EDWARDS, 
2005); mas tão importante quanto a geração de energia elétrica é o aproveitamento 
e a conservação de energia nos sistemas (GAUZIN-MÜLLER, 2011).
De maneira geral, edificações construídas em ambientes quentes devem se preo-
cupar com a concepção do projeto e da escolha dos materiais para que a edificação 
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11
possa se manter em uma temperatura agradável aos seus usuários – da maneira mais 
natural possível (CIANCIARDI, 2014).
Um exemplo negativo muito comum nas metrópoles brasileiras corresponde aos 
grandes edifícios revestidos de vidro, comumente utilizados para escritórios; afinal, esse 
material age como uma estufa, aquecendo muito o seu interior, exigindo potentes e 
custosos sistemas de ar-condicionado que, por sua vez, para serem eficientes, cobram 
o mínimo de interação com o exterior, de maneira que todas as janelas se mantêm 
fechadas. Além de demandar grande quantidade de energia para manter esse sistema 
funcionando, esse tipo de edificação necessita que os seus operadores tenham grande 
atenção no controle e na manutenção dos filtros de ar – outro ponto oneroso –, pois 
quando não são devidamente geridos, o edifício pode prejudicar a saúde de seus usuá-
rios (KEELER; BURKE, 2010).
Edwards (2005) destaca que para edificações que busquem se tornar eficien-
tes ou independentes energeticamente, é importante que três fatores estejam 
integrados, vejamos:
1. Busca e uso de novas tecnologias para que se tenha as maiores e possíveis 
taxas de efi ciência. Signifi ca também planejar as manutenções e atualizações 
de equipamentos;
2. Políticas públicas: sem incentivos e meios legais para a integração da energia 
elétrica, muitas dessas tecnologias se tornam inviáveis. No Brasil, por exem-
plo, apenas no começo da década de 2010 se tornou possível a “venda” de 
energia elétrica ao sistema, de forma que antes disso, mesmo se você gerasse 
toda a sua eletricidade, deveria ainda pagar uma taxa às companhias de distri-
buição de energia elétrica;
3. Conscientização e Educação Ambiental: nenhuma tecnologia ou edifi cação 
será sufi ciente se o comportamento dos usuários não for o esperado.
Figura 1 – É importante observarmos que o impacto da geração de energia elétrica se dá também 
no transporte, realizado por baterias, ou por linhas de transmissão elétrica que cortam o País
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE Princípios e Conceitos para Projetos e Infraestruturas Verdes
Gestão de Resíduos Sólidos
Os resíduos oriundos da construção civil ocupam grandes volumes nos aterros 
sanitários. Infelizmente, partes dos resíduos gerados ainda são destinados de maneira 
incorreta, ilegalmente dispostos em áreas verdes, corpos d’água e lixões clandestinos 
(GRÜNBERG; MEDEIROS; TAVARES, 2014).
A geração de resíduos não se restringe à fase de construção da edificação, conti-
nuando durante a operação da mesma, afinal, os seus usuários produzirão os mais 
diversos tipos de resíduos, cada qual devendo ser manejado e destinado de maneira 
específica. Assim, é importante lembrar que o descarte dos resíduos é também uma 
questão de saúde para toda a cidade. Dessa maneira, deve-se criar sistemas simples 
para que os usuários das edificações façam a destinação adequada de seus resíduos, 
ou seja, sem prejudicar o meio ambiente e a saúde das pessoas próximas ao local 
onde terá a sua deposição final (EDWARDS, 2005).
Algumas orientações podem ser dadas no contexto da gestão ecológica de edifica-
ções (EDWARDS, 2005):
 · Na fase de projeto, deve-se tomar cuidado no processo de decisão da esco-
lha de materiais. Tanto a cadeia de produção quanto a de destinação final 
são importantes;
 · Utilizar no projeto o máximo de materiais reutilizados, recuperados e reci-
clados, diminuindo, assim, o impacto total na perspectiva do ciclo de vida 
da edificação;
 · Planejar a desativação do que é construído, questionando-se: Qual é o ob-
jetivo da edificação? Por quanto tempo é esperado o seu uso? Em seu des-
monte, o que poderá ser recuperado? Estas são perguntas importantes e que 
devem permear todo o planejamento do projeto;
 · As edificações devem possuir um uso flexível. É importante lembrarmos que 
a utilização das edificações mudará no decorrer dos anos; dessa maneira, 
devem ser planejadas de modo a valorizar e facilitar esse dinamismo.
Uma proposta para a gestão de resíduos sólidos que vem ganhando força com a 
conscientização das pessoas sobre a sua problemática é a utilização de sistemas de 
ciclagem de nutrientes nas próprias edificações.
Quais são as vantagens de possuir um sistema de ciclagem de resíduos orgânicos nas 
edificações? Você conhece algum? Se sim, qual? No Material complementar desta Unidade 
há algumas referências que podem ser úteis sobre esse assunto.
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Figura 2 – O entulho da construção civil ocupa 
grandes volumes, o que difi culta e encarece a sua gestão
Fonte: iStock/GettyImages
Biodiversidade
Em muitas cidades brasileiras, a expansão urbana, marcada pelo concreto e asfalto, 
acabou por alienar as pessoas da vegetação e fauna que nessas estavam presentes. 
Para complicar a situação, sobre este “cinza”, paisagistas e planejadores optaram 
pelo cultivo de espécies “estrangeiras”, ou seja, que vieram de outros países, biomas, 
chamadas também de espécies exóticas (UICN; WWF-BRASIL; IPÊ, 2011).
Com isso, os ambientes urbanos se tornaram, em sua maioria, “desertos verdes”, 
com pouca ou nenhuma conexão com a biodiversidade de seu entorno. Isso aconte-
ce porque apenas poucas espécies conseguem se adaptar e viver nesse ambiente de 
pouca – e exótica – vegetação.
Se já não bastasse, todo esse cenário ocorre no país com a maior biodiversidade 
do Planeta, de modo que o uso de muitas plantas nativas vem se perdendo com a 
desconexão da população com as mesmas. Por sua vez, espécies animais são extintas 
localmente pela falta de ambientes onde possam viver e de plantas nativas das quais 
possam se alimentar (ASLAKSEN et al., 2015). Um exemplo acontece na região do 
rio Tamanduateí, em São Paulo, que recebeu esse nome porque era comum observar 
tamanduás em seus leitos – o que já não mais acontece.
Outro problema para a biodiversidade no contexto urbano é a competição com 
espécies exóticas invasoras. Ao se optar em utilizarespécies de outros países, corre-
-se o risco de que essas venham a ocupar nichos de espécies nativas, ameaçando-
-as localmente, ou as colocando em risco de extinção (WELLS; TIMMER; CARR, 
2011). Em São Paulo, a palmeira juçara – Euterpe edulis – ilustra bem essa situação: 
muito explorada no passado em razão de seu palmito, reduziu-se a números preo-
cupantes, o que a colocou na lista de espécies ameaçadas de extinção; sua situação 
13
UNIDADE Princípios e Conceitos para Projetos e Infraestruturas Verdes
se tornou ainda mais preocupante quando foi introduzida na Cidade uma palmeira 
esteticamente similar, a seafórtia – Archontophoenix cunninghamii – que, com a sua 
alta taxa de reprodução, passou a ocupar o lugar da espécie local, impedindo que 
a juçara consiga se manter nas poucas matas paulistanas restantes (RODRIGUES; 
BRANCALION; ISERNHAGEN, 2009).
Em razão desse cenário, edificações que busquem ser sustentáveis, devem se inte-
grar ao ambiente original da cidade, utilizando-se e respeitando a dinâmica das espé-
cies nativas, de maneira a tornar o ambiente urbano mais propício à biodiversidade. 
As edificações podem ainda usufruir dos benefícios associados a tal postura, tais como 
o resfriamento natural gerado pela vegetação, a conservação de elementos estruturais, 
a filtragem de poluentes e ruídos, ou ainda a polinização, o embelezamento estético, 
a produção de mel – realizada por abelhas nativas, sem ferrão –, entre tantos outros 
serviços ambientais possíveis.
Figura 3 – A Cidade de São Paulo possui áreas bem arborizadas, tal como a região do 
Parque do Ibirapuera; mas as suas ruas, dominadas pelo concreto e asfalto, tornam 
quase impossível a conexão das espécies isoladas nos parques e nas praças
Fonte: iStock/GettyImages
Recursos Hídricos
Por muito tempo a gestão da água em edificações foi um assunto deixado em 
segundo plano, pois, considerando um país tão rico em água, a nossa fartura não per-
mitia tais preocupações. Contudo, na segunda década deste século vieram as crises de 
abastecimento, de modo que esse conceito, felizmente, começou a mudar.
Atualmente, muitas edificações utilizam tecnologias – algumas inéditas – para o 
reaproveitamento da água utilizada, coleta da água pluvial e o tratamento da água 
descartada (EDWARDS, 2005).
14
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Quadro 2 – Medidas para um uso mais sustentável da água
Tecnológicas
 · Torneiras com regulagem de vazão;
 · Torneiras automáticas;
 · Válvulas de descarga com regulagem de vazão;
 · Sanitários compostáveis;
 · Mictórios sem água;
 · Mictórios com descarga ativa por sensores;
 · Chuveiros em vez de banheiras;
 · Eletrodomésticos de baixo consumo de água.
Sistemas de águas cinzas
 · Recuperação de águas residuais – água reciclada;
 · Coleta de águas pluviais.
Engenharias
 · Pavimentação permeável para alimentação das fontes de água subterrânea;
 · Projeto paisagístico que permita a absorção das águas pluviais;
 · Sistema de captação de águas pluviais para a contenção do volume de água em 
caso de chuvas torrenciais.
Gestões
 · Controle do consumo – medidores;
 · Detecção de vazamentos;
 · Manutenção periódica;
 · Educação Ambiental.
Fonte: adaptado de Edwards (2005, p. 102)
Qualidade e Desempenho 
Ambiental de Interiores
Uma edificação ecológica não pode almejar apenas a preocupação com o 
exterior, sendo necessário propiciar proteção, conforto e salubridade aos seus 
usuários (CIANCIARDI, 2014).
Infelizmente, a salubridade – ou seja, a saúde – de muitas unidades habitacionais 
no Brasil estão comprometidas em razão de fontes de poluição atmosférica, da 
água, do solo ou sonora, que ocorre dentro dos próprios ambientes interiores 
(CIANCIARDI, 2014). Quando esses poluentes passam a prejudicar a saúde dos 
usuários da edificação, damos o nome de síndrome do edifício doente – ou síndrome 
do edifício enfermo.
Essa é uma denominação que surgiu na Europa e nos Estados Unidos, mas que 
rapidamente passou a ser observada e adotada no mundo inteiro. O prejuízo à 
saúde humana acontece porque dentro das edificações acumula-se uma série de 
contaminantes que interagem entre si e que contribuem, direta ou indiretamente 
para essa síndrome. Ademais, tais contaminantes podem advir de variados tipos e 
fontes, por exemplo:
 · Contaminantes químicos: compostos voláteis de tintas, vernizes e pro-
dutos de limpeza; fumaça de cigarro; formaldeído, monóxido de carbono, 
óxido nítrico, dióxido de nitrogênio;
 · Agentes biológicos: bactérias, fungos, mofos, pólen e ácaros que comu-
mente são encontrados em carpetes, ares-condicionados e outros espaços 
15
UNIDADE Princípios e Conceitos para Projetos e Infraestruturas Verdes
de interiores com ambiente propício para a reprodução desses organis-
mos vivos;
 · Agentes físicos: ruídos, iluminação, condições térmicas e irradiações.
Esses elementos interagem entre si de maneira a fragilizar e afetar a saúde dos 
usuários (CIANCIARDI, 2014), ainda que a intensidade varie de acordo com a sensi-
bilidade, nível de contato e período na edificação.
Analisando a edificação como um todo, para avaliar a qualidade ambiental inte-
grada, ou seja, o seu desempenho ambiental completo, envolvendo todas as questões 
apresentadas ao longo da Unidade, deve-se buscar por indicadores de desempenho 
ou certificações que aferirão tais tópicos.
Na parte de indicadores, um interessante e relativamente popular é a pegada eco-
lógica, o qual busca mensurar o grau de insustentabilidade da edificação, analisando 
as suas demandas ambientais.
Outro ponto importante é que quando analisamos a sustentabilidade de uma edifi-
cação, devemos também pensá-la na perspectiva da cidade (SPIRIN, 1984). Ademais, 
edificações devem se preocupar ainda com questões de:
 · Microclimas urbanos e adensamentos;
 · Disponibilidade e acesso à luz natural;
 · Ventilação e circulação de ar no entorno;
 · Mobilidade dos usuários e seus impactos nos bairros;
 · Transporte e gestão dos resíduos sólidos;
 · Qualidade do ar exterior;
 · Geração de ruído para as comunidades do entorno.
As certificações buscam métodos para aferir e garantir o cumprimento dos tópicos 
nesta oportunidade – na próxima Unidade nos aprofundaremos em cada um dos 
principais sistemas de certificação para edificações ecológicas.
Figura 4 – Ambientes interiores que respeitem o meio em que estão inseridos 
podem ser extremamente convidativos e confortáveis
 Fonte: iStock/GettyImages
16
17
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Reportagem Sobre os Desafios da Sustentabilidade para Edificações no Contexto Urbano
https://goo.gl/skoTCM
 Vídeos
A Biodiversidade Brasileira e as Cidades
https://youtu.be/uVwQ_j2bNQY
Como Fazer a Compostagem Caseira
https://youtu.be/Oc8p3Q7F6E4
Programa “Um Pé de Quê?” Sobre Vegetação e a História do Rio Jurubatuba
https://youtu.be/EG87pH_Ffbc
Veja o Processo de Tratamento para Reciclagem do Alumínio
https://youtu.be/wgPn3kZZtIY
 Leitura
Entenda Mais Sobre o Processo de Compostagem
https://goo.gl/Y2wfsJ
17
UNIDADE Princípios e Conceitos para Projetos e Infraestruturas Verdes
Referências
ASLAKSEN, I. et al. Biodiversity and ecosystem services: the nature index for 
Norway. Ecosystem Services, v. 12, p. 108-116, abr. 2015. 
CABRAL, I. D. S.; TORRES, A. C.; SENNA, P. R. Energia solar – análise 
comparativa entre Brasil e Alemanha. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTÃO 
AMBIENTAL, 4., 2013. Salvador, BA. Anais... Salvador, BA: Ibeas, 2013.
CIANCIARDI, G. A casa ecológica. Vinhedo, SP: Horizonte, 2014. 
EDWARDS, B. O guia básico para a sustentabilidade. 2. ed. Barcelona: GG, 2005. 
GALLARDO, A. L. C. F. et al. A avaliação de impactos cumulativos no planejamento 
ambiental de hidrelétricas na bacia do rio Teles Pires (região amazônica). 
Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 43, p. 22-47, 2017. 
GAUZIN-MÜLLER, D. Arquitetura ecológica. São Paulo: Senac, 2011. 
GRÜNBERG, P. R. M.; MEDEIROS, M. H. F. de; TAVARES, S. F. Certificação 
ambiental de habitações: comparação entre Leed for Homes, Processo Aqua e 
Selo Casa Azul. Ambiente & Sociedade, v. 17, n. 2, p. 195-214, 2014. 
KEELER, M.; BURKE, B. Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis. 
Porto Alegre, RS: Bookman, 2010. 
RODRIGUES, R. R.; BRANCALION, P. H. S.; ISERNHAGEN, I. Pacto pela 
restauração da mata atlântica: referencial dos conceitos e ações de restauração 
florestal. São Paulo: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz; Instituto 
BioAtlântica, 2009. 
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São 
Paulo: Oficina de Textos, 2008. 
SÃO PAULO (Estado). Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Manual 
para elaboração de estudos para o licenciamento com avaliação de impacto 
ambiental. São Paulo, 2014. 
SPIRIN, A. W. The granite garden. New York: Basic Books, 1984. 
UICN; WWF-BRASIL; IPÊ. Diálogos sobre biodiversidade: construindo a 
estratégia brasileira para 2020. [S.l.], 2011. p. 73. 
WELLS, M.; TIMMER, F.; CARR, A. Understanding drivers and setting targets 
for biodiversity in urban green design. In: Green design. London: Black Dog, 
2011. p. 144.
18