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1 O amor é o alicerce Dennis e Brenda não conseguiam entender o que havia de errado com o filho de 8 anos, Ben. Ele sempre havia sido um aluno acima da média e nunca deixara de fazer as lições de casa, mas naquele ano seu rendimento escolar caíra drasticamente. Ele pedia repetidas vezes à professora que lhe explicasse a lição de casa. Estava indo à mesa dela até oito vezes ao dia para pedir mais explicações. Seria um problema de deficiência auditiva ou de compreensão? Seus pais fizeram-no passar por um teste de audição, e um conselheiro escolar deu-lhe um teste de compreensão; a audição de Ben estava perfeitamente normal e sua capacidade de compreensão era típica de um aluno do terceiro ano. Outros fatos a respeito de Ben os intrigavam. Em algumas situações, o comportamento dele podia ser considerado quase antissocial. A professora tinha o hábito de lanchar com as crianças, procurando sempre estar ao lado de alunos diferentes, porém Ben algumas vezes empurrava os coleguinhas para que pudesse, ele, estar ao lado da professora. No recreio, sempre que a professora aparecia no parquinho, ele deixava as outras crianças para perguntar-lhe algo sem importância, fugindo assim dos colegas. Se a professora participasse de alguma brincadeira durante o recreio, Ben tentava segurar na mão dela durante o jogo. Seus pais já se haviam reunido com a professora por três vezes, sem conseguir identificar o problema do menino. Independente e feliz, assim era Ben nos anos anteriores, porém agora ele parecia apresentar um comportamento do tipo pegajoso e inconveniente, que não fazia nenhum sentido. Ele também estava brigando com muito mais frequência com a irmã mais velha, muito embora seus pais achassem que era apenas um período passageiro que estava atravessando. Quando Dennis e Brenda falaram comigo a respeito de seu filho, durante um seminário, mostravam-se muito preocupados e desejosos de saber se tinham uma criança potencialmente rebelde nas mãos. — Dr. Chapman, sabemos que este é um seminário sobre o casamento e talvez a nossa pergunta não seja apropriada para este momento — disse Brenda — mas meu marido e eu achamos que o senhor poderia nos dar algumas diretrizes. Então eles descreveram a mudança no comportamento de Ben. Perguntei-lhes se o estilo de vida da família havia sofrido alguma alteração naquele ano. Dennis respondeu que era vendedor e que duas noites por semana ficava ausente de casa atendendo chamadas, mas que estava em casa das 18h às 19h30 nas outras noites. Estas ocasiões eram utilizadas para finalizar algum trabalho ou ver um pouco de televisão. Nos finais de semana, ele costumava ir aos jogos de futebol, sempre levando Ben consigo. Porém, naquele ano ele ainda não havia feito isso. — Minha vida tem sido muito atarefada. Eu nem mesmo tenho assistido aos jogos pela televisão. — E você, Brenda? — perguntei. — Seu estilo de vida sofreu alguma mudança nos últimos meses? — Sim — respondeu ela. — Desde que colocamos Ben no jardim de infância, há três anos, comecei a trabalhar meio período. Porém, neste ano estou em um emprego de tempo integral, de modo que tenho chegado em casa mais tarde do que costumava chegar. Na verdade, o avô de Ben o apanha na escola e ele fica com os avós durante uma hora e meia até que eu o leve para casa. Nas noites em que Dennis está fora da cidade, normalmente Ben e eu jantamos na casa de meus familiares e só então voltamos para casa. Era quase hora de recomeçar o seminário, mas eu comecei a compreender o que estava acontecendo com aquele garoto. Então, eu lhes fiz uma recomendação: — Enquanto eu estiver falando a respeito de casamento, quero que cada um de vocês esteja pensando em como os princípios sobre os quais discorrerei poderão ser aplicados em seu relacionamento com Ben. Ao final do seminário, gostaria de saber a que conclusões vocês chegaram. Eles pareceram um pouco confusos e surpresos por eu haver encerrado a nossa conversa sem ter feito nenhuma sugestão, porém ambos estavam determinados a atender o meu pedido. No final do dia, enquanto os outros participantes daquele seminário em Racine, Wisconsin, deixavam o local, Dennis e Brenda correram em minha direção com aquela expressão de descoberta recente. — Dr. Chapman, creio que nós obtivemos alguma luz sobre o que está acontecendo com nosso filho — disse Brenda. — Quando estávamos discutindo as cinco linguagens de amor, ambos concordamos que a principal linguagem de amor de Ben é o tempo de qualidade: Olhando para trás e analisando os últimos quatro ou cinco meses, percebemos que temos dado ao Ben um tempo de qualidade muito inferior ao que costumávamos dar antes. Quando eu estava trabalhando meio período, apanhava Ben na escola todos os dias e normalmente fazíamos alguma coisa juntos no caminho de volta para casa. Às vezes caminhávamos a esmo, sem destino certo, parávamos no parque ou comíamos alguma guloseima juntos. Ao chegar em casa, Ben aproveitava para fazer sua lição de casa. Então, após o jantar, ele e eu brincávamos com algum jogo, especialmente nas noites que meu marido estava ausente. Todas essas coisas mudaram desde que eu comecei a trabalhar em tempo integral e percebi que tenho dedicado muito menos tempo ao Ben, a partir de então. Lancei um olhar para Dennis, e ele falou: — De minha parte, percebi que costumava levar Ben aos jogos de futebol, mas desde que parei de fazer isso não tenho substituído essa atividade por nenhuma outra. Realmente, Ben e eu não temos tido juntos um tempo com o mínimo de qualidade nos últimos meses. — Acho que vocês descobriram algo de genuíno na necessidade emocional de Ben — disse-lhes. — Se conseguirem satisfazer essa necessidade de amor que ele sente, creio que há uma grande chance de vocês perceberem uma mudança significativa no comportamento de seu filho. Sugeri-lhes algumas maneiras estratégicas de expressar amor através do tempo de qualidade e desafiei Dennis a conseguir em sua agenda um tempo de qualidade com Ben. Também encorajei Brenda a buscar formas através das quais ela pudesse reviver algumas daquelas atividades que os dois faziam juntos, antes de seu emprego de tempo integral. Ambos pareciam ansiosos para traduzir aquela descoberta em ação. — Talvez existam outros fatores envolvidos — disse eu — mas se vocês derem ao Ben grandes doses de tempo com qualidade e, assim, influenciar as outras quatro linguagens, creio que verão uma mudança radical em seu comportamento. Despedimo-nos. Eu nunca mais recebi nenhuma notícia deles e, para ser honesto, até os esqueci. Porém, cerca de dois anos atrás retornei a Wisconsin para liderar outro seminário, e eles vieram em minha direção, relembrando-me a nossa conversa. Mostraram-se muito sorridentes e alegres; abraçamo-nos e eles me apresentaram alguns de seus amigos que haviam convidado para o evento. — Falem-me a respeito de Ben — pedi-lhes. Ambos sorriram e disseram: — Ele está ótimo. Por diversas vezes, desejamos escrever-lhe, porém nunca o fizemos. Naquele dia, voltamos para casa e fizemos o que sugeriu. Conscientemente, demos ao nosso filho grandes períodos de tempo com qualidade ao longo dos meses seguintes. Após duas ou três semanas, realmente pudemos ver uma grande mudança em seu comportamento na escola. De fato, a professora nos chamou para uma nova reunião. Estávamos temerosos. Mas dessa vez ela desejava saber o que havíamos feito para provocar tal mudança positiva em Ben. A professora contou-lhes que o comportamento negativo de Ben havia cessado: ele não estava mais empurrando as outras crianças para que pudesse ficar perto dela no refeitório, não estava indo mais à sua mesa para fazer perguntas e mais perguntas. Então Brenda explicou que ela e seu marido haviam começado a falar a “linguagem de amor” de Ben após terem assistido ao seminário. — Nós falamos à professora que estávamos dando ao nosso filho superdoses de tempo com qualidade — disse Brenda. Esse casal aprendeu a se expressarna linguagem de amor de seu filho. Aprenderam a dizer “eu amo você” de uma maneira que Ben pudesse entender. A experiência desse garoto encorajou-me a escrever este livro. Meu primeiro livro a respeito das linguagens de amor aborda como os cônjuges podem sentir-se amados quando nos expressamos na principal linguagem de amor deles. Este livro tem um capítulo designado para permitir que você reconheça a principal linguagem de amor de seu filho. Agora, Ross Campbell e eu nos deteremos em mostrar como as cinco linguagens podem auxiliar o seu filho a se sentir verdadeiramente amado. Falar a principal linguagem de amor de seu filho não significa que ele não se tornará rebelde mais tarde. Significa que ele saberá que você o ama e que isso poderá trazer-lhe segurança e esperança; isso pode ajudá- lo a educar seu filho, tornando-o um adulto responsável. O amor é o alicerce. Na criação de filhos, tudo depende do relacionamento de amor existente entre o pai, a mãe e a criança. Nada funcionará bem se as necessidades afetivas da criança não forem satisfeitas. Somente a criança que se sente genuinamente amada e cuidada pode dar o seu melhor. Você pode amar verdadeiramente o seu filho, mas, a não ser que ele sinta isso, a não ser que você fale a linguagem que transmita esse seu amor por ele de forma eficiente e clara, ele nunca se sentirá amado. ENCHENDO O TANQUE EMOCIONAL Ao falar a linguagem de amor de seu filho, você poderá encher o tanque emocional dele com amor. Quando seu filho se sente amado, torna-se muito mais fácil discipliná-lo e treiná-lo do que quando seu tanque emocional está quase vazio. Cada criança possui um tanque emocional, um reservatório de energia emocional que o alimenta através dos desafiantes dias da infância e da adolescência. Assim como os carros são alimentados pelo combustível armazenado nos tanques, nossas crianças são alimentadas pelo combustível emocional armazenado em seus tanques. Devemos encher os tanques emocionais de nossos filhos para que eles possam operar como devem e alcançar todo o potencial de que são capazes. Porém, com o que enchemos esses tanques? Claro que é com o amor, mas com um tipo particular de amor que capacitará nossos filhos a crescer e agir de forma adequada e sadia. Precisamos encher o tanque emocional deles com o amor incondicional, porque o amor verdadeiro sempre é incondicional. Esse tipo de amor é completo; aceita a criança e lhe dá apoio pelo que ela é, e não pelo que ela faz. Não importa o que ela faça (ou não faça), ainda assim seus pais a amam. Infelizmente, os pais muitas vezes expressam um amor condicional, que depende de outros fatores. O amor condicional baseia-se na atuação e está frequentemente associado com técnicas de treinamento que oferecem presentes, recompensas e privilégios àqueles que se comportam ou atuam de determinada maneira. Não estou aqui afirmando que não seja necessário treinar e/ou disciplinar nossos filhos, mas isso deve acontecer apenas quando seus tanques emocionais estiverem cheios. Tais tanques somente podem ser abastecidos com um único tipo de combustível, de primeiríssima qualidade: o amor incondicional. Nossas crianças possuem tanques de amor prontos para ser abastecidos (e reabastecidos, pois podem esvaziar-se de tempos em tempos). Somente o amor incondicional previne problemas como ressentimento, amargura, sentimentos de não ser amado, culpa, medo e insegurança. Só quando damos aos nossos filhos o amor incondicional somos capazes de compreendê-los profundamente e de lidar de maneira adequada com seus comportamentos, sejam eles bons ou ruins. Molly cresceu em um lar de modestos recursos financeiros. Seu pai trabalhava próximo de casa e sua mãe dedicava-se aos afazeres domésticos quase todo o tempo, exceto por um pequeno emprego de meio período. Ambos eram pessoas muito esforçadas e trabalhadoras e motivo de orgulho para os filhos. O pai de Molly costumava fazer o jantar e juntos regularmente lavavam e guardavam a louça após as refeições. Aos sábados, durante o dia, dedicavam-se às enfadonhas tarefas semanais, porém, à noite, se deliciavam com cachorro-quente ou hambúrguer. As manhãs de domingo eram consagradas aos cultos na igreja, e o resto do dia era normalmente passado com os parentes. Quando Molly e seu irmão eram bem pequenos, seus pais tinham por hábito ler para eles, quase todos os dias. Agora que já estavam na escola, seus pais os ajudavam e encorajavam a perseverar nos estudos. Eles desejavam que seus filhos aproveitassem a oportunidade que tinham de estudar, oportunidade que eles mesmos não tiveram a felicidade de ter. Uma das colegas de escola de Molly, na sexta série, era Stephanie. As duas assistiam à maioria das aulas juntas e com frequência repartiam o lanche que traziam de casa no horário do recreio. Apesar de serem muito amigas na escola, quase inseparáveis, elas não iam à casa uma da outra. Se fossem, perceberiam as enormes diferenças que existiam entre seus lares. O pai de Stephanie era um vendedor de muito sucesso, capaz de suprir generosamente todas as necessidades materiais de sua família. Ele também ficava ausente do lar quase todo o tempo. A mãe de Stephanie era enfermeira. O irmão estudava fora, em uma escola particular. Ela própria havia estudado em um colégio interno durante três anos até que suplicou que fosse transferida para uma escola pública local. Com seu pai viajando sempre e sua mãe trabalhando em demasia, com frequência a família fazia as refeições fora de casa. Molly e Stephanie foram grandes amigas até completarem o primeiro grau, quando Stephanie ingressou num colégio preparatório para a universidade, próximo da casa de seus avós. Durante o primeiro ano de separação, as duas amigas trocaram correspondência. Depois disso, Stephanie começou a namorar e as cartas começaram a ficar cada vez mais raras até que cessaram. Molly fez outras amizades e então começou a namorar um rapaz que havia se transferido para a sua escola. Molly nunca mais recebeu notícias de sua amiga Stephanie. Se tivesse recebido, ficaria triste por saber que Stephanie, após haver se casado e ter tido um filho, fora encarcerada como traficante de drogas e mantida na prisão por alguns anos, sendo abandonada pelo marido nesse período. Em contraste com a história de sua amiga, a de Molly era radicalmente diferente; ela era muito feliz com seu casamento e seus dois filhos. O que levou a vida dessas duas amigas de infância a tomar rumos tão drasticamente diferentes? Muito embora não exista só uma resposta, podemos ver que grande parte do motivo pode ser percebida no que Stephanie certa vez contou a seu terapeuta: “Nunca me senti amada pelos meus pais. Inicialmente, eu me envolvi com as drogas porque queria que meus amigos gostassem de mim e me aceitassem”. Ao dizer isso, ela não estava tentando colocar a culpa nos pais, antes, porém, estava tentando entender a si mesma. Você notou o que Stephanie disse? Ela não disse que seus pais não a amavam, mas que não se sentia amada. A maioria dos pais ama verdadeiramente seus filhos e também deseja que eles se sintam amados, porém poucos sabem como expressar esse sentimento de modo adequado. Só quando os pais aprenderem a amar incondicionalmente é que permitirão que seus filhos saibam quanto são de fato amados. COMO UMA CRIANÇA SE SENTE AMADA Na sociedade moderna, criar filhos emocionalmente saudáveis é uma tarefa cada vez mais difícil. A ameaça contemporânea das drogas tem amedrontado a maioria dos pais. A condição de nosso sistema educacional tem levado muitos a optar por ensinar seus filhos em casa ou matriculá-los em escolas particulares, em regime de semi-internato. A escalada da violência, tão presente nas grandes cidades, leva os pais a se perguntar se seus filhos conseguirão atingir a vida adulta. É nessa dura realidade que ousamos oferecer uma palavra de esperança. Desejamos que você desfrute de um relacionamento amoroso com seus filhos.Nosso foco principal neste livro está centrado em um aspecto muito importante da paternidade e da maternidade: satisfazer a necessidade que seu filho sente de amor. Se os filhos se sentirem genuinamente amados por seus pais, eles responderão melhor às diretrizes paternas, em todas as áreas da vida. Escrevemos este livro para ajudá-lo a dar a seus filhos uma experiência mais abundante do amor que você tem por eles. Isso será possível quando você falar as linguagens de amor que eles compreendem e podem responder. Para uma criança sentir-se amada, precisamos aprender a falar a linguagem de amor específica dela. Cada criança possui um modo especial e particular de perceber amor. Basicamente, há cinco maneiras pelas quais as crianças (e mesmo os adultos) podem falar e compreender o amor emocional. São elas: o contato físico, as palavras de afirmação, o tempo de qualidade, os presentes e as atitudes de serviço. Se você tem vários filhos, é muito provável que eles falem diferentes linguagens. Visto que as crianças não têm a mesma personalidade, pode ser que elas escutem em distintas linguagens de amor. Normalmente, duas crianças necessitam ser amadas de maneiras diferentes. UM TIPO DE AMOR “NÃO IMPORTA O QUÊ” Qualquer que seja a linguagem de amor que seu filho melhor compreenda, ele precisa que o sentimento seja expresso de uma única maneira: incondicionalmente. O amor incondicional é uma luz guia que ilumina a escuridão e que permite que nós, ao exercermos a nossa missão de pais, saibamos onde estamos e o que necessitamos fazer enquanto educamos nosso filho. Sem esse tipo de amor, a paternidade e a maternidade são desnorteadas e confusas. Antes de explorar as cinco linguagens de amor, vamos considerar a natureza e a importância do amor incondicional. Podemos melhor defini-lo mostrando o que ele faz. O amor incondicional é aquele que independe de qualquer coisa. Amamos a criança a despeito de como ela é, de suas posses, de suas responsabilidades ou habilidades, independentemente do que esperamos que ela seja e, o mais difícil de tudo, apesar de suas atitudes. Isso não significa permitir que ela aja de qualquer maneira. Antes, significa que daremos e demonstraremos amor o tempo todo, mesmo nas ocasiões em que seu comportamento for reprovável. Essa ideia soa para você como excesso de permissividade? Não é isso, no entanto, o que estou defendendo. O que estou querendo dizer é que você deve colocar as primeiras coisas em primeiro lugar! O tanque emocional de uma criança precisa ser abastecido antes que qualquer treinamento efetivo ou disciplina sejam postos em prática. Uma criança cujo tanque emocional esteja repleto poderá responder adequadamente às diretrizes paternais sem nenhum ressentimento. Algumas pessoas temem que esse conceito possa tornar a criança mimada demais, mas essa é uma falsa concepção. O amor incondicional adequado nunca será excessivo para uma criança. Ela poderá tornar-se mimada pela falta de disciplina ou por um amor inadequado, que se expressa de forma equivocada. O amor incondicional jamais mimará uma criança porque é impossível aos pais dar esse tipo de amor em excesso, já que não há limites para ele. Talvez seja difícil aceitar esses princípios, pois eles contrariam tudo o que você acreditava ser verdadeiro. Se esse for o seu caso, é possível que considere difícil oferecer esse tipo de amor incondicional ao seu filho. Entretanto, à medida que você o fizer e conseguir perceber os benefícios que ele traz, isso se tornará cada vez mais natural e fácil para você. Por favor, persevere nesse alvo e faça o que for melhor para seu filho, sabendo que seu amor será o responsável pela tremenda diferença existente entre crianças bem equilibradas e felizes e as inseguras, nervosas, inacessíveis e imaturas. Se você não tem amado seus filhos dessa maneira, é provável que enfrente dificuldades no princípio. Porém, à medida que você exercita o amor incondicional, descobrirá que ele tem um maravilhoso efeito, pois você se tornará uma pessoa mais generosa e amorosa em todos os seus relacionamentos. Claro que ninguém é perfeito, por isso não espere amar incondicionalmente em tempo integral. Mas é certo que, se você perseverar em direção ao alvo, vai sentir-se mais coerente e confiante em sua habilidade de amar, independentemente de quaisquer fatores. Talvez lhe seja útil relembrar periodicamente alguns pontos um tanto quanto óbvios a respeito de seus filhos: 1. Eles ainda são crianças. 2. Eles têm uma forte tendência a agir como crianças. 3. A maioria dos comportamentos infantis é desagradável. 4. Se eu fizer a minha parte como pai ou mãe e amá-los, apesar de seus comportamentos infantis, eles poderão amadurecer e abandonar tais atitudes. 5. Se eu amar meus filhos somente quando eles fizerem coisas que me agradam (amor condicional) e expressar meu amor por eles apenas nesses momentos, eles não se sentirão genuinamente amados. Esse sentimento de desamor irá prejudicar a autoimagem deles, os fará sentir- se inseguros e, com certeza, os impedirá de progredir para melhorar o autocontrole e assumir um comportamento mais maduro. Portanto, o desenvolvimento e o comportamento de meus filhos é de responsabilidade de ambos: minha e dele. 6. Se eu amar meus filhos somente quando eles atingirem as minhas expectativas e anseios ou os objetivos que eu tiver traçado, eles se sentirão incapazes e acreditarão que é inútil esforçar-se para fazer o melhor, já que isso lhes parecerá não ser suficiente para obter aprovação. Eles sempre serão atormentados pela insegurança, pela ansiedade, pela baixa autoestima e pela ira. Para me prevenir contra esses sentimentos negativos, preciso me lembrar frequentemente da responsabilidade crucial que tenho no crescimento de meus filhos. (Para saber mais sobre esse assunto, leia Filhos felizes, escrito por Ross Campbell). 7. Se eu os amar incondicionalmente, eles se sentirão bem consigo próprios e serão capazes de controlar a ansiedade e seus comportamentos enquanto caminham para a fase adulta. Claro que existem comportamentos em nossos filhos que são próprios de cada idade. Os pré-adolescentes agem de forma diferente das crianças mais novas; um garoto de 13 anos irá reagir diferentemente de um de 8 anos de idade. Porém, devemos nos lembrar de que eles ainda são jovens, não adultos maduros, e, portanto, devemos compreender que eles “pisam na bola” de quando em quando. Sendo assim, tenham paciência com eles enquanto aprendem a crescer. AMOR E… MUITO, MUITO MAIS Este livro focaliza, principalmente, a necessidade que nossos filhos têm de receber amor, e como provê-lo. Eis por que isso constitui a maior necessidade emocional de nossos pequenos e como afeta sobremaneira nosso relacionamento com eles. As outras necessidades, especialmente as físicas, são muito mais fáceis de identificar e, em geral, também mais fáceis de satisfazer, porém não são tão marcantes ou satisfatórias quanto as outras. Sim, nós precisamos dar aos nossos filhos abrigo, alimentação e roupas. Mas também somos responsáveis pela saúde e pelo crescimento emocional e mental deles. Uma enorme quantidade de livros tem sido publicada sobre a necessidade de a criança usufruir uma autoestima saudável ou um senso de autovalorização adequado. A criança com um senso de si mesma muito enfeitado ou maquiado se sentirá superior às outras, considerando-se um presente de Deus ao mundo e merecedora de tudo o que quiser. Por outro lado, a criança que subestimar seu valor será perseguida por pensamentos como: “Não sou tão esperta, atlética e bonita como as outras”. “Não consigo” será sua canção-tema, e “Eu não” a sua realidade. Vale a pena, como pais, concentrar esforços para auxiliar nossos filhos a desenvolver uma autoestima saudável, de forma que vejam a si mesmos como importantes membros da sociedade, possuidores de talentos e habilidades especiais, que anseiam por ser produtivos. Outra necessidadeuniversal das crianças é a segurança. Em nosso mundo repleto de incertezas, torna-se cada vez mais difícil aos pais providenciar este senso de segurança. Um número cada vez maior de pais ouve esta dolorosa pergunta de seus filhos: “Você vai me deixar?”. O triste registro disso é que a pergunta é motivada pelo fato de os pais de muitos de seus coleguinhas terem se separado. Se um dos pais deixou o lar, a criança talvez sofra com a possibilidade de o outro também vir a abandoná-la. Uma criança precisa desenvolver habilidades amistosas de modo a tratar e valorizar todas as pessoas igualmente, o que lhe permitirá construir amizades, dando e recebendo de forma equilibrada. Sem essas habilidades, a criança correrá o risco de se tornar extremamente retraída e fechada, levando esse comportamento para a vida adulta. Uma criança que não possua habilidades essenciais de relacionamento poderá também vir a ser um monstro controlador que não poupa nada nem ninguém para atingir seus objetivos. Um aspecto importante da habilidade amistosa é a capacidade de relacionar-se adequadamente com autoridades. O sucesso em todas as áreas da vida está em compreender e respeitar as autoridades. Sem isso, nenhuma das outras capacidades terá valor. Os pais precisam auxiliar os filhos a desenvolver seus talentos e dons especiais de forma que eles sintam uma satisfação interior e um senso de realização, de “missão cumprida”, que vem do uso de suas capacidades inatas. Os pais conscienciosos devem manter o delicado equilíbrio que existe entre empurrar e encorajar. O AMOR É O MAIOR Ainda que todas essas necessidades das crianças, e outras não mencionadas, sejam legítimas, neste livro daremos ênfase ao amor, e dele trataremos. Acreditamos que a necessidade de amor de uma criança é básica e precede todas as outras. Aprender a dar amor e recebê-lo é o rico solo no qual todos os esforços humanos positivos darão frutos. Durante os primeiros anos No início da primeira infância, a criança não é capaz de distinguir entre leite e ternura, entre alimentação e amor. Sem comida, ela se sentirá faminta, podendo chegar à morte. Sem amor, ela se tornará débil emocionalmente, podendo ficar despreparada para a vida. Um grande número de pesquisas tem indicado que a base emocional para a vida é estabelecida nos primeiros dezoito meses de vida,particularmente na relação mãe e bebê. Nesse caso, o “alimento” para uma futura saúde emocional é o contato físico, as palavras amáveis e um cuidado amoroso e terno. Quando as crianças deixam de engatinhar e ensaiam os primeiros passos, também começam a separar a si mesmas de seus objetos de amor. Embora seja possível que antes desse período a mãe se tenha afastado, agora a criança tem a capacidade de distinguir-se, individualizar-se com relação às pessoas das quais depende. À medida que se torna mais sociável, a criança aprende a amar de forma mais ativa e dinâmica. Não é mais uma receptora passiva, agora possui a capacidade de responder a esse amor. Entretanto, isso se deve mais ao sentimento de posse que ao de altruísmo. Durante os muitos anos que se seguirão, a capacidade da criança de expressar amor se intensificará e, se ela continuar a receber amor, tanto mais será capaz de dar. O alicerce de amor edificado nos primeiros anos afeta a capacidade que a criança tem de aprender e determina de forma marcante quando ela é capaz de compreender novas informações. Muitas crianças iniciam a vida escolar despreparadas para aprender porque não estão emocionalmente prontas para isso. As crianças precisam alcançar níveis emocionais de maturidade adequados à sua idade para que sejam capazes de aprender eficazmente. Apenas enviá-las a uma escola melhor ou, ainda, substituir seus professores não será a atitude mais eficaz. Nós, pais, temos de assegurar que nossos filhos estejam emocionalmente prontos para aprender. (Para saber mais sobre a relação entre amor e aprendizado, veja o capítulo nove). Durante a adolescência Satisfazer a necessidade de amor de uma criança não é uma tarefa tão simples quanto possa parecer à primeira vista, e isso é especialmente verdadeiro quando a adolescência começa. Os perigos dessa fase da vida já são por si sós amedrontadores, mas tornam-se ainda piores quando a criança inicia esse processo com o tanque emocional vazio. Dessa forma, ela se torna particularmente vulnerável aos problemas e riscos próprios dessa fase. As crianças que crescem sob o efeito do amor condicional aprendem a amar dessa maneira. Quando atingirem a adolescência, com frequência irão manipular e controlar seus pais. Quando forem agradadas, agradarão. Quando se sentirem insatisfeitas, elas os frustrarão. Isso causa uma letargia nos pais, pois eles anseiam satisfazer e agradar os filhos adolescentes, que por sua vez não sabem amar de forma incondicional. Em geral, esse círculo vicioso se transforma em ira, ressentimento e agressões por parte dos adolescentes. O amor e os sentimentos de nossos filhos As crianças são basicamente seres emocionais. Começam a compreender o mundo que as cerca através das emoções. Muitos estudos feitos recentemente têm mostrado que o estado emocional da mãe sempre afeta o bebê ainda quando este está em seu útero. O feto reage de acordo com a ira ou a alegria da mãe. Quando as crianças crescem, são extremamente sensíveis ao estado emocional de seus pais. Na família Campbell, muitas vezes nossos filhos eram mais conscientes de nossos sentimentos do que nós mesmos. Por exemplo, era comum um deles identificar como eu estava me sentindo quando nem mesmo eu me dava conta disso. Minha filha dizia algo como: “Por que você está tão bravo papai?”. E, mesmo quando não estava consciente de tais sentimentos negativos, eu parava, refletia a respeito e percebia que, sim, eu ainda estava nervoso com algo que havia acontecido durante o dia. Em outras ocasiões, um de meus filhos dizia: — Por que você está tão feliz, papai? — Como você percebeu? — eu perguntava, desejando saber se tinha dado alguma dica. Certa vez, nossa filha, Carey, respondeu: — Porque você estava assobiando uma canção muito alegre. Eu nem mesmo havia percebido que estava assobiando. Os filhos não são formidáveis? Eles são muito sensíveis aos nossos sentimentos. Essa á a razão de serem tão extraordinariamente conscientes de nossas demonstrações de amor e também de terem tanto medo de nossa ira. Trataremos com mais detalhes desse assunto mais tarde. Temos de comunicar nosso amor em uma linguagem que nossos filhos compreendam. O adolescente que foge de casa é uma criança que está convencida de que ninguém o ama. Creio que muitos dos pais desses fugitivos protestariam veementemente dizendo que amam seus filhos de verdade, e talvez assim o seja. Porém, esses pais não comunicaram esse amor de forma eficiente e compreensível. Os pais têm cozinhado, lavado as roupas, levado os filhos à escola, providenciado o sustento e as oportunidades de educação e lazer. Todas essas coisas são expressões de amor válidas se o amor incondicional estiver em primeiro lugar. Mas nunca serão substitutos à altura desse tipo fundamental de amor. E as crianças sabem diferenciá-los. Elas sabem reconhecer quando estão recebendo o que mais profundamente almejaram. COMO COMUNICAR O SEU AMOR A triste verdade é que poucas crianças se sentem amadas de modo incondicional. E igualmente triste é que a maioria dos pais ama os filhos de verdade. Qual o motivo para essa terrível contradição? A causa principal está no fato de que poucos pais sabem transferir esse amor sincero e verdadeiro para o coração dos filhos. Alguns supõem que, porque amam seus filhos, estes automaticamente sabem disso. Ainda outros acham que apenas dizer frases do tipo “Eu te amo” irá transmitir de forma eficaz aquele amor. Infelizmente, isso não corresponde à verdade. Motivando através de seu comportamento Claro que é bom sentir amor e verbalizá-lo, mas isso não é suficientepara fazer com que uma criança se sinta amada incondicionalmente. A razão para isso é que as crianças são seres cuja motivação é comportamental. Elas reagem às ações, ou seja, ao que você lhes faz. Portanto, para alcançá-las você deve amá-las nos termos delas, isto é, através do comportamento. Essa abordagem traz benefícios para os pais. Por exemplo, se você teve um péssimo dia e sente-se deprimido e sem coragem ao voltar para casa, é óbvio que você não se sente especialmente amoroso. Porém, pode agir de forma amorosa, porque agir é simples. Basta decidir fazê-lo. Assim, você poderá dar amor aos seus filhos mesmo quando não sentir vontade. Talvez você esteja querendo saber se essa é uma atitude honesta e se seus filhos podem enxergar de maneira correta através de você. Inexplicavelmente eles podem, porque são muito sensíveis do ponto de vista emocional. Eles sabem quando você não se sente disposta a demonstrar amor e, ainda assim, vivenciam o seu amor de maneira comportamental. Você não concorda que eles serão ainda mais agradecidos e compreensivos quando você for capaz de amar não importando como se sente interiormente? Os seus filhos perceberão como você se sente a respeito deles pela maneira como se comporta em relação a eles. Foi o apóstolo João quem escreveu: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade” (1Jo 3.18). Se você começar a escrever uma lista com todas as formas comportamentais de amar uma criança, duvido que consiga preencher mais que uma página. Não existem muitas maneiras e é bom que seja assim, porque você deseja manter isso de modo simples. O que importa é manter os tanques emocionais de seus filhos sempre cheios, transbordantes. Você pode simplesmente lembrar que as expressões comportamentais de amor podem ser divididas em contato físico, tempo de qualidade, presentes, atos de serviço e palavras de afirmação. Falando a linguagem de amor de seus filhos Como mencionado anteriormente, há cinco linguagens de amor e é provável que seu filho tenha uma que melhor lhe comunica amor. Falar a linguagem de amor de seu filho irá satisfazer a profunda necessidade de amor que ele sente. Isso não significa, porém, que você falará apenas aquela linguagem. As crianças têm de receber amor através de todas as linguagens para abastecer seu tanque emocional e mantê-lo cheio. Isso quer dizer que os pais devem aprender a falar todas elas. Nos próximos cinco capítulos mostraremos como. Seus filhos podem receber amor em todas as linguagens. Ainda, a maioria possui uma linguagem de amor específica, que lhes fala ao coração de forma mais audível e rápida que as outras. Se você deseja satisfazer eficazmente as necessidades emocionais de seus filhos, é crucial descobrir a principal linguagem de amor deles. A partir do segundo capítulo, nós o ajudaremos a identificar a principal linguagem de amor de seu filho. Entretanto, cabe aqui uma palavra de cautela. Se o seu filho tiver menos de 5 anos, não espere descobrir a principal linguagem de amor dele. Você não conseguirá. A criança pode fornecer algumas pistas, mas sua linguagem de amor raramente é identificada de forma clara. Apenas comunique seu amor utilizando as cinco linguagens. Contatos ternos, palavras de apoio, tempo de qualidade, presentes e atos de serviço, todas convergem para satisfazer a necessidade emocional de seu filho. Se essa necessidade for satisfeita e seu filho sentir-se genuinamente amado, será muito mais fácil para ele aprender e reagir em outras áreas. Esse amor relaciona-se com todas as outras necessidades da criança. Incentivo-os igualmente a falar as cinco linguagens, pois ele necessita de todas elas para crescer, ainda que deseje uma mais que as outras. Uma segunda palavra de cuidado: quando você descobrir a linguagem de amor de seu filho e, por consequência, ele receber o amor de que necessita, não presuma que tudo na vida dele irá acontecer normalmente. Com certeza, haverá retrocessos e erros, porém seu filhinho, como uma flor, se beneficiará de seu inequívoco amor. Quando você o regar sabiamente com a água do amor, ele florescerá e abençoará o mundo com sua beleza. Sem esse tipo de amor ele se tornará uma flor murcha, ressequida a implorar por água. Porque você almeja que seus filhos se desenvolvam até alcançarem plena maturidade, desejará mostrar-lhes amor em todas as linguagens e, então, ensinar-lhes como usá-las para si mesmos. Isso tem um profundo valor não somente para seus filhos mas também para as pessoas com as quais eles conviverão e se associarão. Uma característica de um adulto maduro é a capacidade de dar e receber apreciação por intermédio de todas as linguagens de amor: contato físico, tempo de qualidade, palavras de afirmação, presentes e atos de serviço. Poucos adultos são capazes disso; a maioria dá e recebe amor de uma ou, no máximo, duas maneiras. Se isso é algo que você não tem feito até aqui, talvez descubra que também irá mudar e crescer na compreensão e na qualidade de seus relacionamentos. Em tempo, você terá uma família verdadeiramente “poliglota”.
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