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Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio

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TREINAMENTO 
DESPORTIVO
Salma Hernandez
Métodos de treinamento da 
coordenação e do equilíbrio
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Enumerar as diferentes formas de coordenação e equilíbrio.
  Identificar os métodos específicos de treinamento para coordenação 
e equilíbrio.
  Planejar uma periodização de treinamento de coordenação e equilíbrio 
a longo prazo.
Introdução
As qualidades físicas são valências treináveis que determinam a nossa inte-
ração com o meio mediante movimentos. Assim, quando estão em iteração 
também expressam nossa aptidão física e capacidade funcional. Uma ca-
pacidade coordenativa apurada e um bom nível de equilíbrio evidenciam 
vantagem técnica e tática nos desportos, pois se relacionam com a habilidade 
de resolver problemas ou intercorrências motoras de forma eficiente. Ainda 
é importante destacar a coordenação e o equilíbrio como valências físicas 
fundamentais também para a realização de atividades cotidianas. 
Neste capítulo, você vai conhecer as diferentes formas de manifestação 
da coordenação e do equilíbrio, bem como os métodos de treinamento 
dessas qualidades e planejamento para um programa a longo prazo. 
1 Coordenação e equilíbrio 
A coordenação motora estará presente sempre que houver uma interação sin-
cronizada entre o sistema nervoso central e o sistema muscular esquelético, 
promovendo uma ação ótima entre os grupamentos musculares na realização de 
um movimento. A capacidade coordenativa permite que o praticante e domine 
ações motoras em diferentes situações de forma segura e econômica do ponto 
de vista energético, além de possibilitar que outros movimentos possam ser 
aprendidos/realizados mais rapidamente. De maneira geral, a coordenação pode 
ser classifi cada como geral ou específi ca (WEINECK, 1999; GOBBI; VILLAR; 
ZAGO, 2005). Segundo Tubino e Moreira (2003), a coordenação específi ca 
se relaciona com a destreza, ou seja, com uma qualidade técnica específi ca 
decorrente de uma interação das qualidades físicas num gesto desportivo com 
o máximo de efi ciência e economia energética, melhorando a performance.
Exemplos de coordenação geral e específica podem ser encontrados em uma partida de 
futebol. Enquanto o jogador corre pelo campo, ele manifesta sua coordenação motora 
geral. Já quando corre com a posse de bola e realiza um chute, está expressando sua 
coordenação específica.
Já a manifestação da coordenação motora geral é resultado de treinamento 
em múltiplos movimentos em diferentes modalidades desportivas e que envol-
vem praticamente o corpo todo. Em comparação, a capacidade coordenativa 
específica é desenvolvida respeitando os limites da modalidade praticada e 
suas técnicas particulares (WEINECK, 1999; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005).
O equilíbrio, por sua vez, relaciona-se com a capacidade de manter uma 
orientação estável e específica em relação ao ambiente imediato, isto é, a capa-
cidade de controlar qualquer posição corporal sobre uma base de apoio, esteja 
ela estacionária ou em movimento. (WEINECK, 1999; GOBBI; VILLAR; 
ZAGO, 2005; RADCLIFFE, 2017).
O equilíbrio pode ser classificado como estático, dinâmico ou recuperado. 
O equilíbrio estático refere-se à manutenção de certa postura ou posição par-
ticular do corpo com o mínimo de oscilação possível. Nessa manifestação de 
equilíbrio, variáveis como base de apoio, distância entre o centro de gravidade 
e a base de apoio e tamanho da base de apoio serão intervenientes (WEINECK, 
1999; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005; RADCLIFFE, 2017). 
Quando houver uma postura eficiente durante a realização de um movi-
mento, o equilíbrio será dinâmico. As variáveis intervenientes nesse caso são o 
dinamismo dos processos nervosos, as técnicas de cada tarefa a ser realizada, 
a posição e o deslocamento do centro de gravidade, a força de apoio sobre o 
corpo e o ambiente em que o movimento é realizado. Cabe ressaltar que todo 
Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio2
movimento envolve um ciclo de equilíbrio e desequilíbrio, isto é, o corpo sai 
do equilíbrio para que o movimento se inicie e depois retoma o equilíbrio a 
finalizar o movimento. Esse ciclo ocorre muitas vezes e de maneira rápida, por 
exemplo, durante uma corrida. Por sua vez, o equilíbrio recuperado depende 
do equilíbrio dinâmico e ocorre quando há um desequilíbrio maior do que o 
equilíbrio, repercutindo em aplicação de uma resultante de forças a fim de 
evitar uma queda, por exemplo (WEINECK, 1999; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 
2005; RADCLIFFE, 2017).
2 Métodos de treinamento
A capacidade coordenativa é fundamental para um bom desenvolvimento de 
força e potência. O recrutamento de feixes musculares específi cos, acionando 
músculos agonistas e antagonistas de maneira equilibrada para execução de um 
movimento, é básico para a expressão de força em si. Tal capacidade deve ser 
estimulada desde a infância, respeitando-se as fases individuais de aquisição, por 
meio de atividades básicas de saltar, caminhar, correr, rolar, trocar bases de apoio, 
bater a bola com uma mão, arremessar, etc., pois determinarão a experiência 
motora do indivíduo. Essa experiência adquirida ao longo da vida é determinante, 
por exemplo, em tomadas de decisão corretas em atividades competitivas, como 
resolver problemas táticos ou motores, complexos ou inesperados (BOMPA; 
HAFF, 2002; WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017).
Não existe um método único ou exclusivo de treinamento da coordenação, 
pois ela compreende todas as tarefas motoras. Assim, ao focar um treinamento 
coordenativo, quer esteja relacionado à performance ou saúde, você deve 
escolher movimentos preferencialmente relacionados com o desporto em si. 
As atividades para o treinamento da coordenação devem partir da coorde-
nação geral para a específica. Ou seja, inicie o treinamento com movimentos 
de coordenação geral e depois implemente a coordenação específica. Essas 
relações podem ocorrer de maneiras diferentes, como pela prática de um 
movimento e depois do mesmo movimento com o aumento da dificuldade de 
execução, ou então com um movimento global (correr) e depois específico 
(chutar). Você pode recorrer a recursos visuais, aplicando uma coordenação 
visiomotora ao treinar arremessos, por exemplo e até mesmo a capacidade 
coordenativa bimanual, com a realização de um movimento com as duas 
mãos. Assim, o treinamento da coordenação deve ser variado quanto ao 
estímulo, afinal, quantas variações de um mesmo movimento são possíveis? 
Variar o ambiente, o clima, a acuidade visual, o equilíbrio e a interferência 
3Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio
externa (de oponentes, por exemplo) é fundamental para o treinamento da 
coordenação (BOMPA; HAFF, 2002; WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; 
RADCLIFFE, 2017).
A Figura 1 ilustra uma possibilidade coordenativa de trabalho do core e de membros 
inferiores com o exercício de avanço com rotação segurando uma medicine ball. Observe 
como os movimentos coordenam membros superiores e inferiores com exercício 
de força. Além disso, podem ser variados, com os braços estendidos ou até mesmo 
realizando o avanço de trás para adiante, sem falar na inclusão de outros estímulos, 
como diferentes superfícies e imposição de tempo limite.
Figura 1. Exemplo de exercício para coordenação motora: avanço com rotação.
Fonte: Adaptada de Radcliffe (2017). 
Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio4
Diante disso, destaca-se a utilização dos métodos de treinamento contínuo 
e fracionado para o treinamento dessa qualidade física. Utilizando o racional 
desses métodos e considerando as diferentes fases de periodização (preparatória, 
competitiva e transição), você poderá prescrever treinamento eficazes. Assim, 
podem ser utilizados estímulos de forma contínua, em que o aluno/atleta é 
orientado a realizar um gesto ou movimento ininterruptamente (movimentos 
cíclicos) para a capacitação coordenativa. Os métodos contínuos se caracterizampela baixa intensidade de estímulo, para que possam ser realizados por um 
período prolongado sem a exaustão se instalar rapidamente. Tais métodos são 
importantes ferramentas de preparação global/geral orgânica do indivíduo, 
promovendo adaptações para estímulos mais intensos e diversificados (BOMPA; 
HAFF, 2002; WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017). 
Estímulos contínuos para a coordenação podem ser aplicados na fase 
de preparação geral dentro do programa de treinamento de um indivíduo/
atleta, promovendo a coordenação geral. Como já mencionado, a capacidade 
coordenativa de correr é imprescindível para inúmeras modalidades, sendo 
seu treinamento uma importante aquisição global para a formação desportiva. 
Já na fase preparatória específica, espera-se que os gestos ou estímulos mais 
próximos da modalidade sejam inseridos, como o chute no futebol, realizando 
variações do mesmo gesto (forma não usual) e atribuindo também outras qua-
lidades, como velocidade e agilidade para variar a intensidade do estímulo em 
si. Assim, na fase preparatória específica, você poderá selecionar estímulos ou 
gestos acíclicos mais próximos da performance do desporto, com períodos bem 
definidos entre início e recuperação e intensidade acentuada, caracterizando 
essa fase com o emprego do método fracionado de treinamento (BOMPA; 
HAFF, 2002; WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017). 
Já ao elaborar treinamentos para o equilíbrio, deve ser levado em consideração 
o equilíbrio como uma área proprioceptiva do desenvolvimento motor que é essen-
cial dentro do contexto desportivo e da capacidade funcional dos indivíduos que 
praticam atividade física regular. Da mesma forma que a coordenação, sua aptidão 
é decorrente do processo de estímulos e vivências ao longo da vida (BOMPA; 
HAFF, 2002; WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017).
A grande maioria dos estudos da área concentra suas análises sobre o equi-
líbrio em populações idosas e métodos de treinamentos combinados de força 
e equilíbrio, o que dificulta o embasamento de um método específico para o 
treinamento do equilíbrio. Zambaldi et al. (2007) abordaram um protocolo exclu-
sivamente pautado no equilíbrio de idosas. Nesse protocolo, estavam presentes 
exercícios isolados e circuitos fechados que foram realizados duas vezes por 
semana, perfazendo um total de 16 sessões. Os autores trataram de estimular as 
5Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio
participantes de forma sensorial em superfície plantar utilizando sementes de 
girassol e alpiste, treino de latência com a utilização de estimulo sonoro (apito) 
e rápida resposta, marcha em superfície instável, como colchões, marcha em 
base estreita, trajeto circunferencial, marcha com obstáculos, perturbações 
inesperadas, condensação populacional, entre outras. Após a análise dos dados, 
os autores concluíram que o protocolo de equilíbrio específico, apesar de não 
sistematizado, mostrou benefícios para o equilíbrio das idosas participantes. 
O Colégio Americano de Medicina do Esporte (GARBER et al., 2011) 
recomenda o treinamento neuromuscular ou funcional para o trabalho das 
qualidades físicas como equilíbrio, agilidade, coordenação e marcha em indi-
víduos hígidos que buscam se manter fisicamente ativos. Embora não existam 
evidencias que embasem indicações de volume, padronização e progressão, 
os autores recomendam uma frequência de duas a três vezes por semana com 
duração entre 20 e 30 minutos por sessão. Assim, exercícios que envolvam as 
habilidades motoras, exercícios proprioceptivos e atividades multifacetadas 
como tai chi e yoga são recomendadas para pessoas idosas para melhorar ou 
manter a função física e reduzir o risco de quedas.
A Figura 2 ilustra uma possibilidade de trabalho: lançamento com equilíbrio. A tarefa 
consiste no lançamento de uma bola de um indivíduo para outro enquanto se susten-
tam em base unipodal, em que o equilíbrio dinâmico é colocado em ação. 
Figura 2. Exemplo de exercício para o equilíbrio: lançamento de bola em apoio unipodal.
Fonte: Radcliffe (2017, p. 93).
Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio6
Dessa maneira, tanto o treinamento da coordenação quanto da flexibi-
lidade devem respeitar o racional de métodos já bem estabelecidos, como a 
divisão contínuo/fracionado, em que se iniciam os trabalhos com volumes de 
treinamento, precedidos de intensidade. Nesse caso, treinamentos da coor-
denação motora geral e do equilíbrio estático devem preceder o treinamento 
coordenativo específico e o equilíbrio dinâmico e recuperado, favorecendo 
os ganhos globais nas qualidades físicas que servem de preparação orgânica 
aos estímulos mais intensos e variados (BOMPA; HAFF, 2002; WEINECK, 
1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017). 
Refletindo essas possibilidades, uma proposição para preparação geral de 
um atleta/aluno cujo objetivo é aquisição de performance no equilíbrio deve 
se dar pelo aumento da capacidade global dessa qualidade. Sendo assim, os 
trabalhos proprioceptivos são de suma importância, pois ativam mecanismos 
de manifestação do equilíbrio, como sensores/receptores cutâneos e condições 
externas ambientais, promovendo input no sistema nervoso central e perifé-
rico e exigindo resposta desses sistemas complexos (BOMPA; HAFF, 2002; 
WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017). 
Superada essa fase em que essas capacidades de captação dos estímulos 
(inputs) estão mais treinadas ou apuradas para a elaboração da resposta mo-
tora, deve-se então partir para um estímulo mais específico do equilíbrio e 
preferencialmente mais intenso a fim de se obter uma nova forma desportiva. 
Nesse sentido, a realização do gesto desportivo ou movimento em superfície 
instável é um método de obtenção dessa qualidade. Enquanto na fase de pre-
paração geral se espera uma resposta orgânica sensorial motora global, na fase 
específica se espera um estímulo ainda na utilização desse sistema sensorial, 
mas mediante um gesto específico (BOMPA; HAFF, 2002; WEINECK, 1999; 
PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017). 
Nas fases subsequentes, o estímulo deve persistir, a fim de apurar a forma 
esportiva. No entanto, na fase competitiva os treinamentos específicos 
dessas qualidades tendem a ser menos presentes, já que as práticas reais da 
performance devem acontecer com mais frequência. Na fase de transição, 
por sua vez, cabe novamente um estímulo específico dessas valências 
físicas, mas o foco será outro, ora mais recuperativo, mais recreativo ou 
até mesmo avaliativo. 
7Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio
Antes de realizar o treinamento de qualquer qualidade física, aqueça o corpo. Evidências 
indicam que o aquecimento tem relação com a diminuição de lesões, especialmente se 
realizado em movimentos similares aos das tarefas a serem executadas. A ideia central do 
aquecimento é ativar o organismo, preparando-o para uma ativação máxima com a maior 
eficiência possível e menor risco de lesão. A revisão sistemática da literatura conduzida 
por Herman et al. (2012) constatou que uma implementação eficaz do aquecimento 
neuromuscular pode reduzir a incidência de lesões de membros inferiores em jovens, 
mulheres atletas, amadores e militares tanto do sexo masculino quanto feminino. 
3 Programa de treinamento para coordenação 
e equilíbrio
Ao se elaborar um programa de treinamento para a coordenação motora, deve-se ter 
em mente melhorias como imagem cortical da sequência de movimentos, formação 
da propriocepção do movimento, eliminação de movimentos não necessários em 
uma tarefa, automatização e estabilização da coordenação inter e intramuscular, 
aumento das ramifi cações dendríticas e maior plasticidade neural, repercutindo 
em maior controle dos movimentos (BOMPA; HAFF, 2002; GOBBI; VILAR; 
ZAGO, 2005; WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017).
O desenvolvimento do equilíbrio integra basicamente três sistemas orgânicos: 
somatossensorial (propriocepção), vestibular e visual. As estruturas dos fusos 
musculares,dos receptores articulares e dos mecanoreceptores cutâneos realizam 
correspondência com o sistema nervoso central, repassando dados sobre a posição 
do corpo em relação ao meio, bem como as forças atuantes. O aparelho vestibular 
contribui principalmente com informações da posição da cabeça em relação ao 
corpo, enquanto o sistema visual capta informações do ambiente e as relaciona 
com a posição do corpo (BOMPA; HAFF, 2002; GOBBI; VILAR; ZAGO, 2005; 
WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017).
Além das variáveis específicas relacionadas a cada qualidade física, ao 
elaborar um programa de treinamento deve-se levar em conta os princípios 
do condicionamento físico, como individualidade biológica, sobrecarga e 
adaptação, continuidade e reversibilidade, generalidade, especificidade e 
variabilidade, bem como a utilização de um racional entre os métodos de 
treinamento mais utilizados, como o treinamento contínuo (variável ou es-
tável) e fracionado (intervalado ou repetitivo), associados ao tempo para o 
desenvolvimento desse programa e suas divisões/ciclos (BOMPA; HAFF, 
Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio8
2002; GOBBI; VILAR; ZAGO, 2005; WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; 
RADCLIFFE, 2017). 
Segundo Radcliffe (2017), a elaboração de um programa conceitua um 
mapa com determinado condicionamento e ponto de chegada de competição. 
Em termos práticos, o autor exemplifica: se o planejamento tem um ano de 
duração com a finalidade de alguma competição, deve-se dividir esse período 
em três ou quatro, conforme resumido no Quadro 1.
 Fonte: Adaptado de Radcliffe (2017). 
Período preparatório
Período 
competitivo
Período de 
transição
Preparatório 
geral
Preparatório 
específico
Caracteriza-se 
pelo aumento 
da capacidade 
orgânica de 
enfrentamento 
de estímulos mais 
intensos e espe-
cíficos que serão 
administrados na 
fase preparatória 
específica. Geral-
mente contempla 
grande volume 
de atividades 
aeróbicas realiza-
das em volume e 
baixa intensidade. 
Concentra-se 
nas qualidades 
de coordenação 
e equilíbrio, 
considerando suas 
formas básicas ou 
menos complexas 
de estímulo, com 
esforços nas bases 
neurofisiológicas 
dessas qualidades.
Caracteriza-se por 
estímulos especí-
ficos relacionados 
à modalidade 
esportiva. Geral-
mente são tidos 
em menor volume 
e grande inten-
sidade de treina-
mento. Em termos 
de qualidades 
coordenativas 
e de equilíbrio, 
devem ser 
estimuladas suas 
manifestações 
mais complexas, 
desafiadoras e 
progressivas em 
comparação com 
a etapa anterior.
Caracteriza-se 
pela manifestação 
dessas qualidades 
em performance 
máxima. Neste 
período, os 
estímulos são 
mais próximos das 
situações compe-
titivas possíveis. 
No entanto, é 
preciso dosar a 
intensidade e o 
volume para que a 
forma desportiva 
adquirida até aqui 
não decline em 
decorrência da 
falta de recupera-
ção adequada.
Caracteriza-
-se pela fase 
recuperativa e 
regeneradora do 
atleta. Os volumes 
e intensidades 
dos estímulos são 
acentuadamente 
reduzidos. Estímu-
los regeneradores 
e recreativos são 
pertinentes nessa 
fase. Também é 
o momento de 
planejar a próxima 
temporada/com-
petição avaliando 
pontos positivos 
e negativos do 
trabalho realizado 
ao longo do 
macrociclo.
 Quadro 1. Subdivisões para periodização de treinamento 
9Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio
Assim, a capacidade de coordenação geral deve se enfatizada na fase pre-
paratória básica e na fase de transição, enquanto a coordenação específica deve 
ser enfatizada na fase preparatória específica e na fase competitiva. De modo 
similar, o equilíbrio estático deve estar presente nas fases de preparação geral 
e de transição, enquanto o equilíbrio dinâmico e recuperado estarão nas fases 
preparatória específica e competitiva (BOMPA; HAFF, 2002; GOBBI; VILAR; 
ZAGO, 2005; WEINECK, 1999; PLATONOV, 2008; RADCLIFFE, 2017).
Embora os métodos de treinamento exclusivo das qualidades de coordenação 
e equilíbrio não estejam ainda bem fundamentados é possível encontrar testes 
para sua avaliação, permitindo determinar se os treinamentos propostos estão 
apropriados. Freitas et al. (2013) avaliaram o nível de coordenação motora em 
jovens praticantes de atletismo utilizando o teste KörperkoordinationsTest für 
Kinder (KTK) (KIPHARD; SCHILLING, 1974), que consiste na avaliação 
de quatro tarefas: equilíbrio andando de costas sobre uma trave, saltito com 
um perna, salto lateral e transposição lateral. Os autores concluíram que os 
atletas avaliados foram classificados com um nível elevado de coordenação 
motora, possuindo valores superiores a populações de várias partes do mundo.
Já Tenan Neto et al. (2010) avaliaram a performance de jogadores de futebol 
antes e depois do treinamento específico e encontraram relação significativa 
entre as variáveis agilidade e potência de membros inferiores, concluindo que 
as qualidades físicas necessárias a um bom desempenho no futebol devem ser 
trabalhadas de acordo com suas especificidades. Para avaliação da coordenação, 
os autores utilizaram um teste específico para o futebol, o teste de drible Mor 
e Cristian (1979), que consiste na realização de um percurso por um círculo 
de 18,5 m de diâmetro sinalizado por cones, distantes entre si 4,5 m, além da 
linha de início, de 91,5 cm, traçada perpendicularmente ao círculo. A bola é 
posicionada sobre a linha de início e, ao comando “Pronto! Vai!”, o examinado 
conduz a bola ao redor do percurso circular, correndo sinuosamente pelos 
cones, até voltar à linha de início no menor tempo possível. São dadas três 
tentativas, a primeira no sentido horário, a segunda no sentido anti-horário e 
a terceira fica a critério do avaliado. O resultado do teste é a média das duas 
melhores tentativas.
Ferreira et al. (2017) avaliaram o equilíbrio, entre outras qualidades físicas, 
de atletas de futebol por meio de testes funcionais e fotogrametria. Ao final 
do estudo, concluíram que essas avaliações representam formas de baixo 
custo e fácil reprodutibilidade, valorizando suas utilizações. Um dos testes 
funcionais empregados foi o Side Hop Test (ITOH et al., 1998), em que o atleta 
é posicionado em apoio unipodal, calçando tênis, para então realizar 10 saltos 
laterais, distantes 30 cm, o mais rápido possível. Outro teste aplicado foi o 
Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio10
Figure 8 Test (SUDA; SOUZA, 2009), em que o atleta, em apoio unipodal, 
calçando tênis, percorre uma distância de 5 metros delimitada por dois cones, 
contornando-os de forma a desenhar um 8 por duas vezes consecutivas o 
mais rápido possível. Também foi realizado o Star Excursion Balance Test 
(GRIBBLE; HERTEL et al., 2003), em que três fitas métricas são colocadas no 
chão nas direções anterior, posteromedial e posterolateral, cada uma delas com 
120 cm a partir do centro. O atleta posiciona um pé, descalço, na intersecção 
entre todas as diagonais, de maneira que a linha maleolar fique no centro da 
intersecção das fitas; e, com o outro pé, é orientado a tocar levemente a fita 
com a ponta do hálux, o mais longe possível, em cada uma das três direções, 
mantendo o equilíbrio corporal, com o calcâneo do pé de apoio fixo no solo. 
Para estabelecer os valores de análise, considerou-se a maior distância alcan-
çada, em centímetros, para cada direção.
Por fim, Karloh et al. (2009) avaliaram o equilíbrio dinâmico de atletas 
da ginástica rítmica também usando o Star Excursion Balance Test (recém-
-explicado) e concluíram que esses atletas possuem maior capacidade de 
manutenção e restabelecimento de controle postural, o que provavelmente se 
deve aos gestos específicos do esporte.
Gomes (2009) ressalta que as qualidades físicas de coordenação e equilíbrio não se 
manifestam de forma isolada na prática desportiva. A capacidade coordenativa, por 
exemplo, está muito ligada à precisão na reprodução dos parâmetros de força, espaço, 
tempo e ritmo nos movimentos.
Assim, as qualidades físicas de coordenaçãoe equilíbrio são inerentes 
às práticas desportivas e manifestam-se em interação com outras qualidades 
físicas na performance. O treinamento dessas qualidades físicas deve ser 
incentivado em todas as prescrições de treinamento físico, haja vista sua 
relação com a produção de movimentos harmoniosos e eficientes, evitando 
quedas e possíveis lesões. Obviamente, conhecimentos sobre os conceitos, 
a aplicação e a avaliação dessas qualidades devem fazer parte do repertório 
técnico e cognitivo dos instrutores do treinamento físico, não somente para uma 
proposição específica, mas também como uma defesa teórica dessa proposição 
frente aos praticantes, prescrevendo intervenções eficazes e fundamentadas.
11Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio
BOMPA, T. D.; HAFF, G. G. Teoria e metodologia do treinamento: periodização. 5. ed. São 
Paulo: Phorte, 2012.
FERREIRA, D. C. et al. Agilidade, equilíbrio e flexibilidade de atletas de futebol: avaliação 
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maio 2017. Disponível em: https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/fisiotera-
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FREITAS, J. V. de. et al. Nível de coordenação motora de jovens atletas de atletismo. 
Coleção Pesquisa em Educação Física, v. 12, n. 3, p. 109–116, 2013. Disponível em: https://
www.fontouraeditora.com.br/periodico/upload/artigo/1043_1503667402.pdf. Acesso 
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n. 7, p. 1334–1359, 2011. Disponível em: http://www.pgedf.ufpr.br/ACSM%202011%20
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GOBBI, S.; VILLAR, R.; ZAGO, A. S. Educação física no ensino superior: bases teórico-práticas 
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GOMES, A. C. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. 2. ed. Porto Alegre: 
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Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio12
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13Métodos de treinamento da coordenação e do equilíbrio

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