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1 SUMÁRIO 1 FISIOTERAPIA DESPORTIVA ......................................................... 2 1.1 O que é? ........................................................................................... 2 2 COMO FUNCIONA A FISIOTERAPIA DESPORTIVA? .................... 7 2.1 Importância da fisioterapia desportiva............................................... 8 2.2 Como funciona a fisioterapia desportiva ........................................... 9 2.3 Tratamentos da fisioterapia desportiva ............................................. 9 3 CONDICIONAMENTO FÍSICO ....................................................... 12 4 ASPECTOS GENÉRICOS DO TREINO DESPORTIVO ................. 16 4.1 Evolução do Processo de treino ..................................................... 16 4.2 Objetivos do treino e a definição de alto rendimento ....................... 16 4.3 Princípios do treinamento desportivo e da musculação .................. 17 4.4 Princípios específicos da musculação ............................................ 18 4.5 Princípio da individualidade biológica ............................................. 18 4.6 Renovação da matéria viva ............................................................ 20 4.7 Princípio da adaptação ................................................................... 21 4.8 Princípio da sobrecarga*................................................................. 24 4.9 Princípio da continuidade/reversibilidade ........................................ 32 4.10 Princípio da interdependência volume X intensidade ...................... 34 4.11 Princípio da especificidade dos movimentos................................... 37 4.12 Princípio da estruturação das sequências de exercícios ................. 39 4.13 Qualidades e Fatores Físicos ......................................................... 42 4.14 Qualidades e Fatores Tácticos ....................................................... 50 5 Componentes da carga ...................................................................... 55 6 Periodização ................................................................................... 57 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 70 2 1 FISIOTERAPIA DESPORTIVA Fonte: www.integralcare.com.br As práticas esportivas exigem um bom condicionamento físico, que por sua vez cobra empenho do atleta. Esse empenho, agregado à rotina de exercícios e treinos diários, expõe o atleta a sobrecargas posturais, repetição de movimentos e a consequente aplicação de forças excessivas. É idealizada nesse cenário que nasce a fisioterapia esportiva, sendo atualmente uma das principais áreas de atuação do fisioterapeuta, que por sua vez tende a garantir os resultados funcionais positivos em torno do tratamento ao qual submete os pacientes. Aqui o tempo é valioso, tendo em vista que o atleta necessita continuar no ritmo da prática esportiva. 1.1 O que é? Componente de peso da Medicina Esportiva, a fisioterapia esportiva apresenta seu objetivo principal com foco na recuperação e prevenção dos possíveis e comuns acidentes ligados à prática esportiva. O trabalho é voltado 3 para o seu desenvolvimento do atleta em curto espaço de tempo após sofrer uma lesão durante a atividade física. Velocidade x tempo. A fisioterapia esportiva desprende tanto do profissional quanto do atleta o empenho para que seus resultados sejam apresentados em um curto espaço de tempo, a fim de garantir os benefícios da volta do atleta em sua melhor forma física à prática da sua atividade esportiva. A preocupação e a manutenção do funcionamento de todas as funções do corpo, músculos, articulações e ossos é evidenciada para que se possa alcançar o máximo do seu potencial, a fim de garantir a execução perfeita de todas as suas habilidades físicas. A atuação da fisioterapia esportiva abrange também a colaboração do profissional fisioterapeuta quanto ao treinamento e postura dos atletas em campo, a fim de orientar tanto a técnicos como o time inteiro quanto aos pontos de desequilíbrio muscular que pode afetar os indivíduos e as melhores maneiras de adequar suas posturas ao desempenho favorável do esporte que praticam, aliando-se dessa maneira o aspecto preventivo da prática da fisioterapia esportiva A Fisioterapia Desportiva combina exercício e modalidades terapêuticas para restaurar atletas ao seu nível normal. É um programa dinâmico de exercícios prescritos para prevenir ou reverter os efeitos da inatividade enquanto o indivíduo recupera seu nível de competição, diferentemente da reabilitação convencional, na qual o retorno completo da função poderá não ser possível. A reabilitação atlética não inclui apenas a restauração completa do desempenho irrestrito, mas se esforça também para um nível de condicionamento maior do que o nível que o atleta possuía antes da lesão. Terá que levar em conta força muscular, potência, flexibilidade e resistência (endurance), assim como equilíbrio, propriocepção, momento apropriado e desempenho cardiovascular. Cada programa de reabilitação deve ser individualizado de forma a atender as necessidades individuais de cada atleta. 4 Só raramente uma lesão é tão leve a ponto de tornar-se desnecessária alguma forma de reabilitação, e, como regra, quanto mais séria for a lesão, mais prolongada e necessária será a reabilitação. A eficácia da fisioterapia no período de recuperação, tanto após uma cirurgia quanto após um traumatismo, geralmente determina o grau e o sucesso da futura competição atlética. Além do mais, as lesões sofridas durante a participação atlética são em geral, produzidas em circunstâncias inerentes ao desporto especifico: portanto, o atleta pode ficar exposto a um traumatismo recidivante idêntico, o que torna mais provável uma nova lesão. Esse potencial para sofrer uma nova lesão torna necessária um tratamento fisioterápico exaustivo e completo. Fonte: img.pai.pt Em qualquer lesão, ocorrem eventos fisiológicos específicos em resposta ao traumatismo. Cabe ao fisioterapeuta reduzir a gravidade desses efeitos fisiológicos, otimizar o tempo de cicatrização e devolver o atleta à competição o mais cedo possível sem comprometer seu bem-estar. Os objetivos de todo o programa de fisioterapia incluem: 5 1) Redução da dor; 2) Redução da resposta inflamatória ao traumatismo; 3) Retorno da amplitude ativa de movimento plena e isenta de dor; 4) Redução do derrame; 5) Retorno de força, potência e endurance musculares plenas; 6) Retorno às atividades funcionais assintomáticas plenas no nível pré-lesão. Tumefação, dor e espasmo podem inibir a instituição precoce de um programa de fisioterapia. O uso de várias modalidades pode ser essencial no controle e na redução dessas respostas, permitindo ao atleta iniciar precocemente os exercícios de amplitude de movimento e de fortalecimento. No entanto, a modalidade propriamente dita nunca é considerada a cura para a maioria das lesões atléticas. Apenas através do exercício terapêutico será possível recolocar a parte ou as partes corporais lesadas em seu nível pré-lesão. Se um programa de reabilitação não for instituído em combinação com as modalidades terapêuticas, o ciclo da lesão poderá prosseguir. O exercício precoce é essencial para a reabilitação. Os atletas podem aprimorar sua condição física em cerca de 1% ao dia, enquanto perdem de 3% a 7% de sua aptidão diariamente quando permanecem totalmente inativos. Portanto, quanto mais longo o período de tempo durante o qual o atleta permanece inativo, mais longo será o período necessário para completar o programa de reabilitação. O uso apropriado do exercício pode acelerar o processo de cicatrização, e a falta de exercício durante os estágios iniciais da reabilitação pode resultar em incapacidadepermanente. Algumas limitações poderão ser necessárias para proteger um reparo cirúrgico ou permitir que ocorra a cicatrização adequada da lesão. As condições ideais para a cicatrização dependem de um equilíbrio delicado entre a proteção contra o estresse e o retorno à função normal no período mais precoce possível. 6 Fonte: www.unoesc.edu.br Cada programa de fisioterapia deve ser individualizado; não existe um programa de reabilitação do tipo “livro de receitas culinárias” para todas as lesões e que possa ser adotado para todos os atletas. Um programa de fisioterapia deve ser elaborado de forma a atender as necessidades do atleta, abordar as deficiências específicas e a levar em conta as demandas funcionais específicas do atleta para cada atividade esportiva, em vez de encaixar o atleta em um determinado plano de tratamento. Os objetivos gerais da fisioterapia já foram mencionados. Antes de iniciar um programa de reabilitação, o fisioterapeuta, o técnico e o atleta deverão elaborar um conjunto de objetivos a curto, médio e a longo prazo baseados na lesão do atleta ou no procedimento cirúrgico realizado e na necessidade da competição. O uso do protocolos de reabilitação preestabelecidos como diretrizes para a progressão do atleta através do programo de reabilitação pode ser valioso. Os protocolos deverão fundamentar-se em princípios derivados da pesquisa sobre o tempo de cicatrização e cinemática articular. Os objetivos podem ser delineados em relação à amplitude de movimento, à sustentação do peso e à progressão dos pesos nos exercícios com resistência progressiva. Entretanto, os protocolos de reabilitação são apenas diretrizes e os indivíduos 7 toleram a dor diferentemente e cicatrizam com ritmos variáveis. O avanço da reabilitação no atleta deverá basear-se na avaliação diária do fisioterapeuta quanto aos relatos subjetivos e achados objetivos. A progressão de uma fase para outra somente deverá ocorrer depois que o atleta alcançou os objetivos esboçados na fase atual. 2 COMO FUNCIONA A FISIOTERAPIA DESPORTIVA? Fonte: acritica.uol.com.br Combinando atividades e modalidades terapêuticas para restaurar atletas ao seu padrão, a fisioterapia garante a prevenção ou reversão de inatividade. Entre os diversos métodos de fisioterapia, a técnica desportiva é conhecida por ter um programa dinâmico de exercícios direcionados especialmente para atletas. Combinando atividades e modalidades terapêuticas para restaurar atletas ao seu nível normal, a fisioterapia garante a prevenção ou reversão de efeitos 8 da inatividade, contando com a recuperação completa de seu nível de competição. A partir do desempenho do aluno, a técnica pode ainda contribuir com uma melhoria no condicionamento do mesmo, garantindo maior desempenho pós lesão e atendendo suas necessidades individuais de reabilitação. 2.1 Importância da fisioterapia desportiva Fonte: www.clinicaortohealth.com.br/ Essa técnica fisioterapêutica é fundamental para reabilitar atletas em quesitos como força muscular, potência, flexibilidade, resistência, equilíbrio, propriocepção, momento apropriado e desempenho cardiovascular. Quanto mais séria é a lesão em questão de tratamento, mais prolongada e necessária faz-se a reabilitação. A eficácia do método de recuperação pós traumatismo vem com a resposta do tratamento, que pode contar com longos prazos de cicatrização e um possível comprometimento de seu bem-estar. Entre os transtornos mais comuns que podem ser tratados a partir da aplicação da fisioterapia desportiva, encontramos as tendinites, lesões ligamentares, contusões e distensões, 9 entorses, luxações e subluxações, fraturas, abrasões, bolhas, calos, cortes, entre outros. O método é essencial para garantir que o atleta esteja apto novamente à prática saudável dos esportes, com plena recuperação. 2.2 Como funciona a fisioterapia desportiva A fisioterapia desportiva funciona com programas individuais de tratamento para cada atleta, indicada para todas as idades e contando com equipamentos específicos para treinamento. Buscando o melhor atendimento ao atleta, com atenção total de controle da lesão, o programa é elaborado aliando a correção postural aos exercícios de melhorias no condicionamento físico, visando a potencialização de ganho de força e resistência muscular. 2.3 Tratamentos da fisioterapia desportiva Entre os mais conhecidos tratamentos de fisioterapia desportiva, podemos contar com programas específicos para LCM (ligamento colateral medial), contratura muscular, distensão muscular glútea, entorse nos tendões, espasmo muscular, lesão ligamentar no joelho, lesões em atletas de corrida, lesões em atletas de natação, lesões em jogadores de futebol, lesões musculares, luxações no ombro, pubalgia, ruptura do tendão de aquiles, tendinite de aquiles, entre outros. Os sistemas de tratamento envolvem atendimento domiciliar 24 horas por dia, fisioterapeutas especialistas na resolução destes problemas, equipamentos específicos para cada tipo de programa e prescrição de medicamentos ou dietas específicas para garantia de reforço ao tratamento inicial. Com total responsabilidade e segurança, a fisioterapia desportiva colabora com a saúde e bem-estar dos atletas. A dimensão desportiva nos dias de hoje nos dias que correm, cada vez existe mais pessoas por todo o mundo a participarem nas mais variadas 10 modalidades desportivas, pelos mais diversos motivos que variam entre o interesse pessoal, a descontração e a manutenção física, passando ainda, por questões de saúde (Fong et al., 2007). Fonte: fisiosportnews.files.wordpress.com São cada vez menos aqueles que conseguem ficar indiferentes à máxima de que o desporto é saudável e que contribui para o aumento do bem-estar físico e psicológico. Um estilo de vida fisicamente cativo e a participação no desporto e na atividade física é importante para todas as idades. São muitas as razões para participar no desporto e na atividade física, como o prazer e a necessidade de relaxar, a competição, a socialização, e a manutenção e melhoria da condição física e da saúde. Contudo, a participação desportiva também implica o risco de lesão por uso excessivo, bem como por lesões agudas (Bahr et al., 2003). Esse risco torna-se ainda maior quando se trata de desporto de competição. De acordo com Timpka, Ekstrand e Svanström (2006), os meios de comunicação contribuíram para que as competições desportivas se tornassem uma parte importante da indústria do entretenimento global, sendo que a possibilidade de se acompanhar o desempenho dos 11 melhores atletas na televisão se tornou um dos passatempos mais populares de todo o mundo. A exigência e competitividade geradas à volta dos mais variados tipos de desportos levaram a que o risco de lesão se tornasse muito elevado, tal como documentado para o futebol (Hägglund, Waldén, Bahr & Ekstrand, 2005), para o críquete (Orchard et al., 2005), para o râguebi (Hoskins, Pollard, Hough & Tully, 2006) e para o triatlo (Gosling, Gabbe & Forbes, 2007). Como referido por McIntosh (2005), as intervenções que têm sido feitas com o objectivo de controlar o risco de lesão, têm-se centrado na redução dos níveis de carga ou no aumento da capacidade do corpo humano de tolerar ou reagir aos padrões de carga. Tem-se apostado principalmente em planos de prevenção que impedem o desgaste de estruturas aquando duma exposição prolongada, contudo existem fatores que complicam todos os modelos propostos. Esses fatores estão relacionados com a natureza competitiva e repetitiva do desporto e com os fatores comportamentais, fisiológicos e as adaptações biomecânicas que acompanham a competição. A elevada exigência física, a repetição do gesto técnico e o desgaste duma prática intensiva aumentam a probabilidadeda ocorrência de lesões. Importância da prevenção de lesões Apesar de todos os benefícios associados à prática desportiva, a participação no desporto também traz o risco de lesões aos atletas, quer participem em desportos de competição, quer o façam a nível recreativo, como referido por Olsen, Myklebust, Engebretsen, Holme e Bahr (2005). Segundo Fong et al. (2007), o desporto é uma das maiores causas de lesões, em comparação com acidentes de viação, acidentes em casa, acidentes de lazer, acidentes laborais ou violência, sendo que as lesões desportivas podem resultar em dor, afastamento dos jogos ou do trabalho e gastos médicos. E se para aqueles que vivem o desporto de forma amadora, uma lesão pode trazer pequenas alterações ao seu dia-a-dia, podendo não comprometer de todo as suas tarefas de vida diária, para os que têm no desporto a sua atividade 12 profissional, podem de acordo com Kujala, Orava, Parkkari, Kaprio e Sarna (2003) ter a sua carreira comprometida. De qualquer forma, há que ter em conta que uma situação não é menos importante que outra, já que as lesões desportivas são um dos grupos de lesões mais comuns das sociedades modernas ocidentais. O seu tratamento é por vezes difícil, implica gastos económicos e de tempo, sendo que estratégias de prevenção de lesões são cada vez mais necessárias, tanto por imposições a nível económico como para segurança dos atletas. 3 CONDICIONAMENTO FÍSICO Fonte: blogdoaica.files.wordpress.com Existe uma revolução crescente no mundo feita por pessoas que estão preocupadas realmente com seu nível real de condicionamento físico e não com sua aparência de “estar em forma”. Pessoas que já perceberam que a melhor maneira de parecer em forma é realmente estar com um bom nível de condicionamento físico. Mas em que consiste o condicionamento físico, iremos discutir 3 conceitos: 13 O primeiro conceito é baseado nas 10 capacidades ou aptidões físicas conhecidas pela sociedade mundial de fisiologistas do exercício, que podem ser melhoradas através de adaptações neurológicas e/ou orgânicas. São elas: resistência cardiorrespiratória, resistência muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, agilidade, equilíbrio e precisão. Quanto mais competente em cada uma delas, mais condicionado você está, ou seja, um bom programa de treinamento deve conter exercícios que desenvolvam uma adaptação em cada uma dessas aptidões. O segundo conceito é essencialmente a execução de qualquer atividade física de uma maneira randômica, ou seja, poder fazer bem qualquer tipo de tarefa que a vida nos propõe. Esse modelo sugere que o seu condicionamento físico pode ser medido pela sua capacidade de desempenhar bem uma tarefa em relação ao como fazia antes ou até mesmo comparado a outras pessoas. O terceiro conceito engloba as três vias metabólicas que nos provém energia para qualquer tipo de ação física. A primeira usa o fosfogênio de nossos músculos como fonte de energia e é responsável pelas atividades de maior potência, e dura aproximadamente 10 segundos; a segunda utiliza o glicogênio circulante como energia e rege as atividades de potência moderada, com duração de poucos minutos; já a terceira via é a oxidativa , também conhecida como aeróbia, responsável por mobilizar energia principalmente da gordura estocada em nosso corpo e nos permite executar atividades de baixa potência porém de média e longa duração. Um condicionamento físico total deve então promover e desenvolver um treinamento que seja executado em cada um dos três sistemas de energia, buscando o melhor efeito possível do equilíbrio entre eles. Então qual a consequência desse treinamento todo? SAÚDE!!! Qualquer pessoa que treina para aprimorar o seu condicionamento físico, consequentemente está treinando para melhorar seus parâmetros de saúde e também sua aparência. Quando feito corretamente e 14 sem exagero o condicionamento físico também nos ajuda contra os efeitos da idade e protege contra doenças. O condicionamento físico relacionado à saúde se refere à capacidade que seu coração, seus vasos sanguíneos, seus pulmões e seus músculos têm de resistir às tarefas diárias e ocasionais, assim como os desafios físicos inesperados, com um mínimo de cansaço e desconforto. É a posse das reservas de energia necessárias para fazer tudo o que se deseja. Além disso, o condicionamento apresenta diferentes significados para cada pessoa. Ficar bem condicionado fisicamente não requer atividade física intensa, desgastante ou exercícios monótonos. Para estar com um bom condicionamento físico você apenas precisa se exercitar com regularidade, da maneira prescrita por um profissional de Educação Física capacitado. Essa atividade vai trazer, certamente, benefícios significativos ao organismo. Fonte: encrypted-tbn1.gstatic.com Estes benefícios vão, desde a melhora da autoestima, do estado de ânimo, passando por modificações estéticas e atingido melhoria em diversos 15 sistemas: respiratório, cardiovascular, endocrinológico e até imunológico. O condicionamento aumenta a capacidade de defesa do organismo contra infecções oportunistas. Cada atividade é prescrita de acordo com as condições físicas e sociais do indivíduo, seu estado de saúde, seu estilo de vida, suas características pessoais e motivacionais. Toda rotina de exercícios deve ser progressiva, de forma que o corpo se adapte às novas exigências metabólicas, musculares, respiratórias e articulares. As pessoas fazem exercícios físicos regulares com diversos propósitos e um dos mais nobres e procurados é a aquisição de um bom condicionamento cardiovascular e respiratório. Como consequência, vem uma imediata melhora da qualidade de vida. Estas atividades físicas podem ser praticadas em meio líquido, como a natação, hidroginástica e caminhadas aquáticas; em bicicleta, tais como passeios ao ar livre ou em bicicletas estacionárias; ou ainda caminhadas, trotes e corridas em esteira ou piso fixo. Além destas atividades mais tradicionais, ganhos importantes na condição respiratória, cardíaca, vascular, muscular e óssea podem ser obtidos através da dança. Muitos estudos demonstraram que há um aumento significativo de massa óssea (densidade óssea) através da prática de danças, evitando assim a osteoporose. Para permanecer condicionado e manter os benefícios fisiológicos, motivacionais e estéticos adquiridos, deve-se manter um nível de atividade moderado, no mínimo três vezes por semana por, pelo menos, 30 minutos de atividade aeróbias, como caminhadas, trotes, corridas, andar de bicicleta, natação, hidroginástica e dança. É preciso também complementar esta rotina de exercícios aeróbios, com exercícios de flexibilidade, de força e de resistência muscular. Portanto quando se fala na importância de se ter um bom condicionamento físico, logo se pensa num atleta. Mas, nós, cidadãos comuns, também precisamos ter um bom condicionamento físico, que vai nos ajudar nas várias situações do dia a dia, o 16 que significa que você pode praticar uma atividade física com mais disposição, menos cansaço e menor risco de lesões, o que fará bem para sua saúde. Conclusão: um bom preparo físico te ajudará a executar as tarefas do dia a dia, sem muito cansaço, sem dor muscular no dia seguinte e com mais disposição para executar qualquer atividade. E lembre-se que para nós, cidadãos comuns, que exercitamos para a melhoria da nossa saúde e qualidade de vida, o preparo físico é importante para as tarefas do dia a dia, e não para competir e buscar a performance máxima. 4 ASPECTOS GENÉRICOS DO TREINO DESPORTIVO 4.1 Evolução do Processo de treino Na pré-história, os seres humanos já treinavam suas habilidades de caça e pesca, repassando seu aprendizado de forma teórica e prática e, desta forma, ensinavam e aprendiamuns com os outros. Um dos aspectos mais importantes da preparação dos desportistas, desenvolvimento de seu potencial motor e da sua capacidade de movimento, já que isso influencia a sua capacidade no nível desportivo. • 1º- Período do empirismo • 2º- Período da improvisação • 3º- Período da sistematização • 4º- Período pré-científico • 5º- Período científico • 6º- Período tecnológico • 7º- Período do mercantilismo desportivo 4.2 Objetivos do treino e a definição de alto rendimento O treino está centrado na preparação para a competição. Ele procura, otimizar as aptidões que mais influências terão nos resultados desportivos. Isto 17 implica uma integração dos vários fatores do treino, aprofundamento das habilidades técnicas e uma melhor capacidade de concretização dos procedimentos estratégicos. Definição de Alto Rendimento Está relacionado com um elevado aspecto de seleção, rigor e exigência e por isso apenas alguns dos melhores praticantes encontram-se abrangidos por este nível de prática desportiva. Efetivamente a lei define alto rendimento como “a prática desportiva em que os praticantes obtêm classificações e resultados desportivos de elevado mérito, avaliados em função dos padrões desportivos internacionais. 4.3 Princípios do treinamento desportivo e da musculação Treinamento desportivo como estrutura lógica é a organização para a aplicação dos métodos científicos de treinamento, que visam por meio de mecanismos pedagógicos, atingir o mais alto rendimento humano, nos aspectos e características técnicas, físicas, psicológicas, sociais e espirituais do indivíduo ou equipe. "O treinamento, já aceito há algum tempo como ciência, tem sua posição científica reforçada com referências consideradas essenciais para todos os que buscam o alto rendimento atlético". Tubino; 1979. Toda e qualquer atividade necessita de normas para uma conduta racional de aplicação. No caso do treinamento desportivo e musculação particularmente, algumas normas e regras foram sendo criadas ou desenvolvidas com base em princípios relacionados com a constituição física humana e com as respostas orgânicas aos estímulos aplicados. Os princípios do treino desportivo são basicamente seis e abaixo escalonados. Há diferenciações pessoais de autores que lidam com o treinamento, afirmando ainda mais a necessidade de aprofundamento nos meios teóricos para o controle prático dos treinos. É comum o surgimento de subdivisões dentro de algum dos princípios do treinamento, situação está que será visualizada em alguns parágrafos abaixo. 18 1. Princípio da individualidade biológica 2. Princípio da adaptação 3. Princípio da sobrecarga* 4. Princípio da continuidade/reversibilidade 5. Princípio da interdependência volume X intensidade 6. Princípio da especificidade dos movimentos 4.4 Princípios específicos da musculação A musculação possui particularidades no momento da aplicação prática dos trabalhos, que estão sempre vinculadas aos princípios do treinamento desportivo. Os princípios do treino neste caso são singularmente aplicados de maneira mais qualificada e, encampando basicamente a individualidade biológica, a sobrecarga e a especificidade dos movimentos. A estruturação das sequências de exercícios, tornou-se um conceito paralelo e considerado, como sendo um princípio do treinamento exclusivo dos trabalhos contra resistência. 4.5 Princípio da individualidade biológica Esse princípio pressupõe que por sermos seres biologicamente diferentes é necessário levar em consideração, no momento da prescrição dos exercícios físicos, as habilidades, o potencial físico assim como as limitações a fim de não causar reações adversas no praticante. Cada ser humano possui estruturas físicas e psicológicas individualizadas ou diferenciadas dos demais, sugerindo que cada um de nós seja um ser único. O ser humano é a união entre as características do genótipo (carga genética recebida) com o fenótipo (carga geral de elementos que são adicionados ao indivíduo após o nascimento) que criam o suporte de individualização humana. Abaixo no quadro 01 encontra-se algumas características do genótipo e do fenótipo. 19 Quadro 01 As respostas ao treinamento aplicado são determinadas por características hereditárias associadas às influências do meio ambiente. Buscamos continuamente o aperfeiçoamento das características técnico esportivas da forma mais específica e individualizada possível. Quanto mais o treino aproximar-se das características positivas de respostas individuais, maiores serão as performances alcançadas. Cada ser humano é único e por este motivo necessita de um direcionamento personalizado para o treinamento visando o alto rendimento físico e desportivo. É inadmissível a padronização de qualquer forma de treinamento, para grupos inteiros de indivíduos. O genótipo caracteriza os potenciais, a predisposição inata ou aptidão. As habilidades são parte do fenótipo ou das características possíveis de serem incorporadas ao indivíduo. Os profissionais de Educação Física são bem familiarizados com os termos Aptidão e habilidade. Entendemos por aptidão didaticamente expondo, como sendo os potenciais ou as qualidades inatas do homem, que são expressas continuamente por meio da predisposição e do talento. Como exemplos citamos a aptidão de força muscular máxima, a aptidão de resistência cardiovascular máxima, flexibilidade e velocidade máxima atingível. "Evidentemente o treinamento físico não melhora a capacidade de desempenho além daquele limite preestabelecido pelo genótipo". Hollmann & Hettinger; 1983. 20 As habilidades referem-se aos elementos que são adquiridos ou aprendidos ao longo do tempo de vida, somando-se e formando um quadro de experiências. O ato de jogar ou praticar esportes, são transmitidos aos indivíduos por meio de treinos e repetições contínuos, e são bons exemplos do que sejam as habilidades. "As condições neuromusculares, psico-cognitivas e anâtomo- biomecânicas que são herdadas caracterizam de uma forma geral a aptidão. Um desenvolvimento muito acima da média dessas condições denomina-se talento". (Geese & Hillebrecht; 1995). "Pode-se dizer que os potenciais são determinados geneticamente e as capacidades ou habilidades expressas são decorrentes do fenótipo". Dantas; 1985). 4.6 Renovação da matéria viva Este ciclo, que é uma das características básicas da matéria viva, é caracterizado da seguinte forma: sempre que qualquer pessoa exerce a sua função, começa gradualmente a perder essa capacidade funcional até atingir um estado de fadiga. Começa então a prevalecer, graças à alimentação e ao repouso, o processo de renovação da estrutura que foi solicitada e, portanto, desgastada, o que vai permitir que essa estrutura não só recupere o nível de organização estrutural anterior, como até o supere, o que vai permitir uma melhoria da capacidade funcional. Exemplificando: um determinado grupo muscular começa a realizar um exercício com funções, se a carga e o número de repetições forem elevados, os músculos solicitados começam a perder capacidade funcional, podendo atingir um estado de fadiga. Graças à alimentação e ao repouso, permitirá que esses músculos, passado algum tempo, tenham um nível estrutural e um nível de força superior. Este processo de reorganização estrutural e funcional só é possível graças à conjugação de três fatores: Carga Funcional: No treino é o movimento que, ao provocar a fadiga, ativa o referido ciclo. Durante o treino predominam os processos de “destruição” do organismo. 21 Alimentação: Fornece ao organismo os nutrientes necessários à substituição dos que foram gastos nos processos catabólicos geradores de energia. É evidente que se é insuficiente, quantitativa ou qualitativamente, o restabelecimento é impossível. A cargafuncional conduziria a um esgotamento do organismo. Repouso: Diminuição da função posterior à aplicação da carga. Não é o repouso em si mesmo que é positivo, mas sim o que se segue ao esforço. 4.7 Princípio da adaptação Todas as pessoas possuem um estado de equilíbrio denominado homeostase. Toda vez que realizamos um exercício físico, estamos de certa forma, impondo um estresse fisiológico e psicológico ao organismo. Dependendo da intensidade do estresse aplicado, a resposta do organismo pode variar entre a manutenção do estado de homeostase (baixa intensidade) a ocorrência de lesões em geral (intensidade acima do limite). O princípio da adaptação prega que é necessário impor ao organismo um estresse suficiente para a quebra da homeostase a fim de gerar um upgrade no condicionamento físico. Intensidades demasiadas devem ser evitadas com objetivo de manter a integridade física do praticante. O princípio da adaptação do organismo ao treinamento possui particularidades relacionadas com o nível de estímulo a ele aplicado. Durante a aplicação de estímulos de treinamento sobre o organismo deparamo-nos com o conceito de síndrome de adaptação geral (SAG) proposto por Hans Seyle; 1956 in Dantas; 1985, a qual possui fases correlacionadas com os estímulos ou estresses. Os estresses podem ser de ordem física, bioquímica e mental. A síndrome de adaptação geral possui três fases distintas abaixo escalonadas: 22 1. Excitação ou choque - a presente fase poderá provocar dores e por este motivo queda momentânea no rendimento provocando um período de reação de alarme no organismo. 2. Resistência ou adaptação - esta fase tende a provocar uma adaptação ao estímulo aplicado com elevação no rendimento. 3. Exaustão ou cansaço - nesta fase o corpo não responde positivamente aos estímulos por já estar adaptado, possivelmente haverá queda de rendimento nos casos de treinamento excessivo. Há o risco de lesões temporárias ou permanentes. Nos casos em que o estímulo seja muito fraco este não produzirá adaptação satisfatória, e será classificado como estímulo Débil. Os estímulos de baixa intensidade que apenas excitam o organismo e não produzem adaptações posteriores são classificados como médios. Os estímulos Fortes são exatamente aqueles que proporcionam as adaptações mais seguras, plenas e prolongadas. Busca-se no treinamento consciente e organizado, na maior parte do tempo, exatamente a manutenção desta forma de estímulo. Os estímulos Muito Fortes acarretam sensíveis danos ao organismo e podem seguramente causar lesões, se não forem extremamente controlados por meio de testes periódicos e avaliações generalizadas prévias relacionadas ao estado biológico maturacional e também psicológico do indivíduo. Os conceitos de Hussay; 1956, acima descritos foram citados por Dantas; 1985, trazem consigo um alerta e a base para que sejamos cautelosos no momento da aplicação de sobrecargas no organismo durante os treinamentos. A busca incessante por combinações ideais de alternância entre os estímulos Médios e Fortes, são a base para o sucesso do treinamento. Saber em qual momento elevar o estímulo e ou reduzi-lo é a chave para as portas do alto rendimento. 23 A utilização de estímulos Muito Fortes é necessária para a ultrapassagem das barreiras que surgem no decorrer dos treinamentos dos atletas de alto nível. Não devemos utilizar treinamentos nesta faixa de estímulo por mais de um ciclo (microciclo de choque), ou seja, mais do que sete dias, e muito menos utiliza-lo com atletas ou praticantes novatos. Um ciclo de treinamento de 3 a 4 anos consecutivos (lei dos quatro anos), faz-se necessário antes de arriscar estes níveis tão elevados de cargas nos treinos. Não devemos esquecer que grandes performances atléticas são alcançadas após 8 a 12 anos de treinos intensivos e sistemáticos. Abaixo no quadro 02 apresenta-se uma proposta classificatória com as condições de intensidade e carga adicional referente aos estímulos proveniente do treinamento contra resistência. Quadro 02 O organismo humano responde de maneira diferenciada a cada estímulo a ele aplicado. O estresse vivido quotidianamente no meio ambiente, produz interferências que devem ser consideradas em conjunto aos estímulos do treino. As respostas aos treinamentos podem ser negativas caso haja influência do meio sem um adequado controle do treinador. As respostas aos estímulos psíquicos e sociais são relevantes sobre a performance. As atitudes psicológicas negativas como ansiedade, angustia, confiança excessiva, depressão etc., e fatores sociais como o abuso de bebidas 24 alcóolicas, festas, excessos sexuais, tabagismo e outros, necessitam estar sob controle do treinador. A individualidade deverá possuir grande atenção aos períodos de adaptação, como exemplo citamos as crianças e os adolescentes, que possuem um estado de predisposição para adaptarem-se mais facilmente aos estímulos de treino com predominância de volume alto com intensidade moderada a baixa. Em muitos casos surgem quedas sobre o rendimento biológico, sem uma explicação plausível. Quando após uma minuciosa pesquisa dos hábitos de vida, surge o diagnóstico preciso de excesso de atividades paralelas, que são degradantes sobre as respostas do treinamento. A falta de repouso adequado e maus hábitos alimentares são exemplos clássicos. O estresse no treinamento é necessário. As situações de estresse no cotidiano são pouco prováveis de serem eliminadas. Resta ao treinador para que haja uma adaptação plena do organismo de seu educando, concentrar esforços e atenção, aos fatores que podem estar conduzindo o organismo a um estado de treinamento excessivo quer sejam eles durante as sessões de treino ou durante as horas foram do âmbito de controle técnico. 4.8 Princípio da sobrecarga* A Figura 1, a seguir, demonstra como o nível de carga influência nos efeitos produzidos em função da intensidade do exercício. Figura 1. 25 Efeitos da carga de treinamento de acordo com a intensidade do estímulo Fonte: Adaptado de material didático de aulas da Universidade do Porto, Portugal, disponível em: FONTE:www.4shared.com Para Dantas (1995), logo após a realização de uma carga de treinamento, o organismo passa por um processo de recuperação, com o qual busca restabelecer o equilíbrio. Segundo o autor, uma relação ideal entre a carga aplicada e o tempo de recuperação é fundamental para garantir o pronto restabelecimento desse equilíbrio e proporcionar adaptações biológicas importantes para o desempenho, processo conhecido como supercompensação, como pode ser observado na Figura 2. Para Tubino (1984), a aplicação do princípio da sobrecarga deve ser observada com base em variáveis relacionadas à carga como o volume (quantidade) e a intensidade (qualidade) do treinamento, os quais podem ser alterados pela utilização dos vários métodos, como, por exemplo, o contínuo e o intervalado. Figura 2. Princípio da sobrecarga http://www.4shared.com/office/IubengyJ/carga_treinamento.html 26 Fonte: Adaptado de material didático do Curso de formação de treinadores nível II da Confederação Brasileira de Atletismo, Bragança Paulista, 2010. A resposta do organismo ao estresse ocorre por meio de ações coordenadas entre cérebro, glândulas, hormônios, sistema imunológico, coração, musculatura esquelética, sangue e pulmões, o que permite a adequação no fornecimento de oxigênio (O2) e de energia, bem como aumentos de força e de resistência muscular, resistência à dor, acuidade mental, além de uma proteção temporária contra infecções. Ou seja, o objetivo desse tipo de estresse decorrente do treinamento não é causar doença ou algum tipo de dano. Representa, sim, um mecanismo evolutivo conservado, pelo qual as células se defendem contra mudanças abruptase adversas do meio ambiente, adaptando-se positivamente a elas (WELCH, 1993). Com o passar das sessões, o aluno desenvolverá um nível de condicionamento superior ao padrão inicial (princípio da adaptação), logo, é necessário incrementar o nível de estresse imposto ao praticante. Desta forma a homeostase será quebrada novamente e ocorrerá um novo upgrade no condicionamento físico do praticante. Esse princípio anuncia que a sobrecarga do treinamento deve ser progressiva, entretanto, é necessário planejar momentos de baixa intensidade a fim de oferecer momentos de recuperação ao organismo. 27 Relaciona-se à aplicação das cargas de trabalho. O presente princípio está intimamente ligado ao treinamento diário do indivíduo em sala de aula, assim como possui estreita relação com o princípio da adaptação e com o princípio da continuidade. Após a aplicação de uma sobrecarga de treinamento o organismo necessita repor novamente a energia utilizada e reconstituir as estruturas desgastadas, para que no ato da aplicação das sobrecargas futuras o organismo esteja em condições favoráveis para receber um novo estímulo, com intensidade igual ou superior ao anterior aplicado. O fenômeno da supercompensação aplicado aos mecanismos energéticos orgânicos, caracteriza-se por promover o armazenamento a níveis ligeiramente acima daquele encontrado durante o início do treinamento. As reservas energéticas estarão, após uma relação equilibrada entre repouso e reposição alimentar adequada, com um superávit ou estoque extra de energia, para ser utilizada prontamente no próximo treinamento. Sabendo-se da possibilidade da supercompensação, procura-se ampliar a intensidade das cargas de treinamento sempre que possível, visando provocar maiores volumes nos estoques energéticos, por meio de treinamentos periódicos com características específicas, contínuas, crescentes, variadas, assim como exatas. O tempo que levará para o organismo repor energia e estocá-la em suas reservas, está intimamente relacionado com a sobrecarga imposta, abaixo no quadro 03a encontra-se o período para a recuperação das fontes energéticas utilizadas durante um treinamento máximo. No quadro 03b encontra-se uma classificação relacionada às cargas de treinamento em uma sessão. Quadro 03A 28 Quadro 03B Nos trabalhos contra resistência é fundamental a escolha das cargas exatamente dentro dos objetivos predeterminados, ou seja, os percentuais de carga devem estar dentro dos padrões relacionados ao desenvolvimento da qualidade física alvo. Cada carga imposta ao organismo produz respostas metabólicas, físicas e psicológicas específicas e em comum acordo com a intensidade imposta. Sobrecargas contra resistência (musculação) produzem modificações principalmente sobre a estrutura proteica e metabolismo glicolítico ou anaeróbio da fibra muscular principalmente as do tipo IIb e IIa, em contrapartida treinos cíclicos e contínuos de baixa e média intensidade, estimulam melhorias sobre os aspectos metabólicos aeróbios, sobre as fibras musculares do tipo I, e sobre o sistema cardiopulmonar e circulatório. Verifica-se desta forma uma característica básica para o surgimento do princípio da carga específica. As sobrecargas de treinamento segundo Zatsiorski; 1999, podem ser classificadas como sobrecarga estimulante, sobrecarga de manutenção ou sobrecarga de destreinamento. A sobrecarga estimulante é sempre mais elevada que o nível neutro e produz adaptações sobre o organismo. A 29 sobrecarga de manutenção é aquela onde o nível está dentro da zona neutra (compreende-se como zona neutra a sobrecarga que não produz modificações significativas nem positivas, nem negativas sobre o organismo do atleta) e por este motivo não estimula melhorias sobre o organismo, havendo apenas a manutenção do estado de treinamento. A sobrecarga de destreinamento* localiza-se abaixo da zona neutra e impossibilita a manutenção ou elevação de um estado de treinamento, desta forma identifica-se um decréscimo no rendimento. Verifica-se uma queda na condição física mais acentuada nos primeiros dias de sobrecargas de destreinamento, quando estas situam-se em limiares próximos aos de repouso. *O conceito de sobrecarga proposto por Howley & Powers; 2000, considera apenas as cargas de trabalho, que impõem aos sistemas orgânicos e tecidos corporais, um estímulo acima daquele limite, ao qual o organismo já esteja acostumado. Neste caso, seguindo-se o conceito proposto no presente parágrafo, os estímulos que provocam destreinamento não estariam classificados como sobrecargas e sim como estímulos débeis. Forçosamente devemos empregar a estas condições que propiciam ao estado de destreinamento, o conceito de princípio da reversibilidade. Este princípio será abordado juntamente com o princípio da continuidade. Abaixo no quadro 04 encontram-se os percentuais de cargas relacionados para o treinamento das valências físicas. Quadro 04 30 Busca-se na aplicação das cargas o momento mais propício e exato em que o organismo esteja em seu mais alto nível de recuperação física e psicológica. Esta forma de aplicação das cargas é uma das variáveis que buscamos frequentemente para elevar continuamente o nível de rendimento. Esta forma de manipulação das cargas é também aceita como um princípio relacionado ao treinamento desportivo e conceituado como princípio da sucessão exata das cargas. Há uma grande dificuldade em predeterminar o exato estado de recuperação orgânico individual, por este fato devemos estar continuamente indagando com os nossos alunos sobre sensações subjetivas relacionadas ao estado de ânimo, sono, cansaço ou dores, que podem ser de grande ajuda na determinação de uma recuperação plena do organismo. Períodos muito curtos ou prolongados de inatividade, podem produzir as reações citadas. A recuperação plena do organismo poderá ocorrer em momentos diferenciados, e em relação direta aos fatores exógenos e intensidade do treinamento, vide quadro 03b, como sono adequado, alimentação balanceada e suficiente volume calórico, estímulo ou sobrecarga muito forte e periódica etc. Para um controle mais racional deve-se fazer uso constante dos testes para a determinação do estado atual de desempenho, e avaliar a evolução/involução do mesmo em relação ao estado de desempenho no início de cada mesociclo de treino. A comparação dos resultados pode ser a luz para o acerto das sobrecargas que visam a elevação máxima da qualidade física alvo, e principalmente dentro do tempo previsto para o desempenho máximo. As cargas de trabalho devem ser contínuas e variadas na medida do possível. A manutenção desta forma de dosagem de cargas é o princípio da aplicação contínua das cargas. Cargas contínuas (estímulo de treino permanente) criam a condição de treinamento crônico ou prolongado e estão diretamente relacionadas ao acumulo de experiências motoras, que após serem assimiladas ao longo dos anos, serão perdidas na mesma proporção em que foram adquiridas em caso de interrupção do treino, assim como, a recuperação 31 será mais rápida após a retomada dos trabalhos, mesmo que em condições de intensidade inferiores. Durante o período programado de transição do treinamento, não deve ser permitido ao atleta excluir-se dos treinos por longos períodos, é preferível a redução dos trabalhos em termos de volume, para que não seja atingido o destreinamento, o qual ocorre com longos períodos de inatividade. Pelo motivo exposto acima, deve-se programar os treinamentos com antecedência suficiente, para que sejam inclusos períodos mínimos de inatividade durante todo o ciclo de treinamento. A mesma regra é válida não só para o período de treinamento competitivo, mas também para todo o ciclo da vida humana. Não devemos manter os percentuais de treinamentoem níveis permanentes e muito menos as cargas serem fixas. A aplicação do princípio das cargas variáveis ou variadas, é para que não haja uma estabilização e acomodação (queda) e seja um estímulo permanente ao desenvolvimento do estado de treinamento. Para que o estímulo de cargas se torne permanente e crescente há uma variação entre estímulos fortes, médios, e muito fortes, este último no caso de atletas de elite. Saber manipular com exatidão as cargas de trabalho intenso e recuperativo faz a diferença no produto final do treinamento. Os ciclos de treinamentos divididos e organizados em microciclos de choque, ordinário e recuperativo, criam as condições para um maior controle e menor erro sobre a aplicação de cargas elevadas e intermediárias. A utilização de um ciclo de treino ordinário com intensidade de estímulo forte é bem tolerado durante 04 a 06 semanas consecutivas. Sucessivamente a este período, aplicamos um trabalho com cargas de estímulo médio durante 04 semanas seguida de 2 a 4 semanas com estímulo muito forte (neste caso as séries dos exercícios na musculação são repetidas no máximo duas vezes na semana). Outra maneira de variação nas cargas de treinamento para iniciantes é o treinamento em 4 semanas com estímulos médios, 4 semanas com estímulo 32 forte e assim continuamente, até que se identifique o início da estabilização no rendimento, com as cargas de estímulo forte. A partir deste momento começamos a mesclar estímulos muito forte, durante ciclos de treinamentos curtos de 1 semana, com estímulos fracos ou recuperativos de 1 a 2 semanas. Como observado no parágrafo anterior as cargas possuem características diferenciadas, não sendo iguais mesmo durante o treino contínuo, pelo fato de os atletas submeterem-se a competições com fases distintas de polimento e destreino programado. Por estes motivos expostos surgiu o princípio da carga periódica. As sobrecargas devem ser programadas com antecedência no plano geral de treinamento em ordem direta com as competições alvo, feito isto saberemos com exatidão os momentos oportunos para a aplicação das sobrecargas específicas, visando o desenvolvimento da qualidade física mais importante para o presente momento. O estado de treinamento ideal deverá ser atingido em comum acordo com práticas de sobrecargas adequadas de treinamento e no período exato para a sua utilização. Caso as cargas de treinamento sejam de intensidade muito forte nos períodos iniciais ou mesmo débil durante a fase competitiva, as respostas orgânicas positivas para o sucesso no desenvolvimento das mais altas performances não serão atingidas. 4.9 Princípio da continuidade/reversibilidade Figura 3. Princípio da reversibilidade 33 Fonte: Adaptado de material didático do Curso de formação de treinadores nível II da Confederação Brasileira de Atletismo, Bragança Paulista, 2010. Mesmo um atleta que treina a diversos anos a finco poderá perder seu excelente condicionamento físico caso permaneça por longos períodos sem exercícios físicos. Por isso, o princípio da continuidade enfoca que devemos permanecer ativos a fim de não regredir na condição física. As modificações induzidas pelo treinamento são transitórias ou passageiras. Todas as características secundárias adquiridas por meio do treino, perdem-se e retornam aos limites iniciais pré-treinamento, após determinado período de inatividade. Pelo motivo exposto há sempre a necessidade de manutenção do treinamento em níveis contínuos para a manutenção de um estado de treinamento mais elevado. As perdas nos níveis de adaptação adquiridos no treino estão intimamente relacionadas ao período de tempo em que foram adquiridos. Como regra "quanto mais longo o período de treinamento mais longo será o período de destreino" Zatsiorsky; 1999 e " Toda aquisição que se ganha lentamente e em um tempo prolongado mantém-se com mais facilidade e perde-se com mais lentidão do que as aquisições conseguidas rapidamente e em um tempo curto" Barbanti; 1986. Alguns aspectos morfológicos e funcionais como no caso das adaptações anaeróbias que se perdem mais rapidamente do que as adaptações aeróbias e de força máxima. A hipertrofia muscular é tanto quanto vagarosa em sua 34 evolução durante o treino quanto no destreinamento. Segundo Fleck & Kraemer; 1999, a redução da força durante o destreino dá-se em uma velocidade inferior quando comparada com o tempo para aquisição no treino. Vale lembrar, que os níveis de força muscular em períodos curtos de destreino, permanecem um pouco acima daqueles encontrados no pré treinamento Fleck & Kraemer; 1999. Para evitar uma drástica perda nos níveis de força alcançados, e criando condições para preservar um declínio mais vagaroso da mesma, deve-se programar períodos curtos de trabalhos contra resistência. A atitude de criar microciclos breves de treinamento de força, visando uma manutenção satisfatória da força com menor perda momentânea, faz-se lógica, necessária e econômica, assim como aproveita de maneira otimizada os efeitos residuais do treinamento. Para a manutenção ou preservação da força durante um breve período de destreino ou manutenção, deve-se trabalhar contra resistência duas vezes por semana, salientamos que estas cargas de trabalhos possuem baixo volume, mas com intensidade elevada nos casos de atletas de elite e praticantes assíduos. A escolha dos exercícios torna-se valiosa, e é imprescindível a presença dos exercícios principais no caso de atletas de elite. Dá-se preferência aos exercícios multiarticulares e de grandes massas musculares, exceto nos casos específicos esportivos. 4.10 Princípio da interdependência volume X intensidade Com fins ilustrativos é possível imaginar que o volume pode ser traduzido como “QUANTO” e a intensidade “COMO”. Ambas as variáveis estão presentes nos treinamentos físicos e são inversamente proporcionais: quando o volume aumenta necessariamente a intensidade diminui e vice-versa. O presente princípio baseia-se na relação ótima de aplicação do volume e da intensidade no treinamento, comumente sempre que o volume de treino se eleva reduz-se a intensidade. Como regra geral de segurança dá-se prioridade 35 ao volume nas primeiras modificações do treino, em seguida eleva-se a intensidade. Entendemos como volume a quantidade de treinamento, caracterizada por toda mudança ou modificação relacionada ao número de repetições por série de exercícios, número de exercícios em cada série ou sequência, número de grupos, número de treinos diários, semanais e mensais do macrociclo. A intensidade é reconhecida como a qualidade do treinamento, possui estreita relação com as manipulações sobre a sobrecarga de trabalho (percentual de cargas), intervalos de repouso, velocidade de execução dos gestos etc. O volume de treinamento na atualidade encontra um lugar de destaque tão alto quanto a intensidade. Em alguns esportes é elemento determinante do sucesso esportivo, e relacionado diretamente com a quantidade de treinamento alcançado no decorrer da preparação do atleta. Como exemplo os esportes de resistência (maratona, esqui de fundo, triatlon etc.) fazem parte desse seleto grupo. " Elevar o volume de treinamento é uma necessidade para qualquer desporto ou evento aeróbio" Bompa; 2000. " Uma característica adicional de treinamento, importante sob o ponto de vista prático, é o alto volume de treinamento ou a quantidade total de peso levantado durante uma sessão de treinamento". Zatsiorski; 1999. A intensidade do treinamento é prioritária e inerente aos esportes de força e velocidade, por este motivo há uma grande preocupação com o controle das sobrecargas empregadas no cotidiano. Para que haja um acompanhamento periódico sobre a intensidade aplicada no treinamento de força, devemos utilizar o cálculo do coeficiente de intensidadepor meio da equação exposta no quadro 05 a. No quadro 05 b pode ser visualizada a resolução da equação por meio de uma situação hipotética. Quadro 05 A 36 Busca-se excepcionalmente no treinamento atual, a manutenção dos treinos de atletas de elite, um alto volume associado a uma intensidade também elevada. A presente forma de estímulo só deve ser utilizada durante períodos breves de treinos, e visam principalmente ultrapassar os limites de estagnação ou estabilização da performance física. "A elevação contínua do volume de treinamento é provavelmente uma das mais altas prioridades do treinamento contemporâneo". Bompa;2000. No quadro 06 encontra-se um modelo imaginário de mesociclo, com os microciclos de intensidade e volume elevados de treinamento. Quadro 06 37 4.11 Princípio da especificidade dos movimentos Este princípio rege que a prescrição da atividade está diretamente relacionada com a natureza do gesto esportivo e do sistema energético predominante. A aplicação de um estímulo de treinamento provoca sobre o organismo uma resposta especifica e relacionada diretamente à forma de exercício utilizado. Treinamento de força provoca adaptações sobre os mecanismos neuromusculares, específicos das fibras musculares que foram solicitadas nos treinos. Contrariamente, os exercícios de resistência provocam adaptações musculares sobre as mitocôndrias e capilares para elevar a capacidade de gerar energia aeróbia. A própria flexibilidade possui elementos relacionados com as respostas esperadas do treinamento. O treinamento de flexibilidade deve ser o mais próximo possível da realidade do esporte praticado, ou seja, a posição do movimento no treino poderá trazer respostas diferenciadas caso não esteja adequada à posição normalmente utilizada durante a prática esportiva. Segundo Weineck;1986, os fusos musculares reagem de maneira semelhante àquela já habituada (treinada) e a cada novo processo de utilização diferenciado, este deve ser ajustado ou regulado mediante a nova exigência motora. Mesmo nas atividades com a mesma característica de movimento e energética, obtêm-se respostas diferentes, e em comum acordo com a exigência motora aplicada. Howley & Powers; 2000, citam as modificações induzidas por treinamento de corrida e ciclismo, sobre o limiar de lactato sanguíneo. Foram comparadas amostras por meio de testes realizados no início e no final do tempo de treinamento. Os testes foram realizados em tapete rolante e bicicleta. Respectivamente os resultados foram: o treinamento de corrida aumentou 58%, e elevou em 20% os resultados dos testes na esteira e na bicicleta. O treinamento de ciclismo elevou em 39% os resultados na bicicleta e sem nenhuma melhoria no limiar na esteira. 38 "A transferência dos ganhos de treinamento pode diferir significativamente, mesmo em exercícios muito similares". Zatsiorski;1999. Há a possibilidade de possibilitarmos melhorias sobre a endurance intensa, quando esta for treinada paralelamente e principalmente em dias alternados com a força muscular, neste caso detectamos uma transferência positiva da forma de treinamento e não da especificidade do treino, justificando a utilização momentânea do Cross training neste caso em particular. Necessitamos ainda de mais pesquisas relacionadas à possível síndrome de transferência positiva para várias atividades de treinamento cruzado ou combinado. Como exemplo clássico da especificidade do movimento temos naturalmente uma diferença no desenvolvimento da força, relacionada com cada angulo do arco do jogo articular. Por este fato, um treinamento voltado apenas para o desenvolvimento das qualidades físicas específicas do esporte, torna-se pouco produtivo ou potencialmente inferior, caso não seja associado aos movimentos e gestos específicos esportivos. A biomecânica esportiva possui elementos determinantes no momento da escolha dos exercícios, para serem introduzidos e treinados a cada período do programa geral de treinamento. Nadadores devem destinar a maior parte do tempo do treinamento, realizando e aperfeiçoando o nado propriamente dito, corredores devem correr e assim logicamente os outros esportes devem fazer o mesmo, na aplicação dos gestos e das técnicas inerentes ao esporte. Na escolha dos exercícios para o desenvolvimento dos jovens atletas, quase todos os exercícios são benéficos, e proporcionam melhorias da performance, devendo ser usados na formação física de base ou geral durante os primeiros anos de desenvolvimento esportivo. À medida que o atleta se aproxima de seu limite máximo geneticamente determinado, e passa a competir rotineiramente buscando a superação de recordes, surge a necessidade de otimizar a escolha dos exercícios, para que os mesmos sejam produtivos na elevação do estado de treinamento. 39 A complexidade do exercício torna-o cada vez mais estressante. À medida que os exercícios complexos são introduzidos no treinamento, de forma lenta e gradual passam a ser melhor compreendidos e assimilados por parte do organismo do atleta, tornando-se mais plástico e até certo ponto realizado de modo intuitivo. As exigências para o treino de alta complexidade técnica são inerentes aos esportes competitivos. Os treinamentos técnicos devem ser precedidos por período de repouso pleno, para que a assimilação pelo sistema nervoso central dos engramas motores dos gestos, seja facilitada e não possua interferências geradas principalmente por cansaço extremo ou má adaptação. "A transferência do ganho de treinamento é baixa em bons atletas; para iniciantes quase todos exercícios são úteis". Zatsiorski;1999. Os exercícios para desenvolvimento da velocidade de deslocamento, da força explosiva e coordenação motora, devem ser introduzidos no início da sessão de treinamento, exceto nos casos em que se visa a capacidade de resistência ou manutenção da eficiência dos gestos sobre estresse ou fadiga competitiva. 4.12 Princípio da estruturação das sequências de exercícios Esse princípio é responsável pela criação ou montagem das séries ou sequências de exercícios, na forma de aplicação prática durante os treinos contra resistência. Em função direta com os períodos ou fases de treinamento, deve-se selecionar e utilizar as sequências mais específicas e ou indicadas para com a realidade momentânea do condicionamento ou estado de treinamento do aluno/atleta. Abaixo estarão enumeradas algumas das possíveis divisões, que podem ser utilizadas no ato da confecção das séries ou sequências de exercícios. 40 1. Sequência Simples ou alternada por articulação: realiza-se um exercício em uma região articular, o próximo será executado em outra região distinta e após repouso predeterminado. Alterna-se progressivamente os exercícios durante a realização de toda a sequência. Utiliza-se esta forma de treinamento principalmente para os iniciantes, objetivando por meio da alternância dos grupos musculares não elevar demasiadamente o nível de fadiga local. Os treinamentos visando força máxima, força explosiva e força dinâmica são beneficiados quando há pouca ou nenhuma fadiga acentuada no momento da realização da exigência motora. 2. Sequência Básica: dá-se ênfase aos exercícios que envolvam os grandes grupos ou cadeias musculares, especificamente exercícios biarticulares. A inclusão dos exercícios que envolvam os músculos de característica de sustentação corporal como coxas, glúteos, lombares, abdominais, dorsais superiores e ombros, devem sempre estar presentes nesta série, caso não haja impedimentos de ordem anatomopatológica, para a inclusão dos mesmos. 3. Sequência Prioritária: a escolha dos exercícios dá-se frente a uma exigência específica sobre um grupamento ou região muscular previamente selecionado. Neste exemplo os exercícios são aglomerados emfunção da característica de atuação do mesmo grupo muscular sobre os movimentos. 4. Sequência Parcelada: os exercícios são dispostos em series distintas e divididos ou distribuídos ao longo do dia (manhã, tarde, noite) ou durante a semana de treino. Treinos ao longo do dia são basicamente utilizados por halterofilistas. A forma parcelada semanalmente é alvo principal dos culturistas, por proporcionar maior período de repouso entre as solicitações dos grupos musculares selecionados em cada série. A presente série também poderá ser utilizada nos trabalhos da musculação atual, nos casos daquelas pessoas que treinam a partir de 3 dias na semana, deve-se dividir a série com muita atenção 41 garantindo que os músculos sejam solicitados no mínimo ideal de duas vezes durante a semana. 5. Sequência Seletiva: faz-se a seleção de exercícios de característica biarticular ou multiarticular, com esse treinamento visa-se atingir estados de fadiga extremos sobre os músculos selecionados. Ao final da realização do número de repetições predeterminados para cada grupo, aplica-se duas contrações de caráter estático ou isométrico em torno de 08 a 10 segundos. Esta maneira de montagem e execução dos exercícios deve ser encorajada apenas aos alunos experientes ou em fase de treinamento específico. 6. Sequência Associada à articulação adjacente: o segundo exercício é composto pela articulação que foi utilizada durante o primeiro exercício, e adicionada a uma articulação próxima ou adjacente, visando a manutenção máxima do fluxo sanguíneo na região articular promovendo uma maior vascularização por meio de uma elevada hiperemia local. 7. Sequência Alternada por origem e inserção muscular: esta forma de ordenação é aplicada utilizando-se os exercícios que envolvem cadeias musculares de característica biarticular. Comumente haverá alternância entre o trabalho inicial ser sobre a origem ou a inserção, não havendo uma regra especifica determinante. 8. Sequência Continuada, bombeada ou localizada por articulação: há uma exploração "máxima" dos movimentos permitidos por uma articulação. A forma de montagem da série geralmente utiliza movimentos ou músculos opostos sobre a mesma articulação, ou seja, agonista/antagonista, podendo-se aplicar ou excluir os intervalos de recuperação entre os exercícios opostos. A característica de manutenção da hiperemia muscular no membro utilizado é objetivada da mesma forma que a série do parágrafo anterior. 42 4.13 Qualidades e Fatores Físicos CLASSIFICAÇÃO DAS QUALIDADES FÍSICAS 1- FORÇA: Define-se de forma simplificada como a capacidade de vencer uma resistência, mas podemos caracterizá-la mais através de algumas subdivisões que permitem compreender melhor aquilo a que nos referimos: Força Explosiva Força Máxima Força em Regime de Resistência Força Absoluta Força relativa Orientação de volume e intensidade para o desenvolvimento da força e suas manifestações Fonte: Adaptado de material didático do Curso de formação de treinadores nível II da Confederação Brasileira de Atletismo, Bragança Paulista, 2010. 43 Habilidade que permite um músculo ou grupo de músculos produzir uma tensão e vencer ou igualar-se a uma resistência na ação de empurrar, tracionar ou elevar. FORÇA ISOTÔNICA (DINÂMICA) – É o tipo de força que envolve os músculos dos membros em movimento ou suportando o peso do próprio corpo em movimentos repetidos. FORÇA ISOMÉTRICA (ESTÁTICA) – É o tipo de força que explica o fato de haver força produzindo calor e não havendo produção de trabalho em forma de movimento. http://www.ck.com.br/materias/2001_08_arquivos/0801_arquivos/20018b.gif http://www.ck.com.br/materias/2001_08_arquivos/0801_arquivos/20018a.gif 44 FORÇA EXPLOSIVA (POTÊNCIA) – Habilidade de exercer o máximo de energia em um ato explosivo. P = Fdin X V Potência é igual a Força dinâmica X a Velocidade. 2- FLEXIBILIDADE É a capacidade de realizar movimentos de grande amplitude. A flexibilidade é uma qualidade física que depende do comprimento de certos músculos, da elasticidade de certas estruturas articulares e ainda das formas do esqueleto. A parte treinável apresenta vantagens para o atleta a dois níveis: O aumento da flexibilidade permite a realização de movimentos que, de outra forma, seriam impossíveis; O fato de se conseguir uma grande amplitude, diminui o risco de lesão no caso de se atingirem distraidamente posições extremas. Pode ser evidenciada pela amplitude dos movimentos das diferentes partes do corpo. É dependente da elasticidade muscular e da mobilidade articular. A mobilidade articular é expressa pelas propriedades anatômicas das articulações e a elasticidade muscular é projetada pelo grau de estiramento dos músculos envolvidos. Portanto, a flexibilidade, capacita as pessoas a aumentarem a extensão dos movimentos, numa articulação determinada. 3- RESISTÊNCIA Tabela 1. Divisão temporal para trabalhos de capacidade e potência Utilização relativa e absoluta de produções de energia Tipos de resistência Subdivisão da resistência Duração da potência e da capacidade Potência alática 4s a 7s 45 Resistência anaerobia alática Capacidade alática 7s a 15/20s Resistência anaerobia lática Potência lática 20s a 60s Capacidade lática 1min a 2/3min Resistência aeróbia Potência aeróbia (VO2máx) 2/3min a 10/13min Capacidade aeróbia (limiar anaeróbio) > 13/15min Potência = Fator qualitativo Capacidade = Fator quantitativo Fonte: Adaptado de material didático do Curso de formação de treinadores nível II da Confederação Brasileira de Atletismo, Bragança Paulista, 2010. É a capacidade de manter a atividade física por períodos de tempo prolongados, adiando a fadiga. Tal como no caso da força, podemos subdividir a resistência de diversas formas: Resistência Anaeróbia Resistência Aeróbia Qualidade física que permite um continuado esforço durante um determinado tempo. RESISTÊNCIA AERÓBICA: permite manter por um determinado período de tempo, um esforço em que o consumo de O2 equilibra-se com a sua absorção (STEADY – STATE), sendo os esforços de fraca ou média intensidade. RESISTÊNCIA ANAERÓBICA: Permite manter por um determinado período de tempo, um esforço em que o consumo de O2 é superior à sua absorção, acarretando um débito de O2 e que somente será recompensado em repouso, sendo os esforços de grande intensidade. 46 RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA (RML): Capacidade individual de realizar num maior tempo possível a repetição de um determinado movimento, em um mesmo ritmo e com a mesma eficiência. É a capacidade de repetir várias vezes uma mesma tarefa utilizando-se baixos níveis de força. É a capacidade do músculo em trabalhar contra uma resistência moderada durante longos períodos de tempo. Níveis indicativos de intensidade, volume, duração e recuperação para o desenvolvimento das resistências aeróbia e anaeróbia. Fonte: Adaptado de material didático do Curso de formação de treinadores nível II da Confederação Brasileira de Atletismo, Bragança Paulista, 2010. 4- VELOCIDADE Mostra a capacidade de produzir o máximo deslocamento possível no mínimo de tempo possível. A velocidade depende da amplitude do movimento, da técnica, da flexibilidade e da força. Podemos também separar está qualidade física em diversas categorias: velocidade instantânea, média, de reação, explosiva, etc. Qualidade física particular do músculo e das coordenações neuromusculares, que permite a execução de uma sucessão rápida de gestos, 47 que em seu encadeamento constitui uma só e mesma ação, de intensidade máxima e duração breve ou muito breve. VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO: Capacidade máximade uma pessoa deslocar-se de um ponto a outro. VELOCIDADE DE REAÇÃO: Rapidez com a qual uma pessoa é capaz de responder a um estímulo (visual, auditivo ou tátil). Tempo requerido para ser iniciada a resposta a um estímulo recebido. VELOCIDADE DE MEMBROS: Capacidade de mover membros superiores e ou inferiores tão rápido quanto possível. Estimativa aproximada das capacidades específicas no desenvolvimento da velocidade (Jonath e Krempel, 1986) Fonte: Adaptado de material didático do Curso de formação de treinadores nível II da Confederação Brasileira de Atletismo, Bragança Paulista, 2010. 5- EQUILÍBRIO Capacidade para assumir e sustentar qualquer posição do corpo contra a força da gravidade. EQUILÍBRIO ESTÁTICO: adquirido em determinada posição; EQUILÍBRIO DINÂMICO: adquirido durante o movimento; 7 48 EQUILÍBRIO RECUPERADO: explica a recuperação do equilíbrio após o corpo. Ter estado em movimento. 6- COORDENAÇÃO Capacidade de executar movimentos complexos de modo conveniente, para que possam ser realizados com o mínimo de esforço. Constitui-se uma atividade psicomotora indispensável em todas as habilidades desportivas, devendo ser trabalhada em todos os programas de Educação Física desde os primeiros níveis. Deve ser treinado durante os primeiros anos de escolaridade que estas capacidades devem ser treinadas, pois é entre os 6 e os 12 anos que elas se desenvolvem intensamente, parando ao atingir a puberdade, isto leva a que está aprendizagem motora tenha que ser rápida e com exercícios e movimentos que possam ser executados nessas idades. O rendimento das capacidades coordenativas dependerá sempre: Da capacidade dos órgãos dos sentidos que dão informações atuais sobre o meio e sobre o próprio corpo; Da mobilidade e plasticidade do sistema nervoso e dos dados que nele estão armazenados; Da qualidade das ligações existentes entre os músculos, que recebem a ordens, e as vias nervosas, que as canalizam. Capacidade de Observação- é a capacidade de perceber o desenvolvimento de um movimento, dos colegas de equipa ou dos adversários ou dos objetos móveis, tendo como referência os objetos imóveis. Capacidade de Controlo Motor - é a capacidade de poder responder a exigências de elevada precisão nos movimentos, do ponto de vista temporal, espacial e dinâmico. Capacidade de Reação Motora - é a capacidade de poder reagir o mais rápido e corretamente possível a um determinado estímulo. 49 Capacidade de Antecipação - é a capacidade de prever o desenvolvimento e o resultado de uma determinada ação que se está a desenrolar, para que assim o desportista possa preparar a sua própria ação. Ritmo- é a capacidade de compreensão, acumulação e interpretação de estruturas temporais e dinâmicas pretendidas ou contidas na evolução do movimento. Capacidade de Expressão Motora - é a capacidade de criar os próprios movimentos de uma forma estética e artística. Capacidade de Representação - é a capacidade de representar mentalmente situações bem determinadas de acordo com as informações disponíveis. Capacidade de Diferenciação Cenestésica - é a capacidade de diferenciar as informações provenientes dos músculos, tendões e ligamentos, que nos informam sobre a posição do nosso corpo num determinado momento e espaço, permite-nos realizar as ações motoras de uma forma correta e económica, conseguindo assim a coordenação dos movimentos. Capacidade de Coordenação Motora - é a capacidade de adequar de forma correta uma combinação de ações que se desenrolam de uma forma sequencial ou ao mesmo tempo. Equilíbrio - é a capacidade de manter o corpo numa ligação normal quanto ao solo, desenvolvendo reflexos para acomodar o corpo ao movimento. Orientação Espacial - é a capacidade de reagir a um estímulo externo em termos de deslocação ou de estabilização da postura. A repetição contínua de movimentos combinados, melhora gradualmente a coordenação. É o resultado de um trabalho conjunto do sistema nervoso e o muscular, mostrando-se os movimentos coordenados, amplos e econômicos, sem desnecessárias contrações. 50 7- AGILIDADE Habilidade que se tem para mover o corpo no espaço. Habilidade do corpo inteiro, ou de um segmento, em realizar um movimento, mudando a direção, rápida e precisamente. Requer uma combinação de várias qualidades físicas e embora dependa da carga hereditária, pode ser bastante melhorada com o treinamento. 8- RITMO É a ordenação dos movimentos. Sequência de movimentos repetidos várias vezes, de forma equilibrada e harmônica. 9- DESCONTRAÇÃO É um fenômeno neuromuscular, resultante da redução de tensão na musculatura esquelética. DESCONTRAÇÃO TOTAL: Capacita o indivíduo a recuperar-se de esforços realizados. Relaxamento de todos os músculos do corpo, o máximo possível. DESCONTRAÇÃO DIFERENCIAL: Diferenciação entre os músculos que são necessários para determinada atividade e aqueles que não são. Qualidade física que permite a descontração dos grupos musculares que não são necessários a execução de um movimento específico. 4.14 Qualidades e Fatores Tácticos No treinamento tático deve ocorrer o aperfeiçoamento dos fundamentos específicos de cada modalidade. 51 O Método de ensino integral das ações motoras técnicas, utilizando-se de exercícios e jogos de forma global; O Método de ensino analítico sintético; O Método situacional - situações de jogo em 2X2, 3X3, 2X1, 3X2. Estes métodos ainda são discutidos na literatura especializada do treino, especialmente para os jogos desportivos coletivos; todavia, todos os métodos são relevantes e devem ser utilizados pelos professores/técnicos. No treinamento tático, procura-se desenvolver os sistemas mais complexos, tanto ofensiva como defensivamente, por intermédio das estratégias. Exemplo: Basquetebol Segundo os estudos de Garganta (2000), nos quais o autor enfatiza alguns fatores imprescindíveis para o treinamento da tática do basquetebol: a necessidade de analisar a estrutura e a dinâmica interna de cada jogo desportivo coletivo, no sentido de configurar a sua especificidade; e também determinar as linhas de força que permitem moldar o treinamento de acordo com a competição. Em relação a essa análise, busca-se o desenvolvimento complexo dos mais diferentes planos, físico, técnico-táctico, aliado às reais condições de competições, nas quais a tática é dependente das competências físicas, técnicas e da filosofia pretendida pelos técnicos, com base no pensamento estratégico. Essa relevância é atribuída à definição de um quadro prévio dos princípios, ações e regras da gestão do jogo que delimitem o direcionamento do treino e possam regular a competição. Qualidades Fatores Técnicos -Técnicas Cognitivas: Abrange as funções psíquicas como percepção, imaginação e memória. Por meio de processos avaliativos, determinações de metas pessoais, atribuição de causas e autoafirmações, os praticantes modulam o seu estado motivacional atual. Vários desportistas de alto nível beneficiam-se das seguintes técnicas: Imaginar as capacidades positivas; 52 Imaginação de metas concretas; Estabelecer e modificar metas; Autoafirmação; Antecipação do reforço externo. - Técnicas Motoras: Alguns atletas atuam contra o desânimo e a falta de motivação utilizando processos de movimentação. Em outros casos, a participação na organização e realização do treinamento também é uma técnica motivadora para alguns. - Técnicas Emocionais: Alguns atletas estimulam-se por meio de emoções positivas durante o exercício e até por estímulos musicais para criar um estado emocional agradável. Existem reações/emoções estudadas como resultados das técnicas emocionais: Flow-feeling:
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