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TREINAMENTO DESPORTIVO Salma Hernandez Qualidades físicas, performance e saúde Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o papel das qualidades físicas na aquisição e na manu- tenção da performance e da saúde. Identificar os principais métodos de treinamento associados à aqui- sição e a manutenção da performance e da saúde. Elaborar programas dirigidos à saúde e ao desempenho considerando os principais métodos de treinamento. Introdução O movimento humano é sem dúvida uma das características mais mar- cantes em nossa constituição. Nossa disposição esquelética, muscular e orgânica é completamente favorável para o desempenho de movimentos bastante refinados e também potentes. A capacidade de transitar por essas variáveis do movimento humano depende diretamente das qualidades físicas que constituem nossa individualidade biológica. Ainda assim, a expressão máxima das qualidades físicas individuais pode ser desenvolvida por estímulos variados que exigem do nosso organismo adaptação e superação dos estados homeostáticos. Esses estímulos, por sua vez, são regidos por métodos de treinamento cujas fases metodológicas já foram comprovadas cientificamente pelos experts da área da educação física. Neste capítulo, você vai conhecer as principais qualidades físicas e entender como se relacionam com a performance e com a saúde dentro de um programa de treinamento físico. Também serão discutidos os prin- cipais métodos de treinamento que podem ser utilizados na elaboração desses programas. 1 Qualidades físicas relacionadas a saúde e performance As qualidades físicas são componentes da capacidade funcional de nosso organismo, isto é, são valências com capacidade de modulação via treina- mento físico e que interferem diretamente em nossa função, seja no dia a dia ou em performance desportiva. Assim, é preciso entender as qualidades físicas como valências treináveis, ainda que sejam limitadas ao máximo que cada indivíduo pode expressar. As qualidades físicas relacionadas a saúde e performance são: resistência, força, velocidade, agilidade, equilíbrio, fl exi- bilidade e coordenação motora. A seguir, analisaremos os conceitos de cada uma dessas qualidades físicas e como elas estão presentes em performance e saúde humana. Resistência A resistência muscular pode ser entendida como a capacidade funcional de realizar um movimento durante um determinado período com qualidade de execução, até que sinais e sintomas de fadiga se instalem. A resistência pode ser dinâmica ou estática, e também pode ser classifi cada segundo o metabolismo utilizado para gerar o movimento: aeróbico, anaeróbico lático e anaeróbico alático (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). A resistência muscular aeróbica é aquela em que musculatura consegue sustentar o movimento predominantemente via degradação completa dos substratos energéticos, sendo as reações com utilização de O2 características desse metabolismo. Em termos práticos, a resistência muscular aeróbica é analisada pela potência aeróbica máxima, isto é, pelo consumo máximo de oxigênio em nosso organismo (VO2max), que mede a quantidade máxima de energia que pode ser produzida pelo metabolismo aeróbico por unidade de medida por tempo. Outra forma de analisar a expressão dessa qualidade é pelo limiar anaeróbico, uma condição máxima de exercício/movimento em que a liberação e a remoção de lactato se equivalem. Isso significa que valores maiores de VO2max e de limiar anaeróbico estão relacionados com maior capacidade aeróbica (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Qualidades físicas, performance e saúde2 Embora o VO2max e o limiar anaeróbico representem parâmetros para a identificação da resistência muscular aeróbica, o primeiro se relaciona mais com as adaptações cardiovasculares do organismo, enquanto o segundo se relaciona com modificações locais musculares, como a capacidade oxidativa. O limiar anaeróbico é um importante indicador de intensidade para aqueles que buscam melhorar a resistência muscular aeróbica. De maneira geral, melhorias no VO2max também provocam melhorias no limiar anaeróbico. A resistência muscular aeróbica tem atuação determinante em muitos es- portes cuja duração da performance é prolongada, como no futebol e também em provas de meio fundo e fundo da natação e do atletismo, sendo a intensi- dade e a duração grandes moduladores nesse sistema. Para os praticantes de atividade física regular, a resistência muscular aeróbica está relacionada com melhor capacidade pulmonar e, consequentemente, menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares, respiratórias e condições crônicas como diabetes e câncer, implicando em melhor qualidade de vida em geral. Para além dos ganhos físicos, à resistência aeróbica também se relaciona com melhora da oxigenação central (cerebral), repercutindo em menor taxa de declínio cogni- tivo (NOGUEIRA; LIMA, 2018; BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Já a resistência muscular anaeróbica utiliza predominantemente os sistemas energéticos dos fosfagênios (ATP-CP) e glicolíticos (lático). Isso significa que esse tipo de resistência é determinante em exercícios de alta intensidade e curta duração. Enquanto a resistência muscular anaeróbica alática pode ser defina pela capacidade de realizar movimentos durante maior período de tempo, a anaeróbica lática se caracteriza pela degradação incompleta do substrato energético, resultando em acúmulo de lactato. Portanto, a resistência anaeróbica também pode ser compreendida como potência anaeróbica e capacidade anaeróbica, isto é, pela quantidade má- xima de energia produzida pelo sistema anaeróbico lático em determinada unidade de tempo e pela capacidade de tolerar as concentrações de lactato no ápice de sua produção durante o exercício. Esse tipo de qualidade física estará presente em esportes de curta ou curtíssima duração, como os tiros de corrida de até 100 metros, mas também está em tarefas diárias muito simples, 3Qualidades físicas, performance e saúde como erguer uma caixa pesada ou mover um grande resistência, como nos exercícios realizados na musculação (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Bompa e Haff (2012) resumem que a resistência muscular é resultante da aplicação de força contra uma resistência por um período de tempo prolongado. Assim, aliada à resistência teremos a qualidade força. Força A força muscular, por sua vez, é resultado da contração muscular, que pode ser máxima ou não, e ainda produzir ou não movimento. Assim, a força pode ser classifi cada de acordo com o trabalho produzido, sendo isométrica ou dinâmica, e também quanto à forma de aplicação, máxima ou explosiva. Na produção de força isométrica, não há encurtamento ou alongamento do músculo nem movimento articular ou trabalho externo; no entanto, há gasto energético e produção de calor. Já a força dinâmica se caracteriza pela contração e alongamento (relaxamento) muscular evidenciando movimento articular e trabalho externo. A força será máxima quando for utilizada a capacidade máxima de recrutamento de unidades motoras, podendo ou não ser dinâmica, e será explosiva ou rápida quando a capacidade de movimentar uma resistência for aplicada no menor tempo possível, neste caso sempre será dinâmica (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). A foça é uma variável imprescindível na prática de qualquer desporto. Não importa sua manifestação quanto à produção de força, ela estará presente, seja nas corridas do atletismo, nas braçadas da natação, no futebol, no basquete, enfim, sem força não há esporte. Na atividade física regular, a força está rela- cionada com importantes condições de saúde, como a prevenção e tratamento da sarcopenia, da hipertensão arterial e do câncer. A força é o carro-chefe da educação física, independentementeda faixa etária, do público ou da finalidade desportiva (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Como fica claro, a força e a resistência estão intimamente ligadas, uma vez que a manifestação da resistência só se dá mediante a apresentação de força. Essas duas qualidades, por sua vez, estão relacionadas com a velocidade, uma vez que também está presente a variação de tempo e de espaço na produção de movimentos em exercícios. Qualidades físicas, performance e saúde4 Velocidade A velocidade nada mais é do que a quantidade de espaço percorrido (mo- vimento) por unidade de tempo. Assim, os processos musculares de força (recrutamento neuromuscular) e potência são determinantes para que uma ação seja realizada no menor tempo possível (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Em um contexto de exercício físico, para que a velocidade máxima seja expressa, um segmento corporal deve percorrer determinada distância no menor tempo possível, utilizando aceleração máxima. Em termos gerais, atletas e não atletas atingem a velocidade máxima em distâncias mais ou menos próximas; a diferença está na capacidade de aceleração, que é muito maior em atletas. A velocidade ainda pode ser classificada quanto ao tempo de reação, com certos indivíduos sendo capazes de reagir mais rapidamente frente a um estímulo ou situação. Por fim, a velocidade também pode ser classificada de acordo com o movimento produzido, sendo cíclica quando os movimentos apresentam repetições periódicas, como nadar, pedalar ou caminhar, ou acíclica, quando atos motores ocorrem de maneira isolada ou sem repetição, como no lançamento de dardo e nos saltos (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). A velocidade, portanto, também é determinante para a performance es- portiva. Muitas vezes, vence aquele que conseguir chegar primeiro ou então aquele que expressa a melhor performance/movimento no menor tempo. Além disso, a velocidade faz parte cotidiano, seja no trote para atravessar a rua, seja na capacidade de reagir prontamente ao pegar um copo de vidro antes que caia no chão (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Bompa e Haff (2012) afirmam que a relação entre força, resistência e velocidade está presente em todos os desportos, com maior ou menor predominância de alguma dessas qualidades, como ilustrado a seguir. A Figura 1 mostra a relação do emprego das qualidades físicas nos diferentes despor- tos, em que F = força, V = velocidade e R = resistência. Observe que para cada esporte há um domínio de uma qualidade física. No beisebol, por exemplo, há predominância da velocidade e da força em detrimento da resistência, a qual, por outro lado, aparece com maior domínio em relação às outras qualidades no remo. 5Qualidades físicas, performance e saúde Agilidade A agilidade, por sua vez, está intimamente relacionada com a velocidade, pois consiste na capacidade de realizar movimentos de curta duração e alta intensidade com alteração de direção e/ou mudanças na altura do centro de gravidade corporal utilizando-se da aceleração e da desaceleração (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Radcli- ffe (2017) acrescenta que a agilidade se manifesta pela mudança de vetores de velocidade aplicando potência sem perder o equilíbrio. Isso envolve a capacidade de brecar sem desacelerar, mudando, por exemplo, a direção de ângulos menores partindo da região medial do pé ou do lado do pé na direção do movimento e/ou desaceleração maior, e então uma reaceleração partindo da lateral do pé e irrompendo em direções de ângulos maiores. A Figura 2 mostra variações do centro de gravidade, mudanças de direção e alterações dos ângulos dos pés em diferentes exercícios de treinamento de agilidade com a realização de passos com deslocamento lateral e cruzado. L B FA FA F B M HG D C G PV CV R LP F V R V R V R V R V R F F F F F V R V R V R V R V R F F F F F V R V R V R V R V R F F F F Beisebol Futebol americano (homens de defesa/ataque) Futebol americano (wide receiver) Futebol meio-de-campo Basquetebol Luta greco-romana Maratona Corridas de velocidade Remo Levantamento de peso Hóquei no gelo Disco Canoagem 10 mil metros Ginástica (masculina) Patinação em velocidade mil metros Figura 1. Relações de predominâncias de qualidades físicas em diversos esportes. Fonte: Adaptada de Bompa e Haff (2012). Qualidades físicas, performance e saúde6 Figura 2. Voluntário executando diferentes movimentos associados à agilidade. Fonte: Radcliffe (2017, p. 156–157). 7Qualidades físicas, performance e saúde A agilidade está, portanto, bastante evidente naqueles esportes em que mudanças de direção são fundamentais, como no futebol, em que a agilidade permite fintas incríveis. Para os praticantes de atividade física regular e no dia a dia, a agilidade atua concomitantemente às outras qualidades físicas, promovendo movimentos harmônicos e satisfatórios, como sair de um cômodo às pressas para atender a campainha. Desse modo, o declínio da agilidade está relacionado a maior risco de quedas, fraturas e internações, além de perda da autonomia e independência (RADCLIFFE, 2017). Equilíbrio Como ilustrado anteriormente, para que exista a agilidade o equilíbrio é fundamental. O equilíbrio é uma qualidade física que permite controlar qual- quer posição do corpo sobre uma base de apoio, quer em movimento ou não. É resultante da combinação de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar uma posição corporal. O equilíbrio pode ser classifi cado como equilíbrio dinâmico ou estático. O equilíbrio dinâmico se relaciona com a manutenção da postura efi ciente durante a realização de um movimento. É a forma mais elaborada de equilíbrio, pois relaciona o ciclo equilíbrio–desequi- líbrio na manutenção da postura. O equilíbrio estático envolve a manutenção de um posição corporal com o mínimo de oscilação possível (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Nos desportos, essa qualidade é importantíssima, sobretudo naqueles cujo contato físico é utilizado como tática para fintar, driblar ou ganhar vantagem, como no basquete. Há práticas cuja característica principal é a manifestação do equilíbrio, como o slackline ou o aparelho trave da ginástica artística. Já para os praticantes de atividade físicas regulares, o equilíbrio também fundamental para executar os movimentos de maneira eficiente, seja na academia ou no cotidiano. Quando vemos uma criança aprendendo a andar, dá para notar a importância do equilíbrio nessa atividade. Trata-se de uma habilidade tão automatizada que nem nos damos conta dela na maior parte do tempo (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Flexibilidade A fl exibilidade está relacionada com a máxima amplitude em uma ou mais articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesão, podendo se manifestar de maneira passiva ou ativa. Além da cápsula articu- Qualidades físicas, performance e saúde8 lar, músculos, tendões, ossos e pele têm interferência direta na fl exibilidade (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Flexibilidade passiva é aquela cujo aumento da amplitude em um arco articular é realizado sem a aplicação de força interna pelo próprio indivíduo. Nesse caso, ele assume uma posição relaxada e então uma força externa age sobre o conjunto osteoarticular e muscular. Já a flexibilidade ativa ocorre pelas forças internas do indivíduo e quando há contração dos músculos ago- nistas e relaxamento dos músculos antagonistas de determinada articulação. Por fim, a flexibilidade poderá ser classificada como mista quando houver um aumento da amplitude do arco articular decorrente de forças internas e externas ao indivíduo (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Em maior ou menor grau, a flexibilidade está presente em todos os despor-tos, porque o movimento se dá justamente na manipulação do arco articular. No entanto, enquanto para algumas modalidades ela é imprescindível, como na ginástica rítmica, em outras faz parte do condicionamento físico do atleta, prevenindo lesões e melhorando a performance de movimentos, como no handebol. Para praticantes de atividade física regular, a flexibilidade faz parte da preconização do treinamento da mesma maneira que outras qualidades, como força, agilidade e equilíbrio. A flexibilidade é constantemente exigida em várias atividades cotidianas, mas muitas vezes percebemos sua importância somente quando ela nos falta (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Coordenação motora A coordenação motora se manifesta pela interação sincronizada entre o sistema nervoso central e a musculatura esquelética, repercutindo em uma ação efi ciente entre os grupos musculares e os movimentos praticados. A coordenação motora modula todas as qualidade físicas para que um movimento saia harmonioso e efi ciente. Para que o movimento de cortada no vôlei, por exemplo, aconteça de forma exitosa, deve haver uma aplicação de força em intensidade, amplitude, deslocamento espacial e temporal adequados. Esse é o papel da coordenação motora: sincronizar os sistemas motor e sensorial em um padrão harmonioso e lógico. Assim, a coordenação motora é inerente à produção de qualquer movimento humano, seja relacionado ao desporto ou não (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). 9Qualidades físicas, performance e saúde Partindo desse conceito, teremos a coordenação motora relacionada ao recrutamento muscular, sendo intramuscular ou intermuscular; relacionada ao nível de desenvolvimento, sendo geral ou específica ou relacionada à predo- minância de órgãos ou segmentos sendo visiomotora ou bimanual (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Em atletas de alto rendimento, vemos uma diferença gritante para a re- alização de um movimento em comparação a um não atleta. A diferença está no controle do movimento, que de tanto ser treinado se automatiza no caso dos atletas, tornando-o eficiente e harmonioso (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). A coordenação visiomotora diz respeito à integração do sistema motor com o sistema visual. Já a coordenação bimanual é a capacidade exigida em um movimento realizado com as duas mãos integrando o mecanismo de controle (BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; GOBBI; VILLAR; ZAGO, 2005). Assim, a coordenação motora é a qualidade física integrativa entre todas as demais necessárias para realizar movimentos de forma eficiente. Bompa e Haff (2012) destaca a interdependência das qualidade físicas na manifestação individual de cada uma delas. Em outras palavras, as qualidades físicas são interdependentes e, portanto, não se manifestam isoladamente (Figura 3). Figura 3. Interdependência das qualidades físicas. Fonte: Adaptada de Bompa e Haff (2012). Qualidades físicas, performance e saúde10 2 Métodos de treinamento para saúde e performance Quando compreendemos a importância e a relação entre as qualidades físicas, fi ca evidente a necessidade de abrangê-las em nossos métodos de treinamento, ainda que em maior ou menor proporção dentro de cada programa e cada objetivo, seja mais voltado à saúde ou à performance. Então, a questão é como treiná-las, como escolher o método de treinamento adequado à sua fi nalidade abordando as qualidades físicas para melhor se expressarem naquela demanda específi ca. Existem diversos métodos de treinamento, com inúmeros nomes diferentes que quase sempre se alteram por um detalhe. Uma fragilidade do ponto de visa teórico acadêmico nessa área é que muitos nomes não necessariamente expressam um novo método, constituindo apenas um aperfeiçoamento de um modelo já descrito anteriormente. Sendo assim, mais do que decorar vários nomes de métodos diferentes, você terá que conhecer o racional de cada método, isto é, sua demanda física e metabólica/energética, para relacioná-lo com a atividade em que essa demanda vai se expressar, seja ela desportiva ou relacionada à saúde. O método de treinamento escolhido trabalha quais tipos de demandas energéticas? É condizente com as demandas de seu atleta ou aluno? É adequado para treinar as qualidades físicas exigidas? Em termos gerais, o método de treinamento contínuo é caracterizado pela aplicação de carga de forma constante, predominando volume sobre intensidade, sendo as adaptações fisiológicas mais empregadas aos ganhos cardiovasculares, isto é, há predominância da resistência aeróbica. Geralmente, é aplicado abaixo do limiar anaeróbico, evitando a produção excessiva de ácido lático (DANTAS, 1985; PLATONOV, 2008). Um método de treinamento contínuo ainda pode ser subdividido entre estável e/ou variável, isto é, sem alteração de intensidade ou com alteração de intensidade diante de variáveis agudas relacionadas à finalidade. Em um método contínuo e estável de treinamento, variáveis como velocidade e fre- quência cardíaca serão constantes, ao passo que no treinamento contínuo e variável elas passarão por alterações. Por essas características, o método contínuo é uma importante ferramenta em modalidades cíclicas de longa duração, como a corrida e o ciclismo, mas também é fundamental para desenvolver resistência cardiorrespiratória básica para a prática de outras modalidades desportivas. Os exercícios executados 11Qualidades físicas, performance e saúde nesse treinamento são realizados em movimentação contínua, geralmente com longa duração e intensidade entre 75 e 80% da carga máxima de tra- balho estabelecida. Dessa maneira, a principal aplicação desse método está nas adaptações cardiorrespiratórias provenientes das respostas nos sistemas orgânicos responsáveis pela captação (sistema respiratório), transporte (sistema cardiovascular) e utilização (sistema muscular) do oxigênio (DANTAS, 1985; PLATONOV, 2008). Por sua vez, o método de treinamento fracionado consiste em uma série de estímulos entremeados de intervalos de recuperação com intensidade e duração controladas, podendo ser dividido em fracionado intervalado e fra- cionado repetitivo. Enquanto o método fracionado intervalado se caracteriza por intervalos incompletos de recuperação, o que demanda intensidade, o fracionado repetitivo se caracteriza pela realização de exercícios com inten- sidade máxima ou próxima da máxima, exigindo uma recuperação quase completa antes do próximo estímulo. A forma de recuperação ainda pode ser dividida em passiva (com baixa intensidade) ou ativa (DANTAS, 1985; PLATONOV, 2008). Do ponto de vista das demandas energéticas, o método fracionado in- tervalado pode ser classificado como misto, pois utiliza as vias aeróbica e anaeróbica. Afinal, esse método propõe que o indivíduo execute o exercício em uma intensidade muito maior que aquela observada no treinamento de natureza contínua, potencializando as adaptações fisiológicas dos sistemas orgânicos relacionados ao VO2max e, consequentemente, o desempenho aeróbico. Ao mesmo tempo, o sistema estímulo/recuperação favorece a recuperação incompleta das vias anaeróbicas, proporcionando também adaptações nesses sistemas de geração de energia/movimento (DANTAS, 1985; PLATONOV, 2008). Os métodos fracionados repetitivos se caracterizam pelo uso de alta inten- sidade (superior a 95% em relação à carga máxima de trabalho estabelecida) e brevíssima duração. O tempo de recuperação entre as repetições e as séries deve ser suficiente para restabelecer o sistema energético que foi priorizado na elaboração da atividade. Portanto, esse método prioriza a via anaeróbica alática (fosfagênios/ATP-CP). A Figura 4 resume as classificações e subdivisões dos diferentes métodos de treinamento. Qualidades físicas, performance e saúde12 Figura 4. Tipos de treinamento e suas relações. Fonte: Adaptada de Platonov (2008) e Bompa e Haff (2012).Tendo em vista as demandas energéticas na produção do movimento que repercutirão sobretudo nas expressões das qualidades físicas de resistência do tipo aeróbica e anaeróbica (lática e alática), vemos que a escolha do tipo de treinamento será determinante para os ganhos de performance e de saúde. Assim, enquanto os treinamentos contínuos relacionam-se de forma direta com as demandas energéticas, expressão da resistência aeróbica e adaptações car- diovasculares, os treinamentos fracionados se relacionam predominantemente com as demandas energéticas dos fosfagênios e vias glicolíticas, com produção de ácido lático em decorrência de recuperação incompleta e conformidades de resistência local (muscular) (DANTAS, 1985; PLATONOV, 2008). A grande questão é saber utilizar o melhor método para cada população/indivíduo. Nesse sentido, medidas de avaliação são fundamentais para conhecer melhor suas respectivas condições. Paz, Fraga e Tenório (2017), por exemplo, revisaram sistemati- camente a literatura a respeito da eficácia do treinamento contínuo e do treinamento intervalado de alta intensidade sobre a composição corporal de indivíduos com sobrepeso e obesidade. Após análise estatística desses dados, os autores concluíram que o treinamento contínuo foi mais eficaz para a redução da circunferência de cintura em comparação ao treinamento intervalado (fracionado) de alta intensidade, o que provavelmente se deu em decorrência da via metabólica priorizada no exercício contínuo (via aeróbica — oxidação de ácidos graxos). 13Qualidades físicas, performance e saúde Assim, também deve ser levada em consideração as características da po- pulação, adequando a intensidade, o volume e os estímulos de maneira segura, evitando lesões e afastamentos dos treinamentos. A seguir veremos como elaborar programas de treinamento dirigidos para a saúde e a performance. 3 Programas de treinamento aplicados à saúde e à performance De acordo com Gomes (2009), a periodização do processo de treinamento consiste, antes de tudo, em criar um sistema de planos para distintos períodos, que visam um conjunto de objetivos mutuamente vinculado. Assim, trata-se de um processo formado por etapas que culminam em performance, mas que seguem em ordem relacional. Antes de examinarmos o planejamento de um programa de treinamento por diferentes métodos, é importante ressalvar que sempre se deve respeitar o princípio da individualidade biológica a fim de atender às necessidades de cada atleta ou aluno. A variação interindividual e a taxa de adaptação ao exercício são parcialmente promovidas por diferenças genéticas que deter- minam, por exemplo, a quantidade ou predominância de fibras de contração rápida ou lenta nos músculos e fatores endócrinos que modulam em grande medida as adaptações. Assim, a escolha do método do treinamento físico vai depender tanto das qualidades físicas buscadas quanto da etapa de periodização do programa de treinamento. No quesito periodização, levaremos em conta o modelo mais amplamente utilizado, em que são consideradas as fases preparação (básica e específica), competição e transição, contidas dentro de um macrociclo, e suas respectivas unidades, os meso e microciclos. A fase preparatória básica tem como objetivo conduzir o atleta para a condição competitiva. Para isso, enfatiza a preparação física, isto é, o traba- lho das qualidades que proporcionam o condicionamento global e máximo. Diante disso, a fase preparatória básica preconiza volume de treinamento segundo métodos contínuos. Já a fase específica do período preparatório visa um condicionamento específico relacionado ao desporto, uma condição que culmine em condição crescente da capacidade competitiva, sendo utilizados os métodos de treinamento fracionados, em que serão proporcionados estímulos mais intensos em menor volume (GOMES, 2009; BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; DE LA ROSA, 2000). Qualidades físicas, performance e saúde14 Essa fase de treinamento serve fundamentalmente para aumentar o grau de adaptação às cargas e para promover transferências das atividades e qualidades físicas não específicas para específicas. As atividades de resistência geral ainda proporcionam melhor recuperação entre os esforços em alta intensidade tanto intra quanto intersessões de treinamento, permitindo que o atleta suporte um aumento gradual do volume de treinamento, facilitando as demais fases do programa de treinamento em si (GOMES, 2009; BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; DE LA ROSA, 2000). Levando em consideração essas características da fase preparatória do trei- namento, o método contínuo estável é adequado para atender essas demandas em execução prolongada e intensidade moderada (geralmente entre 75 e 85% da máxima estabelecida). Em seguida a isso, o treinamento contínuo variado torna-se importante, promovendo uma variação da magnitude externa da carga (geralmente entre 75 e 95% da máxima estabelecida), com uma sobrecarga em que estímulos e recuperação ativa proporcionarão uma recuperação parcial do organismo, gerando novas adaptações (tudo de maneira contínua) (GOMES, 2009; BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; DE LA ROSA, 2000). Por sua vez, o período competitivo é expresso pela melhor capacidade do atleta. A depender do treinador e do atleta, poderão ser utilizados trei- nos mistos, isto é, contínuos e fracionados, a fim de realizar ajustes finos na performance e manter a forma desportiva. De maneira geral, há uma diminuição do volume de treinamento durante o período competitivo, com manutenção da intensidade, sendo os treinamentos fracionados mais am- plamente utilizados nessa etapa. Nessa fase do programa, também é visada a resistência especial, expressa pela capacidade de realizar um movimento de forma eficiente superando a fadiga específica da modalidade. Nesse momento, geralmente entram os treinos técnicos e táticos, abrangendo as qualidades físicas específicas do desporto (GOMES, 2009; BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; DE LA ROSA, 2000). Por fim, o período de transição visa a recuperação física e mental do atleta antes de recomeçar o trabalho específico preparatório para a próxima competição. Nesse momento, são reduzidas as cargas de trabalho de ma- neira considerável, tanto em volume quanto em intensidade (GOMES, 2009; BOMPA; HAFF, 2012; PLATONOV, 2008; DE LA ROSA, 2000). O Quadro 1 resume as etapas importantes para a implementação de um programa de condicionamento físico dirigido para o desempenho, levando-se em consideração as etapas preparatória, competitiva/específica e transitória. 15Qualidades físicas, performance e saúde Et ap a O bj et iv o Ca ra ct er ís ti ca s Pr ep ar aç ão té cn ic a/ tá ti ca Pr ep ar aç ão ps ic ol óg ic a Re la çã o en tr e pr ep ar aç ão ge ra l e es pe ci al do a tl et a D in âm ic a de c ar ga s Et ap a pr ep ar at ór ia Et ap a ge ra l Cr ia r b as e pa ra pr ep ar aç ão es pe ci al e co m pe tit iv a D es en vo lv im en to da s h ab ili da de s fís ic as g er ai s Re st au ra çã o da s h ab ili da de s m ot or as . A pr en di - za ge m d e no va s aç õe s t éc ni ca s D es en vo lv im en to da s q ua lid ad es vo lit iv as d a pe rs on al id ad e M ai or c on te úd o da p re pa ra çã o ge ra l s ob re a es pe ci al A qu an tid ad e de e xe rc íc io s é m ai or e m re la - çã o à qu al id ad e. Pr ed om ín io d o tre in am en to ae ró bi co Et ap a es pe ci al D ar ê nf as e a co m po ne nt es e qu al id ad es fís ic as D es en vo lv im en to da s h ab ili da de s fís ic as e sp ec ífi ca s e m an ut en çã o do n ív el g er al Ap er fe iç oa m en to da s t éc ni ca s e tá tic as v isa nd o á es pe ci fic id ad e Pr ep ar aç ão p sic o- ló gi ca par a gr an - de s i nt en sid ad es de tr ei na m en to e co m pe tiç ão M ai or c on te úd o da p re pa ra - çã o es pe ci al so br e a ge ra l O ri tm o e a qu al id ad e do s e xe rc íc io s au m en ta m , di m in ui nd o a qu an tid ad e do s e xe rc íc io s. Tr ei na m en - to s m ist os Q ua dr o 1. S ín te se d as c ar ac te rís tic as d e ca da e ta pa d o tr ei na m en to (C on tin ua ) Qualidades físicas, performance e saúde16 Fo nt e: A da pt ad o de D e La R os a (2 00 0) . Et ap a O bj et iv o Ca ra ct er ís ti ca s Pr ep ar aç ão té cn ic a/ tá ti ca Pr ep ar aç ão ps ic ol óg ic a Re la çã o en tr e pr ep ar aç ão ge ra l e es pe ci al do a tl et a D in âm ic a de c ar ga s Co m pe tiç ão Pr ep ar aç ão fu n- ci on al im ed ia ta M an ut en çã o do s n ív ei s d as ha bi lid ad es ad qu iri da s n as fa se s a nt er io re s Po lim en to e v ar ia - bi lid ad e da s a çõ es m ot or as e le gi da s. Au m en to d o pe n- sa m en to tá tic o G ar an tir p re di s- po siç ão p ar a as co m pe tiç õe s Au m en to a in da m ai or d a pr ep a- ra çã o es pe ci al so br e a ge ra l Au m en ta ai nd a m ai s a qu al id ad e de ex ec uç ão c om di m in ui çã o do s e xe rc íc io s. Pr ed om ín io d e tre in am en to s an ae ró bi co s Tr an si çã o Al ív io d a pr ep ar aç ão D es ca ns o at iv o El im in aç ão d os er ro s t éc ni co s. Pl an ej am en to do p ró xi m o ci cl o de tr ei na m en to G ar an tir u m e st ad o em oc io na l p os iti vo m es m o di an te da s d er ro ta s D es ap ar ec e a pr ep ar aç ão es pe ci al , re st an do a g er al D im in ui a qu an tid ad e e qu al id ad e do s e xe rc íc io s. Tr ei na m en to s ae ró bi co s c om gr an de v ar ia çã o Q ua dr o 1. S ín te se d as c ar ac te rís tic as d e ca da e ta pa d o tr ei na m en to (C on tin ua çã o) 17Qualidades físicas, performance e saúde Treinamento de não atletas Ao elaborar um programa de condicionamento físico para indivíduos não atletas, você deve levar em consideração diversas premissas que abrangem desde a fi nalidade em si do treinamento, como hábitos e comportamentos relacionados à saúde e atividade física, até a aptidão atual do indivíduo e a seleção do método de treinamento. Diante disso, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1998) estabeleceu as seguintes recomendações para os exercícios e métodos de desenvolvimento e manutenção da aptidão cardiorrespiratória e muscular em adultos saudáveis: Frequência de treinamento: 3 a 5 vezes por semana. Intensidade de treinamento: 60 a 90% da frequência cardíaca máxima (FCmax) ou 50 a 85% do (VO2max) ou da reserva de FCmax. Duração do treinamento: 20 a 60 minutos de atividade aeróbica contí- nua. A duração está relacionada com a intensidade da atividade; dessa forma, uma intensidade mais baixa deve ser mantida por mais tempo. Devido aos riscos potenciais e problemas de aderência associados com atividades de alta intensidade, recomenda-se atividade de intensidade leve a moderada com maior duração para adultos não atleta. Tipo de atividade: qualquer atividade que mobilize grandes grupos musculares, que possa ser mantida continuamente e que seja de natureza rítmica e aeróbica, como caminhada, corrida, bicicleta ou cicloergôme- tro, esqui cross-country (de planície), dança, pular corda, remo, subir escadas, nadar, patinar e diversas outras atividades lúdicas de endurance. Treinamento de força: de intensidade moderada, suficiente para desen- volver e manter a massa corporal magra. Prescreva oito a dez exercícios, com séries de 8 a 12 repetições, condicionando os principais grupos musculares pelo menos duas vezes por semana. Em suma, é importante que você tenha em mente sobretudo as carac- terísticas metabólicas, as requisições adaptativas orgânicas e as demandas físicas/motoras relacionadas aos diferentes tipos de treinamento. Por fim, cabe destacar que diferentes métodos de treinamento devem ser promovidos na elaboração de um programa de condicionamento físico, sendo a proporção entre eles norteadora para ganhos de performance e de saúde. Qualidades físicas, performance e saúde18 AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. A quantidade e o tipo recomendados de exercícios para o desenvolvimento e a manutenção da aptidão cardiorrespiratória e muscular em adultos saudáveis. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 4, n. 3, p. 96–106, 1998. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-86921998000300005. Acesso em: 25 jul. 2020. BOMPA, T. D.; HAFF, G. G. Teoria e metodologia do treinamento: periodização. 5. ed. São Paulo: Phorte, 2012. DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. Rio de Janeiro: Sprint, 1985. DE LA ROSA, A. F. Entrenamiento deportivo: ciencia e innovación tecnológica. Habana: Editorial Científico-Técnica, 2000. GOBBI, S.; VILLAR, R.; ZAGO, A. S. Educação física no ensino superior: bases teórico-práticas do condicionamento físico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. GOMES, A. C. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. NOGUEIRA, H. S.; LIMA, W. P. Câncer, sistema imunológico e exercício físico: uma revi- são narrativa. Corpoconsciência, v. 22, n. 1, p. 40–52, 2018. Disponível em: https://doi. org/10.1590/S1517-86921998000300005. Acesso em: 25 jul. 2020. PAZ, C. L. da S.; FRAGA, A. S.; TENÓRIO, M. C. C. Efeito do treinamento intervalado de alta intensidade versus treinamento contínuo na composição corporal: uma revisão sistemá- tica com meta-análise. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 22, n. 6, p. 512–522, 2017. Disponível em: https://rbafs.org.br/RBAFS/article/download/10905/10799/. Acesso em: 25 jul. 2020. PLATONOV, V. N. Tratado geral de treinamento desportivo: metodologia do treinamento: periodização. 5. ed. São Paulo: Phorte, 2008. RADCLIFFE, J. C. Treinamento funcional para atletas de todos os níveis: séries para agilidade, velocidade e força. Porto Alegre: Artmed, 2017. Leituras recomendadas ALMEIDA, T. F. et al. Comparação da resposta do consumo de oxigénio entre duas tarefas de treino intervalado em natação — 8x100 vs 4x200 metros. Motricidade, v. 14, n. 2–3, p. 148, 2018. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/pdf/mot/v14n2-3/ v14n2-3a25.pdf. Acesso em: 25 jul. 2020. MATVEEV, L. P. Periodización del entrenamiento deportivo. Madrid: INEF, 1977. WEINECK, J. Treinamento ideal. 9. ed. Barueri, SP: Manole, 1999. 19Qualidades físicas, performance e saúde Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Qualidades físicas, performance e saúde20