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(RESENHA) "Práticas de letramento no ensino leitura, escrita e discurso" (CORREA, 2007)

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RESENHA ACADÊMICA
(Feita por: Renan William S. de Deus)
	Referência:
CORREA, Djane Antonucci; SALEH, Pascoalina Bailon de Oliveira (Orgs.). Prátricas de letramento no ensino: leitura, escrita e discurso. São Paulo: Parábola; Ponta Grossa: UEPG, 2007. 151 p.
O livro Práticas de Letramento no ensino: leitura, escrita e discurso é um conjunto de artigos produzidos por diversos estudiosos, com o objetivo de discutir o ensino da leitura e escrita, especialmente no ensino fundamental e médio. Organizados por Djane Antonucci Correa e Pascoalina Bailon de Oliveira Saleh, este conjunto de textos faz parte de um projeto, iniciado em 2003 na Universidade Estadual de Ponta Grossa, por alunos do curso de Letras que visavam “conhecer mais sobre linguística”. O projeto deu origem ao anual CIEL – Ciclo de Eventos em Linguística – que tem como principal objetivo o ensino, sendo a publicação dos textos apresentados no evento, uma das formas de ampliar sua contribuição.
O livro objetiva salientar a importância da leitura e escrita na alfabetização, apontando a função do professor como orientador no processo de transformação da leitura e produção de texto, como atividade essencial na vida do aluno. Tal processo, intenta formar o aluno como um ser social de grande importância no meio em que vive, pois, afinal, a leitura e a escrita possuem grande méritos na função do homem (aluno) como um ser consciente.
O primeiro capítulo da obra “Norma Prescritiva & Escrita Literária”, escrito por Marcos Bagno, apresenta uma questão interessante para a discussão da crise no ensino da língua materna, “por que Clarice Lispector não poderia escrever no Estadão?” O autor inicia seu artigo discutindo sobre a tradição da gramática normativa, trazendo exemplos de grandes escritores que fugiram dessa gramática e que se ausentam, despropositadamente, da lista dos modelos “certos”, “bons” e “bonitos” do uso da língua.
Ainda no mesmo capítulo, Bagno inicia o uso do exemplo de Clarice, realizando um paralelo entre a autora e a norma prescritiva, pretendendo realizar uma crítica ao uso da literatura como material de consulta por parte dos gramáticos. Segundo o autor, é uma prática comum dos gramáticos pinçar em obras, como as de Clarice, apenas o que lhes interessa, deixando de lado as ocorrências que podem contradizer as prescrições da doutrina gramatical tradicional. O autor ainda desaprova os manuais de redação e estilo das grandes empresas jornalísticas, utilizando como exemplo o Manual de redação e estilo do jornal O Estado de São Paulo, e comenta que, de acordo com esse manual, Clarice Lispector incorreu em muitos desses “erros comuns”, também cometidos por diversos outros autores e já vistos como regras gramaticais da língua portuguesa no Brasil – algo não levado em consideração pelo Manual do jornal. Bagno finaliza seu capítulo dizendo que a questão não é analisar se determinados autores servem ou não como modelos de correção da língua, já que ela é a matéria-prima de suas invenções artísticas. O autor comenta que ao utilizar esses escritores como ideais a serem atingidos, o ensino, de certa forma, objetiva formar grandes escritores – tarefa essa que não deve ser o foco da escola, mas sim formar usuários eficientes da língua. Ao finalizar, Bagno comenta sobre a medição do certo e errado como algo inadmissível.
No segundo capítulo “O ensino da leitura e da escrita numa perspectiva transdisciplinar”, Luiz Percival Leme Britto expõe que o debate sobre o que fazer na e da disciplina de língua portuguesa na educação regular se arrasta já por um tempo e sem avanços práticos. Britto faz uma crítica à forma de organização da dinâmica das práticas didáticas em sala de aula, utilizando “disciplina coringa”, um termo interessante, para apontar a posição da disciplina de língua portuguesa, que ficava sem conteúdo específico, no ensino. O autor também critica a lógica da educação escolar, em que ocorre uma divisão social separando pobres, remediados e ricos. A solução oferecida pelo autor à essa crise no ensino é a da educação transdisciplinar organizada em eixos temáticos e vinculada aos interesses comunitários locais. Essa solução precisa considerar que o trabalho de leitura e escrita é algo que ocorre continuamente, nas atividades de estudo, e que é necessário sair da zona de conforto na sala de aula definindo com quais critérios se trabalha. 
No capítulo seguinte “Letramento, uma concepção de leitura e escrita como prática social”, de Neiva Maria Jung, verifica-se uma exposição da autora sobre sua concepção do termo “letramento” para a prática na sala de aula. Jung aponta que, na maioria das vezes, não há muita clareza no que seria alfabetizar e “letrar”, e traz ao leitor um histórico bem sucinto do uso de alfabetização e escolarização na discussão sobre temas educacionais. Jung também aponta, de forma que isso fique bem claro, que o letramento escolar é apenas uma das fases sociais da qual uma pessoa participa em sua vida, objetivando mostrar, em seu capítulo, que o conceito de letramento é uma teoria de ação social.
Esméria de Lourdes Saveli, em “Por uma Pedagogia da leitura”, complementa, de certa forma, o capítulo já comentado de Luiz Percival Leme Britto, ao refletir sobre a formação do leitor nas séries iniciais do ensino fundamental. A autora analisa que muitas práticas pedagógicas envolvendo leitura na sala de aula ou extraclasse são, na verdade, ultrapassadas, pois, para ela, foca-se muito na soletração e pouco na leitura. É interessante a utilização do ponto de vista de Vygotsky, feita pela autora, para discutir a definição de escrita, afirmando, posteriormente, que a linguagem escrita permite o aceso ao plano mais elevado da linguagem, sendo a escrita um instrumento do pensamento reflexivo e um meio de construir um ponto de vista. É em decorrência desse ponto de vista que a autora ressalta a importância da leitura, como algo que induz ao questionamento. 
Saveli ainda aponta algumas possíveis causas da má formação de leitores, concluindo que não há um método pronto e infalível para o trabalho com a leitura, na educação. De forma sugestiva, a autora diz ser importante que os profissionais da educação voltem seus olhares para as próprias experiências de leitura e ampliem suas histórias de leitores, experimentando o prazer de ver alunos se interessarem pela leitura.
Finalizando a obra, Maria Marta Furlanetto aponta em “Práticas discursivas: desafio no ensino de Língua Portuguesa”, que a ordem metodológica sempre pode ser questionada e substituída, se não produz resultados satisfatórios. Furlanetto critica a prática de fazer da leitura algo passivo, restringindo-se ao ato de receber ou extrair informações.
A autora ressalta que não existem propostas simples de solução para os problemas de ensino, muito menos podem ser idealizadas e impostas ao professor, já que o processo de produção de aprendizado é algo que vai acontecendo e não se pode prever. 
De modo geral, a coletânea de textos do livro Práticas de Letramento no ensino: leitura, escrita e discurso é de grande importância àqueles que estão em processo de formação para atuar em ambientes educacionais, seja nos níveis fundamental ou médio. A ideia de que não há um método específico que quase sempre funcione para a prática e ensino da leitura e escrita em sala de aula é trabalhada muito bem nesses textos, fornecendo a alunos de cursos como o de Letras e Pedagogia, uma visão quase óbvia, a de que existem diversas barreiras no meio educacional e de que cabe também aos novos profissionais da área buscar soluções para enfrentar tais barreiras. Os textos também concentram-se em mostrar a importância da leitura em todos os âmbitos e de seu papel na formação do homem, como um ser reflexivo.

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