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Lesao Medular

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Lesão Medular
DEFINIÇÃO
É qualquer tipo de dano causado à medula seja por um trauma, doença ou defeito congênito, e é parte fundamental do sistema nervoso central. Essas lesões podem ocorrer quando há danos às células dentro da medula ou quando os nervos que correm para cima e para baixo na medula são lesionados. Muitas causas podem estar envolvidas em uma eventual lesão na medula.
A medula espinhal
A medula espinhal passa pelo pescoço e pelas costas e é protegida pela coluna vertebral, que fornece suporte para o tronco e outras estruturas ao redor. A medula espinhal é cercada, também, pelos chamados discos vertebrais, que servem como amortecedores ao caminhar, correr ou saltar. É graças a esses discos, também, que a espinha pode ser flexionada ou estendida.
A medula espinhal é parte fundamental do sistema nervoso central, composto também pelo cérebro. Aqui, o cérebro funciona principalmente para receber impulsos nervosos da medula e de nervos cranianos. Já a medula contém os nervos que transportam mensagens neurológicas do cérebro para o restante do corpo.
A ME é uma massa de tecido nervoso situada dentro do canal vertebral. Ela se estende desde a base do crânio até a 2ª vértebra lombar e depois termina afilando-se e formando uma cauda (cauda equina), medindo aproximadamente 45 cm no ser humano adulto. A medula faz conexões entre o cérebro e o corpo, e dela saem os nervos espinhais, que têm a função de conduzir impulsos nervosos sensitivos e motores, sendo responsáveis pela inervação do tronco, braços, pernas e parte da cabeça. Os nervos espinhais se distribuem pelos músculos, pele, vísceras e também se relacionam com a temperatura, dor, pressão e tato. Isso explica o fato de sentirmos dor, calor, frio, vontade de urinar, conseguirmos pegar um objeto, andar, enfim, termos sensações e movimentos.
ETIOLOGIA
Como dissemos anteriormente, existem causas traumáticas e não-traumáticas. 
A etiologia traumática é a mais frequente. É proveniente de acidentes automobilísticos, mergulhos, ferimentos com armas brancas (facas e objetos cortantes) ou armas de fogo (projétil), quedas de alturas etc. Caracteriza-se por um trauma que fratura (quebra) ou desloca uma ou mais vértebras da coluna vertebral provocando uma invasão no canal medular e atingindo a medula espinhal por compressão ou secção (corte). Entre as causas traumáticas, constatam-se por sua frequência: 
• Ferimentos por projétil de arma de fogo:45% 
• Acidentes de transporte (automóvel, motocicleta, bicicleta, atropelamento, etc.): 30% 
• Quedas: 13% 
• Mergulho: 10% 
• Outros traumatismos: 2% 
As causas não-traumáticas, são geradas por diversos fatores como: tumores que comprimem a medula espinhal ou as regiões próximas; acidentes vasculares; hérnia de disco; deformidades na coluna vertebral que afetam a integridade da medula espinhal. Os agentes causadores deste tipo de lesão medular não origem congênita e nem traumática. Destacam-se por seu predomínio as: 
• As tumorais; 
• As infecciosas; 
• As vasculares; 
• As degenerativas. 
INCIDÊNCIA
As estatísticas mundiais revelam que, por ano, a cada um milhão de pessoas, 30 a 40 delas sofrem lesão medular. Aplicando tais dados à população brasileira, pode-se supor que de 5 a 6 mil pessoas por ano apresentam esse grave comprometimento neurológico.Observa-se aumento significativo nas últimas décadas, principalmente nos centros urbanos, onde a violência tem crescido assustadoramente. A população mais afetada é jovem e do sexo masculino. Levantamento estatístico realizado pela equipe de lesão medular da AACD no ano de 2000 mostra que a média de idade dessa população é de 30 anos, 80% da qual corresponde ao sexo masculino. 
Sintomas de Lesão na medula espinhal 
Os sintomas de uma lesão na medula espinhal variam conforme a área em que houve o trauma. Essas lesões geralmente causam fraqueza e perda sensorial no local e abaixo dele. A intensidade dos sintomas depende da gravidade lesão, ou seja, se a medula estiver grave ou completamente lesionada ou apenas parcialmente.
Alguns sintomas são comuns, independentemente do local da lesão, eles são:
· Perda do controle normal do intestino e da bexiga (com possibilidade de ocorrer constipação, incontinência urinária e espasmos na bexiga)
· Dormência
· Alterações sensoriais
· Espasticidade (aumento do tônus muscular)
· Dor
· Fraqueza e paralisia.
Confira os principais sintomas de acordo com o local da lesão:
Lesões cervicais (pescoço)
Quando as lesões da medula espinhal ocorrem na área do pescoço, em que são classificadas como lesões cervicais, os sintomas podem atingir principalmente os braços, as pernas e a parte central do corpo. Os sintomas podem aparecer em um ou em ambos os lados do corpo e costumam incluir: Dificuldades respiratórias em decorrência da paralisia dos músculos respiratórios, (principalmente quando a lesão ocorre na parte superior do pescoço)
Lesões torácicas (tórax)
Quando a lesão ocorre na altura do tórax, os sintomas atingem principalmente as pernas. Lesões na medula cervical ou na medula torácica superior também podem resultar em problemas de pressão arterial, sudorese anormal e problemas para manter a temperatura corporal normal.
Lesões lombossacrais (parte inferior das costas)
Quando as lesões na medula espinhal ocorrem na parte inferior das costas, sintomas de vários níveis podem afetar uma ou ambas as pernas e podem afetar, também, os músculos que controlam os intestinos e a bexiga.
TIPOS 
A Lesão Medular pode ser classificada de acordo com o comprometimento sensório-motor que a pessoa apresenta. A medula pode ser parcialmente ou totalmente atingida e de acordo com a forma, determina-se o seu grau de comprometimento. E de acordo com o local pode-se dizer o nível da lesão. Uma lesão é classificada como completa quando não há função motora ou sensitiva preservada no segmento sacral. Numa lesão incompleta as funções motoras e sensitivas estão preservadas no nível do segmento sacral. A lesão na medula espinhal pode resultar em paraplegia ou tetraplegia dependendo do nível da medula que foi lesionado. Referimo-nos a lesões na medula espinhal em termos das regiões ( cervical, torácica e lombar) onde ocorrem e de ordem numérica dos segmentos neurológicos.
A paraplegia é ocasionada quando a lesão ocorre nos segmentos medulares torácicos, lombares ou sacrais, ocasionando comprometimento parcial ou total sensório-motor como paralisia dos membros inferiores (MMII) com algum comprometimento do tronco, dependendo do nível da lesão. Nesse tipo de lesão as funções dos membros superiores estão preservadas. Na paraplegia completa os membros superiores têm suas funções preservadas, mas os membros inferiores não apresentam qualquer movimento e não há função ou sensação muscular na área sacral inferior. Já a paraplegia incompleta os membros inferiores apresentam alguns movimentos, mas sem força suficiente que permita que a pessoa ande e existe contração voluntária da musculatura esfincteriana.
Já a tetraplegia é ocasionada quando a lesão se localiza na medula cervical. Nela existe comprometimento parcial ou total sensório-motor nos quatro membros e tronco, podendo comprometer também a respiração. Pode haver função parcial dos membros superiores (MS), dependendo do nível da lesão. Ela pode ser ocasionada por acidentes automobilísticos, mergulhos, ferimentos com armas brancas (facas e objetos cortantes) ou armas de fogo (projétil), quedas de alturas etc. Caracteriza-se por um trauma que fratura (quebra) ou desloca uma ou mais vértebras da coluna vertebral provocando uma invasão no canal medular e atingindo a medula espinhal por compressão ou secção (corte).
Classifica-se de tetraplegia completa quando há comprometimento total dos quatro membros e/ou da respiração com secção total da medula, isto é, a comunicação entre o cérebro e as outras partes do corpo fica interrompida abaixo do nível da lesão. Não há movimentos e sensações nos quatro membros e não há função motora ou sensitiva preservada no segmento sacral.
Já na tetraplegia incompleta a medula espinhalé parcialmente lesionada, preservando-se algumas sensações e movimentos no segmento sacral, ou seja, quando existe contração voluntária da musculatura do esfíncter.
PROGNÓSTICO 
O prognóstico para a recuperação substancial das funções neuromusculares depois de uma LME depende da lesão ser completa ou incompleta.Se não houver sensação alguma ou retorno das funções motoras abaixo do nível da lesão 24 a 48 horas depois da lesão em lesões completas cuidadosamente avaliadas, é menos provável que as funções motoras sejam recuperadas.
No entanto, um retorno parcial ou total das funções até um nível de raiz nervosa espinhal, abaixo da fratura, pode ser alcançado, podendo ocorrer nos primeiros 6 meses depois da lesão.Em lesões incompletas o retorno progressivo das funções motoras é possível, porém é difícil determinar exatamente quanto e quão rápido o retorno irá ocorrer.
Frequentemente, quanto mais tempo levar para a recuperação começar, menor é a probabilidade de ocorrer.
O prognóstico funcional é determinado principalmente pelo grau de preservação sensitivo-motora, porém é importante ressaltar que fatores como idade, obesidade, alterações cardiorrespiratórias, deformidades osteoarticulares graves, distúrbios psiquiátricos e outros podem modificá-lo substancialmente.Deve-se lembrar que o prognóstico é individual para cada paciente que o tratamento de reabilitação é útil em todas as idades e em qualquer nível de lesão, desde que metas individuais e realistas sejam estabelecidas.
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