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@RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses SERPENTES Tem reprodução vivípara, para Cratalus e Bothrops e ovípara para Micrurus e Lachesis. As dos gêneros Crotalus, Bothrops e Lachesis são da família Vaiperidae e classificadas de acordo com sua dentição, como solenóglifas, ou seja, possuem dentes inoculadores de veneno bem desenvolvidos na porção anterior do maxilar superior. As do gênero Micrurus são da família Elapidae, classificadas com proteróglifas, apresentam um pequeno dente na porção anterior do maxilar superior. Todas as peçonhentas com exceção da Micrurus, têm entre os olhos e narina um a fosseta loreal. Órgão termorreceptor que funciona como radar térmico. A cauda também é diferente entre as serpentes; a Bothrops tem cauda fina e lisa; o gênero Lachesis apresenta cauda fina, porém com escamas eriçadas na extremidade; gênero Crotalus tem o chocalho na extremidade e o gênero Micrurus apresenta cauda arredondada e anéis coloridos brancos, pretos e vermelhos. A quantidade de veneno inoculada no ato da picada depende de fatores como tamanho da serpente, tempo decorrida da picada e idade da serpente e local da picada. ACIDENTE BOTRÓPICO VENENO Cerca de 90% do veneno é constituído de proteínas. Dentre as principais ações temos: • Ação proteolítica e necrosante que acarreta ação citotóxica nos tecidos, resultado da ação das proteases, hialuronidase (responsável pela rápida absorção e dispersão do veneno nos tecidos) e fosfolipases, liberação de substâncias pró inflamatórias. • Ação coagulante é conhecida como “tipo trombina” com alteração do fator X, e na protrombina, ativação dos fatores II,V,VIII, consumo de fibrinogênio e consequente aumento de TC ou incoagubilidade sanguínea. Pode ocorre SID. • Ação vasotóxica com lesão endotelial ocasionando ruptura vascular e edema acentuado. Ocorre hemorragia local e sistêmica. • Ação nefrotóxica se dá direta pelo veneno nos túbulos renais, ou indiretamente por perda sanguínea e formação de microcoágulos acarretando instalação de insuficiência renal aguda. SINAIS CLÍNICOS A gravidade depende de vários fatores, tais como sensibilidade do animal, quantidade do veneno, local afetado e tempo decorrido até tratamento. • Prostação • Inapetência • Apatia • Taquipnéia • Reações locais (edema, equinose e hemorragias) aparecem rapidamente • Sensibilidade dolorosa No geral os animais mantêm os membros flexionados até que a dor causada pela picada diminuía a intensidade. Picadas na cabeça pode ocasionar dispneia e insuficiência respiratória por edema de glote e também dificuldades na alimentação. @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses ACHADOS LABORATÓRIAIS • Leucocitose com neutrofilia • Linfopenia • Eosinopenia • Monocitose • Trombocitopenia • Aumento no tempo de coagulação • Diminuição de hemácias, VCM, eritócrito, Hb, proteína plasmática total, séricas e albumina • Pode tá aumentado a ALT, FA e CK, ureia e creatinina LESÕES No local da picada observa-se edema sero- hemorrágico gelatinoso, espesso e amarelado com sangue vermelho escuro. Hemorragia é sistêmica e o efisema pulmonar é generalizado. Desse modo, a congestão e as hemorragias intensas estão presentes na maioria dos órgãos. TRATAMENTO Soroterapia com soro antobotrópico ou antibotrópico-crotálico na dose que neutralize no mínimo 100 mg de veneno por via IV lentamente. Animais de produção e pequenos devem receber a mesma dose do soro, pois peso não é indicador para cálculo de dose desse medicamento e sim a quantidade total do veneno. Além da soroterapia, deve-se manter o animal em fluidoterapia com solução fisiológica ou de Ringer até que o animal possa ingerir líquido. Animais acidentados devem ser internados nas primeiras 24-48 horas e se grave até 72 horas. Não se deve fazer torniquete por conta do efeito proteolítico do veneno. Se necessário usar manitol e furosemida, assim como nutrição enteral ou parenteral. Administração de analgésicos opioides é indicada para dar conforto. Antibioticoterapia de amplo espectro para evitar infecções secundárias. Resumindo • Soroterapia • Fluidoterapia • Antibioticoterapia • Analgésicos ACIDENTE CROTÁLICO Tem dentição solenóglifa, fosseta loreal guizo na extremidade da cauda e são ovovivíparas ou vivíparas. Apresenta bote veloz mas não comportamento agressivo. As crotálicas são encontradas em campos abertos, tais como áreas secas, arenosas e pedregosas, encostas de morros e cerrados. Geralmente a dor de picada não é tão intensa. COMPOSIÇÃO DO VENENO E TOXICODINÂMICA É uma mistura de várias substâncias revelando as seguintes toxinas: crotoxina, crotamina, giroxina e convulxina. 50% dele é composto por crotoxina, formado por uma fração básica com atividade fosfolipase A (crotoxina B) e fração ácida (crotoxina A) sem atividade enzimática chamada de crotapotina. Sozinhas as frações não são tóxicas. A crotoxina induz falha na liberação de Ach nas terminações motoras, atuando nos canais iônicos ocasionando a morte do animal em decorrência da paralisia respiratória. A fração do veneno que contém crotapotina e fosfolipase A2 lesa as fibras musculares esqueléticas provocando ruptura das @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses organelas celulares. Como consequencia ocorre influxo de Ca e efluxo de creatina cinase (CK). O animal apresenta necrose de coagulação, crotoxina induz agregação plaquetária por isso não é observado hemorragias. A crotamina tem ação nos canais de Na da membrana celular e do músculo esquelético. A girotoxina tem efeito convulsivante, respiratório, circulatório e lesões labirínticas. Resumindo • Ação neurotóxica por meio de ação periférica • Em placa motora • Miotóxica-sistêmica • Coagulante e hemolítica SINAIS CLÍNICOS A dose de 1mg/kg do veneno em animais pode ser fatal. SENSIBILIDADE Equinos, Ovino e Bovino > Caprino> Caninos > Suínos > Felinos • Transtornos de locomoção • Fasciculação musculares • Flacidez da musculatura fácil • Sialorreia • Ptose palpebral • Midríase • Oftalmoplegia • Disfagia • Alteração na fonação • Insufiencia respiratória aguda • Depressão neurológica grave • Mioglobirúria ACHADOS LABORATORIAIS Plasma avermelhado nas primeiras horas após o acidente por conta da hemólise, leucocitose por neutrofilia com DAE e diminuição moderada de linfócitos e eosinófilos. Níveis de FA e ALT podem estar aumentados nas primeiras 24 horas, e ocorre aumento de CK, LDH e AST em razão da rabdomiólise. Urinálise pode não ter alteração se não tiver IRA, verificando apenas proteinúria discreta. Lesão renal produz oligúria e anúria verificando-se a elevação sérica de uréia, creatinina, ácido úrico, fósforo e K. Ocorre diminuição de plaquetas. LESÕES No local da picada, já resposta inflamatória e grave miosite purulenta. Alterações hepáticas e miocárdicas são degenerativas, por degeneração hidrópica, esteatose e necrose. A musculatura no local apresenta área delimitada com coloração esbranquiçada em razão a necrose e degeneração. Por conta da nefrotoxidade da crotoxina os animais podem apresentar IRA com necrose tubular (decorrente de hipóxia). Alterações hepáticas se devem por 2 mecanismos: lesão de mitocôndrias e efeito das citocinas nos hepatócitos. DIAGNÓSTICO Baseado na anamnese, sinais clínicos e laboratório. TRATAMENTO • Soro anticrotálico ou antibotrópico- crotálico. • Uma dose de soro para neutralizar 50mg do veneno por IV. @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses • Manitol a 20% na dose de 1 a 2g/kg a cada 6 horas para estimular diurese. • Alça de furosemidana dose de 1 a 6mg/kg a cada 8 a 12 horas por IV em caso de oligúria. • Alcalinização cm bicarbonato de sódio a 5% na dose de 2 a 4mEq/kg. • Fluidoterapia com NaCl ou Ringer até a urina voltar ao normal. ACIDENTE LAQUÉTICOS E ELAPÍDICOS O veneno laquético (surucucu) tem efeito tóxico semelhante ao da Bothrops, adicionando o efeito do sistema parassimpático, tendo assim um quadro gastrointestinal, hipotensão e bradicardia. O tratamento é soro antilaquético ou antibotrópico-laquético na dose que neutralize 250 a 400mg do veneno, caso o animal tenha manifestação no parassimpático deve-se proceder o uso de atropina. A peçonha do gênero Micrurus tem efeito neurotóxico (pré e pós-sináptico) que causa paralisia muscular flácida potente, por isso caso não seja tratado precocemente pode vim a óbito por falência respiratória por paralisia muscular. O tratamento é ideal o uso do soro antielapídico. Em caso de M. frontalis e M. leminiscatus (neurotóxica pós-sináptica) é recomendado o uso de anticolinesterásicos como neostigmina e fisostigmina, e antes disso aplicar atropina. VENENO As neurotoxinas tem ação pré-sináptica na junção neuromuscular bloqueando a liberação de Ach e na pós-sináptica competindo com a Ach pelos receptores colinérgicos na junção neuromuscular. SINAIS CLÍNICOS • O mais evidente é a parestesia • Vômito • Face miastênica com ptose palpebral • Flacidez dos músculos da face • Oftalmoplegia • Turvação visual • Diplopia (percepção de 2 imagens de um único objeto) • Miose/midríase • Dificuldade para deglutição • Mialgia generalizada • Insuficiência respiratória aguda TRATAMENTO • Soroterapia com soro antielapídico • Complementar ➢ Fluidoterapia ➢ Alimentação enteral ou parenteral ➢ Antibioticoterapia (caso precise) ➢ Opioides ➢ Anticolinesterásicos com atropinização prévia ACIDENTE POR ABELHAS Os acidentes causados pelas abelhas (Apis melífera) são bastante sérios e geralmente fatais nos animais domésticos em decorrência das reações tóxicas e alérgicas. As abelhas africanas se originaram de uma mistura de abelhas importadas para o Brasil em 1956, com a população local, de origem europeia, com o propósito de melhorar a produção de mel. São agressivas, formam enxames rapidamente e como defesa promovem ataques. @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses COMPOSIÇÃO DO VENENO E MECANISMO DE AÇÃO É uma mistura complexa de aminas biogênicas, peptídeos e proteínas. A melitina, um peptídeo, perfaz 50% do veneno seco e é responsável pela maioria dos efeitos lesivos. Há também a fosfolipase A (12%) que produz efeito hemolítico, fosfatase ácida com atividade alergênica moderada. A presença de histamina, apamina, hialuronidase e um fator degranulador de mastócitos também compõem o veneno da abelha. A quantidade de veneno seco varia de 0,2 a 0,5 mg, sendo que na ferroada a abelha tem capacidade de injetar 0,1mg. A melitina tem propriedade hemolítica, cardiotóxica e citotóxica. Ela diminui a tensão superficial da água da membrana plasmática destruindo a mesma. A apamina interfere na permeabilidade iônica de certas membranas celulares, causando diminuição do fluxo de K, como consequência reduzindo o tônus inibitório e aumento da excitabilidade. Também possui ação neurotóxica, principalmente nas células espinais e como consequência causa convulsão, hiperatividade e espasmos dos músculos esqueléticos. A morte ocorre por falência respiratória quando 4mg/kg é inoculado. O degranulador de mastócitos causa o eritema e dor localizada da ferroada. A histamina provoca vasodilatação e aumento da permeabilidade dos capilares, facilitando a difusão da toxina nos tecidos. SINAIS CLÍNICOS As áreas mais afetadas são ocular, nasal e oral. As cores escuras atraem mais as abelhas que cores claras. Isso explica porquê os apicultores usam roupas brancas. São basicamente 3 tipos de acidentes e reações ao veneno. O mais frequente é aquele que envolve uma ou poucas picadas, o quadro clínico nesse caso geralmente se limita a uma reação inflamatória local. Outra possibilidade ocorre quando o animal sensibilizado ou sensível desenvolve uma reação de hipersensibilidade do tipo 1 ou choque anafilático mesmo com 1 picada. O terceiro tipo é de maior gravidade, com múltiplas picadas por abelhas, a vitima sofre ação das toxinas presentes nas secreções dessas abelhas. Esses animais apresentam: • Muitos ferrões pelo corpo • Agitação • Náusea • Êmese • Hipotenção • Fraqueza generalizada • Torpor • Taquicardia • Taquipneia • Edema pulmonar • Mialgia generalizada • Incoordenação • Tremores e espasmos • Nistagmos • Convulsões • Coma Manifestações tardias: • Hematúria • Hemoglobinúria • Hematomas • Rabdomiólise @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses • IRA • CID e alterações na coagulação sanguínea ACHADOS LABORATORIAIS Diminuição de Ht, Hb e trombocitopenia. Hemoglobinúria evidente e lesão renal provocada pela necrose tubular aguda é comum. A urinálise revela proteinúria, bilirrubinúria, presença de hemácias, leucócitos e descamação celular. Dependendo do quadro renal o animal pode apresentar azotemia. A leucocitose com neutrofilia e DAE, linfopenia e eosinopenia são comuns em razão das múltiplas picadas. TRATAMENTO Não existe antiveneno então os animais devem receber fluidoterapia (NaCl ou Ringer) para - manter a volemia evitando problemas renais graves, oxigenioterapia. Adrenalina na dose 0,01mg/kg via SC para fase precoce pois é difícil diferenciar a reação anafilática do envenenamento pela toxina melífera. Se a animais tiver agitada pode ser usado benzodiazepínicos. Para controlar os efeitos da histamina, o uso de anti-histaminicos H1 e H2: • Cloridrato de prometazina na dose de 0,2 a 1mg/kg, via SC • Cimetidina na dose de 5 a10mg/kg, via IM ou IV Hidrocortisona (60mg/kg) e antibiótico bactericida como a enrofloxaxina na dose de 5mg/kg e anti- hemorrágico como o transamin na dose de 1 ampola/animal. No caso de rabdomiólise grave indica utilizar bicarbonato de sódio 4mEq/kg. TRATAMENTO Animais com menos de 14 picadas/kg geralmente sobrevivem, entre 14 a 24 picadas/kg prognóstico reservado e acima disso normalmente vem a óbito. É necessária a realização de exames de sangue para evidencia hemólise, diminuição de plaquetas ou CID e monitorar o débito urinário e as concentrações séricas de eletrólitos, ureia e creatinina. ACIDENTE POR VENENO DE SAPO As glândulas paratóides localizam-se bilateralmente na região pós-orbital e são compostas por glândulas do tipo granuloso, especializadas na produção e armazenamento do veneno de aspecto leitoso. Além dessas, os sapos possuem por toda a superfície corpórea glândulas mucosas que produzem secreção menos viscosa, as substâncias dessas secreções têm ação antipredatória e de defesa. COMPOSIÇÃO DO VENENO E MECANISMO DE AÇÃO Varia entre espécies, mas basicamente possui dois grandes grupos de substâncias ativas: as aminas biogênicas e derivados esteroides. Entre as aminas biogênicas destacam-se a adrenalina, noradrenalina, bufoteninas, dihidrobufoteninas e as bufotioninas, já entre os derivados esteroides, o bufodienólide e bufotoxina agem de forma semelhante aos digitálicos, inibindo a bomba de Na e K das células musculares cardíacas, sendo assim esses derivados aumentam a concentração d e Na @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses intracelular e consequentemente inibem a entrada desse íon em troca da saída do Ca, que tem sua concentração intracelular aumentada. Esse aumento eleva a força de contração cardíaca e reduz a frequência dos batimentos por açãoreflexa. Esse último pode ser revertido pela presença de adrenalina e noradrenalina. Esses digitálicos do veneno reduzem a velocidade da condução elétrica cardíaca, do nódulo sinusial ao nódulo atrioventricular. SINAIS CLÍNICOS Irritação local ou sintomatologia sistêmica que pode evoluir para morte do animal em até 15min após o aparecimento dos sinais. E são principalmente cardiotóxicos. • Salivação excessiva seguida de prostação • Arritmia cardíaca • Edema pulmonar • Convulsões • Morte Vômito e sialorreia auxiliam na eliminação do veneno. Os sinais podem ser divididos em 3 grupos de acordo com a gravidade dos sintomas • Envenenamento leve: irritação da mucosa oral e sialorreia • Envenenamento moderado: irritação da mucosa oral, sialorreia, vômitos, depressão, fraqueza, ataxia com andar em círculos, anormalidade do ritmo cardíaco, evacuação e micção. • Envenenamento grave: irritação da mucosa oral, sialorreia, vômitos, diarreia, dor abdominal depressão, fraqueza, decúbito esternal, pupilas não responsivas a luz, convulsões, anormalidade do ritmo cardíaco, sinais de edema pulmonar e cianose. LESÕES Processo inflamatório do TGI, muitas vezes hemorrágico, congestão, edema e hemorragia pulmonar decorrentes da insuficiência cardíaca provocada pelo veneno. TRATAMENTO Primeiro lavar a boca ou mucosa afetada do animal com água em abundância e não usar atropina pois isso suprime a sialorreia. O uso de propranolol (antagonista B 1 e 2 adrenérgico) na dose de mg/kg IV, com repetição a cada 20 minutos (por até 3 a 4 vezes) para controlar as arritmias cardíacas (esse medicamento induz bradicardia) Em cães a melhor escolha é o verapamil que evitou o óbito em 100% dos casos. Dessa forma o cloridrato de verapamil na dose de 8mg/kg, IV 2 a 3 vezes a cada 20min é indicada para controlar taquicardia ventricular multiforme e arritmias cardíacas. O pentobarbital sódico (barbutúrico), 30mg/kg IV deve ser usado para controlar as convulsões e também facilitar a intubação orotraqueal nos casos graves que pode ocorrer quadro de taquipneia e dispneia. PROGNÓSTICO Varia por: quadro clínico, espécie de sapo, potência do veneno, quantidade de veneno absorvida, porte do animal, suscetibilidade individual e fatores genéticos. ESCORPIONISMO A espécie Tityus serrulatus (tem partenogênese) é de maior importância no Brasil. Os T. bahiensis e T. stigmurus também causam acidentes em determinadas regiões. O T.serrulattus é o escorpião amarelo, e o T. bahiensis o marrom. @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses COMPOSIÇÃO DO VENENO E MECANISMO DE AÇÃO O veneno do escorpião T. serrulatus é uma mistura complexa (proteínas básicas, aminoácidos e sais) que apresenta, na sua composição, uma fração tóxica, denominada tityustoxina, e uma neurotoxina. Essa toxina atua nos canais de sódio, promovendo a despolarização das membranas nas terminações nervosas periféricas e estimulando tanto o sistema simpático quanto o parassimpático, com a liberação maciça de acetilcolina e catecolaminas, responsáveis pela maioria dos sinais clínicos observados. SINAIS CLÍNICOS • Dor local • Sudorese • Êmese • Hipermotilidade gastrointestinal • Agitação • Desorientação • Hiperatividade • Taquicardia sinusial ou bradicardia • Arritmias cardíacas • Taquipneia e hiperpneia ou bradipneia Em casos graves • Hipertensão ou hipotensão arterial • Falência cardíaca • Edema pulmonar • Choque • Convulsões (as vezes) ACHADOS LABORATORIAIS • Hiperglicemia • Leucocitose com neutrofilia • Mioglobinemia • Mioglobinúria • Níveis de amilase, CK, CK-MB, AST e LDH podem estar aumentados • Ácidos graxos aumentados podem provocar trombose intravascular e CID TRATAMENTO Soto antiescorpiônico ou antiaracníco. São indicados vasodilatadores, anticolinérgicos, antieméticos, corticoesteroides, analgésicos e anticonvulsionantes. A prazosina é considerada um antídoto farmacológico do escorpião por apresentar ação antagonista a1 e diminuir a resistência vascular periférica promovendo o retorno venoso e a redução de enchimento cardíaco. @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses PROGNÓSTICO Geralmente é bom, exceto nos casos mais graves. ARANEÍSMO ACIDENTES POR LOXOSCECLES Mais conhecidas como aranha marrom e são comuns nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. O veneno dessas aranhas apresenta toxicidade elevada, provocando acidentes muito graves. São pouco agressivas, picando apenas quando comprimidas. Encontradas principalmente em residências, refugiando-se em roupas e armários. COMPOSIÇÃO DO VENENO O veneno loxoscélico possui um componente proteico, a esfingomielinase D, que atua sobre a esfingomielina das membranas endoteliais, hemácias e plaquetas causando sua ruptura. Esse componente, também atua como fator quimiotático para neutrófilos, acarretando o recrutamento deles para o local da lesão. O influxo de neutrófilos promove agregação plaquetária, resultando em coagulação intravascular nos capilares ao redor da lesão causando assim necrose dérmica. SINAIS CLÍNICOS É um dos mais perigosos pois no momento da picada a vítima não sente dor. Esse efeito se manifesta cerca de 12h depois, com dor local, inchaço, mal-estar e febre. O loxocelismo apresenta duas formas: a cutânea (maioria dos casos) e caracteriza-se pelo aparecimento de lesão inflamatória no ponto da picada, evoluindo para necrose e ulceração. E a cutânea-visceral, na qual verifica-se que os animais apresentam as alterações citadas antes, anemia, icterícia cutânea-mucosa e hemoglobinúria. A IRA é a complicação mais temida. LESÕES Necrose no local da picada e em áreas adjacentes: congestão e hemorragia, principalmente nos rins e no edema. CID pode estar presente. TRATAMENTO Seria bom o soro antiloxoscélico porém este está restrito a humanos, então o tratamento deverá ser feito com AINE que não do tipo ácido acetilsalicílico pois eles agravarão as alterações sanguíneas, administrando em vez disse dipirona ou corticoesteroides. No local da picada é bom fazer compressas frias e antisépticas. Antibióticos sistêmicos, caso haja infecções secundária. E hiper-hidratação para impedir lesão renal e transfusão sanguínea em casos de hemólise intensa ou anemia extrema. ACIDENTES POR PHONEUTRIS Conhecida como aranha armadeira, por assumir posição de ataque para se defender, quando ameaça pode saltar até 30 cm para atacar. Tem @RebecaWoset Medicina Veterinária Toxicologia Veterinária Rebeca Meneses hábito noturno. São bem maiores que a Loxoceles sp. mas menores que as caranguejeiras. COMPOSIÇÃO DO VENENO E MECANISMO DE AÇÃO Tem efeito neurotóxico e os acidentados apresentam dor local de intensidade variável, edema, eritema e parestesia nos pontos de inoculação. Dependendo da dose, tem efeito cardiotóxico com presença de dilatação cardíaca e arritmias. SINAIS CLÍNICOS Classificados em três tipos: • Leves: alterações locais, dor intensa e imediata, os sinais locais são edema e eritema discretos e duas pequenas lesões causadas pela quelíceras. • Moderado: os animais manifestam dor intensa, náuseas, vômitos, taquicardia, sudorese, hipotensão arterial e agitação psicomotora • Graves: os sinais da moderada, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca, edema pulmonar, convulsões e coma. Priapismo também observado. TRATAMENTO Infiltração de lidocaína sem vasoconstrição no local da picada. Pode também anti-inflamatórios ou até mesmo opioides (ex, meperidina). Uso de compressas mornas. Observação de 3 horas para casos leves, 6 para moderados e no mínimo 24 horas para os acidentes graves. REFERÊNCIA Manual de Toxicologia Veterinária
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