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ABANDONO AFETIVO veronica

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ABANDONO AFETIVO
Equipe: 
Verônica Israel de Carvalho RA: 180236
Laura
Abandono afetivo
Conceito:
De acordo com Grace Costa, especialista em direito de família e sucessões, "O abandono afetivo consiste na omissão de cuidado, de criação, de educação, de companhia e de assistência moral, psíquica e social que o pai e a mãe devem ao filho quando criança ou adolescente“;
Já Antonio Jeová Santos define Abandono afetivo como “a ausência de comunicação e de contato entre pai e filho, fatos que são desaguadouro de danos morais”. 
Teoria do desamor
 
 e
abandono afetivo inverso
TEORIA DO DESAMOR
Chamado por alguns de "Teoria do Desamor", o abandono afetivo é, no atual quadro de direito brasileiro, passível de indenização.
Essa teoria foi criada por Dra. Giselda Maria Fernandes Moraes Hironaka, e visa tratar dos casos em que os pais deixam de oferecer o afeto aos filhos, muitas vezes ajudando na questão patrimonial, no entanto, deixando a desejar no quesito de amor, proximidade e de modo geral afetividade.
Se trata de um mecanismo que discute a possibilidade de indenização pelo pai ou mãe que, mesmo tendo cumprido a obrigação de ajudar financeiramente o filho, não o fez no aspecto emocional
Rodrigo da Cunha Pereira, precursor da tese que admite tal indenização, explica que "o exercício da paternidade e da maternidade – e, por conseguinte, do estado de filiação – é um bem indisponível para o Direito de Família, cuja ausência propositada tem repercussões e consequências psíquicas sérias, diante das quais a ordem legal/constitucional deve amparo, inclusive, com imposição de sanções, sob pena de termos um Direito acéfalo e inexigível"
A teoria do desamor gradativamente dota-se de relevante importância na seara jurídica pátria, mesmo porque a jurisprudência dos tribunais já tem reconhecido a necessidade de oferecer tutela jurídica à afetividade familiar.
Efetivamente amar não é dever ou direito. Amar é sentimento intangível pelo Direito. A falta de amor, como sentimento, portanto, não pode gerar indenização.
Porém, o dever do pai e da mãe de ter o filho em sua companhia e educá-lo, de natureza objetiva, está previsto no art. 1.634, I e II do Código Civil.
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
I - dirigir-lhes a criação e a educação; 
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584; 
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê também deveres para os pais, como o dever de assegurar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social do filho menor, em condições de dignidade (ECA, arts. 3º, 4º e 5º). Esses são deveres de natureza jurídica, cujo descumprimento, ao gerar danos, pode acarretar a condenação do inadimplente em pagamento de indenização. 
A indenização não serve para compensar a eventual frustração afetiva dos filhos em relação aos pais, "mas sim como consequência da omissão do pai ou da mãe em relação aos seus deveres legais para os filhos“
Apesar desta matéria ser controvertida no direito de família contemporâneo, é perfeitamente possível a indenização, eis que o pai ou a mãe tem o dever de gerir a educação do filho, conforme artigo 229 da CF/1988 e o artigo 1634 do Código Civil. 
A violação desse dever poder gerar um ato ilícito, nos termos do artigo 186 do Código Civil, desde que provado o dano à integridade psíquica.
ABANDONO AFETIVO INVERSO
O Abandono Afetivo Inverso deriva do Abandono Afetivo comum. Ele acontece quando os filhos abandonam os pais à própria sorte no momento em que mais necessitam de cuidados.
Esse abandono consiste na ausência de afeto, desprezo, desrespeito, o não amor, a não proteção e a falta de cuidados dos filhos para com seu pais idosos.
 Ele está ligado ao dano imaterial, ou seja, um dano que não poderá ser estimado com finalidade pecuniária, visto que atinge diretamente o psicológico, tornando-se difícil medir o grau de sofrimento que o dano causou à vítima.
Nos termos dos artigos 229 e 230 da Constituição da República de 1988, os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade; como também de defender sua dignidade e bem estar, garantindo-lhe o direito à vida, reconhecendo ser seu dever, bem como da sociedade e do Estado. 
 Art.229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filho menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e ampara os pais na velhice, carência ou enfermidade
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
O dever de cuidado com o idoso também se encontra disposto no artigo 98 da Lei 10.741/03. 
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:
 Pena - detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
Trata-se, portanto, de uma obrigação, e não de faculdade.
Embora o dever de cuidado dos filhos para com os genitores idosos seja regulamentado por lei, há também o dever moral e afetivo, que não tem sido respeitado, gerando transtornos psíquicos e agravamento de doenças.
PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE
De acordo com a doutrina contemporânea e a jurisprudência pátria, a afetividade tornou-se um princípio que rege as relações familiares, passando a ter valor jurídico a ser tutelado não só pelo Direito das Famílias, já que diz respeito não só a ligação entre seus membros, mas também à qualidade dessas relações.
 Tal princípio fundamenta-se na tutela da dignidade da pessoa humana, bem como na solidariedade e na igualdade entre os filhos.O afeto aqui é compreendido como a relação de amor no convívio das entidades familiares. E seu rompimento é capaz de gerar dano moral.
O princípio da afetividade apesar de não estar expresso na legislação, pode ser observado tanto na Constituição como no Código Civil e adquire importância sob o aspecto jurídico, tornando um princípio geral que têm gerado consequências principalmente na jurisprudência.
É importante lembrar que afeto não se confunde com o amor. Afeto quer dizer interação ou ligação entre pessoas, podendo ter carga positiva ou negativa. O afeto positivo, por excelência é o amor; o negativo é o ódio.
No tocante às críticas quanto ao valor econômico que o afeto vem sendo tratado, Bernardo Castelo Branco sustenta que: Havendo violação dos direitos da personalidade, mesmo no âmbito da família, não se poder negar ao ofendido a possibilidade de reparação por dano moral, não atuando esta como fator desagregador daquela instituição, mas de proteção da dignidade dos seus membros. A reparação, embora expressa em pecúnia, não busca, nesse caso, qualquer vantagem patrimonial em benefício da vítima, revelando-se na verdade como forma de compensação diante da ofensa recebida, que em sua essência é de fato irreparável, atuando ao mesmo tempo em seu sentido educativo, na medida em que representa uma sanção aplicada ao ofensor, irradiando daí seu efeito preventivo.
CORRENTES DESFAVORÁVEIS À INDENIZAÇÃO PELO ABANDONO AFETIVO DOS PAIS IDOSOS
No que diz respeito às correntes que são contra a indenização pelo dano moral sofrido em decorrência do abandono afetivo, as principais justificativas são a inexistência de ato ilícito, pressuposto necessário para caracterização da responsabilidade civil, e a monetarização do afeto.
Neste sentido, o Tribunal gaúcho aduziu que "o dano moral exige extrema cautela no âmbito do direito de família, pois deve decorrer da prática de um ato ilícito, que é considerado como aquela conduta que viola o direito de alguém e causa a este um dano, que pode ser material ou exclusivamente moral. Para haver obrigação deindenizar, exige-se a violação de um direito da parte, com a comprovação dos danos sofridos e do nexo de causalidade entre a conduta desenvolvida e o dano sofrido, e o mero distanciamento afetivo entre pais e filhos não constitui, por si só, situação capaz de gerar dano moral" (TJRS, Apelação Cível n. 0087881-15.2017.8.21.7000, Porto Alegre, Sétima Câmara Cível, Relª Desª Liselena Schifino Robles Ribeiro, julgado em 31/05/2017, DJERS 06/06/2017)
Também neste sentido, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu que o abandono afetivo “não se reveste de ato ilícito por absoluta falta de previsão legal, porquanto ninguém é obrigado a amar ou a dedicar amor [...] inexistindo a possibilidade de reparação a que alude o art. 186 do Código Civil, eis que ausente o ato ilícito”.
CORRENTES FAVORÁVEIS À INDENIZAÇÃO PELO ABANDONO AFETIVO DOS PAIS IDOSOS
No abandono afetivo o pai ou a mãe que abandona seu filho é responsabilizado pelo seu ato, seja ele de ação ou omissão, o mesmo pensamento é seguido nos casos de abandono afetivo dos pais idosos.
Logo, neste sentido, o voto da Ministra Nancy Andrighi, no recurso especial n. 1.159.242 – SP do Superior Tribunal de Justiça, gerou grande discussão e estimulou o debate a respeito da compensação pelo dano moral decorrente de abandono afetivo. 
Na fundamentação do voto a Ministra Relatora Nancy Andrighi sustentou estarem presentes os elementos necessários à caracterização do dano moral, o dano, a culpa e o nexo causal. Explica ainda que “[...] não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal de cuidar, que é dever jurídico”, assim, a subjetividade da medida do amor foge dos limites legais, diferentemente do cuidado, elemento objetivo que se verifica por meio da presença, contato, e até mesmo diferença de tratamento dado aos demais membros da família. Em síntese, definiu que “amar é faculdade, cuidar é dever”.
Neste sentido, Álvaro Vilhaça Azevedo e Silvio de SalvoVenosa ponderam:
“O descaso entre pais e filhos é algo que merece punição, é abandono moral grave, que precisa merecer severa atuação do Poder Judiciário, para que se preserve não o amor ou a obrigação de amar, o que seria impossível, mas a responsabilidade ante o descumprimento do dever de cuidar, que causa o trauma moral da rejeição e da indiferença”.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
https://emais.estadao.com.br/noticias/comportamento,indenizacao-por-abandono-afetivo-nao-diminui-traumas-mas-da-sensacao-de-justica,70001712965
https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/121822540/o-principio-da-afetividade-no-direito-de-familia
https://ferdar.jusbrasil.com.br/artigos/663667264/a-indenizacao-por-abandono-afetivo
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/478925224/teoria-do-desamor-e-possivel-indenizacao-pelo-abandono-socioafetivo?ref=feed
https://dbraghini.jusbrasil.com.br/artigos/456169233/a-im-possibilidade-de-indenizacao-por-danos-mor
https://joannadark29.jusbrasil.com.br/artigos/663798646/abandono-afetivo-inverso-dever-dos-descendentes-em-relacao-aos-ascendentes-idosos-e-suas-responsabilidades? ais-pelo-abandono-afetivo-do-idoso
https://www.migalhas.com.br/FamiliaeSucessoes/104,MI262537,61044-Da+indenizacao+por+abandono+afetivo+na+mais+recente+jurisprudencia
 
 obrigado.

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