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2 - Sociologia Política e Urbano

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Núcleo de Educação a Distância
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO
Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino
Revisão Ortográfica: Clarice Virgilio Gomes / Bianca Yuredini Santos
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-
de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. 
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas 
pessoais e profissionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são 
outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-
ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver 
um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo 
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de 
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) 
nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. 
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos 
conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
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Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professora: Laudiceia Andrade
Thiago Tavares da Silva
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O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela 
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profissional.
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Esta unidade possui como principal objetivo apresentar concei-
tos referentes à cidade, a partir da introdução de noções fundamentais 
da Sociologia Urbana. O entendimento sobre o surgimento da sociologia, 
enquanto disciplina, assim como da Escola de Chicago, são assuntos 
muito importantes dentro deste tema. Além disso, a apresentação de no-
vas visões e perspectivas sobre a cidade demonstra a pertinência deste 
assunto dentro da Sociologia. Tópicos fundamentais, tais como planeja-
mento urbano e urbanismo também são aprofundados nesta unidade, 
tendo em vista sua relação direta com a vida a cidade e o desenvolvimen-
to do espaço urbano ao longo dos tempos.
Cidade. Escola de Chicago. Sociologia Urbana. Urbanização
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 CAPÍTULO 01
A SOCIOLOGIA URBANA NA ESCOLA DE CHICAGO
Apresentação do Módulo ______________________________________ 11
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Introdução Às Noções Gerais De Sociologia Urbana _____________
Sociologia Urbana E Planejamento Urbano ______________________
A Escola De Chicago ___________________________________________
Recapitulando _________________________________________________
 CAPÍTULO 02
NOVOS TEMAS E NOVAS VISÕES SOBRE A CIDADE
Noções Gerais Sobre O Estudo Da Cidade _______________________
Recapitulando _________________________________________________
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43
Recapitulando _________________________________________________
Fechando a Unidade ___________________________________________
Referências ____________________________________________________
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 CAPÍTULO 03
SOCIOLOGIA URBANA, URBANISMO E PLANEJAMENTO URBANO
Noções Introdutórias __________________________________________
Breve Distinção Entre Urbanismo E Planejamento Urbano ______
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Essa unidade apresenta os grandes temas relacionados à So-
ciologia Urbana. Enquanto um campo com diversas nuances e pers-
pectivas, que são estabelecidas a partir da interface entre o social e o 
urbano, a Sociologia Urbana pode ser estudada sob variados ângulos.
Falar sobre sociologia urbana significa falar sobre uma corren-
te de pensamento americano que se estabeleceu a partir do século XIX. 
O período compreendido entre o final do século XIX e início do século 
XX foi um momento de intensas transformações nas cidades, causadas, 
sobretudo, pelo capitalismo e pela Revolução Industrial.
Nesse contexto, surgiram diversas correntes do pensamento 
que objetivavam analisar como essas mudanças foram implementadas. 
A principal delas foi a Escola de Chicago, corrente de estudo que estu-
dava a cidade de maneira empírica.
Não se pode deixar de mencionar que o criador da Sociologia 
urbana foi George Simmel, um influente filósofo e sociólogo alemão. 
Muitos o consideravam o fundador da Sociologia Formal ou Sociologia 
das formas sociais. Nascido na Alemanha no dia 01 de março de 1858, 
viveu até o dia 28 de setembro de 1918.
A Sociologia urbana é, na verdade, uma área de pesquisa da 
sociologia que visa refletir sobre as principais características do meio 
urbano, sobre as relações sociais que são estabelecidas especifica-
mente na cidade, sobre a realidade moderna que passou a se instaurar 
a partir do desenvolvimento da vida na cidade e, principalmente, sobre 
a sociologia, a sociedade norte-americana.
Com a instituição do final da escravidão, no século XIX, a partir 
de 1865, diversas mudanças profundas passaram a ocorrer, principal-
mente no norte dos EUA. Uma das principais foi o crescimento desor-
denado de algumas cidades, devido ao processo de industrialização.
Dentro desse contexto, é válido lembrar que as cidades norte-
-americanas passam a apresentar um grande crescimento, que, como 
conseqüência, gerou inúmeros problemas sociais.
Assim,no início do século XX, por volta de 1910, alguns inte-
lectuais passaram a refletir sobre as questões específicas da vida ame-
ricana nas grandes cidades, especialmente Chicago.
Sendo assim, o primeiro capítulo dessa unidade abordará so-
bre a Escola de Chicago, uma corrente de pensamento norte-americana 
que foi constituída por um conjunto de intelectuais que objetivavam re-
fletir sobre a vida cotidiana e das relações sociais da vida urbana.
Para dar prosseguimento às explanações do capítulo 1, será 
apresentado um aprofundamento dos temas relacionados à Sociologia 
urbana, com a introdução das noções gerais sobre a disciplina e uma 
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breve história do surgimento da mesma.
No capítulo 2, serão apresentados os novos temas e visões 
sobre a cidade. Ainda, será apresentada uma breve análise do conceito 
de cidade nos séculos XIX, XX e também na contemporaneidade.
Por último, no capítulo 3, serão apresentadas as discussões 
sobre a Sociologia urbana, urbanismo e planejamento urbano.
Assim sendo, a unidade tratará dos principais temas relaciona-
dos à Sociologia urbana a partir da reflexão sobre suas origens, com a 
Escola de Chicago, até a contemporaneidade.
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INTRODUÇÃO ÀS NOÇÕES GERAIS DE SOCIOLOGIA URBANA
Neste capítulo, apresentaremos os principais fundamentos da 
sociologia urbana, assim como teceremos algumas reflexões a respeito 
de como a mesma se desenvolveu dentro de uma tendência teórica 
denominada Escola de Chicago.
Para entender a sociologia urbana de maneira mais aprofunda-
da, é importante nos debruçarmos um pouco na reflexão sobre como se 
deu a origem dos seus estudos. Então, vamos lá...
Breve história do surgimento da sociologia urbana
A SOCIOLOGIA URBANA NA
ESCOLA DE CHICAGO
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Um rápido olhar na história mundial nos aponta que, aproxima-
damente em 1860, começou-se a perceber, na Inglaterra, uma sobrepo-
sição numérica da população urbana em relação à rural.
O processo de industrialização e urbanização sempre ca-
minharam juntos dentro da história. Para aprofundar seus conhe-
cimentos sobre esta relação, assista ao vídeo “Industrialização e 
Urbanização”, do canal do professor Madson Rodrigues.
RODRIGUES, Prof. Madson. Industrialização e Urbaniza-
ção. 2020. (8m15s). Disponível em: https://www.youtube.com/wa-
tch?v=j_VHs4Re2mk. Acesso em: 10 jun. 2021.
Em outras palavras, isso equivale dizer que o número de indiví-
duos que moravam em cidades, passou a ser mais numeroso do que os 
que habitavam no campo. Esta informação, apesar de parecer simplória 
dentro do contexto em que vivemos, é de extrema relevância para nosso 
estudo, pois, historicamente, essa foi a primeira vez que isso aconteceu.
Grande parte desse acontecimento foi resultado das mudanças 
geradas pelo advento da Revolução Industrial. De forma sucinta, pode-
mos entender este processo da seguinte maneira: à procura de novas 
oportunidades de trabalho e de melhores condições de vida oferecidas 
pelas fábricas, os trabalhadores iniciaram um movimento de busca por 
moradia nas áreas próximas aos locais de trabalho.
Como consequência desse deslocamento generalizado, novas 
atividades passaram a ser demandadas a fim de atender a esse novo 
público que chegava à cidade. Desse modo, rapidamente, deu-se início 
a um movimento de criação de novas escolas, comércio, bancos e es-
tabelecimentos.
É indubitável que a coexistência de diferentes formas de viver 
resultaria em um processo que geraria mudanças profundas na estrutu-
ra social, e, na vida dos indivíduos. 
Algumas dessas mudanças foram a alteração no modo de produ-
ção, a urbanização, o êxodo rural e a dominação de classe, tal como apon-
tam as Diretrizes Curriculares Estaduais de Sociologia do Paraná (2008):
Também, a forma de produzir a sobrevivência material da sociedade passou 
por mudanças, com a destruição da servidão e da organização camponesa, 
a consequente emigração da população rural para os centros urbanos, a 
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substituição gradativa da atividade artesanal em manufatureira. Nas grandes 
indústrias, trabalhadores e empresários estabelecem relações de trabalho 
mediadas por sindicatos e associações representativas e defesa de dife-
rentes interesses na sociedade. Todas as mudanças que se processaram, 
resultaram de desequilíbrios, perturbações, rebeliões, protestos, reformas, 
conspirações, novas condições de vida para a população e, sobretudo, aqui 
e ali, o aparecimento de uma consciência social acerca das condições de 
vida, embora não explícita nem extensiva (DCE-PR-Sociologia, 2008, p.40).
As alterações sinalizadas pelas diretrizes, especialmente, a ur-
banização e a dominação de classe, foram fatores determinantes para 
o início dos estudos da sociologia urbana.
Depois de alguns desdobramentos, ainda no século XIX, mo-
mento em que os grandes centros urbanos estavam em crescente ex-
pansão, alguns estudiosos começaram a dedicar-se ao estudo dos pro-
cessos ocasionados pelas mudanças da urbanização/industrialização.
Duas figuras importantes que começaram a debruçar-se sobre 
esses estudos foram os teóricos Ferdinand Tönnies e Georg Simmel. Eles 
consideravam que a mudança era algo inevitável. Nada mais na estrutura 
social seria o mesmo depois do processo de urbanização das cidades.
Ferdinand Tönnies (Figura 1) foi um importante sociólogo alemão, 
que viveu de 1855 a 1936. Sua obra intitulada Comunidade e Sociedade, 
cuja publicação se deu no ano de 1887, foi de extrema relevância para o 
desenvolvimento das bases da Sociologia em seu país, a Alemanha.
Figura 1 – Ferdinand Tönnies
Fonte: Pinterest, 2021.
O desenvolvimento dos estudos sobre a diferenciação entre 
comunidade e sociedade tiveram origem em suas obras. Na concepção 
de Tönnies, o conceito de comunidade pressupõe uma convivência na-
tural, orgânica. Já a sociedade, por sua vez, é baseada em uma convi-
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vência mecânica, ou seja, artificial.
Dentro dessa perspectiva que inaugurou, Tönnies utilizou dois 
conceitos em sua teoria. O primeiro foi denominado de Gemeinschaft, 
que pode ser entendido como os vínculos sociais estáveis, que são es-
tabelecidos de maneira duradoura, através das relações cotidianas.
Outro conceito criado por ele foi o de Gesellschaft, que pode ser 
entendido como os vínculos temporários, que são estabelecidos de forma 
efêmera e, portanto, esvaziam-se e diluem-se com certa facilidade.
Sem dúvida, Tönnies possui inúmeras contribuições dentro 
do campo da sociologia urbana. Contudo, destacamos os fatos acima 
apresentados por se relacionarem ao objetivo deste capítulo.
A obra de Ferdinand Tönnies é muito elucidativa para a 
compreensão dos fenômenos urbanos. Para aprofundar seus co-
nhecimentos sobre a mesma, leia o livro de Orlando Miranda, que 
pode ser considerado um manual acerca da obra de Tönnies.
MIRANDA, Orlando (Org.). Para ler Ferdinand Tönnies. São 
Paulo: EDUSP, 1995. 
Agora, vamos conhecer um pouco sobre Georg Simmel, outro 
importante pensador da Sociologia urbana.
George Simmel (Figura 2) foi um influente filósofo e sociólogo 
alemão. Muitos o consideravam o fundador da Sociologia Formal ou So-
ciologia das formas sociais. Nascido na Alemanha no dia 01 de março 
de 1858, viveu até o dia 28 de setembro de 1918.
Figura 2 – George Simmel
 
Fonte: Nextews, 2021.
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Sua obra foi constituída, basicamente, por ensaios críticos, nos 
quais demonstrava a defesade uma filosofia relativista.
Como dito anteriormente, Simmel foi o fundador da Sociologia 
das formas sociais, cujos principais estudos foram dedicados à análise 
das formas e das relações sociais.
Simmel colaborou com Durkheim para a revista L’AnnéSociolo-
gique e também foi conhecido como fundador da Sociologia como ciên-
cia autônoma das formas de associação.
Simmel considerava que a presença de variados estímulos dos 
grandes centros urbanos, tais como atravessar o semáforo ou mesmo 
olhar os veículos passarem gerava nos indivíduos certa “desconexão” 
com a realidade, ou seja, segundo ele essa indiferença atuava como 
uma forma de sobreviver frente a sua vivência social.
Assim, Simmel preocupava-se em estabelecer relações entre 
os sujeitos e a vida na sociedade. Ele considerava que Durkheim não 
conseguia captar a intencionalidade dos sujeitos.
De certo modo, Simmel buscou responder às seguintes ques-
tões a partir de sua teoria sociológica:
- Como os indivíduos podem resistir à uniformização imposta 
pelo mecanismo social?
- Como as personalidades acomodam as forças externas?
Um importante conceito dentro da teoria do autor é a ideia de 
individualização. Sobre esse conceito, ele considera que há uma reali-
dade antagônica entre a vida na cidade pequena e na cidade grande. 
Nas cidades pequenas, as imagens mentais são elaboradas 
de maneira vagarosa há uma uniformidade nos acontecimentos. Já nas 
grandes cidades, as imagens mentais são realizadas de maneira intensa.
O livro “Questões fundamentais da sociologia: indivíduo 
e sociedade”, edição de 2016, pela Zahar, foi a primeira a ter sido 
lançada de forma completa no Brasil. Em seu livro, Simmel reflete 
sobre questões relacionadas à analise entre os indivíduos e a so-
ciedade. Organizada em quatro capítulos na versão original, a edi-
ção brasileira é dividida em subcapítulos. Leia a obra e aprofunde 
seus conhecimentos!
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SIMMEL, George. Questões fundamentais da sociologia: 
indivíduo e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2006. 
De acordo com Stecher (1995), 
O nome de Georg Simmel está associado primeiramente à sociologia urba-
na. Com toda a razão! A cidade, e num sentido mais exato, a capital do Reich 
na virada do século, Berlim, foi o ambiente do qual emergiu G. Simmel. Esta 
cidade foi, ao mesmo tempo, a forma concreta da modernidade, que pro-
vocou e estimulou o seu pensamento. A cidade grande era, para Simmel, a 
essência da vida moderna, o lugar do transitório, do fugitivo, do efêmero, um 
lugar dinâmico, no qual se vivia mais, porque se vivia mais rápido. Ao mesmo 
tempo, a cidade grande é o espaço onde a luta de resistência do indivíduo 
(ou seja, da vida) contra a sociedade ganha os seus mais claros contornos: 
no subjetivismo exagerado, no distanciamento um dos outros e no medo do 
contato com o outro, na tentativa de se destacar e se fazer notar, no esno-
bismo. É o lugar do neurastênico! O estímulo permanente torna-se remédio 
contra a total indiferença (STECHER, 1995, p. 183).
A citação de Stecher (1995) demonstra, de forma até mesmo li-
terária, a importância do espaço urbano na constituição do indivíduo, que 
ora se vê deslumbrado diante das múltiplas sensações que a cidade pode 
proporcionar, ora se sente apreensivo diante da proximidade com o outro. 
Outra importante contribuição de Georg Simmel foi a fundação 
da Sociedade Alemã de Sociologia. No ano de 1909, juntamente com 
Ferdinand Tönnies, Werner Sombart e Max Weber, ele funda a Socie-
dade Alemã de Sociologia.
A ESCOLA DE CHICAGO
A escola de Chicago trata-se de uma das tendências norte-a-
mericanas mais importantes dentro do campo da Sociologia.
Apesar de amplamente difundida e conhecida ao redor do 
mundo, sua história, assim como os desdobramentos relacionados a 
ela precisam ser estudados de maneira mais aprofundada. Deste modo, 
na subseção a seguir, será apresentado um breve contexto histórico do 
surgimento da escola de Chicago.
Uma informação importante sobre esta tendência teórica é que 
suas discussões, tais como as questões ambientais e a criminologia 
urbana, não se enquadram dentro dos temas abordados pelos autores 
clássicos, tais como Durkheim, Marx e Weber, por exemplo.
Georg Simmel e Max Weber, autores muito importantes dentro 
dos estudos sociológicos, tiveram uma preocupação muito acentuada 
em compreender como os fenômenos sociais podem ser interpretados 
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pela Sociologia.
Nesse ponto, torna-se extremamente necessário apresentar 
uma diferenciação entre a sociologia simbólica e a sociologia positivista, 
que tem como seu principal representante Emile Durkheim.
A sociologia simbólica busca uma compreensão dos fenômenos 
sociais a partir da reflexão dos fenômenos sociais urbanos, bem como os 
fenômenos contemporâneos da industrialização. A sociologia clássica, por 
sua vez, preocupa-se em realizar uma descrição dos fenômenos sociais, 
sem se preocupar em estabelecer relações interpretativas sobre eles.
Breve história do surgimento da Escola de Chicago
Na década de 1910, a sociedade norte-americana, apesar de 
já ter seu processo de independência realizado no século XVIII, ainda 
passava por um momento em que se percebia a persistência da es-
cravidão, com grandes processos de conflitos e guerras, o que acabou 
resultando em uma grande exclusão social da população negra.
Tal fato causou um acirramento das questões sociais, principal-
mente aquelas relacionadas aos aspectos sociais e raciais.
Apesar da independência norte-americana ter se efetivado 
no ano de 1776, seus efeitos ainda traspassavam na segunda me-
tade do século XIX. Muitas colônias dos EUA, principalmente as 
do Sul do país, tiveram um sistema de plantio baseado no sistema 
de plantation, que era basicamente, um sistema de monocultura 
e escravidão. Assista ao vídeo abaixo e conheça um pouco mais 
dos movimentos que buscaram a legitimação da busca por direitos 
civis para todos os indivíduos.
PARABÓLICA. Movimentos dos direitos civis dos negros 
nos EUA. 2019. (20m59s). Disponível em: https://www.youtube.
com/watch?v=fTdGDfC8iNk&t=253s. Acesso em: 13 jun. 2021.
Com o avanço da industrialização dos EUA, no início do sécu-
lo XX, a sociedade norte-americana deu saltos quantitativos em níveis 
econômicos. O auge da sociedade de consumo neste século se deu por 
volta dos anos 20.
Contudo, esse excesso de expectativa diante do mercado oca-
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sionou o crash, ou, como é muito conhecido, a quebra na bolsa de valo-
res, no ano de 1929. Como consequência, começou a haver um grande 
crescimento da pobreza e a criação de “guetos”.
Abordando mais especificamente sobre a cidade de Chicago, a 
análise do contexto social da época demonstra que o surgimento desta 
escola relaciona-se de maneira direta ao processo de expansão urbana 
e crescimento demográfico da cidade de Chicago nos anos iniciais do 
século XX.
O processo de urbanização da cidade de Chicago relacio-
na-se diretamente a questões de marginalização e extrema pobre-
za. Desse modo, a análise do contexto social, em geral, é capaz de 
auxiliar na compreensão entre a marginalidade social e o fenôme-
no delituoso.
Leia o artigo “Urbanização, favela e violência: a teoria da 
escola sociológica de Chicago sob a ótica social brasileira” para 
compreender um pouco mais entre a relação do contexto social e 
a criminalidade.
BASÍLIO, Jéssyka. Urbanização, favela e violência: a teoria 
da escola sociológica de Chicago sob a ótica social brasileira. Re-
vista Transgressões, v.2 n.1, p.33-49, 9 fev. 2015.
Uma informação muito pertinente a esse estudo refere-se ao 
fato de que a escola de Chicago é uma tendência teórica. Entretanto, 
cabe ressaltar que ela não se restringe a explicar única e exclusiva-
mente os fenômenos norte-americanos,pois, apesar de ter surgido em 
um tempo e espaço específico, ao longo do século XX seus princípios 
foram se "ramificando" em outras tendências.
O rápido desenvolvimento das indústrias nas cidades da região 
do meio Oeste dos Estados Unidos provocou uma grande mudança no 
espaço e funcionamento urbano.
Desse modo, logo a cidade de Chicago começou a perceber 
fenômenos sociais urbanos muito peculiares, tais como: aumento de 
níveis da delinquência juvenil e imigração.
Estas questões começaram a chamar a atenção de um grupo 
de estudiosos da Escola de Chicago. Dentre eles, destacaremos os se-
guintes: Robert E. Park, Ernest Burgess e Louis Wirth.
Falando em termos históricos, a Escola de Chicago, também 
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conhecida como Escola Sociológica de Chicago, teve seu surgimento 
nos Estados Unidos, no ano de 1910.
O historiador e sociólogo Albion Woodbury Small era docente 
do Departamento de Sociologia da Escola de Chicago e foi fundador do 
departamento de Ciências Sociais na mesma Universidade. 
Figura 3 – Albion Woodbury Small
 
Fonte: Prabook, 2021.
Fundada em 1890 e inaugurada no ano de 1892, a Universida-
de de Chicago, que havia sido construída na cidade que apresentava 
o maior índice de crescimento da época, recebeu doações de batistas.
Informações confirmam que a Universidade de Chicago, assim 
como o Departamento de Sociologia foram beneficiados com o auxílio 
financeiro do empresário norte-americano John Davison Rockefeller.
Esse auxílio foi um grande incentivo à produção da universida-
de, pois o período compreendido entre os anos de 1915 e 1940 foi mar-
cado por uma intensa e profícua produção de pesquisas sociais de obras 
destinadas a investigar mais especificamente os fenômenos sociais que 
aconteciam nas cidades da grande metrópole norte-americanas.
O historiador e sociólogo Albion Woodbury Small era um dos 
docentes do Departamento de Sociologia da Escola de Chicago e, como 
já citado, foi fundador dela.
Em relação à sua criação, é importante sinalizar que a escola de 
Chicago foi criada a partir da iniciativa de sociólogos integrantes do corpo 
docente do departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, que 
havia sido fundado pelo historiador e sociólogo Albion W. Small.
Os estudiosos da Escola de Chicago exerceram um papel cen-
tral no desenvolvimento de diversas disciplinas acadêmicas, tais como 
crítica literária, direito, economia, dentre outras. 
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De maneira prática, a partir da criação da escola de Chicago 
iniciou-se um novo campo de pesquisa dentro da sociologia, cujo princi-
pal objetivo era tratar acerca dos fenômenos urbanos.
Assim, pode-se dizer que a criação da escola foi, na verdade, o 
embrião inicial para posterior constituição da sociologia urbana.
Figura 4 – Robert Ezra Park
 
Fonte: Brittanica, 2021.
Como citado anteriormente, Robert Ezra Park (Figura 4) é con-
siderado um grande ícone dentro dos estudos urbanos. Na verdade, ele 
foi o precursor das pesquisas dentro desta área.
Robert Park nasceu em Harveyville, no Kansas, no ano de 
1864 e faleceu em Nashville,Tennessee, em 1944.
Reconhecido mundialmente como um grande sociólogo norte-
-americano e um dos mais proeminentes pensadores da escola de Chi-
cago, produziu trabalhos relacionados a relações de raça, movimentos 
sociais e organização do espaço urbano.
Uma grande marca de suas obras é a utilização de observação 
concreta do comportamento humano, assim como as relações dos indi-
víduos do contexto Urbano, o que fez com que incentivasse frequente-
mente seus alunos a irem juntos às ruas a fim de terem contato direto 
com as comunidades que eram marginalizadas na sociedade.
Tendo em vista a grande diversidade pela qual eram caracteri-
zadas, as pesquisas foram extremamente importantes para o desenvol-
vimento dos estudos da sociologia urbana.
Como já exposto, é de Park o termo “ecologia humana”. Junta-
mente com Ernest Watson Burgess e Roderick Duncan McKenzie, ele 
criou o conceito de ecologia humana, que se configura como um dos 
pressupostos teóricos dentro dos estudos da sociologia urbana.
Por ser um conceito extremamente basilar dentro da sociologia 
urbana, torna-se importante um maior aprofundamento sobre o mesmo.
 O conceito de ecologia urbana foi utilizado como referência 
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para a análise do comportamento humano.
Dentro da perspectiva ecológica há um debate acerca do habi-
tat social (espaço físico e relações sociais). O principal questionamento 
é se esse habitat pode influenciar ou até mesmo determinar o estilo e o 
modo de vida das pessoas.
Isso equivale a afirmar que a abordagem ecológica se preo-
cupa em pesquisar o nível de interferência que o meio social pode ter 
em relação ao indivíduo, ou seja, busca-se averiguar se os comporta-
mentos dos indivíduos que cometem crime ou delito possuem alguma 
relação direta com o meio em que vivem.
Um ponto interessante acerca do conceito de ecologia urbana, 
assim como de concepção ecológica da sociedade, refere-se ao fato de 
que elas receberam uma influência muito forte das abordagens teóricas 
do evolucionismo social.
A perspectiva evolucionista esteve presente nos momentos ini-
ciais do conhecimento da sociologia, quando eram realizadas analogias 
entre o mundo animal e vegetal com o meio social.
Partindo do pressuposto de que a cidade pode ser considerada 
como um laboratório social, os pesquisadores utilizavam os métodos 
empíricos de maneira sistemática para realizar as pesquisas sociológi-
cas, que visavam à coleta de dados e a captação de informações acer-
ca das condições de vida das pessoas que viviam no espaço urbano.
 A partir de um estudo um pouco mais aprofundado da relação 
entre ecologia e cidade, percebe-se que os pesquisadores de Chicago 
utilizavam a ciência ecológica para formular os conceitos e proposições 
relacionados ao estudo da sociedade.
De maneira sintética, os pesquisadores da escola de Chicago 
estudavam como se dava as relações do homem com o meio a partir da 
descrição dos aspectos sociais de adaptação,do desenvolvimento e a for-
ma em comunidade da população humana, a partir da descrição do pro-
cesso de organização das relações intercaladas na adaptação ao meio.
Neste sentido, cabe ressaltar a pertinência das ideias de adap-
tação e equilíbrio para os pesquisadores da escola de Chicago.
Esses construtos são verificados de maneira profunda no con-
ceito de ecologia humana, já que, como afirma Park, ela consistia:
"...fundamentalmente, em uma tentativa de investigação dos processos pelos 
quais o equilíbrio biótico e o equilíbrio social se' mantêm uma vez alcança-
dos, e dos processos pelos quais, quando o equilíbrio biótico e o equilíbrio 
social são perturbados, se faz a transição de uma ordem relativamente está-
vel para outra" (PARK, 1948, p.36).
Marafon (1996, p. 154-155) apresenta alguns conceitos e pro-
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posições que são utilizados pela escola de Chicago para descrever os 
processos de mobilidade e movimento da população. A seguir, são apre-
sentados cada um destes movimentos, assim como o conceito apresen-
tado pelo autor no texto: O espaço urbano: a abordagem da escola de 
Chicago e da escola Marxista.
Comunidade urbana - o conceito de comunidade urbana é pro-
posto como um todo, como um organismo constituído de partes que 
possuem relações e funções entre si.
Fluidez - A fluidez é outro conceito proposto pelos ecólogos hu-
manos e está vinculada ao desenvolvimento dos meios de transportes 
e comunicações; remete ao movimento do indivíduo, na comunidade 
urbana, sem a alteração da sua posição ecológica.
Concentração - Seria a reunião, em massa, de seres humanos 
e utilidades, em áreasonde a natureza ou o homem desenvolveram as 
condições favoráveis à satisfação das necessidades de sustento, sen-
do, a mesma, medida, através da densidade.
Centralização - Seria a integração dos seres humanos e facili-
dades, ao redor de pontos focais, onde ocorre, com mais frequência, a 
integração social, econômica e cultural. Na área central, se concentra-
riam as principais atividades econômicas, sociais e culturais da cidade.
Segregação - Para os representantes da Escola de Chicago, a 
segregação refere-se ao processo de seleção que ocorre em uma co-
munidade urbana, resultante, basicamente, mas não exclusivamente, da 
competição econômica que determina a distribuição ecológica da popula-
ção na cidade. Seria uma concentração de grupos populacionais, dentro 
de um dado território, sendo a expressão espacial a "área natural".
Invasão - Seria a penetração de uma área segregada por um gru-
po de população diferente do que a ocupa. É um processo de substituição 
de um grupo por outro, muitas vezes ligado a mudanças nos usos do solo.
Sucessão - É o resultado final de um ciclo de invasão e corres-
ponde a uma mudança de utilização do solo ou do grupo populacional.
Os conceitos apresentados nos parágrafos anteriores podem 
contribuir para a formação de uma dimensão mais geral da forma como 
os ecólogos da Escola de Chicago consideravam a questão dos movi-
mentos sociais e seus desdobramentos dentro do funcionamento do 
espaço urbano.
Mas como se deu o estabelecimento da escola de Chicago 
como uma escola de Sociologia? Sem dúvida alguma, há fatores bem 
específicos que podem ser levados em consideração para solucionar 
este questionamento.
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Nossa proposta é que reflitamos um pouco sobre os proces-
sos internos que aconteciam dentro da universidade e perceber como 
os mesmos contribuíram para a formação de uma escola organizada e 
com uma função social extremamente importante, tanto dentro da histó-
ria de Chicago, como na história mundial.
Bulmer (2020) aponta algumas razões que podem ser usadas 
como justificativa para o questionamento apresentado no parágrafo an-
terior.
A tendência de Chicago de produzir escolas academicamente de sociologia, 
ciência política e economia, culturalmente de arquitetura e literatura pode 
também ser considerada em termos de qualidades distintivas da cidade e da 
relação da universidade com ea. A universidade não era isolada da cidade 
em que estava localizada. Os membros das equipes da universidade esta-
vam fortemente envolvidos em questões locais desde o início, proporcionan-
do uma orientação e um conjunto de vínculos que ajudavam a estimular a 
pesquisa local (BULMER, 2020, p. 21-22).
Além das questões apresentadas acima, torna-se elucidativo 
citar as seguintes informações:
- Chicago era o principal centro de estudos de sociologia desse 
período;
- Havia assistência de um esforço coletivo dentro do empreen-
dimento. Exemplo disso são as escolas de Chicago de Filosofia, de 
Ciência Política e de Economia, que já estava começando a se formar. 
Becker (1996), importante sociólogo americano que estudou 
na Universidade de Chicago, ficou conhecido por seus estudos relacio-
nados à arte, educação e ocupações. 
Uma de suas contribuições para os estudos sociológicos foi 
a sociologia do desvio. Com sua Clássica obra Art Worlds (1982) ele 
influenciou de maneira direta a sociologia da arte a partir da análise dos 
contextos culturais nos quais as obras dos artistas eram produzidas.
Becker (1996), em uma conferência para o Programa de Pós-
-Graduação em Antropologia Social (Museu Nacional, UFRJ) comenta 
sobre a Escola de Chicago e a história das organizações, na qual ele 
disserta sobre a origem da Escola.
Nessa parte da conferência, ele analisa a importância da atua-
ção de Park na constituição da Escola de Chicago e no desenvolvimen-
to do que viria a ser uma das principais características: a utilização do 
empirismo na análise dos fenômenos urbanos:
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Sob a orientação de Park, duas ou três gerações de cientistas sociais se 
formaram e iniciaram sua vida profissional. Ele não teve influência apenas 
sobre a sociologia: os historiadores, por exemplo, começaram a estudar a 
história de Chicago; os cientistas políticos, as organizações políticas da ci-
dade e a natureza da máquina política local – um importante estudo sobre 
os políticos negros em Chicago foi elaborado; os economistas voltaram sua 
atenção para a economia da cidade. Quando Park chegou, o Departamento 
era de sociologia e antropologia, de modo que muitos antropólogos de sua 
geração receberam sua influência, particularmente Robert Redfield, conhe-
cido por seu trabalho sobre a cultura folk e as sociedades camponesas. De 
certa forma, o trabalho de Redfield derivou diretamente da maneira como 
Park entendia a relação entre a cidade e o campo (BECKER, 1996, p. 181). 
Diante disso, pode-se afirmar que a figura de Park foi extre-
mamente relevante no desenvolvimento da forma como os estudos da 
Universidade foram implementados e serviram como base para outros 
campos de estudo, tais como as ciências políticas.
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CAPÍTULO 1 
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
A Revolução industrial pode ser diretamente relacionada à questão da ur-
banização e surgimento da Sociologia urbana. Justifique essa afirmativa 
tomando como base as informações apresentadas ao longo do capítulo.
TREINO INÉDITO
QUESTÃO 01
O historiador e sociólogo ___________________era docente do De-
partamento de Sociologia da Escola de Chicago e foi fundador do 
departamento de Ciências Sociais na mesma Universidade
a) Ernest Watson Burgess 
b) Roderick Duncan McKenzie. 
c) Georg Simmel
d) Albion Woodbury Small 
e) Davison Rockefeller.
QUESTÃO 02
Que nome se dá ao processo a partir do qual o número de indiví-
duos que moravam nas cidades passou a ser mais numeroso do 
que os que habitavam no campo?
a) Urbanização
b) Revolução Industrial
c) Escola de Chicago
d) Revolução Francesa
e) Revolução do Campo
QUESTÃO 03
Ferdinand Tönnies foi:
a) Um influente filósofo e sociólogo alemão, conhecido como o fundador 
da Sociologia Formal ou Sociologia das formas sociais;
b) Docente do Departamento de Sociologia da Escola de Chicago e foi 
fundador do departamento de Ciências Sociais na mesma Universidade;
c) Um empresário norte-americano e principal doador de recursos da 
Escola de Chicago;
d) Um importante sociólogo francês, que viveu de 1855 a 1936. Sua 
obra intitulada As cidades invisíveis;
e) Um importante sociólogo alemão, que viveu de 1855 a 1936. Sua 
obra principal foi intitulada Comunidade e Sociedade.
QUESTÃO 04
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Os estudiosos da Escola de Chicago exerceram um papel central 
no desenvolvimento de diversas disciplinas acadêmicas, dentre as 
quais:
a) Crítica literária, direito e economia;
b) Medicina, biologia e direito;
c) Crítica literária, jornalismo e publicidade;
d) Direito, economia e medicina;
e) Biologia, direito e economia.
QUESTÃO 05
Robert Park, nascido em Harveyville, no Kansas, no ano de1864 e 
falecido em Nashville,Tennessee, em 1944 foi:
a) Um influente filósofo e sociólogo alemão, conhecido como o fundador 
da Sociologia Formal ou Sociologia das formas sociais;
b) Docente do Departamento de Sociologia da Escola de Chicago e foi 
fundador do departamento de Ciências Sociais na mesma Universidade;
c) Um empresário norte-americano e principal doador de recursos da 
Escola de Chicago;
d) Um grande sociólogo norte-americano e um dos mais proeminentes 
pensadores da escola de Chicago produziu trabalhos relacionados a 
relações de raça, movimentos sociais e organização do espaço urbano;
e) Um importante sociólogo alemão, queviveu de 1855 a 1936. Sua 
obra principal foi intitulada Comunidade e Sociedade.
NA MÍDIA
ESCOLA DE CHICAGO: AFINAL, O AMBIENTE INFLUENCIA O COM-
PORTAMENTO CRIMINOSO?
A escola de Chicago caracterizou-se como o berço da Sociologia ameri-
cana nos anos 30. Ela estudou a cidade e a capacidade que esta possui 
de influenciar as condutas, principalmente as criminosas.
Um dos motivos que fazem com que os centros urbanos sejam mais 
propensos à realização de práticas criminosas é que nas zonas rurais 
as pessoas acabam tendo um maior grau de proximidade.
As cidades, por outro lado, as pessoas vivem em constante movimento 
e apresentam uma maior tendência à mudança.
Esta mudança refere-se tanto ao deslocamento físico como também a 
ausência ou precariedade devido às inúmeras mudanças ocasionadas 
pela vida nos grandes centros urbanos.
Leia o artigo para saber mais como a cidade pode influenciar o compor-
tamento do indivíduo.
Fonte: Canal Ciências Sociais
Data: 03 nov. 2016.
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Leia a notícia na íntegra: 
LAVOR, Isabelle Lucena. Escola de Chicago: Afinal, o ambiente influen-
cia o comportamento do criminoso? Canal Ciências Sociais, Porto Ale-
gre, 03/11/2016. Disponível em: https://canalcienciascriminais.com.br/
escola-de-chicago/ Acesso em: 17 jun. 2020.
NA PRÁTICA
Um grupo de pedagogos de certa escola estadual de um dos municí-
pios de São Paulo percebeu que a grande maioria dos alunos que eram 
oriundos de determinado bairro apresentavam um comportamento ex-
tremamente violento.
Tal fato suscitou uma reflexão do corpo pedagógico da escola e, depois 
de realizarem algumas entrevistas informais com os funcionários e al-
guns alunos da unidade escolar, começaram a perceber que o bairro 
trata-se de um lugar historicamente marcado pela violência.
Assim, a escola, na figura de seu corpo pedagógico, criou um projeto 
chamado “A escola de São Paulo”.
A partir dele, os alunos deveriam iniciar um processo de reflexão sobre 
os acontecimentos que já haviam e estavam acontecendo no bairro.
Para isso, eles deveriam realizar entrevistas e começar a utilizar a ca-
pacidade crítica deles, assim como o de observação.
Depois da realização do diagnóstico, os próprios alunos deveriam apre-
sentar propostas para a redução dos índices de violência na região.
PARA SABER MAIS
Vídeo sobre o assunto: Escola de Chicago (Ecologia Criminal)
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=VS6YMAjdGZA
PROFESSOR DIOGO PUREZA. Escola de Chicago (Ecologia Crimi-
nal).2020 (13m18s). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?-
v=aDdKynEeRv0Acesso em: 16 jun. 2021. 
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NOÇÕES GERAIS SOBRE O ESTUDO DA CIDADE
O estudo da cidade, enquanto local que proporciona a conexão 
com variados tipos de experiência, pode ser realizado a partir de dife-
rentes perspectivas.
Uma análise sincrônica do termo cidade é capaz de oferecer 
uma interpretação que inclui noções de interação de pessoas, presta-
ção de serviços e lazer.
Uma análise diacrônica, por sua vez, demonstra que algumas 
épocas anteriores marcaram o conceito de cidade de uma forma um 
pouco diferente da que temos na contemporaneidade.
ESTUDO DA CIDADE: NOVOS
TEMAS E PERSPECTIVAS
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Breve análise do conceito de cidade no século XIX, XX e na con-
temporaneirade
Ao analisar textos da literatura do século XIX, é possível perce-
ber a utilização extensiva de metáforas para fazer referência à cidade. 
Um exemplo típico de imagem literária utilizada na época é a 
do poeta inglês William Wordsworth (1770-1850), em 1880, ele referiu-
-se a Londres como um monstruoso formigueiro, que estava plantado 
na planície.
A análise dessa figura de linguagem já demonstra a quantidade 
expressiva de indivíduos no espaço urbano.
 Além disso, ele ressaltou características relacionadas a um 
mundo atarefado (busy world) e a rapidez das cores, das formas e das 
luzes, características muito comuns nas cidades, mesmo atualmente, 
no século XXI.
Outra imagem apontada pelo poeta como característica da ci-
dade é o fato de as pessoas passarem umas pelas outras, sem ao me-
nos se entreolharem, o que demonstra o distanciamento dos indivíduos 
no espaço urbano. 
Na figura 5, logo abaixo, é possível perceber a emergência de 
uma sociedade cada vez mais veloz e ocupada, marcada por um ativis-
mo e constantes atividades, realizadas de forma cotidiana.
Figura 5 – Cidade de Londres, no século XIX.
 
Fonte: Vitruvius, 2017. 
As diferentes visões sobre a cidade a partir de uma perspectiva 
moderna dialogam constantemente com a análise sobre a manifestação 
da história do poder.
Dentro dessa perspectiva, é possível comentar que arquitetura 
do tecido urbano é capaz de realizar certa sugestão de multiplicação de 
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um repertório em que projetos urbanos distintos passam a se subordi-
nar ao funcionamento do plano da cidade.
Deste modo, a utopia da cidade moderna é capaz de difundir 
no território muito mais do que um plano apenas, mas um poder insti-
tuído, que tem como base uma profunda rede de ações que visam à 
transformação do território.
Se considerarmos as funções reguladoras advindas do projeto 
político da modernidade, encontraremos dois princípios que, de acordo 
com Santos (1995), devem ser levados em consideração ao se realizar 
uma análise como tal.
1º Regulação: é pautado no papel do estado moderno, do mer-
cado e da civilização (SANTOS, 1995).
2º Emancipação: baseia-se nas lógicas das racionalidades 
convencionadas em uma racionalidade da moral-prática da ética (SAN-
TOS, 1995). 
Vicentini (2001, p.10), analisando a obra de Santos (1995), 
conclui que o projeto de cidade, se considerado a partir de uma pers-
pectiva mais moderna na sociedade, transformou-se em uma forma de 
concentração de poder e até mesmo exclusão:
Sobre as funções reguladoras, enquanto projeto político da modernidade, 
Souza Santos (1995) baseia sua análise em dois princípios, o da regulação. 
Define, desta forma, uma complexidade interna da discussão, com a riqueza 
e a diversidade que articulam o projeto da modernidade, expondo um pro-
jeto ambicioso e revolucionário que, no transcorrer do século XX, torna-se 
um modelo de concentração e exclusão que vai penetrar todos os princípios 
articulados da modernidade. Conforme o autor, no pilar da regulação o cres-
cimento, sem precedentes do mercado, rompe os limites territoriais e insti-
tucionais, concentrando-se na formação de conglomerados que esboçam a 
hegemonia do final do século (VICENTINI, 2001, p.10-11).
Assim, tal projeto, durante o século XX, foi se mostrando cada 
vez mais especializado e com uma diferenciação funcional.
Em sua tese de Doutorado, intitulada Na cidade brasileira 
entre os séculos XIX e XX: periferias e centros, pobrezas e rique-
zas, Alícia Duarte Penna apresenta uma análise aprofundada sobre 
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as desigualdades sociais das cidades brasileiras nos séculos XIX 
e XX. Para saber mais, leia a tese, em sua íntegra:
PENNA, Alícia Duarte. Na cidade brasileira entre os sécu-
los XIX e XX: periferias e centros, pobrezas e riquezas. 2011. Tese 
(Doutorado em Geografia) - Instituto de Geociências da Universida-
de Federal de Minas Gerais, UFMG, Belo Horizonte, 2011.
Vicentini aponta para a questão da exclusão e das desigualda-
des sociais, tão comuns nos espaços urbanos.
Conforme o processo de urbanização foi se desenvolvendo, os 
indivíduos que ficavam mais na parte periferia começaram a passar por 
processos de exclusão referentes às atividades, serviços e políticas oferta-dos pelos espaços urbanos, principalmente os localizados na parte central.
Ao trazer alguns aspectos das cidades brasileiras do século 
XIX e XX, Penna (2011) apresenta algumas considerações. Dentre elas, 
encontram-se as seguintes:
1º Entre os séculos XIX e XX, diferentes estruturas forjaram 
diferentes desigualdades entre periferias e centros na cidade brasileira; 
2º Então, diferentes desigualdades entre periferias e centros 
corresponderam a diferentes momentos e engendraram diferentes po-
brezas e riquezas; 
3º Quanto mais radical a segregação socioespacial, mais radi-
cais as desigualdades entre pobrezas e riquezas, mais radical o desapa-
recimento do tempo (e do corpo) no espaço social (PENNA, 2011, p. 26).
É interessante citar, também, o princípio da racionalidade es-
tética, que é explorado por Harvey (1992). Tal princípio considera, no 
campo do urbanismo, uma ideia de totalidade, ou seja, uma ligação 
com a possibilidade de um planejamento racional, segundo o qual se 
desejava o alcance da igualdade social.
Do mesmo modo, o referido princípio converge com a finalida-
de prática da urbanização, o que, nas palavras de Vicentini (2001, p.10) 
equivale à “racionalização global da vida coletiva e da vida individual na 
cidade. Assim, a cidade zonificada veio a se constituir na culmina ação 
do projeto moderno racionalista”.
Dando sequência à análise histórica dos conceitos relacionados 
a cidade, é interessante citar que a crise no mundo pós-guerra significou 
a crise do humanismo e de uma sociedade ocidental racionalizada.
Como consequência daquele contexto, passou-se a haver, 
cada vez mais uma consciência acerca das características que distin-
guem o mundo humano do mundo da objetividade científica.
Por último, Santos (1995), sinaliza que, entre os anos 80/90 per-
cebeu-se uma reação de perplexidade diante da imprevisibilidade dos 
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acontecimentos, rapidez e profundidade em relação ao tempo presente.
De certo modo, segundo ele, a confusão entre teoria e realida-
de tomou uma proporção tão grande que fez parecer que a realidade 
havia tomado o lugar da teoria.
Assim, têm-se duas realidades. A primeira é a que considera 
a realidade como hiper-real, já que transcende a teoria. Por outro lado, 
a outra que considera que a realidade que pode ser considerada até 
mesmo banal, pois, como há certa facilidade na teorização, chegando a 
ideia de que a teoria é a própria realidade ou, nas palavras de Vicentini 
(2001, p.10) “tão fácil que a banalidade quase nos faz crer que a teoria é 
a própria realidade com outro nome, isto é, que a teoria se autorrealiza”.
Argan (1998) considera que a cidade, no mundo contemporâ-
neo, tornou-se, na verdade, um “sistema de serviços” que é oferecido 
aos indivíduos que fazem parte dela:
A concepção da cidade linear de Soria y Mata já desloca, no fim do século 
passado, os termos do problema urbanístico, levando os do desenvolvimento 
da cidade para a urbanização do território. Hoje, a cidade não pode mais ser 
considerada um espaço delimitado, nem um espaço em expansão; ela não 
é mais considerada espaço construído e objetivado, mas um sistema de ser-
viços, cuja potencialidade é praticamente ilimitada (ARGAN, 1998, p. 2015).
A partir da citação acima, é possível perceber a construção de 
um conceito, de certo modo, subjetivo, que atrela à concepção de cida-
de às funções que são realizadas dentro dela.
Refletindo um pouco sobre esta concepção de cidade dentro 
dessa ótica de prestação de serviços e oferta de atividades, torna-se 
pertinente considerar as reflexões apresentadas por Vicentini (2001), 
que disserta sobre a desintegração da ideia moderna da racionalidade 
global da vida social e pessoal.
Segundo ele, as subjetividades que correspondem, na verda-
de, as formas básicas de poder circulantes na sociedade, revelam o 
aprofundamento ao lado da trivialização das hierarquias.
Assim, em suas digressões, Vicentini comenta sobre o con-
ceito de plano fragmentário, citado por Fernandez (1996), apresentado 
como resultado da vitória de uma relação histórica pós-moderna, que 
pressupõe o fracasso do conteúdo utopista moderno e a vitória de uma 
relação fragmentária em relação aos conceitos de cidade.
Vicentini ainda ressalta que o planejamento da cidade a partir 
desta perspectiva pós-moderna acaba por envolver “uma operação téc-
nica da produção de projetos de um refinado jogo capitalista” (Vicentin-
ni, 2001, p.11).
Diante disso, o autor sinaliza que o planejamento da cidade co-
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meça, então, a englobar operações técnicas nas produções de projetos, 
pois o espaço, antes meramente geográfico, social, passa a fazer parte 
de um desenho urbano voltado para um formalismo de consumo.
Assim, Tafuri (1985), já preconizava acerca do fim do utopismo 
e do nascimento do realismo. Contudo, como o próprio autor sinaliza, 
não se trata de momentos estanques ou mecânicos, mas de momentos 
que se sobrepõem.
Com o declínio da utopia social, tem-se a frequente rendição à 
ideologia da política das coisas baseadas na lei do lucro. 
Por último, é extremamente pertinente sinalizar que o espaço 
público, enquanto espaço privado sofre transformações que se apre-
sentam como simulacros para a simbologia do poder na cidade, incluin-
do as multinacionais e suas ramificações.
De fato, pode-se falar em uma espécie de “desigualdade so-
cioespacial”, esse conceito pode ser definido como um processo de ur-
banização capitalista que, em sua expansão, acaba perpetuando ou até 
mesmo acentuando as desigualdades sociais já existentes.
A concepção de desigualdade social expressa, em seu concei-
to, conteúdos e formas de apropriação da propriedade, das edificações, 
da mercadoria terra e da cidade mercadoria.
Inclui-se, também, nesse processo, a espoliação da força de 
trabalho e acumulação desigual do espaço, que passa a ser utilizado de 
maneira desigual, de acordo com o poder aquisitivo do indivíduo.
Assim, não há como falar sobre desigualdade socioespacial 
sem comentar sobre o papel do Estado. Nesse contexto de luta pelo 
direito à cidade, a atuação do aparelho estatal pode ser analisada a 
partir de um paradoxo, pois é possível falar tanto na ausência, como na 
presença do Estado no espaço urbano.
A presença do Estado refere-se, principalmente, às questões 
de legislações sobre o uso da terra, normas jurídicas de apropriação, 
definição de salário mínimo, desenvolvimento de uma infraestrutura 
para uso coletivo, dentre outros aspectos.
Neste sentido, pode-se falar em um Estado presente, que coor-
dena e organiza o funcionamento da cidade e das leis que devem regê-la.
Mas, se por um lado, a atuação do Estado é clara e bastante 
definida, por outro, é possível perceber uma grande ausência do Estado 
nas questões que se relacionam diretamente aos aspectos práticos da 
vida nas cidades.
Por exemplo, embora ele atue definindo as leis sobre o salário 
mínimo, ele falha na definição de salários que sejam suficientes para a 
manutenção da vida nestes espaços.
Além disso, apesar de oferecer os equipamentos e meios de 
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uso coletivo, ele se mostra ausente no momento de garantir o acesso, 
de forma universalizada, a todos.
Com isso, pode-se falar em uma espécie de antagonismo parado-
xal em relação à atuação do Estado dentro do espaço da cidade. Ao perce-
ber as questões como falta de moradia, ausência de saneamento básico, 
precariedade dos serviços de educação e saúde, dentre outros, o Estado, 
de certo modo, revela a ausência do urbano, isto é, das condições de vida 
adequadas ao crescimento da população dentro das cidades.
Pode-se falar em inúmeras discussões sobre este tema. Con-
tudo, neste capítulo, procuraremos refletir e conhecer um pouco mais 
profundamente sobre asnovas perspectivas e visões sobre a cidade.
Diante disso, as duas próximas seções serão dedicadas a en-
tender um pouco mais sobre o que significa o direito à cidade. 
Assista ao vídeo “Quais são os desafios das cidades?” 
para aprofundar seu conhecimento sobre os desafios das cida-
des brasileiras. O vídeo comenta sobre o processo de urbanização 
pelo qual o Brasil passou desde a primeira metade do século XX.
MULTIPRESS DIGITAL. Quais são os desafios das cida-
des? 2015. (15m41s). Disponível em: https://www.youtube.com/wa-
tch?v=bzZ4m7Uke8c. Acesso em: 20 jun. 2021.
Entretanto, antes de iniciar o estudo sobre os assuntos citados, 
é amplamente necessário entender o espaço da cidade a partir desta 
perspectiva social que começamos a tratar ao mencionar sobre a desi-
gualdade socioespacial.
As desigualdades socioespaciais demonstram a existência de 
diferentes classes sociais e as diferentes maneiras como a riqueza pro-
duzida é apropriada.
Rodrigues (2007, p.76) sinaliza que: 
Há que se destacar que quanto mais espaço urbano se produz mais elevado 
é o preço da terra urbanizada e mais evidente a expulsão dos trabalhadores 
para áreas menos “urbanizadas”. Quanto mais áreas nobres se expandem, 
englobando também as áreas produzidas pelos trabalhadores, maior é a ren-
da, lucros e juros, apropriados por parcelas de classes (RODRIGUES, 2007, 
p.76). 
Com a citação acima, Rodrigues já sinaliza a questão social 
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inerente à ocupação da cidade. Trata-se de um ciclo que é repetido de 
forma recorrente. O trabalhador, ao chegar à cidade, emprega sua mão 
de obra no desenvolvimento da mesma e, com o crescimento e valori-
zação dos espaços dela, acaba sendo “empurrado” para as periferias, 
local em que, grande parte das vezes, vive em condições que não são 
adequadas à sua sobrevivência e à da sua família.
Na figura abaixo, é possível ver um espaço da periferia das gran-
des cidades que, comumente, convencionou-se a ser chamado de “favela”. 
Figura 6– Favela Santa Marta, Rio de Janeiro
 
Fonte: Viajante Solo, 2021.
A figura apresenta uma favela muito conhecida no Estado do 
Rio de Janeiro, chamada Favela de Santa Marta.
Dentro da perspectiva capitalista, as favelas, as ocupações co-
letivas de terra, os cortiços e todo e qualquer grupamento de moradias 
que seja construído e/ou formado de maneira periférica, constituem uma 
espécie de ilegalidade urbanística e jurídica (RODRIGUES, 2007, p. 76). 
De fato, o espaço enquanto uma construção social, isto é, algo 
que foi socialmente produzido, é capaz de definir não apenas o modo de 
produção, mas também a ação dos agentes locais, juntamente como os 
grupos de ação, ou seja, o espaço que é produzido pode tanto revelar 
como ocultar.
Entendemos que é na segunda alternativa (ocultar) que reside 
uma das principais ações do Estado, pois, geralmente, o processo da 
produção do espaço não é desvelado de maneira imediata, tal como é 
possível perceber quando se analisa determinada mercadoria.
A fim de descobrir quais as características e os modos de pro-
dução sobre os quais foram desenvolvidos determinados espaços, é 
necessário a investigação das múltiplas codificações sobre as quais o 
espaço produzido é assentado.
Outra situação necessária é analisar a maneira como os agen-
tes/ produtores colaboraram de maneira simultânea na ocultação da 
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sua decodificação.
Lefebvre (1994) considera que, a partir do capitalismo, a rela-
ção entre a reprodução das relações sociais de produção e até mesmo 
a reprodução da família acabaram se complexificando.
Limonad e Lima (2003) afirmam que:
Para Lefebvre, é justamente a partir do reconhecimento de que o espaço 
social contém uma multitude de representações específicas desta tripla inte-
ração das relações sociais de reprodução social que emerge a tríade concei-
tual das práticas espaciais, das representações do espaço e dos espaços de 
representação (LIMONAD & LIMA, 2003, p.17). 
Assim, os autores consideram que, além do modo de produção 
e ação dos agentes, o espaço social deve ser estudado também a partir 
da reflexão sobre a reprodução da força de trabalho.
São inúmeras as questões que se relacionam à reflexão sobre 
o desenvolvimento das desigualdades e a construção do espaço, en-
quanto uma construção social. Entretanto, apresentamos aqui apenas 
alguns aspectos que podem ser problematizados em relação ao tema 
do presente capítulo.
Na seção a seguir, abordaremos sobre o direito à cidade, um 
assunto que tem sido muito debatido nas últimas décadas e inclui-se 
dentro do estudo sobre os novos temas e perspectivas relacionados ao 
estudo da cidade. 
Do direito à cidade
Uma primeira reflexão importante refere-se à problematização 
sobre até que ponto o processo de urbanização e suas ações podem 
ser considerados como positivos dentro deste cenário de propagação 
do acesso à cidade.
Dentro dessa discussão, um ponto de inflexão que deve ser 
considerado relaciona aos tipos de relações, estilo de vida, tecnologia e 
valores estéticos que se pretendem alcançar. 
Indubitavelmente, como sinaliza Harvey (2012): “o direito à 
cidade está muito longe da liberdade individual de acesso a recursos 
urbanos: é o direito de mudar a nós mesmos pela mudança da cidade” 
(HARVEY, 2012, p. 74). 
Em seu texto, Harvey (2012), reflete sobre a forma como as 
cidades surgiram. Segundo ele, as cidades tiveram início a partir de 
um acesso de concentração social e geográfica do produto excedente. 
Como consequência, podemos entender que a urbanização configura-
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-se como, tipicamente, um fenômeno de classe.
Assim, tendo a necessidade sempre presente de encontrar um 
terreno que seja lucrativo para a produção e consequente absorção do 
excedente capital, os capitalistas encontram inúmeras barreiras para 
conseguir expandir.
Uma delas refere-se ao fato de que, sendo o trabalho escasso e 
o salário alto, o trabalho que ainda existe deve passar por certa disciplina.
Tal fato acontece principalmente devido aos desempregos que 
são induzidos devido à tecnologia e também as grandes investidas que 
são realizadas contra o poder organizado da classe trabalhadora.
Outra situação pela qual capitalistas passam é a necessida-
de de descobertas de novas maneiras de produção, em geral, assim 
como recursos naturais que, consequentemente, acabam aumentando 
a pressão sobre o ambiente natural, a fim de revelar a matéria-prima, 
que é um elemento sem o qual não é possível a produção.
De fato, a exploração de terrenos para extração da matéria-
-prima é uma forma de imperialismo neocolonial para a construção de 
empreendimentos.
Assim, sob a égide do modelo capitalista, esta prática continua 
e o autor argumenta que “a urbanização desempenhou um papel parti-
cularmente ativo, ao lado de fenômenos tais como gastos militares, na 
absorção do excedente que os capitalistas produzem perpetuamente 
em sua busca pelo lucro” (HARVEY, 2012, p. 75). 
Leia a obra The Urban Revolution (A Revolução Urbana) 
para aprofundar seus conhecimentos sobre o processo de urba-
nização. Lefebvre considerava que a urbanização era necessária 
para a sobrevivência do capitalismo. Outra questão levantada pelo 
autor referia-se ao direito à cidade. Segundo ele, esse direito preci-
sava significar comandar todo o processo urbano.
LEFEBVRE, Henri. Revolução Urbana. Belo Horizonte: Edi-
tora UFMG, 2002.
Depois desta breve reflexão sobre a forma como as cidades 
surgiram, será apresentado, de maneira mais específica, sobre o con-
ceito de direito à cidade.
O direito à cidade trata-se de um conceito extremamente perti-
nente em relação ao tema do presente capítulo. 
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Nos últimosanos, tem havido um movimento muito acentuado 
de busca e promoção dos direitos humanos como, por exemplo, a bus-
ca coletiva para a equalização do acesso a diversos direitos. Um deles 
refere-se ao direito à cidade.
Não há como discutir sobre a questão da cidade sem mencio-
nar o tema “direito à cidade”. De maneira geral, o direito à cidade pode 
ser entendido como o direito à (ao):
- Infraestrutura;
- Habitação;
- Acesso;
- Mobilidade urbana;
- Transporte;
- Utilização dos espaços públicos.
Este direito pressupõe um grande desafio, pois ele vai de ma-
neira antagônica ao mercado neoliberal.
O conceito de “direito à cidade” foi formulado pelo filósofo fran-
cês Henry Lefebvre (1901-1991) e foi mencionado, pela primeira vez, 
em sua obra Le droit à laville (O direito à cidade).
Foi escrita em 1967, um ano antes do “Maio de 68”, que pode 
ser definido como um conjunto de fatos que ocorreu na França, quando 
os franceses saíram nas ruas para reivindicar direitos e liberdades civis.
Lefebvre utilizou o termo Irrupção para se referir a esse mo-
vimento de reivindicações das liberdades civis e respeito aos direitos 
humanos ocorrido na França. 
Esta obra causou impactos profundos nos estudos sobre a 
compressão acerca dos fenômenos e antagonismos presentes em to-
das as cidades do mundo Ocidental. 
Até hoje os conceitos apresentados no direito à cidade são 
utilizados, principalmente através das releituras e novas interpretações 
assumidas a partir da confluência de novos conceitos e perspectivas. 
O direito à cidade, no entendimento de Lefebvre, deve ser 
compreendido muito além da perspectiva do direito de permanecer ou 
de utilizar a estrutura e recursos de determinada cidade.
Para o filósofo francês, o direito à cidade pode ser definido 
como um conjunto de ideias que traduzem uma demanda por um aces-
so renovado e transformado da vida urbana. 
Em outras palavras, ele defendia a ideia de que a produção 
das cidades deveria valorizar o valor de uso do espaço urbano em de-
trimento do valor de troca.
A proposta dele era reafirmar as bases postulantes sobre as 
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quais as cidades se produziam e haviam sido produzidas, principalmen-
te no período do capitalismo concorrencial, que estava se fortalecendo 
no período pós-guerra a França.
Segundo o autor,
Pouco importa que o tecido urbano encerre em si o campo e aquilo que 
sobrevive da vida camponesa conquanto que ‘urbano’, lugar de encontro, 
prioridade do valor de uso, inscrição no espaço de um tempo promovido à 
posição de supre, o bem entre os bens, encontre sua base morfológica, sua 
realização prático-sensível (LEFEBVRE, 2001, p. 118).
Para Lefebvre, o espaço urbano produzido na cidade deve ser 
considerado como ‘o bem dos bens’, ou seja, como um bem supremo. 
Diante disso, ele considera que o espaço urbano não deve se submeter 
à lógica do valor de troca.
Depois de aproximadamente 50 anos após a publicação da pri-
meira edição do Direito à cidade, foram surgindo novas interpretações 
teóricas e políticas sobre o tema.
Uma das principais pesquisadoras da obra de Lefebvre é a pro-
fessora Ana Fani Alexander Carlos, professora que realiza uma inter-
pretação da obra de Lefebvre para a realidade sociológica e urbana da 
cidade de São Paulo.
Ela integra o Grupo de Estudos sobre Geografia Urbana e Crí-
tica da Universidade de São Paulo. São dela as seguintes palavras:
A cidade é a expressão mais contundente do processo de produção da hu-
manidade sob a égide das relações desencadeadas pela formação econô-
mica social capitalista [...] A cidade é um modo de viver, pensar, mas tam-
bém sentir. O modo de vida urbano produz ideias, comportamentos, valores 
conhecimentos formas de lazer e também uma cultura (CARLOS, 2009, p. 
25-26).
Com essas palavras, a autora reforça o estilo de vida próprio 
que existe na cidade.
Outras importantes discussões são as que Tavolari (2016) 
apresenta em seu texto: Direito à cidade: uma trajetória conceitual. A 
autora aborda sobre a trajetória conceitual do direito à cidade.
Tavolari (2016) inicia seu texto comentando sobre o Movimento 
Passe Livre, que foi convocado pelo Facebook em 2014, após o prefeito 
Fernando Haddad fazer o anúncio de que a tarifa de ônibus iria subir 
novamente em São Paulo. 
Utilizando tal fato como exemplo, a autora comenta sobre vá-
rios movimentos de reivindicações de direito à cidade.
Cita exemplos do Recife, no qual o Ocupe Estelita recorreu ao 
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direito à cidade quando tentou que o antigo não se tornasse um em-
preendimento de luxo. 
Ao longo do texto, a autora sinaliza que a organização de rei-
vindicações e a tradução de experiências de movimentos sociais não se 
tratam características exclusivas do Brasil. Para tanto, ela cita os casos 
da Turquia e de Nova York, nestas cidades, foram realizados movimen-
tos em prol da busca da garantia do direito à cidade. 
Ainda segundo a autora, o uso reiterado do termo nos últimos 
anos tem gerado perplexidade, tanto na academia quanto na esfera pú-
blica. A partir desta afirmação, a autora lança o questionamento: “afinal 
o que é o direito à cidade?” (TAVOLARI, 2016, p.94).
Com este questionamento, a autora revela que o principal obje-
tivo do texto não é dar uma definição/conclusão acabada do que seria o 
direito à cidade, mas, segundo ela, reconstruir os diferentes significados 
atribuídos à expressão. 
 Finalmente, ela afirma que o objetivo do texto é propor uma 
espécie de história conceitual do direito à cidade. 
Inicialmente, a autora apresenta a origem do termo, que já foi 
explicado nos parágrafos anteriores. Ela sinaliza que o conceito foi pro-
duzido em um contexto extremamente específico, no qual a universidade 
e as manifestações populares se encontraram. A academia foi até às ruas 
e o protesto adentrou no ambiente universitário, ou seja, na universidade. 
Continuando a sua análise, a autora considera que, em seu 
início, o conceito foi marcado através de um duplo registro, uma faceta 
teórico-conceitual e outra prática-reivindicativa.
Segundo ela, essa característica permanece na atual acepção 
retomada pelo conceito. 
Optamos por apresentar o texto de Tavolari no final deste capí-
tulo, pois, além de utilizar o texto de letra Lefbvre como fio condutor, ela 
traça um perfil entre a relação da história das ideias e das lutas sociais 
para apresentar a reconstrução do conceito de direito à cidade.
Segundo a autora Ira Katznelson em Marxismo and the City, 
Lefebvre seria o primeiro a demonstrar ao marxismo o caminho de volta 
à cidade a partir de uma série de publicações sobre o urbano, que foi 
inaugurada por Le droit à laville (O direito à cidade).
Na verdade, seria de volta porque Marx e Engels, em suas 
obras, haviam tratado sobre o tema da cidade, embora essa não tivesse 
sido a principal preocupação deles. 
De acordo com a autora, o caminho havia começado a dar 
seus primeiros contornos através de algumas questões, seja de ordem 
conceitual, seja de leitura do tempo presente.
Uma das principais questões era evitar o reducionismo, princi-
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palmente em relação à redução da cidade como um objeto de um cam-
po disciplinar, particular e também evitar resumi-la a um pano de fundo 
dos conflitos entre as forças produtivas e relações de produção. 
Outro fator interessante trata-se do fato de que o Le droit à laville 
(O direito à cidade) tratou-se de uma obra com pioneirismo, pois lançou 
a hipótese de que a urbanização não poderia mais ser entendida como 
resultado ou subproduto da industrialização (TAVOLARI, 2016, p.94).
Durante todo o decorrer de seu texto, Tavolari trata da trajetória 
conceitual do direito à cidade.
Além de refletir sobre as questões basilares citadas aqui, a au-
tora discute como foi à recepçãodo conceito do direito à cidade no país e 
também como se deu a passagem de “projeto revolucionário a significan-
te vazio” e de “significante vazio a denominador comum” na luta social.
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CAPÍTULO 2 
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
A utopia da cidade moderna é capaz de difundir no território muito mais 
do que um plano apenas. Justifique esta afirmação de acordo com as 
discussões apresentadas na unidade.
TREINO INÉDITO
QUESTÃO 01
As diferentes visões sobre a cidade a partir de uma perspectiva 
moderna dialogam constantemente com a análise sobre a manifes-
tação da:
a) História do poder 
b) Arquitetura da cidade
c) História do planejamento urbano
d) Mudança social
e) História do urbanismo
QUESTÃO 02
Assinale a única opção que apresenta um direito à cidade:
a) Conta bancária
b) Arquitetura particular
c) Infraestrutura
d) Escola particular
e) Limpeza dos particulares dos quintais
QUESTÃO 03
No nosso país, uma das principais pesquisadoras da obra de Lefe-
bvre é a professora:
 a) Ana de Cássia Carlos
b) Ana Fani Alexander Carlos
c) Arlete Moysés Rodrigues
d) Ana Fani Alexander Rodrigues
e) Arlete Moysés de Carlos
QUESTÃO 04
Segundo Harvey (2012), “o direito à cidade está muito longe da 
liberdade individual de acesso a recursos urbanos: é o direito 
de_________________”:
a) Comprar e vender no espaço urbano
b) Conhecer todas as áreas da cidade
c) Coder comprar as partes mais caras da cidade
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d) Poder adquirir a propriedade urbana
e) Mudar a nós mesmos pela mudança da cidade
QUESTÃO 05
Lefebvre utilizou o termo Irrupção para se referir ao:
a) movimento de reivindicações das liberdades civis e respeito aos direi-
tos humanos ocorrido na Inglaterra
b) Movimento de reivindicações das liberdades civis e respeito aos direi-
tos humanos ocorrido em toda a Europa
 c) Movimento de reivindicações das liberdades militares e respeito aos 
direitos humanos ocorrido na França
d) Movimento de reivindicações das liberdades civis e respeito aos direi-
tos humanos ocorrido na França
e) Movimento de reivindicações das liberdades civis e respeito aos direi-
tos militares ocorrido na França
NA MÍDIA
ESCOLA DE CHICAGO: AFINAL, O AMBIENTE INFLUENCIA O COM-
PORTAMENTO CRIMINOSO?
A escola de Chicago caracterizou-se como o berço da Sociologia ameri-
cana nos anos 30. Ela estudou a cidade e a capacidade que esta possui 
de influenciar as condutas, principalmente as criminosas.
Um dos motivos que fazem com que os centros urbanos sejam mais 
propensos à realização de práticas criminosas é que nas zonas rurais 
as pessoas acabam tendo um maior grau de proximidade.
As cidades, por outro lado, as pessoas vivem em constante movimento 
e apresentam maior tendência à mudança.
Esta mudança refere-se tanto ao deslocamento físico, como também à 
ausência ou precariedade devido às inúmeras mudanças ocasionadas 
pela vida nos grandes centros urbanos.
Leia o artigo para saber mais como a cidade pode influenciar o compor-
tamento do indivíduo.
Fonte: Canal Ciências Sociais
Data: 03 nov. 2016.
Leia a notícia na íntegra: 
LAVOR, Isabelle Lucena. Escola de Chicago: Afinal, o ambiente influen-
cia o comportamento do criminoso? Canal Ciências Sociais, Porto Ale-
gre, 03/11/2016. Disponível em: https://canalcienciascriminais.com.br/
escola-de-chicago/ Acesso em: 17 jun. 2020.
NA PRÁTICA
Uma cidade que se entenda por democrática deve conceder a todos os 
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seus cidadãos a possibilidade de ocupar os seus espaços. Park discute 
sobre o fato de que o homem deve ter a possibilidade de refazer a cidade.
Desse modo, é necessário um exercício individual e coletivo de apro-
priação da cidade. Tendo em vista, uma pequena cidade resolveu incluir 
suas crianças nos espaços de discussão.
Com um projeto, intitulado “Escola da cidade, escola CIDADÃ, as esco-
las de educação infantil e ensino fundamental começaram a incentivar, 
em seus alunos o desejo de participação nas demandas da cidade.”.
As atividades foram realizadas através de oficinas, seminários e peças 
teatrais.
PARA SABER MAIS
Vídeo sobre o assunto: O direito à cidade
Acesse o link: https://www.youtube.com/watch?v=Bwu56mq8ZkQ 
SESC TV. O direito à cidade. 2019. (45m48s). Disponível em: https://
www.youtube.com/watch?v=Nt5B8ptyTdM.. Acesso em: 29 jun. 2021. 
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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Tendo em vista as informações apresentadas no capítulo 1, 
que retratou alguns aspectos da sociologia urbana, neste capítulo trata-
remos sobre a relação entre a sociologia urbana, urbanização e plane-
jamento urbano. 
A sociologia urbana, como já sinalizado no capítulo 1, preocu-
pa-se, basicamente, com o estudo das relações sociais, sejam estas as 
estabelecidas entre os agentes sociais, indivíduos ou grupos. Assim, de 
maneira sintética, pode-se afirmar que é a partir da sociologia urbana 
que os estudos sobre as cidades são desenvolvidos. 
Tendo em vista a assertiva acima, percebe-se que a sociologia 
urbana é a disciplina fundamentadora de diversos componentes disci-
SOCIOLOGIA URBANA, 
URBANISMO E PLANEJAMENTO 
URBANO
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plinares, tais como a arquitetura, economia, geografia, planejamento e 
urbanismo. 
Nas duas próximas seções, abordaremos a relação que é esta-
belecida entre o urbanismo, o planejamento urbano e a sociologia urbana. 
Contudo, antes de entrar especificamente no assunto, cabe, 
aqui, uma breve distinção entre os termos.
BREVE DISTINÇÃO ENTRE URBANISMO E PLANEJAMENTO UR-
BANO
Uma breve análise do conceito urbanismo revela que se trata 
de uma ciência humana, multidisciplinar e que se relaciona diretamente 
ao controle, estudo planejamento e regulação das cidades. 
É fato que conceitualização do que seria o urbanismo vai depen-
der diretamente do contexto e da época. Entretanto, um ponto comum 
em todas as épocas é que o urbanismo sempre vai referir-se a algo que 
vai muito além da função urbanizadora do homem. Um dos diferenciais 
do urbanismo é o entendimento de que as cidades devem ser estudadas. 
Com isso, conclui-se que o urbanismo é, assim, a ação de or-
denar e projetar cidade, ou seja, é uma ciência que se preocupa com a 
sistematização e desenvolvimento da cidade.
De acordo com definição do Dicionário Aurélio, urbanismo é:
URBANISMO
 [De urbano + - ismo.] 
S. m.
O estudo sistematizado e interdisciplinar da cidade e da ques-
tão urbana, e que inclui o conjunto de medidas técnicas, administrati-
vas, econômicas e sociais necessárias ao desenvolvimento racional e 
humano delas. (FERREIRA, 1999).
De maneira geral, um dos seus principais objetivos é a defi-
nição da posição mais adequada dos edifícios, obras públicas, ruas e 
habitação privada
Tal preocupação é justificada pela preocupação em oferecer 
uma maior qualidade para o cidadão em relação ao uso das cidades. 
Como citado no capitulo 2, o urbanismo teve seu surgimento a partir da 
revolução industrial. 
O planejamento urbano, por sua vez, refere-se basicamente à 
integração de conhecimentos disciplinares diversos e gestão de planos, 
programas e projetos. 
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É importante sinalizar que o planejamento urbano, enquanto 
programa de gestão, inclui a participação de vários profissionais, tais 
como: engenheiros, arquitetos e pessoas ligadas à parte social. Desse 
modo, além da gestão e do projeto, há a utilização de várias áreas. 
FISCHLER (2015) considera que a dificuldade de realizar uma 
definição dos conceitos de urbanismo e planejamento

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