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Teoria Sociológica II

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Indaial – 2020
Teoria Sociológica ii
Prof.a Franciele Otto Duque
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Franciele Otto Duque
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
D946t
Duque, Franciele Otto
Teoria sociológica II. / Franciele Otto Duque. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2020.
191 p.; il.
ISBN 978-85-515-0433-8
1. Sociologia. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 301
III
apreSenTação
Caro acadêmico! Este é seu Livro Didático de Teoria Sociológica 
II. Neste componente curricular você continuará seus estudos de teoria 
sociológica, iniciados em Teoria Sociológica I. Se em Teoria I você conheceu 
os clássicos da Sociologia, agora é hora de entender como essa ciência 
prosseguiu seu percurso e consolidou-se como área de conhecimento, 
desenvolvendo pesquisas, teorias e métodos.
Com a difusão da ciência sociológica iniciada a partir da sua 
institucionalização nas universidades, muitas investigações foram 
realizadas com essa abordagem. No entanto, algumas delas se destacaram 
pelo seu caráter contributivo com essa área. Estudaremos três movimentos 
que influenciaram os rumos da sociologia em nível mundial: a sociologia 
americana (Escola de Chicago), a sociologia alemã (Escola de Frankfurt) e a 
sociologia francesa (Norbert Elias e Pierre Bourdieu).
A divisão deste livro está baseada em três unidades, cada uma 
sobre uma frente de estudos sociológicos. As unidades dividem-se em 
tópicos que seguem uma lógica similar: o primeiro apresenta as bases 
teórico-metodológicas da perspectiva sociológica; o segundo apresenta 
os principais conceitos desenvolvidos nesse arcabouço; e o terceiro traz os 
desdobramentos de suas influências com os principais temas de estudo e 
como foram abordados pelos envolvidos.
A primeira unidade trata sobre a sociologia americana, cujo principal 
expoente foi a Escola de Chicago. Nela desenvolveu-se a sociologia urbana. 
Inicialmente, você conhecerá as dimensões históricas de seu surgimento 
e desenvolvimento, as dimensões metodológicas de suas proposições 
sociológicas, um autor da primeira geração da escola (Robert Ezra Park), e 
um autor da segunda geração (Louis Wirth). Em seguida serão apresentados 
alguns conceitos consolidados pelo grupo da Escola de Chicago: a cidade, a 
estrutura urbana e a ecologia humana. Quanto aos desdobramentos de sua 
sociologia, trataremos dos estudos acerca da criminalidade, seus métodos de 
pesquisa empírica e os estudos sobre imigração.
A segunda unidade apresenta a sociologia alemã, cuja importância 
está concentrada na Escola de Frankfurt. Ela é conhecida pelo movimento 
que consolidou o conceito de indústria cultural. Também começaremos pelas 
dimensões históricas que envolvem a escola, as influências filosóficas e as 
dimensões metodológicas. No segundo tópico estão apresentados alguns 
autores e conceitos desenvolvidos: Horkheimer e a Teoria Crítica, Adorno 
IV
e a Indústria Cultural, Habermas e o conceito de ação. Para finalizar, os 
desdobramentos apresentados de suas análises sociológicas são: estudos 
sobre a racionalidade, estudos sobre a arte e alguns outros temas, como a 
autoridade, por exemplo.
A terceira unidade apresenta a sociologia francesa, mais precisamente 
seus expoentes Norbert Elias e Pierre Bourdieu. Elias, embora seja alemão, 
apresentou uma perspectiva sociológica mais aproximada da sociologia 
francesa, além de investigar alguns objetos desse campo – como a sociedade 
de corte francesa. Para estudar a obra desses autores, no primeiro tópico 
temos seus contextos históricos e os aspectos principais de suas teorias 
sociológicas (Teoria dos Processos de Civilização – Elias e Teoria da Prática 
– Bourdieu). O segundo tópico apresenta conceitos fundamentais para o 
entendimento dos autores: figuração, interdependência e processos sociais 
(Elias); habitus, campos e capitais (Bourdieu). Para fechar, você verá a relação 
entre civilização, kultur e a sociedade de corte francesa, estudo de Norbert 
Elias e algumas dimensões da sociologia da educação e da sociologia da 
cultura de Pierre Bourdieu.
Esperamos que esse caminho lhe permita entender os rumos que a 
sociologia tomou após sua institucionalização como disciplina científica, e 
como essas três grandes correntes sociológicas se difundiram e influenciaram 
estudos em todo o mundo. Não se esqueça de aproveitar as indicações de 
materiais complementares para aprofundar seus estudos, pois existe muito 
material disponível sobre todos os temas deste livro didático.
Desejamos um ótimo percurso de estudos sobre as sociologias 
americana, alemã e francesa!
Profª. Franciele Otto Duque
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VI
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VII
VIII
IX
UNIDADE 1 – ESCOLA DE CHICAGO ................................................................................................1
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO ............................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 DIMENSÕES HISTÓRICAS ................................................................................................................4
3 DIMENSÕES METODOLÓGICAS ..................................................................................................11
4 PRIMEIRA GERAÇÃO:ROBERT EZRA PARK .............................................................................14
5 SEGUNDA GERAÇÃO: LOUIS WIRTH .........................................................................................18
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................23
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................24
TÓPICO 2 – CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA URBANA PARA A 
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE ............................................................................25
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................25
2 A CIDADE ..............................................................................................................................................25
3 ESTRUTURA URBANA ......................................................................................................................30
4 ECOLOGIA HUMANA .......................................................................................................................33
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................39
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................40
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DOS ESTUDOS DA ESCOLA DE CHICAGO 
PARA A SOCIOLOGIA ..................................................................................................41
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................41
2 ESTUDOS SOBRE A CRIMINALIDADE ........................................................................................41
3 MÉTODOS DE PESQUISA EMPÍRICA ...........................................................................................46
4 ESTUDOS SOBRE IMIGRAÇÃO .....................................................................................................49
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................53
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................58
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................59
UNIDADE 2 – ESCOLA DE FRANKFURT.........................................................................................61
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE FRANKFURT .....................................................63
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................63
2 DIMENSÕES HISTÓRICAS ..............................................................................................................64
3 DIMENSÕES FILOSÓFICAS .............................................................................................................69
4 DIMENSÕES METODOLÓGICAS .................................................................................................74
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................78
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................79
TÓPICO 2 – CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA ALEMÃ PARA A 
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE .............................................................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................81
2 HORKHEIMER E A TEORIA CRÍTICA ..........................................................................................81
Sumário
X
3 ADORNO E A INDÚSTRIA CULTURAL ........................................................................................88
4 HABERMAS E O CONCEITO DE AÇÃO .......................................................................................94
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................98
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................99
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DOS ESTUDOS DA ESCOLA DE FRANKFURT 
PARA A SOCIOLOGIA ................................................................................................101
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101
2 ESTUDOS SOBRE A RACIONALIDADE .....................................................................................101
3 ESTUDOS SOBRE A ARTE ..............................................................................................................106
4 OUTROS ESTUDOS ..........................................................................................................................110
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................115
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................120
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................121
UNIDADE 3 – SOCIOLOGIA FRANCESA ......................................................................................123
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA DE PIERRE BOURDIEU E NORBERT ELIAS ..........................125
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................125
2 DIMENSÕES HISTÓRICAS: ELIAS ..............................................................................................126
3 TEORIA DOS PROCESSOS DE CIVILIZAÇÃO: ELIAS ...........................................................130
3.1 SOCIEDADE GUERREIRA ..........................................................................................................132
3.2 SOCIEDADE FEUDAL .................................................................................................................133
3.3 SOCIEDADE DE CORTE ABSOLUTISTA .................................................................................134
3.4 SOCIEDADE BURGUESA ............................................................................................................136
4 DIMENSÕES HISTÓRICAS: BOURDIEU ....................................................................................137
5 TEORIA DA PRÁTICA E TEORIA DA DOMINAÇÃO SIMBÓLICA: BOURDIEU ...........140
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................146
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................147
TÓPICO 2 – CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA FRANCESA PARA A 
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE ..........................................................................149
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................149
2 FIGURAÇÃO E INTERDEPENDÊNCIA: ELIAS .........................................................................149
3 PROCESSOS SOCIAIS – ELIAS ......................................................................................................153
4 O CONCEITODE HABITUS – BOURDIEU .................................................................................156
5 OS CONCEITOS DE CAMPOS E CAPITAIS – BOURDIEU .....................................................161
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................165
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................166
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DOS ESTUDOS DE BOURDIEU E ELIAS 
PARA A SOCIOLOGIA ................................................................................................167
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................167
2 CIVILIZAÇÃO, KULTUR E A SOCIEDADE DE CORTE FRANCESA ...................................167
3 BOURDIEU E A EDUCAÇÃO ..........................................................................................................171
4 BOURDIEU E OS ESTUDOS SOBRE A DISTINÇÃO ...............................................................176
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................180
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................186
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................188
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................189
1
UNIDADE 1
ESCOLA DE CHICAGO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• situar as características e os principais aspectos das bases teóricas e 
metodológicas do pensamento sociológico desenvolvido na Escola de 
Chicago;
• examinar as principais contribuições das pesquisas desenvolvidas na 
Escola de Chicago;
• sistematizar os conceitos e metodologias utilizados na Escola de Chicago;
• analisar os desdobramentos das pesquisas desenvolvidas na Escola de 
Chicago, cuja influência persiste nas interpretações contemporâneas da 
Sociologia.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
TÓPICO 2 – CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA URBANA PARA A 
COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
TÓPICO 3 – OS DESDOBRAMENTOS DOS ESTUDOS DA ESCOLA DE 
CHICAGO PARA A SOCIOLOGIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE 
CHICAGO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Este primeiro tópico de seus estudos sobre a Escola de Chicago inicia 
abordando os aspectos de base para o entendimento de como essa escola se formou 
e sua influência na sociologia mundial, ou seja, por que ainda a estudamos na 
contemporaneidade – principalmente quando tratamos do campo da Sociologia 
Urbana. 
Vamos iniciar pelas dimensões históricas, do que efetivamente trata a 
Escola de Chicago, como ela se formou alinhada à Universidade de Chicago. 
Após, veremos suas dimensões metodológicas, ou seja, as influências que 
desenvolveram nos autores de Chicago, uma linha similar nas escolhas para suas 
pesquisas, destacando-se o pragmatismo, o formalismo e as intenções de reforma 
social. Os últimos tópicos irão explicitar alguns autores das duas gerações da 
Escola de Chicago, com foco principal em Robert Ezra Park (primeira geração) 
e Louis Wirth (segunda geração). A passagem desses autores pela universidade 
e seus principais temas de pesquisa podem ser encontrados no texto, bem como 
sua relação com os demais autores dessas gerações.
Ao longo desta unidade, há diferentes sugestões de materiais para que 
você possa aprofundar seus estudos, já que a obra dos autores norte-americanos é 
bastante vasta. Você perceberá que houve muitos professores e alunos vinculados 
à Escola de Chicago, e que produziram muitas pesquisas – especialmente na forma 
de dissertações e teses. Alguns marcaram mais, com pesquisas “famosas”, e outros 
menos, mas o legado de todo esse conjunto de trabalhos é muito importante para 
o campo da sociologia como ciência. 
Portanto, quando algum autor lhe provocar a curiosidade, pesquise 
mais sobre ele! Aproveite para conhecer as pesquisas desenvolvidas que mais 
lhe chamarem a atenção, pois elas estão sintetizadas aqui, vale a pena buscar 
materiais e entendê-las com maior profundidade.
Vamos começar com um pouco de história... Bons estudos!
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
4
2 DIMENSÕES HISTÓRICAS
Um primeiro item essencial que você deve saber para situar as terminologias 
no campo das Ciências Sociais é que a Escola de Chicago é o núcleo de uma 
sociologia norte-americana. Costumeiramente, ao se tratar sobre a sociologia 
norte-americana, aparecerá a indicação de uma sociologia bastante pragmática, 
cuja ênfase se dá em pesquisas com grande quantidade de dados empíricos e 
desenvolvida a partir da Escola de Chicago. Portanto, ao consultar materiais sobre 
a sociologia norte-americana, você encontrará menções à Escola de Chicago, que 
consolidou a influência mundial dessa linha de análise sociológica.
O objeto principal de análise dessa escola sociológica foi a cidade, o modo 
de vida urbano e tudo o que o caracteriza. Ela se torna foco de análise após a 
industrialização, que traz do meio rural boa parte de seus habitantes para uma 
nova forma de viver, moderna e cuja lógica relacional é totalmente diferente da 
que viviam até então. O crescimento urbano provoca novas formas de controle 
social, modificando a influência das instituições sociais tradicionais, como família, 
igreja e escola.
Antes, o controle social era exercido pela comunidade local, vizinhança, 
família, e a partir do crescimento urbano, a divisão do trabalho provoca um controle 
social baseado em outra solidariedade – cujas condutas individuais possuem 
mais peso nas relações (que passam a ter maior caráter de impessoalidade) e 
cuja pluralidade passa a ter maior espaço. Ou seja, mesmo vivendo próximas, 
as pessoas podem estar distantes em se tratando da vida na cidade. Os contatos 
são rápidos e parciais, as relações transitórias e superficiais. Isso é uma grande 
mudança se comparada à vida no ambiente rural até então vivenciada por grande 
parte das pessoas antes da industrialização. Essa dinâmica gera um conteúdo 
cultural específico das cidades, que se torna objeto de estudo sociológico.
Há, entretanto, uma nova instituição que surge na cidade grande, 
especialmente entre os jovens das áreas ou classes menos favorecidas: 
a gangue. Certamente que não se trata de uma instituição no sentido 
formal, afinal, não se registra gangue na junta comercial. Porém, é 
instituição em seu sentido material, ou seja, uma entidade que agrega 
um grupo, possuindo um conjunto de regras e que tem por finalidade 
a satisfação de interesses coletivos (FREITAS, 2002, p. 37).
Chicago oferece as condições para o surgimento de uma sociologia urbana 
na medida em que seu crescimento demográfico acelerou exponencialmente 
a partir de 1900. Essa explosão demográfica levou à construção de meios de 
transporte e ampliação dos meios de comunicação. Os prédios tomam o espaço 
urbano para que haja espaço para todos, gerando um rápido processo de 
urbanização. Além disso, acompanhou o crescimento populacional o aumento da 
criminalidade e problemas sociais similares.
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
5
FIGURA 1 – CHARGE REPRESENTANDO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO
FONTE: <http://www.blogdobraulio.com/2016/06/o-que-e-gentrificacao-e-por-que-se.html>. 
Acesso em: 17 jun. 2019.
Nesse contexto está inseridaa Universidade de Chicago, berço de propostas 
para a sociologia urbana que surgem em um departamento específico da instituição. É 
a partir dali que se pode dizer que se originou a Escola de Chicago.
Para conhecer os primórdios históricos da Escola de Chicago, vamos nos 
apropriar do resumo publicado por Freitas (2002, p. 49-53):
FUNDAÇÃO DA UNIVERSIDADE E DO DEPARTAMENTO
 DE SOCIOLOGIA
A Universidade de Chicago foi fundada sob os auspícios do milionário 
americano John D. Rockfeller, que desejava que o meio-oeste americano tivesse 
uma instituição universitária de primeira linha para fazer frente às universidades 
do leste. O primeiro presidente da Universidade de Chicago foi William Rainey 
Harper, que, como Rockfeller, era batista, tendo sido pastor, professor no Baptist 
Theological Seminary em Chicago e fundador do The Journal of Religion em 1882. 
Harper realizou o que David Downes e Paul Rock chamaram de “pilhagem”, 
eis que atraía os profissionais das outras instituições oferecendo-lhes vantagem 
salarial, o que muitas vezes representava pagar ao novo contratado o dobro de 
seu salário anterior. Harper incentivou a instalação de departamentos novos, 
o que resultou na instalação de muitos deles praticamente ao mesmo tempo. 
Como resultado desta política, a Universidade de Chicago, inaugurada em 1891, 
foi a primeira instituição de ensino norte-americana a ter um departamento de 
sociologia, fundado em 1892, sendo também responsável pelo primeiro periódico 
importante sobre a disciplina, o American Journal of Sociology, que passou a ser 
veiculado a partir de 1895.
O primeiro diretor do departamento de sociologia foi Albion Woodbury 
Small, que, embora não tenha ficado conhecido por sua obra escrita, ganhou 
notoriedade pelo trabalho que desenvolveu à frente do departamento de 
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
6
sociologia da Universidade de Chicago, onde demonstrou seu espírito 
empreendedor. Segundo Small, antes da Escola de Chicago, a sociologia 
americana não era marcada por um corpo substancial de conhecimento, um 
ponto-de-vista constituído e nem um método rigoroso de pesquisa.
Quanto ao termo “Escola de Chicago”, foi cunhado ao longo de muitos 
anos, sendo que o primeiro a utilizá-lo em sentido similar ao que tem hoje foi 
Luther L. Bernard, no texto Schools os Sociology, publicado em 1930. Maurice 
Halbawachs, em Chicago, expérience ethnique (1932), reconheceu a existência 
de uma escola de sociologia original na Universidade de Chicago. Milla 
Alihan, na obra Social Ecology (1938), utilizou o termo “Escola de Chicago” e, 
apesar das críticas que fez, identificou-se como uma escola com seguidores, 
um arcabouço teórico e estilo próprio.
A denominada ‘primeira Escola de Chicago’ compreende o período de 
1915 a 1940. Apesar de Andrew Abbott considerar que esta fase tenha tido seu 
término em 1935, Alain Coulon esclarece que ela se estendeu até 1940 e que o ano 
de 1935 apenas marcou a perda de influência exercida por membros da Escola 
de Chicago na American Sociological Society, quando outro grupo conquistou 
o poder nesta associação. Morris Janowitz, na introdução que escreveu para 
reimpressão de 1967 do clássico The City, confirma a continuidade do maior 
período (1915 a 1940). Coulon esclarece, ainda, que na mesma reunião que 
os sociólogos de Chicago perderam poder na American Sociological Society se 
decidiu editar, diretamente pela associação, o American Sociological Review, pelo 
que a publicação da Universidade de Chicago, o American Journal of Sociology, 
deixava de ser a única. A ‘segunda Escola de Chicago’ designa fase posterior à 
Segunda Guerra Mundial, indo de 1945 a 1960.
Quando nos referimos à Escola de Chicago, especialmente nesta sua 
primeira fase, estamos a falar de uma tradição marcada pelo pragmatismo 
filosófico, a observação direta da experiência e a análise de processos 
sociais urbanos. A obra de seus sociólogos é caracterizada por três vertentes 
principais, a saber: 1) o trabalho de campo e o estudo empírico; 2) o estudo 
da cidade, a envolver problemas relativos à imigração, delinquência, crime 
e problemas sociais, o que se relaciona diretamente com a teoria ecológica e 
que tem em Robert Park, Ernst Burgess e Roderick McKenzie seus maiores 
expoentes, sendo que Louis Wirth também se destacou no estudo da cidade, 
mas não era propriamente um ecologista, tendo estudado o fenômeno urbano 
pela trilha da ideia do ‘urbanismo como estilo de vida’, por ele preconizada; 
3) uma forma característica de psicologia social, oriunda principalmente do 
trabalho de George Herbert Mead e que veio a ser denominada interacionismo 
simbólico. As três vertentes referidas serão consideradas, porém, o enfoque 
principal deste trabalho e recairá sobre o estudo da cidade, notadamente pela 
lente da teoria sociológica, como destacado na introdução.
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
7
A Universidade de Chicago assumiu posição mundial de destaque em 
sociologia. Poucas universidades mantinham centros de pesquisa em ciências 
sociais no início dos anos de 1920. Segundo Martin Bulmer, a única instituição 
de ensino que se equiparava à Escola de Chicago durante a década de 1920, 
em termos de escopo de trabalho e de um corpo docente de elevado nível 
internacional, era a London School of Economics and Political Science, que integra a 
Universidade de Londres, Inglaterra, embora esta fosse menor que a primeira, 
tanto em corpo docente quanto em alunado. A Universidade de Columbia, em 
Nova Iorque, só consegue rivalizar a sociologia de Chicago no final da década 
de 1930, período que coincide com a perda da influência da Escola de Chicago.
Vejamos uma imagem do prédio da Universidade de Chicago na época:
FIGURA 2 – PRÉDIO DA UNIVERSIDADE DE CHICAGO
FONTE: <https://www.colegioweb.com.br/historia/voce-conhece-escola-de-chicago.html>. 
Acesso em: 17 jun. 2019.
Um nome de fundamental importância para o surgimento da Escola de 
Chicago foi Albion Small, o primeiro diretor do departamento de sociologia a ser 
convidado para tal função. Vamos conhecer suas influências a seguir:
Small (1854-1926) teve um grande papel na instalação da sociologia, 
não só em Chicago, mas igualmente no conjunto dos Estados Unidos. Após ter 
iniciado estudos de teologia, foi estudar em Berlim – onde conheceu o então 
estudante Georg Simmel, que viria a marcar a sociologia alemã e europeia – 
e, em Leipzig, de 1879 a 1881, cidade em que estudou a história, a filosofia 
e a sociologia alemãs. Voltou depois disso aos Estados Unidos, concluiu seu 
doutorado em história em 1889 na Universidade Johns-Hopkins e tornou-se 
professor de história do Colby College, cargo em que permaneceu até 1892.
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
8
Começou ensinando sociologia, principalmente a alemã. Em 1890, por 
sua própria conta, publicou uma obra que, durante 20 anos, seria lida por todos 
os estudantes de sociologia dos Estados Unidos, e cujo título seria retomado em 
1921 por Robert Park e Ernst Burgess em sua obra de introdução à sociologia, 
com a significativa troca da palavra sociology por society: desse modo, ao se 
passar da primeira para a segunda geração dos sociólogos de Chicago, passa-
se de um projeto de conhecimento científico da sociedade à construção de uma 
teoria que, segundo se julgava, permitiria estudar essa sociedade.
Os escritos de Small não sobreviveram a ele, e seus desenvolvimentos 
teóricos – sobretudo a sua classificação das motivações humanas em seis 
categorias: a saúde, o bem-estar material, a sociabilidade, o conhecimento, 
a beleza e a retidão – não deixaram marcas profundas na sociologia. Hoje 
em dia, ele só é lido, como sociólogo, por pesquisadores interessados no 
desenvolvimento da sociologia americana. Contudo, deve-se observar que 
ele insistia que seus alunos fizessem pesquisas de campo ativas e observações 
diretas e que não se entregassem a reflexões teóricas “de poltrona”.
Na obra que publicou em colaboração com George Vincent em 1894, 
Small, que chamavaseu próprio livro de “guia de laboratório”, consagrou 
dois capítulos à conduta empírica da sociologia. Sublinhando a importância 
do habitat para as relações sociais, estimulou os estudantes a observar as 
comunidades em que viviam, analisar este “mosaico de pequenos mundos”, 
estudar a sua história e levantar mapas de suas características. Por outro lado, 
propôs a seus colegas do departamento de sociologia usar a cidade de Chicago 
como objeto e como campo de pesquisas. Esta ideia, portanto, prefigurava os 
princípios de pesquisas sobre a cidade que, 20 anos depois, Park e Burgess 
aplicariam de maneira ainda mais sistemática.
[...]
Enfim, a influência decisiva de Small sobre a Sociologia foi sobretudo 
de ordem institucional, e todos os seus contemporâneos reconhecem-lhe um 
extraordinário talento de administrador e organizador. Por um lado, dirigiu 
o departamento de sociologia desde a sua criação, em 1892, até aposentar-
se, em 1924, data em que a sociologia já se tinha implantado firmemente em 
Chicago como uma disciplina importante. Por outro lado, seguindo conselhos 
do presidente Harper, fundou em julho de 1895 – ou seja, um ano antes de 
L’année sociologique de Durkheim – o American Journal of Sociology, do qual seria 
redator-chefe por 30 anos, até 1925. Esta revista, que existe ainda quase um 
século após ter sido fundada, foi assim a primeira revista sociológica do mundo 
e também, durante algum tempo, a única existente nos Estados Unidos, posto 
que foi preciso esperar até 1921 para ver a publicação da Sociology and Social 
Research, e até 1922 para que a Social Forces aparecesse.
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
9
Albion Small contribuiu também para a fundação, em 1905, da American 
Sociological Society, que se transformaria em 1935 na American Sociological 
Association. Este elo, estabelecido por Small, entre a associação nacional de 
sociologia (cujos trabalhos e debates ele mesmo publicou em sua maioria) e 
a revista de sociologia de Chicago teria uma influência considerável sobre a 
sociologia americana, fundamentando por muito tempo a liderança da Escola 
de Chicago.
FONTE: Coulon (1995, p. 14)
FIGURA 3 – ALBION SMALL
FONTE: <https://prabook.com/web/albion.small/3734829>. Acesso em: 17 jun. 2019.
O interesse por temáticas da vida urbana deu-se entre professores e 
alunos da universidade, já que estavam no meio de todas as mudanças sociais e 
do crescimento urbano que geravam crimes e delinquência, um dos temas mais 
buscados para investigações.
Uma característica importante do trabalho dos sociólogos de 
Chicago foi a de terem reunido dados estatísticos e qualitativos que 
evidenciavam que o crime era um produto social do urbanismo, o que 
representou um novo enfoque teórico, pois, até então, as causas da 
criminalidade eram explicadas por diferenças individuais, biológicas 
(positivismo biológico) e psicológicas (positivismo psicológico) 
(FREITAS, 2002, p. 54).
Muitos professores integraram as pesquisas da Escola de Chicago, que 
prezava por uma sociologia pragmática, cujo valor prático pudesse ajudar a 
entender a origem dos problemas sociais específicos do meio urbano. Vejamos a 
seguir o tempo de atuação de cada um dos nomes mais conhecidos relacionados 
à Escola de Chicago.
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
10
FIGURA 4 – RELAÇÃO PROFESSORES x PERÍODO: ESCOLA DE CHICAGO
FONTE: <https://www.revistas.usp.br/plural/article/view/68042/70612>. Acesso em: 17 jun. 2019.
No entanto, diante da pluralidade de nomes que se pode observar 
vinculados à Escola de Chicago, pode-se afirmar que:
Todavia, é o caso de ressaltar que o escopo da escola de Chicago de 
sociologia sobre um âmbito amplo, no qual se destaca a orientação 
ou perspectiva de teorização da ecologia humana, que durante muitos 
anos foi seguida em seu interior e incentivou grande número de 
estudos empíricos, centrados sobretudo na cidade de Chicago; no 
período em que vigorou, as formulações que contemplaram de modo 
mais específico a temática da estrutura espacial da cidade – por vezes 
denominada de “ecologia urbana” e que constitui, hoje em dia, um 
capítulo próprio da sociologia urbana – formam um núcleo de um 
desenvolvimento muito inspirado e que levou a descobertas originais; 
e o estudo das relações entre os diferentes grupos culturais, étnicos e 
raciais, no qual se salienta a situação dos negros nos Estados Unidos, 
em especial nas grandes cidades do norte do país, introduzido por 
Thomas e continuado por Park, teve grande relevo na sociologia 
americana (EUFRÁSIO, 1999, p. 37).
No subtópico a seguir entenderemos de maneira breve como funcionava o 
programa de pesquisas da Escola de Chicago, quais suas características, para que 
nos aprofundemos nos conceitos principais no próximo tópico. Após o estudo 
do programa de pesquisas seguiremos pelos autores principais da primeira e 
segunda geração desses grupos. Mas antes, uma sugestão importante de leitura!
Para estudar de modo mais aprofundado o surgimento da Escola Sociológica 
de Chicago, veja o artigo disponível em: https://www.revistas.usp.br/plural/article/
view/68042/70612. A referência é: EUFRÁSIO, Mario A. A formação da Escola Sociológica 
de Chicago. Revista Plural: Sociologia, São Paulo, nº 2, USP, 1º semestre de 1995, p. 37-60. 
DICAS
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
11
3 DIMENSÕES METODOLÓGICAS
A Escola de Chicago possui características específicas do ponto de vista 
das formas metodológicas utilizadas em suas investigações, que interferiram 
também no desenvolvimento das teorias de seus autores. Freitas (2002) explica 
que três características peculiares foram o formalismo, o pragmatismo e a reforma 
social. Vamos entender melhor cada um deles a seguir.
O formalismo busca identificar uma fórmula da vida social, objetiva 
“captar as formas subjacentes de relações sociais e, assim, fornecer uma espécie de 
geometria da vida social” (FREITAS, 2002, p. 55). As situações sociais, neste caso, 
são tratadas como parte de um quadro maior de processos formais. Como exemplo 
podemos citar um juiz que esteja avaliando uma causa, ele pode agir em função 
das leis já existentes e não pode criar novas leis naquele momento – portanto, sua 
ação individual terá embasamento em processos formais preexistentes. Um dos 
autores que desenvolve essa perspectiva é Simmel.
O pragmatismo busca a ênfase no valor prático, sendo este o critério de 
verdade, e rejeitando a busca por uma verdade absoluta. Verdadeiro é o que pode 
ser feito com êxito, segundo esta corrente (FREITAS, 2002). Pode-se dizer que uma 
pessoa pragmática vive sempre pela solução de seus problemas de maneira imediata, 
e utiliza as ideias e lógicas de qualquer pessoa sempre para isso – considerando 
apenas as que são úteis para esta situação imediata. Os proponentes do pragmatismo 
foram John Dewey, Charles A. Peirce, William James e George H. Mead.
Juntos, pragmatismo e formalismo trouxeram um toque especial ao 
trabalho sociológico. Era argumentado que o objetivo da pesquisa 
é entender o mundo social e que o mundo social, por sua vez, é 
fabricado pela experiência prática daqueles que nele vivem. É nesta 
experiência que a sociologia deve se concentrar, não em alguma 
ordem alternativa predita por uma teoria abstrata. Tal teoria lida 
com uma série de “fatos” e processos que são menos sólidos do que o 
conhecimento pessoal concreto daqueles que atualmente produzem o 
comportamento que é para ser explicado (DOWNES, ROCK, 1998, p. 
63 apud FREITAS, 2002, p. 56).
FIGURA 5 – CHARGE EXEMPLIFICANDO PRAGMATISMO
FONTE: <https://aminoapps.com/c/universodiverso/page/blog/pragmatismo/
xGWo_6mh2uxbYzEXz841oZpKKpe3bpxeN5>. Acesso em: 17 jun. 2019.
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
12
Também permeou o desenvolvimento da Escola de Chicago a ideia de 
contribuição para uma reforma social, por meio de propostas de intervenção. 
Dewey, por exemplo, que era do departamento de Filosofia da Universidade, mas 
trabalhou em parceria com o departamento de Sociologia,fundou uma escola 
primária experimental para utilização de uma nova proposta de currículo, a fim 
de melhorar a educação. Sobre as ideias de reforma social:
Pode-se dizer que a sociologia da Escola de Chicago é uma 
representante paradigmática dessa mudança, seguindo as tendências 
do desenvolvimento da disciplina nessa época: os esquemas teórico-
conceituais deixam de ser elaborados especulativa e aprioristicamente, 
para se tentar derivá-los empiricamente (com esperança até numa 
construção indutiva) e, em contrapartida, em vez de usar as informações 
acumuladas por assistentes sociais como base empírica, os sociólogos 
passaram a entrar em contato direto com os objetos de suas pesquisas, 
levantando seus próprios dados em combinação com o processo de 
construção de suas categorias teóricas. Visavam com isso satisfazer 
a exigência de cientificidade e objetividade buscava pela sociologia 
nessa fase de consolidação e busca de legitimidade acadêmica e de 
solidez teórico-metodológica em face às demais disciplinas sociais 
(EUFRÁSIO, 2008, p. 16).
O formalismo, pragmatismo e as intenções de reforma social aparecem 
nos dois programas de pesquisa principais que, segundo Eufrásio (2008), se 
destacaram na Escola de Chicago: um a partir do autor Thomas (publicando o 
artigo Race Psychology – 1912) e outro a partir de Park (publicando The City – 1915). 
Thomas propõe o estudo de comunidades de diferentes composições 
raciais e das relações entre elas, bem como da aceitação ou imitação da cultura 
desses grupos. Deste modo, a abordagem seria de uma psicologia racial e social, 
como subcampo da psicologia social. Ele indica que do ponto de vista do método, 
a coleta de dados poderia obter material a partir de três princípios: observação 
pessoal (viver junto ao grupo, observação participante), registros não planejados 
(cartas, diários, jornais etc.) e registros planejados (história, etnologia).
Explicando a etnologia, ela pode ser definida como o estudo ou a ciência que 
estuda os fatos e documentos obtidos por meio de etnografia – método de coleta de dados 
comum no âmbito da antropologia cultural e social, que consiste no estudo descritivo da 
cultura de diferentes grupos sociais.
NOTA
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
13
Park desenvolve uma abordagem cujo objeto principal é a cidade grande, 
a partir de uma psicologia social urbana. Acrescidos ao artigo The City foram, anos 
mais tarde, as noções de ecologia humana e a teoria ecológica da estrutura urbana 
que desencadearam o projeto de pesquisa “A Cidade como Laboratório Social”, 
em que Park define um programa de pesquisas empíricas da área de ciências 
sociais para entender a cidade. Estudaremos a ecologia humana no Tópico 2.
A partir dessas formulações, tornaram-se viáveis numerosos temas 
identificando possibilidades de projetos específicos de pesquisa 
empírica; assim, nas duas décadas seguintes aproximadamente 
cinquenta dissertações e teses acadêmicas foram completadas (das 
quais aproximadamente trinta foram publicadas como livros), 
num caso singular de pesquisas coordenadas e sob orientação 
compartilhada, com o que se desenvolveu a linha de pesquisa em 
sociologia urbana que constituiu o eixo central da pesquisa da escola 
de Chicago, cujas aquisições e elaborações marcam até hoje essa sub-
disciplina (EUFRÁSIO, 2008, p. 24).
Dadas as características de programas de pesquisa comuns, orientações 
compartilhadas, entre outros, Eufrásio (2008) explica, a partir do autor Bulmer 
(1920), nove características presentes na criação e manutenção de uma escola em 
ciências sociais. A partir disso é possível definir a Escola de Chicago como tal. 
São elas:
1- Uma figura central em torno da qual se organiza;
2- a localização numa universidade importante, bem organizada e com 
boa presença na área de estudos e motivada pela comunidade local;
3- as características da cidade ou metrópole e a relação da universidade 
com essa cidade;
4- a personalidade dominadora da figura central da escola, para 
inspirar admiração, respeito e lealdade;
5- o líder da escola deve ter uma visão intelectual clara e um impulso 
missionário;
6- deve haver intercâmbios intelectuais frequentes e intensos entre o líder 
e os outros membros do grupo: tal “rede” acadêmica deve ser mais 
fortemente unida do que normalmente ocorre (por meio de seminários, 
publicações, orientações, núcleos de estudos e discussões etc.);
7- para desenvolver pesquisa empírica deve existir uma infraestrutura 
adequada: métodos de pesquisa, boas ideias, ligações institucionais, 
apoio financeiro externo etc.;
8- a escola persiste enquanto permanece atuante a geração de seu(s) 
fundador(es);
9- deve haver abertura para ideias e influências de outros campos e 
boas relações interdisciplinares (EUFRÁSIO, 2008, p. 14).
Essas características aplicam-se à Escola de Chicago e fazem dela uma 
grande influenciadora na consolidação das pesquisas na área de sociologia 
urbana e sociologia do imigrante. Houve, portanto, duas fortes gerações de 
autores envolvidos com essa perspectiva de investigação, cujos principais feitos 
conheceremos a seguir.
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
14
O programa de pesquisas da Escola de Chicago é sistematizado por Eufrásio (2008) 
no capítulo A Escola de Chicago de Sociologia: perfil e atualidade. A referência é: EUFRÁSIO, 
Mario A. A Escola de Chicago de Sociologia: perfil e atualidade In: LUCENA, C. T.; CAMPOS, M. C. 
S. S. (Orgs). Práticas e representações. São Paulo: Humanitas/CERU, 2008. p. 13-28.
DICAS
4 PRIMEIRA GERAÇÃO: ROBERT EZRA PARK
Um dos autores mais fundamentais para a consolidação da Escola de 
Chicago, em sua primeira geração, foi Robert Ezra Park. Ele é considerado um de 
seus principais fundadores. Desenvolveu o conceito de ecologia humana, a qual 
estudaremos no próximo tópico. Por hora, vamos iniciar com sua biografia.
Robert Ezra Park (1864-1944), um dos fundadores da Escola de 
Chicago, estudou na Universidade de Michigan. Seu interesse pelas questões 
sociais, especialmente as questões raciais e urbanas, levou-o a trabalhar como 
jornalista em Chicago. Depois de ser jornalista, estuda Psicologia e Filosofia 
em Harvard. Vai à Alemanha onde permanece por quatro anos estudando com 
Simmel e Wilhelm Windelban. Retorna aos Estados Unidos em 1903, tornando-
se assistente em Filosofia em Harvard em 1904-1905.
Park lecionou em Harvard até quando, por um convite de Booker T. 
Washington, passou a trabalhar no Instituto Tuskegee, desenvolvendo estudos 
sobre questões raciais do sul do país. Ingressou no departamento de Sociologia 
da Universidade de Chicago em 1914 onde permaneceu até sua aposentadoria 
em 1936. No entanto, Park continuou a lecionar na Universidade Fisk, até sua 
morte, ocorrida em Nashville, aos 79 anos de idade. Figura reconhecida nos 
círculos acadêmicos, foi presidente da Associação Sociológica Americana e 
da Liga Urbana de Chicago, além de membro do Conselho de Pesquisa em 
Ciências Sociais.
FONTE: Silva (2009, p. 67)
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
15
FIGURA 6 – ROBERT EZRA PARK
FONTE: <https://www.britannica.com/biography/Robert-E-Park>. Acesso em: 17 jun. 2019.
Park, ao se debruçar sobre a ideia de consolidar uma Sociologia Urbana, 
indica que o espaço de investigação desse ramo da sociologia seriam as mudanças 
sociais, espaciais e residenciais. A mobilidade de um indivíduo ou grupo, para 
ele, mede-se não apenas pela mudança de local, mas pela quantidade e variedade 
de estímulos aos quais respondem. Esse autor se aproxima da obra de Durkheim 
quando tenta estabelecer o tipo de solidariedade que ocorre nas cidades, em 
função da divisão do trabalho. Essa divisão gera, para ele, uma interdependência 
entre as pessoas – acompanhada por uma solidariedade social baseada em um 
grupo de interesses.
A partir da discussão da divisão do trabalho o autor construirá um 
quadro comparativo das diferenças entre a cidade grande e o campo ou 
comunidades de vizinhanças. Somente na cidade,para Park, é que se 
encontra o fenômeno da multidão, conjunto de indivíduos que perdem 
a sua capacidade de manifestação de interesses individuais, torna-se 
um ente irracional e, portanto, pode ser manipulada e controlada. A 
multidão só é possível na cidade, pois exige alto estágio de mobilidade, 
bem como relações modernas e industriais (SILVA, 2009, p. 71).
Para este autor, a cidade é um espaço privilegiado de investigação sobre o 
comportamento humano, já que as relações tendem a ser impessoais e racionais, 
com a predominância do interesse pessoal – especialmente no que tange ao dinheiro. 
Além disso, as relações primárias são substituídas com frequência pelas relações 
secundárias, em função da rapidez de meios de transporte e comunicação. Trata-
se da substituição das relações próximas, ocorridas entre família, amigos, vizinhos, 
pelas relações mais distantes, geradas no trabalho, relações comerciais, entre outros.
A relação com grupos primários reduz-se e ocorre a perda de funções de 
instituições como família e igreja, alterando a vida social e ampliando situações 
como vícios e crimes nas cidades (SILVA, 2009). Park trata essa situação como 
objeto de investigação, tais como “enfraquecimento da família e da igreja; a crise 
e os tribunais; o vício comercializado e o tráfico de bebidas; política partidária e 
publicidade [...]” (SILVA, 2009, p. 71).
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
16
Seria possível estudar o controle social na cidade não mais realizado pelas 
instituições clássicas, mas apoiado em normas jurídicas. Também as tentativas de 
repressão ao vício e de controle do tráfico seriam objetos de investigação, já que o 
espaço urbano torna-se o campo ideal para sua disseminação. 
O controle social – entendido como os mecanismos que estabelecem a 
ordem social – manifesta-se, também, na publicidade e propaganda nos espaços 
urbanos. São estes os meios de controlar a opinião pública nas sociedades, 
especialmente se tratando da organização dos governos que, com a complexidade 
das cidades, necessitam administrar os grupos e suas relações secundárias.
Park propõe algumas categorias para comparação da vida na cidade e 
no campo, conforme é possível observar a seguir. Se no campo as relações são 
fundamentadas nos sentimentos, nas ações de cooperação e no conservadorismo 
– por exemplo –, na cidade temos relações movidas a interesse, competição 
frequente e excentricidade.
QUADRO 1 – CATEGORIAS PROPOSTAS POR PARK
FONTE: Silva (2009, p. 74)
Cidade Campo/comunidades de vizinhanças
Interesse Sentimento
Mobilidade Isolamento
Divisão do trabalho Simplicidade do trabalho
Raciocínio abstrato Raciocínio
Homem síntese: judeu Homem síntese: campones
Competição Cooperação
Mores ( usos sociais, maneiras de agir 
racionais)
Folkways (costumes tradicionais, derivados 
de agrupamentos homogêneos e simples)
Excentricidade Conservadorismo
Aventura Acomodação
Silva (2009) destaca que Park indica que na cidade existem os chamados 
tipos temperamentais, frutos das relações sutis causadas pela forte mobilidade 
social. Neste sentido, Park destaca três eixos de estudos sociológicos:
• a mobilização do homem individual;
• a região moral;
• o temperamento e contágio social.
Vejamos como Silva (2009, p. 73) descreve cada eixo de acordo com as 
obras de Park:
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
17
No primeiro eixo, da mobilização do homem individual, destaca que 
a cidade proporciona muitos contatos, mais transitórios e menos estáveis, a 
substituição das associações mais íntimas e permanentes da comunidade por 
uma relação causal e fortuita, o peso do status, ou seja, da aparência.
A cidade é o ambiente para a emergência de outro temperamento humano 
apoiado em elementos do acaso e aventura, funcionando com atração especial 
aos “nervos jovens e frescos”. A cidade é sinônimo de um clima moral que lhe dá 
liberdade, é o espaço para excentricidade e para a livre manifestação dos talentos.
Do estudo desses tipos excepcionais e temperamentais, deveríamos 
distinguir entre as qualidades mentais abstratas em que se baseia a excelência 
técnica e as características inatas mais fundamentais que encontram expressão 
no temperamento. Esta outra dimensão da cidade como região moral é 
importante para os estudos sobre a cidade, pois para Park, a segregação ocorre 
não apenas por interesses, mas de acordo com os gostos e temperamentos de 
seus habitantes. Assim, pode ser tomada também como apenas um ponto de 
encontro, um local de reunião ou um local de moradia. Para entendermos o 
surgimento da região moral é necessário perceber o que o autor chama de 
teoria dos impulsos latentes do homem.
A verdade parece ser que os homens são trazidos ao mundo com 
todas as paixões, instintos e apetites, incontrolados e indisciplinados. 
A civilização, no interesse do bem-estar comum, requer, algumas 
vezes, a repressão, e sempre o controle, dessas disposições naturais. 
No processo de impor sua disciplina ao indivíduo, de refazer o 
indivíduo de acordo com o modelo comunitário aceito, grande 
parte é completamente reprimida, e uma parte mais encontra uma 
expressão substituta nas formas socialmente valorizadas ou pelo 
menos inócuas. É nesse ponto que funcionam o esporte, a diversão e 
a arte. Permitem ao indivíduo se purgar desses impulsos selvagens 
e reprimidos por meio da expressão simbólica. É esta a catarse de 
que Aristóteles escreve em sua Poética, e à qual têm sido dadas 
significações novas e mais positivas pelas investigações de Sigmund 
Freud e dos psicanalistas. (PARK, 1979, p. 65).
Somente a vida na cidade permite “contágio” de tipos excêntricos, em 
que os tipos diferentes podem se associar com outros de sua laia, pois a cidade 
lhes dá o suporte moral. Dessa forma, a região moral é uma categoria analítica 
para se aplicar a regiões onde prevaleça um código moral divergente, por uma 
região em que as pessoas que a habitam são dominadas de uma maneira que 
as pessoas normalmente não o são, por um gosto, por uma paixão, por algum 
interesse que tem suas raízes diretamente na natureza original do indivíduo.
FONTE: Silva (2009, p. 73)
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
18
Park introduz a dimensão moral nas análises sobre as relações no meio 
urbano, passando de uma abordagem ecologista para uma abordagem culturalista. 
Mais adiante, essas duas correntes irão se consolidar e separar autores da Escola 
de Chicago, sendo que a vertente ecologista será guiada por Ernest Burgess e a 
vertente culturalista por Louis Wirth.
Uma obra muito importante para o estudo do autor Park, publicada no 
Brasil e muito recente é: 
VALLADARES, L. P. A Sociologia urbana de Robert E. Park. Rio de 
Janeiro: UFRJ, 2018.
DICAS
5 SEGUNDA GERAÇÃO: LOUIS WIRTH
Na segunda geração de sociólogos da Escola de Chicago temos Louis Wirth, 
que revisitou os clássicos da sociologia e pôs sobre eles suas análises, originando 
novas formas de compreender o contexto urbano a partir da sociologia.
Louis Wirth nasceu na Alemanha (1897-1952), mas fez seus estudos nos 
Estados Unidos, na Universidade de Chicago. Formado pela primeira geração 
dessa escola, este autor iria tornar-se, mais tarde, um de seus mais importantes 
professores. Suas principais obras são O Gueto, publicado em 1928, e o texto O 
urbanismo como modo de vida. Publicado originalmente no American Journal of 
Sociology, em 1928, tornou-se o seu texto mais popular, muito utilizado pela 
Antropologia em seus estudos sobre a cidade (SILVA, 2009).
FIGURA 7 – LOUIS WIRTH
FONTE: <https://www.isa-sociology.org/en/about-isa/history-of-isa/isa-past-presidents/list-of-
presidents/louis-wirth>. Acesso em: 17 jun. 2019.
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
19
Para entender o desenvolvimento de seu pensamento, nos basearemos no 
autor Silva (2009). Wirth busca entender como o modo de vida urbano funciona, 
e para tal divide sua análise em quatro aspectos: 
• a cidade e a civilização contemporânea; 
• a definição de cidade a partir da sociologia; 
• uma teoriasobre o urbanismo; 
• a relação entre a teoria do urbanismo e a pesquisa sociológica.
Wirth inicialmente articula a civilização contemporânea com o conceito 
de cidade, indicando uma polarização entre o rural – que seria a ligação com 
o tradicional – e o urbano – que seria a materialização do que é moderno. A 
civilização moderna, portanto, apresentaria uma tendência a viver em cidades, 
e estas, por sua vez, se sobrepõem a tudo o que é ligado ao campo, ao rural. Do 
ponto de vista evolucionista, a cidade seria a evolução de outros modos de vida, 
que não deixam de existir, mas que passam a ser tradicionais, ultrapassados.
Para analisar essa polarização, Wirth revisita o clássico Weber e seu 
conceito de tipo ideal, lançando mão de dois tipos ideais: a comunidade rural de 
folk e a sociedade urbano-industrial. Segundo ele, esses dois tipos permitem a 
análise das associações humanas, pois existe uma tendência dos conglomerados 
a se dispor de acordo com esses dois polos, que representam o meio rural (folk) e 
o meio urbano (industrial).
O conceito de Tipo Ideal na obra de Weber é um dos temas de estudo do 
componente curricular Teoria Sociológica I. Retome este material para relembrar as 
características e o funcionamento desse conceito.
ATENCAO
Definida essa polarização e consolidando a cidade como espaço da civilização 
moderna, Wirth passa a definir sociologicamente a cidade. Segundo ele, esta 
promove uma personalidade humana diferente naqueles que vivem no meio urbano, 
por meio das suas instituições, meios de transporte e comunicação. O modo de vida 
dos indivíduos na cidade, portanto, deve ser investigado em suas características 
peculiares – e analisado a partir das características da urbanidade em que vive.
A análise sociológica do urbanismo deve dar conta da descoberta das 
variações nas características essenciais da cidade, bem como deve 
ser suficientemente inclusiva para conter quaisquer características 
essenciais que os diferentes tipos de cidade têm em comum. Trata-se 
então de encontrar no urbanismo o ponto central de investigação de 
uma Sociologia Urbana e tratá-lo como um complexo de caracteres 
que formam o modo de vida peculiar das cidades (SILVA, 2009, p. 81).
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
20
O desenvolvimento e a extensão desse modo de vida peculiar das cidades 
mencionado por Wirth é, em suas definições, a urbanização. Esses fatores são 
encontrados especialmente em regiões metropolitanas, mas existem em todos os 
agrupamentos urbanos. E uma última definição, porém não menos importante, 
indica que a cidade é – para Wirth – um “núcleo relativamente grande, denso e 
permanente de indivíduos socialmente heterogêneos” (SILVA, 2009, p. 81).
Wirth volta suas análises para a cidade e para o urbanismo por identificar 
a ausência de hipóteses sobre esses temas nas análises sociológicas. Para tanto, ele 
baseia-se em Park e Weber, e busca analisar a cidade, desenvolvendo os seguintes 
postulados, elencados por Silva (2009, p. 82):
- quanto mais densamente habitada, quanto mais heterogênea for 
a comunidade, tanto mais acentuadas serão as características 
associadas ao urbanismo; 
- como o modo de vida urbano se espalha para além da cidade, ele 
poderá ser perpetuado sob condições bem diferentes daquelas 
necessárias para sua origem;
- a quantidade populacional conduz à alta densidade;
- a heterogeneidade dos habitantes e da vida social resulta tanto do 
crescimento próprio dos centros urbanos como da migração.
Wirth também buscou analisar as questões relativas à densidade 
populacional, ao tamanho das cidades e tudo o que envolve essa problemática:
Ao detalhar o tamanho do agregado populacional, Wirth afirma que 
quanto maior o número de indivíduos participando de um processo de 
interação, tanto maior a diferenciação potencial entre eles e tais variações 
dão origem à separação espacial entre os indivíduos. Este processo leva 
ao afrouxamento dos laços dos grupos primários ou comunitários: em 
comunidades (folk) imperam os vínculos de solidariedade, ao passo que 
na cidade (city) são os mecanismos formais de controle e a concorrência 
que predominam. Na cidade os contatos são muito mais frequentes e 
menos intensos. O indivíduo depende de mais pessoas, o que leva a 
uma maior segmentação de papéis (SILVA, 2009, p. 82).
Esta segmentação de papéis mencionada na citação anterior também 
aparece na especialização dos trabalhos, que traz o utilitarismo para as relações 
entre as pessoas, a predominância da segmentação nas relações. Muitas vezes, 
o mínimo de comunicação prevalece entre as pessoas, o que torna os contatos e 
associações superficiais. Boa parte das cidades, e as norte-americanas na época 
das análises ainda mais, são/eram formadas por grupos culturais diferenciados, 
cujo modo de vida diferente reflete em uma tolerância ou indiferença, gerando 
apenas a mínima comunicação. 
Além desses contatos indicados por Silva (2009), como contatos 
secundários, é possível identificar nas pesquisas de Wirth outras características 
que indicam o urbanismo como forma de organização social. 
TÓPICO 1 | A SOCIOLOGIA DA ESCOLA DE CHICAGO
21
A esfera pública amplia seu domínio sobre o indivíduo, na medida em 
que funções das instituições familiares passam a ser funções da esfera pública. 
A família nuclear passa a predominar em relação aos grupos de parentesco, 
refletindo em divergências entre estes núcleos – em função da ênfase maior no 
indivíduo. O custo de vida é maior no meio urbano, a necessidade do consumo é 
ampliada, e o lazer surge como escape à rotina, nesse contexto. Essa dinâmica gera 
o movimento do indivíduo de participação em grupos de interesses semelhantes 
aos seus, organizações voluntárias, a fim de atingir seus fins. Os sindicatos são 
exemplo desses grupos (SILVA, 2009).
Em função dessas características, para Wirth torna-se difícil prever as 
associações que irão ocorrer no meio urbano, pois trata-se de uma busca por 
organizações que auxiliarão o acesso aos seus interesses – portanto, é possível 
haver incongruências e contradições – diferentemente do meio rural, onde a partir 
de alguns aspectos institucionais é possível prever o pertencimento a grupos e a 
aproximação com associações.
O urbanismo torna-se objeto sociológico, portanto, em função das 
personalidades individuais que são moldadas pelos comportamentos coletivos 
estimulados pelas instituições urbanas. “Na cidade, o homem urbano exprime 
e desenvolve plenamente sua personalidade, adquire status e consegue 
desempenhar a quantidade de atividades que constituem sua carreira na vida” 
(SILVA, 2009, p. 86). 
O controle social resultante do tamanho, da densidade e da 
heterogeneidade das cidades deve processar-se tanto por meio de grupos 
formalmente organizados como através dos meios de comunicação. 
Nesse sentido, a manipulação das massas através de símbolos e 
estereótipos comandados por indivíduos “operando de longe” é um 
dos fenômenos urbanos da maior importância (SILVA, 2009, p. 86).
Esses grupos operando de longe se organizam de acordo com interesses, 
baseados em uma solidariedade social gerada com base em interações mínimas e 
pouca comunicação, mas ainda assim geram uma coesão social – proporcionando 
um equilíbrio entre as forças sociais. 
Segundo Wirth, a partir do entendimento desses quatro aspectos da 
vida urbana é possível estabelecer análises sociológicas a respeito da cidade, do 
urbanismo, do modo de vida urbano. Deveria, portanto, ocorrer a construção de 
uma sociologia urbana. Ele escreve:
Somente na medida em que o sociólogo tiver uma compreensão 
clara do que seja a cidade como entidade social e possuir uma teoria 
razoável sobre urbanismo, poderá ele desenvolver um corpo unificado 
de conhecimentos, pois aquilo que passa por “Sociologia Urbana” 
certamente não o é atualmente. Se, se tomar como ponto de partida uma 
teoria sobre urbanismo como delineada nas páginas anteriores, a ser 
elaborada, testada e revista à luz de mais análises e pesquisa empírica,pode-se esperar que seja determinado o critério de relevância e validade 
de dados concretos. Esse sortimento heterogêneo de informações 
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
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Para complementar seu conhecimento acerca deste autor, o texto mais 
conhecido de Wirth sobre o urbanismo pode ser buscado na seguinte publicação: WIRTH, 
Louis. O urbanismo como modo de vida. In: VELHO, Otávio (Org.). O fenômeno urbano. 
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1979. Vale a pena a leitura!
DICAS
separadas que foram incorporadas em tratados de Sociologia sobre a 
cidade poderá, assim, ser filtrado e incorporado num corpo coerente de 
conhecimentos. A propósito, somente por meio de uma teoria desse tipo, 
o sociólogo escapará da fútil prática de enunciar em nome da ciência 
sociológica, uma variedade de julgamentos, às vezes insuscitáveis, 
relativos a problemas, tais como pobreza, habitação, planejamento 
urbano, higiene, administração municipal, policiamento, mercadologia, 
transporte e outros itens técnicos. Embora o sociólogo não possa 
solucionar qualquer desses problemas práticos – pelo menos não por 
si só – ele poderá, se descobrir sua função apropriada, contribuir para a 
sua compreensão e solução. As perspectivas de fazê-lo são mais claras 
através de uma abordagem geral, teórica, do que por uma abordagem 
ad hoc (WIRTH, 1979, p. 112 apud SILVA, 2009, p. 86).
É dessa maneira que Wirth propõe que haja a construção de uma Sociologia 
Urbana, tornando-se um dos precursores dessa abordagem. Uma teoria do 
urbano, portanto, seria desenvolvida a partir de pesquisas e investigações que 
tratem a cidade como objeto sociológico, considerando suas peculiaridades em 
relação ao rural/tradicional.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A Escola de Chicago é o núcleo de uma sociologia norte-americana, cujo 
principal objeto de análise desta escola sociológica foi a cidade, o modo de 
vida urbano e tudo o que o caracteriza.
• No contexto de uma cidade que sofre explosão demográfica está inserida a 
Universidade de Chicago, berço de propostas para a sociologia urbana. É a 
partir dali que se pode dizer que se originou a Escola de Chicago.
• Um nome de fundamental importância para o surgimento da Escola de 
Chicago foi Albion Small, o primeiro diretor do Departamento de Sociologia a 
ser convidado para tal função.
• Do ponto de vista metodológico, a Escola de Chicago sofreu influências do 
formalismo, pragmatismo e das intenções de reforma social.
• Um dos autores fundamentais para a consolidação da Escola de Chicago, em 
sua primeira geração, foi Robert Ezra Park. Ao se debruçar sobre a ideia de 
consolidar uma Sociologia Urbana, Park indica que o espaço de investigação 
deste ramo da sociologia seriam as mudanças sociais, espaciais e residenciais. 
Um de seus conceitos importantes é o de ecologia humana.
• Na segunda geração de sociólogos da Escola de Chicago temos Louis Wirth, que 
revisitou os clássicos da sociologia e pôs sobre eles suas análises, originando 
novas formas de compreender o urbano a partir da sociologia. Um de seus 
conceitos importantes é a ideia de urbanidade.
24
AUTOATIVIDADE
1 A Escola de Chicago tornou-se célebre na Sociologia ao utilizar metodologias 
de forte caráter empírico. É conhecida por privilegiar a pesquisa prática. 
Para tal, sofreu influência de algumas perspectivas, citadas a seguir. Sobre 
estas perspectivas, associe os itens, utilizando o código a seguir:
I- Formalismo
II- Pragmatismo
III- Reforma Social
( ) Utiliza-se de propostas de intervenção aliadas à pesquisa científica.
( ) Objetiva captar as formas subjacentes de relações sociais e, assim, fornecer 
uma espécie de geometria da vida social.
( ) Busca a ênfase no valor prático, sendo este o critério de verdade, e 
rejeitando a busca por uma verdade absoluta.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) III – I – II.
b) ( ) II – I – III.
c) ( ) I – II – III.
d) ( ) III – II – I.
2 A Escola de Chicago é o berço da Sociologia Urbana, desenvolvendo estudos 
que tiveram influência mundial nesta área. Sobre a Escola de Chicago, 
analise as seguintes sentenças:
I- A Sociologia Rural também é desenvolvida na Escola de Chicago, com 
estudos que comparam a vida urbana ao meio rural.
II- O objeto principal de análise desta escola sociológica foi a cidade, o modo 
de vida urbano e tudo o que o caracteriza.
III- Robert Park desenvolveu estudos sobre a ideia de ecologia humana e 
Louis Wirth estudou o urbanismo.
IV- O crescimento urbano provoca novas formas de controle social, 
modificando a influência das instituições sociais tradicionais, como 
família, igreja e escola.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a afirmativa IV está correta.
b) ( ) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
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TÓPICO 2
CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA 
URBANA PARA A COMPREENSÃO DA 
SOCIEDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Agora que você já sabe como se originou a Escola de Chicago, as influências 
que sofreu nas dimensões metodológicas e um pouco sobre alguns de seus autores 
e pesquisas, é hora de adentrar no mundo dos seus conceitos. Muitas noções 
sociológicas foram utilizadas, versões clássicas revisitadas e outras criadas.
A Sociologia Urbana esteve em formação durante o desenvolvimento das 
investigações na Escola de Chicago, portanto, além das discussões metodológicas 
que estavam em andamento, também se desenvolveu um arcabouço próprio 
conceitual – para que a área pudesse ser consolidada como legítima dentro das 
pesquisas sociais.
Dentro do espaço que temos para estudo não seria possível esgotar todos 
esses conceitos, portanto, novamente sua tarefa é ir além! Procure ampliar os 
estudos com as leituras indicadas e pesquisar mais quando algum conceito lhe 
chamar a atenção. 
Por ora, vamos conhecer a ideia de cidade apresentada por este grupo, a 
noção de estrutura urbana e suas características, e a ecologia humana. Este último 
marcou fortemente toda a trajetória da Escola de Chicago, portanto, dê especial 
atenção a este conceito/teoria. 
Desejamos uma ótima leitura!
2 A CIDADE
A cidade, nos estudos de Sociologia Urbana, possui sempre um peso 
central nas análises – por ser uma categoria que aglutina a relação entre o 
comportamento humano urbano e as instituições nesse espaço. Em se tratando da 
Escola de Chicago, o autor clássico acerca do estudo da cidade é Park, conforme 
vimos no primeiro tópico desta unidade. A cidade é o espaço de análise do 
sociólogo, ela é entendida nesse contexto como laboratório social.
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
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Antes de Park, um outro membro do Departamento de Sociologia, 
Charles Richmond Henderson, já havia se interessado por estudar a 
cidade, embora seu interesse estivesse mais próximo do humanitário 
do que do cientista objetivo. Nos primeiros anos da universidade, 
Henderson costumava enviar alunos da pós-graduação para 
observarem o que ocorria em várias áreas da cidade. Faleceu em 1916, 
sendo sucedido por Ernest Watson Burgess, que havia sido seu aluno 
e cuja associação com Park resultou no período de intensa produção 
acadêmica e influência da Escola de Chicago (FREITAS, 2002, p. 63).
O artigo que Park escreveu sobre esse tema e que se tornou um marco para 
a consolidação de uma tradição de pesquisa fortemente pragmática e de cunho 
empírico foi A cidade: sugestões para a investigação do comportamento humano no meio 
urbano, em 1915. A publicação ocorreu no periódico American Journal of Sociology, 
que – como já vimos – foi o principal meio de comunicação da Escola de Chicago. 
No artigo, Park apresenta as potencialidades da etnografia urbana, 
indicando que os “métodos pacientes de observação utilizados por antropólogos 
como Boas e Lowie para estudo dos povos primitivos poderiam ser ainda mais 
vantajosamente empregados na investigação dos costumes, crenças e práticas 
sociais do homem civilizado”(FREITAS, 2002, p. 64).
E por meio de métodos como a etnografia seria possível pesquisar 
empiricamente a vida social ocorrida na cidade, especialmente suas nuances. Ele 
pedia aos seus alunos que observassem tudo o que estava ao seu redor.
A cidade, especialmente a grande cidade, onde mais do que em 
qualquer outro lugar as relações humanas tendem a ser impessoais e 
racionais, definidas em termos de interesse e em termos de dinheiro, 
é num sentido bem real um laboratório para a investigação do 
comportamento coletivo (PARK, 1925 apud FREITAS, 2002, p. 64).
Park entendia que a sociologia deveria compreender como as pessoas 
reagiam aos fatos, e para tal, sugeriu a participação direta do pesquisador com o 
objeto de estudo. Essa experiência prática dentro do rigor científico passou a ser 
o método da observação participante (que consiste na coleta de dados por meio 
da participação direta do pesquisador no fenômeno social estudado, seja como 
observador ou como interventor), e que inova no sentido de permitir o acesso das 
próprias percepções ao pesquisador, e não apenas a percepção de outros sujeitos.
Com o estímulo à exploração por esse método, Park e seus colegas na Escola 
de Chicago desenvolveram importantes pesquisas, cujas diferentes dimensões 
foram analisadas pelos mesmos participantes destes grupos de pesquisa. Assim, 
a cidade de Chicago tornou-se um grande laboratório da vida social entre 1920 
e 1930, quando os professores guiavam investigações – principalmente sobre a 
criminalidade que crescia no espaço urbano.
TÓPICO 2 | CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA URBANA PARA A COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
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FIGURA 8 – CHICAGO EM 1920
FONTE: <https://www.reddit.com/r/oldcities/comments/77si71/chicago_in_1920/>. 
Acesso em: 17 jun. 2019.
Park concebe a cidade como instituição, por isso ela se torna objeto 
sociológico, sendo observada como estrutura externa ao indivíduo e que interfere 
na sua subjetividade. De forma mais completa:
A cidade (ou seja, “o lugar e as pessoas, com toda a maquinaria, 
sentimentos, costumes e recursos administrativos que as acompanham, 
a opinião pública e os trilhos de bondes nas ruas, o homem individual 
e as ferramentas que ele usa”) pode então ser pensada como “alguma 
coisa mais do que uma mera entidade coletiva”; pode ser pensada 
“como um mecanismo – um mecanismo psico-físico – no qual e 
através do qual os interesses privados e políticos encontram expressão 
associada [corporate]”. Grande parte do que comumente se considera 
como a cidade “– sua legislação, organização forma, edifícios, trilhos 
nas ruas e assim por diante – é, ou parece ser, mero artefato. Todavia, 
só quando, e na medida em que, por uso e costume, essas coisas 
se associam [...] às forças vitais que residem nos indivíduos e na 
comunidade, é que assumem a forma institucional. Como um todo, a 
cidade é uma produção. É o produto não-intencional [undesigned] do 
trabalho de sucessivas gerações de homens (EUFRÁSIO, 1999, p. 49).
Assim, Eufrásio (1999) destaca que a cidade integra a estrutura física com 
elementos espirituais, que são a ordem moral – e todo esse mecanismo é resultado 
de um processo histórico. Ambas se moldam, se modificam, conforme interagem.
A organização espacial da cidade, por exemplo, pode ser geométrica 
(como em cidades planejadas) – sendo que o planejamento impõe uma 
organização específica. No entanto, é difícil controlar a expansão, especialmente 
em se tratando de propriedades privadas, seguindo gostos e conveniências 
pessoais. Em função disso, a organização pode ser modificada e, portanto, não 
controlada. Inicialmente, a geografia local, os meios de transporte etc., podem ser 
determinantes para a distribuição populacional – mas conforme a cidade cresce 
outro item auxilia essa distribuição: as rivalidades, as simpatias, as necessidades 
econômicas, entre outros. Surge, então, a vizinhança, e cada uma delas dá 
continuidade aos processos históricos, que se impõem aos indivíduos.
UNIDADE 1 | ESCOLA DE CHICAGO
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Assim se formam os setores que Park chama de vizinhanças, pequenas 
células da comunidade que precede e da qual parte a formação da cidade 
(EUFRÁSIO, 1999). Elas são as formas mais elementares das associações urbanas, 
existindo sem uma organização formal. Nas cidades grandes, a vizinhança 
perde grande parte da sua importância, pois a facilidade aos transportes e meios 
de comunicação permite que o sujeito distribua sua atenção, não a mantendo 
centrada apenas no seu entorno. Ainda assim, vizinhanças formadas por grupos 
segregados nas cidades tendem a existirem em suas margens, ou seja, em seu 
entorno – distantes das áreas centrais.
Outro item que auxilia a definição espacial da cidade é a organização 
econômica: o comércio é determinante para a formação das cidades, na medida em 
que a população se organiza em torno dele. O desenvolvimento industrial estimula 
o comércio e os grandes mercados passam a ser centrais no espaço urbano.
Além da análise das organizações espaciais citadinas, Park analisa a 
ordem moral disposta nas cidades, e traz a noção de regiões morais. Segundo 
ele, grupos com interesses similares formam grupos que possuem regras morais 
específicas, e que não se interpenetram com outros grupos. Ele diz:
É inevitável que indivíduos que buscam as mesmas formas de 
empolgação [excitement] (sejam corridas de cavalos ou óperas) devam 
se encontrar de tempos em tempos nos mesmos lugares. O resultado 
disso é que, na organização que a vida da cidade espontaneamente 
assume, se manifesta uma disposição da população para se segregar, 
não meramente de acordo com seus interesses, mas de acordo com 
seus gostos ou seus temperamentos. A distribuição da população 
resultante deve ser provavelmente muito diferente daquela trazida 
por interesses ocupacionais ou condições econômicas (PARK, 1915 
apud EUFRÁSIO, 1999, p. 55).
As regiões morais podem ser regiões habitacionais ou mesmo regiões 
de diversão, habitadas por pessoas como um gosto ou interesse comum, e que 
possuem um certo isolamento moral por se diferenciar de outros grupos.
Para finalizar este tópico, vamos ao texto do próprio autor:
Esse texto é parte da publicação mais determinante de Park 
sobre a cidade e está em: EZRA PARK, Robert. A cidade: sugestões para a 
investigação do comportamento humano no meio urbano. In: VELHO, 
Otávio (Org.). O fenômeno urbano. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1979.
DICAS
TÓPICO 2 | CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLOGIA URBANA PARA A COMPREENSÃO DA SOCIEDADE
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Segundo o ponto de vista deste artigo, a cidade é algo mais do que um 
amontoado de homens individuais e de conveniências sociais, ruas, edifícios, 
luz elétrica, linhas de bonde, telefones etc.; algo mais também do que uma 
mera constelação de instituições e dispositivos administrativos – tribunais, 
hospitais, escolas, polícia e funcionários civis de vários tipos. Antes, a cidade 
é um estado de espírito, um corpo de costumes e tradições e dos sentimentos 
e atitudes organizados, inerentes a esses costumes e transmitidos por essa 
tradição. Em outras palavras, a cidade não é meramente um mecanismo físico e 
uma construção artificial. Está envolvida nos processos vitais das pessoas que a 
compõem; é um produto da natureza, e particularmente da natureza humana. 
A cidade, como Oswald Spengler observou recentemente, tem sua 
cultura própria: “A cidade é, para o homem civilizado, o que é a casa para o 
camponês. Assim como a casa tem seus deuses lares, também a cidade tem sua 
divindade protetora, seu santo local. A cidade, como a choupana do camponês, 
também tem suas raízes no solo”. 
Em tempos recentes a cidade tem sido estudada segundo o ponto de 
vista de sua geografia, e ainda mais recentemente segundo o ponto de vista de 
sua ecologia. Existem forças atuando dentro dos limites da comunidade urbana 
— na verdade, dentro dos limites de qualquer área de habitação humana — 
forças que tendem a ocasionar um agrupamento típico e ordenado de sua 
população e instituições. A ciência que procura

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