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UNINTER – CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL PEDAGOGIA – 2ª GRADUAÇÃO RUBIA FERNANDA ALVES MOREIRA RU: 2072474 PRODUÇÃO CONCEITUAL CONTAGEM - MG 2022 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................03 2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................04 2.1 Estado da Arte............................................................................................04 2.2 Campo Externo Remoto – Análise Imagética..........................................05 2.2.1 Contexto............................................................................................05 2.2.2 Roteiro...............................................................................................06 2.2.3 Ambiente e Espaço .........................................................................06 2.2.4 Personagens....................................................................................07 2.2.5 Reflexões Interdisciplinares...........................................................07 2.2.6 Relações com a Formação Acadêmica Pedagógica.....................08 2.7 Ficha Técnica......................................................................................08 2.3 Material Didático..........................................................................................09 2.4 Prática do Campo e as Teorias: Práxis.....................................................10 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................12 4 REFERÊNCIAS...................................................................................................13 INTRODUÇÃO Atualmente a Educação para Jovens e Adultos (EJA) pode ser feita de maneira presencial ou à distância, isso porque o governo visa estabelecer parâmetros iguais a todos, porém o Brasil ainda sofre uma grande desigualdade social. Essa modalidade de estudo é conhecida popularmente como “supletivo”, pois a ideia que muitos tem, é que seja um estudo rápido sem muito aprofundamento, porém não é o conceito correto e geral da EJA, visto que o ideal é repassar aos alunos uma qualidade de ensino igualitária ao ensino normal, oferecendo todo suporte pedagógico. A EJA acabou se tornando um modo de inserção social, pois atingiu principalmente a população precária do país, onde antes, esses indivíduos que fazem parte desses grupos sociais não viam possibilidade de continuar os estudos, já que muitos não continuaram por motivos de trabalho para sustento da família. A Educação para Jovens e Adultos não é uma ideia nova, e sim antiga, pois em 1920 o Brasil foi questionado quanto à desigualdade social e apontado por outros países como uma nação que não oferece ensino de qualidade, e precisara mudar isso. Começou-se a viabilizar a implantação de uma educação para os adultos, já que naquela época, os adultos tinham a maior taxa de analfabetismo. Então o SEA (Serviço de Educação ao Adulto), conceituado como um movimento que auxiliou a UNESCO (A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em prol da educação dos adultos, tinha como objetivo principal elaborar projetos para criação de uma educação primária aos adultos, ou seja, garantindo a eles uma alfabetização de qualidade, com suporte de professores aptos e experientes. A partir disso, esta produção conceitual foi elaborada através do meu estágio realizado na EJA em uma escola estadual na cidade de Contagem, em Minas Gerais, de forma presencial. Por questão de ética, a escola será representada pelo nome ESCOLA 1. Tal estágio teve por objetivo principal vivenciar o cotidiano pedagógico de jovens e adultos que não tiveram meios para terminar os estudos antes e hoje destinam um pouco de seu tempo para retomar o que fora perdido e também identificar a grande importância do EJA numa sociedade. Dentre as atividades realizadas na ESCOLA 1, procurei me enquadrar nas atividades que os discentes mais tinham dificuldades, como na escrita e 4 cálculos matemáticos e sendo assim foram feitas atividades como; ditado, leitura e interpretação, atividades com frações, expressões algébricas e dentre outras. 2. DESENVOLVIMENTO Paulo Freire é uma figura importante para Pedagogia, e até hoje é relembrando pela visão de junção de educação e política. Lamentavelmente seus ideais eram mal vistos na época em que iniciara seus projetos, e como era época da Ditadura Militar, seus trabalhos não puderam ser concluídos, pois foi exilado, mas mesmo assim continuou escrevendo, e atualmente seus livros ainda são referências de estudo. Seguindo o pensamento de Freire, o meu estágio buscou ajudar jovens que dispõem de pouco tempo para o estudo, pois alguns tem afazeres a cumprir, como trabalho ou ajudar em casa. Tais motivos levaram alguns desses jovens a encontrarem obstáculos que fizessem que não concluíssem seus estudos na idade certa. 2.1 Estado da Arte A EJA oferece o término do Ensino Fundamental em até 2 anos e o Ensino Médio em até 1 ano e meio. Esse curto tempo de aprendizado exige mais do indivíduo, até mesmo porque conciliar trabalho, família e escola não é uma tarefa fácil, mas é visto na maioria dos alunos uma persistência admirável, assim como Paulo Freire presenciou quando um de seus alunos escreveu no quadro da sala de aula o nome “Nina”, e após ser questionado por Paulo Freire, o aluno respondeu alegremente e emocionado que aquele nome era de sua esposa (FREIRE, 2000). A experiência de Freire foi única, pois sabia que seu trabalho estava trazendo resultados. A partir disso, busquei obter os mesmos resultados com os discentes ali presente na ESCOLA 1. Freire (2000), aplicava a metodologia de ensino-aprendizagem ligado ao cotidiano dos alunos, mostrando palavras e conceitos que rodeavam o discente, combinando assim o estudo com seu ambiente social. Partindo desse pressuposto, busquei elaborar atividades da seguinte maneira: 5 Aulas de Língua Portuguesa: Elaboração de ditado com palavras que fazem parte do cotidiano dos alunos e também formação de frases com verbos de ação e fenômenos da natureza. Também foi levado aos discentes uma proposta de análise de orações, apresentando a eles as partes que formam uma oração, como sujeito, verbo, predicado, complemento e outros. Aulas de Matemática: Elaboração de um mini mercado, fazendo com que os alunos se sentissem em um ambiente de compras e instigando a usar as operações básicas (adição, subtração, divisão e multiplicação). Ainda no mini mercado, foi elaborado uma dinâmica de como transformar tais informações em expressões numéricas e também porcentagem. Para introdução de “letras – incógnitas” nesta aula, apresentamos primeiro o conceito de valor desconhecido, por meio de uma aula visual, que consistia na apresentação de figuras impressas e coladas no quadro, onde os alunos podiam perceber que não se sabia a quantidade daquele elemento, então era atribuído uma letra pra ele. De forma geral, devido a matemática ser uma das maiores dificuldades dos discentes, foi colocado em prática uma metodologia de ensino-aprendizagem visual e realista, levando aos discentes a vivenciarem a matemática do cotidiano. 2.2 Campo Externo Remoto – Análise Imagética. Como meu estágio foi baseado pela metodologia de Freire, o filme escolhido foi Mentes Perigosas, do ano de 1995, cujo diretor é John N. Smith. O filme retrata a busca de uma professora, que antes era oficial da marinha, por uma metodologia que chame a atenção de seus alunos para que osmesmos consigam aprender. O filme foi inspirado na história de Louanne Johnson, ou seja, em fatos reais, vividos por esta mulher que é um exemplo do profissionalismo e amor pela educação. 2.2.1 Contexto Ao mudar completamente de ambiente profissional, a professora Louanne Johnson se depara como uma turma de jovens rebeldes que não são fáceis de lidar, até porque cada um vive um drama em sua vida particular, dificultando o ensino-aprendizagem na escola. A temática do filme é social e moral, pois a maioria dos alunos, devido ao ambiente social que estão inseridos, se veem numa situação onde os estudos não fazem parte de sua vida e 6 não tem grande importância. Sendo assim, cabe a professora mudar esse estereótipo que esses discentes apresentam perante a escola. O tema central deste filme é o desafio de um docente na educação de jovens que não estão motivados a aprender. O ambiente principal é a escola, porém o filme demonstra a realidade de vida de cada aluno, como moradia e conflitos familiares, portanto é passado no filme ambientes diversos, como: periferia e moradia em trailers. Com relação ao social, os personagens são demonstrados vivendo em sociedade, com suas respectivas famílias e amigos. 2.2.2 Roteiro O filme começa com a mudança de profissão da personagem Louanne, que sai da Marinha para lecionar como professora de literatura inglesa. A mesma acaba aceitando uma proposta de lecionar numa escola pública, num ambiente voltado para uma população composta de negros e latinos, onde é visto famílias que são carentes. De início, a personagem pensa que aplicando a metodologia aprendida na Marinha, mudará os alunos e colocará eles na linha, já que o diretor da escola tinha o mesmo pensamento, pois a turma que ela foi direcionada tem má fama na escola e é considerada por ter alunos “sem futuro”. O filme apresenta uma sequência de fatos lógica e bem organizada, demonstrando a vida de cada personagem e os conflitos que cada um enfrenta, oferecendo assim o telespectador uma visão clara dos motivos que levam esses discentes a desacreditarem nos estudos. Os fatos ocorrem na mesma linha de tempo, não ocorrendo flashbacks, focando mesmo na atual situação daqueles personagens e o conflito maior existente ali: o da professora em achar a melhor metodologia de ensino-aprendizagem. 2.2.3 Ambiente e Espaço. O ambiente principal do filme é a escola pública, onde a classe da professora é considerada como “classe dos excluídos”, pois a escola reuniu em um único ambiente alunos que eram considerados com perfis “marginalizados” e não podiam estar junto de outros. Sendo assim, para a direção da escola, era impossível lecionar para esses alunos, pois já não havia um destino bom para eles. A própria sala de aula contém cadeiras rabiscadas e quebradas e os discentes não possuem materiais escolares. A direção da escola também não se vê mais obrigada a cuidar e zelar por aquele determinado local e quem está inserido nele. A professora é que instiga aos alunos a mudarem tais comportamentos e leva até eles, livros e outros tipos de materiais educativos. 7 2.2.4 Personagens Louanne Johmson – Ex-oficial da Marinha e professora de literatura na escola. Emilio Ramirez – Aluno rebelde, considerado como o popular da turma. Infelizmente o aluno se envolve com pessoas erradas e pratica crimes, levando o mesmo a morte. Callie Roberts – Aluna inteligente e interessada em estudos, porém num primeiro momento demonstrava estar desacreditava na escola e tudo que podia ter de conhecimento ali. Angela – Namorada de Emilio, que defendia o namorado e demonstrava também interesse pelos estudos, porém achava que deveria seguir a opinião do namorado e da maioria. Hal Griffith – Diretor da escola que relata que a professora deve ter como foco, chamar a atenção dos seus alunos de alguma forma, pois eles apresentam Q.I elevado, porém notas baixíssimas. Mary Benton – Mãe de dois alunos que se intimida com os métodos aplicados pela professora em sala de aula e decide tirar eles da escola, demonstrando ser uma pessoa egoísta e preconceituosa, já que não gostava da professora também por questão racial. 2.2.5 Reflexões Interdisciplinares O filme demonstrou claramente a essencial importância que o professor tem na vida do discente e como uma metodologia aplicada de forma correta reflete diretamente no ensino-aprendizagem do mesmo. Claro que um dos momentos mais impactantes foi a morte do aluno Emilio, que mesmo sabendo que estava progredindo em sala de aula e que podia ir para um caminho melhor, se envolveu com pessoas erradas e acabou tendo um fim triste. A professora naquele momento chegou a conclusão que os professores tem o poder de mudar a vida de um aluno, mas temos limites e não podemos ir além deles. A mesma sabia do grande potencial de Emilio e ficou decepcionada por não ter ajudado mais, mas não pode fazer tudo ao mesmo tempo, já que a mudança deve vir de ambos os alunos e sendo assim o aluno continuou fazendo o errado lá fora. 8 O conhecimento é algo que quando é adquirido, ninguém pode roubá-lo e sendo assim, o filme demonstrou que o professor deve passar o conhecimento de uma forma que ele seja uma arma para ser usado nos obstáculos da vida e que mais ainda, ele pode ser um elemento transformador de vidas, abrindo novos caminhos e chances. 2.2.6 Relações com a Formação Acadêmica Pedagógica. O mesmo pode ser apresentado na escola para os alunos do EJA em qualquer disciplina, mas principalmente em matérias como Língua Portuguesa, Literatura e Sociologia. Tal filme tem total relação com a área da pedagogia, trazendo a visão que todo aluno importa, que todo aluno merece em aprendizado de qualidade, mesmo tendo seus conflitos psicológicos e sociais, pois basta o querer em aprender e ter um profissional da educação disposto a ensinar da maneira que a turma necessita. 2.2.7 Ficha Técnica Nome do Filme: Mentes Perigosas Ano:1995 Gênero: Drama Duração do filme: 99 minutos Direção: John. N. Smith Baseado em fatos reais vivenciados pela professora que hoje é escritora também, a Louanne Johnson. Roteiro: Ronald Bass Elenco Principal: Michelle Pfeiffer, George Dzundza, Courtney B. Vance Linguagem: Inglês Americano País de Origem: Estados Unidos da América (EUA) Título Original: Dangerous Minds. Classificação: 16 anos 9 Imagem: Sinopse: Uma ex-oficial da marinha abandona a vida militar para ser professora de inglês. Só que logo na primeira escola em que começa a lecionar, ela vai se deparar com diversas barreiras. Sendo um colégio de negros, latinos, e na maioria de pessoas pobres, ela terá que lidar com a rebeldia dos alunos. Como a professora Louanne Johnson não consegue através de métodos convencionais a atenção da sua classe, ela parte para outra forma de ensino. Passa a dar aulas com karatê e músicas de Bob Dylan, tentando ajudar a turma através de métodos pouco convencionais. 2.3 Material Didático Como mencionado anteriormente, os discentes apresentaram dificuldades em determinados conteúdos, como a escrita. A partir disso, foi elaborado um planejamento pedagógico com a apresentação visual de conceitos vividos pelos próprios estudantes em seu cotidiano, assim como foi levado a eles, textos como notícias de acontecimentos da cidade, fazendo com que a aula fosse produtiva e pudesse haver um debate entre os alunos. A partir disso, foi elaborada a aula de “Jornalzinho de Palavras da Minha Cidade!” O objetivo da atividade era que todos, até mesmo os profissionais da educação trouxessem uma notícia da cidade, seja de qualquer assunto, para que pudéssemos ler e interpretar aquilo que estava sendo demonstrado no texto. Cada aula era escolhida uma notícia e dentre aquele contexto adquirido, pude retirar algumas palavras novas que eles 10 tinham acabado de conhecer paraelaborar perguntas e posteriormente fazer um ditado de palavras ou frases. 2.4 Prática do Campo e as Teorias: Práxis A Educação de Jovens e Adultos se mostrou eficiente desde os anos 70, pois anteriormente foram encontrados diversos obstáculos que impediram o avanço da educação aos adultos analfabetos. Mesmo com as ações iniciais de Paulo Freire nos anos 60, o país vivia a Ditadura Militar e a didática de Freire era com base numa educação de liberdade, ou seja, tornar os alunos seres pensantes e críticos, onde deveriam questionar a realidade do país. Lógico que essas ideias eram contrárias dos militares, e sendo assim o projeto de Freire não foi adiante naquela época. Mesmo com o exílio que perdurou por 15 anos, Paulo Freire não desistiu de seus objetivos, e continuou propagando seus pensamentos em outros lugares. Assim que voltou ao Brasil, foi recebido com prestígio e deixou após sua morte um legado de sabedoria, principalmente aos professores e estudantes de Pedagogia. Seu modelo de aprendizado é fortemente defendido e aplicado por diversos professores e funciona muito bem para educação dos adultos, pois é necessário trabalhar com o modo de vida do discente, associando conteúdos presentes no dia a dia dessa pessoa a matéria escolar, não só como o ler e escrever, mais também as demais matérias que acabam se atrelando aos assuntos da sociedade. Ao se iniciar os estudos na modalidade EJA, as escolas municipais e estaduais oferecem aos alunos apostilas de apoio estudantil. Também atualmente é visto os livros de Educação Infantil ao Ensino Médio virem com o aviso de que aquele conteúdo oferecido está de acordo com as normas e diretrizes da BNCC. Ao comparar as apostilas da EJA com as elaboradas de acordo com a BNCC, é visto a diferença de conteúdo, pois por mais que a EJA seja uma modalidade mais rápida para obter uma formação, ela não deve ser encarada como algo superficial, ou seja, apenas ensinar o pouco, e não abranger os assuntos de forma esclarecedora. A BNCC trabalha com três pilares, que são a igualdade, diversidade e equidade. Esse grupo de pilares que podem ser denominados como diretrizes, estabelecem relação 11 entre eles, onde é necessária igualar a educação, ou seja, oferecer a todos o mesmo nível de ensino, respeitando as diferenças, com relação à cultura e reconhecer as diferentes necessidades que são apresentadas em cada aluno. Portanto o conceito de igualdade deveria abranger a todos, incluindo os discentes da EJA, e sendo assim a BNCC acaba entrando em divergência com seus próprios ideais. 12 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O meu estágio demonstrou que o estudo não tem idade e nem época, pois conhecimento pode ser adquirido sempre que o indivíduo quiser e que o professor deve ter a ciência do seu papel essencial que exerce sobre essa trajetória escolar do discente, focando em um ensino-aprendizado de qualidade voltado a realidade do aluno, unindo conceitos que os norteiam. A EJA é visto pelos jovens e adultos como uma oportunidade que antes não tiveram, e além de aprender, também é possível uma interação social com professores e colegas de classe. Foi possível perceber que essa retomada tardia aos estudos não é levada como um ato de perdedor, e sim como uma ação de vencedor. Então passar por essa fase de estudo constante é uma trajetória de altos e baixos, mas cada avanço é dito como um prêmio que impulsiona a seguir em frente, descobrir e aprender mais. 13 REFRÊNCIAS AQUINO, J. G. A relação professor-aluno: do pedagógico ao institucional. São Paulo: Summus, 1996. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1970. FREIRE, P. Educação como prática de liberdade: a sociedade brasileira em transição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2000.
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