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A Sistematização da Assistência de Enfermagem

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A Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE 
A organização do serviço de enfermagem é uma necessidade. No Brasil, essa 
regulamentação ocorre por meio do SAE (Sistematização da Assistência de 
Enfermagem). Ela garante que os procedimentos sejam feitos de forma padronizada, 
seguindo metodologias já testadas anteriormente. 
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), 50% da força de 
trabalho mundial em saúde ser constituída por enfermeiros, técnicos, auxiliares e 
obstetrizes. Por isso, a enfermagem é considerada como a espinha dorsal do sistema de 
saúde. Sem esses profissionais, o sistema de saúde não teria como manter a qualidade 
nem mesmo como prestar o atendimento à população. 
Além disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que faltarão 9 milhões de 
enfermeiros, enfermeiras e parteiras no mercado para satisfazer as necessidades de saúde 
da população mundial até 2030. Esse cenário evidencia a importância de valorizar a 
profissão, além de se criar metodologias de trabalho baseadas em evidências científicas, 
garantindo padronização nos atendimentos e garantias de boas práticas em saúde, como 
é possível por meio do SAE. 
O que é a SAE? 
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia desenvolvida 
a com o objetivo de organizar a prática da enfermagem no atendimento e cuidado do 
paciente. 
A SAE vem ocorrendo desde Florence Nightingale — considerada a precursora da 
enfermagem — quando, ao participar como voluntária na Guerra da Crimeia com outras 
38 mulheres, em 1854, teria conseguido reduzir a mortalidade local de 40% para 2%. 
Florence sempre defendeu que as enfermeiras deveriam estar submetidas a uma forte 
organização disciplinar. 
A metodologia foi introduzida mundialmente nas décadas de 1920 e 1930, porém o Brasil 
apenas iniciou a sua implantação na década de 1970. E somente em 2002 o Conselho 
Federal de Enfermagem (Cofen) estabeleceu a obrigatoriedade da implementação da 
sistematização da assistência de enfermagem em toda instituição de saúde, seja pública 
ou privada. Posteriormente, em 2009, o Cofen estabeleceu uma nova resolução que 
considera a SAE como método organizacional para a aplicação do Processo de 
Enfermagem (PE). 
O método atualmente é organizado em cinco etapas, que visam a fortalecer o julgamento 
e a tomada de decisão clínica assistencial do profissional de enfermagem. Com tal atitude, 
https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/cienciasaude/article/download/3810/3274
http://www.cofen.gov.br/
o profissional consegue agir de acordo com a priorização, a delegação, gestão do tempo 
e contextualização do ambiente cultural do cuidado prestado. 
Com a utilização da metodologia SAE, é possível analisar as informações obtidas, definir 
padrões e resultados das condutas definidas. É necessário ainda que todos os 
procedimentos e dados devem ser registrados no prontuário do paciente. 
Etapas da Sistematização de Assistência de Enfermagem 
Em 2009, a Resolução da Confederação Nacional de Enfermagem (Cofen) 
número 358/2009 revogou a resolução anterior, de número 272/2002. De acordo com 
essa nova resolução, os procedimentos de sistematização de assistência de enfermagem 
devem ser realizados, de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos 
ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem. 
Além disso, ele divide o processo de sistematização em cinco etapas: 
I – Coleta de Dados de Enfermagem (ou Histórico de Enfermagem) 
Processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e 
técnicas variadas, que tem por finalidade a obtenção de informações sobre a pessoa, a 
família ou a coletividade humana e sobre suas respostas em um dado momento do 
processo de saúde e doença. 
II – Diagnóstico de Enfermagem 
Processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados na primeira etapa, que 
culmina com a tomada de decisão sobre os conceitos diagnósticos de enfermagem que 
representam, com mais exatidão, as respostas da pessoa, família ou coletividade humana 
em um dado momento do processo de saúde e doença, e que constitui a base para a seleção 
das ações ou intervenções com as quais se objetiva alcançar os resultados esperados 
III – Planejamento de Enfermagem 
Determinação dos resultados que se esperam alcançar e das ações ou intervenções de 
enfermagem que serão realizadas face às respostas da pessoa, família ou coletividade 
humana em um dado momento do processo de saúde e doença, identificadas na etapa de 
Diagnóstico de Enfermagem. 
IV – Implementação 
Realização das ações ou intervenções determinadas na etapa de Planejamento de 
Enfermagem. 
V – Avaliação de Enfermagem 
Processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da 
pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo de saúde e 
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html
http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-2722002-revogada-pela-resoluao-cofen-n-3582009_4309.html
doença, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o 
resultado esperado, e de verificação da necessidade de mudanças ou adaptações. 
Mais agilidade com a tecnologia 
A sistematização da assistência de enfermagem é um instrumento que faz com que o 
enfermeiro consiga avaliar os pacientes individualmente e entenda quais tipos de 
cuidados ele precisa. Essa metodologia garante o gerenciamento do cuidado pela 
qualidade do atendimento, e ainda a segurança no processo. Isso é possível pois diminui 
as chances de erros dos profissionais por promover decisões baseadas em evidências 
científicas. 
Com o avanço da tecnologia também na área da saúde, principalmente com a introdução 
dos prontuários eletrônicos do paciente (PEP), a SAE vem ganhando cada vez mais 
agilidade. Isso foi possível ao permitir que a organização dos dados possam ser feitas de 
forma mais rápida e segura. 
O uso de PEP requer que protocolos baseados em evidências científicas sejam utilizados. 
Tal procedimento garante que se façam as condutas mais indicadas para o paciente e 
também que se registre toda essa assistência de uma forma organizada. 
Como ponto positivo, é possível afirmar que o SAE aliado ao prontuário eletrônico 
permite mais segurança ao paciente, porque avalia e normatiza todas as ações. Além 
disso, essa automação dos processos da enfermagem auxilia os hospitais nas rotinas de 
assistência médica. 
É necessário lembrar ainda que antes da informatização, o profissional da enfermagem já 
agregava os dados da rotina em questionários descentralizados. Porém, com o prontuário 
eletrônico do paciente, a rotina passou a ser documentada e facilmente acessada. Nesse 
contexto, qualquer questão que seja identificada — seja um risco para o paciente em 
relação aos cuidados de saúde ou tratamentos — pode ser minimizada, por estar 
documentada em um PEP, cujas informações são facilmente acessíveis. 
Desta maneira, se houver necessidade de avaliação de algum ponto de assistência que 
possa ser questionado, tendo isso sistematizado no prontuário eletrônico, fica 
documentado e disponível. Isso permite uma avaliação a qualquer momento, inclusive da 
auditoria. 
Boas práticas em saúde 
Outra vantagem da adoção da sistematização da assistência de enfermagem são os 
cuidados mais individualizados e de qualidade, que garantem boas práticas em saúde. Isso 
https://nexxto.com/prontuario-eletronico-atendimento-do-paciente/
é possível em virtude dos protocolos que devem ser adotados, permitindo que a equipe 
de enfermagem avalie qual é a rotina adequada para seu ambiente de trabalho. 
Com a sistematização da assistência de enfermagem, a rotina estabelecida é direcionada 
para as necessidades individuais de cada paciente. Ou seja, cada paciente será atendido 
conforme sua necessidade. Por mais que mais pessoas apresentem a mesma doença, cada 
atendimento será feito de acordo com o quadroque apresenta. 
O SAE ainda permite a geração de indicadores de qualidade da assistência. Isso ocorre a 
partir dos registros de cuidados, onde os enfermeiros precisam pontuar uma série de 
indicadores que, consequentemente, ajudarão a melhorar a assistência posteriormente. 
Com tais indicadores será possível medir dias de internação, tempo de assistência, 
condutas de prevenção contra lesões, quantos remédios precisa e quais não usa. Ao final, 
é possível estabelecer um histórico mais completo do paciente e compreender mais 
facilmente novas metodologias de atendimento e de procedimentos para cada 
enfermidade. 
Sistematização reduz erros: Erros médicos são apontados como a terceira maior causa 
de morte nos Estados Unidos, de acordo com estudo do British Medical Journal. Esses 
óbitos decorrentes de fatores humanos acabam não sendo contabilizados nas estatísticas 
oficiais. Porém, conforme pesquisadores da Johns Hopkins University School of 
Medicine, mais de 250 mil mortes por ano são atribuídas a erros. 
O número superou os 150 mil óbitos em 2016 por problemas respiratórios, considerado 
pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, como a terceira maior 
causa de mortalidade. 
Tais números refletem uma realidade mundial, e que evidencia a necessidade do uso de 
metodologias de atendimento também na área da enfermagem. Desta forma, é possível 
afirmar que a Sistematização da Assistência de Enfermagem é de fundamental 
importância para reduzir erros e garantir maior qualidade ao atendimento ao paciente. 
É importante que a sua implementação seja realizada nos diversos ambientes em que 
atuam os profissionais de enfermagem. A sistematização contribui para a organização do 
cuidado aos pacientes, tornando possível a operacionalização do processo de 
enfermagem. Mesmo com todas as vantagens, ainda ocorrem dificuldades em relação à 
implantação da SAE em alguns serviços de saúde. Em geral, tais problemas estão 
relacionadas a fatores que interferem tanto na aplicação do PE (Processo de Enfermagem) 
quanto na sistematização da assistência de enfermagem. Esses fatores são, em sua 
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/05/erros-medicos-sao-3-maior-causa-de-morte-nos-eua-estima-estudo.html
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/05/erros-medicos-sao-3-maior-causa-de-morte-nos-eua-estima-estudo.html
https://nexxto.com/erros-no-cuidado-a-saude-estrategias-para-mitigacao-e-contingenciamento/
maioria, tanto de origem organizacional (política, normas e objetivos do serviço), como 
profissionais (atitudes, crenças, valores e habilidades). 
Por fim, é preciso afirmar que diante de todas as vantagens que esse processo representa, 
atualmente sua implantação é considerada um desafio. Isso ocorre tanto para o 
gerenciamento da assistência quanto para o enfermeiro, pois exige empenho e criatividade 
para a sua elaboração e execução.

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