Prévia do material em texto
Carolina Ferreira FARMACOLOGIA PENICILINAS -Estão entre os fármacos + amplamente eficazes e também entre os - tóxicos conhecidos - Porém o ↑ a resistência limitou seu uso -São antimicrobianos bactericidas - São inativas em microrganismos que não tem a parede celular como micobactérias, protozoários, fungos e vírus - Exemplos: o Amoxicilina o Ampicilina o Dicloxacilina o Nafcilina o Oxacilina o Benzilpenicilina (penicilina G) o Fenoximetilpenicilina (penicilina V) o Piperacilina o Ticarcilina -Os membros dessa família diferem entre si no substituinte R ligado ao ácido 6-aminopenicilânico ✓ MECANISMO DE AÇÃO -Interferem na última etapa da síntese da parede bacteriana, resultando em exposição da membrana osmoticamente – estável o que leva a lise celular seja pela pressão osmótica ou pela ativação de autolisinas -Provocam a reação de transpeptidação da síntese da parede celular bacteriana - Seu mecanismo de ação pode acontecer de 3 formas: 1. Proteínas ligadoras de penicilina (PLPs): as PLPs são enzimas bacterianas envolvidas na síntese da parede celular e na manutenção das características morfológicas das bactérias. A exposição a esses antimicrobianos pode bloquear a síntese da parede celular e levar a alterações morfológicas ou lise das bactérias suscetíveis. O número de PLPs varia conforme o tipo de microrganismo 2. Inibição da transpeptidase: Algumas PLPs catalisam a formação de ligações cruzadas entre as cadeias de peptidoglicano. As penicilinas inibem a reação catalisada pela transpeptidase, inibindo, assim, a formação das ligações cruzadas essenciais para a integridade da parede celular. 3. Produção de autolisinas: Várias bactérias, particularmente os cocos gram-positivos, produzem enzimas degradativas (autolisinas) que participam da remodelagem normal da parede celular bacteriana. Na Carolina Ferreira FARMACOLOGIA presença de penicilina, a ação degradativa das autolisinas ocorre na ausência de síntese da parede celular. Assim, o efeito antibacteriano de uma penicilina resulta da inibição da síntese da parede celular e da destruição da parede celular existente pelas autolisinas ✓ CLASSIFICAÇÃO - Podem ser divididas em 3 grupos: 1)Penicilinas: apresentam > atividade contra microrganismos Gram-positivo, cocos Gram-negativos e anaeróbios não produtores de b-lactamase e apresentam pouca reatividade contra bastonetes Gram-negativos. Ex: penicilina G 2) Penicilinas antiestafilocócicas: elas são resistentes as B-lactamases estafilococicas, apresentam atividade contra estafilococos e estreptococs, porem são inativas contra enterococos, bactérias anaeróbias e cocos. Ex: nafcilina 3)Penicilinas de espectro ampliado: esses fármacos conversam o espectro antimicrobiano da penicilina, apresentam > atividade contra microrganismos Gram-negativo. Ex: ampicilina ESPECTRO ANTIBACTERIANO -É determinado pela sua capacidade de atravessar a parede celular de peptidoglicano da bactéria p/ alcançar as PLPs no espaço periplasmático -Os microrganismos gram-positivos têm paredes celulares facilmente atravessadas pelas penicilinas -Os microrganismos gram-negativos têm uma membrana lipopolissacarídea externa, que envolve a parede celular e atua como barreira contra as penicilinas hidrossolúveis, possuem proteínas inseridas na camada lipopolissacarídea que atuam como canais cheios de água (denominados porinas), permitindo a passagem transmembrana - As penicilinas podem ser divididas da seguinte forma quanto ao espectro anti- bacteriano: • Penicilina G (benzil-penicilina): *Considerada a droga + eficaz contra os seguintes grupos de bactérias: cocos Gram-positivos (Streptococcus pyogenes), bacilos Gram positivos (Listeria monocytogenes), cocos Gram negativos(Neisseria meningitidis), anaeróbios da boca e orofaringe, espiroquetas (Treponema pallidum) *Os germes Gram-negativos possuem resistência natural à penicilina G, pois esta substância não atravessa as ’porinas’ da membrana externa dessas bactérias, não atingindo, portanto, o seu sítio de ação. Carolina Ferreira FARMACOLOGIA * A penicilina G mal absorvida pelo trato GI e deve ser ministrada por via parenteral. Existem três preparados de penicilina G: Penicilina G cristalina: por via venosa, reservada p/ infecções +graves que indicam internação; Penicilina G procana: por via intramuscular, para infecções de gravidade intermediaria (ex.: erisipela) Penicilina G benzatina (Benzetacil):uma preparação de liberação lenta, administrada por via intramuscular, cujo efeito perdura por cerca de 10 dias. Esta última reservada para as seguintes infecções: faringoamigdalite estreptoccica, impetigo estreptoccico e sífilis sem acometimento do SNC. • Penicilina V: *Também denominada fenoximetil-penicilina *Apresenta excelente absorção por via oral • Penicilinas peniciliase-resistentes: *São penicilinas semi-sintéticas c/ capacidade de resistir ação da penicilinase produzida pelo Staphylococcus aureus *Os principais exemplos são: Oxacilina, Meticilina e Nafcilina • Aminopenicilinas: -A este grupo pertencem a Ampicilina e a Amoxicilina *Conseguem atravessar as ’porinas’ da membrana externa dos Gram- negativos, tendo, portanto, relativa eficácia contra várias cepas de H. influenzae, M. catarrhalis, E. coli, P. mirabilis, Salmonella sp. e Shigella sp *É eficaz também contra os Gram positivos • Carboxipenicilinas: *Pertencem a esse grupo a Carbenicilina e a Ticarcilina *São – eficazes contra os Gram-positivos se comparados a penicilina G e as aminopenicilinas *São eficazes contra Gram-negativos produtores de beta-lactamase como: Enterobacter sp., Proteus indol-positivo e Pseudomonas aeruginosa. • Ureidopenicilinas: *Pertencem a Mezlocilina e a Piperacilina *São + eficazes do que as carboxipenicilinas contra Enterobacteriaceae e P. aeruginosa. RESISTÊNCIA Carolina Ferreira FARMACOLOGIA - A resistência natural às penicilinas ocorre em microrganismos que não possuem parede celular de peptidoglicano ou que têm paredes celulares impermeáveis a esses fármacos -Esses mecanismoS de resistência são: ➢ Atividade B-lactamase: essas enzimas hidrolisam a ligação amida cíclica do anel b-lactâmico o que resulta em perda da atividade bactericida. Os microrganismos gram-positivos secretam as b- lactamases extracelularmente, ao passo que as bactérias gram- negativas inativam os fármacosb-lactâmicos no espaço periplasmático ➢ Diminuição da permeabilidade ao antimicrobiano: essa diminuição da penetração do antimicrobiano por meio da membrana celular externa da bactéria o impede de alcançar as PLPs-alvo. A presença de uma bomba de efluxo também pode diminuir a quantidade de fármaco dentro da célula (p. ex., Klebsiella pneumoniae) ➢ PLPs alteradas: PLPs modificadas têm < afinidade pelos antimicrobianos b-lactâmicos, o que exige concentrações impossíveis de alcançar clinicamente p/ inibir o crescimento bacteriano FARMACOCINÉTICA Administração: -É determinada pela estabilidade do fármaco ao suco gástrico e pela gravidade da infecção. a. Vias de administração: As associações de ampicilina com sulbactam, ticarcilina com ácido clavulânico, piperacilina com tazobactam, e as penicilinas antiestafilocócicas nafcilina e oxacilina devem ser administradas por via intravenosa (IV) ou intramuscular (IM). Fenoximetilpenicilina, amoxicilina e dicloxacilina estão disponíveis apenas como preparações orais. Outros fármacos são eficazes por via oral, IV ou IM b. Formas de depósito: Benzilpenicilina procaína e benzilpenicilina benzatina são administradas por via IM e servem como formas de depósito. Elas são absorvidas lentamente para a circulação e persistem em níveis baixos durante longo tempo. Absorção: -É o processo através do qual o medicamento é transferido do local de entrada no organismo p/ os sistemas circulatórios, podendo ser o sanguíneo ou o linfático -Os antibióticos beta-lactâmicos comportam-se na sua maioria como ácidos fracos, sendo por isso + facilmente absorvidos quando o pH do meio é baixo -Este grupo atravessa a membrana por transporte ativo ou por difusão passiva Carolina Ferreira FARMACOLOGIA -Quando um beta-lactâmico natural é administrado por via oral, ele é pouco ou nada absorvido -Apenas as formas sintéticas e semi-sintéticas, como a amoxicilina, são melhor absorvidas -A via intravenosa é a melhor forma de absorção -O alimento diminui a absorção de todas as penicilinas penicilinase-resistentes, pois c/ o tempo de esvaziamento gástrico ↑, o antimicrobiano é destruído no meio ácido do estômago -Deve ser ingerida em jejum. Distribuição: -Os antimicrobianos b-lactâmicos se distribuem bem pelo organismo -Todas as penicilinas atravessam a barreira placentária, mas nenhuma mostrou efeito teratogênico -Não penetram nos ossos ou no líquido cerebrospinal (LCS) c/ isso é insuficiente p/ o tratamento -Quando um beta-lactâmico circula na corrente sanguínea pode atingir quase todos os pontos do organismo, em diferentes concentrações -Depende da afinidade que tem p/ o local, pode atingir concentrações séricas e tecidulares adequadas à maioria dos tecidos -A quantidade de antibiótico que circula no sangue pode ser doseada através de uma amostra, demonstrando os seus níveis séricos. Se esse nível for elevado, significa que ele não foi fixado pelos tecidos, logo encontra-se em circulação. -Os beta-lactâmicos são pouco lipófilos é de esperar que a sua penetração no interior nas células seja reduzida Biotransformação: -É o processo do organismo p/ inativar os medicamentos -Este processo acontece especialmente no fígado, pâncreas, baço, rins e no soro sanguíneo, sendo o mais importante o sistema enzimático hepático -O metabolismo dos beta-lactâmicos é quase nulo, visto que estes se mantém na sua forma ativa até à sua eliminação Excreção: -A eliminação dos beta-lactâmicos é efetuada pela via renal, após secreção tubular e filtração glomerular - São poucos os beta-lactâmicos que não são eliminados por esta via, tendo como alternativa a excreção biliar. São exemplos a cefoperazona e a ceftriaxona -A grande maioria dos beta-lactâmicos apresenta um curto tempo de semi-vida, com a exceção de algumas cefalosporinas, como a ceftriaxona. -As penicilinas também são excretadas no leite. REAÇÕES ADVERSAS Carolina Ferreira FARMACOLOGIA -As penicilinas estão entre os fármacos + seguros, e os níveis sanguíneos não são monitorados -Podem ocorrer as seguintes reações adversas: 1. Hipersensibilidade: pode apresentar urticária, angioedema (inchaço acentuado de lábios, língua e área periorbital) e anafilaxia. Ocorre em reações alérgicas cruzadas entre os antimicrobianos b-lactâmicos 2. Diarreia: é um causado pela ruptura no equilíbrio normal dos microrganismos intestinais. Ela ocorre em > extensão com os fármacos que são absorvidos incompletamente e têm espectro antibacteriano estendido 3. Nefrite: podem causar nefrite aguda por exemplo a meticilina 4. Neurotoxicidade: provocar convulsões 5. Toxicidade hematológica: diminuição da coagulação pode ser observada com dosagens elevadas de piperacilina, ticarcilina e