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1 | F A R M A C O L O G I A Os psicotrópicos por ser depressores (benzodiazepínicos) ou excitatórios (antidepressivos) do SNC. Classes: Benzodiazepínicos Antihistamínicos (1ª geração): bloqueiam histamina no SNC > sono (por isso só devem ser usados pela noite) Barbitúricos (1º a ser inserido no mercado: fenobarbital) > atua como anticonvulsivo, pois é depressor do SNC Tem alta toxicidade, por isso são menos usados (apenas em emergências convulsivas) e, assim, foram substituídos por benzodiazepínicos por terem maior perfil de segurança. Buspirona (agonista S-HT > ansiolítico): é ansiolítica para o transtorno de ansiedade generalizada. Porém, não é sedativa, visto que não ativa os receptores GABAa. FARMACOLOGIA DO SNC WESLEY VANDERSON 4º PERÍODO – 2022.2 FARMACOLOGIA 2 | F A R M A C O L O G I A A ligação do GABA ao GABAa causa abertura dos canais de cloreto, que gera a hiperpolarização e, consequentemente, inibição e depressão do SNC. Benzodiazepínicos e barbitúricos Os BZPs e barbitúricos atuam como modelador alostérico do receptor. Isso porque eles não se ligam no mesmo sítio do GABA, mas sim em outro sítio do receptor, os quais aumentam a afinidade do GABA pelo GABAa. Com isso, o canal fica por mais tempo aberto e, assim, entra mais cloreto, ocorre hiperpolarização e inibição, potencializando o efeito depressor. Barbitúricos Uma alta concentração de barbitúrico abre por conta própria o canal, fazendo com que entre mais cloreto e predisponha a um maior risco de intoxicação. BZP + álcool É uma mistura perigosa pois, assim como o BZP, o álcool é depressor do sistema nervoso central. Com isso, há potencialização do efeito depressor e pode levar ainda a parada cardiorrespiratória. É essa mistura usada no golpe boa noite cinderela. Vale destacar que pacientes sem fatores de risco, uma alta dosagem de benzodiazepínico não oferece riscos relevantes. Todavia, pacientes com DPOC ou asma, pode gerar complicações respiratórias. Os benzodiazepínicos possuem um anel benzênico ligado a um anel diazepínico. Zolpidem Não é considerado um BZP, embora tenha o mesmo mecanismo de ação, pois não tem anel benzênico. É um hipnótico usado para iniciar e manter o sono e tem menos riscos que os BZPs. 3 | F A R M A C O L O G I A Classe Exemplos Mec. Ação Usos clínicos Ef. Colaterais BENZODIAZEPÍNICOS Diazepam Clonazepam (rivotril) Fluivitrazepam Larazepam Bromezepam Alprazolam Midazolam Clordiazedóxido Não BZP: Zolpidem/zaleplona Atuam como moduladores alostéricos aumentando a afinidade do gaba pelo receptor GABAa aumentando o influxo de Cl- e potencializando a neurotransmissão inibitória gabaérgica. Ansiedade, insônia, convulsão, TAG, transtorno do pânico, anestesia e exames e TPM Sonolência, incoordenação motora, cefaleia, dependência física/psicológica, tolerância, amnésia e intoxicação O diazepam é um fármaco que gera metabólitos ativos (desmetildiazepam) que potencializam o GABA. Ocorre tolerância a BZP e barbitúricos devido a dessensibilização, o que acaba fazendo com que cada vez seja exigido uma dosagem maior. A tolerância está associada a uma diminuição na densidade de receptores GABA O midazolam é um fármaco usado em anestesias e exames (como a endoscopia) pois tem efeito rápido e curto. O clordiazóxido foi o primeiro da classe e não é mais usado. Flumazenil É um antagonista benzodiazepínico usado para a intoxicação com BZP ao se ligar no sítio de ligação do BZP no GABAa. Ele é usado por via intravenosa. 4 | F A R M A C O L O G I A Classe Exemplos Mec. Ação Usos clínicos Ef. Colaterais BARBITÚRICOS Fenobarbital (gardenal) Pentobarbital Secobarbital Atuam como moduladores alostéricos aumentando a afinidade do gaba pelo receptor GABAa aumentando o influxo de Cl- e potencializando a neurotransmissão inibitória gabaérgica. Porém, podem abrir diretamente os canais de Cl- em doses maiores (aumentando o risco de intoxicação). Convulsão, sedação (paciente agitado) Sonolência, tolerância, incoordenação motora, dep. Cardiorrespiratória (em doses maiores) indução enzimática (CYP3A4) Fenobarbital O fenobarbital é um potente indutor enzimático a ponto de induzir seu próprio metabolismo. Por isso, a administração crônica diminui a ação de vários fármacos que são biotransformados pelo sistema CYP450. Exemplo: Ao ser usado com varfarina, ele reduz os efeitos anticoagulantes da varfarina, ao passo que induz o metabolismo desta e fazendo com que ela perca a eficácia. O que pode ser feito? Ou trocar o anticonvulsionante por outro que não seja indutor ou trocar varfarina por um anticoagulante que não seja degradado pelo CYP450. Mecanismo de ação Uma das características que os diferencia do BZP é o fato de que podem abrir diretamente os canais de Cl- quando em doses maiores (aumentando o risco de intoxicação). Paracetamol + fenobarbital Essa combinação aumenta o risco de intoxicação, haja vista que com o metabolismo do paracetamol acelerado, há mais produção de metabólitos ativos. 5 | F A R M A C O L O G I A Há várias hipóteses para explicar a DEPRESSÃO: a) Hipótese das monoaminas: acredita-se que a depressão seja causada por diminuição de monoaminas como noradrenalina, serotonina e dopamina. Essa hipótese surgiu com o medicamento reserpina, o qual era usado para tratar hipertensão, mas os pacientes desenvolviam depressão e apresentavam poucas monoaminas. b) Hipótese neurotrófica: acredita-se que a depressão ocorra pela redução dos níveis plasmáticos do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), crucial no crescimento, desenvolvimento e sobrevivência dos neurônios, o que gera atrofia de certas áreas cerebrais como hipocampo, córtex e cingulado. c) Hipótese neuroendócrina: essa hipótese enfoca a interação entre o sistema nervoso e o sistema endócrino. Acredita-se que o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) esteja disfuncional em algumas pessoas com depressão, o que gera desregulação de vários hormônios: diminuição de testosterona, estrógeno, T3 e T4 e aumento de cortisol (principalmente por estresse). Sintomas físicos Falta de energia Alterações no sono Falta de apetite Agitação ou lentidão motora Taquicardia Sintomas psicológicos Tristeza persistente Perda de interesse pela vida Dificuldade de concentração Ansiedade Irritabilidade Isolamento social Há 3 tipos de depressão: a) Depressão endógena: transtorno depressivo maior, sem causa aparente. É uma condição complexa e multifatorial que pode ser influenciada por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos, que fazem com que seja produzida menos monoaminas. b) Depressão reativa: é uma forma de depressão que ocorre em resposta a eventos estressantes ou traumáticos. Pode ser desencadeada por eventos como perda de entes queridos, término de relacionamentos, problemas financeiros, mudanças importantes na vida, entre outros. 6 | F A R M A C O L O G I A c) Depressão bipolar: caracterizada por oscilações extremas de humor entre episódios de depressão (com déficit de monoaminas, apresenta tristeza profunda, falta de energia, alterações no apetite e no sono) e episódios de mania (aumento de monoaminas, apresenta estado de humor elevado e expansivo). Nesse caso, usa-se estabilizadores de humor como o carbonato de lítio e anticonvulsionante como o ácido valproico. O tratamento pode ser: Não-farmacológico: nutricionista, terapia ocupacional, psicólogo, atividade física Farmacológico: antidepressivos tricíclicos, inibidoresde MAO, inibidores da receptação de serotonita, atípicos (inibidor seletivo da receptação de noradrenalina, antagonista de 5-TH, uni e tetracíclicos) Período de latência Refere-se ao tempo necessário para que os antidepressivos comecem a apresentar efeitos terapêuticos significativos no tratamento da depressão. Geralmente, leva entre 2 a 4 semanas. No entanto, é possível que alguns efeitos colaterais iniciais, como náuseas, insônia ou agitação, também possam ser observados antes dos efeitos terapêuticos completos. Por isso, é preciso deixar os pacientes orientados quanto a isso. Os antidepressivos tetracíclicos são os mais antigos e não são seletivos, por isso, não são considerados primeira linha no tratamento da depressão. Eles bloqueiam receptores histamínicos H1 (usados a noite pois causam sono), muscarínicos (efeitos anticolinérgicos) e alfa 1 (hipotensão postural). Além disso, pacientes que fazem uso desses fármacos devem fazer ECG de 6 em 6 meses devido aos efeitos no coração pelo bloqueio de M2 e aumento de noradrenalina. Gera aumento de noradrenalina e serotonina devido ao bloqueio da NET e da SERT. Ordem de importância no tratamento da depressão: serotonina > noradrenalina > dopamina 7 | F A R M A C O L O G I A Classe Exemplos Mec. Ação Usos clínicos Ef. Colaterais ANTIDEPRESSIVOS TRICICLICOS (TCA) Imipramina Amitriplina Clomipramina Nortriptilina Bloqueiam a NET/SERT aumentando os níveis de NA e 5-HT, por não serem seletivos, bloqueiam os receptores H1, alfa 1 e muscarínicos Depressão, enurese, dor crônica (enxaqueca) Sedação, aumenta o apetite (peso), efeitos anticolinérgicos, hipotensão postural, arritmias cardíacas Os inibidores de MAO aumentam a exocitose de monoaminas. Há dois tipos de MAO: A – Degrada noradrenalina e serotonina; B – Degrada dopamina Inibidores de MAO-B e o Parkinson O Parkinson é causado pela degeneração de neurônios dopaminérgicos na via nigroestriatal, o que gera aumento compensatório de acetilcolina, levando aos sintomas clássicos como tremor e rigidez. Desse modo, ao usar inibidores de MAO- B impedem que a dopamina remanescente seja degradada e aumenta seus níveis no cérebro, o que diminui acetilcolina e alivia os sintomas. Exemplos: selegina e rasagilina. OBS: Levodopa é o principal fármaco para Parkinson e atua como um precursor da dopamina. A moclobemida é um inibidor reversível da monoaminoxidase tipo A (IMAO-A). Diferentemente dos IMAOs não seletivos mais antigos, como a fenelzina, a moclobemida é seletiva para a inibição da MAO-A. Por ser um inibidor reversível, a moclobemida tem a vantagem de ter uma ação menos persistente e menos efeitos colaterais em comparação com os IMAOs não seletivos. Hoje em dia, esses fármacos pouco são usados devido aos seus efeitos colaterais, sobretudo pela reação do queijo. Reação do queijo Uma das principais preocupações com os IMAOs é a interação com certos alimentos e medicamentos. Isso porque a monoaminoxidase também é responsável pela quebra de uma substância chamada tiramina, que está presente em muitos alimentos. Quando os IMAOs são combinados com alimentos ricos em tiramina, como queijos envelhecidos, carnes curadas e certas bebidas alcoólicas, pode ocorrer uma interação que pode levar a uma condição conhecida como crise hipertensiva, que pode ser potencialmente fatal em pacientes com HAS. Isso ocorre pois a tiramina induz a liberação de noradrenalina assim ocorre vasoconstrição e aumento da PA. 8 | F A R M A C O L O G I A Classe Exemplos Mec. Ação Usos clínicos Ef. Colaterais IMAO Fenelzina Moclobemida (seletiva MAO-A, reversível) Inibem a enzima MAO aumentando a exocitose de monoaminas na fenda sináptica Depressão Taquicardia, aumento da PA, reação do queijo Os inibidores seletivos da receptação de serotonina são fármacos que bloqueiam seletivamente a SERT. Esses fármacos emagrecem, pois, o aumento da serotonina gera saciedade, além da náusea e mal-estar que não impele o desejo de comer (principalmente nas primeiras semanas de uso). Fluoxetina A fluoxetina é um inibidor da CYP2D6, que é responsável pela metabolização de diversos medicamentos no organismo, levando a um aumento nos níveis plasmáticos de certos medicamentos metabolizados por essa enzima. Exemplos: metoprolol (anti-hipertensivo), risperidona (antipsicótico) e amitriptilina (antidepressivo). Além disso, alguns estudos relataram uma possível redução nos níveis de testosterona em homens. O escitalopram, isômero do citalopram, é mais potente do que ele, devido à sua maior afinidade pelo transportador de serotonina e, assim, gera menos efeitos colaterais. Fluvoxamina A fluvoxamina é conhecida por inibir a enzima CYP2C19, que é responsável pela metabolização de vários medicamentos no organismo, levando a um aumento nos níveis plasmáticos dos fármacos por ela metabolizados. Exemplos: escitalopram, metoprolol, omeprazol, diazepam, etc. Uso com clopidogrel: a inibição da CYP2C19 reduz a conversão do clopidogrel em seu metabólito ativo, resultando em uma menor eficácia antiplaquetária. Isso pode comprometer o efeito anticoagulante do clopidogrel e aumentar o risco de eventos trombóticos, como ataques cardíacos e derrames. Síndrome serotoninérgica: condição potencialmente grave que ocorre como resultado do aumento excessivo da atividade de serotonina no cérebro. Geralmente desencadeada pelos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores da monoaminoxidase (IMAO). Causa agitação, ansiedade, tremores, sudorese, febre, vômitos, diarreia, entre outros. 9 | F A R M A C O L O G I A Classe Exemplos Mec. Ação Usos clínicos Ef. Colaterais INIBIDORES SELETIVOS DA RECEPTAÇÃO DE SEROTONINA (ISRS) Fluoxetina Paroxetina Sertralina Citalopram Escitalopram Fluvoxamina Bloqueiam seletivamente a SERT aumentando os níveis de 5-HT na fenda sináptica Depressão, TAG, transtorno do pânico, transtorno alimentar, TPM e ejaculação precoce. Distúrbios GI Distúrbios sexuais Inibição enzimática Os antidepressivos atípicos apresentam menor período de latência Os ISRNS bloqueiam a receptação de serotonina e noradrenalina. No entanto, não bloqueiam alfa-1, muscarínicos e anti-histamínicos. Os antagonistas do receptor 5-HT2 aumentam os níveis de serotonina, pois este é um autorreceptor (mecanismo semelhante aos alfa- 2 adrenérgicos). Os antidepressivos uni e tetracíclicos são chamados assim devido à sua estrutura química que apresenta um ou quatro anéis. A mirtazapina bloqueia também os receptores alfa-2 adrenérgicos, bem como a NET e a SERT. Já a bupropriona bloqueia a DAT e a NET. Bupropriona A bupropiona é um medicamento que pode ser utilizado como parte do tratamento para parar de fumar, pois atua no sistema límbico, ajudando a reduzir os desejos intensos e a vontade de fumar devido ao aumentando dos níveis de dopamina (X DAT), neurotransmissor associados ao prazer e à motivação. 10 | F A R M A C O L O G I A Classe Exemplos Mec. Ação Usos clínicos Ef. Colaterais ANTIDEPRESSIVOS ATÍPICOS ISRNS Duloxetina Venlafaxina Desvenlafaxina Inibem seletivamente a NET/SERT > aumentando noradrenalina e serotonina Depressão, dor crônica, transtorno do pânico, TAG e transtorno alimentar Bupropriona: cessação do tabagismo, emagrecimento/alcoolismo ISRNS: Aumento da PA, taquicardia Nefazodona: hepatotoxicidade Antagonista 5HT-2 e uni/tetraciclicos: distúrbios GI Antagonista 5-HT2 Nefazodona Trazodona Bloqueiam diretamente o receptor 5-HT2 aumentando os níveis de serotonina Uniciclicos/tetracíclicos Bupropriona Mirtazapina Bloqueiam DAT e a NET aumentando a dopamina e a noradrenalina. Nocaso da mirtazapina, ela bloqueiam o alfa-2 e a SERT A escolha do fármaco antidepressivo deve levar em consideração: Doenças Idade/sexo Interação medicamentosa Fatores socioeconômicos Gravidez (usa-se escitalopram ou sertralina pois possuem menos efeitos tóxicos fetais). Também são chamados de neurolépticos, são fármacos usados em transtornos psicóticos (como a esquizofrenia), os quais atuam como antagonistas dopaminérgicos. Acredita-se que os transtornos psicóticos sejam causados por hiperestimulação dopaminérgica na via mesolímbica-mesocortical em D2. Acredita-se que há também aumento de serotonina e glutamato. 11 | F A R M A C O L O G I A Classificação: Típicos: clássicos, os primeiros a serem desenvolvidos, ou seja, tem mais efeitos colaterais. Atuam mais nos sintomas positivos. Sintomas extrapiramidais Os antipsicóticos típicos acabam não só bloqueando a via mesolimbica-mesocortical, mas gera bloqueio de D2 na via nigroestriatal, aumentando a acetilcolina no SNC como mecanismo compensatório que atuará nos receptores M1 gerando excitação e os sintomas extrapiramidais (rigidez muscular e tremores). Nesse caso, usa-se combinação com prometazina ou biperideno. A prometazina é um anti-H1 de 1ªG com ação anticolinérgica que bloqueia M1 no SNC. Por atravessar a barreira hematoencefálica, bloqueia H1 no SNC dando sono ao paciente e relaxa. Essa combinação é mais usada em caso de pacientes agitados. O biperideno entra na combinação com o antipsicótico para tratar pacientes não tão agitados como forma de fazer um tratamento sem causar tanto sono. Hiperprolactinemia Os atípicos geram bloqueio de D2 na via túbero-infundibular provocando aumento de prolactina, o que gera ginecomastia, galactorreia, impotência e alterações sexuais. Atípicos: mais modernos e menos efeitos colaterais. Atuam nos positivos e negativos. Eles bloqueiam as vias da serotonina, do glutamato e da adrenalina e por isso possibilita o ajuste dos sintomas negativos. O receptor D4 é um subtipo de D2 e é o alvo preferencial dos atípicos. Na esquizofrenia há dois tipos de sintomas: Positivos: resultados do excesso de dopamina na via mesolímbica-mesocortical (euforia, alucinações e delírios) Negativos: relacionados ao embotamento social, afetivo, reclusão. Uso não psiquiátrico: funcionam como antieméticos (ex: procloperazina), uma vez que existe receptor dopaminérgico no TGI e na zona quimiorreceptora do gatilho, ao bloquear D2 diminui o vômito. Clozarpina Provoca agranulocitose, que é a redução da quantidade da principal célula de defesa contra infecções: os granulócitos (ou neutrófilos) 12 | F A R M A C O L O G I A Síndrome neuroléptica maligna Causada principalmente pelos típicos, é uma condição rara e está relacionada à disfunção do sistema dopaminérgico no cérebro quando são utilizados certos medicamentos antipsicóticos (neurolépticos) ou antieméticos. Consiste em confusão ou falta de resposta, rigidez muscular, temperatura corporal alta e outros sintomas. Deve-se tratar com resfriamento rápido e dantroleno. Classe Exemplos Mec. Ação Usos clínicos Ef. Colaterais ANTIPSICÓTICOS TÍPICOS Levomepramazina (neozine) Haloperidol (Haldol) Clopromazina (amplicitil) Bloqueiam os receptores dopaminérgicos D2 na mesolímbica- mesocortical reduzindo os sintomas positivos dos transtornos psicóticos Transtornos psicóticos Esquizofrenia Agitação/agressividade (sedativo) Efeitos extrapiramidais Hiperprolactinemia Efeitos anticolinérgicos Síndrome neuroléptica maligna (dantroleno é o antídoto) ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS Clozapina Olanzapina Risperidona Quetiapina Bloqueio de D4, 5- HT2A, 5-HT2C na via mesolímbica mesocortical reduzindo os sintomas positivos e negativos do transtorno psicótico. Transtornos psicóticos Esquizofrenia Agitação/agressividade (sedativo) Menor risco de EEP Hipotensão (alfa-1) Hiperlipidemia Hiperglicemia (aumento de DM2) 13 | F A R M A C O L O G I A EPILEPSIA X CONVULSÃO a) Epilepsia: é um transtorno neurológico crônico em que o paciente apresenta várias crises convulsivas ao longo da vida. b) Convulsão: é um evento súbito e transitório que ocorre devido a uma atividade cerebral anormal. Classificação da convulsão Parcial: atinge apenas um hemisfério cerebral. Nesse caso a atividade elétrica anormal está localizada em uma região cerebral específica. A convulsão parcial pode se espalhar e se tornar uma convulsão generalizada. Generalizada: atinge ambos hemisférios cerebrais. Durante uma convulsão generalizada, a pessoa geralmente perde a consciência. A pessoa pode sentir- se cansada, confusa ou apresentar um período de recuperação chamado de período pós-ictal. Simples: quando não há perda da consciência. Geralmente envolvem movimentos involuntários em uma parte específica do corpo, como um braço, uma perna ou uma área facial. Esses movimentos podem incluir tremores, espasmos musculares ou contrações rítmicas. Complexa: quando há perda da consciência. Os sintomas podem incluir movimentos automáticos e repetitivos, confusão mental e falta de resposta a estímulos externos. O córtex motor, o hipotálamo e a formação reticular estão envolvidos na regulação e controle das convulsões. Os anticonvulsivantes – principalmente ácido valproico, carbamazepina e lamotrigna – são usados como estabilizadores de humor para o transtorno bipolar. Lítio e antipsicóticos atípicos (como risperidona e topiramato) também são usados. Eles também são usados para dor neuropática e enxaqueca. Há 3 classes de fármacos que atuam de modo a bloquear a excitação neuronal: a) Bloqueadores dos canais e sódio b) Bloqueadores dos canais de cálcio c) Potencializadores GABAérgicos 14 | F A R M A C O L O G I A Crise de ausência É um tipo de convulsão epiléptica generalizada, porém não são acompanhadas por movimentos corporais dramáticos ou convulsões intensas, que afeta principalmente crianças, mas também pode ocorrer em adultos. É caracterizada por breves episódios de ausência de consciência, nos quais a pessoa parece desconectada do ambiente por alguns segundos e, no caso das crianças, sem comprometimento motor. Alguns fármacos usados para tratar são: ácido valproico, etossuximida, lamotrigna e topiramato. Mal epiléptico Condição em que uma pessoa experimenta uma convulsão prolongada ou uma série de convulsões sem se recuperar completamente entre elas. O tratamento do mal epiléptico geralmente envolve a administração de medicamentos antiepilépticos intravenosos, como diazepam, lorazepam ou fenitoína, para interromper as convulsões e estabilizar a condição. Topiramato emagrece O mecanismo exato pelo qual o topiramato leva à perda de peso não é totalmente compreendido. No entanto, existem algumas teorias sobre como isso pode ocorrer: a. Supressão do apetite: O topiramato pode afetar o sistema de regulação do apetite no cérebro, resultando em uma diminuição do apetite e, consequentemente, em uma redução da ingestão de alimentos. b. Alteração do paladar: Algumas pessoas relatam que o topiramato pode afetar o paladar, tornando certos alimentos menos atraentes ou até mesmo desagradáveis. Isso pode levar a uma redução do consumo alimentar. A oxcarbamazepina é um pró-fármaco análogo estrutural da carbamazepina com algumas modificações apenas. Ela foi desenvolvida como uma alternativa à carbamazepina. No caso da oxcarbazepina, ela é convertida em seu metabólito ativo, a eslicarbazepina.A eslicarbazepina é a forma que exerce o efeito antiepiléptio. A vantagem de utilizar a oxcarbazepina como pró-fármaco é que a sua conversão em eslicarbazepinaocorre de maneira mais lenta e estável, o que pode resultar em uma melhor tolerabilidade e perfil de efeitos colaterais em comparação com outros medicamentos antiepilépticos como a carbamazepina. 15 | F A R M A C O L O G I A Tanto fenitoína, oxcarbazepina e carbamazepina são indutores enzimáticas, ou sejam, aceleram o metabolismo. Tegretol CR e tegretol A principal diferença entre Tegretol (formulação convencional) e Tegretol CR (formulação de liberação controlada) está na maneira como o medicamento é liberado no organismo. Tegretol é formulado para liberar a carbamazepina de forma imediata após a administração. Isso significa que o medicamento é absorvido rapidamente no organismo, atingindo rapidamente os níveis terapêuticos, mas sua duração de ação é limitada. Geralmente, a carbamazepina convencional requer múltiplas doses diárias para manter os níveis sanguíneos adequados e o controle das convulsões. Tegretol CR é formulado para liberar a carbamazepina de forma gradual e constante ao longo do tempo. Isso permite que o medicamento seja administrado com menos frequência, geralmente uma ou duas vezes ao dia. A formulação de liberação controlada mantém níveis sanguíneos mais estáveis da carbamazepina ao longo do dia, proporcionando um controle contínuo das convulsões e reduzindo a necessidade de doses frequentes. A fenitoína tem dois efeitos colaterais característicos: a) Hipertrofia gengival: acredita-se que seja por estimular o crescimento de fibroblastos e aumentar o fluxo sanguíneo para a região. b) Anemia megaloblástica: diminui a vitamina B12 no corpo seja por alterar o revestimento intestinal (diminuindo absorção) ou interagindo com proteína que transporta a vitamina B12. O uso de ácido valproico durante a gravidez tem sido associado a um aumento no risco de defeitos congênitos, incluindo a espinha bífida. Além disso gera lesão hepática com toxicidade direta às células, por isso deve-se evitar usar com paracetamol visto que também é hepatotóxico. Nesse caso, por mecanismo indireto, ao produzir metabólito tóxico, o N-acetil-parabenzoquinonamina. Fenobarbital x BZP: tolerância A tolerância que ocorre por uso de BZPs é por dessensibilização do receptor, ao passo que ao fenobarbital é uma tolerância metabólica. Isso porque ao induzir o próprio metabolismo, ele faz com que seja requerida dosagens cada vez maiores e mais frequentes. A tiagabina inibe a GABA transaminase, responsável pela degradação do GABA. 16 | F A R M A C O L O G I A Classe Exemplos Mec. Ação Usos clínicos Ef. Colaterais BLOQUEADORES DOS CANAIS DE NA+ Fenitoína Carbamazepina * Oxcarbamazepina* Ácido Valproico* Divalproato de sódio Topiramato Lamotrigina* Bloqueiam os canais Na+ voltagem- dependente inibindo as descargas elétricas excitatórias Convulsão, transtorno bipolar, crise de ausência (ácido valproico) Topiramato: dor neuropática, emagrecimento Sonolência Cefaleia Ataxia Vertigem Hipertrofia gengival Anemia megaloblástica Lesão hepática Teratogênica BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CA+ Etossuximida Gabapentina* Pregabalina* Topiramato* Bloqueiam os canais de Ca2+ voltagem dependentes inibindo as descargas elétricas excitatórias. Crise de ausência Dor neuropática* Convulsão Depressão do SNC: Sonolência Cefaleia Tonturas POTENCIALIZADORES DO GABA Barbitúricos: fenobarbital Benzodiazepínicos: diazepam/clonazepam Tiagabina/vigabatrina Topiramato Potencializam a neurotransmissão inibitória gabaérgica Convulsão Emergências convulsivas Confusão mental Sonolência Dependência Tolerância Litemia O lítio é conhecido por ter um índice terapêutico relativamente estreito, o que significa que existe uma pequena margem entre a dose terapêutica efetiva e a dose tóxica. Uma litemia (concentração de lítio no sangue) muito baixa pode resultar na falta de resposta ao tratamento, enquanto uma litemia muito alta pode causar sintomas de toxicidade, como tremores, falta de coordenação, confusão, alterações do ritmo cardíaco, náuseas, vômitos, diarreia e até mesmo risco de vida. O tratamento envolve suspensão do medicamento, hidratação e em casos mais graves hemodiálise.