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1.APLICAÇÃO: Conceito, fundamentação e aplicabilidade A apelação é uma espécie de recurso que tem como finalidade a revisão de uma sentença definitiva ou terminativa, visando sua reforma ou invalidação da decisão judicial proferida por juiz de primeiro grau. De acordo com o artigo 203, §1º do Código de Processo Civil, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução”. O CPC traz ao recurso de apelação a possibilidade de questionar não apenas sentenças, mas todas as decisões interlocutórias em etapa cognitiva (fase de conhecimento), com exceção daquelas que comportam agravo de instrumento. O recurso de apelação é tratado nos arts. 1.009 a 1.014 do CPC, em que são dispostas as hipóteses de cabimento do recurso e seus possíveis efeitos, assim como o prazo e documentos necessários para sua interposição. Conforme se depreende dos artigos supramencionados, o recurso de apelação pode ser interposto perante o juízo prolator da sentença recorrida em até 15 (quinze) dias, contados a partir da intimação da sentença. O CPC prevê em seu art.1.010, §3º que os autos deverão ser remetidos pelo juiz ao tribunal, independentemente do juízo de admissibilidade, não sendo mais de responsabilidade do juiz de 1º grau a análise dos requisitos de admissibilidade de forma provisória, mas sim, responsabilidade exclusiva do Tribunal de Justiça. Além disso, a apelação deve conter a qualificação das partes, as razões para interposição do recurso, fundamentos de fato ou de direito e o pedido de nova decisão, podendo ser a decisão recorrida reformada integral ou parcialmente. EFEITOS DO RECURSO DE APELAÇÃO PREVISTOS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Com relação à modificação da sentença recorrida, existem duas possibilidades: I – Reforma da sentença quando se percebe a existência de erro do magistrado na análise da lide (“error in judicando), ou; II – Anulação da sentença quando notada a existência de erro na estrutura da decisão (“error in procedendo”). 2. Efeitos da apelação a) Efeito Suspensivo O CPC, assim como do Código de 73, prevê que o recurso de apelação deve ser recebido, via de regra, com efeito suspensivo (art. 1.012, CPC) – isto significa dizer que os efeitos da decisão recorrida são suspensos até o julgamento do recurso – mas apresenta algumas hipóteses em que este efeito não existirá (art. 1.012, §1º, I a VI), por exemplo, o inciso VI, art. 1.012, que trata da decretação de interdição e dispõe que este recurso somente será recebido no efeito devolutivo. É importante ressaltar que o §3º do referido artigo estabelece que “o pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do §1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I – Tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la; II – Relator, se já distribuída a apelação. Esta alteração que permite a apresentação de formulário específico para concessão de efeito suspensivo nas hipóteses em que o artigo prevê a sua não aplicação diretamente é uma das principais inovações no CPC, assim como o que dispõe o §4º quanto aos casos em que o apelante pode requerer efeito suspensivo quando este não for cabível, desde que haja demonstração da probabilidade de provimento do recurso e/ou relevante fundamentação, risco de dano ou de difícil reparação. b) Efeito Devolutivo: O CPC também trata do recebimento do recurso de apelação com efeito devolutivo – quando mesmo após sua interposição, a sentença produz seus efeitos – e neste caso, inova ao tratar da possibilidade de o Tribunal de Justiça julgar imediatamente o mérito da ação, conforme disposição do art. 1.013, CPC. Esta possibilidade de julgamento do mérito pelo Tribunal está diretamente relacionada com o Princípio da Celeridade, um dos princípios basilares do CPC, tendo em vista que a devolução do processo para um longo período de tempo que pode, eventualmente, afetar as partes no que tange à prestação da tutela jurisdicional. Assim. Estando o processo em condições de imediato julgamento, este será feito pelo próprio Tribunal. Havendo, no entanto, a necessidade de produção de provas, deverá o processo retornar ao juízo de 1º grau novamente. Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. §3º. Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I – Reformar sentença fundada no art. 485; II – Decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV – Decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. Vale ressaltar que o legislador não estabeleceu nenhuma hipótese de cabimento para o referido julgamento, bastando apenas a adequação a algum dos requisitos elencados nos incisos I a IV do art. 1.013, §3º. 3. Conclusão Por fim, é notável que o recurso de apelação sofreu diversas alterações com a vigência do CPC, principalmente no que se refere aos efeitos com os quais é recebido – suspensivo e devolutivo. O que se percebe, por sua vez, é que todas as modificações realizadas tem como finalidade a celeridade processual e garantia da tutela jurisdicional, sendo certo que este primeiro é um dos elementos essencialmente relativo ao CPC, que visa tornar o processo judicial mais célere e eficaz.
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