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01-Teoria geral dos recursos e impactos estratégicos

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DESCRIÇÃO
Breve estudo sobre teoria geral dos recursos: análise do conceito de recurso, classificações,
princípios recursais, efeitos principais, juízo de admissibilidade e mérito recursal.
PROPÓSITO
O estudo dos recursos é imprescindível para o dia a dia dos operadores do Direito,
considerando a frequência com que utilizado na prática, muito maior do que qualquer outro
meio de impugnação de decisões judiciais. Além disso, trata-se de remédio processual
considerado um desdobramento do próprio processo, apto a provocar um reexame da decisão
judicial impugnada, o que demonstra a relevância de se estudar o tema.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos o Código de Processo Civil (CPC) para a
consulta dos dispositivos legais que serão mencionados.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Analisar o conceito, classificação e princípios dos recursos
MÓDULO 2
Identificar o significado de juízo de admissibilidade e juízo de mérito recursal
MÓDULO 3
Listar os principais efeitos do recurso
INTRODUÇÃO
Neste estudo, trabalharemos parte significativa da teoria geral dos recursos, o que engloba:
O conceito de recurso
A classificação dos recursos
Os princípios recursais
O juízo de admissibilidade e mérito recursal
Os principais efeitos dos recursos
O conteúdo passará, principalmente, pelas seguintes indagações:

Afinal, o que define os recursos?
Pode um recurso impugnar apenas parte da decisão?


O recorrente tem liberdade para criticar qualquer vício da decisão impugnada ou tem sua
fundamentação limitada a algum tipo de vício?
Todo recurso pode discutir matéria de fato?


O que é recurso adesivo?
Quais são os principais princípios do sistema recursal?


E, finalmente, o que seria o juízo de admissibilidade e juízo de mérito recursal? Como
funciona?
O estudo aqui apresentado responderá todas essas indagações de forma concisa e didática,
utilizando-se constantemente de exemplos para melhor compreensão do assunto.
MÓDULO 1
 Analisar o conceito, classificação e princípios dos recursos
No vídeo a seguir, o professor Felipe Varela define recurso e discorre sobre os elementos da
definição. Vamos assistir!
CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DOS
RECURSOS
Numa acepção técnica, conforme ensina Barbosa Moreira, recurso é:
O REMÉDIO VOLUNTÁRIO IDÔNEO A ENSEJAR,
DENTRO DO MESMO PROCESSO, A REFORMA, A
INVALIDAÇÃO, O ESCLARECIMENTO OU A
INTEGRAÇÃO DE DECISÃO JUDICIAL QUE SE
IMPUGNA.
(MOREIRA, 2012, p. 233)
Embora tenha sido elaborado quando vigente o Código de Processo Civil de 1973 (CPC/73),
esse conceito ainda é atual e muito bem aceito pela jurisprudência e doutrina, pois reúne todas
as características principais do recurso.
Inicialmente, o recurso é um meio voluntário, e, portanto, não obrigatório. Interpõe recurso o
recorrente insatisfeito com a decisão judicial proferida. Pode o recurso ser manejado pelas
partes, terceiros prejudicados e Ministério Público, como parte ou fiscal da ordem jurídica, nos
termos do art. 996 do CPC.
O recurso impugna apenas pronunciamentos judiciais decisórios. No caso, as “sentenças” e
“decisões”. Os chamados “despachos” não possuem conteúdo decisório; são atos judiciais que
apenas impulsionam a marcha processual. Portanto, contra eles não cabe recurso, nos termos
do art. 1.001 do CPC.
 EXEMPLO
Há decisões que são irrecorríveis. É o caso da decisão do relator que releva a pena de
deserção quando o recorrente prova justo impedimento e da decisão do relator do recurso
especial que considera prejudicado recurso extraordinário, nos termos, respectivamente, dos
artigos 1.007, §6º e art. 1.031, §2º, do CPC.
Ainda no que diz respeito ao conceito de Barbosa Moreira (2012), veja-se que o recurso
impugna decisão judicial dentro do mesmo processo em que é proferida. Em outras palavras,
prolonga o estado de litispendência, não instaurando um novo processo. Conforme ensina a
doutrina, o recurso é considerado um elemento, um aspecto, uma extensão do próprio
direito de ação o qual é exercido no processo. Ou seja, é um desdobramento do
processo.
Igualmente se apresenta o recurso como um ônus processual, afinal, a parte não está obrigada
a recorrer do julgamento que o prejudica, “mas se o vencido não o interpuser, consolidam-se e
se tornam definitivos os efeitos da sucumbência” (MARQUES, 1976, p. 20).
O direito de recorrer é considerado potestativo, “porque produz a instauração do procedimento
recursal e o respectivo complexo de situações dele decorrentes, como o direito à tutela
jurisdicional recursal (...) e o dever de o órgão julgador examinar a demanda” (DIDIER JR. et al,
2016, p. 88).
O conceito de recurso também prevê quatro possíveis resultados que podem ser alcançados:
A reforma
A invalidação
O esclarecimento
A integração da decisão judicial que se impugna
DECISÃO JUDICIAL QUE SE IMPUGNA
Para mais detalhes, conferir tópico relativo ao juízo de mérito dos recursos.
A fim de identificar quais desses resultados o recurso busca, é preciso examinar o fundamento
da decisão impugnada, de modo a identificar o vício ocorrido.
Além dos recursos, são meios de impugnação de decisão judicial do nosso sistema:
AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO
javascript:void(0)
&
SUCEDÂNEOS RECURSAIS
O recurso, como visto, é meio de impugnação de decisão judicial utilizado dentro de um
mesmo processo. Ou seja, trata-se de meio que se desenvolve no próprio processo. Não à toa,
em regra, não há citação do recorrido para apresentar contrarrazões, mas sua mera intimação.
Conforme ensina a doutrina,
A IDENTIDADE DE PROCESSO NÃO SIGNIFICA
NECESSARIAMENTE A IDENTIDADE DE AUTOS,
CONSIDERANDO-SE QUE O RECURSO PODE SE
DESENVOLVER EM AUTOS PRÓPRIOS – POR
EXEMPLO, AGRAVO DE INSTRUMENTO, MAS
CONTINUARÁ A FAZER PARTE DO MESMO
PROCESSO NO QUAL A DECISÃO IMPUGNADA FOI
PROFERIDA.
(NEVES, 2017, p. 1542)
Por outro lado, a ação autônoma de impugnação é um meio de impugnação de decisão que dá
origem a um novo processo, diferente do recurso, que, como visto, ocorre dentro do mesmo
processo. São exemplos de ações autônomas:
 
Imagem: Shutterstock.com
AÇÃO RESCISÓRIA
 
Imagem: Shutterstock.com
RECLAMAÇÃO
Já o sucedâneo recursal é uma categoria residual, que não é recurso nem ação autônoma de
impugnação.
 EXEMPLO
Como sucedâneos recursais, podemos citar: pedido de reconsideração, pedido de suspensão
da segurança (art. 4º da Lei 8.437/92 e art. 15 da Lei 12.016/09) e correição parcial.
O direito processual brasileiro adota o sistema de taxatividade recursal. Com efeito, só cabe
recurso quando expressamente previsto em lei. No caso, os recursos do sistema jurídico
brasileiro encontram-se no art. 994 do CPC, segundo o qual são cabíveis os seguintes
recursos:
I - Apelação
II - Agravo de instrumento
III - Agravo interno
IV - Embargos de declaração
V - Recurso ordinário
VI - Recurso especial
VII - Recurso extraordinário
VIII - Agravo em recurso especial ou extraordinário
IX - Embargos de divergência
 ATENÇÃO
É possível, contudo, encontrar recursos previstos em lei extravagante, como é o caso dos
embargos infringentes previstos no art. 34 da Lei nº 6.830/1980. O recurso de embargos
infringentes que era previsto no art. 496, III, e 530 do CPC/73 foi substituído no Código atual
pela técnica de ampliação do colegiado prevista no art. 942 do CPC.
CLASSIFICAÇÕES DOS RECURSOS
Há diversas classificações que podem existir para os recursos. Tudo irá depender dos critérios
adotados, os quais são os mais variados possíveis. Aqui, serão explicadas as classificações
mais mencionadas pela doutrina. São, basicamente, quatro classificações:
Quanto à extensão da matéria
Quanto à fundamentação
Quanto ao objeto imediato do recurso
Quanto à independência ou subordinação do recurso
QUANTO À EXTENSÃO DA MATÉRIA
Conforme estabelece o art. 1002 do CPC, a decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.
Ou seja, a depender do quanto impugnado, pode o recurso ser:
 Clique nos cards a seguir.
TOTAL
PARCIAL
O recurso total é o quetem como objeto a integralidade da parcela da decisão que gerou
sucumbência ao recorrente. Nesse sentido, quando o recorrente impugna tudo aquilo que ele
pode impugnar, ou seja, todo o conteúdo impugnável da decisão recorrida, o recurso será
considerado total.
Caso o recorrente não especifique a parte da decisão que impugna, considera-se o recurso
como total.
O recurso parcial é aquele em que o recorrente – de forma voluntária – impugna apenas parte
do conteúdo impugnável da decisão. Ou seja, ele decide impugnar parcela ou um capítulo da
decisão. Vale registrar que quando a decisão tem mais de uma resolução ou resolve mais de
uma pretensão, afirma-se que cada parte dela constitui um capítulo de sentença. Podem os
capítulos versar sobre mérito (i.e., sobre o pedido formulado pela parte), sobre matéria
processual ou sobre ambos (DIDIER JR. et al, 2016, p. 95).
Na hipótese de ser interposto recurso parcial, o órgão recorrido não poderá introduzir qualquer
alteração no que diz respeito à parte que não foi impugnada (Tantum devolutum quantum
appellatum (Significa “tanto se devolve quanto se apela (impugna)”. ) ). Isso porque “a parte
não atacada da sentença transita em julgado, desde logo, se versar sobre o mérito da causa,
ou incorre em preclusão, se se tratar de questões processuais” (THEODORO JR., 2020, p.
931).
O Tribunal só avaliará a parte da sentença na qual a parte tenha apelado, sendo este o limite
do Tribunal. Em suma, o recurso é total quando impugna todos os capítulos da decisão que
geraram sucumbência ao recorrente, ao passo que o recurso parcial é o que impugna apenas
um ou alguns dos capítulos que gerou sucumbência.
Veja um exemplo:
 Clique na figura abaixo para ver as informações.
 
Foto: Shutterstock.com
Fernanda requer a condenação de Carlos ao pagamento de dano moral, lucros cessantes e
danos emergentes, sendo que na sentença somente é acolhido o primeiro pedido. Será total a
apelação interposta por Fernanda que tiver como objeto os lucros cessantes e os danos
emergentes, embora não tenha o recurso uma identidade plena com o objeto da decisão
impugnada. Será parcial o recurso na hipótese de a apelação versar somente a respeito dos
lucros cessantes ou somente a respeito dos danos emergentes (NEVES, 2017, p. 1557).
javascript:void(0)
Lembra-se, por fim, que o julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada
no que tiver sido objeto de recurso, nos termos do art. 1008 do CPC. Aqui, encontra-se previsto
o princípio da substitutividade, segundo o qual, em regra, uma vez provido o recurso, a decisão
recorrida “desaparece”, ficando em seu lugar a decisão proferida, que irá substitui-la.
QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO
Os recursos podem ter fundamentação livre ou vinculada:
RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO LIVRE
É aquele cuja admissibilidade não está limitada a qualquer matéria prevista em lei. Ou seja, o
recorrente tem liberdade para criticar a decisão impugnada, apontando qualquer vício nela
existente. Não há na causa de pedir recursal qualquer delimitação na lei dos possíveis vícios a
serem alegados. São exemplos: apelação, agravo de instrumento etc.
RECURSO DE FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA
É aquele em que, para sua admissão, a lei limita as críticas que podem ser feitos à decisão
recorrida. Por exemplo, para opor embargos de declaração, deve o recorrente alegar
obscuridade, contradição, omissão ou erro material da decisão (art. 1.022 do CPC). Para se
interpor recurso especial, é preciso que haja algum dos questionamentos quanto à lei federal
previstos no art. 105, III, da Constituição Federal. Para, ademais, interpor recurso
extraordinário, deve haver algum equívoco de natureza constitucional previsto no art. 102, III,
da Constituição Federal.
QUANTO AO OBJETO IMEDIATO DO RECURSO
Em relação ao objeto imediato, os recursos podem ser divididos em:
 
Imagem: Shutterstock.com
RECURSOS EXCEPCIONAIS
São aqueles em que não se autoriza debate sobre matéria de fato, apenas sobre questão de
direito, sendo vedado o reexame de provas. A doutrina costuma apontar que, nesses recursos,
o objetivo é viabilizar uma melhor aplicação da norma federal e constitucional. Ou seja, busca-
se não a proteção do direito subjetivo da parte, mas a proteção do direito objetivo. São
recursos excepcionais: o recurso extraordinário, o recurso especial e os embargos de
divergência.
 
Imagem: Shutterstock.com
RECURSOS ORDINÁRIOS
São aqueles em que há controvérsia sobre matéria de fato e matéria de direito. Buscam,
precipuamente, a proteção do direito subjetivo da parte, seu interesse em particular na
demanda. São recursos ordinários todos os demais que não são classificados como
excepcionais.
QUANTO À INDEPENDÊNCIA OU
SUBORDINAÇÃO DO RECURSO
O recurso pode ser classificado também como: principal (ou independente) ou adesivo (ou
subordinado):
Recurso principal
É aquele interposto contra decisão judicial dentro do prazo legal sem depender de ato
praticado pela parte contrária contra a mesma decisão recorrida.
Ou
Recurso adesivo
É aquele interposto no prazo de contrarrazões ao recurso interposto pela outra parte, motivado
não pela vontade originária de impugnar, mas como contraposição ao recurso oferecido pela
outra parte (NEVES, 2017, p. 1558).
 ATENÇÃO
É importante destacar que, enquanto o recurso principal tem os requisitos de admissibilidade
comuns daquele recurso para ser julgado no mérito, o recurso adesivo, além desses, tem sua
admissibilidade condicionada ao conhecimento do recurso principal.
Vejamos um exemplo dado pela professora Teresa Arruda Alvim:
O uso do recurso adesivo envolve certo inconformismo inicial. Assim, por exemplo, se A pede
10 e o juiz concede 6, B pode, num primeiro momento, resignar-se. Mas se A recorre, insistindo
nos 10, pode “aderir” ao seu recurso, porque o risco de a quantia ser majorada não quer correr.
O seu conformismo inicial dizia respeito à perspectiva de pagar 6, não a correr o risco de pagar
10 (ALVIM, 2016, p. 1495).
 
Foto: Shutterstock.com
O recurso adesivo tem previsão no art. 997 do CPC. Segundo o caput desse dispositivo legal,
cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com as observâncias das
exigências legais. No caso de serem vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer
deles poderá aderir o outro (art. 997, §1º, do CPC).
Observa-se, por fim, as regras previstas no art. 997, §2º, do CPC. Segundo o referido
parágrafo, e conforme já dito, o recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente,
sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e
julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa. Além disso, o recurso adesivo será
dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a
parte dispõe para responder (art. 997, §2º, I, do CPC). Será admissível na apelação, no
recurso extraordinário e no recurso especial (art. 997, §2º, II, do CPC). E, por fim, não será
conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível
(art. 997, §2º, III, do CPC).
 
Foto: Shutterstock.com
PRINCÍPIOS
A doutrina majoritária aplica aos recursos do processo civil os seguintes princípios
fundamentais:
PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
É a possibilidade de a parte ter a solução de sua causa revisada por um segundo órgão
jurisdicional. Permite-se, assim, um reexame da causa à parte vencida, o que ocorre, em
regra, perante um órgão jurisdicional diferente e hierarquicamente superior. O objetivo da
revisão do ato judicial é diminuir os riscos de falhas no primeiro julgamento e evitar abusos de
poder do magistrado – o que poderia ocorrer, caso sua decisão fosse única e não sujeita a
qualquer reexame.
 ATENÇÃO
O duplo grau se faz tipicamente via recurso e subordina-se à iniciativa da parte, mas há
hipóteses em que sua ocorrência é impositiva em razão de previsão legal, como é o caso da
remessa necessária, conforme prevê o art.496 do CPC.
Por fim, registra-se que o duplo grau tem relação com reexame do pronunciamento final que
julga o mérito; não à toa é comum a previsão legal de decisões interlocutórias irrecorríveis.
Ademais, não se trata de direito absoluto, podendo ser limitado, como é o caso das ações de
competência originária do STF, nos termos do art. 102, I, da Constituição Federal (DIDIER JR.
et al, 2016, p. 92)
PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE
Sedimenta que os recursos do nosso ordenamento jurídico estão taxativamente previstos em
lei. Portanto, só haverá recurso se houver previsão legal, não se admitindo, por exemplo,
sua previsão em regimento interno do Tribunal ou sua criação via negócio jurídico processual
celebrado entre as partes.
O princípio encontra-se no art. 994 do CPC, mas é preciso registrar que é possível haver
outros recursos que não os ali previstos, como é o caso dos embargos infringentes na lei de
execução fiscal.
 
Foto: Shutterstock.com
PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE (OU
SINGULARIDADE)
É aquele segundo o qual para cada decisão judicial recorrível só existe um recurso específico,
sendo vedada a interposição de dois recursos simultaneamente ou sucessivamente
contra a mesma decisão.
O princípio comporta exceções, como é o caso da interposição de recurso especial e
extraordinário quando a decisão, ao mesmo tempo, viola norma infraconstitucional federal e
norma constitucional.
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE
Exige que o recorrente alegue os motivos de seu inconformismo com a decisão judicial
impugnada. É preciso, em suma, que o recorrente apresente os motivos de fato e de direito
para que requeira um novo julgamento daquela questão. O recurso precisa ser dialético, ou
seja, discursivo, de modo que indique os fundamentos que embasam o pedido de nova
decisão.
Sobre o princípio, vejam-se as lições de Humberto Theodoro Junior:
 Clique na figura abaixo para ver as informações.
 
Foto: Shutterstock.com
Na verdade, isto não é um princípio que se observa apenas no recurso. Todo o processo é
dialético por força do contraditório que se instala, obrigatoriamente, com a propositura da ação
e com a resposta do demandado, perdurando em toda a instrução probatória e em todos os
incidentes suscitados durante o desenvolver da relação processual, inclusive, pois, na fase
recursal.
Para que se cumpra o contraditório e ampla defesa assegurados constitucionalmente (CF, art.
5º, LV), as razões do recurso são elemento indispensável a que a parte recorrida possa
respondê-lo e a que o tribunal ad quem possa apreciar-lhe o mérito. O julgamento do recurso
nada mais é do que um cotejo lógico-argumentativo entre a motivação da decisão impugnada e
a do recurso. Daí por que, não contendo este a fundamentação necessária, o tribunal não pode
conhecê-lo (THEODORO JR., 2020, p. 950).
 COMENTÁRIO
Como se nota, o princípio da dialeticidade dialoga diretamente com o princípio do contraditório.
Além do contraditório, é comum a doutrina o relacionar também com o princípio dispositivo,
visto que este “delimita o mérito do recurso, ou seja, só pode o juiz apreciar aquilo que foi
objeto de pedido de rejulgamento, que precisa, necessariamente, estar dentro dos
fundamentos do recurso” (ABELHA, 2016, p. 1403).
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PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE
É a autorização de se trocar um recurso por outro, na hipótese de equívoco cometido
pela parte. Contudo, para a sua aplicação, é preciso que:
Não tenha havido erro grosseiro cometido pela parte.
Não tenha precluído o prazo para interposição.
Conste inexistência de má-fé.
Esteja fundada dúvida quanto ao recurso a ser interposto.
O CPC expressamente previu a fungibilidade recursal em alguns casos, como é a hipótese do
art. 1.024, §3º, segundo o qual:
O ÓRGÃO JULGADOR CONHECERÁ DOS EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO COMO AGRAVO INTERNO SE
ENTENDER SER ESTE O RECURSO CABÍVEL, DESDE
QUE DETERMINE PREVIAMENTE A INTIMAÇÃO DO
RECORRENTE PARA, NO PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS,
COMPLEMENTAR AS RAZÕES RECURSAIS, DE MODO
A AJUSTÁ-LAS ÀS EXIGÊNCIAS DO ART. 1.021, § 1º.
Outros exemplos: art. 1.032 e art. 1.033 do CPC.
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN
PEJUS
É aquele que proíbe o órgão julgador de um recurso de proferir decisão mais
desfavorável ao recorrente do que a decisão recorrida contra a qual se interpôs recurso.
Com efeito, o órgão ad quem somente pode alterar a decisão dentro do que foi pedido no
recurso. Não pode piorar a situação do recorrente, mas apenas mantê-la ou melhorá-la.
PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE EM
SEPARADO DAS INTERLOCUTÓRIAS
É aquele, como o próprio nome sugere, que prevê a irrecorribilidade em separado das decisões
interlocutórias.
 SAIBA MAIS
O princípio no Código atual ganhou relevo, considerando que o agravo retido foi extinto e que
as hipóteses de cabimento do agravo de instrumento passaram a ser mais restritas, nos termos
do art. 1.015 do CPC. A apelação, no caso, passou a ser o recurso cabível contra não apenas
a sentença, mas também contra as decisões não agraváveis por instrumento.
PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE
Trata da impossibilidade de a parte apresentar as razões do seu recurso fora do prazo de sua
interposição. Isso porque, uma vez interposto o recurso, há preclusão consumativa.
O princípio sofre mitigação no art. 1.024, §4º, do CPC, segundo o qual:
CASO O ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO IMPLIQUE MODIFICAÇÃO DA DECISÃO
EMBARGADA, O EMBARGADO QUE JÁ TIVER
INTERPOSTO OUTRO RECURSO CONTRA A DECISÃO
ORIGINÁRIA TEM O DIREITO DE COMPLEMENTAR OU
ALTERAR SUAS RAZÕES, NOS EXATOS LIMITES DA
MODIFICAÇÃO, NO PRAZO DE 15 (QUINZE) DIAS,
CONTADO DA INTIMAÇÃO DA DECISÃO DOS
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO
É aquele que veda que, uma vez interposto um recurso, este seja substituído por outro,
interposto posteriormente, ainda que dentro do prazo recursal (NEVES, 2017, p. 1599).
Com efeito, a faculdade de interpor recurso preclui quando a parte não se manifesta no prazo
legal ou quando se manifesta de forma inadequada.
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DO JULGAMENTO DO
MÉRITO RECURSAL
Consagra a ideia de que o órgão julgador deve sempre priorizar o julgamento de mérito
do recurso (o fenômeno também se aplica para o julgamento da demanda principal e
julgamento de demanda incidental).
O art. 4º do CPC é um dos dispositivos legais que consagra o princípio, visto que assegura à
parte o direito à solução integral do mérito. Ao tratar desse princípio, o professor e
desembargador Alexandre Câmara afirma o seguinte:
Foto: Shutterstock.com
PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE
Traduz a necessidade de manifestação de vontade da parte para que o recurso seja interposto.
Recorrer é um ato de vontade, um mecanismo de utilização voluntário.
NÃO EXISTE RECURSO OBRIGATÓRIO, BEM
COMO NÃO PODE O JUIZ DE OFÍCIO
RECORRER PELA PARTE, AINDA QUE INCAPAZ.
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. DE ACORDO COM A TAXATIVIDADE, RECURSOS ESTÃO PREVISTOS
DE FORMA TAXATIVA NA LEI. ASSINALE O RECURSO QUE NÃO ESTÁ
PREVISTO NO ART. 994 DO CPC:
A) Agravo interno
B) Agravo de instrumento
C) Agravo em recurso especial
D) Embargos infringentes
E) Embargos de divergência
2. SOBRE O CONCEITO DE RECURSO, ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA:
A) O recurso não é interposto dentro do mesmo processo em que proferida a decisão recorrida.
B) O recurso pode buscar somente a invalidação e a reforma da decisão judicial.
C) O recurso pode buscar a invalidação, a reforma, o esclarecimento ou a integração da
decisão judicial.
D) O recurso é considerado um meio de impugnação interposto de modo obrigatório pela parte.
E) O recurso e as ações autônomas de impugnação são considerados sinônimos pela doutrina
e jurisprudência brasileira.
GABARITO
1. De acordo com a taxatividade, recursos estão previstos de forma taxativa na lei.
Assinale o recurso que não está previsto no art. 994 do CPC:
A alternativa "D " está correta.
 
A resposta é a letra D, tendo em vista que os embargos infringentes não estão previstos no art.
994 do CPC.
2. Sobreo conceito de recurso, assinale a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
 
A resposta é a letra C. Em sede do direito processual civil, o recurso tem uma acepção técnica
e restrita, podendo ser definido como o meio ou remédio impugnativo apto para provocar,
dentro da relação processual ainda em curso, o reexame de decisão judicial, pela mesma
autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando obter reforma,
invalidação, esclarecimento ou integração.
MÓDULO 2
 Identificar o significado de juízo de admissibilidade e juízo de mérito recursal
ASPECTOS GERAIS SOBRE O JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO
Uma vez interposto o recurso, seu julgamento será constituído por duas fases:
O JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
No juízo de admissibilidade, verificam-se os requisitos de admissibilidade do recurso. Em
outras palavras, são examinados certos pressupostos necessários do recurso para que ele
possa ser, posteriormente, julgado no mérito.
Quando o juízo de admissibilidade é positivo, diz-se que órgão julgador “admitiu” ou “conheceu”
do recurso. Quando é negativo, afirma-se que o órgão julgador “inadmitiu” ou “não conheceu”
do recurso.
O juízo de admissibilidade é um juízo sobre os requisitos mínimos para apreciar o recurso.
Nele, toma-se uma decisão acerca da aptidão do recurso para ter seu objeto litigioso (mérito)
analisado.
O JUÍZO DE MÉRITO
O julgamento de mérito recursal é a apreciação do pedido que consta no recurso, que pode
ser a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração da decisão judicial. Se o juízo de
mérito for positivo, diz-se que o recurso foi “provido” ou que foi “dado provimento” a ele. Se o
juízo for negativo, afirma-se que o recurso foi “desprovido” ou que foi “negado provimento” a
ele.
 ATENÇÃO
O primeiro é preliminar ao segundo. Só há juízo de mérito se o juízo de admissibilidade tiver
sido positivo.
REQUISITOS DO JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE
Os requisitos de admissibilidade do recurso dividem-se em:
 
Imagem: Shutterstock.com
REQUISITOS INTRÍNSECOS
Têm relação com a existência do direito de recorrer (cabimento, legitimação, interesse e
inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer).
 
Imagem: Shutterstock.com
REQUISITOS EXTRÍNSECOS
Referem-se ao modo de exercício do direito de recorrer (preparo, tempestividade e
regularidade formal).
No vídeo a seguir, o professor Felipe Varela discorre brevemente sobre os requisitos de
admissibilidade dos recursos, com foco nos requisitos intrínsecos. Vamos assistir!
REQUISITOS INTRÍNSECOS DO RECURSO
CABIMENTO
RECORRIBILIDADE
&
ADEQUAÇÃO
Ou seja, a decisão deve ser recorrível e o recurso adequado, isto é, o recurso previsto em lei
adequado para impugnar aquele tipo de decisão judicial.
 EXEMPLO
Se o órgão julgador profere despacho, não há recurso cabível a ser interposto contra, visto que
despacho não é decisão recorrível; mas sim ato judicial sem conteúdo decisório não sujeito a
recurso. Por outro lado, se a parte interpõe recurso de apelação para impugnar decisão
interlocutória, cometerá erro de cabimento, visto que a apelação não é o recurso adequado
previsto em lei contra esse tipo de decisão.
O estudo do cabimento é correlato a três princípios já estudados no módulo anterior:
TAXATIVIDADE
UNIRRECORRIBILIDADE
FUNGIBILIDADE
LEGITIMIDADE RECURSAL
A legitimidade recursal está prevista no art. 996 do CPC. É a aptidão necessária que se deve
ter para interpor recurso contra certa decisão naquele caso concreto. O recurso pode ser
interposto:
 Clique nos cards a seguir.
PELA PARTE VENCIDA
PELO TERCEIRO PREJUDICADO
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO
Por parte vencida, entende-se as partes (autor ou réu) e o terceiro interveniente (v.g. o
denunciado, o assistente e o chamado), que a partir da intervenção torna-se parte.
Por terceiro prejudicado, compreende-se aquele que não participa do processo, mas é afetado
por aquela decisão judicial, motivo pelo qual ingressa no processo para impugnar
voluntariamente aquela decisão. São, portanto, pessoas estranhas ao processo que, de algum
modo, são atingidas por seus efeitos. Exemplo: O sublocatário que é atingido por decisão
judicial proferida no âmbito de um processo de despejo do qual não faz parte.
Segundo o parágrafo único do art. 996 do CPC, cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade
de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se
afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual.
Por fim, há o Ministério Público, que pode recorrer na qualidade de parte ou de fiscal da ordem
jurídica.
INTERESSE RECURSAL
O interesse recursal assenta-se no binômio utilidade-necessidade. O recurso será útil para o
recorrente, quando estiver postulando decisão capaz de lhe proporcionar situação jurídica mais
favorável do que aquela que lhe é proporcionada pela decisão impugnada. Veja-se o exemplo
de Alexandre Câmara:
 Clique na figura abaixo para ver as informações.
 
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Pense-se, por exemplo, no caso de ter sido proferida sentença de total improcedência do
pedido. Pois se contra tal sentença se insurge o réu, postulando sua reforma para que o
processo seja extinto sem resolução do mérito, lhe faltará interesse em recorrer, já que a
providência postulada não melhora (ao contrário, piora) sua situação jurídica. É preciso, então,
que, através do recurso, se busque uma providência útil, assim compreendida como aquela
que é capaz de proporcionar ao recorrente uma melhoria de situação jurídica (em comparação
com a situação proporcionada pela decisão recorrida). Só assim estará presente o interesse
em recorrer (CÂMARA, 2015, p. 496).
Por outro lado, o recurso será necessário, quando for preciso fazer o uso das vias recursais
para se obter o que pretende contra a decisão impugnada.
 EXEMPLO
Como recurso desnecessário, podemos citar o que é interposto pelo réu, em ação monitória,
contra decisão que determina a expedição do mandado monitório. O recurso, nesse exemplo, é
desnecessário, pois a simples apresentação de embargos monitórios é suficiente para impedir
que a decisão monitória produza efeito executivo (DIDIER JR. et al, 2016, p. 166).
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INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO E
EXTINTIVO DO PODER DE RECORRER
A “inexistência de fato impeditivo e extintivo do poder de recorrer” é considerada um requisito
recursal negativo, pois se trata, como o nome sugere, de fatos impeditivos e extintivos do direto
de recorrer que não podem ocorrer, sob pena do recurso ser inadmitido. Sobre o tema, a
doutrina costuma fazer menção à desistência, à renúncia e à aceitação (aquiescência).
A desistência ocorre quando, uma vez já interposto o recurso, o recorrente manifesta o desejo
de que tal recurso não seja julgado. Sobre a desistência, dispõe o art. 998 do CPC:
O RECORRENTE PODERÁ, A QUALQUER TEMPO, SEM
A ANUÊNCIA DO RECORRIDO OU DOS
LITISCONSORTES, DESISTIR DO RECURSO.
Pode a desistência ser total ou parcial. Ademais, não depende da anuência do litisconsórcio
(parágrafo único do art. 998 do CPC), assim como dispensa homologação judicial para produzir
efeitos.
A renúncia ocorre quando a parte vencida previamente abre mão de interpor recurso. Além
disso, independe da aceitação da outra parte (art. 999 do CPC). O termo inicial para renúncia
ocorrer data da intimação da decisão contra qual se pode insurgir. A renúncia também pode ser
parcial ou total, bem como expressa ou tácita.
 
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Sobre tais classificações, confiram-se os exemplos dados por Daniel Neves:
 Clique na figura abaixo para ver as informações.
 
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A declaração unilateral do recorrente renunciando ao direito de recorrer, que pode ser feita por
escrito ou oralmente na audiência na qual a decisão impugnável é prolatada, constitui renúncia
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expressa. Quando a parte simplesmente deixa de recorrer dentro do prazo recursal, há
renúnciatácita do direito de recorrer. A renúncia pode ser total ou parcial. Pode a parte
recorrente limitar a sua renúncia ao direito recursal de forma principal, mantendo o direito de
recorrer adesivamente, sendo essa a forma mais evidente de mostrar à parte contrária que se
deseja o trânsito em julgado, mas, na hipótese de a parte contrária ingressar com recurso,
provavelmente haverá recurso adesivo. Não havendo especificação, a renúncia atinge o direito
recursal como um todo (NEVES, 2017, p. 1622).
Por fim, a aquiescência (Sinônimo de aceitação) está prevista no art. 1.000 do CPC, segundo
o qual “a parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer”. A
aquiescência, ou aceitação, gera uma preclusão lógica que impede a admissão do recurso. Ela
é expressa quando a parte se manifesta ao juízo ou à parte contrária diretamente, e tácita
quando a parte pratica, sem nenhuma reserva, ato incompatível com a vontade de recorrer (art.
1000, parágrafo único, do CPC).
 ATENÇÃO
A aquiescência, assim como a renúncia, só pode ocorrer entre a intimação da decisão
recorrível e a interposição do recurso.
São exemplos de aquiescência: pagamento de condenação e apresentação de contas na ação
de exigir contas.
REQUISITOS EXTRÍNSECOS DO RECURSO
TEMPESTIVIDADE
O requisito tempestividade traduz a necessidade de o recurso ser interposto dentro do
prazo legal. Em regra, o prazo para interposição do recurso é de 15 dias úteis, com exceção
dos embargos de declaração, que são de 5 dias úteis nos termos dos arts. 1.003, §5º, e 1.023,
caput, do CPC. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados,
a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público
são intimados da decisão (art. 1.003, caput, do CPC). Se a decisão houver sido proferida em
audiência, os sujeitos serão considerados intimados nessa mesma audiência (art. 1.003, §1°,
do CPC).
 ATENÇÃO
Nos casos de recurso interposto por réu contra decisão proferida antes de sua citação,
aplicam-se as regras do art. 231, I a VI, nos termos do art. 1.003, §2º, do CPC. Nesse sentido,
o início do prazo recursal será a data da juntada do AR, quando a citação ou a intimação for
pelo correio (inciso I do art. 231); da data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando
a citação ou a intimação for por oficial de justiça (inciso II do art. 231); da data de ocorrência da
citação ou da intimação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe de secretaria
(inciso III do art. 231); e do dia útil seguinte ao fim da dilação assinada pelo juiz, quando a
citação ou a intimação for por edital (inciso IV do art. 231).
Por fim, ressaltam-se as demais regras do art. 1003 do CPC:

PRIMEIRA REGRA
No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as
normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial (art. 1.003, §3º, do
CPC).
RECURSO PELO CORREIO
Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data
de interposição a data de postagem (art. 1.003, §4º, do CPC).


FERIADO LOCAL
Se for recorrente, deverá comprovar a ocorrência de feriado local no ato de interposição do
recurso (art. 1.003, §6º, do CPC).
REGULARIDADE FORMAL
Todo recurso deve atender regras gerais de forma: ser fundamentado, expor as razões de
irresignação e ter pedido de novo julgamento. Além disso, em regra, o recurso é ato processual
escrito, deve ser assinado e exige capacidade postulatória (isto é, presença de advogado
representando a parte).
 
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No entanto, existem também requisitos de regularidade formais específicos que precisam ser
preenchidos a depender do recurso interposto.
 EXEMPLO
O agravo de instrumento exige que o agravante traga peças obrigatórias dos autos de origem
quando o processo é físico, a apelação exige petição dirigida ao juízo de primeiro grau e certas
informações mínimas, e assim por diante.
PREPARO
O preparo é o adiantamento das despesas para a interposição do recurso. Conforme prevê
o caput do art. 1.007:
NO ATO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO, O
RECORRENTE COMPROVARÁ, QUANDO EXIGIDO
PELA LEGISLAÇÃO PERTINENTE, O RESPECTIVO
PREPARO, INCLUSIVE PORTE DE REMESSA E DE
RETORNO, SOB PENA DE DESERÇÃO.
A deserção corresponde à sanção em razão da falta de pagamento. Ademais, o porte de
remessa e de retorno é dispensado se os autos forem eletrônicos (art. 1007, §3º, do CPC).
Em hipóteses de falha na comprovação do preparo (preenchimento errado da guia de
pagamento), ausência de preparo ou preparo insuficiente, o processo não será inadmitido
imediatamente. O relator do recurso, antes, intimará a parte para corrigir o defeito, nos termos
do art. 932, parágrafo único, do CPC.
 
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No caso de recurso sem preparo, o relator intimará o recorrente para que o realize em dobro,
sob pena de deserção (art. 1.007, §4°, CPC). No entanto, é vedada a complementação se
houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no
recolhimento realizado na forma do § 4º (art. 1.007, §5º, do CPC).
A hipótese de insuficiência no valor do preparo implicará deserção apenas se o recorrente,
intimado, não vier a supri-lo no prazo de cinco dias (art. 1.007, §2º, do CPC).
O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de
deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de cinco dias (art. 1007, §7º, do CPC). Se o intimado
não saná-lo, a pena de deserção poderá ser aplicada.
 VOCÊ SABIA
Não é todo recurso que exige preparo. Existem isenções de custas previstas em lei para
determinados recursos, como é o caso dos embargos de declaração e o agravo em recurso
especial e extraordinário, arts. 1023 e 1.042, §2º, ambos do CPC. Ademais, há sujeitos que
estão isentos de custas, como o Ministério Público, Distrito Federal, a União, os Estados,
Municípios e respectivas autarquias, conforme estabelece o art. 1.007, § 1º, do CPC.
JUÍZO DE MÉRITO
Feita a análise do juízo de admissibilidade, e sendo ele positivo, passa-se agora a examinar o
juízo de mérito do recurso.
Trata-se do momento em que o órgão julgador aprecia os fundamentos constantes no recurso
do recorrente para decidir se lhe assiste razão ou não.
O mérito do recurso nada mais é do que a pretensão recursal. É formado pela causa de pedir
(fundamento do recurso) e o pedido recursal.
Como brevemente dito em tópico anterior, o recurso pode buscar quatro resultados:
REFORMA
INVALIDAÇÃO
ESCLARECIMENTO
INTEGRAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL QUE SE
IMPUGNA
Para identificar quais desses resultados o recorrente deve requerer em seu recurso, é preciso
examinar o fundamento da decisão impugnada, de modo a identificar o vício ocorrido.
CAUSA DE PEDIR E PEDIDO RECURSAL
A causa de pedir recursal são os fatos jurídicos expostos no recurso que demostram que a
decisão recorrida cometeu:
ERRO IN IUDICANDO
Quando a decisão recorrida incorre em erro in iudicando, significa dizer que cometeu o
chamado “erro de julgamento”, que pode ser definido como um equívoco de conclusão. Nessas
hipóteses, o recorrente deve formular pedido de reforma da decisão recorrida, buscando um
novo pronunciamento, uma nova conclusão diversa daquela existente no julgado originário a
qual considera equivocada.
Exemplos: “decisão que condenou o réu a cumprir obrigação que não era verdadeiramente
devida; na decisão que anulou o contrato que não tinha qualquer vício; na decisão que
declarou a falsidade de um documento que é autêntico (...)” (CÂMARA, 2015, p. 490).
ERRO IN PROCEDENDO
Quando a decisão recorrida incorre em erro in procedendo, afirma-se que houve um “erro de
atividade”, que pode ser definido como um vício de atividade na decisão judicial. Aqui, não se
está diante de um erro na conclusão do julgado, se certo ou errado, mas, sim, no modo como
foi produzida.Nesses casos, deverá a parte requerer a invalidação da decisão, de modo que
outra seja produzida em condições de validade, sem o vício anterior existente.
São exemplos as hipóteses em que a decisão é proferida sem fundamentação adequada, sem
respeito ao contraditório ou por um juízo incompetente.
Por fim, pode a decisão recorrida ocorrer em omissão, contradição, obscuridade. Nessas
hipóteses, o propósito do recorrente não será reformar nem cassar, mas tão somente
aperfeiçoar a decisão, eliminando um desses vícios. No caso de contradição e obscuridade, o
resultado buscado pelo recurso será o esclarecimento, o que ocorrerá via embargos de
declaração, nos termos do art. 1.022, I, do CPC. Vejamos:
Por obscura, compreende-se a decisão que é incompreensível total ou parcialmente.
&
Por contraditória, compreende-se a decisão – como o próprio nome indica – que tem trechos
do seu conteúdo incompatíveis e contraditórios entre si.
Por outro lado, no caso de decisões que incorrem em omissão, deve o recorrente buscar a
integração da decisão judicial, de modo a provocar o juízo para que se manifesta acerca de
algo que não se manifestou. Aqui, o recurso cabível será embargos de declaração, nos termos
do art. 1.022, II, do CPC. Contudo, nada impede que se requeira a integração de decisão
omissa em sede de apelação, nos termos do art. 1.013, §3º, III, do CPC.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NOS TERMOS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, O PRAZO PARA
INTERPOSIÇÃO DOS RECURSOS É DE:
A) 15 dias corridos.
B) 15 dias úteis, com exceção do agravo interno, cujo prazo é de 5 dias úteis.
C) 15 dias úteis, com exceção dos embargos de declaração, cujo prazo é de 5 dias úteis.
D) 10 dias úteis.
E) 10 dias corridos.
2. RAFAEL AJUIZOU AÇÃO DE COBRANÇA CONTRA JOÃO, A QUAL FOI
JULGADA PROCEDENTE EM PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO. O
PROCESSO TRAMITA PELO MEIO ELETRÔNICO. INCONFORMADO COM
A SENTENÇA, JOÃO INTERPÕE RECURSO DE APELAÇÃO DENTRO DO
PRAZO LEGAL, MAS AS CUSTAS RECOLHIDAS FORAM PARCIALMENTE
PAGAS. NESSE CASO:
A) O magistrado deverá aplicar imediatamente a pena de deserção a João.
B) João será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro do
valor do preparo, dispensado o porte de remessa e retorno, sob pena de deserção.
C) João será intimado, na pessoa de seu advogado, para recolher o valor total do preparo,
inclusive porte de remessa e retorno, sob pena de deserção.
D) João será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro do
valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção.
E) João será intimado a suprir a parcela do preparo não paga no prazo de cinco dias, sob pena
de deserção, e sem a necessidade de pagamento do porte de remessa e de retorno, pois os
autos são eletrônicos.
GABARITO
1. Nos termos do Código de Processo Civil, o prazo para interposição dos recursos é de:
A alternativa "C " está correta.
 
A resposta é a letra C, nos termos do art. 1.003, §5º, e art. 1.023, caput, ambos do CPC, que
regulamentam o prazo para os recursos: “Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso
conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a
Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. (...) § 5º Excetuados os
embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15
(quinze) dias. Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição
dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam
a preparo”.
2. Rafael ajuizou ação de cobrança contra João, a qual foi julgada procedente em
primeiro grau de jurisdição. O processo tramita pelo meio eletrônico. Inconformado com
a sentença, João interpõe recurso de apelação dentro do prazo legal, mas as custas
recolhidas foram parcialmente pagas. Nesse caso:
A alternativa "E " está correta.
 
A resposta é a letra E, nos termos do art. 1.007, §§2º e 3º, do CPC, que prevê: “Art. 1.007. No
ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação
pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de
deserção. § 2º - A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no
prazo de 5 (cinco) dias. § 3º - É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno
no processo em autos eletrônicos”.
MÓDULO 3
 Listar os principais efeitos do recurso
EFEITOS DOS RECURSOS
Aqui, tratemos dos efeitos produzidos pelos recursos cíveis brasileiros. Os dois efeitos básicos
tradicionalmente expostos pela doutrina pátria são os efeitos devolutivo e suspensivo, mas
outros serão abordados, quais sejam, o efeito impeditivo, substitutivo, regressivo e translativo.
EFEITO IMPEDITIVO
A interposição de recurso – que preencha os requisitos de admissibilidade – traz como primeiro
efeito um impedimento à preclusão temporal da decisão recorrida.
Sua interposição prolonga o estado de litispendência. Com efeito, durante o trâmite recursal,
não se pode falar em preclusão da decisão recorrida, do seu trânsito em julgado e até
eventualmente da sua coisa julgada. Por essa razão, também não se admite a execução
definitiva da decisão impugnada, até que julgado o recurso.
EFEITO DEVOLUTIVO
Com base nesse efeito, transfere-se, em regra, para o órgão ad quem o conhecimento das
matérias que tenham sido objeto de decisão no órgão a quo. Ou seja, por meio do recurso e
seu efeito devolutivo, provoca-se o reexame da decisão; há uma reapreciação e novo
julgamento de questão já decidida.
 ATENÇÃO
Há corrente doutrinária que compreende que só há efeito devolutivo se o recurso for dirigido
para outro órgão jurisdicional – diferente do que prolatou a decisão recorrida. Nesse sentido,
para tal corrente, por exemplo, os embargos de declaração, que são dirigidos para o mesmo
juízo prolator da decisão impugnada, não teria efeito devolutivo. Apesar disso, defende-se,
aqui, que tal compreensão não é requisito essencial para a configuração do efeito devolutivo,
de modo que se pode afirmar que todo recurso gera efeito devolutivo, podendo-se haver
transferência da matéria para outro ou para o mesmo órgão julgador.
O que pode variar do efeito devolutivo de cada recurso é sua:
 
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EXTENSÃO (DIMENSÃO HORIZONTAL)
A extensão do efeito devolutivo é a delimitação do que será submetido ao órgão que irá julgar o
recurso. É a extensão da impugnação. Apenas se devolve o conhecimento de matéria
impugnada (art. 1.013, caput, do CPC).
 
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PROFUNDIDADE (DIMENSÃO VERTICAL)
A profundidade do efeito devolutivo, por sua vez, trata das questões que devem ser apreciadas
pelo órgão que irá julgar o recurso. É o material com o qual o órgão que irá julgar o recurso irá
trabalhar para decidi-lo. O art. 1.013, § 1°, do CPC, de certo modo, estabelece que a
profundidade da devolução está limitada à extensão da devolução. Isso porque tal dispositivo
determina que será objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que
relativas ao capítulo impugnado.
Sobre o tema, confiram-se as lições de Fredie Didier:
ASSIM, SE O JUÍZO A QUO EXTINGUE O PROCESSO
PELA COMPENSAÇÃO, O TRIBUNAL PODERÁ,
NEGANDO-A, APRECIAR AS DEMAIS QUESTÕES DE
MÉRITO, SOBRE AS QUAIS O JUIZ NÃO CHEGOU A
PRONUNCIAR-SE. ORA, PARA JULGAR, O ÓRGÃO A
QUO NÃO ESTÁ OBRIGADO A RESOLVER TODAS AS
QUESTÕES ATINENTES AOS FUNDAMENTOS DO
PEDIDO E DA DEFESA; SE ACOLHER UM DOS
FUNDAMENTOS DO AUTOR, NÃO TERÁ DE EXAMINAR
OS DEMAIS; SE ACOLHER UM DOS FUNDAMENTOS
DA DEFESA DO RÉU, IDEM. NA DECISÃO PODERÁ
APRECIAR TODAS ELAS, OU SE OMITIR QUANTO A
ALGUMAS DELAS: "BASTA QUE DECIDA AQUELAS
SUFICIENTES À FUNDAMENTAÇÃO DA CONCLUSÃO A
QUE CHEGA NO DISPOSITIVO DA SENTENÇA".INTERPOSTO O RECURSO CONTRA A DECISÃO, O
TRIBUNAL PODERÁ, DESDE QUE RESPEITADO O
CONTRADITÓRIO (ART. 10, CPC), EXAMINAR TODAS
AS QUESTÕES SUSCITADAS, AINDA QUE NÃO
ENFRENTADAS PELO JUÍZO RECORRIDO,
RELACIONADAS ÀQUILO QUE É OBJETO LITIGIOSO
DO PROCEDIMENTO RECURSAL
(DIDIER JR. et al., 2016, p. 144).
No vídeo a seguir, o professor Felipe Varela explica o efeito devolutivo dos recursos e o
aprofunda nas suas dimensões, comparando-o, também, com o efeito devolutivo. Vamos
assistir!
EFEITO SUSPENSIVO
O efeito suspensivo trata da possibilidade de se suspender a eficácia da decisão recorrida,
enquanto não julgado o recurso interposto.
 ATENÇÃO
A doutrina comumente critica a afirmativa de que “o recurso tem efeito suspensivo”. Na
realidade, não é o recurso que tem efeito suspensivo e, portanto, a capacidade de suspender a
eficácia da decisão. Antes mesmo da interposição, a decisão já pode não ser eficaz. Isso
porque o efeito suspensivo decorre da mera recorribilidade do ato judicial. Se houver previsão
em lei de recurso a ser recebido com efeito suspensivo, a decisão recorrível por tal recurso já
surge ineficaz, não sendo, assim, a interposição do recurso que gera a suspensão, mas a
previsão legal de efeito suspensivo (NEVES, 2017, p. 1568).
Todo recurso pode ter efeito suspensivo. Existem recursos que possuem efeito suspensivo
automático, por determinação legal. É o caso da apelação, nos termos do art. 1.012 do CPC.
Isso significa que a sentença já é automaticamente uma decisão judicial que não produz
efeitos, e assim permanecerá até o julgamento do recurso de apelação. Outro exemplo é o
recurso especial ou extraordinário interposto contra decisão que julga incidente de resolução
de demandas repetitivas, nos termos do art. 987, §1º, do CPC.
Nas hipóteses em que o recurso não é dotado de efeito suspensivo ope legis (por
determinação legal), tal efeito pode ser atribuído por decisão judicial se o recorrente o requerer
atendendo aos requisitos do parágrafo único do art. 995 do CPC. Segundo o artigo:
A EFICÁCIA DA DECISÃO RECORRIDA PODERÁ SER
SUSPENSA POR DECISÃO DO RELATOR, SE DA
IMEDIATA PRODUÇÃO DE SEUS EFEITOS HOUVER
RISCO DE DANO GRAVE, DE DIFÍCIL OU IMPOSSÍVEL
REPARAÇÃO, E FICAR DEMONSTRADA A
PROBABILIDADE DE PROVIMENTO DO RECURSO.
No Direito Processual Civil brasileiro, a regra é que os recursos não possuem efeito suspensivo
automático (art. 995 do CPC). Isto é, a regra é o efeito suspensivo ope iudicis (aquele
requerido e viabilizado por decisão judicial), sendo excepcionalmente ope legis (por
determinação legal).
EFEITO SUBSTITUTIVO
O julgamento de qualquer recurso é capaz de substituir – para todos os efeitos – a decisão
recorrida. É o que estabelece o art. 1008 do CPC, segundo o qual “o julgamento proferido pelo
tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso”.
Conforme ensina Theodoro Junior (2020, p. 990-991), contudo, para a substituição da decisão
recorrida, hão de ser observados alguns requisitos:

O recurso deverá ter sido conhecido e julgado pelo mérito; se o caso for de não admissão do
recurso, por questão preliminar, ou se o julgamento for de anulação do julgado recorrido, não
haverá como o decidido no recurso substituir a decisão originária.
Deverá o novo julgamento compreender todo o tema que foi objeto da decisão recorrida; se a
impugnação tiver sido parcial, a substituição operará nos limites da devolução apenas.

Segundo Theodoro (2020, p. 991), é irrelevante se o recurso julgado no mérito foi provido ou
desprovido. Em qualquer caso, o decidido na instância recursal é o que prevalece e fará
coisa julgada.
EFEITO REGRESSIVO
O efeito regressivo é aquele que autoriza que o órgão a quo reveja a decisão recorrida. Isso
porque, em certos casos, autoriza-se que tal juízo reaprecie sua própria decisão, antes mesmo
do julgamento do recurso.
Tal efeito é visto em todos os tipos de agravo e em três hipóteses de apelação, quais sejam:
Na hipótese de sentença que indefere a petição inicial (art. 331 do CPC).
Quando há sentença de improcedência liminar (art. 332, §3º, do CPC).
Nos casos previstos nos incisos do art. 485 do CPC, nos quais o juiz profere sentença sem
resolver o mérito (art. 485, §7º, do CPC).
EFEITO TRANSLATIVO
É o efeito que permite que o tribunal, no julgamento do recurso, conheça determinadas
matérias, independentemente da devolução operada pela vontade do recorrente por meio de
seu recurso. No caso, conforme art. 332, §1º e art. 487, p. único, ambos do CPC, são:
As matérias de ordem pública, como é o caso das condições da ação e pressupostos
processuais.
&
As matérias que os tribunais podem apreciar de ofício, em razão de previsão legal, como é o
caso da prescrição.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O JULGAMENTO PROFERIDO PELO TRIBUNAL SUBSTITUI A DECISÃO
IMPUGNADA NO QUE TIVER SIDO OBJETO DE RECURSO. QUANTO À
AFIRMATIVA, ASSINALE O EFEITO RECURSAL NELA CONSAGRADO:
A) Efeito regressivo.
B) Efeito suspensivo.
C) Efeito substitutivo.
D) Efeito devolutivo.
E) Efeito impeditivo.
2. A RESPEITO DO EFEITO SUSPENSIVO DOS RECURSOS, ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA:
A) Todo recurso é dotado de efeito suspensivo automático, por determinação legal.
B) Nas hipóteses em que o recurso não é dotado de efeito suspensivo automático, tal efeito
pode ser atribuído por despacho irrecorrível proferido pelo relator.
C) No Direito Processual Civil brasileiro, a regra é que os recursos não possuem efeito
suspensivo automático, nos termos do art. 995 do CPC.
D) A sentença é uma decisão que nasce sem produzir seus efeitos, tendo em vista que contra
ela cabe apelação, um recurso dotado de efeito suspensivo ope iudicis.
E) A eficácia da decisão recorrida pode ser suspensa por decisão do relator, se da imediata
produção de seus efeitos demonstrar o recorrente apenas a probabilidade de provimento do
recurso.
GABARITO
1. O julgamento proferido pelo tribunal substitui a decisão impugnada no que tiver sido
objeto de recurso. Quanto à afirmativa, assinale o efeito recursal nela consagrado:
A alternativa "C " está correta.
 
O julgamento de qualquer recurso é capaz de substituir – para todos os efeitos – a decisão
recorrida. É o que estabelece o art. 1008 do CPC, segundo o qual “o julgamento proferido pelo
tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso”.
2. A respeito do efeito suspensivo dos recursos, assinale a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
 
A resposta correta é a letra C, considerando que, nos termos do art. 995 do CPC, “os recursos
não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido
diverso”. Desse modo, em regra, as decisões judiciais produzem seus efeitos, em que pese a
interposição do recurso.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se viu, na definição de Barbosa Moreira (2012), o recurso é “o remédio voluntário idôneo
a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a
integração de decisão judicial que se impugna”.
Os recursos podem ser classificados, considerando:

A extensão da matéria (recurso total ou parcial)
A sua fundamentação (recurso de fundamentação livre ou vinculada)


Quanto ao objeto imediato (recurso ordinário ou excepcional)
A sua independência ou subordinação (recurso principal ou adesivo)

A doutrina majoritária aplica aos recursos os seguintes princípios fundamentais:
Princípio do duplo grau de jurisdição
Princípio da taxatividade
Princípio da unirrecorribilidade
Princípio da dialeticidade
Princípio da fungibilidade
Princípio da proibição da reformatio in pejus
Princípio da irrecorribilidade em separado de algumas decisões interlocutórias
Princípio da complementaridade
Princípio da consumação
Princípio da primazia do julgamento do mérito recursal
Princípio da voluntariedade
Uma vez interposto o recurso, seu julgamento será composto por duas fases:
Juízo de admissibilidade
&
Juízo de mérito
Por fim,foi possível tecer breves comentários sobre os efeitos produzidos pelos recursos, em
especial, o efeito devolutivo, suspensivo, impeditivo, substitutivo, regressivo e translativo.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ABELHA, Marcelo. Manual de direito processual civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
ALVIM, T. A. Art. 997. In: CABRAL, A. do P.; CRAMER, R (Coords.). Comentários ao novo
Código de Processo Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016. p. 1495.
CÂMARA, A. F. O Novo Processo Civil Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015.
DIDIER JR., F.; CUNHA, L. C. da. Curso de Direito Processual civil: meios de impugnação
às decisões judiciais e processo nos tribunais. 13. ed. Salvador: JusPodivm, 2016. v. III, p. 832.
MARQUES, J. F. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 1976, v. IV, n.
868.
MOREIRA, J. C. B. Comentários ao Código de Processo Civil. 16. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2012.
NEVES, D. A. A. Manual de Direito Processual Civil. Salvador: JusPodivm, 2017.
THEODORO JR., H. Curso de Direito Processual Civil. 53. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2020.
EXPLORE+
Confira o Manual dos Recursos, Rescisória e Reclamação, de Marco Antonio Rodrigues. São
Paulo: Atlas, 2017. 
Leia:
Teoria Geral dos Recursos, de Luiz Rodrigues Wambier.
Aspectos da Teoria Geral dos Recursos no Processo Civil, de Nelson Nery Junior.
Um estudo de Teoria Geral do Processo: Admissibilidade e mérito no julgamento dos
recursos, de Ada Pellegrini Grinover e João Ferreira Braga.
CONTEUDISTA
Felipe Varela

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