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GENÉTICA III - Há certos genes que podem apresentar diversos alelos, os quais são denominados alelos múltiplos ou polialelos. Eles caracterizam a herança por polialelia. Exemplo: herança de pelagem uniforme de coelhos, que é determinada por um gene com quatro variações de alelos: C para pelagem selvagem, Cch para pelagem cinza, Ch para pelagem com padrão himalaia e c para pelagem branca. O alelo para pelagem selvagem é dominante sobre os demais; o alelo para pelagem cinza é dominante sobre aqueles para pelagem himalaia e albina; e, por fim, o alelo para pelagem himalaia é dominante sobre o alelo para pelagem albina. - ESTUDO DOS GRUPOS SANGUÍNEOS O sangue é constituído de duas partes – o plasma e os elementos figurados – sendo as hemácias o tipo celular mais frequente entre os elementos figurados. Cada indivíduo possui em suas células uma identidade bioquímica própria, caracterizada pela construção do glicocálix. Glicocálix: camada externa à membrana plasmática formada principalmente por glicoproteínas e glicolipídios. Tem função de proteger a célula contra agressões físicas e químicas e participa do reconhecimento celular. Cada tipo celular apresenta um distinto. Pessoas diferentes possuem hemácias com oligossacarídeos diferentes em seu glicocálix que caracterizam os diferentes tipos sanguíneos; um dos aspectos mais importantes é que essas estruturas da membrana das hemácias são capazes de estimular o sistema imunitário de outro indivíduo, levando a produção de anticorpos específicos. Essas estruturas são consideradas antígenos de superfície celular e impactam os processos de transfusão de sangue e transplante de órgãos. SISTEMA ABO - Permite classificar o sangue humano em quatro tipos: A, B, AB e O; considera a presença de até dois tipos diferentes de antígeno na superfície das hemácias: o antígeno A e o antígeno B; denominou esse antígeno de aglutinogênios e os anticorpos que reagem com eles (anti-A e anti-B) de aglutininas. GRUPO GENÓTIPO AGLUTINOGÊNIO GRUPO AGLUTINOGÊNIO AGLUTININA A A Anti-B B B Anti-A AB A e B Não produz O Não possui Anti-A e Anti-B - As aglutininas localizam-se no plasma sanguíneo, e, caso entrem em contato com hemácias que possuem aglutinogênios com o qual elas reagem, ocorre a reação de hemaglutinação, ou aglutinação das hemácias. + tipo A Anti – A Hemaglutinação Transfusões de sangue e sistema ABO - A hemaglutinação pode ocorrer em transfusões de sangue; por exemplo, se uma pessoa do tipo sanguíneo B ou O, portadora da aglutinina anti-A, receber sangue contendo hemácias com aglutinogênio A, presentes nos sangues dos tipos A e AB, a reação de aglutinação ocorrerá em sua corrente sanguínea. Essa reação leva à hemólise A IA IA ou IAi A B IB IB ou IBi B AB IA Ib A e B O ii Não possui (destruição das hemácias), o que pode causar bloqueios da circulação e insuficiência renal. Portanto, as transfusões devem, sempre que possível, ocorrer apenas entre indivíduos do mesmo grupo sanguíneo. Em casos de emergências, deve-se evitar a transfusões em que os aglutinogênios das hemácias do doador reajam com as aglutininas do plasma ao receptor. GRUPO DOA PARA RECEBE DE A A E AB A e O B B E AB B e O AB AB A,B,AB e O O A,B,AB,O O - Pessoas do grupo sanguíneo 0 são doadores universais. - Pessoas do grupo AB são receptores universais. Por que as aglutininas do plasma doado não são consideradas na transfusão? Geralmente a quantidade de sangue doado é bem menor que o volume sanguíneo total do receptor, o que faz com que as aglutininas doadas sejam muito diluídas ao entrar no sangue do receptor, causando uma aglutinação desprezível. Porém, em transfusões de grandes volumes, essas aglutininas passam a ter relevância e podem causar problemas decorrentes da hemaglutinação, por isso, nesses casos, há preferência para transfusões entre pessoas do mesmo grupo sanguíneo. - Os aglutinogênios de superfície celular não estão presentes apenas nas hemácias. SISTEMA Rh - Está relacionado à presença de diversos aglutinogênios na superfície das hemácias, sendo o mais importante deles o antígeno D, ou fator Rh. Os indivíduos que apresentam fator Rh em suas hemácias são Rh positivo (Rh+) e os que não possuem são Rh negativo (Rh-). A presença ou não do antígeno D nas hemácias é condicionada por dois alelos: o alelo D, dominante, que determina a presença do antígeno D, e o alelo d, recessivo, relacionado à ausência desse antígeno; pessoas Rh+ podem ser homozigotas dominantes (DD) ou heterozigotas (Dd), enquanto pessoas Rh- são, necessariamente, homozigotas (dd). GRUPO FATOR Rh GENÓTIPO Rh+ Presente DD ou D Rh- Ausente dd - Os sistemas ABO e Rh são independentes; por exemplo, uma pessoa do grupo sanguíneo A pode tanto ser Rh+ como Rh-. Há oito tipos sanguíneos: quatro para o sistema ABO (A,B,AB e O) combinados aos dois para o sistema Rh (Rh positivo e negativo). TRANSFUSÕES DE SANGUE E SISTEMA Rh - Deve-se evitar o contato dos aglutinogênios do doador com as aglutinas do receptor; o usual é que se façam as transfusões entre membros do mesmo grupo (Rh+ para Rh- e Rh- para Rh-). Porém, uma pessoa com sangue tipo Rh+ pode receber também sangue tipo Rh-, uma vez que este não possui aglutinogênio D nem fator Rh em suas hemácias. Já um indivíduo com sangue Rh-, não sensibilizado para o fator Rh, pode até receber sangue Rh+ uma vez, mas, a partir daí, produzirá anti-Rh, impedindo novas transfusões de sangue desse tipo. Assim, é recomendado que ele receba somente sangue Rh-. ❖ Há nas hemácias outros tipos de aglutinogênios, muito dos quais não apresentam riscos para transfusões de sangue; é o caso do sistema MN. No sistema MN há dois alelos codominantes, LM e LN GRUPO AGLUTINOGÊNIO GENÓTIPO M Apenas M LM LM MN M e N LM LN N Apenas N LN LN Nesse sistema não há produção de aglutininas pelos seres humanos, e, portanto, não há risco de ocorrer reações de aglutinação, não havendo restrições para transfusões de sangue. ❖ O sistema Rh, por exemplo, é polialélico, havendo 35 variações do antígeno Rh, e considera-se apenas um tipo de Rh, a variação D, por ser ela a mais frequente em humanos. Um dos tipos mais raros de variante do Rh é o sangue Rh nulo, presente em menos de 1 a cada 6 milhões de pessoas. Esse tipo sanguíneo não apresenta antígeno D em suas hemácias (o que faz esses indivíduos serem identificados como Rh-), assim como nenhum outro antígeno do sistema Rh, o que torna suas hemácias frágeis, podendo se romper com facilidade. Pessoas Rh nulo só podem receber sangues de outras pessoas Rh nulo. ERITROBLASTOSE FETAL E SISTEMA Rh - Para que indivíduos Rh- produzam aglutininas anti-Rh, eles precisam entrar em contato com hemácias com o aglutinogênio D, ou fator Rh, o que pode ocorrer em transfusões de sangue. Uma maneira de ocorrer essa imunização em mulheres com sangue Rh- é durante o parto de uma criança com sangue Rh+ . Esse evento pode desencadear a doença hemolítica do recém – nascido, também conhecida como eritroblastose fetal, em seus próximos filhos Rh+. - Durante o parto, o sangue do bebê pode passar para o organismo materno. Se a mãe for do tipo Rh- (e não for sensibilizado pelo fator Rh) e o bebê tiver sangue Rh+, as hemácias do bebê provocarão sensibilização da mãe para o fator Rh, e, assim ela passará a produzir aglutininas anti-Rh. Como a sensibilização ocorre no parto, não há problemas para a criança. Mas, no caso de outra gestação de criança Rh+, as aglutininasanti-Rh da mãe que atravessaram a placenta se ligarão às hemácias do bebê, provocando a destruição delas. - A hemólise no bebê leva à anemia e à icterícia, em que pele e mucosas ficam amareladas pelo acúmulo de bilirrubina, um derivado da hemoglobina liberada pelas hemácias. A grande destruição de hemácias obriga o organismo do bebê a acelerar a produção dessas células, e algumas são liberadas para o sangue ainda jovem, na forma de eritroblastos, o que explica o nome da doença; em alguns casos mais graves pode haver lesões neurológicas e até abortamento, mas na maioria das vezes o bebê nasce vivo e é tratado com transfusões de sangue Rh-. - A doença pode ser evitada se a mãe com sangue Rh-, logo após cada parto, receber soro contendo anticorpos anti-Rh. Esse procedimento de imunização passiva elimina as hemácias fetais com fator Rh que circulam no sangue da mãe. Com isso, se evita a imunização da mãe com o sangue Rh+ e, por consequência, a produção de aglutininas anti-Rh por ela. Depois de alguns dias, os anticorpos anti-Rh administrados no soro são degradados, e o sistema imunitário da mãe se comporta como se nunca houvesse ocorrido o contato com o sangue Rh+. - Cabe ressaltar que os anticorpos do sistema ABO não atravessam a placenta, o que explica a não ocorrência de eritroblastose quando mãe e filho são de tipos diferentes para o sistema ABO.