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Na antiguidade, quando ainda não se tinha o conhecimento sobre os tipos sanguíneos e seus fatores coagulantes, o processo de transfusão sanguínea era feito apenas em últimos casos, pois a compatibilidade entre doador e receptor raramente era obtida. Após um tempo, descobriu- se que o sangue de pessoas distintas poderia ter propriedades antigênicas e imunes distintas, que ocasionava uma reação, chamada de reação de transfusão, quando esses fatores eram diferentes. Isso ocorre pois no plasma há anticorpos específicos que reagem com antígenos nas superfícies das hemácias de outros tipos sanguíneos. O sangue é um tecido líquido formado por diferentes tipos de células suspensas no plasma. Ele circula por todo nosso corpo, através das veias e artérias. As veias levam o sangue dos órgãos e tecidos para o coração, enquanto as artérias levam o sangue do coração para os órgãos e tecidos. Já as células, recebem sangue através de vasos sanguíneos de menor porte denominados de arteríolas, vénulas e capilares. Em um adulto circulam, em média, 5 a 6 litros de sangue, e isso equivale a 8% do peso do corpo humano. Apesar de parecer um líquido homogêneo, se observar por microscópio percebemos que ele é heterogêneo, sendo composto por glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas e plasma. O plasma, corresponde até 60% do volume do sangue, é a parte líquida onde ficam suspensos os glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. A quantidade de cada componente pode variar conforme o sexo e idade da pessoa. No sangue humano existem, pelo menos, 30 antígenos de ocorrências comuns, cada um deles podendo ocasionar reações antígeno-anticorpo. Entretanto, a maioria dessas reações de transfusão são fracas, não ocasionando danos graves, exceto dois tipos particulares, sendo eles o sistema de antígenos ABO e o sistema Rh. ANTÍGENOS A & B (AGLUTINOGÊNIOS) O tipo A e o tipo B estão presentes nas superfícies das hemácias em grande proporção, são eles que causam a maioria das reações de transfusão. As pessoas podem não ter nenhum, podem ter anos um deles, ou podem ter os dois ao mesmo tempo. Ao realizar uma transfusão de sangue, tanto o sangue do doador, quanto o do receptor, deve ser classificado em um dos quatro tipos sanguíneos do sistema ABO. Essa classificação ocorre dependendo da presença ou da ausência dos dois aglutinogênios (A e B): - Tipo O – ausência de aglutinogênios. - Tipo A – presença de aglutinogênio A. - Tipo B – presença de aglutinogênio B. - Tipo AB – presença de ambos os aglutinogênios ao mesmo tempo. DETERMINAÇÃO GENÉTICA O lócus genético do grupo sanguíneo ABO possui três possíveis alelos que se combinam em pares, chamados de genótipos, para definir os tipos sanguíneos. Sendo os alelos: IA, IB e IO, geralmente chamados apenas de alelos “A”, “B” e “O” (I de imunoglobulina). O tipo O pode ser sem função ou quase sem função, de modo que não determina nenhum aglutinogênio nas células. Os genes do tipo A e B determinam fortes aglutinogênios nas células. OBS. O alelo O é recessivo para os alelos A e B, e, estes por sua vez, são codominantes entre si. (A = B > O). OBS. A prevalência dos diferentes tipos sanguíneos, em geral, é de maiores quantidades de pessoas com genes O (47%) e A (41%), enquanto o gene B (9%) [e por consequência AB (3%)] aparece em menor quantidade. - Genótipo OO – tipo sanguíneo O, sem aglutinogênios e com aglutininas Anti-A e Anti-B. - Genótipos AO ou AA – tipo sanguíneo A, com aglutinogênio A e com aglutinina Anti-B. - Genótipo OB ou BB – tipo sanguíneo B, com aglutinogênio B e com aglutinina Anti-A AGLUTININAS As aglutininas são anticorpos que se desenvolvem no plasma em resposta a ausência de um aglutinogênio. Quando o aglutinogênio A não está presente nas hemácias da pessoa, desenvolvem-se anticorpos aglutininas anti-A no plasma dela. Quando o aglutinogênio B não está presente nas hemácias de outra pessoa, desenvolvem-se anticorpos aglutininas Anti-B no plasma dela. E quando não se tem nenhum aglutinogênio nas hemácias de alguma outra pessoa, desenvolvem-se ambas as aglutininas. TITULAÇÃO DAS AGLUTININAS: após o nascimento a quantidade de aglutininas é quase zero e após 2 a 8 meses de vida pós-natal, o lactente começa a produzi-las. A titulação máxima é atingida por volta dos 8-10 anos de idade e após ocorre a declinação gradativa. com o passar dos anos. Titulações médias das aglutininas anti-A e anti-B no plasma de pessoas com diferentes tipos sanguíneos. ORIGEM DAS AGLUTININAS NO PLASMA: As aglutininas são anticorpos, da classe gamaglobulinas, que são produzidos, assim como outros anticorpos de outros antígenos, pelas células da medula óssea e órgãos linfáticos, sendo em sua maior parte moléculas das imunoglobulinas IgM e IgG. Pequenas quantidades de antígenos A e B entram no organismo pela alimentação, pelas bactérias e de outras formas, desencadeando o desenvolvimento das aglutininas. A infusão do antígeno A em pessoa de tipo sanguíneo não A causa resposta imune típica com formação de aglutinina Anti-A, do mesmo jeito que acontece nas outras ocasiões com outros tipos sanguíneos. Quando sangues não compatíveis são misturados, as hemácias se aglutinam como resultado da fixação das próprias aglutininas nas hemácias. As aglutininas possuem dois locais de ligação (IgM) ou 10 locais de ligação (IgG), logo a mesma aglutinina pode se fixar a duas hemácias diferentes ao mesmo tempo, fazendo com que as hemácias se grudem umas as outras. Esses grumos ocluem os vasos mais delgados do sistema circulatório e durante um período de horas ou dias, a distorção física e/ou o ataque pelos leucócitos fagocíticos destroem a membrana das células aglutinadas – hemólise das hemácias. A hemólise pode ocorrer de duas formas: Hemólise Aguda anticorpos causam a lisa das hemácias pela ativação do sistema do complemento, que libera enzimas proteolíticas (complexo lítico). Essa hemólise imediata é menos comum, pois tem de haver não somente alto titulo de anticorpos para que a lise ocorra, mas também ser requerido tipo diferente de anticorpo do IgM, as hemolisinas. Hemólise Tardia após algumas horas ou dias. Para determinar os tipos sanguíneos do receptor e do doador, é necessário fazer o processo denominado de tipagem sanguínea, onde as hemácias são separadas do plasma e em seguidas diluídas em solução salina. Parte dessa solução é misturada com aglutinina anti-A, enquanto outra parte é misturada com aglutinina anti-B. Após alguns minutos, se as hemácias formarem coágulos sabe-se que ocorreu reação antígeno-anticorpo. OBS. Como o sangue AB possui ambos os aglutinogênios, ele aglutina com ambos os tipos de aglutininas. Enquanto o sangue O, por não possuir nenhum aglutinogênio, não coagula. Tipo O - não possuem aglutinogênios, logo não reagem com aglutininas Anti-A e Anti-B. Tipo A – possui aglutinogênio A e reage com aglutinina Anti-A. Tipo B – possui aglutinogênio B e reage com aglutinina Anti-B. Tipo AB – possui ambos os aglutinogênios e reage com ambas as aglutininas. O sistema Rh também possui uma grande importância para as transfusões sanguíneas. Entretanto, ambos possuem diferenças, sendo a principal diferença o fato de que no sistema ABO, as aglutininas plasmáticas responsáveis por reações de transfusão se desenvolvem espontaneamente, enquanto que no sistema Rh quase nunca ocorre a formação de aglutininas de forma espontânea. Para ocorrer a formação das aglutininas anti-Rh, a pessoa precisa ser maciçamente exposta a antígenos Rh. Existem 6 tipos comuns de antígenos Rh sendo cada um deles chamado de fator Rh (C, D, E, c, d, e). A pessoa que possui o C não possui o antígeno c, mas a pessoa que não tem o antígeno C sempretem o c. Além disso, a herança desses fatores faz com que a pessoa tenha três pares de antígenos. O antígeno D é muito prevalente na população, sendo quem o possui chamado de Rh positivo e quem não possui de Rh negativo. RESPOSTA IMUNE DO RH Quando o fator Rh é injetado em uma pessoa sem o fato Rh (negativa), aglutininas Anti-Rh são desenvolvidas lentamente e atingem sua concentração máxima de 2 a 4 meses depois. Com exposições múltiplas a esse fator, a pessoa fica cada vez mais sensibilizada contra o fato Rh. OBS. Quanto mais contatos a pessoa Rh negativa tiver com o fator Rh, mais sensibilizada ela pode ficar. CARACTERÍSTICAS DAS REAÇÕES DE TRANSFUSÃO RH Se a pessoa Rh negativa nunca tiver sido exposta ao fator Rh, a primeira transfusão de sangue Rh positivo nessa pessoa, provavelmente, não irá causar uma reação imediata. Entretanto, como as hemácias permanecem no sistema circulatório por 120 dias, durante as próximas 2 a 4 semanas após a transfusão, pode ocorrer a aglutinação das células transfundidas que ainda circulam pelo sangue. As células são hemolisadas pelo sistema de macrófagos teciduais e assim ocorre uma reação de transfusão retardada, em geral sendo leve. Em uma transfusão subsequente de sangue positivo para negativo, a pessoa agora está imunizada contra o fator Rh, a reação de transfusão se dá de forma amplificada e pode ser imediata e tão grave quanto a reação de transfusão provocada por incompatibilidade entre tipos sanguíneos A e B. ERITROBLASTOSE FETAL Doença do feto e do recém-nascido, caracterizada pela aglutinação das hemácias do feto. Na maioria dos casos, a mae é Rh-negativa e o pai Rh-positivo, logo o filho herda o antígeno Rh-positivo do pai e a mãe desenvolve anticorpos aglutininas anti-rh pela exposição ao antígeno rh do feto. As aglutininas da mãe passam através da barreira transplacentária e atacam as hemácias do feto. INCIDENCIA DA DOENÇA Na primeira gestação a mãe não desenvolve aglutininas suficientes para causar dano ao feto. Na segunda gestação a mãe já esta mais sensibilizada e possui 3% de chance de causar a doença no filho. Na terceira gestação, a chance aumenta para 10% e assim sucessivamente. EFEITO DOS ANTICORPOS DA MÃE SOBRE O FETO Quando os anticorpos da mãe chegam ao sangue do feto eles causam aglutinação. Em seguida, as hemácias se hemolisam, liberando hemoglobina no sangue, a qual é transforma em bilirrubina pelos macrófagos e o bebe fica ictérico com pele amarelada. QUADRO CLÍNICO DA ERITROBLASTOSE FETAL O recém-nascido ictérico e eritroblastócito é anêmico ao nascer e as aglutininas da mãe continuam destruindo mais hemácias, pois permanecem no sangue durante 1 a 2 meses. Os tecidos hematopoiéticos do bebê tentam repor as hemácias hemolisadas, logo o fígado e o baço aumentam se dilatam e produzem de forma muito acelerada, causando diapedese de hemácias precoces (formas blásticas nucleadas). As crianças que sobrevivem a essa anemia apresentam retardo mental permanente ou lesões das áreas motoras do cérebro devido a precipitação da bilirrubina nas células neuronais – condição chamada de kernicterus. TRATAMENTO DO NEONATO ERITROBLASTÓTICO Substituição do sangue do neonato por sangue Rh- negativo (400ml por 1,5hora ou mais) várias vezes durante as primeiras semanas de vida, mantendo baixo os níveis de bilirrubina no sague para prevenção do kernicterus. Com o tempo o sangue positivo do feto vai substituindo o sangue negativo transfundido, até que se as aglutininas da mãe sejam destruídas (cerca de 6 semanas). PREVENÇÃO DA ERITROBLASTOSE FETAL O culpado disso tudo é o antígeno D do feto positivo que entra em contato com a mãe negativa. Administração da imunoglobulina Rh globina, um anticorpo Anti-D, pela gestante para impedir a sensibilização das mães contra o antígeno D. O anticorpo Anti-D inibe a produção de anticorpos pelos linfócitos B induzida pelo antígeno na gestante, também se fixa aos locais antigênicos das hemácias Rh positivas fetais que podem cruzar a placenta e chegar ao sangue da mãe. Nessa transfusão as hemácias do sangue do doador são aglutinadas – a porção plasmática do sangue do doador é diluída por todo o plasma do receptor, logo se diminui a titulação das aglutininas transfundidas para causar aglutinação das hemácias do receptor. Desse modo, a pequena quantidade de sangue infundido não dilui as aglutininas do receptor significativamente, desse modo as aglutininas do receptor podem aglutinar as hemácias do doador não compatível. Todas as reações de transfusão não compatíveis causam por fim hemólise imediata pelas hemolisinas ou hemólise tardia resultante da fagocitose das aglutinadas – a hemoglobina liberada é convertida pelos fagócitos em bilirrubina sendo excretada na bile pelo fígado. A concentração alta de bilirrubina nos tecidos corporais se eleva o suficiente para causar icterícia e se a função hepática estiver normal, ela é excretada rapidamente e não é perceptível em adultos. INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA APÓS REAÇOES DE TRANSFUSÃO Pode iniciar depois de alguns minutos ou horas e se estender até que a pessoa morra. Possui três causas: 1. A reação antígeno-anticorpo libera substâncias tóxicas do sangue hemolisado, causando vasoconstrição renal muito intensa 2. A perda de hemácias circulantes pelo receptor, juntamente com a produção de substâncias das células hemolisadas e das reações imunes, em geral causa choque circulatório. A pressão arterial cai lentamente, com diminuição do fluxo renal e do débito urinário. 3. Se a quantidade total de hemoglobina livre liberada no sangue circulante for maior que a quantidade que pode se ligar à “haptoglobina” (proteína plasmática que liga pequenas quantidades de hemoglobina), grande parte do excesso vazará através das membranas glomerulares para os túbulos renais. Se essa quantidade ainda for pequena, ela poderá ser reabsorvida para o sangue pelo epitélio tubular sem causar danos; contudo, se for grande, somente pequena porcentagem será reabsorvida. Além disso, a água continua a ser reabsorvida, causando elevação da concentração de hemoglobina tubular, que pode chegar a nível que leva à precipitação da hemoglobina e bloquear muitos dos túbulos renais. Assim, a vasoconstrição renal, o choque circulatório e o bloqueio dos túbulos renais, em conjunto, causam insuficiência renal aguda. Os tecidos possuem células com antígenos iguais ás das hemácias, logo proporcionam reações imunes em momentos de transplante. Autoenxerto – de parte do animal para parte do mesmo animal. Não causa reação imune por ter os mesmos antígenos. Isoenxerto – transplante entre gêmeos idênticos. Não causa reação imune por ter os mesmos antígenos Aloenxerto – de animal para outro animal da mesma espécie. Xenoenxerto – de animal inferior para o ser humano ou de animal para animal de outra espécie. Reações imunes quase sempre ocorrem e causam morte tecidual do enxerto caso não seja tratado com terapia específica. Aloenxertos mais comuns de propósitos terapêuticos: pele, rins, coração, fígado, tecido glandular, medula óssea e pulmões. TENTATIVAS DE SUPERAR AS REAÇOES IMUNES NO TECIDO TRANSPLANTADO TIPAGEM TECIDUAL: Complexo de antígenos HLA: existem 6 desses antígenos nas membranas celulares dos tecidos das pessoas, porém existem cerca de 150 antígenos HLA, isso representa mais de um trilhão de combinações e torna virtualmente impossível que duas pessoas diferentes (exceto gêmeos idênticos) possuam os mesmos 6 antígenos. Esses antígenos ocorrem nos leucócitos, bem como nas células teciduais, logo a tipagem do tecido é feita nas membranas dos linfócitos que foram separados do sangue. Os linfócitos são misturados com o antissoro e complemento apropriadoe após a incubação, as células são testadas para relação lesão da membrana, por meio de teste de intensidade de captação transmembrana de corante especial pelas células linfocíticas. Alguns dos antígenos HLA não são severamente antigênicos, motivo pelo qual a combinação precisa entre o doador e o receptor não é essencialmente necessária. Logo, obtém-se a melhor combinação possível entre o doador e o receptor. O transplante com mais índice de sucesso é o entre parentes de entre pais e filhos, além de que gêmeos imunes não apresentam reações imunes. PREVENÇÃO DA REJEIÇÃO DO ENXERTO POR MEIO DA SUPRESSÃO DO SISTEMA IMUNE Uma pessoa com depressão acentuada do sistema imune possui transplantes bem-sucedidos sem uso de terapia significativa para impedir a rejeição. Aloenxertos raramente resistem à rejeição por mais de alguns dias ou semanas sem o uso dessa terapia devido ás células T do sistema imune. 1. Hormônios glicocorticoides isolados do córtex das glândulas adrenais (ou fármacos com atividade semelhante) – suprimem o crescimento do tecido linfoide e, portanto diminuem a formação de anticorpos e de células T. 2. Fármacos com efeitos tóxicos sobre o sistema imune (azatioprina). 3. Ciclosporina – efeito inibitório específico sobre a formação das células T auxiliares CONCEITOS Sangue total – bolsa de 450 ml retirados do paciente. Hemocomponentes – sangue fracionado através da centrifugação e pode ajudar até 4 pessoas. 1. Plasma fresco 2. Fator B – coagulação 3. Fração de hemácias. Hemoderivados – produzidos em escala industrial através do fracionamento do plasma, obtenção de proteínas sanguíneas específicas. DOAÇÃO DE SANGUE No mínimo 60 quilos e acima de 16 anos (com autorização dos pais). Caso acima de 60 anos, deve ter doado já uma vez na vida. Proibidos em geral – malária, AIDS, uso de droga ilícita injetável, hipotireoidismo, hepatite C, hepatite B após os 11 anos de idade, sífilis e etc. DOAÇÃO DE MEDULA Anestesia geral peridural e internação por 24 horas. Retirada por punção da bacia (osso ilíaco) e também do esterno. Doação por aferese – retirada do sangue do doador, seleção de células-tronco necessária e devolução do sangue para o doador. Compatibilidade da medula óssea é determinado por um grupo de genes do cromossomo 6. É vedado ao médico: - Art. 43. Participar do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de suspender meios artificiais para prolongar a vida do possível doador, quando pertencente à equipe de transplante. - Art. 44. Deixar de esclarecer o doador, o receptor ou seus representantes legais sobre os riscos decorrentes de exames, intervenções cirúrgicas e outros procedimentos nos casos de transplantes de órgãos. - Art. 45. Retirar órgão de doador vivo quando este for juridicamente incapaz, mesmo se houver autorização de seu representante legal, exceto nos casos permitidos e regulamentados em lei. - Art. 46. Participar direta ou indiretamente da comercialização de órgãos ou de tecidos humanos. Se iminente o perigo de vida, é direito e dever do médico empregar todos os tratamentos, inclusive cirúrgicos, para salvar o paciente, mesmo contra a vontade deste, e de seus familiares e de quem quer que seja, ainda que a oposição seja ditada por motivos religiosos. Se transfusão de sangue for tida como imprescindível, conforme sólida literatura médico-científica (não importando naturais divergências), deve ser concretizada, se para salvar a vida do paciente, mesmo contra a vontade das testemunhas de jeová, mas desde que haja urgência e perigo iminente de vida. se baseiam na liberdade de crença e consciência, direito à intimidade e privacidade, princípios de legalidade e dignidade da pessoa humana, questões bíblicas e riscos de transfusões. De um lado está o dever médico de salvar vidas sempre que for possível, de outro está o direito do paciente em recusar tratamento médico por crença religiosa. Pela constituição é garantida a liberdade de crença religiosa, logo surge conflito de dois direitos constitucionais: direito à vida e liberdade de crença. O direito à vida deve sempre ser mais importante que a liberdade de crença. - A art. 135 do Código Penal diz que: é crime não prestar assistência, quando possível e sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, pessoa inválida ou ferida, ou eminente perigo de vida, com detença de 6 meses ou multa, triplicado em caso de morte. - No estatuto da criança e adolescente, estabelece-se o dever de proteção da vida, integridade de menor de idade Logo, segundo Rogério Greco: “Na hipótese de ser imprescindível a transfusão, mesmo sendo a vítima maior e capaz, em caso de recusa, tal comportamento deverá ser encarado como uma tentativa de suicídio, podendo o médico intervir, inclusive sem consentimento, uma vez que atuaria amparado pelo inciso I do § 3º do art. 146 do Código Penal, que diz não se configurar constrangimento ilegal a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida.”
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