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OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 1 🫀 OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO Aula dia 02/05/2022 DOENÇA HIPERTENSIVA DA GESTAÇÃO (DHEG) PRÉ ECLÂMPSIA Principal causa de morte materna no Brasil Definição: PA ≥ 140x90 (2 medidas com 4h-7 dias de intervalo) + proteinúria ≥ 300 mg/dia OU proteína/creatinina urinária ≥ 0,3 OU ≥ 1+ na fita OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 2 Existe PE sem proteinúria: HAS > 20 semanas + 1 LOA Plaquetopenia < 100 000 Creatinina > 1,1 Edema agudo de pulmão Aumento 2x transaminases Sintomas cerebrais ou visuais (cefaléia, escotomas) Após 20 semanas gestacionais Fisiopatologia Artéria ilíaca interna —> artéria uterina —> artérias espiraladas finas 1ª onda de invasão trofoblástica: 1º trimestre 2ª onda de invasão trofoblástica: até 20 semanas —> aumenta diâmetro das artérias espiraladas = diminui resistência = aumenta fluxo Na PE: ausência da segunda onda —> mantém resistência periférica aumentada —> diminui fluxo placentário (SFC) e aumenta PA Aumento da resistência: lesão endotelial —> acelera agregação plaquetária (consome plaquetas) e vasoconstrição (aumento do TXA2) —> aumenta ainda mais a PA progressivamente Rim: lesão endotelial glomérulo (endoteliose capilar glomerular) = proteinúria —> sinal tardio de PE Fatores de risco Idade < 18 ou > 35 anos PE prévia pessoal ou familiar HAS crônica Primigesta (ou novo parceiro) Gemelar Mola —> PE < 20 semanas Vasculopatias (DM, nefropatia) Colagenoses (LES, SAAF) Obesidade OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 3 Rastreamento (11-13 semanas incompletas): Doppler artérias uterinas + história clínica + PA materna + bioquímica materna (PAPP-A e PLGF) Prevenção: iniciar AAS 150 mg à noite entre 12-16 semanas até 36 semanas para gestantes de alto risco ou hipertensa crônica; pode associar carbonato de cálcio (1 a 2g/dia) se dieta insuficiente Classificação LEVE: aquela que não é grave GRAVE: com qualquer sinal de gravidade PAS ≥ 160 e/ou ≥ 110 Edema agudo de pulmão e cianose Oligúria ou creatinina ≥ 1,2 HELLP: hemólise (DHL ≥ 600, esquizócitos, BT ≥ 1,2) + AST/TGO ≥ 70 + plaquetas < 100 000 - pode ter HELLP sem PE Sinais de iminência de eclâmpsia: cefaléia, escotomas, epigastralgia ou dor em barra, hiperreflexia Conduta na PE grave: internação Anti hipertensivos Somente se PA ≥ 160x110 (não fazer em PE leve) Reduzir 15-25% 1h, manter PAS 140-155 e PAD 90-100 Crise: hidralazina 1 ampola 20 mg/ml (diluir em 19 ml AD e fazer 5 ml a cada 20 min) ou NFD 10 mg VO a cada 20 min Manutenção VO: metildopa, nifedipino, hidralazina, pindolol, HDTZ Suspender: IECA/BRA (alteração renal), propranolol e atenolol (risco CIUR) Prevenção da eclâmpsia (e tto) Em toda PE grave Sulfato de magnésio: ataque + manutenção Pritchard: 4g EV 20 min + 10 g IM —> 5g IM 4/4h (sem BIC) - evitar na HELP Zuspan: 4g EV —> 1g/h EV em BIC OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 4 Sibai: 6g EV —> 2 a 3g/h EV em BIC Risco intoxicação: reflexo patelar + frequência respiratória + diurese Oligúria (< 25 ml/h) é sinal de alerta p/ intoxicação: diminuir dose Intoxicação = reflexo ausente + FR < 12-14 —> suspender MgS04 e fazer gluconato de cálcio 10% 1g EV 3-5 min Interrupção da gestação Se caso leve: expectante até o termo, monitorizando Se caso grave: tto definitivo é o parto!!! Interrupção após estabilização materna por 4-6h ≥ 34 SG (PE tardia): estabilização + parto agora (PODE avaliar prolongar até 37 semanas) < 34 SG (PE precoce): avaliar bem estar para CTC com USG, Doppler… parto se piorar condição materna-fetal Via de parto: indicação obstétrica (depende das condições maternas-fetais) Parto só após estabilização!!! Calculadora de risco (PIERS): idade gestacional / dispneia / SatO2 / plaquetas / creatinina / AST e ALT Não usar se complicação grave, exemplo eclâmpsia Se eclâmpsia: manter VA pérvia (guedel + máscara O2) e decúbito lateral E Convulsão durante a sulfatação: dose de ataque pela metade, excluir AVEH Seguimento pré natal PE leve Rotina PE semanal: HMG, creatinina, TGO/TGP, ácido úrico, BTF, DHL, EAS ÁCIDO ÚRICO INDICA PROGNÓSTICO Doppler e PBF semanais / USG obstétrico quinzenal / CTG 2x por semana Parto com 37 semanas ou se instabilidade Doppler e conduta obstétrica AU com IP > p95 somente: Doppler semanal, parto termo AU com diástole zero: Doppler e CTG diário, parto com 34 semanas OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 5 AU com diástole reversa: Doppler e CTG diário, parto com 30-32 semanas Ducto venoso com onda A zero ou negativa: Doppler diário, parto 26-28 semanas Complicação materna: DPP, eclâmpsia, AVEH, rotura hepática Complicação fetal: CIUR, sofrimento fetal crônico, óbito HAS CRÔNICA Geralmente > 35 anos Multípara Antes da 20ª semana gestacional Pode ter proteinúria por nefropatia hipertensiva Calciúria > 100 mg/dia Persiste no puerpério > 12 semanas Tratamento prévio em monoterapia dose baixa: suspender e vigilância Tratamento prévio em terapia combinada ou dose alta: suspender e iniciar MTD/NFD Diferencia de PE: ácido úrico / proteinúria / calciúria / fundoscopia / antitrombina III 💡 Esteatose hepática aguda da gestação 3º trimestre: náuseas + vômitos + dor HD + icterícia + hipertensão Muito comum OF precoce pela acidose Aumenta BD, TGO, TGP, creatinina, leucócitos, ácido úrico Diminui glicose e fibrinogênio DX HELLP / hepatites virais / hiperêmese (se 1º trimestre) Complicações: insuficiência hepática, insuficiência renal e hemorragia OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 6 Tratamento com o parto DIABETES GESTACIONAL Definição: intolerância aos carboidratos iniciada na gestação Complicação clínica mais comum da gestação Fisiopatologia: placenta secreta hormônios contra insulínicos (HPL) na 2ª metade da gestação —> aumenta resistência insulínica —> hiperglicemia para aporte fetal + hiperinsulinismo fisiológico Não produz insulina suficiente: diabetes na gestação Fatores de risco Idade avançada, sobrepeso ou obesidade, histórico familiar DM, histórico pessoal HAS/DHEG/DMG prévia, antecedente de macrossomia, polidrâmnio ou OF sem causa determinante Diagnóstico/rastreamento pelo MS 1ª consulta (< 20 semanas) GJ < 92 é normal —> fazer TOTG 75g 24-28 semanas GJ 92-125 é DMG GJ ≥ 126 é DM prévio (não precisa repetir para confirmar) MS não considera: glicemia ao acaso ≥ 200 com sintomas ou HbA1c ≥ 6,5% é DM prévio 2º trimestre (24-28 semanas) GJ 92-125, após 1h ≥ 180 ou após 2h ≥ 153-199 é DMG (1 valor alterado já é diagnóstico) GJ ≥ 126 ou após 2h ≥ 200 é DM prévio Se não tiver viabilidade financeira total: posso repetir a GJ com 24-28 semanas se GJ < 92 no 1º trimestre Se na 1ª consulta pré natal já estiver com 20-28 SG: TOTG com 24-28 SG Se na 1ª consulta pré natal já estiver com > 28 SG: TOTG imediatamente Conduta na DMG OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 7 Dieta fracionada (6 refeições): 50% CHO + 30% lipídio + 20% proteína Exercícios físicos: 20-30 min/dia intensidade moderada, ≥ 4x/semana Curva glicêmica MEV: jejum, pós café/almoço/jantar Insulinoterapia: jejum, pós café, antes e após almoço/jantar Alvos: jejum < 95 / 1h pós prandial < 140 / 2h pós prandial < 120 Medida 1h pós prandial é a mais associada com desfecho perinatal Insulina se > 30% glicemias alteradas em 2 semanas com MEV: dose inicial 0,5 UI/kg/dia (⅔ dose pela manhã e ⅓ dose à noite) Conduta na DM prévio 1 ou 2 Insulina é droga de escolha No 1º trimestre e pós parto: tende a diminuir dose No 2º e 3º trimestre: tende a aumentar dose Insuficiência placentária: hipoglicemia com mesma dose de insulina Metformina e glibenclamida parecem seguras, mas MS não libera Acompanhamento das gestantes diabéticas Consultas quinzenais até 34 SG / semanais após 34 SG USG mensal a partir de 28 SG PBF/CTG semanal ou 2x/semana ≥ 32 SG —> morbimortalidade fetal Parto: indicação obstétrica Se macrossomia ou SFA: parto cesáreo Tratamento conservador: parto até 40 semanas Insulinoterapia: parto com 38-39 semanas + NPHpela metade no dia Manter HGT 70-120 mg/dl (correção com SG 5% ou insulina regular) Complicações Macrossomia: hiperglicemia —> hiperinsulinemia fetal Distocia de espáduas: maioria são em crianças < 4 kg Polidrâmnio: hiperglicemia fetal —> diurese hiperosmolar —> poliúria OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 8 Malformação fetal: regressão caudal (mais específica) Somente DM prévio causa malformação fetal: prevenção com HbA1c < 6% pré concepção Mais comuns: cardíaca, SNC, renal DM prévio pode fazer oligo (vasculopatia) ou polidrâmnio Risco de DM2 após gestação Hipoglicemia e hipocalcemia neonatal, DMH Abortamento Cetoacidose —> morte fetal tardia súbita Puerpério DM1: dose insulina pré gestacional ou metade da dose do final da gestação DM2: dose insulina metade da dose do final ou hipoglicemiante oral DMG: dieta normal, suspender insulina, TOTG 6 semanas, rastreio anual OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 9 💡 Distocia de espáduas - impactação do ombro anterior por trás da sínfise púbica Mc Roberts: hiperflexão com abdução das pernas sobre o quadril Rubin I: pressão suprapúbica Jacquemier: retira pelo braço posterior Woods (parafuso): pressiona a face anterior do ombro posterior para trás (abdução) para rodar 180º anti horário Rubin II: pressiona a face posterior do ombro anterior para frente (adução) para rodar 180º anti horário Gaskin: posição de 4 apoios Zavanelli: reintroduzir o feto e fazer cesárea de emergência Complicações: lesão plexo braquial, fratura clavícula, hipóxia, trauma períneo INFECÇÃO URINÁRIA Agente principal: E.coli Bacteriúria assintomática (≥ 100 000 UFC/ml) Sempre tratar na gestante Pedir URC de controle 7-10 dias após o tto Tratamento: amoxicilina, cefalexina, fosfomicina, NTF OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 10 Cistite: disúria, polaciúria, hematúria —> mesmo tto e controle que BA Pielonefrite: causa importante de sepse materna Ocorre principalmente à D pela dextrorrotação uterina Febre, calafrios, náuseas, vômitos, Giordano positivo Internação + ATB EV (cefazolina, ceftriaxona) Mesmo controle Evitar quinolona ATB profilaxia: ≥ 2 ITU (BA, cistite ou pielo) fazer ATB (NTF 100 mg/dia) até o parto Pode considerar somente 1 episódio de pielonefrite ou ITU recorrente antes da gravidez GESTAÇÃO GEMELAR Número de ovos fertilizados Monozigótica: mesmo ovo (idêntico) —> sempre mesmo sexo Dizigótica: ovos diferentes —> podem ser sexos diferentes Número de placentas ou sacos gestacionais (indica morbimortalidade perinatal) OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 11 Monocoriônica: maior risco Dicoriônica = dois sacos gestacionais OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 12 Número de cavidades amnióticas (vesículas vitelínicas) Monoamniótica: maior risco ainda Diamniótica Fatores de risco História familiar da mãe, raça negra, idade avançada e multiparidade são fatores de risco somente de gêmeos dizigóticos Técnicas de fertilização: mono e dizigóticos Diagnóstico da corionicidade no 1º trimestre (6-9 semanas ou 11-14 semanas) Dicoriônica —> sinal lambda (Y) - parede grossa ≥ 1,5mm Monocoriônica —> sinal do T - linha mais fina < 1,5 mm Sexos diferentes: sempre dizigóticos DI-DI Complicações maternas: cesariana, DHEG, DMG, PP, DPP, hiperêmese, hemorragia Complicações fetais/perinatais: abortamento, parto prematuro, RPMO, CIUR, malformações, polidrâmnio, sofrimento fetal crônico, morte fetal intraútero, distocia Síndrome da transfusão feto-fetal (STFF) Monocoriônica diamniótica Anastomoses arteriovenosas excessivas com a placenta Feto doador (stuck twin): pálido, anemia, oligodrâmnio < 2 cm, CIUR Feto receptor: policitemia, polidrâmnio > 8 cm, hidropsia, IC OBS 2 - DOENÇAS CLÍNICAS DA GESTAÇÃO 13 Tto: amniocentese seriada no receptor (caso leve) ou fotocoagulação laser (caso grave) Feto acárdico (sequência TRAP): perfusão arterial reversa do gemelar Anastomose artério-arteriais entre os fetos Feto doador: IC, hidropsia Feto receptor: morfogênese incompleta (CO2 alto)- anencefalia, acardia Sequência anemia-policitemia do gemelar (sequência TAPS) Anastomoses arteriovenosas minúsculas Feto doador: anemia (velocidade ACM > 1,5) Feto receptor: policitemia (velocidade ACM < 1) Parto Dicoriônica: 38 semanas Monocoriônica-diamniótica: 36 semanas Mono-mono: 34 semanas (cesárea) Indicações de cesárea eletiva Trigêmeos ou mais Monoamniótico Gêmeos unidos ou outra malformação STFF 1º gemelar não cefálico 2º gemelar > 25% peso do 1º ou pesando < 1500g OBS 2 - 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