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DIREITO PENAL - CAPITULO IV- DO DANO ARTIGOS - 163, 168, 168-A, 169 e 17

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INSTITUTO EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA, FACULDADE GUARAÍ / FAG / IESC
ABGAIR PEREIRA REIS
JERUSA PEREIRA DE SOUSA
LARYSSA DE MELO RIBEIRO
DIREITO PENAL - CAPITULO IV- DO DANO ARTIGOS - 163, 168, 168-A, 169 e 170
Guaraí
2019 
ABGAIR PEREIRA REIS
JERUSA PEREIRA DE SOUSA
LARYSSA DE MELO RIBEIRO
DIREITO PENAL - CAPITULO IV- DO DANO ARTIGOS - 163, 168, 168-A, 169 e 170
Trabalho Orientado Pelo Professor: Rodrigo Okpis, Ao Quarto Período do Curso de Direito Da Faculdade Guaraí, Para Obtenção de Notas na Disciplina: Direito Penal Parte Especial I. 
 
GUARAÍ-TOCANTINS
2019
Direito Penal
Capitulo IV- Do Dano
Artigos 163, 168, 168-A, 169 e 170
 
Artigo 163 do Código penal tipifica as ações que caracterizam o crime de dano, este crime tem natureza comum, pois ele atinge um bem jurídico que não e previamente descrito no preceito legal, com sua perda ou diminuição, mesmo que momentaneamente. Ou seja, para que o crime de dano seja caracterizado tem a necessidade do bem, ter sido destruído (arruinar, extinguir ou eliminar), inutilizado (tornar inútil ou imprestável alguma coisa) ou deteriorado (estragar ou corromper alguma coisa parcialmente). Não caracteriza crime de dano o desaparecimento de coisa alheia por terceiros, pois o desaparecimento não esta tipificado no artigo.
OBJETO JURIDICO:
O artigo 163 do CP Cuida da proteção ou tutela de bens alheios públicos ou particulares, podendo eles ser móveis ou imóveis, visando à preservação de suas qualidades intrínsecas e  integridade material, no todo ou em parte.
NATUREZA JURIDICA:
É um crime de natureza comum, pois não exige que a conduta seja realizada por sujeito pré tipificado, é também um crime unissubjetivo, uma vez que necessita apenas de uma pessoa para a consumação do ato. É um fato doloso, pois ocorre pela vontade do agente de danificar o objeto jurídico, e material por exigir para a consumação, destruição, inutilização ou deterioração da coisa alheia; instantâneo, ao coincidir a consumação – sem se protrair no tempo – com a referida destruição, inutilização ou deterioração.
SUJEITO ATIVO E PASSIVO:
Tanto o sujeito ativo quanto o passivo, podem ser qualquer pessoa, no entanto o ativo é aquele que danifica o bem, e o passivo é aquele que tem o seu bem danificado.
TIPO OBJETIVO:
Artigo 163; 
“Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
“Pena- Detenção, de um a seis meses, ou multa.”
Como tipo objetivo do crime de dano tem;
A) Destruir é aniquilar, destroçar, estraçalhar. Ou seja; atinge o bem em sua própria essência.
B) Inutilizar é tirar a utilidade de algo, por exemplo, alguém que tiras a rodas de um carro, este por sua vez perde sua utilidade de locomoção.
C) Deteriorar é o mesmo que estragá-lo, levar o bem a ruína ou decomposição. Como por exemplo, deixar algo de ferro exposto a agente que o enferruje.
O dano pode ainda ser omissivo, quando o agente deixa de cuidar de bem alheio que estava sob seus cuidados.
TIPO SUBJETIVO:
Por via de regra o dano apenas existe na forma dolosa. Ou seja; pressupõe-se que o sujeito ativo queira ou tenha intenção de estragar o bem jurídico.
CONSUMAÇÃO:
É consumado o crime de dano quando o objeto alheio é efetivamente destruído, danificado ou deteriorado.
TENTATIVA NO CRIME DE DANO:
Admite a tentativa no crime de dano, como por exemplo, quando um agente arremessa um instrumento contundente que, idôneo para danificar o lustre de cristal, por um triz não o alcança.
PENA E AÇÃO PENAL:
Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
Neste caso a suspensão condicional do processo (sursis processual) é cabível, pois para que o sursis processual seja aplicado à pena mínima deve igual ou inferior a um ano. Lembrando que sursis processual é a suspensão do processo, ou seja, sequer há condenação.
Pela pena também e possível observar que este crime pode ser julgado em juizados especiais criminais por ser um crime de menor potencial ofensivo, pois sua pena máxima não ultrapassa dois anos.
CLASSIFICAÇÃO:
 Comum; material; de forma livre; comissivo; instantâneo; de dano; unissubjetivo e plurissubsistente.
FORMAS QUALIFICADORAS:
Parágrafo único. Se o crime é cometido:
I- Com violência à pessoa ou grave ameaça;
II- Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave
III- Contra patrimônio da união, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista;
IV- Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável pra vitima:
Pena- detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
 O dano é qualificado quando o agente para atingir o bem jurídico de outrem acaba por usar um dos meios qualificadores citados no Parágrafo único do artigo 163.
A) Violência ou grave ameaça ocorre quando o agente utiliza-se um destes meios para conseguir danificar um bem. Portanto para usar a violência ou a grave ameaça como um fator de aumento de pena e necessário que elas sejam o meio para a prática do crime de dano, ou seja; usam-se estes meios para afastar a vitima do bem, para que ele possa ser danificado. Não se reconhece à qualificadora quando a violência praticada não teve a finalidade de possibilitar a prática do crime, e nem foi exercida pelo agente como meio para assegurar a execução do delito.
B) Com substância inflamável ou explosiva: substancia inflamável é aquela em que o fogo tem rápida disseminação, (álcool, papel, combustíveis), já os explosivos são aqueles que têm a capacidade de detonação (dinamite, bomba). Estando comprovada a existência de perigo para a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, configurado está o crime de incêndio. Inexiste delito de dano qualificado se do emprego de substância inflamável ou explosiva resultar crime mais grave (artigo 163, parágrafo único, II, do CP) (TJSC. Primeira Câmara Criminal. Apelação Criminal n. 2003.026634-8, de São Bento do Sul. Relator: Des. Amaral e Silva. Data da decisão: 19/10/2004).
C) Patrimônio público 
D) Motivo egoístico ou considerável prejuízo
OBSERVAÇÕES SOBRE AS QUALIFICADORAS
1- Quando houver o emprego de violência contra a pessoa que teve seu objeto danificado, o autor do ato de responder cumulativamente a pena reservada a este delito.
2- São de ação incondicional pública os incisos I, II, III, do parágrafo único do artigo 163 do CP, enquanto que o inciso IV do artigo já citado; é de ação privada.
3- Um ponto que atualmente deve ser bastante exposto é em relação ao crime de dano, quando cometido por sabotagem informática por vírus, onde o vírus inserido no computador alheio, por qualquer meio, acaba por afetar seu funcionamento de modo relevante ou eu venha a destruir algum de seus programas. Observando que não basta apenas que o computador tenha uma mera confusão nos arquivos ou lentidão no funcionamento é necessário que o mesmo sofra perdas significativas.
PENA E AÇÃO PENAL (dano qualificado):
Pena: detenção, de seis meses a três anos, e multa, alem da pena correspondente à violência.
 O condenado pode ter a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos desde que obedeça os requisitos do artigo 44 do CP.
Não cabe o sursis (suspensão condicional da pena), pois pra o réu desfrutar deste beneficio faz se necessário que a pena não ultrapasse dois anos.
Art. 168 e 168 – A
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - Em depósito necessário;
II - Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Objetividade Jurídica
O patrimônio é inviolável. 
Assim como nos demais delitos contra o patrimônio, tutela-se aqui o direito à propriedade.
Objeto Material
É a coisa objeto de apropriação. Como no delito de furto, somente a coisa móvel pode ser
objeto material do crime em tela (v. comentários ao crime de furto). O dinheiropode ser apropriado? Nos termos do art. 85 do
Código Civil brasileiro, “são fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade”. As coisas fungíveis dadas em depósito ou em empréstimo, com obrigação de restituição da mesma espécie, qualidade e quantidade, não podem ser objeto material de apropriação indébita. Nesses casos, há transferência de domínio, de acordo com os arts. 645 e 587 do mesmo estatuto, que tratam, respectivamente, do depósito irregular e do mútuo. É por isso que não existe crime de apropriação indébita, uma vez que o tipo penal exige que a coisa seja alheia
(...)”
Entretanto, na hipótese em que o bem fungível, no caso o
dinheiro, é confiado a alguém, pelo proprietário, para ser entregue a terceiro, como no caso do caixeiro-viajante ou de algum cobrador, pode ocorrer a apropriação indébita
Os títulos de crédito podem ser apropriados, assim como osdocumentos comprobatórios de direitos.
Tal como ocorre em todos os crimes patrimoniais, é imprescindível que o objeto material tenha um valor significante, pois, se irrelevante, ínfimo, poderá incidir o princípio da
insignificância, que exclui a tipicidade penal, por exemplo, apropriar- se de um isqueiro, cujo valor é irrisório. Se a coisa for de pequeno valor, configurar-se-á o crime de apropriação indébita privilegiada (CP, art. 170 c/c o art. 155, § 2º).
Elementos Objetivos do Tipo
Apropriar-se significa apossar-se ou tomar como sua coisa que pertence a outra pessoa. Sobre a coisa alheia, é preciso tratar-se de coisa fungível (substituível por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade). Posse (v. art. 1.197 do CC). Cuida-se aqui da posse direta
exercida pelo locatário, usufrutuário, mandatário, ou seja, é a posse exercida pelo indivíduo em nome de outrem. O exercício da posse nesse caso é desvigiado. Por exemplo: indivíduo que aluga um automóvel com o fim de fazer turismo pela cidade, mas, posteriormente, resolve apoderar-se dele, não mais o devolvendo. O indivíduo não cometeu crime de furto, uma vez que a posse direta do bem lhe foi entregue licitamente. Ele não subtraiu o bem, a sua retirada não foi clandestina, contudo, após a sua obtenção lícita, passou a dispor daquele como se dono fosse.
Detenção (v. arts. 1.198 e 1.208 do CC). A detenção sobre o
bem pode ser vigiada ou desvigiada. Segundo Hungria, “somente na última hipótese é que pode haver apropriação indébita, pois, na primeira, inexistindo o livre poder de fato sobre a coisa (não passando o detentor de um instrumento do dominus a atuar sob as vistas deste), o que pode haver é furto”
. Exemplos citados pelo
autor: “caixeiro-viajante que se apropria de objetos do mostruário recebido do patrão, comete apropriação indébita qualificada, mas o caixeiro sedentário que se apropria de objetos tirados à prateleira ou do dinheiro recebido no balcão, iludindo a custódia do patrão, é réu de furto”.
Uma das formas de execução do crime em tela é a não
restituição do bem e a recusa em devolvê-lo. É preciso tomar muito
cuidado na análise desses casos, visto que o simples ato de não restituir ou se recusar a tanto pode não denotar o propósito de
apropriar-se do bem. Nesse diapasão, leciona Noronha que a não restituição e a recusa em devolver são atos que corporificam o delito, mas que devem ser examinados com o dolo do agente, que é o de apropriar-se. Afirma o autor: “Saillard, reproduzindo Garçon, cita os
exemplos de pessoa que recebeu do amigo um relógio para usar em viagem, acontecendo que, no decurso desta, perdeu sua passagem, tendo, então, de empenhar aquele objeto...”
Conclui Noronha que,
nesse caso, não houve a intenção de se apropriar do bem, dando-se o mesmo com a recusa em devolver. Compartilha desse entendimento Hungria: “suponha-se, por exemplo, o caso de um credor
pignoratício que, por necessidade momentânea de dinheiro, faz um arbitrário subpenhor da coisa recebida em garantia, mas com a intenção de ulterior resgate e oportuna restituição, e tendo capacidade financeira para tanto: não comete apropriação
indébita”
A maioria dos casos de não restituição do bem configura descumprimento de obrigações contratuais, e pode ser resolvida na esfera cível. De qualquer forma, quando podemos dizer que a não restituição do bem configura o delito em tela? Quando já houver vencido o prazo para a devolução da coisa. E se não houver prazo para tal? O vencimento do prazo passa a ficar na dependência de prévia interpelação, notificação ou protesto por parte da vítima (CC, art. 397, caput, e parágrafo único), muito embora tais medidas não sejam indispensáveis à configuração do crime. É que, antes da interpelação judicial, pode o agente ter alienado a coisa a terceiro, não se vendo razão para aquela medida preliminar. Vale dizer, qualquer tipo de interpelação, judicial ou extrajudicial, sem forma solene, mas apta a caracterizar a intenção de receber a coisa de volta, dá margem ao surgimento do crime.
É preciso mencionar que muitas vezes o Código Civil autoriza
em determinadas situações específicas a não restituição do bem pelo indivíduo, é o denominado direito de retenção (jus retentionis), por exemplo, o art. 664 do Código Civil menciona que “o mandatário tem
o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, quanto
baste para pagamento de tudo que lhe for devido em consequência do mandato”. O mesmo sucede com os arts. 450 e seguintes do Código Civil, que preveem o direito de compensação (jus compensationis).
Sujeito ativo
Qualquer pessoa que tenha a posse ou detenha licitamente a coisa móvel alheia, por exemplo, locatário, usufrutuário, caixeiro- viajante. O condômino, sócio ou coerdeiro podem praticar o crime em tela, no momento em que tornam sua a coisa comum. No
entanto, tratando-se de coisa fungível, e a apropriação restringir-se à cota que cabe ao agente, não ocorre o crime em estudo, ante a ausência de qualquer lesão ou possibilidade de lesão patrimonial
Se o sujeito ativo for funcionário público e apropriar-se de qualquer bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, responderá pelo crime de peculato-apropriação (CP, art. 312, caput). Contudo, se o bem particular não estiver sob a guarda ou custódia da administração e o funcionário público dele se apropriar, responderá por apropriação indébita.
Sujeito passivo
É a pessoa física ou jurídica, titular do direito patrimonial diretamente atingido pela ação criminosa, ou seja, aquele que experimenta o prejuízo, que pode ser diverso daquele que entregou ou confiou a coisa ao agente.
ELEMENTO SUBJETIVO
É apenas o dolo, consubstanciado na vontade livre e
consciente de apropriar-se da coisa alheia móvel, o que pressupõe a intenção de apoderar-se da res, o propósito de assenhorear-se dela definitivamente, ou seja, de não restituir, agindo como se dono fosse, ou de desviá-la do fim para que foi entregue. É o denominado animus rem sibi habendi
. O tipo penal não exige qualquer fim especial de
agir (elemento subjetivo do tipo). Para autores como E. Magalhães Noronha, o verbo apropriar contém o dolo específico (elemento subjetivo do tipo), consistente na vontade de obter proveito para si ou para outrem, pois do contrário outro crime configurar-se-á. Assim, “quem retém um objeto, a que julga ter direito, ao invés de recorrer
à justiça, pode cometer exercício arbitrário das próprias razões, mas
não pratica apropriação indébita”
É preciso reforçar que o dolo de apropriar-se da coisa não pode anteceder à posse ou detenção desta pelo agente. Nesse
instante, deve estar presente a boa-fé do agente. Do contrário, poderá configurar-se o crime de estelionato, em virtude de a vítima ter sido induzida em erro. Assim, a má-fé do agente deve ser subsequente à posse ou detenção da coisa para que se configure a apropriação indébita.
A apropriação indébita para uso configura o crime em
questão? Segundo a doutrina, não se configura o crime em estudo se, por exemplo, o depositário de um automóvel se serve dele para um simples passeio
No caso, presente está a intenção de restituira coisa, e não a de apropriar-se dela definitivamente. Não há previsão da modalidade culposa do crime. 
Momento consumativo:
a) Apropriação indébita propriamente dita: consuma-se
com o ato de disposição. Só admite a modalidade comissiva. Por exemplo, alienar, doar ou locar a coisa que foi dada ao agente em depósito.
b) Apropriação indébita — negativa de restituição:
consuma-se com a não restituição do bem uma vez vencido o prazo para a sua entrega. Ausente esse prazo, o vencimento passa a ficar
na dependência de prévia interpelação, notificação ou protesto por parte da vítima (CC/2002, art. 397, caput, e parágrafo único), muito embora tais medidas, conforme já estudado, não sejam indispensáveis à configuração do crime.
Classificação
O crime pode ser próprio (só podem ser cometidos por determinada qualidade pessoal do agente, tanto com relação ao sujeito ativo, quanto ao sujeito passivo); doloso; material, de forma livre; instantâneo; comissivo (quando o agente faz algo que é proibido).
Tentativa
A maioria da doutrina admite na forma plurissubsistente, ou seja, exige uma ação consistente em vários atos. Controverte-se na doutrina acerca da possibilidade da tentativa do crime de apropriação indébita. Tratando-se de crime material, em tese, ela seria possível
11 no caso de apropriação indébita
propriamente dita, por exemplo, agente que é impedido de vender o objeto de que tem a posse ou a detenção. O conatus, porém, não seria possível na hipótese de negativa de restituição.
Particularidades
Aplica-se a este delito o art.155, §2° do CP que diz: se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Causas de aumento de pena
Estão previstas no § 1º (na realidade, houve erro do legislador,
pois trata-se de parágrafo único, já que não existe nenhum outro). A pena é aumentada de um terço.
a) Depósito necessário (inciso I): é considerado depósito necessário, segundo o art. 647 do CC, aquele que se faz no desempenho de obrigação legal (inciso I — depósito legal); o que se efetua por ocasião de alguma calamidade, como o incêndio, a inundação, o naufrágio, ou o saque (inciso II — depósito miserável).
O art. 649 do CC, por sua vez, equipara a esses depósitos o das bagagens dos viajantes ou hóspedes nas hospedarias onde estiverem (depósito por equiparação). Há grande divergência doutrinária no tocante à abrangência dessa causa de aumento de pena. Vejamos os entendimentos:
1º) O dispositivo abrange apenas o depósito miserável. Não está incluído o depósito legal, pois o depositário legal é sempre
funcionário público, que recebe a coisa em razão do cargo, e, portanto, comete o crime de peculato. O depósito por equiparação
também não é compreendido no inciso I, devendo, no caso, o agente responder pelo delito do art. 168, § 1º, III. Nesse sentido, Nélson Hungria
2º) O dispositivo compreende o depósito legal, miserável e por
equiparação. Nesse sentido, E. Magalhães Noronha. Contudo, “se o hoteleiro ou estalajadeiro não incidir neste inciso, incidirá no inciso III, por haver cometido o crime em razão de profissão”
3º) Segundo Damásio, “tratando-se de depósito necessário
legal, duas hipóteses podem ocorrer. Se o sujeito ativo é funcionário público, responde por delito de peculato (CP, art. 312). Se o sujeito ativo é um particular, responde por apropriação indébita qualificada, nos termos do art. 168, parágrafo único, II, última figura (depositário judicial). Assim, não se aplica a disposição do n. I. Tratando-se de depósito necessário por equiparação, não aplicamos a qualificadora do ‘depósito necessário’, mas sim a do n. III do parágrafo único (coisa recebida em razão de profissão). O parágrafo único, I, quando fala em depósito necessário, abrange exclusivamente o depósito necessário miserável”
b) Apropriação indébita qualificada pela qualidade pessoal do autor (inciso II): a enumeração legal é taxativa e não abrange, por conseguinte, pessoa que desempenhe função diversa das mencionadas. São elas: 1) tutor — pessoa que rege o menor e seus bens; 2) curador — aquele que dirige a pessoa e bens de maiores incapazes; administrador judicial — pessoa incumbida da administração da falência
15; 3) inventariante — quem administra o
espólio até a partilha; 4) testamenteiro — aquele que cumpre as disposições de última vontade do de cujus; 5) depositário judicial — a pessoa nomeada pelo juiz com a incumbência de guardar objetos até
decisão judicial. Cuida-se aqui do particular nomeado depositário judicial pelo juiz, pois, se funcionário público, responderá por peculato. Desde o Decreto-Lei n. 7.661/45 foi abolida a figura do liquidatário.
Conclui-se que tais pessoas, apesar de exercerem um munus público, não cometem crime de peculato, mas apropriação indébita qualificada.
c) Coisa recebida em razão de ofício, emprego ou profissão
(inciso III): para que se configure a agravante especial em exame é necessário que o sujeito tenha recebido a posse ou detenção do objeto material em razão do emprego, ou seja, deve existir um nexo de causalidade entre a relação de trabalho e o recebimento.
Ofício. É a atividade, com fim de lucro, habitual e consistenteem arte mecânica ou manual, por exemplo, ourives, sapateiro etc.
Emprego. É a ocupação em serviço particular em que haja
relação de subordinação e dependência, por exemplo, empregada doméstica, operário de fábrica etc. Exige-se a justificável confiança da vítima.
Profissão. É a atividade habitual remunerada, de caráter intelectual, por exemplo, médico, advogado
16 etc.
Privilegiada
Vem prevista no art. 170 c/c o art. 155, § 2º, do CP. Requisitos:
a) que o criminoso seja primário; b) que a coisa seja de pequeno valor. Presentes as circunstâncias legais, o juiz está obrigado a reduzir a pena de reclusão de um terço a dois terços ou substituí-la por detenção, ou aplicar apenas a multa.
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 
I - Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público; 
II - Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; 
III - pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 
§ 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I - Tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou 
II - O valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
Sujeito Ativo
Somente pode ser praticado por aquele que tem obrigação legal de repassar a previdência social as contribuições recolhidas, ou seja, não abrange a pessoa jurídica, somente se representante legal.
Sujeito Passivo
É a previdência social, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Objeto Jurídico
É a seguridade social (art.194 da CF).
Objetivo Material
É a contribuição previdenciária.
Elementos Objetivos do Tipo
O art.168-A significa que foram efetivamente descontados do contribuinte valores cabidos a previdência social, não lhe sendorepassado.
O empregador é obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador 8% sobre a remuneração paga no mês anterior. Tendo até o dia 07 de cada mês para realizar o depósito.
Classificação Doutrinária
Crime próprio (tanto com relação ao sujeito ativo, quanto ao sujeito passivo); doloso; omissivo próprio (não fazer); de forma livre; instantâneo; unissubjetivo (praticado por um sujeito, porem admite-se a coautoria); unissubsistente (único ato). 
Tentativa 
Não é admissível.
Momento Consumativo
Quando ocorrer a omissão, ou seja, deixar de repassar a quantia devida ao INSS.
Competência
É da Justiça federal-crime contra a previdência social (art.109, I da CFB/88) e a ação é publico incondicionada (quer dizer que é ação que deve ser iniciada pelo Ministério Público mediante a apresentação da denúncia ao judiciário, ou seja, não é preciso que a vítima ou outro envolvido queria ou autorize a propositura da ação). 
Art. 169, Código Penal
Apropriar-se de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: 
Não vamos confundir com a apropriação indébita, a qual consiste em apropriar de coisa alheia móvel em que o agente tem posse ou detenção. Primeiramente, analisando o caput do artigo, cabe esclarecer que o termo apropriar significa tomar a coisa móvel alheia como sendo de sua propriedade, e isso se torna possível por erro, caso fortuito ou força maior. 
(Erro: é a falsa representação da realidade ou o falso conhecimento de um objetivo; [trata-se de um estado positivo]). 
(caso fortuito e força maior: São fatos ou eventos imprevisíveis ou de difícil previsão, que não podem ser evitados, mas que provocam conseqüências ou efeitos para outras pessoas, porém, não geram responsabilidade nem direito de indenização. Muitos doutrinadores tratam os institutos como se fossem sinônimos, até hoje há divergências a respeito do tema, mas o Código Civil não fez distinção entre os termos e adotou a seguinte definição:
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
 Quanto às diferenças, de maneira breve e simples, podemos dizer que o caso fortuito é o evento que não se pode prever e que não podemos evitar. Já os casos de força maior seriam os fatos humanos ou naturais, que podem até ser previstos, mas da mesma maneira não podem ser impedidos; por exemplo, os fenômenos da natureza, tais como tempestades, furacões, raios, etc ou fatos humanos como guerras, revoluções, e outros).
 Por exemplo, quem nunca tirou um extrato bancário esperando por um milagre? Pois bem, se por ocasião de um erro, seja quanto a pessoa, objeto ou obrigação, alguém depositar determinado valor na conta de alguém, e este alguém identificando o depósito e sabendo ser indevido nada fizer para devolver tal quantia, essa pessoa estará incorrendo no crime previsto no caput do art. 169 do CP, haja vista que se apropriou de coisa alheia móvel que chegou até sua esfera de domínio por um erro. O requisito fundamental para a caracterização desse crime é que o agente somente perceba o equívoco da vítima depois de já estar na posse ou detenção do bem, e, posteriormente, resolva se apoderar dele em caráter definitivo, não o devolvendo ao legítimo dono. 
O elemento subjetivo é o dolo, ou seja, a vontade consciente do agente em não restituir a restitui ao legítimo dono. Não há previsão da prática do crime na modalidade culposa.
Sujeito Ativo: A pessoa que se apropriou do bem. 
Sujeito Passivo: O proprietário ou possuidor do bem.
-Código Civil de 2002:
Art. (1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade).
Ou seja, a posse é uma conduta de dono, um exercício de poderes de propriedade, sendo diferenciada da detenção quando a lei assim o estabelecer. Isso significa que aquele que é proprietário é também possuidor, mas nem todo possuidor é também proprietário. Ex: Locatário de um imóvel, que vive no imóvel como se fosse seu.
Art. (1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha). 
Objeto Jurídico: Patrimônio. (objeto jurídico: é o interesse protegido pela norma penal)
Objeto Material- (objeto material: é o bem de natureza corpórea ou incorpórea, sobre qual recai a conduta criminosa. Ou seja, é a coisa perdida como o caso do inciso II ou o tesouro visado como é o caso do inciso I). 
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
Parágrafo único: Na mesma pena incorre: 
Apropriação de tesouro:
I – Quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio; 
Agora tratando da Descoberta e Apropriação de TESOURO. Vale dizer que por meio de uma interpretação sistemática, o significado de tesouro pode considerar como sendo um objeto antigo que estava oculto e que possui grande valor, e o mais importante não há indicação de propriedade da coisa, ou seja, o dono dessa coisa valiosa é desconhecido, sendo considerado apenas o dono do local onde ela é encontrada.
Esse inciso na verdade, vem para garantir que o proprietário do local onde o objeto foi encontrado, que também desconhecia a existência do tesouro, receba pelo menos metade. Portanto, já cabe a quem encontra metade do tesouro, metade do valor, só respondendo pela pena figurada do inciso I do artigo 169 do CP, caso não divida igualmente com o proprietário do local. 
Apropriação de coisa achada:
II – Quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la á autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. 
Não se confunde com coisa abandonada. Quem encontra coisa abandonada não comete crime algum, já esta não possui dono, pois o proprietário se desinteressou por ela. E também Deve-se deixar claro que coisa esquecida não é coisa perdida! Se você esquecer, por exemplo, seu celular em uma festa (você pode lembrar-se no dia seguinte e voltar lá para buscá-lo) e um dos convidados apropriar-se dele, ele estará cometendo o crime de furto, que é bem mais grave que o crime de apropriação de coisa achada. A pena do crime de furto é reclusão, de um a quatro anos, e multa (art. 155 do Código Penal).
“Achado não é roubado, quem perdeu é relaxado”. Realmente, achado não é roubado, mas não devolver o objeto encontrado é crime de qualquer maneira. Este crime chama-se “apropriação de coisa achada”, cuja pena é de detenção de um mês a um ano ou multa. O crime de Apropriação de Coisa Achada só acontece na modalidade dolosa. O crime de apropriação de coisa achada é um CRIME A PRAZO, ou seja, ele não se consuma instantaneamente, a lei exige o transcurso de um determinado prazo para sua consumação. No caso do crime de apropriação de coisa achada, o prazo é de 15 (quinze) dias. Dito de outro modo, o crime só ocorre se ultrapassado o prazo de 15 (quinze) dias para a devolução, de modo que se o agente for encontrado com a coisa em qualquer momento anterior, como ocorreu no presente caso, a conduta não será típica, mesmo que o réu tivesse a intenção de apropriar-se do bem. 
Quem restitui coisa achada tem direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, mais indenização do valor gasto com conservação da coisa e localização do dono.
- Código Civil: (Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la).
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades queteria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
Após os procedimentos judiciários, caso o proprietário da coisa aparecer, deverá provar que é o dono da coisa. Se o juiz ficar convencido da titularidade mandará entregar a coisa ao proprietário. Mas, se o proprietário do objeto não aparecer, a coisa será avaliada e alienada em hasta pública (“leilão”). Vendido o bem, serão deduzidas as despesas, inclusive com a indenização daquele que achou o bem, e o restante revertido em favor do Município onde o objeto perdido foi encontrado. Não havendo a venda do bem em hasta pública aquele que encontrou a coisa poderá pedir a propriedade do bem. 
Art. 170 
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2°. 
Art. 155, § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
- autor primário (aquele que não é reincidente; a condenação anterior por contravenção penal não retira a primariedade) e coisa de pequeno valor (aquela que não excede a um salário mínimo): presente os dois, o juiz deve considerar o privilégio, se apenas um, ele pode considerar; há sérias divergências acerca da possibilidade de aplicação do privilégio ao “furto qualificado”, sendo a opinião majoritária no sentido de que ela não é possível porque a gravidade desse delito é incompatível com as conseqüências muito brandas do privilégio, mas existe entendimento de que deve ser aplicada conjuntamente, já que a lei não veda tal hipótese.
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· Direito Penal Consideração Sintéticas Sobre os Dispositivos do Código Penal brasileiro, Art. 169 - Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza. Disponível em: https://penalemresumo.blogspot.com/2010/06/art-169-apropriacao-de-coisa-havida-por.html acessado em 21/04/2019
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· Rubbia Natalia da Silva, Achar coisa alheia perdida e não restituir ao dono faz de você autor de um crime de apropriação, leia e entenda melhor esse assunto. Disponível em: https://blog.maxieduca.com.br/apropriacao-achar-coisa/ acessado em 21/04/2019

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