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1 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS infecção de vias aéreas superiores (IVAS) introduc ̧a ̃o • Infecções de vias aéreas superiores; • Manifesta-se por quadros agudos; • Na maioria dos casos, são autolimitados; • Elevada incidência (em pronto-socorro). Três principais categorias : • Rinossinusite: sintomas predominantemente nasais - resfriado comum, rinofaringite e sinusite • Faringite: quando a infeção da faringe é o sintoma mais predominante (incluindo amigdalite) • Otite média: predomínio dos sintomas da orelha média (otite média aguda, otite média com efusão e otite média crônica supurativa) • Causa mais comum de crianças atendidas por IRA; • Dificuldades na prática clínica: diagnóstico diferencial etiológico x abuso de antimicrobianos; resfriado comum / rinofaringite aguda • IVAS + comum da infância; • Sintomas predominantes: rinorreia, obstrução nasal e as vezes sintomas sistêmicos (febre, mialgia). Algumas vezes, pode ocorrer diarreia; Etiologia: rinovírus (principal), coronavírus, VSR, influenza, parainfluenza, adenovírus, enterovírus (em ordem de prevalência) CRIANÇAS PEQUENAS (ATÉ 3 ANOS) TEM QUANTOS REFRIADOS POR ANO? 6 A 7 POR ANO • Sendo que creche no 1º ano à aumenta em 50% (10 a 12x) Gripe: vírus da influenza, classificada em separado do resfriado comum: maior repercussão à febre alta, prostração, mialgia e calafrios. Coriza, tosse e faringite: segundo plano Febre, diarréia, vômitos e dor abdominal são comuns em crianças mais jovens. Tosse e fadiga podem durar várias semanas Transmissão: tosse e espirros, mãos contaminadas; o contágio: desde algumas horas antes, até 2 dias após o início dos sintomas Quadro clínico: Incubação: 2-5 dias • 1º sintoma: odinofagia (criança menor não refere à recusa alimentar) • Seguida de obstrução nasal e rinorreia • Tosse (30%) • Febre: Influenza, VSR, adenovírus • Dura geralmente 1 semana, nos alérgicos até 2 semanas Sinais e sintomas: dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca, febre de intensidade variável (sem febre), mais alta < 5 anos; diarreia Durante evolução: • lactentes: inquietação, choro fácil, recusa alimentar, vômitos, alteração do sono e dificuldade respiratória por ON em lactentes mais jovens • crianças maiores: cefaléia, mialgias, calafrios Exame físico: hiperemia da mucosa nasal e faríngea além de hiperemia das membranas timpânicas (principalmente se a criança está chorando) durante a otoscopia Complicações: febre + 72 horas, recorrência de hipertermia após este período, ou prostração mais acentuada; dificuldade respiratória (taquipnéia, retrações ou gemência) indicam possibilidade de bronquiolite aguda, pneumonia ou laringite O QUE SIGNIFICA MUDANÇA NA COR E NA CONSISTÊNCIA DA SECREÇÃO NASAL? Isso é uma sinusite à NÃO à Superinfecção bacteriana à NÃO; Em geral essa é a evolução clássica de um quadro respiratório viral, não precisa iniciar ATB, porque já é um quadro limitado que iria melhorar e os pais associam essa melhora ao uso da medicação. Diagnóstico: essencialmente clínico Diagnóstico diferencial: sarampo, coqueluche, faringite estreptocócica e mononucleose infecciosa Exames complementares: identificação de vírus desnecessária. Em situações de importância epidêmica: pesquisa de vírus respiratórios para melhor controle ou prevenção TRATAMENTO GERAL • Repouso, hidratação e dieta; • Higiene e desobstrução nasal: antes das mamadas e durante o sono • Antitérmico e analgésico • Descongestionante nasal tópico: SN, máximo de cinco dias de uso à obstrução nasal: Oximetazolina {vasoconstrictor nasal} risco 2 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS de intoxicação, rinite medicamentosa e não usar se <2 anos Rinorreia: anti-histaminicos de 1ª geração à efeito anticolinérgico diminui a secreção; brometo de ipratrópio à Atrovent nasal {não tem no BR} EVITAR AAS à Risco quando há a combinação de varicela zoster OU influenza com o AAS o paciente pode evoluir com a Síndrome de Reye (insuficiência hepática, levando a uma encefalopatia hepática grave) Tosse persistente: Hiper-reatividade brônquica à β2 de curta ação TRATAMENTO ESPECÍFICO Inibidores da neuraminidase (Oseltamivir e Zanamivir): liberados para uso em crianças a partir de um ano e sete anos, respectivamente. Necessária identificação da etiologia (influenza A); início do tratamento até 48 h dos sintomas, restrição da idade; na prática, sua indicação fica restrita aos grupos de risco (observar risco pandemia) à opção terapêutica nas primeiras 48h quando eu tenho uma infecção gripal – diminui o tempo de doença e complicações) Principal complicação: OMA (otite média aguda) Inflamação da mucosa nasal à obstrução dos óstios dos seios paranasais e tuba à instalação de infecção bacteriana secundária (sinusite e otite média aguda); e sinusite Sinusite aguda • Infecção da mucosa que reveste os seios paranasais, com duração < 30 dias; 0,5 a 5% dos casos seguem-se aos resfriados comuns • Seios paranasais: cavidades pertencentes a 4 estruturas ósseas: maxilar, etmoidal, frontal e esfenoidal; comunicam-se com as fossas nasais através de pequenos orifícios (óstios) • Seios maxilares e etmoidais presentes no RN: tamanho reduzido < 2 anos de vida: discutível a indicação de RX • Seios frontais e esfenoidais: após os quatro anos de idade, atingindo seu tamanho adulto somente na puberdade • Maioria Viral – resfriado, mas 2% - bacteriana SEIOS DA FACE: • etmoidal (ao nascimento) à então podemos ter uma sinusite bacteriana etmoidal nessa idade • maxilar (aerado aos 4 anos) • frontal (a partir de 7 anos- adolescência) Os seios mais comprometidos: maxilar e etmoidal à Etmoidite: > seis meses de idade; infecção maxilar: manifestações clínicas > 1 ano; sinusite frontal rara em < 10 anos de idade ETIOLOGIA # importante • pneumococo (30%) - Streptococcus pneumoniae • hemófilos não tipaveis (20%) – aqueles que a vacina não evita • Moraxella catarrhalis (20%) Agentes bacterianos: S. pneumoniae, H. influenzae não-tipável e a M. catarrhalis; S. aureus – raro (sinusite crônica) Fatores associados à sinusite: rinofaringite viral prévia, rinite alérgica, adenoidite, tabagismo (ativo ou passivo), corpo estranho, mergulho Quando fazer um diagnóstico presuntivo de sinusite bacteriana aguda em uma criança com IVAS prévia? Descarga nasal persistente (qualquer qualidade) e/ou tosse diária ou ambas que duram por mais de dez dias sem melhora; OU Curso clínico piorado, ou surgimento ou piora de descarga nasal, tosse diária ou surgimento de febre após melhora clínica inicial; OU Quadro grave, isto é, com febre associada - 39°C e secreção nasal purulenta por no mínimo 3 dias consecutivos Patogênese: QUADRO CLÍNICO • Congestão e descarga nasal +++ • Tosse +++ Como diferenciar uma sinusite bacteriana de um quadro gripal viral, já que os sinais e sintomas são os mesmos? Diferenciamos pela história! Basicamente é um quadro de ivas que se prolonga além do esperado Historia clássica de IVAS por 10-14 dias ou um quadro agudo de febre (alta) + descarga nasal purulenta por 3-4 dias O início pode ser lento ou súbito Formas leves: IVAS + 10 dias ou, após período de melhora clínica há persistência ou retorno dos sintomas nasais (obstrução e secreção nasal Uma rinossinusite viral que leva a edema e inflamação dos seios da face e ali ocorre um bloqueio da drenagem, acumula liquido e ocorre proliferação bacteriana 3 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS purulenta), halitose, tosse diurna, pior à noite, pode ocorrer febre Formas moderadas/graves ou em crianças maiores: + intensa, eventualmente com edema palpebral, cefaléia, prostração, desconforto ou dor, espontâneos ou provocados, no local do(s) seio(s) afetado(s) ou nos dentes. A celulite periorbitária é um sinal de etmoidite Ao exame do nariz: congestãoda mucosa e presença de secreção purulenta no meato médio. Orofaringe: gota purulenta pós-nasal DIAGNÓSTICO: APENAS CLÍNICO • Hemograma? • Cultura de secreção nasal? Seria padrão ouro para diagnóstico • cultura do aspirado dos seios da face à só casos excepcionais, imunodeprimido, tto sem melhora, etc • raio X dos seios da face (inflamação) - raramente necessário • TC à padrão ouro, mas não precisa fazer nenhum desses exames, expor a criança a radiação de forma desnecessária • Diagnóstico diferencial: prolongamento da infecção viral não complicada, rinite alérgica, corpo estranho nasal e adenoidite Sinais e sintomas: § Rinorreia purulenta; § Dor à palpação dos seios da face; § Febre alta ou retorno da febre após quadro viral; § Elevação da PRC ou VHS; § Evolução mais prolongada do que um quadro viral, sem melhora (> 10 dias). Classificação: o Aguda à < 30 dias; o Subaguda à 30 – 90 dias; o Crônica à > 90 dias. ACHADOS Radiografia: Não deve ser utilizada para o diagnóstico de sinusite aguda não complicada. Presença de nível hidroaéreo/ opacificação completa da cavidade sinusal; espessamento mucoso da parede lateral do seio maxilar maior do que 4 mm Tomografia computadorizada: Refratariedade ao tratamento / suspeita de complicações ósseas, orbitárias ou intracranianas Punção aspirativa: Imunodeficiência ou casos graves refratários ao uso de antimicrobianos apropriados Endoscopia nasal: Suspeita de fatores anatômicos nasais predisponentes TRATAMENTO Tratamento geral: Umidificação; analgésico, antitérmico, descongestionante tópico; Tratamento específico Avaliação da necessidade de ATB à amoxicilina (não cobre moraxhella – produz beta lactamase), cefuroxima (cefalosporina de 2° geração – pega os 3 agentes principais), amoxicilina-clavulanato • Alérgicos: azitromicina (macrolideo) – não age tao bem para o pneumococo • Duração: com a melhora + 7 dias de antibiótico, aprox. 10 dias • Em caso de sinais de gravidade, considerar cefalosporina de 3° geração. Amoxicilina: 50 (80-90) mg/kg/dia, VO, 8/8h, por 14-21 dias? (creche, uso recente de ATB) - 7 dias a mais após remissão dos sintomas Cefuroxima ou amoxicilina + ácido clavulânico; macrolídeos Mudar esquema terapêutico: se não há melhora em 72 horas Casos graves à antibióticos intravenosos Corticoide tópico nasal + antimicrobiano: melhora sinusite aguda em crianças e adolescentes; sistêmico em alguns casos 4 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS Tratamento cirúrgico: a critério do especialista, para drenagem do seio afetado por aparecimento de alguma complicação Falha terapêutica: falha após 72h de tratamento • Fatores de risco: ATB nos últimos 3 meses, creche, <2 anos E o que pode estar causando isso? • Moraxella catarrhalis (100%) e Hemófilos – 50%, são B-lactamase positivos, o que leva a resistência aos ATB beta-lactâmicos • Pneumococo – 25% resistente a penicilina, mecanismo de resistência: alteração nas proteínas onde as penicilinas se ligam (PBP), há uma mudança e a penicilina não consegue se ligar a essa bactéria Como vencer essas resistências então? 1. Associando ao antibiótico uma substância inibidora da b-lactamase – clavulonato 2. Na resistência do pneumococo a gente dobra a dose de penicilina e consegue vencer muitas vezes Então, falha após 72h de tratamento: Amoxicilina (dose dobrada) + clavulonato Complicação: 1) Mastoidite; 2) OMA recorrente (> 3 episódios em 6 meses, ou > 4 episódios em 12 meses). faringoamigdalite aguda (FA) • Faringoamigdalite aguda (FA): infecção aguda da orofaringe • Streptococcus pyogenes do grupo A: 15% dos casos; vírus em 70-85% • Estreptococo beta-hemolítico: Crianças: ≥ 5 anos de vida; raro em < 3 anos ; período de incubação: 2 a 5 dias • Contágio: contato direto com o doente, por secreções respiratórias • Importância: além das complicações supurativas provocadas diretamente pela infecção, não supurativas como febre reumática (FR) O diagnóstico diferencial inicia-se na avaliação clínica: • FA virais: acometimento de outras mucosas, como a conjuntiva, mucosa nasal, presença de coriza, além de rouquidão ou sibilos - infrequentes nas FA estreptocócicas • Idade: Infecção pelo S. pyogenes: entre 5 e 15 anos (rara em < 2 anos) - FA virais: qualquer faixa etária, predominando nos lactentes • FA estreptocócicas: início súbito, dor de garganta intensa, febre, cefaléia, náuseas, vômitos e dor abdominal; faringe eritematosa, amígdalas hipertrofiadas, úvula edemaciada. Linfonodos cervicais palpáveis e dolorosos • Presença de exsudato pode acontecer em ambas as situações Nenhum elemento isolado na história ou exame físico é sensível ou específico o suficiente para excluir ou diagnosticar a etiologia estreptocócica FARINGITE BACTERIANA AGUDA Etiologia: principal agente s. pyogenes ESTREPTOCOCO ß-HEMOLÍTICO DO GRUPO A Epidemiologia: rara <2-3 anos à tanto que a febre reumática que é uma das complicações não aparece em lactentes QUADRO CLÍNICO • Início súbito • Odinofagia e febre • faringe vermelha • amígdalas com exsudato • petéquias no palato mole • Linfonodos cervicais aumentados Sinais de escarlatina (#importante): na maioria das vezes. A infecção estreptocócica não leva a escarlatina, mas quando isso acontece, obrigatoriamente é um S. pyogenes B-hemolítico do GRUPO A produtor de toxina eritrogênica. SINAL DE FILATOW: palidez perioral, língua em framboesa, LINHAS DE PASTIA: linhas avermelhadas que não somem a digito-pressão princp. na fossa antecubital à confirmam infecção bacteriana diferente dos outros achados que apenas sugerem. 5 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS *obs.: tema abordado na aula de d. exantemáticas DIAGNÓSTICO Como devemos estabelecer o diagnóstico da faringoamigdalite estreptocócica? • Teste rápido para detecção do antígeno (látex – S 80%; E 95%) ou cultura de orofaringe deverão ser realizados (achados clínicos isoladamente não discriminam entre etiologia estreptocócica e etiologia viral) • Testes rápidos + não necessitam de uma cultura de segurança • Não são indicados para menores de 3 anos (incidência de FR é rara assim como a de faringite estreptocócica) • Culturas de seguimento não são recomendadas • Testes diagnósticos para contactantes assintomáticos não são recomendados • Teste rápido à muito especifico mas pouco sensível, então se vier negativo não afasta • Hemograma: exemplo – você começou o atb e o paciente não respondeu, pensar em infecção viral/gripal, mononucleose como diagnostico diferencial o Mononucleose: leucocitose, linfocitose, linfócitos atípicos, ajuda nesse DDx Tratamento Principal objetivo: erradicação do estreptococo da ORF e a prevenção de complicações; encurtamento do período de doença e do contágio. • ATB: resolução 12-24h • Estreptococo à universalmente sensível à penicilina, permanece efetiva (10 dias de terapia oral ou uma injeção de penicilina benzatina intramuscular) • Alérgicos (usamos macrolideos) à eritromicina, azitromicina • Opções: penicilina V e a amoxicilina (menor custo e melhor sabor) - equivalência de sucesso terapêutico, clínico e bacteriológico da amoxicilina na dose de 50 mg/kg/dia, em duas ou três doses diárias (12/12hs + vantagem comodidade posológica) • Alternativas terapêuticas: cefalosporinas de primeira geração, a azitromicina e a clindamicina • Tempo de tratamento - qualquer ATB oral: 10 dias, independentemente da resolução e do quadro clínico à erradicação do estreptococo • Quando a adesão ATB é questionada: penicilina benzatina representa a melhor opção deve ser utilizada em dose única, intramuscular. • Sulfonamidas e as tetraciclinas contraindicadas para o tratamento das FA estreptocócicas à apresentam altos índices de falha na erradicação bacteriológica do S. pyogenes • Antibioticoterapia para portadores nas seguintessituações: comunidades fechadas (por exemplo, orfanato) e convívio domiciliar com paciente com febre reumática 6 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS CRITÉRIOS DE MCISAAC centor modificado AN PEDIATR (BARC). 2011;75(5):342.E1-342.E13 • 0-1 ponto: não realizar estudo microbiológico (risco de infecção por EbhGA: 2-6%) • 2-3 pontos: fazer estudo microbiológico e tratar só se positivo (risco: 10-28%) • 4-5 pontos: estudo microbiológico e iniciar tratamento antibiótico, enquanto se realiza cultura e à espera do resultado (risco: 38-63%) *EbhGA : estreptococo beta hemolítico do grupo A • A pontuação Centor modificada pode ser usada para auxiliar os médicos a decidir quais pacientes não precisam de testagem, precisam de cultura de garganta/testagem de detecção rápida de antígeno, ou terapia antibiótica empírica. Faringite recorrente 1. CHECAR ADESÃO AO TRATAMENTO 2. INDICACOES DE AMIGDALECTOMIA X INFECCOES DE REPETICAO: Regra dos impares: na criança que teve 7 amigdalites bacterianas nos últimos 12 meses, ou 5 por ano nos últimos 2 anos, ou 3 por ano nos últimos 3 anos (7-5-3) Nesses casos está indicada a amidalectomia. Complicações na infecção estreptocócica • Supurativas: abcesso amigdaliano • Não supurativas: febre reumática, GNDA ABCESSO AMIGDALIANO: mais comum em adolescentes, dor de garganta, febre, trismo (dif. p/ abrir a boca), disfagia. Exame físico – abaulamento tonsilar, desvio da úvula. Em casos que há dificuldade para examinar a orofaringe pode-se utilizar TC onde será observada a lesão Etiologia: estreptococo do grupo A + anaeróbio Tratamento: antibiótico IV (clindamicina é uma ótima opção), drenagem cirúrgica {fase aguda}; amidalectomia (essencial) eletiva, porque a chance de recorrência é muito grande AMIGDALITE VIRAL • Inicio gradual • Rinorreia • Tosse ADENOVIRUS: quando eu tenho além da faringite, febre e conjuntivite à a chamada febre faringoconjuntival, estou diante de um quadro de faringite por adenovírus COXSAKIEVIRUS: particularidade, ocorre formação de vesículas que estouram e formam úlceras no lugar à herpangina (dor, halitose), pode usar anti- inflamatórios p/ aliviar EBV (epstein-barr): a faringite causada pela mononucleose infecciosa, pode confundir muito com a bacteriana, por conta da presença de placas na amigdala. Então, o diganóstico: vai ser uma faringite que parece bacteriana mas com pesquisa de estreptococos negativa, hemograma característico (leucocitose entre 10-20mil, média de 15mil, com predomínio de linfócitos 2/3, e 20- 40% de linfocitos atípicos) PFAPA ou síndrome de marshall #importanteà incomum na pratica mas cai mt em prova PERIODIC FEVER, APHTHOUS STOMATITIS, PHARYNGITIS, AND ADENITIS (PFAPA) • Febre periodica, aftas, faringite e adenite • Ocorre esporadicamente, sintomas começam entre 2 e 6 anos • Febre, cansaco • Amigdalite purulente com culturas negativas 7 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS • Linfadenopatia cervicao • Aftas • Leucocitose • Elevação de reagentes de fase aguda (vhs, pcr) • Periodicidade e intensidade reduzem com o passar do tempo • Episódios duram 4-6 dias a despeito de antibióticos ou antipiréticos • Frequencia de 8 a 12/ano • Etiologia desconhecida Tratamento: corticoide à Respondem dramaticamente a uma única dose de prednisona (1-2 mg/kg) ou Betametasona com resolução dos sintomas em 24 horas. Resolução completa após amigdalectomia OU espontânea em 4-8 anos, sem sequelas Otite média 80% das crianças terão ao menos 1 episódio até a idade de 3 anos A otite média aguda é uma IVAS que afeta a mucosa respiratória do ouvido médio. Clinicamente definida pela presença de uma efusão do ouvido médio + presença dos sintomas (especialmente a dor) ou sinais (especialmente abaulamento da membrana timpânica), que pode ter etiologia viral ou bacteriana EPIDEMIOLOGIA • Espectro de doenças da orelha média: OME, OMA sem perfuração, OMA com perfuração, Otite Média Crônica serosa - febre, diarréia, irritabilidade • Maioria das crianças: 1 episódio em suas vidas; pico de incidência entre 6 e 12 meses, menos frequente em > 6 anos • Países desenvolvidos: > indicação para uso de ATB e de cirurgia em crianças jovens • Doença bacteriana mais prevalente na infância nos EUA • Causa mais comum de prescrição de antibiótico para criancas • Otoscopia difícil (lactente): doença sub e superdiagnosticada • Característica importante: propensão a recorrência ou a cronicidade • Quanto mais precoce na vida o 1º episodio maior o risco de recorrência ou doença crônica • Independente do tratamento: dor geralmente se resolve em 24 hs em 60% dos casos e dentro de 3 dias em 80% dos casos • Em < 2 anos: menos provável resposta espontânea • Complicações de OMA: mastoidite, meningite, abscesso intracraniano # Qual o principal fator de risco para a otite média aguda? FATORES DE RISCO imunodeficiência, anormalidades craniofaciais, fenda palatina, S. de Down, infecções respiratórias recentes, história familiar, irmãos, creches, desmame precoce, tabagismo • Idade: <2 anos o menor resposta imunológica o tecido linfoide mais abundante o fatores da trompa de Eustáquio o muito tempo na posição horizontal • Sexo: masculino > feminino • Exposição ao fumo • Leite materno x fórmula • Fator socioeconômico o aglomeração o desnutrição o assistência médica precária o falta de medicamentos • CRECHE (exposição a outras crianças): maior número de resfriados FATORES DE RISCO MAIS IMPORTANTES: pobreza e exposição a outras crianças ANORMALIDADES CONGÊNITAS X RISCO DE OTITE MÉDIA • universal em lactentes com fenda palatina não corrigida • alta prevalência em pacientes com anomalias craniofaciais e em pacientes com síndrome de Down QUADRO CLÍNICO Inflamação da membrana timpânica e efusão na orelha média cursando com: • Quadro prévio de IVAS • Aparecimento de otalgia súbita • Temperatura > 380C • Irritabilidade com ou sem perda da audição 8 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS • Lactentes: letargia, anorexia, vômitos e diarréia • Confirmação diagnóstica à otoscopia: hiperemia MT, opacidade, abaulamento da MT e pouca mobilidade - Meringite bolhosa é um sinal de otite média • Diagnóstico etiológico: aspirado do meato médio #PEGADINHA O eritema isolado é insuficiente para o diagnóstico de otite média (choro pode ser a causa) Incidência: lactentes e pré-escolares; Diagnóstico: Clínico; Etiologia: Infecção Viral: 20%: Virus Sincicial Respiratório, Influenza, Adenovírus Infecção bacteriana: S. pneumoniae 40%, hemófilos não tipáveis 25-30%, Moraxella catarrhalis 10-15% {isolados em 70% das secreções} NEWS Com a maior cobertura vacinal contra o pneumococo, o agente mais comum tinha mudado mas com o aparecimento de novas cepas não cobertas pela vacina contra o pneumococo, o agente mais comum volta a ser o pneumococo PATOGÊNESE Trompa de Eustáquio: 3 funções relacionadas ao ouvido médio: • ventilação (+ importante) • proteção • limpeza CAUSAS: IVAS (principal), hipertrofia de adenoide, tumor resposta inflamatória à comprometimento do transporte mucociliar à efusão líquida na cavidade timpânica LACTENTES: Trompa menor e mais horizontalizada à Refluxo de secreção de nasofaringe TRATAMENTO Recomendações da Academia Americana de Pediatria para tratamento imediato com antibióticos nas seguintes situações: • Criança < 6 meses de idade, mesmo com diagnóstico incerto; • Criança entre 6 e 24 meses com sinais evidentes de OMA, febre alta e/ou otalgia intensa ou se não for possível reavaliar a criança em caso de piora; • crianças com doença de base (imunocomprometidos, com fenda palatina, más-formações); • crianças maiores de dois anos cujos sintomas não desaparecem após tratamento sintomático por 48 a 72 horas e com quadro clínico grave (otalgia intensa+ febre alta ≥ 39º) Vou dar antibiótico quando? Sempre para < 6 meses; 6 meses – 2 anos à se gravidade ou febre >39 °C; > 2 anos à somente se sinais de gravidade. *amoxicilina é escolha inicial Tratamento Clínico • Analgésicos – antitérmicos – calor local seco • Amoxicilina • Amoxicilina/clavulanato {resistentes} • Cefalosporinas de segunda geração • Macrolídeos - Ceftriaxona Tratamento Cirúrgico • Paracentese de alívio • Paracentese diagnóstica Tubos de ventilação - Imunização Duração do tratamento da Otite Média Aguda Critérios de Cura • Dados da literatura favorecem terapia padrão: 10 dias (sempre em menores de dois anos) • Em maiores de dois a cinco anos com sintomas leve pode-se considerar 7 dias • A melhora dos sintomas infecciosos mesmo que não acompanhada de normalização otoscópica, é o melhor critério para a cura clínica da infecção • Mesmo após 14 dias do diagnóstico da infecção e com cura clínica, 30% das crianças mantêm efusão na orelha média Complicação: Mastoidite, OMA recorrente (> 3 episódios em 6 meses, ou > 4 episódios em 12 meses). 9 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS Quais sinais ajudam no diagnóstico diferencial entre uma otite média aguda viral e uma bacteriana? Na OMA viral, no exame há presença de uma membrana timpânica levemente opaca, hiperemia difusa leve ou moderada e ausência de abaulamento. Já na OMA bacteriana, a membrana timpânica apresenta-se opaca, com hiperemia intensa e presença de abaulamento com diminuição da mobilidade. Além disso, a OMA bacteriana geralmente vem acompanhada de otalgia de aparecimento súbito, febre alta, vômito ou diarreia em menores de 2 anos de idade e otorreia com história de otalgia intensa nas últimas 48 horas. Obs.:resumi crupe, mas acredito que essa patologia se encaixa nas obstruções das vias aereas superiores e não infecções por isso não foi comentado em sala; no entanto há um documento no ava sobre o tema então preferi colocar logo Laringite Estridor (som característico dos acometimentos inflamatórios) à Passagem do ar em via aérea de grosso calibre, mas que está estreitada Entender o estridor anatomicamente na via aérea: ◘ Vias supraglóticas: mucosa do nariz até as cordas vocais § Mais colapsável § Estridor inspiratório precoce § Potencial de gravidade: Epiglotite ◘ Vias glóticas e infraglóticas: até porção cervical da traqueia § Anéis cartilaginosos dificultam o estridor § Rouquidão Estridor § Crupe/Laringite Sintomas: rouquidão, tosse ladrante, estridor + inspiratório e desconforto respiratório Grau de inflamação nomeia a doença: • Laringe = laringite • Laringe e traqueia = laringotraqueíte • Laringe, traqueia e brônquios = laringotraqueobronquite (Estridor + sibilos) Principal causa: Virus (parainfluenza e influenza, depois VSR e Mycoplasma) Por que é mais frequente nas crianças? • 1 a 6 anos de idade, pico em 18 meses • Gênero masculino • Maior incidência em outubro/inverno, mas acontece todo o ano • Em lactentes, 1mm de edema subglótico causa 50% de diminuição do calibre da traqueia • Laringe da criança é mais anterior e mais elevada em relação a laringe do adulto. + anéis cartilaginosos mais frágeis. Quadro clínico • Inicialmente: febre, tosse, coriza e rinorreia • Entre 12 e 48h: obstrução de VAS à Rouquidão, estridor, insuficiência respiratória • Resolução em 3 a 7 dias • Maioria não progride para Obstrução completa Diagnóstico é clínico • Radiografia cervical: Sinal da Igreja ou da Ponta de Lápis – não é necessário ser feito! • Escore Clínico – divide em leve, moderada e grave, sendo o estridor um sinal de gravidade Tratamento é realizado de acordo com o Escore • Crupe leve: ◘ Dexametasona (0,15 – 0,3 mg/kg) ◘ Alta para casa • Crupe moderado: ◘ Nebulização com l-epinefrina: 5ml ◘ Dexametasona 0,3-0,6 mg/kg ou budesonide inalatório: 2mg ◘ Observação por 3-4 horas e alta para casa ou admissão hospitalar (rebote) • Crupe severo: ◘ Nebulização com l-epinefrina: 5ml ◘ Dexametasona 0,6 mg IM ◘ Admissão na unidade de terapia intensiva 10 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS MAPAS MENTAIS MEDCEL 11 Gabriella Estrela MEDUFBA 255 | PEDIATRIA 2022.2 – IVAS resumindo O QUE PENSAR ▶ História de rinorreia, obstrução nasal e, ocasionalmente, febre; ▶ Cerca de 30% apresentam tosse; ▶ Sintomas sistêmicos (febre, mialgia e prostração) predominam nas primeiras 48 horas de doença; ▶ Diagnóstico diferencial entre quadro gripal viral e complicações bacterianas (sinusite e otite média aguda). O QUE PROCURAR: ▶ Observar a rinorreia, evidente nos primeiros dias, ficando, a partir do terceiro dia, mais espessa e esverdeada; ▶ Sinusite bacteriana: quando o quadro gripal se arrasta por mais de 10 a 14 dias, mantendo-se a rinorreia, sobretudo com a piora progressiva da tosse (principalmente quando o paciente se deita); ▶ Otite média aguda (otoscopia): abaulamento e hiperemia da membrana timpânica. O QUE PEDIR: ▶ Exames complementares não são necessários — na suspeita de sinusite, radiografia de seios da face é pouco confiável para confirmar o diagnóstico; ▶ Caso solicitado, o hemograma terá um padrão viral com número de leucócitos totais normal ou diminuído e predomínio de linfócitos; ▶ O diagnóstico da sinusite bacteriana é clínico (história + exame físico). O QUE FAZER: ▶ Sintomáticos; ▶ Lavagem nasal com soro fisiológico a 0,9%; ▶ Antibióticos nos casos complicados com sinusite bacteriana ou otite média aguda. Referências: 1. curso de casos clínicos Medcel 2022 2. Medcel 2022 3. slide da aula Dra. Regina Terse 4. arquivos moodle 5. MedCof 6. Guia Prático de Conduta da SBP - Crupe Viral e Bacteriano Questões p/ estudar: MedVideos
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