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AULA 6 WEBWRITING INBOUND MARKETING Profª Suelen Homrich Motta 2 INTRODUÇÃO Atualmente, muitos consumidores transitam entre as mídias tradicionais de comunicação e as plataformas digitais. O motivo desse trânsito entre as velhas e novas mídias está, dentre outras razões, nas características da publicidade, que antes era massiva, interruptiva e pouco segmentada. No entanto, agora a área conta com formas de criar segmentações de público-alvo, que são cada vez mais aprimoradas, tornando as mensagens menos interruptivas e mais personalizadas (Kotler; Keller, 2012). A principal diferença entre as velhas e as novas mídias, que faz com que haja um trânsito entre elas, está na autonomia dos consumidores, que cada vez menos toleram interrupções. Essa autonomia só foi possibilitada pelas plataformas digitais, nas quais as pessoas podem fazer escolhas que antes não podiam, pulando anúncios, apertando o botão stop em vídeos, ou fechando abas. Essas funcionalidades das tecnologias digitais, além de conferirem maior autonomia aos sujeitos, fizeram com que o trabalho dos profissionais da comunicação tivesse que ser aprimorado. Afinal, é cada vez mais difícil conseguir a atenção dos consumidores, uma vez que cada vez mais as pessoas se mostram intolerantes à publicidade tradicional. Além disso, é importante notar que a competição entre as mídias cresce a cada dia. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Kantar Ibope, divulgada pelo Sindicato das Empresas de Rádio e TV do Rio Grande do Sul1 e pela Associação das Emissoras de Rádio e Televisão da cidade de São Paulo2, as pessoas não estão deixando de consumir conteúdos midiáticos provenientes dos meios televisivos e radiofônicos. Segundo a pesquisa, no ano de 2020, os consumidores passaram a buscar mais os conteúdos das emissoras de rádio e televisão na internet do que a consumi-los nas grades de programação midiática, ou seja, gerenciar a presença das marcas na internet é uma atividade que deve partir desse entendimento da realidade sobre as mídias, os consumidores e as ferramentas. 1 SindiRádio - Sindicato das empresas de rádio e TV do RS. Consumo de mídia dispara na pandemia e rádio terá medição híbrida da Kantar IBOPE Media. Disponível em <https://www.sindiradio.org.br/noticias/item/consumo-de-midia-dispara-na-pandemia-e-radio-tera- medicao-hibrida-da-kantar-ibope-media.html>. Acesso em: 5 nov. 2021. 2 Associação das Emissoras Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (AESP). AESP TALKS: Análise do Mercado Publicitário. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=s_AU8h8ZgfM>. Acesso em: 5 nov. 2021. 3 Assim sendo, os webwriters devem compreender que hodiernamente não existem mídias soberanas, como a televisão foi, depois do rádio. O que existe é, de um lado, a internet como um espaço para o desenvolvimento, utilização de ferramentas e técnicas. De outro lado, os consumidores, que estão saturados da publicidade tradicional e entusiasmados com as tecnologias. Diante dessa realidade, o webwriter precisa fazer o uso de táticas que mesclam textos, imagens, vídeo, áudio, como já dissemos até aqui (Matta, 2020). No entanto, o escopo de estratégias de que esse profissional pode dispor não acaba por aí. Ainda existem elementos importantes que os profissionais que trabalham com a comunicação digital devem conhecer e se atentar, dentre os quais destacamos como estratégias retóricas os gatilhos mentais, o storytelling e a jornada do herói. Por conseguinte, como estratégia de Branding (construção, gestão e manutenção de marca), elucidamos a importância do SAC – Serviço de Atendimento ao Consumidor – nas redes sociais e a gestão de crises de imagens. TEMA 1 – O QUE MAIS O WEBWRITER PRECISA SABER Produzir textos, infográficos, vídeos, e-books, apresentações, tudo isso faz parte da rotina de trabalho do webwriter. Definir e testar palavras-chaves, criar estratégias para o envio e a automação de e-mail marketing e definir um planejamento de geração de conteúdo também são atividades que esse profissional desempenha (Matta, 2020). Contudo, ainda existem outros valores que se tornaram importantes para os profissionais da comunicação que trabalham com a comunicação digital. Estamos falando sobre a importância da aplicabilidade ideal das palavras- chaves, do uso de hashtags, do emprego do princípio da escaneabilidade e da combinação entre SEO e publicidade paga (AVIS, 2019). Cada um desses elementos faz parte de pontos-chave que os webwriters devem ter em mente quando forem tirar as ideias do papel e, dito de outra forma, colocar a mão na massa. São eles: • Inserção da palavra-chave no título, texto, link e metadescrição: conforme explicado em aulas anteriores, definir os termos/palavras-chave, com base nos objetivos de cada negócio, é o primeiro passo para a geração de conteúdo. Após isso, deve ser elaborado o planejamento com os títulos das publicações e com os formatos dos conteúdos, inserindo-os em um 4 calendário de publicações. Muitos webwriters se perdem a partir daí, quando surgem dúvidas como “de que maneira colocar tudo isso em prática?”. A fim de operacionalizar um pouco a criação de conteúdo e de sanar esse questionamento, recomenda-se que as palavras/termos-chaves estejam presentes nos títulos das publicações, no texto, no link das páginas e na meta descrição delas. Fazendo isso, o webwriter preparará o seu material para o SEO, de acordo com o que é avaliado pelo algoritmo dos buscadores, além de conseguir manter um foco para o seu trabalho (AVIS, 2019). • Hashtags: são a união do símbolo # com palavras ou frases. As hashtags são importantes porque elas se tornaram um elemento de coesão transmídia na atualidade. Essa coesão se dá pelas múltiplas significações criadas a partir delas. Para plataformas como o Instagram e o Twitter, por exemplo, elas funcionam como um tipo de marcação de conteúdos. É por meio das hashtags que as plataformas criam categorias de conteúdos. Já para os interagentes, as hashtags expressam sentimentos, sensações e vontades, além de alocar os conteúdos compartilhados no tempo, espaço e conjuntura social, como a #Blacklivesmatter, cuja tradução é vidas negras importam, que expressa um fato ocorrido no ano de 2020 nos Estados Unidos. Mas a observância das hashtags não se detém no âmbito da circulação on-line. Elas também estão presentes em camisetas, canecas, muros e faixas de protestos. Diante da complexidade desse signo, que circula por tantos canais de comunicação, os webwriters podem encontrar nas hashtags uma importante fonte de referência e inspiração para a geração de conteúdo na internet. Além disso, os profissionais da área também podem sugerir a criação de novas hashtags como uma tentativa de aumentar o engajamento nas redes sociais, como a #AliadospelaBia, criada pelo banco Bradesco para a campanha realizada contra o assédio sofrido por mulheres, identificado através das análises das interações masculinas com sua inteligência artificial, que simulava uma atendente feminina. • Textos escaneáveis: os cidadãos costumam realizar múltiplas tarefas simultaneamente quando estão navegando pela internet. Acessar redes sociais digitais, ler e-mails, fazer uma pesquisa, responder mensagens, são exemplos de algumas dessas ações executadas on-line diariamente pelas 5 pessoas. Logo, em muitos momentos, os interagentes costumam ter a sua atenção dividida, enquanto estão conectados. Isso exige dos webwriters mais do que a capacidade de desenvolver bons textos, ou textos bem escritos de acordo com o português. Nesse sentido, é importante que os conteúdos criados pelo webwriter também possuam elementos que tornem a informação de fácil visualização. Os recursos que mais auxiliam na tarefa de tornar escaneáveis os conteúdos para internet são os princípios do design – alinhamento, repetição,contraste e proximidade – e a quebra de grandes blocos de textos em estruturas menores e mais fragmentadas de informações – classificação em listas, tópicos, checklists, o uso de imagens e mescla entre textos e outras mídias. • SEO + Publicidade on-line paga: é importante para a maioria das empresas criar estratégias de comunicação on-line e off-line, e de inbound e outbound, conforme foi explicado em aulas anteriores, onde destacamos que o emprego de um meio não exclui a importância da utilização de outros meios. Afinal, a publicidade e o marketing tratam de divulgar produtos, serviços, ideias, valores, propósitos. Para alcançar esses objetivos, quanto mais existirem formas de divulgação, maiores são as chances de uma marca ser conhecida ou reconhecida pelos consumidores. Portanto, o planejamento de mídia é um ponto importante que deve ser reavaliado pelas marcas com certa frequência. Sublinhamos isso porque muitos investidores, quando passam a conhecer a técnica do SEO e começam a perceber os resultados no aumento de fluxo de visitantes no seu site, animam-se e entendem que não precisam mais da publicidade paga. A respeito disso, sublinhamos que é recorrente o emprego de ambos os tipos de publicidade por parte dos sites na internet, porque mesmo as grandes empresas sabem que é importante que haja um posicionamento de marca tanto no resultado orgânico, quanto no resultado pago. Destacamos ainda que, o profissional webwriter pode ser o responsável pela criação de conteúdo para ambos os tráfegos, sendo necessário nesse caso também ter conhecimento sobre o funcionamento das plataformas de publicidade on-line, como Google Ads, Facebook Ads e LinkedIn Ads. 6 TEMA 2 – GATILHOS MENTAIS A publicidade persuasiva com frases imperativas e calões publicitários com o apelo direto para o consumo, como “Compre”, “Use” ou “Faça”, cada vez menos ocupa espaços nas mídias e nos anúncios. Apesar disso, a persuasão continua sendo uma arma importante na disputa pela atenção dos consumidores. O que mudou no padrão da comunicação é a forma como a sugestão para o consumo é apresentada. No cenário atual os profissionais que atuam na comunicação digital usam o termo copywriting, para remeter a um tipo de técnica de escrita e persuasiva, cujo objetivo é conduzir o leitor à execução de uma ação. De forma que, diante dessa realidade, é importante que os webwriters criem táticas de persuasão para tornar os conteúdos atraentes para o público-alvo, sem precisar adotar jargões da publicidade. As principais técnicas que podem ser utilizadas nesse cenário, relacionam- se com a retórica na apresentação de ideias. Destarte, evidenciamos como estratégia de persuasão os gatilhos mentais e a jornada do herói. Os gatilhos mentais consistem em uma forma de embasamento para as estratégias do marketing e da publicidade. Quando o webwriter utiliza um gatilho mental ele mira em incitar alguma atitude rápida nos consumidores, conduzindo as pessoas no modo automático do cérebro. Apesar disso, De Paula (2021), cita que os gatilhos mentais não foram inventados pela área do Marketing. Segundo o autor, eles são recursos da própria natureza humana para lidar com a demasia de decisões que todos os seres humanos enfrentam no dia-a-dia. Utilizamos essa expressão modo automático, para nos referir às milhares de decisões que temos que tomar ao longo das 24 horas de um dia e que, por vezes, geram uma sensação de fadiga mental. Ao acordar, nós escolhemos se vamos levantar quando o despertador tocar ou se ativamos o modo soneca. Escolhemos a roupa que iremos usar, o que vamos almoçar, como iremos conduzir uma reunião de trabalho, como responderemos aos e-mails de um gestor, se vamos à academia ou não, escolhemos os itens no cardápio do delivery, ou seja, no cotidiano, as pessoas têm um excesso de decisões para tomar. De acordo com as áreas da psicologia e da ciência, por essa razão, alguns gatilhos mentais encurtam o caminho da tomada de decisão e colocam os 7 consumidores em uma zona de conforto, onde não há muito sobre o que pensar (De Paula, 2021). Para tanto, os principais gatilhos mentais utilizados atualmente são: o gatilho da escassez, o gatilho da urgência, o gatilho exclusividade, o gatilho da autoridade, o gatilho da prova social e o gatilho da novidade. Cada um deles pode ser melhor compreendido da seguinte forma: • Gatilho mental da escassez: é um dos gatilhos mais utilizados na área comercial e de marketing. Ele se relaciona com o instinto de sobrevivência dos cidadãos. Como exemplo, lembramos que muitas pessoas agiram por causa do gatilho mental da escassez no ano de 2020, comprando pacotes de papel higiênico desesperadamente no mundo inteiro no início da pandemia. Portanto, os webwriters que desejam usar esse gatilho mental devem informar, nos conteúdos produzidos, que restam poucas unidades de um determinado produto ou poucas vagas para um curso. Expor a quantidade de pessoas que estão procurando, também funciona como um gatilho para as pessoas inconscientemente pensarem “Se eu não comprar agora, irei perder essa oportunidade.” • Gatilho mental da urgência: é parecido com o gatilho mental da escassez e é bastante usado em campanhas promocionais, datas comemorativas e que tenham um tempo limitado de duração. Desse modo, expressões como “Só até amanhã” com um relógio em contagem regressiva expressam bem a ideia desse gatilho mental, que faz com que os consumidores pensem “preciso comprar antes que acabe”. • Gatilho mental da exclusividade: é muito utilizado pelo marketing de luxo, que cria linhas de produtos únicos e exclusivos. Apesar disso, essa estratégia pode funcionar para a maioria das marcas e não apenas para o marketing de luxo. A exemplo disso, citamos os clubes de vantagens e de fidelidade, que fazem com que os consumidores se sintam privilegiados por terem acesso ao que nem todos os consumidores têm. • Gatilho mental da autoridade: é o gatilho mental que deve ser empregado depois que o webwriter tenha conseguido tornar uma marca reconhecida por, ou pelas, suas características principais. Isso porque toda autoridade remete ao reconhecido das características e qualidades de alguém por uma comunidade, ou um grupo de pessoas. Muitas empresas são reconhecidas pela autoridade que possuem nos seus nichos de mercado. Por exemplo, 8 a empresa Apple é reconhecida pelos seus smartphones e computadores de última geração e cheios de funções. O próprio SEO confere um tipo de autoridade aos sites, ao ranqueá-los nas primeiras posições da busca, demonstrando assim, o quanto é importante conquistar um posicionamento de marca que ajude as empresas a serem reconhecidas no mercado. Logo, esse gatilho mental é posto em prática por meio das palavras-chaves e de toda a geração de conteúdo e de frases como “Há mais de 10 anos no mercado”. • Gatilho mental da prova social: é o gatilho mental que demonstra o quanto os cidadãos são seres sociais, acima de tudo. Esse gatilho é o responsável por fazer com que, em muitos momentos, as pessoas tomem decisões baseadas no que outros consumidores pensam. No marketing, o gatilho mental da prova social ajuda a provar que um produto é bom e confiável. Desse modo, depoimentos e avaliações expostos no site de uma empresa funcionam como gatilhos mentais da prova social. Além disso, a forma como uma marca interage nas redes sociais digitais, respondendo comentários e realizando enquetes, também é um diferencial de mercado que atua como esse gatilho mental em relação aos consumidores. • Gatilho mental da novidade e da curiosidade: É o gatilho mental que anuncia novidades e gera expectativas nos consumidores. São exemplos desse gatilho o anúncio do lançamento de novos produtos, filmes e séries. Também pode ser utilizado para anunciar novidades pontuais, comoo lançamento de itens colecionáveis, como a linha de bonecos do filme Os Vingadores do McDonald’s, a versão da camiseta feita para a comemoração dos 100 anos do Flamengo e os famosos mamíferos da Parmalat. Contudo, de nada adianta o webwriter criar apelos usando os gatilhos mentais citados acima, sem que haja transparência e comprometimento das marcas. De forma que, não se deve criar campanhas com informações dizendo que uma determinada promoção durará por tempo limitado, dispor um relógio com uma contagem regressiva nas páginas de um comércio eletrônico, oferecer descontos mentirosos, ou, ainda garantir exclusividade quando nada disso for verdade. Os consumidores não podem ser subestimados, principalmente, porque a internet funciona muitas vezes como uma grande enciclopédia onde é possível pesquisar, aferir e analisar. 9 Sendo assim, é muito importante que as marcas usem os gatilhos mentais com parcimônia e, sobretudo, que o argumento de persuasão apresentado seja verdadeiro. TEMA 3 – STORYTELLING E A JORNADA DO HERÓI A jornada do herói consiste em uma fórmula narrativa, capaz de reunir elementos que captem a atenção das pessoas em um roteiro único. Trata-se de um tipo de storytelling, que é a capacidade de contar uma história, bastante utilizada no marketing pelos webwriters. A técnica consiste na criação da narrativa de um personagem que tem a sua trajetória interrompida por situações que o fazem passar por grandes provocações. O resultado é um desfecho que contêm uma nova história que é diferente do cenário inicial do personagem. Conforme Motta (2012), as narrativas são inerentes aos seres humanos desde os primórdios da humanidade. É por meio delas que as pessoas compartilharam ao longo da história conhecimentos populares e fatos, retratando- os em rodas de conversa ao redor de fogueiras, pinturas nas paredes, cantigas, lendas, dentre outros. As histórias servem para consolar, surpreender, entreter. Histórias contadas por contadores de histórias sempre envolveram e emocionaram as pessoas. Ganharam atenção ao longo da trajetória das sociedades, narrativas de perda e redenção, de heroísmo e de fracasso. Como a narrativas dos super- heróis, que possuem um personagem e uma sequência narrativa, onde após enfrentar grandes desafios o desfecho é o surgimento de um novo paradigma (Silverstone, 2011). Com a introdução dos meios de comunicação, tecnologias de impressão (jornais) e difusão (rádio), houve a substituição da forma narrativa mais antiga dos povos, baseada no ato de contar histórias, pela introdução e valorização da informação e pelo noticiamento dos fatos. Assim, por um tempo os povos tiveram as histórias substituídas por outras formas narrativas (Silverstone, 2011). No entanto, a ação de contar histórias tem ganhado notoriedade no cenário digital como estratégia de inbound marketing. É possível perceber o porquê da reinserção das histórias, como técnica de comunicação, devido à tendência que as pessoas têm de aceitar conteúdos que possuem uma linha narrativa capaz de conduzir a imaginação dos consumidores. É por essa razão que atualmente, nas 10 redes sociais digitais, as trends (em tradução livre, “tendências”) fazem tanto sucesso: porque as pessoas amam uma boa história. Os webwriters, portanto, podem fazer uso de técnicas de storytelling para envolver o público-alvo a partir do ato de contar histórias. A principal vantagem dessa estratégia é que, ao utilizar uma linha narrativa, cria-se um material único. E ainda que a temática envolvida já tenha sido muito abordada e esteja desgastada no mercado, o storytelling faz com que o conteúdo abordado possua uma perspectiva única, a sua ou da sua marca. Para tanto, focamos na jornada do herói como sendo a principal estratégia de storytelling que pode ser acionada como recurso linguístico na contação de histórias. No cenário corporativo, o marketing se apoderou dessa forma narrativa para envolver os consumidores com histórias sobre as marcas, seus fundadores, suas personas, seus produtos e serviços. De modo que, essa técnica pode ser uma importante estratégia para a geração de conteúdo dos webwriters. A jornada do herói pode ser empregada e compreendida nos exemplos a seguir: • Na construção de roteiros de filmes e seriados: o Lúcifer, o diabo que veio à terra, mas não para punir os mortais ou para persegui-los. Ele só se cansou do inferno e está em busca de descanso e de férias. Então, ele renuncia ao trono e vai morar na cidade de Los Angeles, onde vira dono de uma boate e também se torna consultor da polícia. Como se isso já não fosse surpreendente, ele ainda passa por muitos dilemas, como o fato de se apaixonar por uma humana e de receber muitas visitas familiares na Terra, como Caim, Eva, o anjo Amenadiel, a Deusa da criação e Deus. Todos esses personagens, que acabam fazendo parte da vida de Lúcifer, despertam empatia em outros personagens que convivem com ele porque, mesmo sem saber que ele é o verdadeiro diabo e que essas pessoas são os personagens bíblicos em carne e osso, os dramas vividos por Lúcifer fazem com que ele pareça uma pessoa extremamente normal para os seus amigos. Diante desses reencontros familiares e do sentimento de amor, que é inusitado para o diabo, ele busca conforto fazendo terapia na tentativa de compreender os seus próprios sentimentos. O problema é que ele é um ser extremamente excêntrico e narcisista. Essa é a história do seriado Lúcifer, feito pela Netflix.O segredo da série está no fato de que a 11 narrativa é única e surpreendente, o que prende a atenção dos espectadores. • Na construção de roteiros de storytelling de marca: o Muitas mulheres têm a autoestima baixa e possuem dificuldade de reconhecer suas características positivas. Em face disso, uma marca de cosméticos convidou várias mulheres para uma dinâmica, que consistiu em ter que se autodescrever para um artista que faz retratos falados. Em um segundo momento, foi solicitado às mulheres que descrevessem outras pessoas com quem elas estavam em uma dinâmica realizada momentos antes. Ao final, as participantes da ação caminharam por um hall onde os retratos estavam dispostos de dois em dois: o seu autorretrato e, ao lado, o retrato falado feito com base na descrição da outra participante. O resultado foi que os autorretratos comprovaram que muitas mulheres se enxergam mais negativamente do que as outras pessoas as veem. Nos autorretratos, as mulheres foram desenhadas com narizes grandes, queixos esquisitos e tamanho dos olhos desproporcional ao resto do rosto. Já nos retratos feitos por outras pessoas, essas mesmas mulheres não foram desenhadas com imperfeições. Esse storytelling é real e faz parte de uma campanha realizada pela marca Dove – Retratos da beleza3. Ele serve de exemplo porque ilustra o posicionamento da marca por meio de uma história, ou seja, o posicionamento de que não há um único padrão de beleza. Além desses exemplos, destacamos que o webwriter pode usar histórias para traduzir para os consumidores o motivo da existência das marcas, compartilhando a história dos seus fundadores e dos produtos (Cunha, 2012). TEMA 4 – GERENCIAMENTO DE REDES SOCIAIS E SAC O Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) funciona como uma ferramenta para as marcas manterem o relacionamento com os clientes, fortalecendo a sua reputação. É uma ótima maneira de prestar um serviço de pós- vendas, onde é possível gerir enquetes e pesquisas de satisfação entre pessoas que já são clientes de uma marca. Nos dias atuais, esse atendimento ao cliente 3 Dove Brasil. Dove – Retratos da Beleza. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Il0nz0LHbcM>. Acesso em: 5 nov. 2021. 12 pode acontecer via redes sociais digitais, devido ao uso frequente que os consumidores fazem dessas plataformas. As redessociais digitais são utilizadas pelas pessoas por diversas razões. Dentre os motivos pelos quais os interagentes utilizam essas plataformas, sublinhamos a busca por informações, a opção de compartilhar conteúdos, a possibilidade de fazer relatos pessoais sobre um fato e a oportunidade de entrar em contato com as marcas, solicitando ajuda, registrando uma reclamação ou expressando um elogio (Cabral, 2020). De acordo com Cabral (2020), as redes sociais digitais promoveram grandes mudanças no relacionamento entre as marcas e os seus clientes. Afinal, a relação entre as empresas e as pessoas nunca tinha sido tão intensa quanto nesse cenário digital. Diante da ampliação das possibilidades de comunicação, muitas marcas instauraram padrões para o SAC corporativo. Uma das práticas mais adotadas consiste em utilizar robôs que leem roteiros com respostas prontas de acordo com o relato dos consumidores. É preciso entender que um serviço de SAC não deve ser engessado, porque os clientes esperam um atendimento humano, não robotizado e dinâmico, mesmo nas redes sociais. Logo, quanto mais humanizado e natural o atendimento prestado for, melhor será a qualificação desse serviço por parte dos consumidores. Para posicionarmos uma empresa de forma positiva nas redes sociais, é importante estabelecer conexões com elas. Para isso, é importante que as marcas desenvolvam a habilidade de entender as pessoas. Apesar disso, muitas empresas ainda negligenciam o SAC, não destinando colaboradores capacitados para trabalhar nessa área. Por isso, ilustramos no quadro abaixo algumas dicas importantes para os webwriters saberem o que fazer e o que não fazer no atendimento do SAC nas redes sociais: 13 Quadro 1 – Dicas para SAC nas redes sociais O que fazer O que não fazer Falar a mesma língua dos consumidores. A marca Netflix é um excelente exemplo da importância das marcas se comunicarem usando a mesma linguagem que os consumidores. De forma que é importante corresponder às expectativas das pessoas nas redes sociais. Se os seguidores de uma marca usam um tom descontraído e alegre, então essa empresa deve demonstrar reciprocidade nas mensagens. Usar mensagens genéricas estilo “Estaremos verificando a situação”, ou “Estaremos fazendo o possível para solucionar...”, que além de serem uma construção gramatical incorreta (porque o gerúndio deve ser utilizado para expressar uma ação que está acontecendo no presente e não no futuro), também não respondem a nada e não demonstram comprometimento. Ao invés disso, tente usar “Entendo totalmente a sua insatisfação. Me dedicarei, ao máximo, para resolver sua solicitação rapidamente, ok? Para isso, peço que aguarde o prazo de um dia útil, que eu farei um novo contato com a solução! Dentro do possível, atribuir autonomia para os profissionais resolverem os problemas é algo que torna o SAC mais eficaz e melhora a experiência do usuário. Copiar e colar as mesmas mensagens para todos os usuários. É importante compreender que ao SAC está atribuída a ideia de atendimento personalizado. De modo que, é importante criar mensagens que correspondam a essa personalização. Destinar uma equipe para ser responsável pelo SAC, que tenha um webwriter definindo e redefinindo o script de atendimento. O SAC não é só mais uma tarefa. Ele demanda treinamento e especialização do profissional e atenção ao cliente. Não se responsabilizar e culpar colaboradores terceirizados, ou fornecedores por eventuais falhas. Para o cliente é terrível receber uma mensagem do tipo “Sentimos muito, mas informamos que o responsável por esse serviço é um colaborador terceirizado”. Ao invés disso, tente “Sinto muito pelo que está acontecendo. Realmente, é uma situação muito desagradável. Eu, em nome da [empresa], peço sinceras desculpas. Para compensá-lo, eu posso enviar alguns produtos da nossa linha nova. O Sr./Sra. aceita? Não apagar comentários. Ao invés disso, é importante que uma empresa consiga resolver os problemas dos consumidores. Muitas pessoas entendem que problemas acontecem, quando os fatos são esclarecidos e existe uma compensação. Não cumprir o prometido. Uma falha grande dos atendimentos via SAC é realizar o primeiro contato e depois não responder mais os consumidores. De forma que, é essencial que o SAC acompanhe o desenrolar de reclamações e demais situações expostas pelos consumidores. Usar o SAC digital para fortalecer o relacionamento com os clientes e melhorar a experiência de marca. A experiência se dá em todos os momentos em que existe um ponto de contato entre o cliente e a marca. Portanto, ele deve ser visto como um canal para resolver problemas e também para otimizar o faturamento. Demorar para responder. Além de demonstrar falta de atenção com o cliente, um SAC que demora para responder faz com que os clientes sintam cada vez menos confiança em uma marca. Por isso, estipule prazos de poucos dias úteis para responder os clientes nas redes sociais. Determinar quais assuntos serão tratados publicamente e quais situações serão resolvidas diretamente entre a marca e o cliente. Não usar outras plataformas que ajudam a personalizar a experiência de marca, como o Whats App que possibilita um atendimento rápido, personalizado e assertivo. Fonte: Motta, 2021. 14 TEMA 5 – GERENCIAMENTO DE CRISES POR MEIO DA COMUNICAÇÃO As crises são situações que, de alguma forma, impactam negativamente a reputação de uma marca e podem causar prejuízo para as empresas. Elas são eventos que podem se instaurar quando uma organização faz, ou deixa de fazer, algo que afeta os interesses de seus públicos, fazendo com que o acontecimento tenha uma repercussão negativa junto à opinião pública. Trataremos, nesse capítulo, sobre as crises de imagens, que se instauram por motivos variados e que tem um impacto no prestígio das marcas. As crises podem ser desencadeadas por fatores internos ou externos às marcas. Os fatores internos podem ser acidentes sofridos por colaboradores, mas condições de trabalhos, greves, dentre outros. Já os fatores externos podem ser a baixa qualidade de um produto, a falta de cumprimento de garantias e de comunicação com o consumidor, a demora na entrega, acidentes causados mesmo com o uso correto de equipamentos, dentre outros. Esses fatores, no contexto das mídias sociais, acabam se tornando conteúdos virais que são difundidos em larga escala. Cada vez mais, nesse contexto em que os consumidores usam massivamente a internet, se as marcas não agirem e se posicionarem em determinados momentos, elas mesmas podem desencadear a sua própria crise de imagem. Grandes problemas ainda podem ser situações que impactam negativamente o mercado como um todo e podem causar prejuízo para marcas de diferentes nichos e segmentos simultaneamente, como o evento da Covid-19 no mundo, que desencadeou uma crise sanitária e econômica para empresas de diversos setores. As crises de imagem, segundo Forni (2019), são democráticas, surpreendentes, imprevisíveis ou previsíveis, velozes e cotidianas. Democráticas porque qualquer empresa está sujeita a ter um problema que ganhe visibilidade e se transforme em uma crise de imagem, desde o mercado de um bairro até grandes multinacionais. Surpreendentes porque, por envolverem eventos diversos, internos ou externos, pode ser difícil prever quando e como uma crise vai se instaurar. Nesse sentido, fazemos o alerta sobre a importância de se preparar para as crises, porque elas vão acontecer. Imprevisíveis ou previsíveis porque existem algumas situações que são presumíveis e outras que são de fato 15 inimagináveis. Por exemplo, o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração após a falta de manutenção é, do ponto de vista da engenharia e da estatística, prenunciável. Enquanto que um vídeo que circula pelas redes sociais de uma supostafraude a embalagem de um produto é algo mais difícil avaliar sem mais informações. Por fim, as crises são velozes e cotidianas porque todos os dias surgem novos escândalos, que fazem com que haja uma substituição na pauta de circulação das imagens em crise. Conforme já dissemos, as crises de imagem podem ser causadas por fatores internos e externos que se relacionam a grandes catástrofes, como a queda de um avião. Ou, ainda, elas podem partir de questões cotidianas, como a falta de um bom atendimento ao cliente prestado pelo SAC das empresas. O webwriter deve ter em mente esses conceitos, porque ele pode ser solicitado para gerenciar os textos e, de modo geral, a comunicação durante a gestão de uma crise de imagem. Sendo assim, listamos abaixo uma lista com 10 boas práticas para serem seguidas pelos webwriters nesse contexto: 1. Caso ainda não tenha sido feito, o profissional da comunicação pode sugerir a estruturação de um comitê de crises, para atuar de forma preventiva e corretiva. 2. Munir os consumidores de informação, sendo sempre transparente com os cidadãos, as mídias, as demais instituições ligadas ao fato e os acionistas. 3. Não apagar comentários e avaliações negativas em redes sociais. Ao invés de apagá-los, o webwriter deve respondê-los de forma cordial demonstrando que existe o intuito de solucionar os problemas. 4. Cumprir promessas e explicar o progresso das ações reparadoras. 5. Se necessário, parar todo o marketing e concentrar os esforços comunicacionais em resolver a crise de imagem, unificando as mensagens e toda a geração de conteúdo. 6. Ser o primeiro a dar a notícia, emitindo comunicados com um posicionamento claro e assumindo responsabilidades. Evitar comunicados responsabilizando colaboradores terceirizados ou cuja contratação tenha sido feita sob regime de pessoa jurídica. 7. Falar diretamente com os afetados e verificar junto ao departamento jurídico se é necessário e de que forma indenizar os afetados pela crise. 8. Organizar junto ao time de endomarketing treinamentos para os colaboradores, evidenciando a repercussão da crise nas mídias em geral. 16 9. Propor o desenvolvimento de projetos sociais a partir de sugestões que podem ter sido colocadas pelos próprios usuários 10. Sempre que possível e coerente, transformar a crise em uma oportunidade. Por exemplo, sugerir o desenvolvimento de um novo produto mais aprimorado e mais seguro, que pode ter sido pensado com base em comentários dos usuários nas redes sociais digitais. 17 REFERÊNCIAS APPLE. Liderança da Apple. Apple Inc. Estados Unidos da América, 2021. Disponível em: <https://www.apple.com/br/leadership/>. Acesso em: 5 nov. 2021. AVIS, M. C. SEO de verdade: se não está no google, não existe. Curitiba: Intersaberes, 2019. CABRAL, H. Estratégias de Marketing Digital. Curitiba: Contentus, 2020. CARDIA, W. Crise de imagem e gerenciamento de crises. [s.l.]: Mauad Editora, 2015. DE PAULA, V. D. Gatilhos Mentais: O guia secreto da persuasão. [s.l.]: Publicação independente, 2021. FORNI, J.J. Gestão de crises e comunicação: o que gestores e profissionais de comunicação precisam saber para enfrentar crises corporativas. [s.l.]: Editora Atlas S.A., 2013. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. MARQUES, W. A. Copywriting Total: Gatilhos Mentais, Templates Prontos e Técnica de Vendas. [s.l.]: Amazon Digital Services LLC - KDP Print US, 2020. MATTA, C. A. R. Webwriting e Inbound Marketing. Curitiba: Contentus, 2020. MOTTA, L. G. Por que estudar narrativas. In: MOTA, C; CUNHA, M; MOTTA, L (orgs). Narrativas Midiáticas. Florianópolis: Insular, 2012. p. 23–32. XAVIER, A. Storytelling: Histórias que deixam marcas. [s.l.]: Editora Best Seller, 2015.
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