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Atenção aos sinais de gravidade, critérios de internação e grupos de risco. Estabelecer diagnostico diferencial CHIKUNGUNYA EPIDEMIOLOGIA Arbovirose causada pelo vírus Chikungunya, da família Togaviridae e do gênero Alphavirus Chikungunya quer dizer “aqueles que dobram”, descrevendo a aparência encurvada de pessoas que sofrem com a artralgia característica Transmissão: picada de femeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectadas pelo vírus Transmissão vertical: geralmente no período intraparto Transmissão por via transfusional é rara Seres humanos: principais reservatórios dos vírus durante as epidemias Fora das epidemias diversos vertebrados podem servir como reservatórios, dentre eles roedores, pássaros e pequenos mamíferos CHIKUNGUNYA INFECÇÃO E FASES PERÍODO DE INCUBAÇÃO: Intrínseco => ocorre no ser humano, em média 3-7 (podendo variar de 1-12) O período de viremia – até 10 dias e geralmente inicia-se 2 dias antes da apresentação dos sintomas Extrínseco => ocorre no vetor, dura em média 10 dias Os mosquitos adquirem o vírus a partir de um hospedeiro viremico. Depois de um período de incubação extrínseca, o mosquito se torna capaz de transmitir o vírus a um hospedeiro suscetível, como o ser humano O mosquito permanece infectante até o final da sua vida (6-8 semanas) Cerca de 70% dos indivíduos infectados serão sintomáticos A doença confere imunidade permanente Possui baixa letalidade, normalmente ocorrem em casos de idades extremas ou em indivíduos com comorbidades FASE AGUDA: O período febril pode durar até o 10° dia do inicio dos sintomas, caracterizado por febre alta, de instação súbita, contínua ou intermitente, acompanhada de poliartralgia/artralgia, geralmente simétrica, comprometendo extremidades distais, com articulações edemaciadas e dolorosas Poliartralgia: 90% dos pacientes, grandes e pequenas articulações 50% desenvolve exantema maculopapular 25% refere prurido Pode ocorrer: fotossensibilidades, lesões simulando eritema nodoso, hiperpigmentação, dermatite esfoliativa e GRUPOS DE RISCO • Gestantes • Maiores de 65 anos • Menores de 2 anos (neonatos considerar critério de internação) • Pacientes com comorbidades SINAIS DE GRAVIDADE E CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO: • Acometimento neurológico • Sinais de choque: extremidades frias, cianose, tontura, hipotensão, enchimento capilar lento ou instabilidade hemodinâmica • Dispneia • Dor torácica • Vômitos persistentes • Neonatos • Descompensação de doença de base • Sangramento de mucosas lesões vesicobolhosas (principalmente em RN) FASE SUBAGUDA: Algumas pessoas poderão evoluir com manutenção das dores articulares por até 3 meses Os pacientes apresentam persistência ou agravação das dores articulares, podendo desenvolver tenossinovite hipertrófica subaguda em punhos e tornozelos Pode haver recidiva da febre Pode aparecer astenia, prurido generalizado, exantema maculopapular, lesões purpúricas, vesiculares ou bolhosas Algumas pacientes podem evoluir com doença vascular periférica, depressão e fadiga FASE CRÔNICA: Quando ocorre manutenção dos sintomas, podendo perdurar até 2,5-3 anos após o início do quadro 50% dos pacientes desenvolve Sintoma mais comum: manutenção das dores articulares, caracterizado por limitação de movimentos, edema articular Pode ocorrer Artropatia destrutiva semelhante à artrite psoriática ou reumatoide Outras manifestações: fadiga, cefaleia, prurido, alopecia, exantema, bursite, tenossinovite, fenômeno de Raynaud, distúrbios do sono, depressão... Essa fase pode durar até 3 anos CHIKUNGUNYA DIAGNÓSTICO Exames laboratoriais: 1. Isolamento do vírus 2. Reação em cadeia polimerase (PCR) 3. Sorologia IgM/IgG Padrão ouro: PRNT (teste de neutralização por redução de placas – teste de anticorpos) Escala analógica visual (EVA) CHIKUNGUNYA TRATAMENTO Até o momento não há antiviral especifico para Chikungunya Suporte sintomático + hidratação + repouso EXANTEMA: CASO SUSPEITO: Paciente com febre de início súbito (>38,5°C) e artralgia ou artrite intensa de início agudo, sendo residente ou tendo visitado áreas endêmicas/epidêmicas até 2 semanas antes, ou que tenha vínculo com caso confirmado CASO CONFIRMADO: Todo caso suspeito com qualquer um dos exames laboratoriais POSITIVO: isolamento viral, PCR, presença de IgM Ou aumento de 4x o título de IgG demonstrando soroconversão entre amostras nas fases aguda e convalescente preferencialmente de 15-45 dias após início dos sintomas ou 10-14 dias após a coleta Ou detecção de anticorpos neutralizantes por meio do PRNT em única amostra Utilização de compressas frias nas articulações acometidas (4 em 4h por 20min) Medicamentos utilizados para os sintomas: paracetamol e dipirona (fase aguda), codeína ou tramadol (fase subaguda) Não utilizar AINH na fase aguda, há risco de complicações para as formas graves (hemorragia e insuficiência renal) Não utilizar corticoide na fase aguda, devido ao risco de complicações Uso de corticoides: Apenas nos casos de dor articular subaguda e crônica não responsiva a AINE e analgésicos, em pacientes com dor moderada a intensa, poliarticular, debilitante Medicação padrão para uso oral: prednisona Na ausência de resposta por no máximo 21 dias: considerar associação de opioides CHIKUNGUNYA Vigilância em saúde Todo caso suspeito – notificar ao serviço de vigilância epidemiológica Controle de vetores e eliminação dos criadouros de mosquitos A comunidade deve ser informada sobre a possibilidade de epidemia Arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti Importante causa de morbidade e mortalidade no mundo nas últimas décadas Identificação precoce => tomada de decisões e manejo clinico oportuno Favorecida por condições climáticas (vetor) Problema de saúde pública Existem 4 sorotipos Cerca de 3-15 dias após a picada pelo mosquito da dengue começam os sintomas: • Febre • Calafrios • Dor retro orbitária ao movimento dos olhos • Dor dorsal e lombar • Prostração acentuada • Dor extrema nas pernas e articulações (primeiras horas) O mosquito infectado é capaz de transmitir até o final da sua vida (30 dias). Período de incubação médio de 7 dias Casos suspeitos: notificar Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa): Instrumento para controle do vetor e da dengue, zika e chikungunya. Identifica os bairros onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito, bem como o tipo de criadouro predominante e faz o planejamento das ações de combate e controle do mosquito SINAIS DE ALARME: • Dor abdominal intensa e contínua • Vômitos persistentes • Hipotensão postural e/ou lipotimia • Hepatomegalia dolorosa • Sangramento de mucosas • Hemorragias importantes (hematêmese ou melena) • Sonolência ou irritabilidade • Diminuição da diurese • Hipotermia • Aumento repentino de hematócrito • Queda abrupta de plaquetas • Desconforto respiratório SINAIS DE CHOQUE: • Hipotensão arterial • Pressão arterial convergente (PA diferencial < ou = 20mmHg) • Choque • Pulso rápido e fino • Enchimento capilar > 2s DENGUE Febre hemorrágica A febre hemorrágica da dengue (FHD) com a síndrome de choque da dengue ocorre principalmente nas crianças com < 10 anos de idade que vivem onde a doença é endêmica Requer exposição prévia ao vírus da dengue É uma doença imunopatológica: complexos imunes dos anticorpos do vírus da dengue desencadeiam a liberação dos mediadores vasoativos pelos macrófagos Os mediadores aumentam a permeabilidadevascular, provocando derrame vascular, manifestações hemorrágicas, hemoconcentração e derrames serosos, que provocam o colapso circulatório (síndrome do choque da dengue) Detectada no Brasil em 2015 Doença febril autolimitada (sintomas por 3-6 dias) Sintomas mais comuns: febre baixa (37,8°C- 38,5°C), conjuntivite não purulenta, cefaleia, artralgia (normalmente mãos e pés, em alguns casos com inflamação das articulações), fadiga ou mialgia, astenia, rash maculopapular e, com menos frequência, dor retroorbital, anorexia, vômitos, diarreia, dor abdominal e aftas A astenia pós infecção é frwuente, desaparece em até 7 dias 18%: sintomas clássicos descritos, restante: oligosintomáticos ou assintomáticos ZIKA Diagnóstico DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR): mais utilizado (realizado pelos laboratórios de referência do SUS) Sorologias IgM e IgG ZIKA tratamento tratamento dos sintomáticos não prescrever anti-inflamatórios Anti-histamínicos se prurido intenso ZIKA Gestante com exantema Deve ser acompanhada no pré natal de baixo risco, a infecção pelo Zika não é condição para encaminhamento ao pré natal de alto risco Carga emocional do diagnostico => suporte multiprofissional Informar que a infecção não é sinônimo de microcefalia no bebê CASO SUSPEITO DE MICROCEFALIA: US obstétrico: feto com circunferência craniana (CC) aferida menor que dois desvios padrões (< 2 dp) abaixo da média para a idade gestacional, ou com alteração no sistema nervoso central (SNC) sugestiva de infecção congênita CASO CONFIRMADO DE MICROCEFALIA: US obstétrico: feto com alterações no SNC características de infecção congênita identificada por ultrassonografia E relato de exantema na mãe durante gestação E excluídas outras possíveis causas, infecciosas e não infecciosas Ou feto com microcefalia identificada por US, apresentando alterações no SNC e características de infecção congênita E relato de exantema na mãe durante gestação E excluídas as outras possíveis causas, infecciosas e não infecciosas *A confirmação da infecção ou a presença de microcefalia não indicam cesariana ZIKA microcefalia Possíveis casos de microcefalia: PC abaixo de 32 cm para o RN a termo e abaixo do percentil 3 da curva de Fenton para o RN com idade gestacional menor que 37 semanas A microcefalia congênita pode ter múltiplas causas (infecções, exposições a drogas licitas ou ilícitas e a radiações...) Pode estar associada a alterações motoras e/ou cognitivas de graus variáveis, a depender do acometimento cerebral Geralmente observa-se atraso no DNPM, com prejuízo motor e cognitivo (90% dos casos). Também pode comprometer funções sensitivas (audição e visão) Diagnóstico: avaliação clínica (anamnese, EF, aferição do PC) e realização de exames complementares quando necessário Não há tratamento para a microcefalia, nem para a infecção pelo Zika As disfunções são dependentes da severidade, dos sinais clínicos e sistemas comprometidos, não há prognóstico único Condutas terapêuticas: Cuidado da criança e da família e puericultura regularmente Atenção para detecção de possíveis alterações no DNPM Crianças diagnosticadas entre 0 e 3 anos de idade => deverão ser referenciadas para programas de estimulação precoce em serviço de reabilitação ou em ambulatório de seguimento de recém- nascido de risco Apoio psicossocial => comunicação de notícias difíceis (Protocolo SPIKES) CASO CONFIRMADO DE ABORTO ESPONTÂNEO RELACIONADO AO ZIKA: Aborto espontâneo de gestante com relato de exantema durante a gestação, sem outras causas identificadas, com identificação do vírus Zika em tecido fetal/ embrionário ou na mãe. ESTIMULAÇÃO PRECOCE: conjunto de atividades incentivadoras destinadas a proporcionar experiencias significativas nos primeiros anos de vida da criança, visando alcançar pleno desenvolvimento no seu processo evolutivo Centro de Operações e Emergência em Saúde Pública para as arboviroses (COE Arbo): O COE é uma estrutura organizacional que tem por objetivo reduzir a ocorrência de óbitos por arboviroses (dengue, zika, chikungunya e febre amarela) quando comparado a epidemias anteriores Tabelas importantes:
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