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Oxiurose (Enterobiose)

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Parasitologia 
Letícia Iglesias Jejesky 
Med 106 
 
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Oxiurose (Enterobiose) 
Causada pelo Enterobius vermicularis, um 
parasito que se aloja no intestino grosso apenas 
de seres humanos. É uma antroponose (doença 
exclusivamente humana). 
 
Classificação taxonômica 
Filo: Nematoda (vermes cilíndricos, corpos sem 
segmentação e de tubo digestivo completo, a maioria 
dos nematodas tem ciclo monoxênico, dando uma 
capacidade de infecção e “espalhamento” muito 
grande) 
Classe: Secermentea 
Ordem: Ascaridida 
Família: Oxyuridae 
Espécie: Enterobius vermicularis 
 
Enterobius vermicularis 
 Agente etiológico da enterobiose (também 
conhecida como oxiurose ou oxiuríase). 
 Conhecido como “oxiúros” – é “apelido” do 
verme 
 Distribuição geográfica mundial 
 Maior incidência em clima temperado – 
em períodos de inferno em países de clima 
temperado há aglomeração e as pessoas 
ficam mais em casa, o que facilita a 
transmissão. No Brasil, a maior quantidade de 
casos ocorre no sul do país, mas não é 
impossível de acontecer em outras regiões. 
 Faixa etária: 5 a 15 anos – normalmente as 
crianças ingressam nas escolas e passam a 
ter contato com ambientes coletivos, 
favorecendo a transmissão. 
 
Morfologia 
 Dimorfismo sexual – isso significa que 
machos e fêmeas são diferentes entre si. 
 As fêmeas são maiores (1cm de 
comprimento), apresentam região 
posterior do corpo afilada, 
possuem estruturas chamadas de 
“expansões ou asas 
laterais/cervicais/cefálicas” que 
funcionam como órgãos de fixação 
no intestino grosso do hospedeiro. 
 O macho possui a região posterior 
do corpo também afilada, mas é 
espiralada com cauda mais curta; 
além disso, ele é menor (0,5cm de 
comprimento). 
 O ovo possui formato irregular 
(formato de D) e quando é 
eliminado do corpo da fêmea, 4 até 
6 horas depois vai conter no seu 
interior uma larva, que vai ser 
infectante. É muito duradouro no 
ambiente, auxiliando na garantia 
da transmissibilidade da doença. 
 Cor branca – permite identificação dos 
vermes, principalmente quando o 
indivíduo está com carga parasitária alta. 
 Filiforme 
 Asas cefálicas (expansões cervicais) – 
garantem a fixação do verme ao intestino 
do hospedeiro. 
 
Habitat 
 Machos e fêmeas: ceco e apêndice 
 Fêmeas com ovos: região perianal – 
gerando prurido anal; ao se coçar, o 
hospedeiro fica com a mão cheia de ovos, que 
poderão se dispersar no ambiente. 
 
As fêmeas vivem mais que os machos; quando os 
machos viram adultos no intestino grosso 
humano, realizam a cópula e logo depois morrem. 
As fêmeas permanecem mais tempo no 
organismo do hospedeiro, até que iniciam um 
processo migratório do lúmen do intestino grosso 
em direção ao reto e chegando até a região 
perianal. 
 
Resumo: se fixam no intestino grosso  macho 
copula com a fêmea  macho morre e fêmea se 
nutre  fêmea inicia ciclo migratório até chegar 
na região perianal do hospedeiro de onde ela 
elimina seus ovos. 
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Letícia Iglesias Jejesky 
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Ciclo Biológico 
 Monoxênico – apenas um hospedeiro, que 
exclusivamente é o ser humano. 
 Período pré-patente (anterior ao 
surgimento dos sintomas): 1 a 2 meses 
 
Ovos são eliminados pela fêmea na região 
perianal e se dispersam pelo ambiente  no 
interior do ovo 4 até 6 horas depois de ele ser 
eliminado a larva infectante está pronta  o ovo 
é ingerido pelo indivíduo  eclosão da larva no 
intestino delgado  movimentos migratórios da 
larva, com a ajuda da peristalse, a larva chega até 
o intestino grosso e se desenvolve  machos e 
fêmeas passam um período no intestino grosso 
se nutrindo  copulam  machos morrem e 
fêmeas iniciam ciclo migratório até a região 
perianal, de onde eliminam os ovos do verme. 
 
 
 
Transmissão 
 Heteroinfecção – quando os órgãos 
eliminados do organismo de um indivíduo 
atingem o ambiente e serão ingeridos por 
outro indivíduo. 
 Autoinfecção indireta – indivíduo 
parasitado libera ovos que retornam 
através da via oral para esse indivíduo. 
É indireta pois os ovos passaram pelo 
ambiente antes de retornaram para o 
indivíduo; os ovos podem passar pelo 
ambiente de algumas formas: através de 
alimentos, mãos contaminadas, utensílios 
(brinquedos, chupetas, etc). 
 Autoinfecção direta externa – ocorre com 
frequência pois quando o indivíduo coça a 
região perianal, ele contamina as suas 
mãos; levando as mãos à boca acontece a 
autoinfecção. 
É direta pois os ovos não saíram do corpo do 
hospedeiro, eles apenas mudaram de posição 
(da região perianal para a mão). 
 Autoinfecção direta interna – quando as 
fêmeas grávidas se rompem ainda dentro 
do intestino grosso e liberam os ovos no 
lúmen; 4 até 6 horas depois as larvas 
infectantes estão prontas, são eclodidas e 
se fixam na parede do intestino para 
originar os vermes adultos. 
 Retroinfecção – ovos que ficam retidos na 
região perianal (má higienização) e desses 
ovos eclodem as larvas, que poderão 
retornar ao organismo pelo ânus e realizar 
o movimento migratório até as porções do 
ceco, para dar origem aos vermes adultos. 
Nas mulheres, as larvas podem adentrar o canal 
vaginal e atingir útero e ovários; determinando a 
possibilidade de uma doença mais grave (nesse 
caso, é chamado de retroinfecção ectópica). 
 
Patogenia 
 Ação mecânica (se tiver muitos vermes, essa 
ação pode ser obstrutiva, gerando até mesmo 
apendicite) e irritativa (o movimento da fêmea 
provoca ação irritativa): enterite catarral 
 Alteração mais frequente: prurido anal 
(sinal patognomônico) – mucosa congesta, 
com muco, perda de sono (movimento 
migratório acontece principalmente no período 
noturno) e nervosismo 
 Infecção na vagina, útero e ovários 
O hospedeiro não tem déficit nutricional pois esse 
verme é parasito de intestino grosso e não vai competir 
com nutrientes do hospedeiro. Eles se alimentam de 
células mortas e restos alimentares. 
 
Diagnóstico 
 Clínico 
 Laboratorial: Método de Graham 
O exame parasitológico de fezes não é o melhor 
método diagnóstico. Os ovos estão na região perianal, 
sendo assim, poucos ovos estarão misturados ao bolo 
fecal. 
 
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Epidemiologia 
 Maior prevalência em crianças em idade 
escolar 
 Transmissão: doméstica ou em ambientes 
coletivos 
 
Fatores predisponentes 
 Helminto exclusivamente de humanos 
 Fêmea elimina grande número de ovos 
 Ovos rapidamente se tornam infectantes 
 Infecção ocorre por vários mecanismos 
 Viabilidade do ovo 
 Hábito de sacudir a roupa de cama pela 
manhã: disseminação dos ovos 
 
Tratamento 
Albendazol, dose única (400 mg), por via oral, a 
repetir 2 semanas depois. 
Mebendazol, 100 mg duas vezes ao dia, durante 3 
dias. 
Pamoato de pirantel, dose única (10 mg/kg) por 
via oral, a repetir após 15 dias. 
Piperazina (50 mg/kg), tomar durante uma 
semana). 
Mais específico e igualmente eficiente é o 
pamoato de pirvínio (5 a 10 mg/kg em dose única, 
por via oral). 
 
O tratamento precisa ser repetido por conta dos 
riscos de autoinfecção e reinfecção. Os anti-
helmínticos são eficientes contra os adultos dos 
vermes, mas contra as larvas e os ovos eles 
podem ter baixa eficácia ou não ter eficácia 
alguma. Se a larva ainda estiver presente no 
lúmen do intestino, ela não será afetada pelo 
tratamento. Consequentemente, é preciso repetir 
o tratamento e é prudente tratar toda a família por 
conta da transmissão coletiva.

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