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Microbiologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 1 Introdução à microbiologia Sistemas de classificação: é o sistema que abrange todos os seres vivos. Classificação dos domínios: possui maior abrangência e utiliza o ribossomo como método de agrupamento, já que essa estrutura está presente em todos os organismos vivos, realizando síntese proteica. Existem três domínios: 1. Bactéria: domínio que inclui seres procariontes com capacidade de causar danos aos seres e vivem na água e no solo. 2. Archaea: archaebactérias sem potencial patogênico e estão presentes em ambientes extremos (extremófilas). 3. Eukarya: eucariontes, podem ser uni ou multicelulares como protozoários, algas, fungos, plantas e animais. Conceito! Agente infeccioso de caráter oportunista: alguns organismos que vivem na água e no solo e precisam de uma “oportunidade" favorável para desenvolver um processo infeccioso. Eles vivem tranquilamente no ambiente, mas possuem caráter oportunista, vez que no paciente ou em algum hospedeiro eles encontram características adequadas para desenvolver processo patogênico. Estrutura bacteriana Vamos compreender as estruturas de uma célula bacteriana de dentro para fora. Estruturas celulares internas Citoplasma: é simples, não contem organelas; possui ribossomos, inclusões (grânulos) e material genético que pode ser cromossômico ou extracromossômico. Ribossomos Livres no citoplasma ou associados a superfície interna da membrana plasmática. Síntese proteica por meio da tradução do RNAm. IMPORTANTE! A composição do ribossomo procariótico (bacteriano) é diferente da composição do ribossomo eucariótico. Os ribossomos são formados de duas subunidades, a partir da junção dessas subunidades é iniciada a tradução do RNAm. Nas bactérias a subunidade maior tem 50s e a menor tem 30s, quando elas se juntam gera o ribossomo 70s. Em células eucariontes, a subunidade maior é 60s e a menos tem 40s, ao se unirem geram um ribossomo 80s. Correlação clínica Antimicrobianos que inibem síntese proteica atuando nas subunidades do ribossomo bacteriano são um método de terapia direcionada, pois os ribossomos humanos não são afetados já que possuem uma composição diferente dos ribossomos bacterianos. Inclusões – grânulos São substâncias químicas que se acumulam no citoplasma; Reserva de energia: Grânulos metacromáticos – constituídos de polifosfato PHB – poli B hidroxibutirato e grânulos de glicogênio Reserva de C e fonte de energia As bactérias não fazem gasto enérgico desnecessário. Em ambientes ricos em nutrientes, elas vão estocar esses componentes no interior do seu citoplasma para reserva energética. Material cromossômico e extracromossômico A célula da bactéria não possui núcleo individualizado. Nucleoide: cromossomo único e circular – não envolto por membrana nuclear. O nucleoide é uma região específica onde o material cromossômico está alocado. Cromossômico: informação genética que é vital e essencial para a bactéria pois contem genes relacionados a manutenção da viabilidade da célula. Extracromossômico (plasmídeo): informações que favorecem a existência da célula bacteriana em determinados ambientes. Exemplo: genes de resistência a antimicrobianos. Membrana citoplasmática Não possui esteróis: menor rigidez; Quanto menos rígida, mais fluida a Microbiologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 2 membrana, o que favorece as trocas que acontecem a nível de membrana. Modelo mosaico fluido; Funções: Envolver o conteúdo celular; Sítio de diversas atividades enzimáticas (produção de energia, síntese proteica); Barreira osmótica (permeabilidade seletiva); Transporte. A membrana citoplasmática contém o centro metabólico da célula bacteriana e é onde estão localizados os diferentes canais, enzimas, proteínas, etc. O citoplasma da célula bacteriana é mais concentrado, então a pressão da membrana tende a ser maior, sendo necessária uma estrutura externa para proteger a membrana (que é a parede celular). Moléculas lipossolúveis conseguem atravessar a membrana por transporte passivo (difusão simples) e as moléculas hidrossolúveis passam por difusão facilitada. Normalmente, as substâncias que passam por transporte ativo são componentes tóxicos que se formam dos processos metabólicos. Estruturas celulares externas Parede celular, cápsula, fimbrias e flagelo. Parede celular É uma estrutura exclusiva de bactérias na seguinte composição: BASE – peptidoglicano ou mureína NAG (N-acetilglicosamina) NAM (Ácido N-acetilmurâmico) Cadeia de tetrapeptídeos O NAM e NAG são ligados entre si por ligações do tipo beta-1-4. Partindo de cada molécula de NAM existe uma cadeia de tetrapeptídeos. A união de todas essas ligações dá estabilidade para a estrutura da parede celular, essa composição é exclusiva de bactérias. Isso é importante pois pode ser usado como alvo terapêutico. Terapias que envolvem a inibição da formação da parede celular vão atuar nas três etapas do processo: translocações, transglicosilases e transpeptidases. Quando inibimos a formação da parede celular ou quando ela é produzida de forma defeituosa, a bactéria perde a sua estabilidade e suporte. Membrana externa: lipídeos, polissacarídeos e proteínas. Algumas bactérias possuem externamente a parede celular uma membrana externa. Parede celular e Gram+/- Gram + Possui de 25 a 40 camadas de peptideoglicanos, ou seja, há uma espessa camada de parede celular. Gram – Possui 3 a 5 camadas de peptideoglicanos, além de ter membrana externa composta por lipopolissacarídeos. Membrana externa: apenas as gram- possuem. Lipídeo A – endotoxina Core (centro) Microbiologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 3 Antígeno O – composição variável – estrutura antigênica A membrana externa é rica em LPS (lipopolissacarídeos), que é formado pelo lipídeo A, o core e o antígeno O. LPS = lipídeo A + core + antígeno O O lipídeo A é uma endotoxina, o que significa que se a bactéria está íntegra não há problema algum para o paciente que está passando por um processo infeccioso com essa bactéria. Exemplo: paciente com processo infeccioso por bactéria gram-, sendo assim, precisamos ter em mente a estrutura com membrana citoplasmática, parede celular delgada e membrana externa rica em LPS (com lipídeo A). O uso de um antimicrobiano que causa o rompimento da célula bactéria, promove a liberação do lipídeo A (uma endotoxina) na corrente sanguínea do paciente. Funções da parede celular Presente na maioria das bactérias Essencial para o crescimento e divisão da célula. 1884 Christian Gram: método de coloração de bactérias. Evidencia características MORFOTINTORIAIS. Primeiro componente: cristal violeta – vai corar a célula bacteriana em roxo; ele adentra a parede celular em bactérias gram - e +; após seu uso ambas estão roxas. Segundo componente: lugol (fixador que tem iodo) – ele vai se fixar e permitir que o corante se expanda e fique aderido na parede da célula bacteriana. Após lugol, as bactérias continuam roxas. Terceiro componente: álcool 100% (a partir dessa etapa iniciam-se as diferenças) – o álcool resseca as estruturas e algumas células ficam roxas e outras transparentes. Resumindo Gram +: ela tem muitas camadas e apenas as camadas superficiais são afetadas pelo álcool, o resto das camadas continuam roxas. Gram -: a membrana externa vai embora, a parede celular praticamente se perde e ela fica incolor. Após o álcool Gram + continua roxa Gram - fica incolor. Etapada do álcool é etapa diferencial. Quarto componente: fucsina – que é um corante vermelho que vai corar o que estava incolor. Ao final, gram + fica em roxo e o gram- fica em vermelho. Morfologia bacteriana Esférica: cocos Cilíndricas ou bastão: bacilos Espiraladas: espirilos ou espiroquetas A parede celular vai dar forma para a célula bacteriana. Apêndices celulares Apêndices das células bacterianas são estruturas que elas podem conter ou não, mas quando estão presentes, as bactérias possuem benefício. Microbiologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 4 Flagelos Longo filamento fino helicoidal com função de locomoção. Proteína FLAGELINA; Posição e número de flagelos utilizado para classificação taxonômica. Bactérias sem flagelos: atríqueas (sem projeção); Constituição: corpo basal (motor), gancho e filamento helicoidal. O motor está inserido na membrana citoplasmática (que é o centro metabólico fornecedor de energia). Classificados em: Petríqueos (flagelos ao longo de toda a célula) Polar (em um ou ambos os polos da célula): pode ser monotríqueo, lofotríqueo (vários filamentos) ou anfitríqueo (um filamento em cada extremidade). Movimento flagelar Por gerar gasto de energia, a bactéria só vai realizar o movimento flagelar em situações atrativas ou repelentes (algo nocivo) – uso de quimiotaxia. Filamentos axiais Feixes de fibrilas: origina-se nas extremidades das células; Estrutura semelhante ao flagelo; mas é mais limitado, permitindo movimentações apenas ao redor do próprio eixo. Fimbrias Estruturas filamentosas; Diferentemente dos flagelos não são helicoidais; Menores, mais retos e finos e mais numeroso que os flagelos. Natureza proteica: fibrilina. Função: adesina. Essa estrutura está relacionada mais com adesão. Fimbria e Pili Previne que as células bacterianas sejam retiradas do local pelo muco ou fluido corporais; São antigenicamente distintas. Pili sexual: envolvido na variabilidade genética bacteriana (conjugação) – relacionado com o compartilhamento de informação genética. Cápsula Funções: proteção e adesão Ligação às células do hospedeiro Dificultar a fagocitosse Resposta imune – o macrófago inicia o processo de fagocitose do agente estranho; se existe uma cápsula da bactéria formada por compostos mucopolissacarídeos, esse microrganismo não é reconhecido como agente nocivo pelo macrófago. Fonte de nutrientes Glicocálice Estrutura desorganizada e fracamente aderida à parede celular; Microbiologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 5 Funções: virulência, adesão, fonte de nutrientes; Esporos É uma estrutura de resistência ambiental, relacionado à fatores ambientais. Formas latentes para sobrevivência em condições desfavoráveis – dessecamento, calor, falta de nutrientes... Formas de repouso metabolicamente inativas – não ocorre crescimento; Condições ambientais apropriadas: células vegetativas se tornam metabolicamente ativas; Forma e localização na célula é variada; Clostridium e Bacillus; Para a bactéria produzir um esporo, ela precisa ter informação genética para isso. A formação de um esporo demora 6 horas e demanda muita energia. Etapas do processo: Duplicação do material genético; parte desse DNA vai para uma região específica da célula e começa a formar um septo. A membrana plasmática começa a individualizar esse DNA. Forma-se uma dupla membrana Entre a dupla membrana, é formada uma parede de peptideoglicano. São inseridos no endósporo componentes que conferem rigidez para essa estrutura, dando capacidade de resistência – concentração de água no citoplasma reduz em relação a célula vegetativa normal. Conceitos importantes! Assepsia: é o conjunto de medidas adotadas para impedir a introdução de agentes patogênicos em um ambiente. Antissepsia: é o conjunto de medidas que consiste na utilização de produtos degermantes/antissépticos (microbicidas ou microbiostáticos) sobre a pele ou mucosa com o objetivo de reduzir os microrganismo em sua superfície Esterilização: processo que promove completa eliminação ou destruição de todas as formas de microrganismos presentes: vírus, bactérias, fungos, protozoários, esporos, para um aceitável nível de segurança; o processo de esterilização pode ser físico, químico, físico- químico. Desinfecção: capaz de eliminar muitos ou todos os microorganismos patogênicos, com exceção dos esporos; o processo de desinfecção pode ser afetado por diferentes fatores: limpeza prévia do material, período de exposição ao germicida, concentração da solução germicida, temperatura e o pH do processo de desinfecção
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