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Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ESTRUTURA BACTERIANA A microbiologia é a ciência que estuda os organismos microscópicos: vírus, bactérias, protozoários e fungos. ➢ Sistemas de classi�icação: abrange todos os seres vivos. Atualmente os domínios são o tipo de classi�icação que possuem maior abrangência, levando em consideração para fazer o agrupamento, o ribossomo, que está presente em todos os seres realizando síntese proteica. ■ As bactérias estão presentes nos domínios Bactéria, que possuem potencial para causar danos aos seres, e Archaea, que não possuem potencial patogênico e estão presentes apenas em ambientes extremos. ■ Domínio Eukarya: eucariontes, organismos unicelulares e multicelulares como protozoários, algas, fungos, plantas e animais. ■ Domínio Bacteria: procariontes, incluem bactérias que causam doenças ao homem e aquelas que vivem em água e solo ➢ Procariotos X Eucariotos ■ Rosa: célula animal ■ Verde: célula vegetal ■ Azul: célula bacteriana ■ As células eucariontes estão presentes nos animais ■ Ao compararmos os 3 modelos, percebemos que a procarionte não possui organelas celulares e núcleo. ➢ Dimensão X Metabolismo ■ Embora a célula bacteriana seja aparentemente simples por não ter muitas organelas, ela pode ser bastante complexa também ■ Mesmo sendo pequena, ela consegue desempenhar papel metabólico para realizar todas suas funções tão bem ao ponto de causar processos patológicos nos seres vivos ➢ Estruturas celulares internas ■ Citoplasma: é simples quanto a presença de componentes. Possui ribossomos, inclusões e material cromossômico e extracromossômico. ● Ribossomos: presente em todos os organismos, �icam livres no citoplasma ou associados à super�ície interna da membrana plasmática. São responsáveis por realizar síntese proteica (traduzem o RNA mensageiro, formando proteína Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ou enzima). Eles são formados por 2 unidades que ao se juntarem dão início à tradução do RNA. ○ Ribossomo bacteriano: a subunidade maior possui 50s e a menor 30s. Esse s é referente a um coe�iciente de sedimentação quando estão em ambiente livre. Ao se juntarem, dão a característica 70s para esse ribossomo. Existem microbianos que possuem terapia seletiva pois são especí�icos para afetarem estruturas com ribossomos do tipo 70s, inibindo sua síntese protéica. ○ Ribossomo eucariótico: a subunidade maior tem 60s e a menor 40s. A junção delas formará um com 80s. ● Inclusões: grânulos ○ São substâncias químicas que se acumulam no citoplasma ○ Fazem reserva de energia ⇨ Grânulos metacromáticos: constituídos de polifosfato, que ao se quebrarem liberam o fosfato, muito importante para o metabolismo bacteriano. ⇨ PHB - poli B hidroxibutirato e grânulos de glicogênio. ⇨ Reserva de Carbono e fonte de energia ● Material cromossômico e extracromossômico ○ Não possui núcleo individualizado ○ Nucleóide: é a região que o cromossomo �ica alocado, cromossomo único e circular - não envolto por membrana nuclear ○ O cromossomo bacteriano contém as informações genéticas para ela executar suas funções ○ Plasmídeo bacteriano é o material extracromossômico, que carreia informações adicionais que não são essenciais ao metabolismo, mas favorecem bastante a vida da bactéria. Por ex: informação para resistência ao antimicrobiano, a desinfetantes, fatores de virulência. ■ Membrana citoplasmática ● Contém o centro metabólico ativo da bactéria: proteínas, sítio, enzimas etc que permitem a bactéria produzir materiais importantes para sua sobrevivência ● Não possui esteróis: esse fator lhe menor rigidez ● Possui o modelo mosaico �luido, o qual permite que os diferentes componentes alocados na membrana trabalhem de forma favorecida ● Composta por uma bicamada fosfolipídica: ácidos graxos e glicerol. Essa estrutura lhe confere Anna Beatriz de Moraes - MED 104 um caráter an�ipático: hidro�ílica voltada para o parte externa e para o citoplasma; hidrofóbica no meio da membrana. ● Moléculas lipossolúveis conseguem atravessar a membrana por transporte passivo do tipo difusão simples. Já as moléculas hidrossolúveis precisam passar por uma proteína, no processo chamado difusão facilitada. ● Normalmente, as substâncias que passam por transporte ativo são componentes tóxicos que se formam com o acontecimento dos processos metabólicos. ● Funções: ○ Envolver o conteúdo celular; ○ Sítio de diversas atividades enzimáticas (produção de energia, síntese de proteína) ○ Barreira osmótica (permeabilidade seletiva) ○ Transporte de componentes importantes ➢ Estruturas celulares externas: parede celular, �lagelos, cápsula e �ímbrias ■ Parede celular ● Localizada adjacente à membrana plasmática ● Essa composição de parede celular é uma estrutura exclusiva de bactérias ● Sua base é formada por um peptidoglicano ou mureína: NAG (N-acetilglicosamina) ou NAM (Ácido N-acetilmurâmico) se ligam entre si por ligações do tipo beta-1-4. De cada molécula de NAM irá partir uma cadeia de tetrapeptídeos: L-alanina, D-glutamina, L-lisina (DAP) e D-alanina. As cadeias de tetrapeptídeos também vão se ligar entre si. Todas essas moléculas unidas conferem estabilidade à parede celular bacteriana. ● Existem antimicrobianos que agem nessas estruturas, destruindo a parede celular da bactéria, sendo assim uma terapia seletiva que afeta apenas as bactérias ● Algumas bactérias também irão possuir uma membrana externa à parede celular, constituída de: lipídios, polissacarídeos e proteínas ● Funções da parede celular ○ Está presente na maioria das bactérias. Exceção: micoplasmas e algumas Archaea ○ Estrutura rígida que dá forma à célula ○ Previne contra a expansão/rompimento ○ Envolve a membrana plasmática ○ Ponto de ancoragem para �lagelos e estruturas antigênicas ○ Essencial para o crescimento e divisão da célula: toda vez que a bactéria se divide, a parede celular precisa duplicar para também dividir-se. ● Em azul no meio temos a membrana plasmática, e externamente a parede celular formada por NAG, NAM e a cadeia de tetrapeptídeos. Para a parede celular se formar, os seus componentes primeiramente precisam ser produzidos. ● Essa produção ocorre em 3 domínios: começa dentro do citoplasma, são transportados por meio da membrana plasmática, sofrendo alterações ao Anna Beatriz de Moraes - MED 104 passar por ela, e posteriormente são ejetados e unidos para serem inseridos na parede celular. ● Alguns medicamentos possuem mecanismos que podem inibir os processos que ocorrem nesses 3 domínios diferentes, que são chamados de: translocações, transglicosilases e transpeptidases ● Quando a parede celular não se forma adequadamente, todas as suas funções serão prejudicadas: a bactéria sofre lise mais facilmente, a passagem osmótica também se altera, dentre outros fatores. ● Podemos classi�icar as bactérias por meio de sua parede celular em 2 grandes grupos: Gram + e Gram -. As diferenças entre elas são: ○ Número de camadas na parede celular: as gram+ possui entre 25 a 45 camadas de peptideoglicanos (NAM e NAG) ligadas entre si pela cadeia de tetrapeptídeos ○ As gram - possui apenas de 3 a 5 camadas de peptideoglicanos, e externamente a essa camada, elas possuem a membrana externa rica em lipopolissacarídeo . Essa membrana torna o meio interno da bactéria ainda mais seletivo, pois é mais uma camada que a substância precisa atravessar. ○ Na imagem ao lado, vemos a estrutura de uma bactéria gram negativa. Possui a membrana plasmática, com suas proteínas transmembranas, a delgada camada de mureína (peptideoglicano), espaço periplasmático, membrana externa, e por último a camada de LPS (lipopolissacarídeos). ○ A camada de LPS é constituída de 3 camadas: lipídio A (de rosa, bem aderida À membrana externa); core/centro (o retângulo em azul, que liga as duas extremidades do LPS); antígeno O (sua composição é variável quanto à estrutura antigênica, cada bactéria pode apresentar uma sequência de aminoácido diferente). O lipídeo A possui uma ação de endotoxina, ou seja, uma toxina interna. Se a bactéria está íntegra,esse lipídeo A não possui in�luência em nada; porém quando utilizamos microbianos que induzem lise na parede celular da bactéria, essa toxina irá cair na corrente sanguínea do paciente, piorando o quadro de infecção. ● Christian Gram: em 1884, ele desenvolveu o método de coloração de bactérias. Esse método evidencia características morfotintoriais (morfológica e tintorial) ○ Cristal violeta: primeiro componente, cora a bactéria em roxo ○ Lugol: segunda etapa, se �ixa no corante e permite que ele se expanda e �ique aderido à parede celular Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ○ Álcool 100%: terceira etapa, lavamos o preparo com álcool. Nesse momento, algumas �icaram transparentes e outras continuaram roxas. Isso acontece devido à desidratação que o álcool provoca no peptideoglicano: as gram positivas possuem de 25 a 45 camadas, portanto apenas sua camada mais super�icial perde a coloração; já as gram negativas possuem apenas de 3 a 5 camadas, sendo assim todas elas desidratam e perdem a coloração que tinha sido instaurada pelo cristal violeta e �ixada pelo lugol. ○ Fucsina: última etapa, é um corante vermelho. Sendo assim, irá corar apenas as estruturas que anteriormente estavam transparentes; as violetas não se coram com a fucsina. ○ Sendo assim, estabeleceu-se que as bactérias que se coram de roxo são as gram positivas, e as de rosa são gram negativas. ○ Partindo do centro da imagem, pegamos uma estrutura corada em roxo e percebemos que sua estrutura é mais esférica. Ampliando ela, observamos a membrana citoplasmática e a espessa parede de peptideoglicano. Ao selecionar uma estrutura corada em rosa, percebemos que ela é mais alongada; ampliando sua imagem vemos a camada de peptideoglicano bem delgada e a espessa membrana externa, com sua camada de LPS. ➢ MORFOLOGIA BACTERIANA ■ Esférica: cocos ● Diplococos: cocos em pares ● Cadeia: os cocos se unem em forma de cordão ● Cacho: muitos cocos unidos Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ■ Cilíndricas ou bastão: bacilos ● Cocobacilos: nem tão cilíndrico, nem tão esférico ● Bacilos: apenas um, totalmente esférico ● Diplobacilos: bacilos em pares ● Paliçadas: bacilos unidos verticalmente ● Estreptobacilos: bacilos unidos horizontalmente, como se fosse um cordão ● Vibrio: bacilo em forma de vírgula ■ Espiraladas: espirilos e espiroquetas. Possuem forma helicoidal com uma ou mais curvatura ao longo do seu eixo. ● Espiroquetas: forma de espiral �lexível. Ex: Borrelia, Leptospira ● Espirilos: formofolgia de espiral incompleta e rígida. Ex: Spirillum ■ Utilizamos a morfologia e a coloração com direcionamento e assim diagnosticar a bactéria que está causando tal infecção. ➢ FLAGELOS ■ Longo �ilamento �ino helicoidal ■ Função: locomoção da bactéria ■ Formados pela proteína �lagelina ■ A posição e o número de �lagelos utilizados são importantes para classi�icação taxonômica e para dar o diagnóstico do processo infeccioso ■ Constituição do �lagelo: corpo basal (motor), gancho (porção do meio) e �ilamento helicoidal (a parte que sofre o movimento) ■ Tendo em vista que a bactéria gasta energia para se movimentar, os �lagelos devem estar acoplados em uma parte da célula que há produção de energia. Esse lugar é a membrana citoplasmática, componente metabólico da bactéria. ■ Bactérias sem �lagelos são chamadas de atríqueas Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ■ Bactérias que possuem �lagelos são classi�icadas em: ● Peritríqueos: possuem �lagelo ao longo de toda a célula ● Polar: possui �lagelos apenas em um ou ambos os polos da célula ○ Monotríqueo: possui apenas um �ilamento ○ Lofotríquea: possui vários �ilamentos ○ An�itriqueo: um �ilamento em cada extremidade da célula ■ Movimento �lagelar ● Polar reversível: quando gira no sentido anti-horário, a célula vai pra frente; quando gira no sentido horário, vai para trás ● Polar unidirecional: só rotaciona em um sentido. ■ As bactérias se movimentam em busca de um componente atrativo (quimiotaxia) ou por um componente repelente que faz ela mudar de ambiente. ■ Filamentos axiais: estrutura semelhante ao �lagelo, permitem movimentação limitada, apenas em volta do próprio eixo da célula bacteriana. Eles se originam nas extremidades das células. Comum nas espiroquetas: Treponema pallidum e Borrelia burgdorferi ➢ FÍMBRIAS ■ Estrutura �ilamentosa ■ Diferentemente dos �lagelos, não são helicoidais ■ São menores, mais retos, �inos e mais numerosos que os �lagelos ■ Estão relacionadas com adesão celular (adesinas) ■ São de natureza proteica: �ibrilina ■ Fimbria e Pili ● Previne que as células bacterianas sejam retiradas do local pelo muco ou �luidos corporais ● São antigenicamente distintas ● Pili sexual: envolvido na variabilidade genética bacteriana (na conjugação, que é como as bactérias se reproduzem). Ocorre principalmente nos plasmídeos. É muito importante na disseminação da resistência bacteriana. ➢ CÁPSULA ■ Funções: proteção e adesão (por meio do mucopolissacarídeo presente na cápsula) ● Ligação às células do hospedeiro ● Di�iculta a fagocitose: como ela é constituída de mucopolissacarídeo, o macrófago (primeira linha de defesa) não o reconhece imediatamente como uma estrutura ofensiva ● Fonte de nutrientes pois é composta de mucopolissacarídeo e também faz retenção de água ■ Na imagem, a cápsula corresponde a essa área mais clara envolvida da célula que está marcada de preto. Ela �ica assim pois não se cora no processo de coloração. ➢ GLICOCÁLICE ■ Estrutura desorganizada e fracamente aderida à parede celular ■ Semelhante à cápsula ■ Funções: virulência (protege contra a ação do sistema imune), adesão e fonte de nutrientes Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ➢ ESPOROS ■ Formas latentes para sobrevivência em condições desfavoráveis - dessecamento, calor, falta de nutrientes ■ Formas de repouso metabolicamente inativas: não ocorre crescimento enquanto as condições ambientais não forem variáveis ■ Condições ambientais apropriadas: células vegetativas se tornam metabolicamente ativas ■ Forma e localização na célula é variada ■ Clostridium e Bacillus: são dois gêneros bacilos gram positivos e ambientais (amplamente disseminados no ambiente). Toda bactéria ambiental é resistente a condições desfavoráveis. Esses dois gêneros produzem os esporos. ■ Endósporo: quando o esporo está dentro da célula bacteriana ■ Endósporo subterminal: ainda está dentro da célula, mas na parte terminal ■ Endósporos centrais: quando está no centro da bactéria
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