Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 1 Ausculta Cardíaca Fisiológica Ciclo cardíaco Para compreensão do ciclo cardíaco, vamos partir da fase da diástole. A diástole é o período de enchimento do coração, ela acontece após a sístole e, por isso, a valva aórtica e a valva pulmonar encontram-se fechadas. Após o ventrículo contrair, começa seu período de relaxamento. Contudo, mesmo que o ventrículo esteja relaxando ele não se enche de sangue de imediato, isso acontece porque a pressão dentro do ventrículo ainda está muito alta e a pressão dentro do átrio é muito baixa – ou seja, não é possível, por diferença de pressão, abrir as valvas mitral e tricúspide e esvaziar o sangue que está no átrio dentro do ventrículo. Fase 1 da diástole: Relaxamento isovolumétrico Nesse momento, a fase já é a diástole, o ventrículo já está relaxando, valvas mitral e tricúspide estão fechadas e não há mudança de volume que está dentro do ventrículo (a diferença de pressão não permite que o sangue do átrio vá para o ventrículo). O VENTRÍCULO ESTÁ RELAXANDO, MAS NÃO ESTÁ SE ENCHENDO DE SANGUE! O átrio está cheio de volume de sangue (mais ou menos 100ml) – esse sangue não entra no ventrículo porque não há gradiente de pressão predisposto para fazer com que esse volume desça para o ventrículo. Fase 2 da diástole: Enchimento rápido A partir do momento que a pressão do ventrículo cai intensamente, acontece a abertura das valvas mitral e tricúspide, permitindo que o volume que está dentro do átrio adentre o ventrículo. Com isso, começa a fase de enchimento propriamente dita. Dos 100ml que estão no átrio, cerca de 70ml descem para o ventrículo. Esse momento é conhecido como fase de enchimento rápido, em que grande parte do volume sai do átrio para o ventrículo. O ENCHIMENTO RÁPIDO COLABORA COM CERCA DE 70% DO ENCHIMENTO VENTRICULAR. Fase 3 da diástole: Enchimento lento Após isso, o átrio ainda tem aproximadamente 30 ml de sangue, enquanto o ventrículo está com 70 ml. O ventrículo está parcialmente cheio, o que significa que a pressão dentro dessa câmara cardíaca subiu, esse aumento de pressão faz com que as pressões do átrio e do ventrículo fiquem praticamente iguais. Consequente, nesse momento não há descida de volume, justamente pela pressão praticamente iguais ou com pouca diferença entre átrio e ventrículo. Essa baixa diferença de pressão faz com que uma pequena quantidade de volume desça do átrio para os ventrículos (cerca de 1 ou 2ml). Esse momento é conhecido como fase de enchimento lento, onde uma pequena quantidade de volume desce do átrio para dentro do ventrículo. Fase 4 da diástole: Contração atrial No fim das contas, o átrio está parcialmente cheio, assim como o ventrículo, mas não é possível fazer com que o volume que está dentro do átrio vá para o ventrículo por conta das pressões quase iguais (o sangue não pode ficar represado no átrio, senão isso pode congestionar as veias pulmonares e o pulmão). Essa situação é resolvida com a contração atrial, que joga todo o volume restante de sangue para dentro do ventrículo (quase 30ml). Fim da diástole Com a contração do átrio e seu esvaziamento, acontece o aumento de volume e de pressão dentro do ventrículo e a queda de volume e de pressão no átrio. Por diferença de pressão, as valvas mitral e tricúspide se fecham. A DIÁSTOLE ENCERRA COM O FECHAMENTO DAS VALVAS MITRAL E TRICÚSPIDE. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 2 Primeira bulha (B1) É o evento sonoro causado pelo fechamento das valvas mitral e tricúspide. SOM DE B1 = FECHAMENTO DAS VALVAS MITRAL E TRICÚSPIDE = FIM DA DIÁSTOLE E INÍCIO DA SÍSTOLE Sístole O ventrículo está completamente cheio de sangue e agora inicia-se a fase de ejeção, ou seja, a sístole. As valvas mitral e tricúspide estão fechadas, assim como as valvas aórtica e pulmonar. O ventrículo começa a contrair, mas a pressão que existe dentro das artérias aorta e pulmonar é contrária à abertura da valva aórtica e pulmonar. Ou seja, as valvas aórtica e pulmonar para se abrirem, a pressão no ventrículo precisa ser maior (se a pressão dentro das artérias aorta e pulmonar for X, a pressão dentro do ventrículo precisa ser X+1). É necessário aumentar a pressão sucessivamente para chegar em uma potência de pressão maior do que a pressão que existe dentro das artérias aorta e pulmonar, só assim acontecerá a ejeção de sangue que está dentro do ventrículo para dentro desses vasos. Fase 1 da sístole: Contração isovolumétrica Enquanto a pressão do ventrículo não fica efetivamente maior que a pressão dessas artérias, o ventrículo contrai e segue aumentando a sua força sucessivamente, até conseguir vencer a força contrária. No momento em que o ventrículo já está contraindo e que ainda não é possível realizar a ejeção de volume é a fase de contração isovolumétrica. O VENTRÍCULO ESTÁ CONTRAINDO, MAS DENTRO DELE O VOLUME CONTINUA SENDO O MESMO VOLUME DO FINAL DA DIÁSTOLE. Fase 2 da sístole: Ejeção rápida Quando o ventrículo entrar em uma potência X+1 a ejeção começa. As valvas aórtica e pulmonar se abrem e, a partir que essa abertura acontece, o ventrículo rapidamente ganha muita potência de pressão. Consequentemente, grande parte do volume que está dentro do ventrículo é ejetado para as artérias aorta e pulmonar. Essa fase já é uma ejeção e a maior parte do volume que está no ventrículo já sai dele nesse momento, por isso é conhecida como fase de ejeção rápida. UMA GRANDE QUANTIDADE DE VOLUME SAI DE DENTRO DO VENTRÍCULO PARA DENTRO DAS ARTÉRIAS AORTA E PULMONAR. Fase 3 da sístole: Ejeção lenta Nessa fase, há saída de pouco volume do ventrículo, pois, após a fase de ejeção rápida já não há tanto volume dentro da câmara ventricular para ser ejetado. A partir do momento que o ventrículo ejetou todo o sangue que estava nele e que esse volume de sangue chega nas artérias aorta e pulmonar, a pressão nesses vasos aumenta e a do ventrículo diminui. Consequentemente, o sangue tem uma tendência de voltar para o ventrículo, entretanto, quando ele volta, ele bate nos seios das valvas aórtica e pulmonar, fazendo com que elas se fechem. O FECHAMENTO DESSAS VALVAS MARCA O FINAL DA SÍSTOLE. Segunda bulha (B2) É o evento sonoro causado pelo fechamento das valvas aórtica e pulmonar, marcando o fim da sístole. SOM DE B2 = FECHAMENTO DAS VALVAS AÓRTICA E PULMONAR = FIM DA SÍSTOLE E INÍCIO DA DIÁSTOLE Nesse momento, as valvas aórtica, pulmonar, mitral e tricúspide estão fechadas e o ventrículo ainda possui uma pressão alta em relação ao átrio. O átrio possui volume que precisa chegar ao ventrículo, esse volume não consegue descer pois, por diferença de pressão, o ventrículo ainda possui pressão alta e o átrio está com pressão baixa. Consequentemente, a pressão ventricular vai cair até que a pressão atrial fique maior que a do ventrículo, permitindo que a entrada de sangue na câmara ventricular, ou seja, volta para a fase de diástole – ciclo cardíaco. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 3 Já sabemos que B1 marca o som do fechamento das valvas mitral e tricúspide e que B2 marca o som do fechamento das valvas aórtica e pulmonar. Em diástole há quatro fases: relaxamento isovolumétrico, enchimento rápido, enchimento lento e contração atrial. A partir do momento que o átrio contraiu e esvaziou o volume de sangue no ventrículo, as valvas mitral e tricúspide se fecham (B1). Na sístole, o ventrículo já cheio começa a ejetar o volume de sangue, acontecendo as três fases: contração isovolumétrica, ejeção rápida e ejeção lenta. A partir do momento que o ventrículo se esvazia totalmente, encerra-se a sístole, o sangue tende a refluir e bate nas valvas aórtica e pulmonar (B2). Na prática, é preciso saber se está em sístole ou diástole.Por que isso é importante? Para identificar em qual fase acontece o sopro e saber a patologia relacionada. O som do sopro é dependente de volume turbilhonar passando. Sopro na valva mitral durante a sístole Na sístole, a valva mitral está fechada. Se há um sopro pela valva mitral fechada nesse momento é porque ela não está totalmente fechada. Consequentemente, se ela não está fechada, há vazão para o átrio. Essa condição é chamada de insuficiência mitral. Como saber se um sopro é de insuficiência mitral? Pois é um sopro que tem que acontecer na valva mitral na sístole. Fisiologicamente, durante a sístole, a valva mitral está fechada, não permitindo a passagem de volume por ela (sem sopro). A partir do momento que, durante a sístole, escutamos um sopro na valva mitral, isso é sinal de que há passagem de sangue em um momento que ele não deveria passar, sinalizando que a valva mitral não está fechada de maneira eficaz – caracterizando a insuficiência mitral. Sopro na valva mitral durante a diástole Em diástole, a valva mitral está aberta. Se as valvas mitral e tricúspide se abrem perfeitamente elas dão vazão total ao volume, de modo que esse volume desça sem turbilhão ou ruído algum. Se acontece um turbilhão nessa descida, isso significa que a valva não está tão aberta quanto ela deveria estar. Essa condição é chamada de estenose mitral. Como saber se um sopro é de estenose mitral? Pois é um sopro que tem que acontecer na valva mitral na diástole. Fisiologicamente, na diástole a valva mitral fica aberta, possibilitando a passagem de sangue do átrio para o ventrículo – esse fluxo não é turbilhonar. Se auscultamos sopro na diástole, quer dizer que há turbilhão e que ele é oriundo de uma valva que deveria estar aberta mas não está aberta como deveria – caracterizando a estenose mitral. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 4 Como é possível saber, durante a ausculta, o que é sístole e o que é diástole? Precisamos determinar na ausculta o que é B1 e o que é B2 para auscultar qualquer paciente. TUDO QUE VEM DEPOIS DE B1 E ANTES DE B2 É SÍSTOLE TUDO QUE VEM DEPOIS DE B2 E ANTES DE B1 É DIÁSTOLE Estetoscópio Ele possui três componentes: oliva, hastes e cabeça I. Oliva: encaixa no ouvido II. Hastes III. Cabeça: possui duas faces Diafragma: é a parte maior; é um captador de sons de alta frequência (como B1 e B2, por exemplo) Campânula: é a parte menor; é um captador de sons de baixa frequência. É importante para tirar os sons de alta frequência da ausculta, fazendo com que os sons de baixa frequência sejam auscultados (B3 e B4, além de alguns sopros). Técnica de ausculta cardíaca 1. Um bom estetoscópio. 2. Ambiente Silencioso. 3. Paciente deve estar em decúbito dorsal, o que é mais confortável para o médico e para o paciente – cabeceira a 30° 4. Pode ser auscultado sentado em caso de dispneia e de alguns sopros, como o da insuficiência aórtica, facilitado pela inclinação do tronco para frente. 5. Deve ser auscultado em decúbito lateral esquerdo para sensibilizar alguns sons como terceira e quarta bulhas do VE – a posição de decúbito lateral esquerdo serve para intensificar sons do lado esquerdo (sons das valvas mitral e aórtica, por exemplo). Quando formos utilizar a campânula do estetoscópio, não é necessário fazer pressão. Se pressionar a campânula, ela vira um diafragma. Normalmente, quando fazemos o uso da campânula não pegamos na cabeça do estetoscópio justamente para não fazer pressão. Os focos de ausculta cardíaca A maioria dos sons são originados pelas valvas, sendo importante identificar onde elas estão localizadas. 1. Foco mitral: quinto espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular (ictus). Válvula mitral e VE. 2. Foco tricúspide: sobre o apêndice xifoide ou na linha paraesternal esquerda no sexto espaço intercostal – na aula prática o Girley disse que a referência era apenas a linha paraesternal esquerna no 6°EI. Válvula tricúspide e VD. 3. Foco aórtico acessório: terceiro e quarto espaços intercostais linha paraesternal esquerda. Próximo da valva aórtica. Chamado de ponto de Erb. 4. Foco aórtico convencional: linha paraesternal direita, segundo espaço intercostal. Próximo do vaso aórtico. 5. Foco pulmonar: linha paraesternal esquerda segundo espaço intercostal. Próximo da válvula pulmonar. Esses focos estão numerados de acordo com a ordem de sequência da ausculta. Essa ordem existe pelo foco mitral e tricúspide, pois a ausculta começa pela primeira bulha (B1). Posteriormente, o foco é a segunda bulha (B2), sendo os focos 3, 4 e 5 os pontos de B2. 1 e 2 – focos de primeira bulha 3, 4 e 5 – focos de segunda bulha PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 5 TUDO QUE VEM DEPOIS DE B1 E ANTES DE B2 É SÍSTOLE TUDO QUE VEM DEPOIS DE B2 E ANTES DE B1 É DIÁSTOLE Os locais adicionais da ausculta cardíaca Ausculta das carótidas: normalmente em pacientes com mais de 60 anos, utilizada na busca de sopro local o que atesta obstrução local por placa de ateroma – o sopro de carótida traduz estreitamento de placas de gordura na carótida, o que pode gerar um AVE. Região Axilar: foco comum para diagnóstico de sopro de insuficiência mitral, deve ser auscultado no nível do quinto espaço intercostal à esquerda – só uma doença dá sopro na região axilar, que é a insuficiência mitral. Fúrcula esternal: procura de irradiação de sopros aórticos – só uma doença dá sopro na região da fúrcula esternal, que é a estenose aórtica. Clavículas: irradiação de sopros de subclávia e venosos, comum em crianças – em crianças, principalmente os neonatos, é muito comum ausculta a clavícula esquerda. Na vida intrauterina, há um canal que liga a artéria aorta com a artéria pulmonar. Quando a criança nasce esse canal fecha de imediato, só que a persistência dessa passagem configura a persistência do canal arterial. Se existir um sopro na clavícula esquerda dessa criança é sinal de que esse canal está aberto, o tratamento pode ser medicamentoso ou cirúrgico. A ausculta cardíaca deve sempre começar com a palpação do pulso carotídeo. O pulso carotídeo distende simultaneamente com o aparecimento do som da B1. Opções ictus e batimento de fúrcula esternal. Porque é importante auscultar palpando o pulso carotídeo? A distensão do pulso carotídeo e o som da primeira bulha são simultâneos. É importante saber o que é primeira e segunda bulha para que possamos identificar a sístole e a diástole. Somente o som não é suficiente para dar a certeza de que o som é de B1 ou B2. Sendo assim é importante ter um referencial correto para encontrar as bulhas – o pulso carotídeo é essa referência. O som que bate com a distensão do pulso carotídeos é B1 O som que não bate com a distensão do pulso carotídeos é B2 TUDO QUE VEM DEPOIS DE B1 E ANTES DE B2 É SÍSTOLE TUDO QUE VEM DEPOIS DE B2 E ANTES DE B1 É DIÁSTOLE Tum: B1 Tá: B2 Sopro na sístole: TUM – fffff (sopro) – TÁ Som do sopro acontece entre B1 e B2 Sopro na diástole: TUM – TÁfff (sopro) Som do sopro acontece depois de B2. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 6 A Ausculta Cardíaca de B1 É a bulha que bate junto com a distensão do pulso carotídeo. No foco mitral ouvimos o componente M1 e no tricúspide o T1. O som de M1-tum, tem maior intensidade que o som-tum de T1. M1 pode ser desdobrada – trum, quando se aproxima do f. tricúspide. Pode ser auscultada em todo o tórax, porém é melhor audível em seus focos de origem. B1 é som de alta frequência portanto audível com o diafragma do esteto. Onde auscultamos B1? Foco mitral e foco tricúspide. B1 marca o fim da diástole e que a sistóle vai começar! Quando colocamos o estetoscópio no foco mitral e ouvimos o “tum”, estamos auscultandoo componente mitral da primeira bulha, que é chamado de M1 Quando colocamos o estetoscópio no foco tricúspide e ouvimos o “tum”, estamos auscultando o componente tricúspide da primeira bulha, que é chamado de T1. O SOM DE M1 É MAIS FORTE QUE O SOM DE T1, POIS O VENTRÍCULO ESQUERDO GERA MAIS POTÊNCIA, FECHANDO A VÁLVULA MITRAL COM MAIS FORÇA. Fatores que influenciam na sonoridade de B1 A espessura da parede torácica: sendo menor em obesos e maior em crianças. A intensidade e rapidez com que o ventrículo ejeta, quanto mais competente maior a intensidade da sonoridade, quando menos competente como na IC, menor a intensidade. A estrutura das válvulas AV – diminuída na IM e aumentada na estenose mitral. Na IC a sonoridade também é menor pois a válvula abre parcialmente devido ao volume pré-existente no VE e consequentemente o movimento de retorno à posição de fechamento é pequena. Na taquicardia como o ventrículo rapidamente ejeta e pega as válvulas AV em sua máxima Excursão de abertura, a amplitude de retorno é grande e o som de B1 é hiperfonético. O som de B1 é hiperfonético na estenose mitral e tricúspide. Existem doenças que alteram a sonoridade para mais e para menos – precisamos estudar essas doenças no livro pois elas serão cobradas! A ausculta Cardíaca de B2 É a bulha que não bate junto com a distensão do pulso carotídeo. No foco Aórtico e Ao acessório auscultamos o componente A2 e no foco pulmonar o componente P2. O “tá” do A2 em um dos focos aórticos tem ser maior que o “tá” do som de P2. Pode ser auscultada em todo o tórax, porém é melhor audível em seus focos de origem. B2 é som de alta frequência portanto audível com o diafragma do estetoscópio. B2 é fisiologicamente desdobrada na inspiração, melhor audível no foco pulmonar: ao invés de ”tum”, o som fica “trum” no pico da inspiração e com o tórax Inclinado para frente. Onde auscultamos B2? No foco aórtico acessório, no foco aórtico convencional e foco pulmonar. B2 marca o fim da sístole e que a diástole vai começar! A segunda bulha tem dois componentes: componente aórtico e componente pulmonar. O COMPONENTE AÓRTICO É MAIS INTENSO QUE O COMPONENTE PULMONAR, POIS O VENTRÍCULO ESQUERDO GERA MAIS PRESSÃO E, COM ISSO, O SANGUE TENDE A REFLUIR COM MAIOR PRESSÃO E CAUSA O FECHAMENTO DA VALVA. O VENTRÍCULO DIREITO GERA MENOS PRESSÃO E VOLTA SANGUE COM MENOS PRESSÃO PARA ARTÉRIA PULMONAR. Fisiologicamente, o A2 (componente aórtico no foco acessório e convencional) é maior que P2 (componente pulmonar). TUDO QUE VEM DEPOIS DE B1 E ANTES DE B2 É SÍSTOLE TUDO QUE VEM DEPOIS DE B2 E ANTES DE B1 É DIÁSTOLE PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 7 Fatores que influenciam na Intensidade de B2 A estrutura de parede torácica. O volume ejetado: maior nos estados hiperdinâmicos e menor na estenose aórtica grave e na I. cardíaca grave. Depende do estado de fechamento da válvula: diminuindo na insuficiência aórtica e pulmonar em função do volume não bater em toda a superfície da válvula. Depende da pressão nas grandes artérias: sendo elevada na HAS e na HAP. Como descrever uma ausculta cardíaca fisiológica? O ritmo deve ser regular com os sons de B1 e B2 ocorrendo de maneira cadenciada. Quando o ritmo é irregular deve ser descrito como tal, o que nos leva a pensar em patologias como a fibrilação atrial. Na extra-sístole a cadência estará alterada. Ritmo regular: ritmo tem cadência mantida entre aparecimento de primeira e segunda bulha. Algumas sequencias quebram a cadência, tornando o ritmo irregular, como em fibrilação atrial, por exemplo. Deve ser em dois tempos, ou seja, somente com presença de B1 e B2. Bulhas acessórias, como B3 e B4, é o aumento desses tempos. Deve ter M1>T1. Deve ter A2> P2. Não deve ter sopros ou bulhas acessórias. RCR em 2T com M1>T1, A2>P2, desdobramento fisiológico presente, sem sopros ou bulhas acessórias. Ritmo cardíaco regular em dois tempos = RCR em 2T. O que é o desdobramento fisiológico de B2? A segunda bulha é formada pelo fechamento da valva aórtica (A2) e pelo fechamento da válvula pulmonar (P2). Mas essas valvas não fecham ao mesmo tempo, só que a diferença entre os dois tempos não é percebida na ausculta. No foco pulmonar, pode acontecer de observarmos o atraso fisiológico de P2 em relação a A2. Esse atraso, principalmente quando o paciente inspira, faz com que o som ao invés de ficar “tá” vira um “tra”. Quando o paciente expira, isso volta ao normal. Essa situação é fisiológica e pode ser auscultada ou não, caso seja possível de auscultar, precisamos pontuar – desdobramento fisiológico presente (separação do som de A2 com P2) Lembrete: ver figura 47.5 na página 386 do Porto – 8ª edição O desdobramento patológico de B2 Desdobramento largo: a B2 permanece desdobrada na inspiração e na expiração sendo maior na inspiração: comum na IC direita e no BRD. Desdobramento fixo: igualmente desdobrado na inspiração e na expiração comum na CIA. Desdobramento invertido: aumenta na expiração e diminui na inspiração = ocorre no BRE e na estenose aórtica grave. Qual a sequência lógica da ausculta cardíaca? Referências Bibliográficas Semiologia Médica, 8ª edição, Porto – capítulo 46; página 383 até 387 Bates, 12ª edição – capítulo 9; página 379 até 382 Semiológica Clínica – Milton de Arruda – capítulo 11; página 106 até 107.
Compartilhar