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PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 1 Sinais e Sintomas Respiratórios Podem ser de vias aéreas, funcionais ou pleurais 1. Vias aéreas: tosse, hemoptise, sibilância e expectoração. 2. Funcionais: dispneia e cianose 3. Pleurais: dor torácica e secundárias Tosse Trata-se de um mecanismo de defesa cujo objetivo é a limpeza das vias aéreas inferiores e da laringe. A tosse é um fenômeno reflexo desencadeado pela sensibilização de um receptor da mucosa das vias aéreas. Uso de Xarope! A tosse é um mecanismo de defesa e o uso de antitussígeno precisa ser muito bem avaliado de acordo com o caso clínico de cada paciente. Em situações de pós-operatório ou dor pleurítica, por exemplo, o uso de xarope antitussígeno pode ser viável. Estímulos para a tosse Os receptores da tosse podem sofrer estímulos mecânicos, químicos ou térmicos. A inflamação da mucosa das vias aéreas inferiores é o estímulo mais relevante ao danificar o epitélio e expor terminações nervosas – edema, hiperemia, secreções, ulcerações, asma (reação inflamatória de cunho alérgico que cursa com tosse). Mecânica: poeira, corpo estranho, secreções, tumores; Química: fumaça, vapores ou gases irritantes; Térmica: frio ou calor excessivo podem provocar tosse. Consequências da tosse Distensão alveolar – pode gerar pneumotórax; Hérnias e dor pós-operatória – é mais comum em pacientes com tosse crônica (hérnia na região inguinal); Baixa pressão arterial Classificação da tosse precisa ser feita de acordo com a frequência, intensidade e a expectoração. Frequência Aguda: até 3 semanas Resfriados, gripe e rinossinusite. Diuturna, agravamento no período matutino-vespertino. Normalmente é seca; pode ser úmida, sem liberação de secreção. Crônica: acima de três semanas Mais comum em homens acima de 60 anos, tabagistas ou ex- tabagistas. Tipos de tosse 1. Tosse quintosa: caracteriza-se por surgir em acessos, geralmente pela madrugada, com intervalos curtos de acalmia, acompanhada de vômitos e sensação de asfixia. Embora seja característica da coqueluche, ocorre também em outras afecções broncopulmonares. 2. Tosse síncope: após crise intensa de tosse resulta na perda de consciência. 3. Tosse rouca (laringite): própria da laringite crônica, comum nos tabagistas. 4. Tosse reprimida: aquela que o paciente evita, em razão da dor torácica ou abdominal, como acontece no início das pleuropneumopatias, no pneumotórax espontâneo, nas neuralgias intercostais, nos traumatismos toracoabdominais e nas fraturas de costela. 5. Tosse associada à ingestão: relacionada a doenças do esôfago superior. Ex.: Parkinson (doença neuromuscular – degeneração da coordenação da musculatura da deglutição); fístula; refluxo intenso. 6. Tosse psicogênica (pigarro): situações de tensão emocional como reunião ou falar em público; é um diagnóstico de exclusão. A presença de expectoração é indicativo de alteração da árvore brônquica! Quando se encontra baqueteamento digital, sempre devemos pensar em doença crônica (de longa duração). Expectoração O escarro é uma mistura de secreções eliminadas pela boca, cuja composição inclui material proveniente do trato respiratório inferior, boca e nasofaringe. Na maioria das vezes, a expectoração é consequência da tosse e é PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 2 primordial para diferencial uma síndrome brônquica de uma síndrome pleural – NÃO HÁ EXPECTORAÇÃO NA SÍNDROME PLEURAL. É importante caracterizar se a expectoração é transparente, esbranquiçada, amarelada, esverdeada, se possui rajas de sangue ou se é rósea. Tosse seca ou improdutiva: não tem secreção. Tosse úmida: tem secreção, mas tosse e não mobiliza a secreção. Tosse produtiva: tosse, mobiliza a secreção e ela chega até a cavidade oral. Aspecto 1. Seroso: hialino; possui água, eletrólitos, proteínas e é pobre em células. 2. Mucoide: translúcido e viscoso como clara de ovo; embora contenha muita água, proteínas, inclusive mucoproteínas, eletrólitos, apresenta celularidade baixa. 3. Purulenta: rico em piócitos e tem celularidade alta; amarelada ou esverdeada. 4. Heptoico/sanguíneo: observam-se “rajas de sangue”. Expectoração do edema pulmonar agudo: rósea; aspecto seroso espumoso. Expetoração do asmático: é mucoide, com alta viscosidade, lembra casa de ovo e marca o térmico da crise asmática; riqueza em eosinófilos. O paciente com DPOC costuma produzir pequena quantidade de escarro diariamente, mas quando em exacerbação, apresenta pelo menos 2 dos 3 seguintes critérios: mudança da cor do escarro, passando, por exemplo, de mucoide para mucopurulento ou purulento, aumento de volume e piora da dispneia. São sinais de infecção brônquica. Formas iniciais da bronquite: expectoração mucoide. Bronquítico crônico: quando o escarro muda de aspecto passando de mucoide para mucopurulento ou purulento, é sinal de infecção. Quando portadores de bronquiectasias, principalmente nas reagudizações, costumam eliminar, pela manhã, grande quantidade de secreção, acumulada durante a noite, ocasião em que fazem sua “toalete” brônquica. Bronquiectasia = maior secreção matinal Sibilos Alteração do calibre/estreitamento das vias aéreas inferiores. É uma manifestação das vias aéreas que traduz obstrução brônquica. É um ruído que o paciente pode perceber, predominantemente na fase expiratória da respiração, quase sempre acompanhado de dispneia. A sibilância é frequentemente referida durante o período noturno quando o paciente se encontra no leito. Isso ocorre por vários motivos: 1. Nesse momento o ambiente costuma estar mais silencioso; 2. A posição deitada pode reduzir os volumes pulmonares e o diâmetro das vias respiratórias; 3. Sempre ocorre redução fisiológica da produção de corticosteroide e de catecolaminas endógenas no período noturno. O chiado resulta da redução do calibre da árvore brônquica, podendo ser o prenúncio de crise asmática. Sibilância persistente, localizada ou unilateral: pode indicar neoplasia ou corpo estranho. Asma – causa de sibilo – edema com reação inflamatória. Principais causas brônquicas ou pulmonares: asma, bronquite aguda e crônica, tuberculose brônquica, neoplasias malignas e benignas, etc. Fatores desencadeadores podem ser inflamatórios ou mecânicos: edema, bronquiespasmo, inflamação da mucosa brônquica, aspiração de corpo estranho, secreções e tumores, fibrose cicatricial. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 3 Hemoptise Sangramento proveniente do trato respiratório inferior, ou seja, abaixo da glote. Pode configurar- se como rajas de sangue no escarro, como através de sangramento maciço. Falsa hemoptise: sangue escuro de odor ácido indica que é sangramento estomacal; sangue na cavidade nasal também é falsa hemoptise. Verdadeira: sangue proveniente das vias aéreas inferiores. As hemoptises podem ser brônquicas ou alveolares: 1. Brônquicas: o mecanismo é a ruptura de vasos previamente sãos, como ocorre no carcinoma brônquico, ou de vasos anormais, dilatados, neoformados, como sucede nas bronquiectasias e na tuberculose. 2. Alveolar: ruptura de capilares ou transudação de sangue, sem que haja solução de continuidade no endotélio. Dispneia É a sensação de uma respiração difícil. O ato de respirar passa a ser percebido como um esforço desagradável. Torna-se uma anormalidade ao ser desproporcional à atividade até então executada e tolerada. A sensação é subjetiva e pode ser percebida de diversas maneiras: dor, aperto no peito, folego curto, sufocação, cansaço, canseira, incapacidade de encher os pulmões e outras. mMRC Ventilação excessiva x Distúrbio Ventilatório Ventilação excessiva: pode ser fisiológico, comona gravidez, exercícios e em grandes altitudes. Distúrbio ventilatório: acidose metabólica, anemia/hipertireoidismo, insuficiência alveolar (baixa perfusão alveolar ou baixa oxigenação alveolar), neuromuscular (miastenia gravis, esclerose múltipla), causas restritivas (fibrose pulmonar difusa, derrame pleural), causas obstrutivas (asma, DPOC). Ortopneia: dispneia de repouso, paciente não consegue deitar-se, quando o faz, sente falta de ar. Ex.: asma, DPOC, insuficiência cardíaca esquerda. Trepopneia: paciente não tolera decúbito lateral. Platipneia: tipo raro de dispneia, e é o oposto da ortopneia; ou seja, a dispneia acontece quando o paciente fica de pé ou sentado e alivia em decúbito. Dispneia paroxística noturna: paciente acorda durante a noite com dispneia, tendo que levantar. Cianose Coloração azulada da pele e da superfície mucosa, atribuída ao aumento da hemoglobina não saturada de oxigênio (hemoglobina reduzida). Acontece quando a saturação do sangue cai (abaixo de 88%), o que significa acentuada hipoxemia. A cianose pode ser central ou periférica. Cianose central: quando provocada por problemas pulmonares ou cardíacos; são três mecanismos dessa cianose: hipoventilação alveolar, problemas com trocas gasosas no pulmão ou desvio arteriovenoso. Hipoventilação Distúrbios da hematose Shunt Cianose periférica: o mecanismo básico é o aumento da hemoglobina reduzida no sangue venoso decorrente de um fluxo de sangue reduzido para os tecidos; ou seja, problema na perfusão tecidual, baixa perfusão periférica. Fenômeno de Raynaud: episódios reversíveis de vasoespasmos de extremidades, associados a palidez, seguido por cianose e rubor de mãos e pés, que ocorrem usualmente após estresse ou exposição ao frio. PAPM III Letícia Iglesias Jejesky Med 106 4 Dor torácica São inúmeras as causas de dor no tórax. A isquemia do miocárdio manifestada pelo quadro de angina do peito ou de infarto do miocárdio, as pleurites, as alterações musculoesqueléticas, as disfunções do esôfago e as afecções pericárdicas são as causas mais comuns. Pode ser dividida em três possibilidades: 1. Somática: Pleura ou osteomuscular Dor localizada que pode ou não ser agravada pela palpação local e piora com movimentos respiratórios; 2. Visceral: Esofageana, aórtica, traqueal ou de cardíaca. Relacionada com algum órgão; dor do tipo dolente, profunda e quase sempre projetada para a região retroesternal; é mal localizada e não se agrava pela palpação ou mobilidade torácica. 3. Neuropática: SNP – Hiperestesia cutânea Origem no sistema nervoso periférico; pode ser superficial ou profunda, é difusa ou acompanhada de hiperestesia local com irradiação para a área de distribuição cutânea do nervo. Ex.: herpes – hiperestesia cutânea. Característica/qualidade da dor Dor picante – duplicada por uma picada Dor urente – relatada com queimação Dor dolente – profunda, sem localização precisa, o paciente tem dificuldade de dizer exatamente onde está a dor. Dor focal – dor picante sempre é focal Dor difusa Dor referida – é quando a dor que você sente em uma parte do corpo é, na verdade, causada por uma lesão em outra parte do corpo. Alterações sistêmicas Normalmente relacionadas à sintomas ou sinais de síndromes neoplásicas. Paraneoplásicos (ACTH, PTH-like, ADH) Manifestações de invasões tumorais locais Alterações cutâneas de doenças de outros sistemas. Disfonia – alteração no timbre da voz; rouquidão. Hipocratismo digital ou baqueteamento digital: pode ser adquirido ou hereditário; quando hereditário, deve ser sempre simétrico e presente em outros familiares. Quando presente, é preciso pensar em doenças pulmonares, doenças cardíacas, doenças hepáticas e doenças intestinais.
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