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Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 1 Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 1. Definir : Petéquia, Púrpura, Equimose e Hematoma 2. Diferenciar bronquite e asma, investigação da doença (anamnese e exame físico — alterações), faixa etária e se é necessário algum tipo de tratamento para as crises. 3. Entender a semiogênese dos ruídos adventícios (roncos, sibilos, estertores finos e grossos e estridor) 4. Frêmito toracovocal: quando aumenta e quando diminui 5. Percussão: quando vai ser maciça e quando vai ser timpânico, relacionado ao exame respiratório 6. Icterícia neonatal: a. Metabolismo da bilirrubina no RN b. Como avaliar no exame físico o grau de icterícia no RN c. Alterações do fígado e baço na icterícia (exame físico( Hemorragia A hemorragia é caracterizada por extravasamento sanguíneo para fora do sistema cardiovascular. Morfologicamente ela pode se apresentar em forma de petéquias, púrpuras, hematomas, equimose e apoplexia. Petéquias Consistem em pequenas hemorragias, e se apresentam em pequenos “pontinhos” hemorrágicos, que medem cerca de 1 a 2mm. As petéquias se formam por diapedese , ou seja, não há lesão no vaso. Geralmente, as hemácias fluem pela parede intacta do vaso. Púrpuras São pontos hemorrágicos maiores que as petéquias e chegam a cerca de 1cm. Também ocorrem por diapedese, mas podem acontecer, também, por reunião de petéquias. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 2 Equimose Ao contrário das anteriores, ocorre por ruptura de vaso (pode ser gerada por traumatismos ou por enfraquecimento da parede vascular, por exemplo) e, então, há o extravasamento do sangue para fora do vaso. A equimose se apresenta em manchas planas, difusas e irregulares. É conhecida como hemorragia em lençol, justamente por não provocar elevação no local. É observada como uma mancha roxa na pele, causada por alguma pancada, por exemplo. Não há necessidade de nenhuma interferência, pois ela desaparece sozinha ao longo dos dias. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 3 Hematoma O hematoma também é ocasionado por ruptura de vaso. Ocorre um acúmulo (coleção) de sangue no tecido, formando uma elevação, um alto-relevo. Uma causa importante de hematomas é o pós-operatório imediato (poucas horas após o procedimento cirúrgico), por exemplo. Pode ser necessário remover os hematomas, dependendo do tamanho e da localização. Eles podem ser removidos por cirurgia simples ou se pode aguardar alguns dias e realizar o esvaziamento com uma agulha. Apoplexia A apoplexia ocorre também por ruptura de vaso, levando ao extravasamento de sangue. Ela acontece em duas situações: quando há uma grande hemorragia no organismo ou quando há qualquer hemorragia a nível cerebral (desde uma hemorragia mínima). Semiotécnica dos ruídos adventícios Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 4 A ausculta pulmonar é o método semiológico mais importante no EF pulmonar, pois permite analisar o funcionamento pulmonar, devendo ser realizado em ambiente silencioso e posição cômoda, quando possível. O paciente deve estar com tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruído, idealmente. A ausculta é realizada com diafragma do estetoscópio, de maneira simétrica nas faces posterior, laterais e anterior do tórax. Sons normais Som traqueal Audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e região esternal. Origina-se da passagem de ar da fenda glótica e na própria traqueia. Há componente inspiratório – composto por ruído soproso, um pouco rude – e expiratório – ruído forte e prolongado que ocorre após curto intervalo silencioso. Som brônquico Som traqueal audível na zona de projeção dos brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. Assemelha-se ao som traqueal, diferenciando-se dele apenas por ter componente expiratório menos intenso. Murmúrio vesicular Os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax são causados pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como bronquíolos ou alvéolos, ou vice-versa. O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório que, por sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e tonalidade mais baixa. Não há intervalo silencioso entre inspiração e expiração, como no som traqueal. Ao comparar-se o murmúrio vesicular com o som brônquico, nota-se que o murmúrio vesicular é mais fraco e suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção nas regiões de sons brônquicos e broncovesicular. Entretanto, é mais forte na parte anterossuperior, axilas e regiões infraescapulares. Sofre variações em sua intensidade na dependência da amplitude dos movimentos respiratórios e da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou obesas. A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de presença de ar (pneumotórax), líquido (derrame pleural) e tecido sólido na cavidade pleural (espessamento pleural); enfisema pulmonar, dor torácica que impeça ou diminua a movimentação torácica, obstrução das vias aéreas superiores (espasmo ou edema de glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. Pode haver alteração do murmúrio vesicular chamada prolongamento da fase expiratória, que, em condições normais, é mais curta e suave que fase inspiratória. Esse prolongamento aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada, traduzindo dificuldade de saída de ar. Som broncovesicular Somam-se características do som brônquico com murmúrio vesicular. Desse modo, intensidade e duração da inspiração e expiração são de igual magnitude, ambas um pouco mais forte que murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade do som brônquico. Em condições normais, é auscultado na região esternal superior, interescapulovertebral superior e no nível da terceira e quarta vértebras dorsais. Em outras regiões, indica condensação pulmonar, atelectasia por compressão ou presença de caverna, ou seja, mesmas condições que originam som brônquico. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 5 Para que surja esse som é necessário que na área lesionada haja alvéolos mais ou menos normais capazes de originar o som vesicular. No circulo amarelo,é possível ouvir o som traqueal. Os sons, são intensos, agudos e a fase expiratória é mais longa que a inspiratória. No circulo lilas podemos ouvir o som brônquico nas áreas de projeção dos brônquios de maior calibre, O som é caracterizado por um timbre agudo, intenso e oco. Na fase expiratória é mais forte e prolongado. Quando auscultado na periferia do pulmão, significa transmissão anormal do som devido a condensação pulmonar, por exemplo em caso de pneumonia. No circulo vermelho pode-se ouvir o som vesicular ou murmurio vesicular que é formado pela passagem de ar pela parênquima pulmonar. É auscultado em toda a extensão do tórax, sendo mais intenso nas bases pulmonares. O timbre é grave e suave, mais prolongado na fase inspiratória e mais audível na região Antero-posterior, nas axilas e nas regiões infraescapulares. No circulo verde ira-se ouvir o som broncovesicular a qual somam-se duas características sonoras, o brônquica e o murmurio vesicular. Auscultado normalmente entre o primeiro e o segundo espaços intercostais no tórax anterior e entre as escapulas no nível da terceira e quarta vértebras. Sons anormais Descontínuos: estertores finos e grossos São representados pelos estertores, ruídos audíveis na inspiração ou expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Podem ser crepitantes (finos) ou subcrepitantes (grossos). Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspiração e têm frequência alta, isto é, são agudos. Curta duração. Não se modificam com a tosse.Podem ser comparados ao ruído produzido pelo atrito dos fios de cabelo. Auscultados principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela força da gravidade quando originados por congestão pulmonar. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 6 Estertores finos são produzidos pela abertura sequencial das vias respiratórios anteriormente fechadas, devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar – isso explica a presença de estertores finos na pneumonia e congestão pulmonar da IVE – ou por alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas – doenças intersticiais pulmonares. Os estertores grossos, bolhosos ou subcrepitantes têm frequência menor e maior duração que os finos. Podem desaparecer com tosse e são audíveis em todo o tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Surgem por causa da abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Comuns na bronquite crônica e bronquiectasias. Contínuos: roncos, sibilos e estridor Roncos e sibilos Os roncos são constituídos por sons graves, portanto de baixa frequência e os sibilos por sons agudos, portanto, alta frequência. Ambos originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo, edema da parede ou secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Embora apareçam na inspiração e expiração, predominam nessa. Surgem e desaparecem em curto período. Os sibilos também se originam de vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração. Em geral, são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica, como acontece na asma e bronquite. Quando bem localizados, indicam semiobstrução por neoplasia ou CE. Estridor O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou traqueia, o que pode ser provocado por difteria, laringites agudas, CA de laringe e estenose de traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena. Entretanto, na hiperpneia ou taquipneia, o aumento do fluxo de ar intensifica esse som. Sopros Em certas regiões torácicas (C7 no dorso, traqueia e região interescapular), o sopro brando é mais longo na expiração que inspiração. Nesses casos, é normal. Porém, quando o pulmão perde sua textura normal, como na pneumonias bacterianas, grandes cavernas e pneumotórax hipertensivo ocorrem, respectivamente sopro tubário, cavitário e anfórico. Atrito pleural Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 7 Em condições normais, os folhetos parietal e visceral deslizam um sobre o outro, durante movimentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído. Na pleurite, estão recobertas de exsudato e produzem ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. Sons vocais Broncofonia, Egofonia Pectorilóquia fônica e afônica. Para terminar o EF, ausculta-se a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente pronúncia “33” enquanto faz a ausculta comparando regiões homólogas, semelhante ao exame de FTV. Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica são ressonância vocal. Normalmente, são sons incompreensíveis, isto é, não distinguem sílabas que formam as palavras, uma vez que o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros. Por outro lado, quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar) a transmissão é facilitada. A ressonância vocal é mais intensa nas regiões onde se ausculta respiração broncovesicular. Costuma ser mais forte em homens do que em mulheres e crianças. O aumento da ressonância é chamado broncofonia e ocorre quando há condensação pulmonar – RI, neoplasia ou peri-cavitária. Na atelectasia, espessamento pleural e nos derrames, ocorre diminuição da ressonância vocal. Os resultados coincidem com a manobra do FTV, porque as vibrações são facilmente percebidas no tórax pelo tato (FTV) e orelha (ausculta). Por isso, a ausculta da voz é pouco usada. Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica. Com a voz cochichada, pectorilóquia afônica. Broncofonia é quando se ausculta a voz sem nitidez. Egofonia é forma especial de broncofonia, broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Aparece na parte superior dos derrames pleurais e nas condensações pulmonares. Na ausculta da voz, a ressonância vocal pode estar aumentada, diminuída ou normal. Característica dos achados pulmonares a depender de sua etiologia Derrame pleural Expansibilidade diminuida na área acometida Frêmito tóracovocal diminuído ou abolido Macicez à percussão da região acometida Ausculta: múrmurio vesicular diminuído ou abolido sem ruídos adventícios — pode apresentar som de atrito pleural Ausculta vocal: Ausente ou diminuído podendo apresentar egofonia Consolidação (pneumonia) Expansibilidade diminuída na região acometida Frêmito tóraco vocal aumentado Percussão: submacicez ou macicez na região acometida Ausculta: murmúrio vesicular diminuído com ruídos adventicios característicos de estertores finos (crepitantes) e roncos e síbilos. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 8 Pneumotórax Expansibilidade diminuída ou ausente de todo o lado acometido Frêmito tóracovocal abolido Percussão: hipertimpanismo ou hipersonoridade Ausculta: múrmurio vesicular diminuído ou abolido sem ruídos adventícios Ausculta vocal ausente Enfisema Expansibilidade diminuída bilateralmente Frêmito tóracovocal diminuído em todo o tórax Percussão: som claro pulmonar ou timpânico (hipersonoridade) Ausculta: múrmurio vesicular diminuído difusamente podendo ter ruídos adventícios característicos de sibilo (broncoespasmo) Bronquite A bronquite pode ser aguda ou crônica. A bronquite aguda é comum após infecções respiratórias por influenza por exemplo, devido à uma inflamação de curta duração dos brônquios, cujo principal sintoma é a tosse produtiva, acompanhada de respiração sibilante, febre e desconforto torácico. Já a bronquite crônica é caracterizada pela tosse produtiva com duração de mais de 3 meses nos últimos dois anos, ou seja, é um diagnóstico clínico. Vale ressaltar que mesmo após cessar o tabagismo, o paciente pode apresentar este quadro. Em resumo, a característica mais precoce da bronquite é a hipersecreção de muco nas grandes vias aéreas, associada a uma hipertrofia das glândulas submucosas na traqueia e nos brônquios. Fisiopatologia As glândulas mucosas do epitélio respiratório e células caliciformes secretam muco no lúmen dos brônquios para auxiliar o epitélio na defesa do organismo contra microrganismos patogênicos. A presença de fumaças tóxicas estimula o aumento da quantidade de glândulas mucosas e de células caliciformes do epitélio respiratório que reveste os brônquios, levando à produção de muco espesso. Sabe-se também que proteases liberadas estimulam a hipersecreção desse muco. Acredita-se que tanto a hipertrofia das glândulas quanto o aumento das células caliciformes sejam reações metaplásicas protetoras contra a fumaça do tabaco ou outros poluentes. Associado a isso os cílios deste epitélio também ficam prejudicados, e assim a função de “varrer” o muco para liberar as vias aéreas se torna deficiente e com isso instala-se o quadro de obstrução das vias aéreas, com diminuição da secção transversal bronquiolar pela presença de muco, relacionados com os sintomas clínicos de excesso de tosse e produção de escarro. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 9 As principais regiões de aumento da resistência ao fluxo aéreo são nas pequenas vias distais, que têm um diâmetro interno de menos de 2mm próximo à capacidade residualfuncional do pulmão. Em jovens tabagistas, as alterações patológicas mais precoces são as coleções focais de macrófagos com pigmentos marrons nos bronquíolos terminais. Em pacientes mais idosos, a inflamação é mais intensa e inclui neutrófilos, macrófagos e linfócitos. Além disso, o processo inflamatório nessas vias leva ao desenvolvimento de fibroses, bem como metaplasia de células caliciformes e do epitélio escamoso de revestimento, aumento do músculo liso nas paredes aéreas e regiões esparsas de formação de tampões mucosos, o que contribui de forma significativa para o quadro de obstrução. A bronquite persistente pode progredir para DPOC, provocar cor pulmonale e insuficiência cardíaca ou causar metaplasia atípica e displasia do epitélio respiratório, estabelecendo um ambiente favorável ao surgimento de neoplasias. Atualmente acredita-se que as alterações nas pequenas vias aéreas causem manifestações precoces e fisiologicamente importantes de obstrução crônica das vias aéreas, semelhante ao enfisema, sendo assim um denominador comum na DPOC. A infecção não parece ser responsável pelo início da bronquite crônica, mas é importante para sua manutenção e pode ser crítica nos quadros de exacerbações agudas. O uso do cigarro torna o indivíduo suscetível a infecções por mais de um mecanismo, porque ele afeta a atividade ciliar do epitélio respiratório, pode causar lesão direta do epitélio das vias aéreas e inibe a capacidade de eliminação de bactérias pelos leucócitos brônquicos e alveolares. Infecções virais também causam exacerbações agudas da bronquite crônica e DPOC associado. Manifestações clínicas Como já mencionado, o sintoma primordial da bronquite crônica é a tosse persistente com produção de escarro. Depois de muitos anos da doença, aparecem os sintomas de dispneia ao esforço e outros sintomas da DPOC, como hipercapnia (aumento do dióxido de carbono no sangue), hipoxemia (baixos níveis de oxigênio no sangue) e cianose leve. A longo prazo, a maioria dos pacientes desenvolve cor pulmonale (aumento do ventrículo direito secundário a pneumopatia, o qual provoca hipertensão arterial pulmonar, sucedida por insuficiência cardíaca direita). Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 10 Asma A asma, é uma doença das vias aéreas inferiores caracterizada por inflamação crônica do músculo liso dos brônquios, vias aéreas hiper-reativas e episódios de broncoespasmos que limitam o fluxo de ar. É reversível espontaneamente ou com tratamento, manifestando-se por episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse, particularmente à noite e pela manhã ao despertar. O The National Asthma Education and Prevention Program (NAEPP) do The National Institutes of Health (NIH), em conjunto com a Organização Mundial de Saúde, redefiniram a asma em função de suas três principais características: 1. Inflamação crônica das vias aéreas 2. com pelo menos uma parcial reversibilidade da obstrução das vias aéreas e 3. hiper-responsividade brônquica a uma variedade de estímulos. Fisiopatologia A asma tem forte relação com a atopia, no entanto, ainda não se sabe os mecanismos pelos quais a atopia é manifestada em asma e como a asma ocorre sem a atopia. A ativação dos mastócitos, mediadas por uma variedade de células, citocinas e outros mediadores, é essencial para o desenvolvimento da doença. Imunoglobulinas E (IgE) são produzidas após uma exposição inicial a um alérgeno. Sua está relacionada ao aumento da resposta de linfócitos T do tipo Th2 sendo essa maior do que o tipo Th1. Acredita-se que isso ocorre por combinações de fatores ambientais e genéticos. Com a produção e a síntese de IgE, ocorre sua ligação de alta afinidade com os mastócitos presentes nos pulmões. Dessa maneira, quando um alérgeno é novamente inalado, ele é ligado pelos IgE presentes na superfície dos mastócitos ocorrendo uma rápida degranulação e liberação de mediadores. Isso é conhecido como reação de fase inicial ou imediata. Esses mediadores, incluindo histamina, prostaglandina D2 e cisteinil leucotrienos (LTC4, D4 e E4), contraem diretamente o músculo liso das vias aéreas e também podem estimular as vias neurais reflexas. Após a fase inicial, pode ocorrer uma tardia broncoconstrição várias horas depois. A resposta da fase tardia é caracterizada pelo recrutamento de células inflamatórias e imunológicas, particularmente as células T de memória, eosinófilos, basófilos, neutrófilos e auxiliares, para locais de exposição a alérgenos. As citocinas produzidas pelos linfócitos Th2 desempenham papéis críticos na asma e nas respostas alérgicas, destacam-se: IL-3 que é um fator de sobrevivência para eosinófilos e basófilos; a IL-5, principal citocina hematopoiética que atuam regulando Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 11 a produção e sobrevivência de eosinófilos; a IL-13, a qual contribui para a eosinofilia das vias aéreas, hiperplasia das glândulas mucosas, fibrose das vias aéreas e remodelação. Os eosinófilos são as células mais características que se acumulam na asma e na inflamação alérgica; sua presença está frequentemente relacionada à gravidade da doença. Os eosinófilos ativados produzem mediadores lipídicos, como leucotrienos e fator de ativação plaquetária, que mediam a contração do músculo liso; produtos granulados tóxicos que podem danificar o epitélio e os nervos das vias aéreas; e citocinas, como fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF), fatores de crescimento transformador (TGF) alfa e beta e interleucinas que podem estar envolvidas no remodelamento das vias aéreas e fibrose. Quadro clínico As quatro manifestações clínicas mais importantes da asma são os sibilos, a dispneia, a tosse (especialmente em crianças) e a sensação de opressão torácica. A asma é a causa mais comum de episódios recorrentes de tosse e sibilos em adultos e crianças, embora nem tudo que sibile seja asma. Várias doenças podem causar sibilos como a insuficiência ventricular esquerda, a doença pulmonar obstrutiva crônica, a disfunção das cordas vocais ou as obstruções brônquicas localizadas. Nas crianças, fibrose cística, bronquiolite aguda viral, bronquiomalácia, estenoses brônquicas ou traqueais, anéis vasculares e aspiração de corpo estranho podem cursar com sibilos. Sibilância é o sintoma chave, e o pediatra deve estar atento que frequentemente os pais e até mesmo os profissionais de saúde, confundem o sintoma com roncos e estridor. Os sibilos podem ser apenas expiratórios e geralmente são difusos. Quando a obstrução brônquica é mais intensa, auscultam-se sibilos também na fase inspiratória. A obstrução é mais grave, quando da associação de sibilos inspiratórios e expiratórios. A ausência de sibilos em um paciente asmático, chamado de tórax silencioso, sinaliza como uma advertência de muita gravidade, sugerindo que os fluxos aéreos são tão baixos que não geram oscilações de parede brônquica, não determinando, portanto, manifestação acústica. Neste caso, há uma redução generalizada do murmúrio vesicular associada a importante esforço ventilatório. Roncos também podem ser auscultados, especialmente quando as vias aéreas estão cheias de muco. A tosse (geralmente não produtiva) é quase que constante na asma, podendo por vezes ser sua única manifestação. Geralmente é pior à noite e após grandes esforços. A sensação de opressão torácica, ou constrição, provém da estimulação de receptores vagais nas vias aéreas. Também ao exame físico detectamos à inspeção e à palpação: Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 12 Taquipneia; Tiragem intercostal – retração inspiratória dos espaços intercostais, fossa supra-esternal, regiões supraclaviculares e subcostais devido a obstrução; Utilização da musculatura acessória, principalmente nas grandes dispneias, mobilizando os músculos inspiratórios auxiliares como os esternocleidomastóideos e escalenos; Tempo expiratório forçado, prolongando a expiraçãoao mesmo tempo em que aperta os lábios, deixando apenas uma pequena fenda central na comissura labial (posição de “assovio”); Taquicardia; Pulso paradoxal (PP) – consiste na diminuição acentuada da amplitude do pulso e até mesmo o seu desaparecimento, associado a uma diferença de pressão sistólica entre a inspiração e a expiração. São desencadeantes de crises de asma: exposição ou contato com alérgenos (partículas que causam alergia) como a poeira, mofo e pelo de animais, assim como, irritantes (odores fortes de perfumes, materiais de limpeza, etc.) e poluentes intradomiciliares (cigarro, fumaça de fogão, etc.) e de fora da casa (resíduos industriais e de queima de combustível), infecções (resfriados), exercícios, mudanças de clima, etc. Diagnóstico Diagnóstico clínico O diagnóstico da asma pode ser efetuado na grande maioria dos casos em função dos sintomas apresentados pelo paciente. A avaliação de um paciente com suspeita de asma fundamenta-se em uma anamnese completa, incluindo um histórico ambiental detalhado, com a descrição dos potenciais desencadeantes das crises. O diagnóstico de asma em pré-escolares e nos mais jovens é difícil, uma vez que sibilância e tosse são comuns em crianças sem asma e os exames complementares são pouco úteis. Desta forma, muitas vezes é possível apenas o diagnóstico sindrômico de sibilância recorrente, e somente o seguimento até a idade escolar ou posterior permite uma definição etiológica mais precisa. Assim sendo, o diagnóstico clínico fundamenta-se na anamnese detalhada e exame físico cuidadoso, formulação do diagnóstico diferencial e monitoramento rigoroso, ou seja, o diagnóstico deve ser feito em bases clínicas como nas crianças maiores, adolescentes e adultos. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 13 Diagnóstico funcional A avaliação da função pulmonar tem importante papel no diagnóstico da asma nas crianças maiores e nos adultos. Seu uso nos lactentes e pré-escolares, entretanto, é limitado pelas dificuldades técnicas na realização destes exames nessa faixa etária. Apesar disso, a documentação de obstrução ao fluxo aéreo e de reversibilidade brônquica, duas características importantes da asma, seguramente podem contribuir no diagnóstico da doença, particularmente nas crianças pequenas que não apresentem manifestações clínicas típicas. A espirometria é útil para diagnóstico, avaliação da gravidade, monitorização e avaliação da resposta ao tratamento. A espirometria deve ser utilizada a partir dos 5 anos. O volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) pós- broncodilatador é o melhor parâmetro espirométrico para avaliar mudanças em longo prazo na função pulmonar, sendo um indicador de progressão da doença. A medida do pico de fluxo expiratório (PFE) serve para avaliar a variabilidade da obstrução; auxilia a monitorização clínica e a detecção precoce de crises, especialmente em pacientes com baixa percepção dos sintomas de obstrução. A redução do calibre e consequente aumento na resistência das vias aéreas determina diminuição de todos os fluxos expiratórios máximos, incluindo o pico de fluxo expiratório (PFE) que na asma aguda pode ser menor do que 150 a 100 l/min. Ocorrem ainda diminuição dos volumes expirados em função do tempo, oclusão prematura das vias aéreas, hiperinsuflação pulmonar, aumento do trabalho respiratório com mudanças na performance muscular e alterações na relação ventilação-perfusão com alteração nos gases sanguíneos. A reversibilidade da obstrução das vias aéreas pode ser avaliada através do teste de broncodilatação, medindo-se o VEF1 antes e 10 a 15 minutos após a inalação de duas respirações profundas de broncodilatador de curta duração de ação (200-400 mcg). Arbitrariamente considera-se um aumento ≥ 12% ou 200 ml no ∆VEF1 como evidência de significativa reversibilidade. A curva pressão-volume na asma tem forma semelhante à normal. Devido a hiperinsuflação está desviada para cima e devido à baixa pressão está desviada para a esquerda. A complacência dinâmica pulmonar está reduzida e torna-se frequência-dependente devido às desigualdades nas constantes de tempo nos pulmões, em decorrência da distribuição paralela heterogênea das vias aéreas estreitadas. A redução da complacência dinâmica aumenta o trabalho elástico da respiração. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 14 A identificação de sensibilizações alérgicas específicas suporta o diagnóstico de asma, ajuda a identificar desencadeantes potencialmente evitáveis e tem valor prognóstico na persistência da doença. Tanto os testes in vivo (testes cutâneos) como os in vitro (determinação de IgEs específicas) podem ser usados. A radiografia de tórax tem papel limitado no diagnóstico da asma. É frequentemente normal (> 80%), mesmo durante a crise aguda, e quando anormal, os achados são inespecíficos, como a hiperinsuflação e o espessamento da parede brônquica. Existem duas indicações principais para a execução da radiografia: 1. Para excluir outras condições que causam sibilos, como insuficiência cardíaca (principalmente na criança), corpo estranho, tumor, etc. e 2. Para identificar complicações como o pneumotórax e o pneumomediastino. Diagnóstico diferencial Classificação A asma pode ser classificada de diversas formas que contribuem para o direcionamento do tratamento adequado. Quanto a classificação clínica podemos dividir em: Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 15 Uma outra forma de se classificar a asma é baseada na gravidade da doença, através da análise da frequência e intensidade dos sintomas, da avaliação das provas de função pulmonar e na necessidade do uso de broncodilatador e anti- inflamatório. Desta forma, a asma pode ser classificada em leve intermitente, leve persistente, moderada persistente e severa persistente. A diretriz da Global Initiative for Asthma 2019 (GINA) para a gravidade é baseada retrospectivamente no conjunto da terapêutica adotada e nos sintomas, podendo a asma ser controlada, parcialmente controlada ou não controlada. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 16 Tratamento A asma é uma doença complexa, multifatorial e se manifesta de forma diferente nas várias idades. Múltiplas abordagens são necessárias para o seu controle, todas passando em primeiro lugar, pela compreensão do paciente acerca de sua doença, possibilitando um manuseio mais seguro da mesma. A asma pode ser controlada na grande maioria dos casos embora não possa ser curada, sendo o tratamento inapropriado um fator importante na morbidade e mortalidade da doença. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 17 Tratamento não medicamentoso A educação do paciente é parte fundamental da terapêutica da asma e deve integrar todas as fases do atendimento ambulatorial e hospitalar. Deve-se levar em conta aspectos culturais e abranger aspectos de conhecimento da doença, incluindo medidas para redução da exposição aos fatores desencadeantes (incluindo alérgenos/irritantes respiratórios - tabagismo), e adoção de plano de autocuidado baseado na identificação precoce dos sintomas. Tratamento medicamentoso O tratamento farmacológico da asma persistente é composto por medicações de controle e terapias adicionais. A conduta inicial do paciente sem tratamento adequado prévio considera a gravidade da doença, definida a partir do perfil de sintomas atual, histórico clínico e avaliação funcional. Na asma intermitente, o tratamento medicamentoso é direcionado para o alívio imediato dos eventuais sintomas decorrentes de obstrução, indicando-se broncodilatadores de curta ação (SABA) para uso conforme necessidade. Na asma persistente, o tratamento medicamentoso volta-se para a supressão da inflamação. Para isso são usados medicamentos ditos “controladores”, sendo os corticosteroides inalatórios melhor avaliados e com maior evidência de benefício para esse fim, tanto em adultos como em crianças. O uso regularde corticosteróide inalatório é eficaz para a redução de sintomas e exacerbações, bem como para melhora da função pulmonar. Os SABA são indicados para sintomas agudos, conforme necessidade. Casos não adequadamente controlados com a terapêutica inicial podem necessitar de associações de medicamentos. Nas exacerbações moderadas ou graves, além de B2CA e corticosteroides inalatórios recomenda-se curso de corticoterapia oral para a obtenção do estado de controle, e seguimento da terapêutica anti-inflamatória com corticosteróide inalatório. Indicação de atendimento hospitalar é feita com base na avaliação de gravidade e perfil de risco. Os medicamentos adicionais, utilizados em pacientes com asma grave, devem ser considerados quando a criança apresenta sintomas persistentes e/ou exacerbações, mesmo utilizando medicações de controle em doses altas e tratando os fatores de risco modificáveis. Neste grupo estão representados os agonistas de receptores b-2 adrenérgicos de longa duração, liberados para maiores de 4 anos (LABA), os antagonistas dos receptores de leucotrienos (ARLT), como o Montelucast e o tiotrópio, um antagonista muscarínico de longa ação, liberado para maiores de seis anos Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 18 (LAMA) e a anti-IgE (omalizumabe), apenas para pacientes com asma grave, é recomendada para crianças maiores de seis anos. Tratamento de manutenção A classificação de gravidade avaliada em uma consulta inicial pode ser modificada durante o acompanhamento, após a introdução de medidas terapêuticas. O conceito de controle leva em conta a evolução clínica e tratamento necessário para remissão e estabilização dos sinais e sintomas. Na ausência de controle, deve-se considerar má adesão, inadequação da técnica inalatória, presença de fatores agravantes, falta de percepção/atenção a sintomas, ou mesmo diagnóstico equivocado. A má adesão foi apontada em estudo brasileiro como o principal fator contribuinte para a falta de controle em asmáticos graves, estando presente em 68% dos casos não controlados. Também a técnica de uso de dispositivos inalatórios e a devida utilização dos espaçadores devem ser revistas a cada retorno, pois são essenciais para o sucesso terapêutico. Uma vez obtido o controle da asma por mais de três meses (ou seis meses, em casos graves), procede-se à redução lenta e gradual de doses e medicamentos (reduzir broncodilatadores, por último a dose de corticosteroide inalatório - CI). Icterícia Neonatal A icterícia neonatal é, provavelmente, o diagnóstico mais frequente realizado nos recém-nascidos (RN). Considerando-se a definição clássica de hiperbilirrubinemia como uma concentração sérica acima de 2 mg/dL, praticamente todos os RNs serão hiperbilirrubinêmicos em sua primeira semana de vida. Para ser detectada visualmente sob forma de icterícia, será necessária concentração superior a 4 a 5 mg/dL, o que ocorre em cerca de 60% dos recém-nascidos (RN) a termo e 80% Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 19 dos prematuros nos primeiros dias de vida. A causa dessa hiperbilirrubinemia não patogênica é multifatorial e pode ocorrer às custas do aumento da bilirrubina não- conjugada/indireta. O aumento da bilirrubina conjugada/direta pode ocorrer, mas é rara em RNs. O tratamento da icterícia neonatal tem por finalidade evitar o risco de encefalopatia bilirrubínica, uma patologia neurológica extremamente grave por impregnação dos núcleos da base, que ocorre por passagem da bilirrubina indireta através da barreira hematoencefálica, causando danos irreversíveis aos recém-nascido. Icterícia Fisiológica Cerca de 70% de todos os RNs apresentam níveis de bilirrubina iguais ou maiores que 5 mg/dL na primeira semana de vida. A icterícia inicia na face, sendo de progressão cefalocaudal. Este fenômeno foi observado pela primeira vez por Kramer, que relacionou o progresso da icterícia dérmica com os níveis séricos da bilirrubina, subdividindo a área corporal do RN em 5 zonas e criando um gráfico que permite uma correlação entre a avaliação clínica e os níveis séricos de bilirrubina, diminuindo o número de exames laboratoriais solicitados. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 20 A icterícia fisiológica do RN resulta da ocorrência simultânea de dois fenômenos: 1. a produção de bilirrubina é elevada no RN devido à destruição aumentada de hemácias fetais, resultado de sua menor vida média e de uma maior quantidade de hemácias no período neonatal; 2. a capacidade de excreção hepática é baixa por causa de atividade deficiente da enzima glucuronil-transferase, responsável pela conjugação da bilirrubina. Esta icterícia pode ser agravada em situações em que há acúmulo de sangue no compartimento extracelular, como no cefalohematoma e na deglutição de sangue materno. Fatores de Risco para Icterícia Neonatal: Raça: é mais frequente na raça branca do que na raça negra; Geografia: incidência mais elevada em populações que vivem em grandes altitudes; Sexo: incidência maior no sexo masculino; Genética: mais frequente em RNs com história familiar de icterícia significativa no período neonatal; Nutrição: incidência mais alta em RNs em aleitamento materno; Idade gestacional: mais frequente em prematuros e RNs de baixo peso; Fatores maternos: RNs macrossômicos, diabetes gestacional; Drogas: ocitocina e Diazepam aumentam o nível de bilirrubinas, já o tabaco e o álcool diminuem. Icterícia fisiológica x Icterícia patológica Para diferenciar a icterícia fisiológica da patológica é fundamental que se observe a história clínica materna e do RN, que o bebê tenha sido examinado e que tenham sido realizados os exames laboratoriais necessários. Quase todas as icterícias não fisiológicas acontecem devido à exacerbação dos mesmos mecanismos causadores da icterícia fisiológica, podendo ser divididas em 5 grupos principais: distúrbios da produção, distúrbios da captação, distúrbios da conjugação, distúrbios da excreção e alteração da circulação entero-hepática. Suspeitamos que a icterícia seja patológica nas seguintes situações: Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 21 Quando ocorre nas primeiras 24 horas de vida e por tempo prolongado (mais de 1 semana em RN a termo e 2 semanas no prematuro); Quando a bilirrubina direta é maior do que 2 mg/dL e a bilirrubina total exceda 15mg/dL; Quando o RN apresenta sinais clínicos de infecção. Icterícia do leite materno Na icterícia do leite materno, os RNs iniciam o quadro na primeira semana de vida, e a hiperbilirrubinemia persiste atingindo o nível máximo em torno de 15 dias, declinando lentamente após este período, podendo permanecer elevada por 4 a 12 semanas. Uma das características desta icterícia é que quando a amamentação ao seio é interrompida, os níveis séricos de bilirrubina caem abruptamente em 24 horas e não retornam aos níveis anteriores mesmo após o reinício da amamentação. Existem múltiplos mecanismos para explicar a icterícia pelo leite materno, sendo os principais a presença de substâncias inibidoras da conjugação no leite materno e o aumento da circulação entero-hepática da bilirrubina. Esta ocorre devido à demora na eliminação do mecônio por uma menor ingestão de leite materno nos primeiros dias de vida, formação reduzida de urobilinogênio e um aumento da atividade da betaglucuronidase. Manejo da icterícia neonatal História Frente a um RN ictérico é importante que a história obstétrica e do parto seja feita de forma detalhada e minuciosa, para identificar os fatores que possam estar contribuindo para a hiperbilirrubinemia, tais como drogas maternas, tipo de parto, retardo no clampeamento do cordão umbilical, grupo sanguíneo, fator Rh e Coombs materno. Em relação à história neonatal, é importante verificar a idade gestacional e o peso de nascimento do RN, se já eliminou mecônio, se está sendo amamentado ao seio e se está ingerindo a quantidade de leite necessária. Exame FísicoDeve-se verificar se existem sinais de infecção congênita, como petéquias, hepatoesplenomegalia e estado geral ruim. É importante, ainda, verificar a presença de sangue extravascular, principalmente o cefalohematoma, se há sinais de policitemia, se a icterícia foi de início precoce (<24 horas) ou tardio. Exames Laboratorias Os exames que devem ser solicitados e que permitirão confirmar o tipo de icterícia (patológica ou fisiológica) são: Grupo sanguíneo e fator Rh da mãe e do RN; Teste de Coombs direto; Hematócrito e hemoglobina; Reticulócitos; Bilirrubinas (direta e indireta); Tratamento da icterícia neonatal As formas de tratamento disponíveis atualmente incluem a fototerapia, a exsanguineotransfusão e o tratamento farmacológico. Fototerapia O mecanismo de ação da fototerapia é a utilização de energia luminosa na transformação da bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis que são eliminados pelos rins e pelo fígado. A eficácia deste método depende da concentração inicial da bilirrubina, da superfície corporal exposta à luz e da dose de irradiância da fonte luminosa. Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 22 Quanto mais alto o nível sérico inicial da bilirrubina, maior e mais rápida é a sua queda com a fototerapia. Da mesma forma, quanto maior a área irradiada, maior a eficácia da fototerapia. Níveis Indicativos de Fototerapia e Exsanguineotransfusão Os níveis de bilirrubina indicativos de fototerapia e exsanguineotransfusão variam de acordo com a idade gestacional, o peso do RN e o tipo de icterícia e podem ser observados nas tabelas a seguir: Exsanguineotransfusão O objetivo principal deste método é remover o excesso de bilirrubina prevenindo seus efeitos tóxicos. Deve-se realizar a troca de duas volemias do RN (160 mL/kg), garantindo, assim, a substituição de cerca de 85% das hemácias circulantes. Indicação Precoce: Nos casos de hidropsia fetal ou quando os exames de sangue do cordão umbilical apresentarem hemoglobina menor que 12 mg%, bilirrubina acima de 4 mg% ou velocidade de aumento da bilirrubina superior a 0,5 mg% por hora. Tardia: Em RN com doença hemolítica está indicada a exsanguineotransfusão quando a bilirrubina excede a 20 mg%. Naqueles RNs a termo, saudáveis e doentes, as indicações podem ser vistas nas tabelas 1 e 2 já apresentadas acima. Em RNs prematuros a exsanguineotransfusão deve ser feita com níveis de bilirrubina menores, de acordo com o peso de nascimento e condições clínicas (tabelas 3 e 4). Bronquite/Asma; extravasamento sanguíneo; Icterícia neonatal 23 Tratamento Farmacológico Fenobarbital: Apesar de o fenobarbital aumentar a atividade da glucuronil-transferase e, consequentemente, a conjugação da bilirrubina, a sua administração aos RNs que apresentam icterícia não é eficaz para reduzir os níveis séricos de bilirrubina, não sendo, portanto, utilizado de rotina. Inibidores da Heme-Oxigenase: Diversos estudos têm demonstrado que a metalo-protoporfirina é um potente inibidor da enzima heme-oxigenase responsável pela transformação do grupo heme em biliverdina e bilirrubina, sendo administrada logo após o nascimento em RNs com doença hemolítica. Ainda não está disponível para uso clínico, sendo, entretanto, uma droga promissora para ser incorporada ao arsenal terapêutico do pediatra nos próximos anos. José Paulo Ferreira et al. Pediatria: Diagnóstico e Tratamento. GOLDMAN, Lee, SCHAFER, Andrew L, et al. Goldman-Cecil. Medicina. 25a ed. Rio de Janeiro. Elsevier, 2018 Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. – 2.ed. – Barueri, SP: Manole, 2010.
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