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JARDINISMO DE INTERIORESJARDINISMO DE INTERIORES PAISAGISMO E JARDINISMO:PAISAGISMO E JARDINISMO: SIGNIFICADOS, CONCEITOSSIGNIFICADOS, CONCEITOS INTRÍNSECOS E APLICAÇÕESINTRÍNSECOS E APLICAÇÕES Autor: Dr. Tamara Zamadei Revisor : Fernanda Delmutte de Andrade IN IC IAR introdução Introdução Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Iniciaremos um mergulho num mar de conhecimentos acerca do Paisagismo e do Jardinismo. O que signi�cam exatamente esses termos? Quais as aplicabilidades e funções? Quais os pro�ssionais e áreas de conhecimento envolvidos em suas atividades? A esses e muitos outros questionamentos você será capaz de responder a partir de agora. Estudaremos diferentes temas inerentes a essas artes, que consistem no aprimoramento de paisagens e ambientes construídos, a �m de favorecer a qualidade de vida e bem-estar de seus usuários. Você, como futuro pro�ssional da área, será introduzido ao assunto e compreenderá os conceitos básicos, áreas de atuação e funções do paisagismo e do jardinismo. Ademais, irá adquirir embasamento teórico aplicado, tornando-se capacitado a realizar escolhas essenciais ao planejamento e à execução de jardins. Escolha das espécies vegetais, composição e arranjo dos jardins serão tópicos abordados no decorrer dos capítulos. Prepare-se para se apaixonar por essa disciplina e criar verdadeiras obras de arte! Bons estudos! Os conceitos de paisagismo e jardinismo estão interligados e fazem referência à composição de elementos naturais e arquitetônicos com vistas à valorização dos ambientes, sejam internos ou externos. Faz-se necessário identi�car suas especi�cidades para uma melhor compreensão da teoria e da prática. Conceitos Básicos Olhando ao redor, o que você observa? Qual termo utilizaria para caracterizar sua percepção? De acordo com o dicionário Michaelis (2019), tal compreensão pode ser descrita pelo vocábulo paisagem: a extensão territorial e elementos que a visão alcança. Na paisagem, comumente, podemos identi�car áreas verdes. As áreas verdes apresentam cobertura vegetal e, portanto, desempenham papel importante na manutenção da qualidade de vida, seja no viés estético, no ecológico ou no lazer. Como áreas verdes urbanas, podemos citar praças, parques e jardins. Paisagismo e JardinismoPaisagismo e Jardinismo Mas e quanto ao jardim, como podemos de�nir? “Terreno, geralmente contíguo a uma casa ou a um edifício, onde se cultivam �ores, arbustos e árvores de pequeno porte para ornamentação ou estudo, muitas vezes usado como área de lazer” (JARDIM apud MICHAELIS, 2019). Niemeyer (2019) os tipi�ca quanto à tipologia de uso em jardins públicos, semipúblicos e particulares, esta última classe ainda é subdividida em coletivos e individuais. Os jardins públicos são ofertados pelo Estado e destinados à população em geral, já os semipúblicos são mantidos pela iniciativa privada, mas aproveitados por um grupo de indivíduos, como os clientes de um comércio. Os jardins particulares de propriedade coletiva são construídos e mantidos por instituições privadas, destinados ao uso de determinado grupo social (hotéis, escolas, hospitais); já os particulares de propriedade privada são pertencentes a um único proprietário e à sua família. Diretamente ligados aos conceitos expostos, têm-se o Paisagismo e o Jardinismo. Paisagismo é de�nido por Niemeyer (2019) como um processo de manejo, planejamento e recriação física da paisagem, utilizando-se de princípios artísticos na construção de ambientes e cenários. É uma atividade interdisciplinar que engloba conhecimentos de diversas áreas, entre elas engenharias, ciências biológicas e agrárias; a �m de recriar cenários a favor do Figura 1.1 - Jardim do tipo semipúblico, localizado no Aeroporto Jewal Changi, em Cingapura Fonte: Tang90246 / 123RF. bem-estar humano. Tem por objeto de estudo e plano de ação os espaços abertos e as áreas livres, privados ou públicos (por exemplo: praças, parques, vias). O jardinismo é um nicho do Paisagismo, apropriando-se, como o próprio nome diz, dos jardins como objeto de trabalho/estudo. Conforme de�nido pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (2011, p. 174), Jardinismo é a “atividade que estuda e cria o jardim, escolhendo as plantas certas para o mesmo, depois de atender a vários fatores, tais como exposição solar, solo, ventos, etc. O jardinista sabe agrupar as plantas de acordo com a sua necessidade”. É interessante ressaltar que, ao contrário do Paisagismo, o Jardinismo pode ser exercido por pro�ssionais de diversas áreas, como engenheiros agrônomos e �orestais, botânicos ou simplesmente aqueles que detenham conhecimentos su�cientes ao planejamento de jardins. Em concordância ao que a�rma o CAU/BR (s.d.): “se o arquiteto paisagista cria, o jardinista programa o trabalho para a execução física pelo jardineiro”. Esses termos possuem conceitos que se tornam mais restritos quando limitamos à escala. Em se tratando de Paisagismo e Jardinismo de interiores, o enfoque muda, mas a abordagem deve permanecer a mesma daquela para espaços abertos. Tanto em termos gerais quanto de interiores, buscam melhorar a qualidade de vida e o bem-estar daqueles que se bene�ciam diretamente de suas obras. Áreas de Atuação O pro�ssional que trabalha com Paisagismo e/ou Jardinismo pode atuar em várias áreas, entre elas (CAU/BR, 2019): Arquitetura paisagística: atividades de levantamento, prospecção e inventário paisagístico; elaboração de projetos, entre eles o de recuperação paisagística; Arquitetura de interiores: intervenção nos ambientes internos e externos correlatos, de forma a adequá-los às necessidades de utilização; Conforto ambiental: emprego de técnicas projetuais que visam ao bem-estar dos usuários; Patrimônio arquitetônico, urbanístico e paisagístico: projetos de preservação, restauração e requali�cação de jardins e parques históricos. Deve-se lembrar que algumas das atividades intrínsecas às áreas de atuação listadas são exclusivas para os pro�ssionais arquitetos e urbanistas. Além disso, também são restringidas de acordo com as escalas de intervenção que se pretende adotar nos projetos. No caso do Jardinismo de interiores, trabalha-se na microescala, atendo-se a projetos e execuções de jardins em espaços internos, em sua maioria semipúblicos ou particulares. praticar Vamos Praticar Entre os conceitos vistos no decorrer da unidade, está o de jardim que, de acordo com Niemeyer (2019), pode ser classi�cado quanto à tipologia de uso em: público, semipúblico ou particular (propriedade coletiva ou privada). Assinale a alternativa que menciona um tipo de jardim particular de propriedade coletiva. a) Jardim Botânico. b) Jardim localizado em um shopping. c) Jardim em uma galeria comercial. d) Jardim em condomínio fechado. e) Jardim no interior de uma casa. O Jardinismo possui diferentes funções em um ambiente, que vão muito além do que simplesmente complementar a decoração e realçar a beleza do espaço. Inserir um jardim em um ambiente interno, atividade de atuação do Jardinismo de interiores, consiste em valorizá-lo, tanto no sentido estético quanto no funcional. Planejar e executar jardins é uma arte e tem como principal objetivo estimular os sentidos e as percepções, dando vida aos espaços. Visão, tato, olfato e até mesmo o paladar podem ser aguçados com essas obras. No decorrer dos conteúdos, você será capaz de utilizar elementos a seu favor, para que diversas mensagens possam ser passadas através do Jardinismo. A inserção de um conjunto de espécies vegetais, somada ou não a elementos arquitetônicos, em um espaço construído pode ser realizada objetivando-se fornecer conforto àqueles que o utilizam. Os chamados jardins terapêuticos são exemplos de projetos cuidadosamente elaborados a �m de estimular o bem-estar de seus usuários. Funções do JardinismoFunções do Jardinismo saiba mais Saiba mais Os jardins terapêuticos são empregados desde a idade média associados a unidadesde saúde, como complemento a tratamentos médicos. Plantas, pavimentos e equipamentos são projetados visando a estratégias como estímulos sensoriais e recreação. No link abaixo, você poderá acessar a �cha técnica completa de um projeto de jardim terapêutico destinado a um centro de reabilitação e integração, que apoia pessoas portadoras de de�ciência mental ou multide�ciência. ACESSAR Além da estética, os jardins podem ser funcionais, tornando-se ambientes produtivos a �ns predeterminados. Possuem como �nalidade agregar funções diversas como ambiente de lazer, reuniões sociais, descanso e relaxamento, diversão, entre outros (GALHEGO, 2017). A tendência de desenvolvimento sustentável trouxe recentemente a esses espaços também a função de produzir alimentos orgânicos. Os jardins hortícolas ou alimentares podem ser empregados tanto em ambientes externos quanto internos, para a produção de plantas comestíveis como hortaliças. Estes podem ser projetados conforme o �m a que se destinam e o espaço reservado à sua construção. Em vista disso, são classi�cados dentro de escalas de intervenção urbanística, podendo possuir diversos elementos constituintes, como será visto a seguir. Escalas de Intervenção http://www.ambienteonline.pt/contents/documents/pjap2017_0628_01_ld.pdf As escalas de intervenção urbanística possuem diferentes de�nições na literatura, mas todas utilizam-se das dimensões físicas e abrangências espaciais para classi�cação. Hardt (2010, p. 1) as categoriza em macro, meso e microescalas, assim de�nidas: Macroescala: grandes setores urbanos, cidades e regiões; Mesoescala: espaços comunitários e particulares de grandes proporções (como conjuntos residenciais; complexos administrativos, institucionais e culturais, entre outros; setores industriais; parques etc.); Microescala: espaços públicos e privados de dimensões mais restritas, correspondentes a um lote ou a uma ou poucas quadras urbanas (como jardins de edi�cações residenciais, comerciais, industriais, administrativas, institucionais, de serviços e culturais, dentre outros; praças; cemitérios etc.). Em macroescala têm-se como exemplo os jardins botânicos, criados em espaços públicos com diferentes �nalidades, entre elas: a preservação da natureza. Um belo exemplo é o Jardim Botânico de Curitiba, no Paraná, local turístico inaugurado em 1991. De extrema beleza, detém uma rica diversidade de plantas e atende aos mais variados públicos. Figura 1.2 - Jardim Botânico de Curitiba, Paraná Fonte: Larissa Pereira / 123RF. Visto que o Jardinismo de interiores pode ser desenvolvido em ambientes semipúblicos ou privados, podemos a�rmar que as intervenções ocorrem em meso ou microescala, ou, como denominada por Niemeyer (2019), escala do usuário. Nessa última são projetados mobiliários, elementos decorativos, iluminação, composições vegetais, com vistas a atender às necessidades de quem ocupa aquele espaço. Elementos de Projeto Além da vegetação, o projeto de áreas ajardinadas compreende outros elementos constituintes, naturais ou arti�ciais, como mobiliários, percursos, recursos de luz, água, espelhos d’água, entre outros. Diferentes materiais, com formatos, cores e texturas variadas podem ser mesclados, a �m de atingir os objetivos do projeto. Os elementos naturais podem ser de�nidos como aqueles obtidos diretamente da natureza (a vegetação em si, pedras, troncos, água, madeira, etc.). Podem ser empregados na forma in natura tanto na decoração quanto na estrutura dos jardins. Pedras podem servir de base para caminhos, pranchas de madeira como suporte para plantas e a água em fontes, cascatas ou espelhos. O emprego desses elementos traz ao jardim a sensação de frescor, ambiente agradável, maior contato com a natureza. Extrapolam a função de meros elementos decorativos, ao proporcionar melhorias na saúde (aumento da umidade relativa do ar, redução da temperatura, conforto térmico) e nas condições psicológicas (paz interior, equilíbrio). Os elementos arti�ciais, por sua vez, são construídos pelo homem a partir de matérias-primas advindas da natureza, como mobílias, fontes, divisórias, pergolados, decks. Dependendo da função a que se destina o jardim, eles se tornam essenciais na composição. reflita Re�ita Você já parou para pensar que é possível a utilização de materiais reciclados na composição de um jardim? Essa prática advém do conceito de paisagismo sustentável. Algumas ideias consistem no aproveitamento de pneus e madeiras de demolição para confecção de cachepôs, �oreiras e vasos. Também podem ser utilizados elementos provenientes direto da natureza como raízes, troncos e galhos. A escolha dos elementos que irão compor o jardim deve basear-se nas características do projeto, com adoção de critérios para adequação (NIEMEYER, 2019). É necessário que a disposição desses elementos seja feita com base em conhecimentos teóricos bem-fundamentados, principalmente da vegetação. Após a de�nição dos elementos que compõem o projeto, deve-se pensar em como fazer a ligação entre eles. Essas ligações irão construir os caminhos e, baseados nesses, parte-se para o trabalho da vegetação envolvente (GALHEGO, 2017). A escolha da vegetação e a composição do jardim em si devem basear-se nas características das espécies vegetais, como morfologia, desenvolvimento, estágio sucessional, entre outras. praticar Vamos Praticar Além de quali�car esteticamente os espaços internos e externos, os jardins abarcam outras funções, como a social e a ecológica. A integração do usuário com a área ajardinada pode ser conduzida de várias formas, entre elas com a �nalidade de atingir o sistema sensorial. Assinale a alternativa que corresponde a um artifício utilizado nos jardins sensoriais para despertar a audição. a) Espécies com diferentes características morfológicas externas. b) Utilização de plantas aromáticas, como alecrim, manjericão e hortelã. c) Emprego de elementos como fontes e cascatas. d) Composição com espécies frutíferas. e) Piso tátil e placas com informações em Braille. Você já ouviu falar em morfologia vegetal? Sabe do que se trata? Morfologia vegetal é a ciência que se dedica ao estudo da forma e da estrutura das plantas. A observação das características morfológicas das partes aéreas (tronco, folhas, �ores, frutos) e subterrâneas (raízes) permite a identi�cação e a classi�cação das espécies. Qual a sua importância no Jardinismo? Uma das principais etapas do planejamento dos jardins é a escolha das espécies vegetais que serão empregadas. É necessário conhecer suas características morfológicas, anatômicas e �siológicas para aplicá-las de forma correta no projeto. Salviatí (1993) ressalta a importância do conhecimento dessas estruturas para o Paisagismo/Jardinismo: Raiz: raízes profundas ou super�ciais são determinantes na escolha do local de plantio, isso porque calçadas e tubulações podem ser dani�cadas ao longo do ciclo de desenvolvimento da planta; Folhagens, �ores e frutos: particularidades como textura da copa e nuances de coloração da folhagem podem ser fator decisivo durante Morfologia VegetalMorfologia Vegetal a seleção das espécies que irão compor o jardim. O período de �oração possibilita combinação de cores ao longo do ano; a caducidade das folhas implica sombreamento e resíduos gerados; já a fruti�cação (frutos comestíveis ou não) confere ao vegetal outras funções além da ornamentação. Como resultado das diferenças morfológicas, têm-se diferentes critérios que permitem a classi�cação das plantas. Quanto ao hábito ou à forma de vida, podem ser diferenciadas em: Árvore: vegetal lenhoso com mais de 5 m de altura, apresentando tronco rami�cado na parte superior formando a copa; Arbusto: vegetal lenhoso de 3 m a 5 m de altura, com um pequeno tronco, apresentando rami�cações desde a base; Subarbusto: vegetal lenhoso de 0,5 m a 3 m de altura, com muitas rami�cações herbáceas ao longo de todo o caule ou formando um emaranhado originando uma touceira;Erva: vegetal ereto, de pequeno porte, contendo pouco tecido lenhoso; Liana, cipó ou trepadeira: vegetal com sistema caulinar incapaz de se sustentar, necessitando se enrolar em um suporte ou desenvolver órgãos de sustentação, como gavinhas e raízes grampiformes, para garantir sua �xação ao suporte; Rastejante: vegetal que se desenvolve paralelamente à superfície do solo, no qual se apoia (MARTINS-DA-SILVA et al., 2014, p. 40). Salviatí (1993) simpli�ca a classi�cação para o Paisagismo, estabelecendo conjuntos de tipos fundamentais de plantas: plantas arbóreas (árvores, palmeiras, coníferas), trepadeiras, arbustos e herbáceas (ervas, forrações, pisos vegetais). Figura 1.3 - Classi�cação de tipos vegetais Fonte: Salviatí (1993, p. 12). De acordo com o autor, a diferenciação entre as plantas herbáceas, forrações e pisos vegetais se dá pelo porte (altura), enraizamento e resistência ao pisoteio. As plantas herbáceas são “erguidas” e atingem, geralmente, até 1 m de altura; as forrações são plantas rasteiras, com altura até 30 cm, densamente enraizadas e que não admitem pisoteio; já os pisos vegetais são semelhantes às forrações, porém permitem poda rente ao solo e são muito resistentes a pisadas (SALVIATÍ, 1993). Nativas e Exóticas Outro fator a ser observado na correta utilização da vegetação no Paisagismo é a origem das espécies. Acerca disso, recebem duas titulações: espécies nativas ou exóticas. As nativas são aquelas originárias da região em que ocorrem, já as exóticas foram trazidas de outro país e introduzidas na localidade. Embora o conceito pareça peculiar, o emprego de plantas exóticas nos jardins é mais comum do que se pensa. Em estudo realizado por Turchetti (2016) no Distrito Federal, observou-se que entre as espécies ornamentais comercializadas, a maioria é exótica. Como exemplo têm-se as coníferas, plantas pertencentes ao grupo das gimnospermas, muito utilizadas em jardins clássicos. Em sua grande maioria exóticas, são atrativas ao paisagismo por suas formas, cores e tonalidades. Entre elas, pode-se citar a espécie Podocarpus macrophyllus , conhecida popularmente como pinheiro-de-buda, originária do Japão e da China, de grande porte (podendo atingir até 15 m de altura), muito utilizada no paisagismo (LORENZI; SOUZA, 2008). Apesar de corriqueiro, o uso de plantas exóticas deve ser cauteloso, devido ao grande potencial invasor. Turchetti (2016) cita que, inclusive, há um movimento da população e pro�ssionais da área por um paisagismo mais sustentável, visando ao incremento no número de espécies nativas inclusas nos projetos. Heiden et al . (2006) são audaciosos ao a�rmarem que a substituição do uso de plantas exóticas por nativas ornamentais é “a grande tendência do paisagismo moderno”. Figura 1.4 - Podocarpus macrophyllus Fonte: Maria Nikonova / 123RF. Tipo Nome cientí�co Nome popular arbusto Beaucarnea recurvata pata-de-elefante arbusto Euphorbia ingens cacto-candelabro arbórea Archontophoenix cunninghamiana palmeira real arbórea Salix babylonica salgueiro-chorão herbácea Zoysia japonica grama esmeralda trepadeira Ficus pumila unha-de-gato Quadro 1.1 - Exemplos de plantas exóticas para �ns ornamentais Fonte: GBIF.org. Algumas plantas nativas recomendadas para jardins são as begônias ( Begonia sp.), orquídeas (exemplo: Oncidium varicosum, Cattleya labiata ), alamandas ( Allamanda sp.), helicônias ( Heliconia sp.), ipês ( Handroanthus sp.), bromélias ( Aechmea sp.). As vantagens de se utilizar espécies provenientes da região são: redução no custo de manutenção, fertilizantes, rega e agroquímicos, em virtude de já serem adaptadas às condições edafoclimáticas (TURCHETTI, 2016). Sucessão Vegetal Niemeyer (2019, p. 100) de�ne sucessão vegetal ou ecológica como “o processo natural de estabilização de um ecossistema”. Sendo assim, as plantas podem ser classi�cadas em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e clímax. Dentro dos grupos sucessionais, as espécies pioneiras apresentam alta tolerância à luz (helió�tas), crescimento rápido, ciclo de vida curto e grande produção de banco de sementes. As helicônias são exemplares de plantas ornamentais pioneiras ( Heliconia rostrata ), herbáceas, eretas, podem atingir até 10 m de altura dependendo da espécie (NAKANO, 2008; ALMEIDA, 2016). As espécies secundárias iniciais e tardias são intermediárias no ciclo sucessional. Como secundárias iniciais têm-se plantas tolerantes ao sombreamento parcial, de rápido crescimento vegetativo e ciclo de vida médio; já as tardias desenvolvem-se exclusivamente em áreas sombreadas, são geralmente de grande porte e possuem ciclo de vida longo (ALMEIDA, 2016). Entre os exemplares de espécies secundárias utilizadas no jardinismo estão: babosa-branca ( Cordia superba ); ingá-bravo ( Inga vera ), ipê-amarelo ( Handroanthus chrysotrichus ), quaresmeira ( Tibouchina Granulosa ), pata-de- vaca ( Bauhinia for�cata ). A denominação clímax se dá às plantas que se desenvolvem em locais sombreados (umbró�las), com crescimento lento, que de�nem a estrutura �nal da �oresta (ALMEIDA, 2016; NIEMEYER, 2019). A partir dessas classi�cações, pode-se inferir que as espécies apresentam diferentes respostas à exposição solar, fator que deve ser considerado no planejamento do arranjo das espécies no jardim. praticar Vamos Praticar As espécies vegetais podem ser categorizadas de acordo com o hábito ou forma de vida. Características como lenhosidade do caule, padrão de rami�cação e desenvolvimento podem ser utilizadas para tal. Assinale a alternativa que contém a correta descrição das plantas classi�cadas como trepadeiras: Fonte: SALVIATÍ, E. J. Tipos vegetais aplicados ao paisagismo. Paisagem e Ambiente , v. 5, p. 9-45, 1993. a) Plantas com altura média acima de 5 metros, caule lenhoso, com único ponto de �xação na base, podendo haver bifurcação acima do solo. b) Plantas de caule geralmente lenhoso com rami�cações próximas ao solo, que atingem altura máxima de 5 a 6 metros. c) Plantas rasteiras de caule maleável, herbáceo, geralmente atingem até 1 metro de altura. d) Plantas de caule tipo estipe, de diversos portes, com copa formada por folhas alongadas e pinadas. e) Plantas que não possuem capacidade de suporte próprio, necessitando de estruturas para se �xar. Vários são os elementos que compõem um jardim, entre os essenciais está a vegetação. Mais do que combinar diferentes texturas e cores, projetar um jardim exige conhecimento prévio acerca das características morfológicas e �siológicas das espécies vegetais a serem empregadas. A partir dessas, os demais elementos que o irão compor deverão interagir entre si. Composição Paisagística A composição paisagística faz referência ao arranjo dos diferentes elementos de projeto, naturais ou construídos. Entre eles, o componente vegetal é um dos mais signi�cativos, que in�uencia na integração com e entre os demais. Alguns padrões estéticos podem ser empregados de forma a conferir ao jardim um “estilo” peculiar. Alguns desses estilos já são consagrados e podem ser fundidos conforme os objetivos do pro�ssional, de forma a criar conceitos autorais. Portanto, é de suma importância conhecê-los, conforme a�rma Niemeyer (2019, p. 16): Composição e EstruturaComposição e Estrutura do Ambientedo Ambiente Para o pro�ssional bem-intencionado, conhecer os principais estilos ou paradigmas em Paisagismo é de suma importância, uma vez que o entendimento das diversas linhas projetuais nos fornece instrumentos para projetar com consciência crítica, e não reproduzi-lo servilmente recaindo em velhos clichês do passado, mas como forma de compreender o universo artístico e ideológico que cercou aquele paradigma. No decorrer dos séculos, diversas composições de jardins foram criadas, in�uenciadas pela religiosidade e pela cultura dos povos. Ademais, relevo e clima também foram fatores de in�uência direta no surgimento de tal diversidade. Pode-se classi�car os jardins em clássicosou contemporâneos. Com relação à evolução histórica, Petry (2014) agrupa-os em diferentes estilos: jardins eternos; da Antiguidade (egípcios, romanos, gregos e persas); da Idade Média (mourisco, medieval e astecas); do renascimento (italiano, francês); pós- renascentista inglês; contemporâneo paisagista. Vejamos alguns dos principais: Persas: exuberantes, criativos, assimétricos; foram os primeiros a ter inserção de árvores e arbustos com �ores perfumadas por motivos estéticos em vez de religiosos; Italianos: simétricos, com elementos arquitetônicos em abundância, consolidando o uso de estátuas, fontes e cascatas; Franceses: típico jardim clássico, tendo como características principais um plano geométrico, traçados monumentais, com a presença de fontes e espelhos d’água; Ingleses: informal, com a presença de caminhos para circulação sinuosos, com grande diversidade de plantas; Orientais: inúmeros elementos arquitetônicos, incorporação de princípios da �loso�a chinesa (yin-yang, shin-gyo-so), amor à natureza, vegetação perene e simbólica. Figura 1.5 - Jardim de Giusti em Verona, Itália Fonte: Ekaterina Belova / 123RF. Existem alguns princípios básicos que devem ser seguidos para que a composição vegetal se torne visualmente agradável e, ao mesmo passo, faça com que o jardim se torne um espaço funcional. Entre eles estão o ritmo, o equilíbrio e a simetria, que vamos estudar a seguir. Ritmo, Equilíbrio e Simetria Como um verdadeiro artista, você, futuro pro�ssional, deverá ser capaz de empregar ritmo, equilíbrio e simetria a seus jardins, para que transmitam exatamente a mensagem que você quer passar. Mas o que signi�cam esses termos e como devem ser empregados? Ritmo, como o próprio nome sugere, consiste em repetição ordenada, regular. Niemeyer (2019) de�ne o ritmo dinâmico da natureza, sem padrões rígidos, como natural , enquanto aquele estabelecido metricamente é denominado de clássico . Para criar ritmo nos jardins, trabalhe com os elementos em padrões lineares ou cíclicos; torne-os repetitivos e/ou intercalados utilizando cores, texturas, formas e tamanhos diferenciados. Figura 1.6 - Ritmo clássico/formal empregado em elementos inertes Fonte: Sukrit Zuurbier / 123RF. A harmonia e a equalização dos elementos em um jardim conferem a esse equilíbrio . Mas, como a�rma Lira Filho (2002), escolher aleatoriamente plantas de cores especí�cas não garante equilíbrio e harmonia à composição paisagística. Deve-se questionar se o projeto fará sentido ao público que o apreciará. Os elementos devem ser equiparados no espaço de forma a tornar o ambiente agradável à contemplação. Para Niemeyer (2019, p. 52), “uma composição pode ser equilibrada com base em disposições volumétricas ou ritmos recorrentes e estáveis que deem a sensação de estabilidade entre suas partes e o todo”. Figura 1.7 - Equilíbrio de diferentes elementos no jardim Fonte: Szefei / 123RF. A simetria se refere à distribuição igualitária das partes e dos elementos do jardim, à regularidade. A proporção harmônica pode ser alcançada empregando-se simetria nos diferentes lados da composição. Esse princípio é marcante nos jardins clássicos. Figura 1.8 - Jardim simétrico no Palácio de Versalhes, França Fonte: Clark Van Der Beken / Unsplash. Para trabalhar na prática, esses princípios utilizam diferentes características morfológicas e �siológicas das espécies vegetais. A caducidade confere ao jardim diferentes sensações de densidade, assim como as cores claras e escuras. O cromatismo (mudanças de cor devido a alterações �siológicas) e a dicotomia (folha com faces de diferentes cores) também podem ser valorizados nas composições (PETRY, 2014). praticar Vamos Praticar Princípios estéticos podem ser aplicados ao Jardinismo para auxiliar na composição e no arranjo da vegetação. Um deles refere-se à “sucessão dos elementos no jardim, conduzindo inteligentemente a vista do observador para certos pontos que são os centros de atenção” (LIRA FILHO, 2002). Assinale a alternativa que corresponde a esse princípio, também exempli�cado na imagem a seguir: LIRA FILHO, J. A. de. Paisagismo : elementos de composição e estética. Viçosa: Aprenda Fácil, 2002. NIEMEYER, C. A. da C. Paisagismo no planejamento arquitetônico . 3. ed. Uberlândia: EDUFU, 2019. a) Equilíbrio. b) Ritmo. c) Proporção. d) Simetria. e) Contraste. Princípio aplicado à composição paisagística Fonte: Niemeyer (2019, p. 53). indicações Material Complementar LIVRO Botânica para Designers e Arquitetos Adriana Carla de Azevedo Borba Editora: Universidade Potiguar Comentário: Destinado a designers e arquitetos urbanistas, apresenta termos técnicos para especi�cação de projetos paisagísticos. Contempla informações botânicas em linguagem de fácil entendimento, com ilustrações das características morfológicas das espécies ornamentais. FILME Alice no País das Maravilhas Ano: 2010 Comentário: Obra de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas é uma das histórias infantis mais conhecidas do mundo. Produzido pela Walt Disney Studios, o enredo ganhou o cinema no formato de �lme em 2010, interpretado por grandes estrelas. As cenas iniciais do longa são protagonizadas em Antony House, residência do século XVIII cercada por um jardim formal marcado pela topiária (poda escultural da vegetação). TRA ILER conclusão Conclusão Caro(a) aluno(a), nesta unidade foram apresentados vários conceitos novos, entre eles os de Paisagismo e Jardinismo e, em especial, o de Jardinismo de interiores. Por ser uma área interdisciplinar, pôde-se perceber a relevância das diversas formações pro�ssionais nas etapas que irão compor o resultado �nal. Agora, você já é capaz de realizar atividades importantes inerentes à elaboração dos projetos de áreas ajardinadas, como a escolha das espécies vegetais. Também aprendeu como deve ser o arranjo e a composição desses elementos, entre si e com os demais, sejam naturais ou não. Foram introduzidas noções importantes de composição paisagística, incluindo os princípios estéticos. Ritmo, equilíbrio e simetria deverão fazer parte de seus projetos de jardins a partir de agora. referências Referências Bibliográ�cas ALMEIDA, D. S. Alguns princípios de sucessão natural aplicados ao processo de recuperação. In: Recuperação ambiental da Mata Atlântica [online]. 3. ed. Ilhéus, BA: Editus, 2016. p. 48-75. AMBIENTE ONLINE. C. R. I. O. Jardim terapêutico. Disponível em: http://www.ambienteonline.pt/contents/documents/pjap2017_0628_01_ld.pdf . Acesso em: 27 nov. 2019. CAU/BR - CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL. Tabelas de honorários de serviços de Arquitetura e Urbanismo do Brasil . Módulo II: Remuneração de projetos e serviços diversos. S.d. Disponível em: https://honorario.caubr.gov.br/download/ . Acesso em: 25 nov. 2019. GALHEGO, A. de A. Paisagismo : �oricultura, parques e jardins. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 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