Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Marina Amorim Marina Amorim Santos - MEDICINA UNIFTC 1 Menstruação: sangramento cíclico que ocorre a cada 21 a 35 dias, durando de 2 a 8 dias, com perda sanguínea de 50 a 200 mg. O ciclo menstrual pode apresentar anormalidades que são os distúrbios menstruais. Distúrbios menstruais: Distúrbios de intervalo: Distúrbios de duração Distúrbios de fluxo Sangramento uterino anormal: Quando há alterações do ciclo menstrual de duração, intensidade e frequência e/ou regularidade, na ausência de gravidez. Responsável por 30% das consultas ginecológicas de mulheres na menacme e de 70% de mulheres na peri e pós- menopausa. QUAIS AS PRINCIPAIS CAUSAS DE SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL NA MENACME? PALM COEIN QUANDO UTILIZAR O PALM COEIN? 1. Paciente na menacme: idade reprodutiva 2. Não gestante. Obs: é obrigatório excluir a gestação, portanto deve se solicitar o BHCG. INVESTIGAÇÃO: Anamnese • Excluir gestação: perguntar sobre a DUM, sobre atividade sexual e uso de método contraceptivo. • Tempo de história: Caracterizar se o sangramento é agudo (até 6 semanas) ou crônico (após 6 semanas)? • Caracterizar o ciclo: frequência, duração, fluxo, se há dismenorreia, se há menorragia (sangramento excessivo) e se há presença ou ausência de coágulos. • Sintomas associados: investigar cansaço, fraqueza e se paciente descorada pensar em ANEMIA; se aumento do volume abdominal pensar em ADENOMIOSE; e se sinais de hiperandrogenismo: aumento de acne, oleosidade, aumento de pilificação pensar em SOP. • Comorbidades e medicação Exame físico • Estado geral: paciente em BEG? Lúcido e orientado em tempo e espaço? Corado, acianótico e anictérico? Hidratado, em boas condições de higiene e de nutrição? Fácies atípica e marcha atípica? • Sinais vitais: Temperatura axilar; Pressão arterial; FR; FC; e TEC. SUSPEITAR DE CHOQUE HIPOVOLÊMICO: se paciente descorado, pele pálida e fria, sem pulso, taquicardíaco, hipotenso e TEC > 2 segundos. CONDUTA: interromper possíveis focos de sangramento visíveis e iniciar a reposição volêmica com cristalóides e hemoderivados • Abdômen: Focar na pelve e avaliar se há aumento de volume abdominal, indicativo de aumento de volume uterino – adenomiose. • Exame especular: Afastar lesões na vagina e no colo uterino que podem causar sangramento. • Toque vaginal: Realizar em paciente que já teve relação sexual o toque bimanual e digital e caracterizar o útero palpado quanto à mobilidade, elasticidade, sensibilidade, tamanho... • Outros sinais: Buscar também por sinais de coagulopatia, como epistaxe, hematoma, equimose... Exames complementares Pronto-socorro: Solicitar BHCG, Hemograma e USG pélvico (transvaginal de preferência). SUA NA EMERGÊNCIA? → Descartar gravidez → Descartar patologia orgânica → Ácido tranaxêmico: 1 g EV em 10 min seguido de 1 mg/kg/h Tratamento: Polimenorreia: quando a menstruação ocorre com intervalos menores que 21 dias. Oligomenorreia: quando a menstruação ocorre com intervalos maiores que 35 dias. Amenorreia: ausência de menstruação por um período maior do que três ciclos prévios. Hipermenorreia: quando a menstruação dura mais de 8 dias. Hipomenorreia: quando ela dura menos de 2 dias Menorragia: quando há excessiva perda de sangue durante o fluxo menstrual. Às vezes, confunde-se com hipermenorreia. Metrorragia: quando a perda de sangue não obedece ao ritmo do ciclo menstrual Dismenorreia: conjunto de sintomas que podem acompanhar a menstruação. Ginecologia Distúrbios do ciclo menstrual M ar in a Am or im S an to s SE LIGA! Atualmente, a Febrasgo sugere que esses termos sejam evitados e no prontuário seja escrito atraso menstrual de 20 dias ao invés de polimenorreia por exemplo. Marina Amorim Marina Amorim Santos - MEDICINA UNIFTC 2 Hormônios – estrogênio, progesterona ou combinação dos dois; Antifibrinólitico (ácido tranexâmico); e AINES. 1. Hormônios 2. Anti-fibrinolítico: Ácido tranexâmico- diminui a fibrinólise e o sangramento. EMERGÊNCIA- 1G EV em 10 minutos, seguido de 1mg/kg/h. 3. AINEs - diminui a produção de prostaglandinas e o sangramento. Não deve ser utilizado por muito tempo. Média de 3 a 5 dias. 4. Associação das 3 possibilidades PALM: Causas anatômicas estruturais de sangramento. • Pólipo – endometrial ou endocervical • Adenomiose • Leiomioma • Malignidade e hiperplasia PÓLIPO: Lesões de glândula e estroma endometrial que estão projetadas na cavidade endometrial. • Prevalência: 10% das mulheres. Acomete pacientes > 40 anos de idade. • Quadro clínico: assintomático -> descobre com exame de rotina. Sintomático: sangramento uterino, infertilidade. • Exame físico: NORMAL. Só há alteração se pólipo cervical exteriorizado pelo orifício externo do útero. RISCOS: malignidade. Pensar em malignidade sempre em pacientes de maior idade, na pós menopausa e principalmente se o sangramento uterino foi depois da menopausa. Diagnóstico: definitivo- apenas com estudo histológico, importante para excluir malignidades. Investigação: USG transvaginal, histeroscopia (PADRÃO OURO) e histerossonografia (injeta soro fisiológico na cavidade uterina que delineia melhor a lesão se existente) QUAL MELHOR EXAME PARA INVESTIGAR A CAVIDADE ENDOMETRIAL? HISTEROSCOPIA Tratamento: Histeroscopia cirúrgica- procedimento minimamente invasivo e polipectomia- retirada do pólipo. OBS: o pólipo deve ser mandado para o estudo histopatológico para investigar malignidade. ADENOMIOSE: QUAL DOENÇA CAUSA UM AUMENTO DIFUSO E GLOBAL DO ÚTERO LEVANDO A DISMENORREIA E SUA? ADENOMIOSE A adenomiose é uma prima da endometriose, é quando o endométrio é ectópico e começa a infiltrar o miométrio, fazendo com que o útero tenha uma estrutura maior, pode ser focal ou difuso, sendo esse mais comum. • Prevalência: 20 a 25% das mulheres na menacme. Fator de risco: associação com a paridade, multíparas tem mais chance de ter adenomiose. • Quadro clínico: assintomático (descobre pela USG transvaginal). Sintomáticos: dismenorreia, SUA, dor pélvica crônica, dispareunia de profundidade e infertilidade. • Exame físico: normal ou então útero com aumento difuso e dor à palpação. • Diagnóstico: Histologia (endométrio infiltra a musculatura lisa - miométrio). NA PRÁTICA: diagnóstico é presuntivo com base em exames de imagem (USG pélvico ou TV - transvaginal; ressonância magnética) • Alterações nos exames de imagem: aumento do volume uterino difuso, miométrio heterogêneo e apresentação de áreas císticas. Alterações na JEC- zona juncional espessada. • Tratamento clínico: controle de sintomas. Contraceptivos hormonais; DIU de levonorgestrel (mirena); AINE; Antifibrinolítico; Análogos de GnRH (Simula uma menopausa, bloqueia o eixo, diminui volume uterino, dor e sangramento. Entretanto é de tempo limitado, pois aumenta risco cardiovascular e de osteoporose). • Tratamento cirúrgico: HISTERECTOMIA, quando há falha no tratamento clínico. Descrição imagem: útero aumentado difusamente e heterogêneo. LEIOMIOMAS: É um tumor benigno (‘nasce benigno e morre benigno’) monoclonal do útero, em que há uma proliferação excessiva de células do músculo liso. Esses leiomiomas dependem de hormônios (estrogênio e progesterona), por isso são mais prevalentes em mulheres na menacme. Estrogênio: repitaliza o endométrio Progesterona: estabiliza o endométrio Estrogênio + Progesterona Marina Amorim Marina Amorim Santos - MEDICINA UNIFTC 3 ALERTA: quando nos deparamos com uma lesão que começa a crescer pós-menopausa, devemos nos atentar para uma possível malignidade. • Prevalência: 70 a 80% das mulheres na menacme apresentam. Mais comum em mulheres negras. • Classificação: Pode ser subseroso (assintomático), intramural e submucoso (+ sintomático). FIGO: Classificação de 0a 8 • Quadro clínico: Assintomático (70%). Sintomáticos- Depende do tamanho do mioma, quantidade e posição. Mais comuns são sangramento uterino, dismenorreia, infertilidade, massa pélvica e sintomas compressivos. OBS: os miomas submucosos são os mais sintomáticos (quadro de sangramento uterino anormal e infertilidade) QUAL O SINTOMA + COMUM NAS PACIENTES COM MIOMAS? SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL QUAIS OS MIOMAS MAIS ASSOCADOS À INFERTILIDADE? MIOMA SUBMOCOSO • Exame físico: Depende do tamanho do mioma, quantidade e posição. O exame físico pode estar normal ou útero aumentado. • Diagnóstico: definitivo é histologia e presuntivo são exames de imagem (USG TV; ressonância magnética; histeroscopia) • Tratamento individualizado: Depende dos sintomas, local dos miomas, idade e desejo reprodutivo. QUAL A PRINCIPAL CONDUTA PARA PACIENTES ASSINTOMÁTICAS COM MIOMAS PEQUENOS? SEGUIMENTO CLÍNICO Controle de sintomas: Contraceptivos hormonais, antifibrinolítico (Transamin- ácido tranexâmico) e AINE. MUITO IMPORTANTE: essas medicações não mudarão o tamanho dos miomas, o objetivo delas é o controle do sangramento uterino anormal. Análogos de GnRH- simula a menopausa, tem efeitos colaterais (fogachos, sintomas vasomotores, ressecamento vaginal, aumento risco cardiovascular e de osteoporose). Deve ser utilizado por tempo limitado e deve ser bem selecionado quem vai usar. Conduta de exceção: embolização de artérias uterinas. Objetivo: cateterizar a artéria uterina, causando quadro de isquemia e trombose. RISCO: insuficiência ovariana prematura. • Tratamento cirúrgico: miomectomia (se a paciente ainda tem desejo de engravidar), pode ser realizada por laparoscopia, laparotomia e histeroscopia OU histerectomia via laparoscopia, laparotomia ou vaginal. QUAL O MELHOR TRATAMENTO PARA MAIOR PARTE DOS MIOMAS SUBMUCOSOS SINTOMÁTICOS? HISTEROSCOPIA CIRÚRGICA COM MIOMECTOMIA OBS: isso vale apenas para mioma submucoso e de tamanhos não muito grandes. OBS: se mioma intramural e subseroso deve ser feito a MIOMECTOMIA LAPAROTÔMICA OU MIOMECTOMIA POR LAPAROSCOPIA. HISTERECTOMIA: Marina Amorim Marina Amorim Santos - MEDICINA UNIFTC 4 COEIN: causas NÃO anatômicas e NÃO estruturais • Coagulopatia • Ovulatória • Endometrial – de aspecto molecular • Iatrogênica • Não classificadas ainda COAGULOPATIAS: Doença de von Willenbrand é a mais comum. Nessa doença, o paciente tem a deficiência do fator de Vw, que tem função importante na agregação plaquetária. Assim na ausência dele, tem-se uma deficiente agregação plaquetárias, o que leva a quadros de sangramento. Quando nos deparamos com essa doença, não devemos pensar apenas na parte menstrual, visto que os sintomas podem iniciar nos primeiros anos após a menarca, em que ocorre metrorragia, mas também podem aparecer outros sinais como epistaxe, hematomas, gengivorragia... Exames: Plaquetas; TP/TTPA; e fator de vW Tratamento específico ou de forma genérica para ajudar nesse controle. • Desmopressina • Antifibrinolítico • Estrogênio • Fator de vW recombinante OVULATÓRIAS: Quadro clínico: sangramento imprevisível, tanto no fluxo, quanto no tempo de duração, geralmente por ciclo anovulatório. • Causas progestacionais: 90% dos casos Anovulação crônica: quem não ovula, não produz corpo lúteo e não produz progesterona, assim o endométrio ficará estrogênico e instável, o que gera uma rutura abrupta que provoca sangramento uterino anormal. No ciclo ovariano teremos uma persistência da fase folicular, é como se tivesse parado nessa fase e não teremos ovulação. Produção estrogênica lenta e constante. No ciclo endometrial teremos persistência na fase proliferativa, aumentando constantemente o endométrio e nunca entra na fase secretora pois não tem ovulação. Principais causas: → SOP → Obesidade/Stress → Hipotireoidismo → Hiperprolactemia → Extremos da menacme → Drogas que agem na dopamina. Disruptura progestacional: paciente ovula, mas existe uma insuficiência do corpo lúteo, não é produzido progesterona pelo tempo necessário (14 dias) e isso causa uma menstruarão precoce. • Alterações estrogênicas: Menos comuns Sangramento por disruptura estrogênica: baixos níveis de estrogênio levam a um sangramento irregular, tipo spotting. Usar pílula AC pode melhorar escape. Sangramento pela privação estrogênica: hipoestrogenismo, que causa atrofia do trato reprodutor e faz com que o endométrio fique muito fino, deixando os vasos mais expostos e aumentando a chance de sangramento espontâneo. Tratamento: Hormônio (Anticoncepcional combinado e para pacientes no climatério, progesterona), DIU mirena; antifibrinolítico e tratar a doença de base. ENDOMETRIAIS (aspecto molecular): Causas que afetam a homeostase endometrial. Qualquer disfunção nos níveis de: • Prostaglandinas • Vasoconstritores • Vasodilatadores OBS: Difícil diagnóstico IATROGENIAS: Causas: Hormônios. Ex: implante subdérmico (até 30% das pacientes possuem SUA); DIU de cobre (pacientes podem cursar com hipermenorreia); DIU mirena (pacientes podem cursar com Spotting). NÃO CLASSIFICADAS: Ex: causas raras- MAV uterina SANGRAMENTO DISFUNCIONAL Segundo a FIGO, esse termo não deve mais ser utilizado. Era todo quadro de sangramento sem causa anatômica. Entretanto na prática, a maioria dos sangramentos disfuncionais estão ligados às causas COEINS, com destaque para os distúrbios ovulatórios e para os distúrbios endometriais (moleculares).
Compartilhar