Prévia do material em texto
1 NORMAS E PADRONIZAÇÕES PARA AUDITORIA EM SAÚDE 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4 2. AUDITORIA .......................................................................................................... 5 2.1 Auditoria Operacional ............................................................................. 5 2.1.1 Locus de Ação .................................................................................... 5 3. MECANISMOS E INSTRUMENTOS DE REGULAÇÃO ....................................... 8 3.1 Funções ................................................................................................. 8 3.2 Operacionalização ................................................................................. 9 3.3 Estrutura............................................................................................... 16 Principais atribuições ................................................................................................. 17 3.4 Horário de funcionamento .................................................................... 18 3.5 Protocolo técnico (clínico) .................................................................... 18 3.6 Ações de controle ................................................................................ 19 3.7 Instrumentos para auditoria operacional .............................................. 19 3.8 Roteiro da auditoria operacional .......................................................... 20 3.9 Análise de prontuário ........................................................................... 21 3.10 Supervisão in Loco de Serviços de Saúde ........................................... 22 4. ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA AUDITORIA EM ENFERMAGEM ............. 27 5. ESTRUTURAÇÃO DO NÚCLEO DE AUDITORIA E REGULAÇÃO EM SAÚDE29 6. AVANÇOS E CONQUISTAS NA IMPLEMENTAÇÃO DO NAR ......................... 31 7. ENFERMAGEM, AUDITORIA E REGULAÇÃO EM SAÚDE .............................. 33 8. A IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO DE TÉCNICAS E NORMAS NA SAÚDE35 9. ANVISA ATUALIZA NORMAS TÉCNICAS PARA SERINGAS E AGULHAS DESCARTÁVEIS ....................................................................................................... 37 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 38 3 REFERÊNCIA ........................................................................................................... 39 4 1. INTRODUÇÃO O Sistema Nacional de Auditoria - SNA, instituído pelo art. 6º da Lei 8.689, de 27 de julho de 1993 e regulamentado pelo Decreto 1651, de 28 de setembro de 1995, desdobra-se nos três níveis de gestão que compõem o SUS - Federal, Estadual e Municipal. Ele se reveste das atividades de auditoria, suplementando outras instâncias de controle e subsidiando o processo de planejamento das ações de saúde, sua execução, gerência técnica e avaliação qualitativa dos resultados obtidos. Nesta perspectiva, situa-se a elaboração deste documento de orientação, dirigido aos auditores do SNA, observando aspectos gerais e conceituais de auditoria, bem como o conjunto de ações técnicas e administrativas que compõem esta atividade. Tendo como objetivo maior a obtenção da qualidade das ações e serviços prestados no campo da saúde, a ação de auditoria se caracteriza em atividades de verificação analítica e operativa, consistindo no exame sistemático e independente de uma atividade, elemento ou sistema, para determinar se as ações de saúde e seus resultados, estão de acordo com as disposições planejadas e com as normas e legislação vigentes. 5 2. AUDITORIA O conceito de auditoria (audit) foi proposto por Lambeck em 1956 e tem como premissa a “avaliação da qualidade da atenção com base na observação direta, registro e história clínica do cliente”. As atividades da auditoria concentram-se nos processos e resultados da prestação de serviços e pressupõem o desenvolvimento de um modelo de atenção adequado em relação às normas de acesso, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Consistem em controlar e avaliar o grau de atenção efetivamente prestada pelo sistema, comparando-a a um modelo definido. A auditoria é um conjunto de atividades desenvolvidas tanto para controle – auditoria operacional – quanto para avaliação de aspectos específicos e do sistema – auditoria analítica. Auditoria operacional Consiste na realização de atividades voltadas para controle das ações desenvolvidas pela rede de serviços do Distrito Sanitário. Concentra-se nas condições da rede física, nos mecanismos de regulação e no desenvolvimento das ações de saúde. Auditoria analítica Baseia-se no desenvolvimento de atividades que têm por objetivo aprofundar as análises de aspectos específicos do sistema de saúde do Distrito Sanitário, ou seja, é voltada para a avaliação quantitativa, inferindo, em algumas situações, a qualidade das ações de saúde do Distrito Sanitário. 2.1 Auditoria Operacional 2.1.1 Locus de Ação O Sistema Nacional de Auditoria foi criado pela Lei nº 8.689 de 7 de março de 1993, artigo 6º, e regulamentado pelo Decreto-Lei nº 1.651 de 28 de setembro 1995. Tanto a lei como o decreto tiveram um processo de discussão intensa entre as três 6 esferas de governo, a fim de preservar ao máximo os preceitos contidos nas leis 8.080/90 e 8.142/90 e na Constituição Federal. A operação do sistema de auditoria deve ocorrer descentralizadamente, com definição das competências de cada esfera de governo. O Decreto nº 1.651/94 definiu que as atividades de auditoria ficam a cargo do Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria, subordinado à Secretaria de Assistência à Saúde, do Ministério da Saúde. O sistema é integrado por uma Comissão Corregedora Tripartite, composta pela direção nacional do SUS, representantes do Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Saúde e do Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde. Cabe a cada nível de governo as seguintes competências, para atividades de auditoria: Nível federal a. Aplicação dos recursos transferidos aos estados e municípios, mediante análise dos relatórios de gestão; b. As ações e serviços de saúde de abrangência nacional; c. Os serviços de saúde sob sua gestão; d. Os sistemas estaduais de saúde; e. as ações, métodos e instrumentos implementados pelo órgão estadual de controle, avaliação e auditoria. Nível estadual a. aplicação dos recursos estaduais repassados aos municípios; b. as ações e serviços previstos no plano estadual de saúde; c. os serviços de saúde sob sua gestão; d. os serviços municipais e os consórcios intermunicipais de saúde; e. as ações, métodos e instrumentos implementados pelos órgãos municipais de controle, avaliação e auditoria. Nível municipal a. as ações e serviços estabelecidos no plano municipal de saúde; b. os serviços de saúde sob sua gestão (públicos e privados); c. as ações e serviços desenvolvidos por consórcio intermunicipal ao qual o município esteja associado. 7 À Comissão Corregedora Tripartite caberá: a. Zelar pelo funcionamento harmônico e ordenado do Sistema Nacional de Auditoria; b. Identificar distorções; c. Resolver impasses; d. Requerer aos órgãos competentes providências para a apuração de denúncias e irregularidades; e. Aprovar a realização de atividades de controle, avaliação e auditoria pelo nível federal ou estadual, em estados e municípios. É fundamental, no desenvolvimento das ações de auditoria por nível de gestão, a colaboração estreita entre os níveis.O gestor do Distrito Sanitário e o gestor municipal são os principais responsáveis pela realização das atividades de auditoria, visto que a maior parte é dirigida aos serviços de saúde. Nesse sentido, há atuação em parceria com os níveis do Sistema Nacional de Auditoria Estadual e Federal. A participação dos níveis estadual e federal nas auditorias de serviço no Distrito Sanitário e município somente poderá ocorrer por solicitação do gestor local, a não ser que alguma situação excepcional justifique tal ação, desde que autorizada pela Comissão Corregedora, como determina o Decreto nº 1.651/95. 8 3. MECANISMOS E INSTRUMENTOS DE REGULAÇÃO Com a descentralização da gestão dos serviços de saúde, torna-se imperativo o estabelecimento de instrumentos gerenciais e técnico-científicos, entre os quais a Central de Regulação e Protocolos, que permitam responder adequadamente às necessidades de saúde da população, gerindo a oferta de serviços e agilizando o acesso da clientela, contribuindo assim com a organização do sistema e a implantação efetiva da sua regionalização e hierarquização. A. Central de Regulação A regulação da oferta de serviços é um desses instrumentos, pois permite a utilização racional dos serviços, fazendo com que os distritos assumam seu papel de gestor no sistema. A abrangência da Central de Regulação deve contemplar: • ações e serviços existentes no distrito; • ações e serviços existentes em outros distritos. A complexidade das ações que devem estar sob o controle da central é decisão do gestor do distrito, e deve ter como princípios: a. Se a oferta de serviços é menor que a demanda da clientela, é necessário o controle, a fim de garantir o acesso do cliente de maneira racional, bloqueando-se a utilização inadequada dos serviços; b. Se a oferta de serviços é maior que a necessidade da clientela, é necessário controle, a fim de não haver excesso de utilização das ações de saúde (como se sabe, a oferta excessiva, principalmente de procedimentos de alta complexidade, gera superutilização dos recursos diagnósticos e terapêuticos). 3.1 Funções A Central de Regulação tem as seguintes funções: 9 a. Orientar o encaminhamento dos pacientes da área de abrangência do Distrito Sanitário para consulta de especialidades, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico e internações hospitalares; b. Controlar o encaminhamento de pacientes para serviços fora da área de abrangência do distrito, que constem da Programação Pactuada Integrada; c. Controlar e disponibilizar os leitos vagos (públicos e conveniados/contratados) para internações referenciadas de urgência, emergência e eletivas; d. Agendar, através de controle próprio, consultas de especialidades e SADT para as unidades requisitantes; e. Elaborar relatórios para acompanhamento gerencial dos gestores; f. Atualizar os dados cadastrais da unidade prestadora e subsidiar o gestor nas alterações de oferta de serviços, quando necessário. 3.2 Operacionalização A partir do cadastro de serviços e da Programação Pactuada Integrada estabelecida pela NOB 01/96, o gestor do Sistema Único de Saúde ou grupo de gestores, devem estabelecer com os prestadores de serviços de saúde a quantidade de leitos, o número de consultas de especialidades, tipo de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico que estarão sob o controle da Central de Regulação, e os protocolos que serão utilizados para referência dos pacientes. Para efeito de controle dos encaminhamentos, as unidades devem ser divididas em: 1. Unidades requisitantes: São consideradas unidades requisitantes junto à Central de Regulação: Unidades básicas de saúde da área de referência; Ambulatórios de especialidades da área de referência; Centrais de regulação de outros municípios e regiões (autorizados); Hospitais públicos e privados de menor complexidade. As unidades requisitantes deverão ter senha de acesso à central, fornecida pelo gestor. O acesso à central deve ser feito por telefone. 1 0 2. Unidades prestadoras: São consideradas unidades prestadoras todos os serviços públicos e privados localizados dentro e fora da área de abrangência que mantenham vínculo formal com o SUS e que prestem serviços na área de consultas de especialidades, serviço de apoio diagnóstico e terapêutico e internações hospitalares. As consultas de especialidades devem estar sob o controle da central (vide fluxo página 11). A avaliação do grau de utilização das consultas (falta de paciente, consultas não agendadas, motivo de encaminhamento) deve ser realizada de maneira periódica, a fim de retroalimentar o sistema. A unidade requisitante, ao acionar a Central de Regulação para internação hospitalar, deve informar: • código de acesso da unidade; • caracterização da internação: especialidade faixa etária sexo nome completo do paciente endereço nome do médico e CRM; • tempo provável de deslocamento do paciente; • hipótese diagnóstica. A solicitação da internação deve ser feita obrigatoriamente por profissional de nível superior (médico, enfermeira ou assistente social, com preferência para o primeiro), com dados clínicos os mais completos possíveis. Ao encaminhar o paciente ao hospital indicado pela central, deverá ser preenchido o laudo de solicitação de internação (anexo), devidamente preenchido, com descrição detalhada do quadro clínico, evolução e conduta dispensada, assinada e carimbada pelo médico solicitante, principalmente nos casos de emergência médica. Nos casos de internação em UTI, o médico da unidade requisitante, em havendo vaga disponibilizada pela Central de Regulação, deve entrar em contato com o médico da unidade prestadora. Nas internações eletivas, a unidade requisitante deve informar a 1 1 patologia, o tipo de cirurgia a ser realizada e o dia programado para a sua realização. Se houver suspensão do encaminhamento, a unidade requisitante deve informar imediatamente a Central de Regulação, esclarecendo o motivo. Se a unidade prestadora recusar a internação, a central deve comunicar imediatamente o fato ao gestor (Secretaria Municipal da Saúde) da sede do prestador. As unidades prestadoras devem encaminhar diariamente relatórios de alta dos pacientes, contendo nome do paciente, número do leito, data da alta e motivo da alta. Esse relatório alimentará o programa da central, contabilizando os leitos ocupados e disponíveis. No caso de mudança de procedimento, a unidade deve informar a central, que autorizará ou não tal mudança. A partir do cadastro da Programação Pactuada Integrada e das portarias do Ministério da Saúde que normatizam os exames de alta complexidade, o gestor deve estabelecer os serviços que serão oferecidos pelas unidades prestadoras da área de abrangência e os serviços a serem utilizados de outra região de saúde, ou seja, é necessário o estabelecimento de negociação entre os gestores para definir o tipo e a quantidade de exames/terapias oferecidos. O agendamento prévio deve se restringir aos procedimentos que exigem preparo anterior e/ou de alta complexidade, entre eles: Imagenologia: Raio X; contrastado; Exames especializados; Ultra-som; Tomografia computadorizada; Radiologia digital; Ressonância magnética; Densitometria; Mamografia Neurorradiologia. Medicina Nuclear in vitro e in vivo Métodos gráficos: EEG Ergometria Holter Espirometria Endoscopia: Digestiva (per oral) Broncoscópica Urológica Hemodinâmica Ecocardiografia Audiometria Radioterapia Quimioterapia Histocompatibilidade 1 2 Genética médica Fisioterapia Órtese/prótese Medicamentos excepcionais É importante definir que as unidades requisitantes serão autorizadas a solicitar os procedimentos citados acima. O gestor deve estabelecer as quantidades oferecidas paracada tipo de serviço de diagnóstico ou terapêutico. O funcionamento da central deverá ocorrer mediante os fluxos estabelecidos (a seguir) para as diversas ações de saúde. Figura 1 1 3 Fonte: Instituto para o desenvolvimento da saúde – ids Figura 2 1 4 Fonte: Instituto para o desenvolvimento da saúde – ids Figura 3 1 5 Fonte: Instituto para o desenvolvimento da saúde – ids Figura 4 1 6 Fonte: Instituto para o desenvolvimento da saúde – ids 3.3 Estrutura O tamanho da Central de Regulação precisa estar adequado à realidade do distrito. Os recursos materiais e humanos apresentados devem ser considerados como ponto de referência. O gestor tem de adequar a central aos recursos disponíveis no distrito: 1. Recursos materiais: Área física compatível com as atividades desenvolvidas PABX, modelo CPC44 1 7 Linhas telefônicas Fax simples Microcomputadores interligados em rede ou não Impressoras 2. Recursos humanos: Os recursos humanos utilizados devem ser capacitados de acordo com o modelo assistencial e para a operação do sistema. Médicos: 40 horas semanais Oficiais administrativos Principais atribuições Oficial administrativo (com responsabilidade administrativa): Atende às solicitações das unidades requisitantes; Agenda as consultas de especialidades e SADT; Disponibiliza leitos para as internações solicitadas (eletivas); Aciona supervisor quando das internações de urgência/emergência; Notifica o supervisor a respeito de dúvidas ou de eventuais intercorrências. Supervisor: Coordena a Central de Regulação; Estabelece contato com as unidades prestadoras e requisitantes para superação de dificuldades; Elabora relatórios gerenciais para os gestores; Aciona gestor quando ocorre negativa da unidade prestadora ou demanda reprimida; Aciona auditoria operacional; Avalia qualidade de funcionamento do sistema. 1 8 3.4 Horário de funcionamento Idealmente, a Central de Regulação deve funcionar 24 horas por dia devido à possibilidade da ocorrência de internações de urgência/emergência, que atualmente constitui nó crítico do sistema. No entanto, o funcionamento pode variar de 8 a 24 horas, de acordo com os recursos disponíveis. Quando o funcionamento for parcial, de 8 a 12 horas, é necessário estabelecer parceria com a unidade prestadora, a fim de que ela atue no controle dos quantitativos de ações disponíveis, retornando a informação à central para atualização dos dados. 3.5 Protocolo técnico (clínico) O protocolo técnico é instrumento normativo do processo de atenção à saúde e tem como funções: • a promoção da qualidade técnica da atenção nos diversos níveis do sistema; • a utilização racional dos recursos de diagnose e terapia disponíveis; • a sistematização dos mecanismos de referência e contra referência da clientela. Os protocolos devem ser utilizados para a tomada de decisões e indicar passos adequados para o diagnóstico, terapia específica e prevenção de complicações de enfermidades ou anomalias específicas, ou seja, devem proporcionar um plano detalhado para o acompanhamento dos pacientes com diagnósticos específicos: processos, prazos, responsabilidades desde a admissão do paciente até a alta. Os aspectos a serem levados em conta na elaboração e aplicação são tempo, custo e recursos disponíveis. Existem várias publicações que contêm protocolos das diversas áreas de atenção. O mais utilizado e completo é da Agency of Health Care Policy and Research (AHCPR); as versões mais utilizadas são o “Clinical Practice Guideline” e “Quick Reference Guide for Clinicals”. O endereço na Internet da AHCPR é http://www.ahcpr.gov. 1 9 3.6 Ações de controle Atividades básicas: Analisar e auditar in loco as solicitações de internações. Autorizar a emissão da AIH. Autorizar, previamente, a realização de cirurgias eletivas. Autorizar realização de exames de alta complexidade (APAC). Analisar os relatórios de saída do sistema ambulatorial e de internação (SIA e SIH/SUS). Vistoriar os serviços em conjunto com a Vigilância Sanitária. Controlar o cumprimento das normas sobre as atividades de prestação de serviços pelas unidades de saúde, emanadas do MS, SES e Secretaria Municipal da Saúde. Acolher denúncias de usuários, prestadores, gestores ou profissionais de saúde. Analisar e auditar os atendimentos individuais de ambulatório e SADT. Acionar a realização de auditoria analítica a partir da detecção de distorções ou problemas específicos 3.7 Instrumentos para auditoria operacional Programação Pactuada Integrada do Distrito Sanitário. Contratos e convênios com a rede prestadora de serviços. Manuais do SIH e SIA/SUS e de auditoria do MS e secretarias estadual e municipal da Saúde. Portarias ministeriais, da Secretaria de Estado da Saúde e da Secretaria Municipal da Saúde, que regulam a prestação de serviços. Prontuários dos pacientes. Sistema de Informação em Saúde. 2 0 3.8 Roteiro da auditoria operacional O roteiro de auditoria operacional tem como objetivo sistematizar as ações de controle dos atendimentos realizados pelas unidades prestadoras. Ambulatório e SADT As atividades de auditoria operacional devem ser alimentadas pelo Sistema de Informações Ambulatoriais e seus aplicativos, dentre os quais: o Relatórios do SIA/SUS; o Ficha de atendimento ambulatorial; o TAB/SIA; o VAL/SIA; o Requisições e laudos de exames especializados; o APAC (Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade). Dentre os relatórios emitidos pelo sistema, devem ser utilizados mais freqüentemente: a. Relatório da situação cadastral da unidade: Possibilita a avaliação da compatibilidade entre capacidade operacional e programação físico/orçamentária, estabelecida para as unidades. b. Boletim de produção ambulatorial e relatório da situação de produção: • Registra todos os procedimentos realizados pela unidade. • O relatório da situação de produção indica os procedimentos rejeitados. c. Relatório de créditos bancários: • Indica os valores creditados na conta corrente de cada prestador. d. TAB/SIA: • Apura as quantidades e valores de procedimentos apresentados pelos prestadores. • Pode ser agregado por município, estado ou regiões de saúde. 2 1 e. VAL/SIA: • Informa os valores creditados aos prestadores por item de programação e tipo de prestador, além da pesquisa de dados cadastrais. A auditoria operacional em ambulatório deve concentrar-se nos procedimentos que mais ocorreram no sistema, entre eles os de alto custo e alta complexidade, a fim de ajustar sua capacidade de oferta às necessidades da clientela do Distrito Sanitário. Eis alguns deles: • Urgência/emergência • Cirurgias ambulatoriais • Medicina Nuclear in vitro e in vivo • Diálise • Tomografia • Hemoterapia • Radioterapia • Quimioterapia • Órtese e prótese • Medicamentos de uso contínuo (alto custo) • Internação hospitalar As análises devem ser feitas in loco e, se possível, de todas as internações hospitalares ou no mínimo 50% delas. 3.9 Análise de prontuário Segundo orientação do Conselho Federal de Medicina, o prontuário não pode ser retirado da unidade. Documentos 1. Laudo de solicitação da AIH: 2 2 Confrontar o procedimento solicitado e o procedimento autorizado com o procedimento realizado. Em caso de mudança de procedimento, verificar se ele foi autorizado. 2. História clínica. 3. Avaliar a compatibilidade entre o procedimento realizado e a anamnese, exame físico e SADT constantes do prontuário. 4. Prescrição médica: Medicamentos prescritos devem ser compatíveis com o diagnóstico. 5. Evolução: • Deve ser diária.6. Evolução de enfermagem: Analisar cuidados de enfermagem e anotações correspondentes no prontuário. 7. Descrição cirúrgica: Analisar compatibilidade da descrição com o procedimento solicitado/autorizado/realizado. 8. Ficha de anestesia: Analisar o tempo de duração do ato. 9. Ficha obstétrica: Analisar informação sobre o tipo de parto e indicações. 10. Procedimentos especiais e órteses/próteses: Analisar se o realizado está compatível com o procedimento autorizado. 3.10 Supervisão in Loco de Serviços de Saúde Supervisão, do inglês “supervision”, significa “orientar, inspecionar”, quer dizer “observar com grande atenção”. As atividades de supervisão são indicadas quando houver cadastramento de serviços novos, frente a análises operacionais de rotina ou mesmo às de conteúdo analítico que apontem distorções de ordem técnico- administrativas, frente a denúncias, ou mesmo quando fazem parte da rotina da equipe técnica de auditoria. 2 3 As visitas de supervisão buscam dar maior conhecimento da realidade institucional que se analisa, subsidiando mais concretamente a tomada de decisões pelo gestor. É possível encontrar vários formatos de relatórios e protocolos que subsidiam uma supervisão de equipamentos de saúde, sejam eles quais forem. Porém, ou são muito complexos ou mais simples e nem sempre conseguem reunir sucintamente, e no mesmo formato, os vários aspectos que um gestor precisa acessar. Os cinco relatórios aqui apresentados tentam dar conta dessas questões levantadas. Relatórios de supervisão • Serviços de ações básicas de saúde • Ambulatórios de especialidades • Serviços de Apoio Diagnóstico e Terapêutico • Pronto- socorro • Atendimento hospitalar A depender da complexidade do sistema de saúde existente, todos ou apenas um módulo poderá ser utilizado. Para melhor desempenho das atividades de avaliação, controle e auditoria de unidades de saúde, sejam de gerência própria e/ou conveniadas e contratadas, indicamos a sequência de atividades abaixo relacionadas: 1. Compilar e analisar as informações conhecidas ou previamente solicitadas à visita de supervisão. É interessante estabelecer comparações entre relatórios e resultados de supervisões anteriores. 2. Antes da visita, definir claramente o papel e a divisão de tarefas entre os componentes da equipe. Recomenda-se que haja um coordenador que represente institucionalmente o gestor. 3. Sempre que possível, compor equipes com pelo menos um médico e profissionais das áreas de planejamento, auditoria e controle, vigilância sanitária e finanças. 2 4 4. É interessante que o grupo apresente-se previamente à direção da unidade ou instituição e solicite a indicação de um profissional gabaritado para acompanhar a visita. 5. É recomendável a utilização de planta física para verificação de fluxos/localizações e mapear a cargo de quem estão as responsabilidades gerenciais dos setores, tanto administrativa quanto tecnicamente. 6. É interessante que a equipe de supervisão observe a dinâmica e o funcionamento habituais e não aqueles “acertados” para recebê-los. 7. Se possível, anexar a impressão dos usuários relativa ao atendimento recebido. Os roteiros visam fornecer um diagnóstico da unidade supervisionada, relativos à: I. Estrutura física: distribuição e destinação dos espaços físicos internos, fluxos e condições das instalações. Se não forem adequadas e interferirem nos resultados das atividades executadas, a equipe deverá recomendar reformas, adaptações, ampliações ou até mesmo mudança de local. Este item baseia-se, fundamentalmente, na Portaria MS 1.884/94. II. Recursos humanos: quantidade disponível para comparação com parâmetros existentes; qualificação profissional; existência de rotinas, protocolos que normatizem as atividades como facilitadores e difusores das tarefas a serem executadas; distribuição das atividades e compreensão da inserção do trabalho individual no conjunto, e o papel desempenhado pela unidade. Se inadequadas, essas condições interferem diretamente no resultado esperado. A equipe de supervisão deverá apontá- las, propondo contratações, treinamentos, remanejamentos e redistribuição de atividades. III. Equipamentos: listagem por setor, condições de uso e manutenção relacionados às atividades-fim (diretamente ao paciente, como raio X, ultra-som, EEG, ECG, etc.) ou atividades-meio (equipamentos de lavanderia, nutrição e dietética, etc.). A equipe apontará os equipamentos que necessitam de manutenção, de remanejamento, quando subutilizados, ou a compra de novos equipamentos. IV. Produção e inserção do serviço no sistema de referência e contra-referência: quantidades disponibilizadas ao SUS de consultas, exames subsidiários e internações. Indicadores gerais, como cobertura vacinal, desempenho hospitalar, perfil de patologias atendidas, atividades realizadas pelos diversos profissionais, procedência dos 2 5 pacientes. Busca-se traçar um perfil da demanda atendida, do serviço ofertado, patologias mais freqüentes que, eventualmente, mereçam um programa diferenciado para, com os demais itens, compor uma melhor qualificação do serviço avaliado. V. Qualidade do atendimento: através da avaliação indireta de prontuários e, diretamente, através do questionamento aos usuários. Os relatórios centram-se mais em atividades-fim, relacionadas diretamente aos pacientes, apontando apenas estrangulamentos em atividades-meio que possam comprometer os resultados da primeira. O perfil dado para ordenar as questões dos relatórios foi o de possibilitar uma sequência que “explorasse” os diversos aspectos de um mesmo setor analisado, na ideia de um mix que forneça um retrato dinâmico do observado pela equipe de supervisão. Como esses relatórios pretendem subsidiar a tomada de decisões frente ao diagnóstico da unidade, sugerimos que seja formado um relatório-síntese que aponte: 1. Os problemas encontrados priorizados. 2. Que a seleção de priorizações se dê de acordo com o risco que causam aos usuários e funcionários, se não resolvidos. 3. Unidades sob gerência do gestor: • problemas cuja solução não tenha custos ou apresente um baixo custo; • problemas cuja solução envolva maiores montantes de recursos financeiros. 4. Unidades conveniadas/contratadas: • indicar ajustes que possibilitem a modificação dos problemas apontados e que, portanto, mantenham o credenciamento no SUS; • os problemas detectados são de difícil solução ou insolúveis, colocando em risco os usuários e funcionários, e, portanto, aponta-se o descredenciamento do SUS. 2 6 Figura 5 Fonte: Instituto para o desenvolvimento da saúde – ids 2 7 4. ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DA AUDITORIA EM ENFERMAGEM A auditoria em Enfermagem está respaldada por uma vasta legislação, que abrange também as suas diversas áreas de atuação, subsidiando os diversos órgãos, governamentais e não-governamentais, para torná-los capazes de apoiar, cada vez mais, as atividades desenvolvidas pela Enfermagem (MOTTA, 2003). É importante destacar o respaldo da Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, a Resolução específica para auditoria emitida pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e, naturalmente, o próprio Código de Ética de Enfermagem. A Lei do Exercício Profissional (Lei 7.498/86), que dispõe sobre a Regulamentação do Exercício da Enfermagem e dá outras providências, e é regulamentada pelo Decreto 94.406/87 (BRASIL, 1987), em seu Artigo 11, inciso I, alínea h (no Decreto 94.406/87, corresponde ao Artigo 8º, inciso I, alínea d) versa que o Enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe: privativamente a consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem. De acordo com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (COFEN, 1993), no CapítuloIV – dos deveres, encontram-se dados pertinentes à auditoria em Enfermagem, em bora sem maiores especificações, como descrito em seu Artigo 33: “Proteger o cliente contra danos decorrentes de imperícia ou imprudência por parte de qualquer membro da equipe de saúde.” Portanto, a auditoria em Enfermagem é uma ferramenta importante para a proteção do cliente por subsidiar a melhoria da qualidade da assistência. Dessa forma, concordando com Possari (2005, p. 205), “toda informação que não foi registrada é considerada perdida, deixando de oferecer ao paciente as informações corretas a respeito dos cuidados prestados pela equipe de Enfermagem”. Contamos também com a Resolução do COFEN nº 266/2001 (COFEN, 2001) que dispõe sobre as atividades do enfermeiro auditor em saúde, supre uma necessidade de regulamentação desta atividade, em função da demanda de empregabilidade desses profissionais, tanto em instituições públicas quanto em 2 8 privadas. A resolução apresenta um amplo elenco de atividades administrativas, econômicas, integradoras e educativas, além da autonomia profissional (POSSARI, 2005). RESOLUÇÃO COFEN-266/2001 O Conselho Federal de Enfermagem, no uso de suas atribuições legais e regimentais; CONSIDERANDO o disposto na Lei nº 7.498/86, art. 11, inciso I, alínea “h”; CONSIDERANDO o Decreto nº 94.406/87, em seu artigo 8º, inciso I, alínea “d”; CONSIDERANDO a Resolução COFEN Nº 260/2001; CONSIDERANDO as sugestões emanadas pela SOBEAS – Sociedade Brasileira de Enfermeiros Auditores em Saúde; CONSIDERANDO deliberação do Plenário, em sua ROP 298; RESOLVE: Art. 1º- Aprovar as atividades do Enfermeiro Auditor, dispostas no anexo do presente ato. Art. 2º- Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando disposições em contrário. Rio de Janeiro, 05 de outubro de 2001. Gilberto Linhares Teixeira - Presidente COREN-RJ Nº 2.380 João Aureliano Amorim de Sena - Primeiro-Secretario COREN-RN Nº 9.176. 2 9 5. ESTRUTURAÇÃO DO NÚCLEO DE AUDITORIA E REGULAÇÃO EM SAÚDE Esta categoria propõe discorrer e problematizar as etapas de implementação do NAR, entendida como uma importante ferramenta para instrumentalizar equipes de trabalho no campo da saúde coletiva. A implementação do NAR se deu no período de maio a setembro de 2010, junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do município, em parceria com a 9a Coordena-doria Regional de Saúde do estado do Rio Grande do Sul e demais setores que compõem a rede assistencial. A sede do NAR foi localizada em área central da cidade, junto à SMS, a fim de facilitar o acesso de profissionais e usuários. A primeira etapa da implementação do NAR constituiu-se em um diagnóstico situacional no qual foi possível construir um olhar compreensivo e interpretativo acerca dos êxitos e das dificuldades do processo de trabalho. O diagnóstico situacional subsidiou o planejamento das ações a serem desenvolvidas pelo NAR no município e outras ações do sistema de saúde local, mostrando-se como um importante instrumento de planejamento em saúde. O diagnóstico situacional permitiu verificar o desconhecimento parcial dos custos, excesso de gastos, emprego financeiro inadequado e falta de controle dos recursos por parte da SMS. Além disso, acusou alta frequência de consultas médicas especializadas e exames de média e alta complexidade, excesso de gastos com transporte de usuários para a realização de procedimentos em outros municípios, elevada taxa de hospitalizações e longas filas de espera para a realização de cirurgias eletivas e de urgência. Percebeu-se também que os serviços de atenção básica encaminhavam mensalmente para consulta médica especializada 4% do total dos atendimentos realizados, considerado acima dos padrões da cobertura assistencial do SUS.13 A partir dos resultados obtidos no diagnóstico situacional, foi possível traçar os objetivos e os processos de trabalho do NAR, centrado na otimização dos recursos financeiros dispostos pelos três entes federados (União, estado, município) à SMS, a fim de promover assistência resolutiva e de qualidade. Para isso, o NAR centrou-se em 3 0 ações de auditoria e regulação pautadas na prática de ações educativas de trabalhadores das ESF, UBS, CAPS e hospital-referência. Também apresentou como meta reestruturar o fluxo de encaminhamentos de referência e contrarreferência, a fim de prestar atendimento humanizado aos usuários do SUS. A segunda etapa de estruturação constituiu-se na formação do grupo de trabalho, que foi inicialmente formado por uma equipe multiprofissional, composto de duas enfermeiras, uma médica, uma assistente administrativa e uma estagiária de enfermagem, tendo como eixo central a realização de ações interdisciplinares e em rede, oportunizando ações preventivas na atenção básica. A terceira etapa foi constituída por rodas de conversação entre os profissionais do grupo de trabalho, coordenadores das políticas de saúde e gestores municipais e regionais, possibilitando a construção de discursos referentes às necessidades, dificuldades, anseios e nós críticos para estruturação do NAR. Da mesma forma, nas rodas de conversação, foram definidas as funções, objetivos, operacionalidade, funcionalidade e planejamento das ações a serem efetuadas. A implementação ocorreu de forma gradual, à medida que foi sendo estabelecida a estrutura organizacional do núcleo e apropriação pelos atores envolvidos. A quarta etapa da estruturação do serviço constituiu-se em momentos de formação permanente dos profissionais do NAR e da rede assistencial, sendo realizados a partir de cursos de especialização em auditoria, capacitações, seminários, assessoria externa e rodas de conversação, desenvolvidas no espaço de trabalho dos profissionais. A educação permanente foi centrada nas necessidades dos trabalhadores, incentivando a coparticipação e construção coletiva de novos processos de trabalho, com o objetivo de ampliar a resolutividade das práticas na esfera local e reduzir os encaminhamentos de referência para serviços especializados. 3 1 6. AVANÇOS E CONQUISTAS NA IMPLEMENTAÇÃO DO NAR O plano de trabalho do NAR foi constituído a partir de anseios e perspectivas de diferentes profissionais em um processo interdisciplinar pautado na lógica de gestão participativa e articulação de saberes. Os encaminhamentos para consultas médicas, exames e cirurgias passaram a ser mediados pelo NAR a partir da tríade atenção básica/NAR/atenção especializada, por contato direto entre os profissionais dos respectivos setores e envio semanal da solicitação da assistência prestada. Essas ações proporcionaram mais resolutividade na assistência ao usuário, sendo possível acentuar dois importantes aspectos: a. O usuário não necessitou sair do seu território de convívio para encaminhar as solicitações; b. Com a implementação do prazo semanal, foi possível regular os encaminhamentos dentro dos tetos disponíveis pelo NAR, reduzindo as filas de espera. Assim, o NAR constituiu-se como um elo entre os serviços de atenção básica e atenção especializada, instituindo as ESFs e UBSs como porta de entrada para a rede de saúde local, incentivando o vínculo entre usuário e profissional de saúde. Os exames e consultas médicas especializadas disponíveis para o município foram divididos entre os serviços de saúde; e todos os profissionais foram corresponsáveis por auditar a demanda no seu local de trabalho, configurando-se como uma ação descentralizada. O NAR também proporcionou constante informação à atenção básica quanto aos tetos mensais disponíveis e às demandas geradas, para que fosse efetivada a descentralização das ações de auditoria e regulação. Outra ação relevante foi a implantação de protocolos de acesso a exames e procedimentos de média e alta complexidade, fornecendo subsídios para os encaminhamentose para a regulação do acesso. Entre os resultados obtidos com o NAR, ainda necessitando de análises específicas, foi possível abstrair significativa redução nos valores gastos com serviços especializados e constituição de vínculos e corresponsabilização entre usuários, 3 2 trabalhadores da atenção básica e serviços especializados, devido à constante troca de saberes e momentos de formação. A implementação do NAR suscitou melhor alocação e otimização dos recursos financeiros do SUS, planejamento das ações de saúde e formação de espaços de educação permanente para os trabalhadores no campo da saúde coletiva. O NAR tornou-se também um importante instrumento para o planejamento e aprimoramento de ações futuras da saúde, tendo em vista a importância de atividades de auditoria em serviços de saúde. 3 3 7. ENFERMAGEM, AUDITORIA E REGULAÇÃO EM SAÚDE Nesta categoria foram abordados aspectos relativos ao processo de trabalho do enfermeiro em consonância com ações de auditoria, problematizando questões inerentes à importância desse profissional no campo da saúde coletiva. O processo de organização e estruturação do NAR foi planejado a partir da percepção dos enfermeiros da necessidade de ações auditoria e regulação das práticas de saúde, possibilitando abrir novos campos de atuação para a Enfermagem. Tornou- se fundamental a inserção do profissional de enfermagem nesse cenário, o que desencadeou processos de construção coletiva de saberes, não restringindo sua atuação apenas a hospitais e unidades de saúde, principalmente devido à complexidade dos serviços de auditoria. A formação do enfermeiro, voltada para ações de gestão de enfermagem, trabalho em equipe, educação em saúde, coordenação e liderança foram aspectos relevantes para consolidar esse profissional como protagonista dos processos de trabalho que envolvem auditoria e regulação, subsidiando a organização das práticas e a operacionalidade do saber. A principal atividade desenvolvida pelos enfermeiros auditores na funcionalidade do NAR foi a análise de contas e solicitações de referência à atenção especializada e de contrarreferência às unidades de saúde. A partir das rodas de conversa emergiram discursos de ações que são prioritariamente contábeis e com grande volume de atividades de conferência de contas. Entre as dificuldades relatadas pelos profissionais no processo de trabalho do NAR está a realização de atividades cansativas e desgastantes, dado que o conhecimento técnico, a capacidade profissional e o pensamento crítico desses enfermeiros são subutilizados na execução de ações operacionais e repetitivas, visando ao controle de custos.14 A baixa aceitação de práticas de regulação e controle de procedimentos solicitados por alguns trabalhadores da rede, principalmente de médicos, também se caracterizou como dificuldade encontrada. Entre as potencialidades das ações de auditoria e regulação em saúde exercida pelos profissionais de enfermagem estão os resultados exitosos que foram obtidos com 3 4 o NAR, o trabalho realizado em rede e os momentos de educação permanente. Ainda, com a implementação do NAR promoveu-se a valorização dos profissionais de enfermagem, por meio da inserção desse profissional em equipes interdisciplinares e de práticas de cogestão dos processos de trabalho. Partiu-se do pressuposto de que a prática do enfermeiro auditor pudesse se constituir em uma intervenção social de relevância que fosse além da função assistencial, estando inserida em uma política de saúde que contribui para a qualidade da assistência de enfermagem e a atenção à saúde da população. A significativa presença do enfermeiro entre os profissionais que atuam nos serviços de auditoria em saúde denota a relação que existe entre as responsabilidades assumidas por esses trabalhadores na prática assistencial e o conhecimento necessário para o trabalho no campo da auditoria. Isso porque o profissional que atua na maior parte dos procedimentos relacionados à assistência prestada ao usuário, desde o atendimento direto até as atividades administrativas e gerenciais, é o enfermeiro, o que lhe confere competência técnico-administrativa para lidar com o processo de auditoria e regulação.15 O conhecimento sobre a prática de enfermeiros auditores contribui para a otimização dos recursos disponíveis nos serviços de saúde e auxilia o planejamento e execução técnica do trabalho, além de melhorar a relação custo-benefício para o usuário e serviço de saúde. Ainda, a auditoria, entendida também como um processo educativo, fornece subsídios para a implantação e gerenciamento de assistência de qualidade.15 A presença do enfermeiro entre os profissionais que atuam nos serviços de auditoria em saúde denota a relação que existe entre as responsabilidades assumidas por enfermeiros na prática assistencial e o conhecimento necessário para o trabalho no campo da auditoria. 3 5 8. A IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO DE TÉCNICAS E NORMAS NA SAÚDE Sabemos que nas instituições de saúde, o tratamento, atendimento e relação com cada paciente devem ser únicos e individuais. Porém, de maneira geral, é extremamente válido seguir algumas normas e padrões em determinados processos. Essa padronização de procedimentos deve ser utilizada como uma ferramenta de gestão da qualidade da instituição de saúde. Para que alcance um bom resultado, é necessária a participação ativa de colaboradores de todos os setores da organização, de modo que seja elaborada de forma coletiva. Deve ser atualizada periodicamente, além de divulgada através de treinamentos e afins para os profissionais. Padronização de procedimentos: por quê? A padronização de processos na área da saúde veio a partir da criação de uma técnica que fosse eficaz e que ajudasse na organização das metodologias e ações da instituição, tendo como objetivo uma maior qualidade em serviço e servindo como suporte para a avaliação de resultados. Sem a devida padronização de normas e técnicas, a assimilação dos processos de trabalho é dificultada, o que gera riscos na assimilação de tarefas e aumenta consideravelmente as chances de patologias geradas a partir de erros médicos. Como padronizar? Normalmente, a padronização de procedimentos e normas de uma instituição de saúde é feita através de protocolos e do POP (Procedimento Operacional Padrão). Porém, antes de iniciar este processo, é importante que se realize uma análise geral da situação da instituição para que se tenha conhecimento dos principais processos de trabalho realizados. Assim, a instituição deve iniciar o processo de padronização por essas tarefas que possuem maior impacto ou mesmo as que possuem maior custo. E aos poucos ampliar os que serão padronizados com o tempo e na medida do que for preciso. https://www.cmtecnologia.com.br/qualidade-saude/ https://www.cmtecnologia.com.br/relatorios-para-gestao-da-instituicao/ https://www.cmtecnologia.com.br/relatorios-para-gestao-da-instituicao/ 3 6 Isso deve ser feito de modo metódico e organizado. Não se deve esquecer da importância de ter a participação dos colaboradores de todos os setores da instituição. Normalmente, as instituições que adotam estes padrões de qualidade e segurança passam por métodos avaliativos tanto internos e externos. A avaliação interna se faz através de comissões de qualidade em auditoria, controle de infecção hospitalar, ética em pesquisa, educação continuada, prevenção de riscos, entre outros. Já na avaliação externa, podemos citar como exemplo a Acreditação Hospitalar, metodologia que, no Brasil, é realizada por iniciativa da própria instituição e acontece de maneira periódica e reservada (ou seja, as informações coletadas em cada organização de saúde não são divulgadas) e se baseia nos padrões e normas pré estabelecidas.Em alguns países, ela pode ser obrigatória por lei. POP (Procedimento Operacional Padrão) O POP é a ferramenta mais comum de padronização de procedimentos nas instituições de saúde, como o próprio nome já diz. Pode ser usado como ferramenta para o treinamento de novos funcionários e deve ser de fácil entendimento, para que todos possam saber o que, como e quando fazer. Dessa forma, ele proporciona mais segurança aos profissionais que irão segui-lo e também aos pacientes da instituição, pois se os profissionais estiverem completamente a par dos padrões do POP, eles estarão menos sujeitos a erros médicos. Padronização na área da saúde Abaixo, podemos ver, como exemplo, um comunicado publicado no Portal Brasil sobre a padronização exigida pela ANVISA em relação à qualidade de agulhas e seringas. Neste caso, a padronização era para os fabricantes do material, o que automaticamente afeta as instituições de saúde, que devem assumir também o padrão de materiais. https://www.cmtecnologia.com.br/auditoria-saude/ https://www.cmtecnologia.com.br/processo-acreditacao-hospitalar/ https://www.cmtecnologia.com.br/processo-acreditacao-hospitalar/ https://www.cmtecnologia.com.br/garantir-seguranca-do-paciente/ https://www.cmtecnologia.com.br/biosseguranca-area-da-saude/ https://www.cmtecnologia.com.br/biosseguranca-area-da-saude/ https://www.cmtecnologia.com.br/biosseguranca-area-da-saude/ 3 7 9. ANVISA ATUALIZA NORMAS TÉCNICAS PARA SERINGAS E AGULHAS DESCARTÁVEIS A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou no Diário Oficial da União uma resolução para atualizar as normas e exigências de qualidade das agulhas e seringas descartáveis, usadas em procedimentos médico-hospitalares. A principal novidade do novo regulamento é a padronização de acordo com os requisitos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Até então, a aplicação das normas da ABNT era opcional aos fabricantes. Com a nova norma, esses requisitos passam a ser obrigatórios. A decisão foi tomada pela Anvisa em reunião no dia 11 de janeiro. As regras são dirigidas aos fabricantes e passam a valer dentro de 360 dias. Além dos requisitos previstos nesta resolução. As seringas de uso único devem atender também aos requisitos de certificação de conformidade do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (Sbac). Recomendações SAIBA MAIS: Recomendamos também a leitura do Manual de Normas de Auditoria / Diretora, Deildes de Oliveira Prado et allii. - Brasília : Ministério da Saúde, 1998. 48 p. Acesse: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_normas_audi toria.pdf 3 8 CONCLUSÃO Este material suscitou considerações importantes no tocante à implementação e estruturação de serviços no campo da saúde coletiva, em especial de ações em auditoria. Pode-se considerar o NAR uma experiência exitosa e que seu processo de estruturação serve de subsídio para outros serviços de saúde, na medida em que se obtiveram os resultados esperados. Foi possível inferir que ações de educação permanente, coparticipação de coletivos, trabalho em equipe e ações interdisciplinares são importantes ferramentas para a consolidação de práticas assistenciais. Ainda, ressalta-se o papel do profissional de enfermagem em serviços de auditoria e regulação, protagonizando novas formas de fazer saúde. Este estudo apresenta limitações decorrentes do método utilizado, principalmente no que se refere à ausência de avaliações sistemáticas e objetivas em relação ao tema estudado. Entretanto, a investigação proporcionou conhecer as potencialidades, dificuldades e apresentar resultados preliminares da estruturação de um núcleo de auditoria, que pode ser utilizado em práticas de saúde futuras. Sugere-se a realização de pesquisas sobre a temática e a integração de diferentes profissionais em serviços de auditoria para qualificar as práticas assistenciais e otimizar os recursos nos serviços de saúde. 3 9 REFERÊNCIA CECCON, R. F. GRENZEL, J. C. M. PAES, L. G. SANTOS, M. B. dos. Enfermagem, auditoria e regulação em saúde: um relato de experiência. Belo Horizonte, REME - Revista Mineira de enfermagem volume 17.3. 2012/2013. CALEMAN, G. MOREIRA, M. L. SANCHEZ, M. C. Auditoria, Controle e Programação de Serviços de Saúde, volume 5. – – São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. RESOLUÇÃO COFEN - 266/2001. 05/10/200. SANTANA, R. M. SILVA, V. G. da. Auditoria em enfermagem: uma proposta metodológica– Ilhéus : Editus, 2009. 67p.