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Apostila - Saúde coletiva

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Disciplina: Saúde Coletiva 
 
 
Professor: Airton Almeida
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
SUMÁRIO 
1.INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA ................................................................... 8 
2.A SAÚDE PÚBLICA E A SAÚDE COLETIVA ...................................................... 12 
1.1. Conceito de saúde coletiva ...................................................................................... 12 
1.2. Programas dos Centros de Saúde e ESF’s.............................................................. 12 
3.O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA .................................................... 16 
4.A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ............ 18 
4.1.As origens do nosso sistema de saúde ..................................................................... 18 
5. CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTIGOS 196 A 200) ........................................... 21 
6. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. ................................................................................ 23 
7. ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA ............................................................ 27 
8. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA. ................................................................... 28 
8.1. Período de pré-patogênese ..................................................................................... 28 
8.2. Período de patogênese ............................................................................................ 28 
9. DOENÇAS INFECCIOSAS. ..................................................................................... 29 
9.1-Sarampo .................................................................................................................. 29 
9.2-Rubélola. .................................................................................................................. 29 
9.3-Hepatites. ................................................................................................................. 30 
9.4-Poliomielite .............................................................................................................. 33 
9.5-Varicela (catapora) ................................................................................................. 34 
9.6-Febre amarela. ........................................................................................................ 36 
9.7-Coqueluche .............................................................................................................. 36 
9.8-Esquitossomose ou bilharziose ............................................................................... 37 
9.9-Malária .................................................................................................................... 38 
9.10-Caxumba ............................................................................................................... 39 
9.11-Doença de Chagas.................................................................................................. 39 
9.12-Tuberculose ........................................................................................................... 41 
9.13-Hanseníase. ............................................................................................................ 41 
9.14-Meningite ............................................................................................................... 42 
9.15-Tétano. ................................................................................................................... 43 
9.16-Leptospirose .......................................................................................................... 45 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
9.17-Dengue ................................................................................................................... 47 
9.18-Raiva. ..................................................................................................................... 49 
9.19-Toxoplasmose ........................................................................................................ 50 
9.20-Febre tifóide .......................................................................................................... 52 
10. INFECÇÕES SEXUALMENTES TRANSMISSÍVEIS........................................ 53 
10.1. Sífilis ....................................................................................................................... 53 
10.2. Cancro Mole .......................................................................................................... 54 
10.3. Herpes. ................................................................................................................... 55 
10.4. Gonorréia .............................................................................................................. 56 
10.5. HPV ........................................................................................................................ 56 
10.6. Candidíase ............................................................................................................. 58 
10.7.-Linfogranuloma Venéreo .................................................................................... 58 
10.8. AIDS-SIDA ............................................................................................................ 59 
10.9. Infecção por Trichomonas .................................................................................... 60 
10.10. Infecção por Gardenerella .................................................................................. 61 
11. PARASITOSES INTESTINAIS ..............................................................................62 
11.1. Ascaridíase ............................................................................................................ 62 
11.2. Giardíase ................................................................................................................ 63 
11.3. Amebíase ............................................................................................................... 64 
11.4. Teníase ................................................................................................................... 64 
12. MICOSES ................................................................................................................. 65 
12.1. Micoses superficiais da pele .................................................................................. 65 
13. AÇÕES DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM RELAÇÃO A PRODUTOS 
ALIMENTARES ,DOMICILIARES, MEDICAMENTOS, SERVIÇOS DE SAÚDE E 
MEIO AMBIENTE ................................................................................................... 68 
13.1. Ações da vigilância sanitária ................................................................................ 68 
13.2. Recursos da Comunidade para ações coletivas (estratégias) ............................. 69 
13.3. PNI - Programa Nacional de Imunização. ............................................................ 69 
14. SINAN- SISTEMA NACIONAL DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO. ............ 72 
REFERÊNCIAS. ........................................................................................................... 73
8 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
1.INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA 
A expressão saúde coletiva é uma invenção tipicamente brasileira que surgiu em fins 
da década de 1970, na perspectiva de constituir uma nova articulação entre as diferentes 
instituições do campo da saúde. Saúde coletiva é uma expressão que designa um campo de 
saber e de práticas referido à saúde como fenômeno social e, portanto, de interesse público. 
Trata-se de uma forma de abordar as relações entre conhecimentos, práticas e direitos referentes 
à qualidade de vida. 
Saúde coletiva é um campo de práticas diversas socialmente determinadas, que se 
apoiam em diferentes disciplinas científicas interdisciplinarescom o desafio de compreender 
e interpretar os determinantes da produção social das doenças e da organização social dos 
serviços de saúde fundamentando-se na interdisciplinaridade como possibilitadora da 
construção de um conhecimento ampliado da saúde e na multiprofissionalidade como forma 
de enfrentar a diversidade interna ao saber/ fazer das práticas sanitárias (NUNES, 1994). 
Saúde coletiva é uma ciência histórico-social, percebendo que as características dos 
seres humanos (doentes ou não) são sobretudo, um produto de forças sociais mais profundas, 
ligadas a uma totalidade econômico-social que é preciso conhecer e compreender para 
explicarem-se adequadamente os fenômenos de saúde e de doença com os quais ela se defronta; 
(PEREIRA, 1986 apud MATUMOTO et al, 2001). 
Do ponto de vista do SABER, a Saúde Coletiva se articula em um tripé interdisciplinar 
composto pela: Epidemiologia, Administração e Planejamento em Saúde e Ciências Sociais em 
Saúde; com um enfoque transdisciplinar, que envolve disciplinas auxiliares como a: 
Demografia, Estatística, Ecologia, Economia, História e Ciências Políticas, entre outras. 
Definição atual: Compreende um conjunto complexo de saberes e práticas 
relacionados ao campo da saúde, envolvendo desde organizações que prestam assistência à 
saúde da população até instituições de ensino e pesquisa e organizações da sociedade civil. 
Compreende práticas técnicas, científicas, culturais, ideológicas, políticas e econômicas 
(Carvalho, 2002). 
Enquanto PRÁTICA, a Saúde Coletiva propõe um novo modo de organização do 
processo de trabalho em saúde que enfatiza: 
- a promoção da saúde, 
- a prevenção de riscos e agravos, 
9 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
- a reorientação da assistência a doentes, 
- a melhoria da qualidade de vida, 
privilegiando mudanças nos modos de vida e nas relações entre os sujeitos sociais envolvidos 
no cuidado à saúde da população. 
O objeto de investigação e práticas em Saúde Coletiva, compreende as seguintes 
dimensões: 
O Estado de saúde da população: isto é, condições de saúde de grupos populacionais 
específicos e tendências gerais do ponto de vista epidemiológico, demográfico, socioeconômico 
e cultural; 
Os Serviços de saúde: abrangendo o estudo do processo de trabalho em saúde, 
investigações sobre a organização social dos serviços e a formulação e implementação de 
políticas de saúde, bem como a avaliação de planos, programas e tecnologia utilizada na atenção 
à saúde; 
O Saber sobre a saúde: incluindo investigações históricas, sociológicas, e 
epistemológicas sobre a produção de conhecimentos neste campo e sobre as relações entre o 
saber científico; e as concepções e práticas populares de saúde, influenciadas pelas tradições, 
crenças e cultura de modo geral. 
A Saúde coletiva visa: 
- saneamento do meio ambiente, 
- combate das doenças transmissíveis que ameaçam a coletividade, 
- ensino dos princípios de higiene individual, 
- organizações dos serviços médicos e de enfermagem para diagnóstico precoce e tratamento 
preventivo, 
- estabelecimento de condições de saúde que assegurem a cada membro da coletividade, um 
nível de vida favorável à manutenção da vida. 
Qual seria o núcleo da saúde coletiva? 
- O apoio aos sistemas de saúde, à elaboração de políticas e à construção de modelos; 
- a produção de explicações para os processos saúde/enfermidade/intervenção; 
- práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças. 
Prevenir: preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir 
que se realize. A prevenção em saúde exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da 
história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença; 
10 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
Prevenção é o conjunto de medidas que visam evitar a doença na coletividade, 
utilizando medidas que acabem com a patologia, ou a minimizem na população. 
Tipos de Prevenção: 
Primária - quaisquer atos destinados a diminuir a incidência de uma doença numa 
população, reduzindo o risco de surgimento de casos novos; São exemplos a vacinação, o 
tratamento da água para consumo humano, de medidas de desinfecção e desinfestação ou de 
ações para prevenir a infecção por HIV, e outras ações de educação e saúde ou distribuição 
gratuita de preservativos, ou de seringas descartáveis aos toxicômanos. 
Secundária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência de uma doença 
numa população reduzindo sua evolução e duração; um exemplo é o rastreio do câncer do colo 
uterino, causado pela transmissão sexual do HPV. A prevenção secundária consiste em um 
diagnóstico precoce e tratamento imediato. 
Terciária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência das incapacidades 
crônicas numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à 
doença. Como exemplo, podem-se citar ações de formação a nível de escolas ou locais de 
trabalho que visem anular atitudes fóbicas em relação a um indivíduo infectado pelo HIV. 
Outro exemplo, a nível da saúde ocupacional seria a reintegração daquele trabalhador 
na empresa, caso não pudesse continuar a exercer, por razões médicas, o mesmo tipo de 
atividades 
As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento 
de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. Seu objetivo é 
o controle da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas 
ou outros agravos específicos. 
Promover: dar impulso a; originar; gerar. Promoção da saúde define-se, 
tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois refere-se a medidas que 
não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e 
o bem-estar gerais. 
As estratégias de promoção enfatizam a transformação das condições de vida e de 
trabalho que conformam a estrutura subjacente aos problemas de saúde, demandando uma 
abordagem intersetorial. 
Sendo assim a construção de uma teoria sobre a promoção de saúde, ou sobre o 
processo saúde/enfermidade/intervenção, não seria ferramenta exclusiva da saúde coletiva, 
11 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
mas de todo o campo de saúde. Não há como repensar suas práticas desconhecendo o acervo 
da biologia, da psicologia e da clínica em geral. 
Existem diversos modos para produzir saúde. Cada modo de produção de saúde é 
composto por uma dada combinação qualitativa e quantitativa de práticas. Podemos identificar 
quatro modos básicos para produzir saúde: 
1- a produção social de saúde: em que transformações econômicas, sociais e políticas 
produzem padrões saudáveis de existência, dificultando o surgimento de enfermidades. 
2- a saúde coletiva: em que por meio da vigilância à saúde e da ação específica de profissionais 
de saúde, mais ou menos articulados com outros setores e outros agentes, e do desenvolvimento 
de ações predominantemente voltadas para a promoção e prevenção, dificultam-se ou 
impedem-se mortes e enfermidades; 
3- a clínica e a reabilitação: em que práticas de assistência e de cuidado produzem saúde, ainda 
que em sujeitos isolados; 
4- atendimento de urgência e de emergência: em que, a partir de modelos de intervenção que 
alteraram bastante uma série de características da clínica tradicional, consegue-se evitar morte 
e sofrimento. 
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Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
2.A SAÚDE PÚBLICA E A SAÚDE COLETIVA 
A Saúde Coletiva é um movimento que surgiu na década de 70 contestando os atuais 
paradigmas de saúde existentes na América Latina e buscando uma forma de superar a crise 
no campo da saúde. Ela surge devido à necessidade de construção de um campo teórico- 
conceitual em saúde frente ao esgotamento do modelo científico biologicista da saúde pública. 
A saúde pública é entendida neste contexto como vários movimentosque surgiram tanto na 
Europa quanto nas Américas como forma de controlar, a priori, as endemias que ameaçavam a 
ordem econômica vigente e depois como controle social, buscando a erradicação da miséria, 
desnutrição e analfabetismo. Contudo os vários modelos de saúde pública não conseguiram 
estabelecer uma política de saúde democrática efetiva e que ultrapassasse os limites 
interdisciplinares, ou seja, ainda permanecia centrado na figura hegemônica do médico. 
Dessa forma, muitos programas de saúde pública, endossados pela Organização 
Mundial de Saúde, ficaram reduzidos à assistência médica simplificada, isto é, aos serviços 
básicos de saúde; resumindo: para uma população pobre um serviço pobre. 
2.1. Conceito de saúde coletiva 
O conceito de saúde coletiva é o efeito das interações socioeconômicas de uma 
sociedade com o ambiente e o quanto isso pode influir a salubridade de uma região ou 
comunidade. Ao contrário das demais áreas de saúde que tendem a possuir um caráter de 
tratamento, a saúde coletiva tem como objetivo principal prevenir o desenvolvimento ou a 
disseminação de patologias e demais problemas de saúde por meio da implantação de perfis 
sanitários condizentes com a cultura e a necessidade de uma região. 
2.2. Programas dos Centros de Saúde e ESF’s 
Programa de assistência integral a saúde da mulher e da criança – PAISMIC: 
O objetivo maior do PAISM é atender a mulher em sua integralidade, em todas as fases 
da vida, respeitando as necessidades e características de cada uma delas. As áreas de atuação 
do PAISM são divididas em grupos baseados nas fases da vida da mulher, a saber: 
• Assistência ao ciclo gravídico puerperal: pré-natal (baixo e alto risco), parto e puerpério; 
• Assistência ao abortamento; 
• Assistência à concepção e anticoncepção-; • 
Prevenção do câncer de colo uterino e detecção do câncer de mama; (Portaria 3040 de 21 de 
junho de 1998 do Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Combate ao Câncer do 
Colo Uterino); 
13 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
• Assistência ao climatério; 
• Assistência às doenças ginecológicas prevalentes; 
• Prevenção e tratamento das IST/AIDS; 
• Assistência à mulher vítima de violência. 
TRO-Terapia de Reidratação Oral 
Este Programa tem por objetivo corrigir o desequilíbrio hidroeletrolítico (restabelecendo 
em nível o mais próximo possível, a água e os eletrólitos reduzidos durante a diarréia), manter 
e recuperar o estado nutricional. 
 
IRA – Infecção Respiratória Aguda 
Este Programa visa atender as crianças com IRA que é um conjunto de doenças, que 
acomete principalmente crianças e que se espalha com facilidade, passando de uma pessoa para 
outra, dando mais de uma vez na mesma criança. As infecções respiratórias agudas, 
principalmente a pneumonia, podem trazer risco de vida quando não tratadas. A criança é 
acompanhada por este Programa até a melhora do Quadro patológico. 
Programa de prevenção ao câncer do colo do útero e de mama 
Este Programa consiste no desenvolvimento e na prática de estratégias que reduzam a 
mortalidade e as repercussões físicas, psíquicas e sociais do câncer do colo do útero e de mama. 
Programa de incentivo ao aleitamento materno 
É um Programa de saúde pública, de atendimento ambulatorial, com atuação de uma 
equipe multidisciplinar que acompanha o crescimento e o desenvolvimento de crianças de 0 a 
6 meses de vida, orientando e incentivando as mães para que amamentem seus filhos 
exclusivamente ao seio durante esse período. 
Assistência integral as doenças prevalentes 
O objetivo do Programa é reduzir a morbimortalidade de crianças de zero a cinco anos 
de idade. A estratégia AIDPI incorporou as ações do Programa de Assistência Integral à Saúde 
da Criança (PAISC), porém introduzindo o conceito de integralidade. Propõe um novo modelo 
de abordagem à saúde da criança no primeiro nível de atenção, sistematizando o atendimento 
clínico e integrando ações curativas com medidas preventivas e de promoção da saúde. 
Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis e AIDS 
14 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
A missão do Programa Nacional de IST e AIDS (PN-DST/AIDS) é reduzir a incidência 
do HIV/aids e melhorar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Para isso, 
foram definidas diretrizes de melhoria da qualidade dos serviços públicos oferecidos às pessoas 
portadoras de aids e outras IST; de redução da transmissão vertical do HIV e da sífilis; de 
aumento da cobertura do diagnóstico e do tratamento das IST e da infecção pelo HIV; de 
aumento da cobertura das ações de prevenção em mulheres e populações com maior 
vulnerabilidade; da redução do estigma e da discriminação; e da melhoria da gestão e da 
sustentabilidade. 
ESF-Estratégia Saúde da Família 
A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo 
assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em 
unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um 
número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam 
com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos 
mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. 
PACS-Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
Ao Programa de Saúde da Família também está associado o PACS, que cria esse ator, 
o Agente Comunitário de Saúde, morador da comunidade onde trabalha e atua. Ele deve ser 
instrumentalizado para desenvolver ações de educação em saúde e apoiar a comunidade na 
melhoria das suas condições de vida. Desempenha papel relevante de interlocutor com a 
comunidade, que pode contribuir para identificação mais cuidadosa de suas necessidades e 
ainda estimular a participação da comunidade no controle de suas condições de saúde e de 
qualidade de vida. 
Planejamento familiar 
Programa que engloba a assistência ao planejamento familiar deve incluir acesso à 
informação e a todos os métodos e técnicas para a concepção e anticoncepção cientificamente 
aceitos, e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas. 
Programa de saúde mental 
O Programa de Saúde Mental busca reverter o atual modelo baseado na internação em 
hospitais psiquiátricos por serviços que privilegiem o atendimento fora dos hospitais. 
Saúde bucal 
https://www.portaleducacao.com.br/curso-online-odontologia-saude-bucal/p
15 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
A implantação de políticas que minimizem doenças bucais já é conhecida em todo 
Brasil. Nas escolas públicas a utilização regular de flúor e demais produtos que combatam ou 
evitem a formação de problemas bucais e dentários, é uma função da saúde coletiva. Palestras 
que orientem pais e crianças sobre como evitar alimentos que provoquem cáries e a melhor 
forma de escovar os dentes, são outras ferramentas que possuem um aspecto mais social do que 
combativo, esse é o grande diferencial da saúde coletiva. 
Sexualidade e métodos contraceptivos 
Um importante papel da saúde coletiva é na área de sexualidade, todos os anos o 
Sistema Único de Saúde (SUS) gasta milhões de reais com medicamentos para os portadores 
das mais diversas DST’s. A saúde coletiva trabalha em ações de conscientização que incentivam 
a utilização de preservativos e os distribuem de forma gratuita, essa prática minimiza a 
disseminação de diversas doenças até mesmo nas comunidades mais carentes. 
Outro ponto importante relacionado à saúde coletiva é o estimulo à utilização de 
métodos contraceptivos por comunidades mais carentes. O governo investe milhões todos os 
anos com o assistencialismo para famílias mais carentes e mesmo assim, muitas crianças vão 
dormir com fome por todo o Brasil, o planejamento familiar é a forma mais sensata de combater 
esses altos índices de natalidade e consequentemente dar a chance dasfamílias conseguirem 
sair dessa linha de miséria. 
Práticas sanitárias mais saudáveis 
Existem diversas práticas sanitárias básicas que são preteridas, em especial em 
comunidades mais carentes, os profissionais da saúde coletiva têm como meta estimular essas 
pessoas a adotarem práticas sanitárias adequadas, minimizando assim problemas causados 
pela insalubridade no manuseio de alimentos, água e resíduos gerados. A conscientização é a 
melhor forma de minimizar os índices de problemas de saúde relacionados à interações 
socioambientais inadequadas. 
https://www.portaleducacao.com.br/curso-online-psicologia-sexualidade/p
https://www.portaleducacao.com.br/curso-online-enfermagem-sistema-unico-de-saude/p
16 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
3.O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA 
O movimento da Reforma Sanitária nasceu no contexto da luta contra a ditadura, no 
início da década de 1970. A expressão foi usada para se referir ao conjunto de ideias que se 
tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Essas mudanças 
não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor saúde, em busca da melhoria das condições 
de vida da população. 
A década de 1980 foi marcada por grave crise mundial, cujas consequências em 
termos de desequilíbrios macroeconômicos, financeiros e de produtividade atingiram a 
economia brasileira. Em resposta a essa crise, verificou-se intenso processo de 
internacionalização dos mercados, dos sistemas produtivos e da tendência à unificação 
monetária, cujo resultado foi uma perda considerável da autonomia dos Estados nacionais. 
Nesse período, aproveitando-se do processo de restauração democrática, alternativas de 
mudanças nesse aparato institucional foram experimentadas no nível federal, enquanto no nível 
municipal demonstrava-se a viabilidade da implantação de um modelo eficiente de sistema 
unificado de saúde com direção única. O processo teve como liderança intelectual e política o 
autodenominado Movimento Sanitário, composto por um grupo de intelectuais, médicos e 
lideranças políticas do setor, que teve um papel destacado na oposição ao regime militar e na 
área da saúde (GERSCHMAN, 1995). Contou também – pelo menos nas suas etapas iniciais – 
com a participação dos movimentos populares em saúde que proliferaram na década de 1970, 
originados nos bairros pobres das periferias das grandes cidades, organizados em torno da 
reivindicação de melhores condições de saneamento, assistência médica e transportes. 
Grupos de médicos e outros profissionais preocupados com a saúde pública 
desenvolveram teses e integraram discussões políticas. Este processo teve como marco 
institucional a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. Entre os políticos que se 
dedicaram a esta luta está o sanitarista Sérgio Arouca. Esse movimento, pela primeira vez, 
reuniu mais de cinco mil representantes de todos os seguimentos da sociedade civil, que 
discutiram um novo modelo de saúde para o Brasil, culminando com a criação do Sistema Único 
de Saúde (SUS) pela Assembleia Nacional Constituinte em 1988. No início, o movimento pela 
reforma sanitária não tinha uma denominação específica. Era constituído por um conjunto de 
pessoas com ideias comuns para o campo da saúde. Em uma reunião na 
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Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília, esse “movimento”, foi 
primariamente denominado “partido sanitário”. 
Proposta da reforma sanitária:“Construção de uma nova política de saúde efetivamente 
democrática, tomando por base a equidade, a justiça social, a descentralização, universalização 
e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor.” As propostas da Reforma 
Sanitária resultaram, finalmente, na universalidade do direito à saúde, oficializado com a 
Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). 
O SUS delineado pela Constituição de 1988 resultou da adoção de um novo paradigma 
segundo o qual a saúde não mais é entendida como seguro social nem restrita a benefícios e 
serviços específicos de caráter contratualista, afirmando que esses direitos são universais. 
Nessa nova visão, o papel do Estado é o de garantir o exercício universal desse direito. 
Apesar de todas as dificuldades para a sua implementação, o SUS tem, hoje, um impacto 
societário de grande importância, como sistema de proteção social, em razão dos resultados 
obtidos e da abrangência da cobertura alcançada. Programas brasileiros de controle de doenças 
– entre os quais os de imunizações, de controle do tabagismo e de controle da AIDS 
– são reconhecidos internacionalmente por seus resultados positivos enquanto, na área 
assistencial, são realizados, por ano 2,3 bilhões de procedimentos ambulatoriais; mais de 300 
milhões de consultas médicas; dois milhões de partos; onze mil transplantes; 215 mil cirurgias 
cardíacas; 9 milhões de procedimentos de quimio e radioterapia; 11,3 milhões de internações 
no âmbito do SUS. 87 milhões de pessoas têm sua saúde acompanhada por 27 mil equipes de 
saúde da família e 110 milhões são atendidas por agentes comunitários de saúde (BRASIL, 
2008). 
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4.A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
Até 1988, a saúde não era reconhecida como um direito público subjetivo, sendo tratada, 
nos textos constitucionais anteriores, apenas como mais um serviço público (SANTOS; 
ANDRADE, 2006). A assistência médica era entendida como um benefício previdenciário, ao 
qual tinham direito apenas aqueles trabalhadores que contribuíam para a Previdência Social. O 
sistema público de saúde de que dispomos hoje – o Sistema Único de Saúde ou SUS – foi 
instituído pela Constituição Federal de 1988, e decorre dos seus artigos 6º 
– que reconhece a saúde como direito social; 196 – que estabelece ser dever do Estado garanti-
lo, mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde; 
197 – que declara serem de relevância pública essas ações e serviços, cabendo ao poder público 
dispor sobre sua regulamentação, execução e fiscalização; e 198 – que determina a organização 
das ações e serviços públicos de saúde por meio de uma rede regionalizada e hierarquizada, 
constituindo um sistema único, sob diretrizes de descentralização, atendimento integral e 
participação da comunidade. 
Esse sistema decorre de uma concepção de saúde como um direito fundamental e 
universal do ser humano e que atribui ao Estado o dever de prover as condições necessárias ao 
seu pleno exercício. Corresponde a uma visão de mundo que privilegia valores de cidadania e 
de solidariedade, em contraposição a concepções que valorizam o individualismo e o privado. 
Resultou de um movimento em prol de uma ampla reforma sanitária, iniciado no final da década 
de 1970, no âmbito do processo de redemocratização do País, que objetivava reverter o quadro 
de inadequação e perversidade do sistema de saúde vigente, constituído ao longo de quase um 
século e consolidado no período da ditadura militar. 
Inadequado porque não dava conta de atender, por meio de um modelo hospitalocêntrico 
e privatista, à crescente e diversificada demanda decorrente do agravamento do quadro 
nosológico que emergia do processo de desenvolvimento nacional. Perverso por deixar a sua 
margem um número enorme de excluídos. 
4.1.As origens do nosso sistema de saúde 
A história do desenvolvimento de um modelo de saúde no Brasil, foi construído pautado 
na filantropia, de forma mais marcante, a caridade (filantropia religiosa) - sendo que ainda se 
encontrava a figura do pajé e do boticário. As principais ações eram feitas pela fiscalização da 
higiene pública, ainda que não tão amplamente realizada, e também pelo 
19 
CursoTécnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
afastamento dos doentes do resto da população. Consistia em um tratamento mais focado em 
ações sobre o corpo e não sobre o ambiente. Com a chegada da família real, iniciou-se a 
fundação de universidades de medicina no Brasil e melhora da situação sanitária, sobretudo nos 
portos, porém longe do ideal. Frisa-se que a transferência da família real para o Brasil, em 1808, 
ocorreu em um período em que o mundo científico evoluía, inclusive a medicina. 
É importante descrever que, ao chegarem ao Rio de Janeiro, encontraram uma cidade 
bastante pobre em matéria de saneamento básico: "O Rio de Janeiro, até a chegada da família 
real em 1808, era uma cidade insalubre, pantanosa, com águas estagnadas e com poucas ruas, 
crescendo desordenadamente. Existia dificuldade de abastecimento de água, não havia 
saneamento, a falta de higiene era total, não havia esclarecimento, uma vez que a população era 
praticamente toda analfabeta." 
"A população estava à sorte de adquirir diarréias, disenterias, verminoses, sarnas, bichos 
de pé, bernes, piolhos sem contar com as doenças epidêmicas e contagiosas, como peste, 
varíola, malária e febre amarela. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil fez com que 
as elites estabelecidas no Rio de Janeiro elaborassem paulatinamente um projeto de 
“civilização” para os trópicos." 
Com o aumento do interesse pelas doenças que até então eram renegadas, devido a 
epidemias de varíola e febre amarela (doenças tropicais), o Brasil começou a juntar esforços no 
combate de tais agravos, pois representavam também perdas econômicas para o país. 
Tratava-se também de uma forma de "esconder" a realidade que cercava a capital federal. 
Durante o período colonial, o País conviveu por mais de três séculos com precários 
serviços de saúde e uma quase absoluta ausência de atuação do Estado nesse campo. Nossas 
primeiras instituições de saúde foram criadas com a chegada da Corte Portuguesa no Rio de 
Janeiro, no início do século XIX. No campo da assistência médica, uma divisão de 
responsabilidades se estabeleceu no fim do Império e na Primeira República, com o 
desenvolvimento de um conjunto de serviços privados, filantrópicos e mutualistas: enquanto o 
Estado especializava-se na atenção a segmentos populacionais marginalizados ou que 
pudessem ameaçar a saúde pública – os loucos e os portadores de doenças infecto-contagiosas 
–, as santas casas assumiam o cuidado dos pobres, as comunidades de imigrantes e os sindicatos 
organizavam suas beneficências, e a medicina liberal ocupava-se daqueles que podiam pagar. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento_b%C3%A1sico
20 
Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
Nas décadas de 1920 e 1930, em resposta a um longo processo de luta dos trabalhadores 
por melhores condições de vida e de trabalho, passou a se constituir um sistema previdenciário, 
caracterizado, inicialmente, pela criação, pelas empresas, das caixas de aposentadoria e pensão 
para seus empregados, e que incluíam as assistências médica e farmacêutica entre os benefícios 
oferecidos (Os quatro direitos/benefícios que teriam os contribuintes dessas caixas eram: em 
primeiro lugar, os “socorros médicos em caso de doença em sua pessoa ou pessoa de sua 
família”; em segundo, os “medicamentos obtidos por preço especial determinado pelo Conselho 
de Administração” e, por fim, a “aposentadoria” e a “pensão para seus herdeiros em caso de 
morte”. (Art. 9º do Decreto nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, que cria, em cada uma das 
empresas de estradas de ferro existentes no País, uma caixa de aposentadoria e pensões para os 
respectivos empregados, – conhecido como Lei Elói Chaves) . No entanto, dada a insuficiência 
de recursos para a instalação e manutenção de redes próprias de serviços de saúde, as caixas 
passaram, desde cedo, a comprar serviços da iniciativa privada, estimulando o desenvolvimento 
de um setor empresarial médico. 
A partir de 1930, no bojo do processo de centralização política e administrativa do 
primeiro Governo Vargas e do Estado Novo, as caixas foram unificadas e absorvidas pelos 
institutos de aposentadoria e pensão (IAP) então criados, sob a forma de organizações públicas 
autárquicas de abrangência nacional, de cuja administração o Estado passou a participar 
diretamente. 
A área de saúde coletiva se desenvolveu, com a criação de novos organismos estatais de 
gestão da política e de novos serviços e com a sua profissionalização, ao mesmo tempo em que 
se reconfiguraram as relações entre as três esferas de governo, adotando-se uma política de 
saúde centralizadora, definida – e, em grande parte, executada – pelo governo federal. O período 
caracterizou-se por uma forte expansão dos serviços públicos de saúde em todas as regiões do 
País, com poder de ampliar a influência da União, por meio do MESP, nas unidades federadas. 
A criação de um Ministério da Saúde, no entanto, só veio a acontecer em 1953, já no segundo 
governo Vargas, e, no ano seguinte, uma lei federal estabeleceu “normas gerais sobre defesa 
e proteção da saúde”. A nova política de saúde que se implementou passou a ter a orientação 
do movimento que ficou conhecido como “sanitarismo desenvolvimentista”, nascido no 
contexto da luta pela democratização do País durante o Estado Novo. 
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Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
O golpe de 1964 criou as condições para a execução de uma política setorial de caráter 
centralizador e privatizante, cujo primeiro passo consistiu na unificação da previdência: em 
1966, os IAP foram unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) como órgão 
gestor da Previdência Social. Aprofundou-se, a partir de então, o perfil assistencialista da 
Previdência Social, com prioridade para a assistência médica sobre os benefícios pecuniários 
(aposentadorias, pensões, auxílios). 
 
5. CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTIGOS 196 A 200) 
Seção II DA SAÚDE 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder 
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo 
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou 
jurídica de direito privado. 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: 
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos 
serviços assistenciais; 
III - participação da comunidade. 
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos 
do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda 
Constitucional nº 29, de 2000) 
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, 
em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais 
calculados sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
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Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se 
refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e incisoII, 
deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 29, de 2000) 
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que 
se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 
3º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
I - os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, 
objetivando a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 29, de 2000) 
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, 
estadual, distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) IV - as 
normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 29, de 2000) 
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do Sistema 
Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, 
tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às 
instituições privadas com fins lucrativos. 
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na 
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. 
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, 
tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a 
coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de 
comercialização. 
Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos 
da lei: 
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Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 
 
 
 
 
 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e 
participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e 
outros insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do 
trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem 
como bebidas e águas para consumo humano; 
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de 
substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
 
 
 
6. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
O Sistema Úniico de Saúde (SUS) é a denominação do sistema público de saúde 
no Brasil inspirado no National Health Service Britânico. Foi criado pela Lei Orgânica da Saúde 
nº 8.080/90 com o objetivo de alterar a circunstância de disparidade na assistência à Saúde da 
população, tornando obrigatório a assistência de saúde, sem ônus a qualquer cidadão, não sendo 
permitido qualquer cobrança de dinheiro sob qualquer pretexto. Assim, o SUS não é um serviço 
ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações 
que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema referem-se ao 
mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. 
Considerado um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, segundo 
informações do Conselho Nacional de Saúde é descrito pelo Ministério da Saúde como "um 
sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral, universal e igualitário à população 
brasileira, do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos". Foi instituído pela 
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como forma de efetivar o mandamento 
constitucional do direito à saúde como um “direito de todos” e “dever do Estado” e está regulado 
pela Lei nº. 8.080/1990, a qual operacionaliza o atendimento público da saúde. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/National_Health_Service
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brit%C3%A2nico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Nacional_de_Sa%C3%BAde
https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_da_Sa%C3%BAde_(Brasil)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Transplantes_de_%C3%B3rg%C3%A3os
https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Federal_de_1988
https://pt.wikisource.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_1988_da_Rep%C3%BAblica_Federativa_do_Brasil/T%C3%ADtulo_VIII#Artigo_196
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Com o advento do SUS, toda a população brasileira passou a ter direito à saúde 
universal e gratuita, financiada com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme rege o artigo 195 da Constituição. 
Fazem parte do Sistema Único de Saúde, os centros e postos de saúde, os hospitais 
públicos - incluindo os universitários, os laboratórios e hemocentros (bancos de sangue), os 
serviços de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental, além de 
fundações e institutos de pesquisa acadêmica e científica, como a FIOCRUZ - Fundação 
Oswaldo Cruz - e o Instituto Vital Brazil. 
Os Benefícios para o cidadão por meio do Sistema Único de Saúde é que todos os 
cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos. 
O Financiamento do SUS é feito através de recursos arrecadados através de impostos e 
contribuições sociais pagos pela população em geral e compõem os recursos do governo federal, 
estadual e municipal. 
O SUS deve ser entendido como um processo em marcha de produção social da saúde, 
que não se iniciou em 1988, com a sua inclusão na Constituição Federal, nem tampouco tem 
um momento definido para ser concluído. Ao contrário, resulta de propostas defendidas ao 
longo de muitos anos pelo conjunto da sociedade e por muitos anos ainda estará sujeito a 
aprimoramentos. Segundo a legislação brasileira, a saúde é um direito fundamental do ser 
humano, cabendo ao poder público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) garantir 
este direito, através de políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de se 
adoecer e morrer, bem como o acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, 
proteção e recuperação da saúde. 
6.1. Princípios doutrinários 
Universalidade 
É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a 
universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, 
assim como aqueles contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e dever do 
governo: municipal, estadual e federal, seja através dos serviços privados conveniados ou 
contratados com o poder público. 
Equidade 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_sanit%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_sanit%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_sanit%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_(Brasil)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados
https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_Federal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpios
https://pt.wikisource.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_1988_da_Rep%C3%BAblica_Federativa_do_Brasil/T%C3%ADtulo_VIII#Artigo_195
https://pt.wikipedia.org/wiki/Posto_de_sa%C3%BAde
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospitalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_universit%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Laborat%C3%B3rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemocentro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vigil%C3%A2ncia_Sanit%C3%A1ria
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Vigil%C3%A2ncia_epidemiol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/FIOCRUZ
https://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_Oswaldo_Cruz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_Oswaldo_Cruz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Vital_Brazil
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É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada 
caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão é igual 
perante ao SUS e será atendido conforme suas necessidades, até o limite do que o Sistema pode 
oferecer para todos. 
O acesso igualitário (princípio da equidade) não significa que o SUS deva tratar a todos 
de forma igual, mas sim respeitar os direitos de cada um, segundo as suas diferenças, apoiando-
se mais na convicção íntima da justiça natural do que na letra da lei. 
Integralidade 
Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade. O homem é um 
ser integral, bio-psico-social e deverá ser atendido com essa visão integral por um sistema de 
saúde também integral, voltando a promover, proteger e recuperar sua saúde. 
É o reconhecimento na prática dos serviços de que: cada pessoa é um todo indivisível 
e integrante de uma comunidade; as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde 
formam também um todo indivisível e prestar assistência integral. 
6.2. Princípios que regem a organização do SUS 
Regionalização 
A população deve estar vinculada a uma rede de serviços hierarquizados, organizados 
por região com área geográfica definida. A oferta de serviços deve ser planejada de acordo com 
os critérios epidemiológicos. 
Hierarquização 
Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade crescente. Além de 
dividir os serviços em níveis de atenção, deve incorporar os fluxos de encaminhamento 
(referência) e de retornos de informações ao nível básico de serviço (contrarreferência). 
O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário de 
atenção que devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que 
demandam os serviços de saúde. Os demais, deverão ser referenciados para os serviços de maior 
complexidade tecnológica. A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e 
regionalizada, permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população da área 
delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, 
educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de 
complexidade. 
Descentralização 
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É a redistribuição das responsabilidades entre os vários níveis de governo. A partir da 
ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. 
Assim, o que é de abrangência de um município, deve ser de responsabilidade do governo 
municipal, o que abrange um Estado do governo Estadual e abrangência Nacional será de 
responsabilidade federal. 
Participação dos cidadãos 
É a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades 
representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da 
sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Esta participação deve se dar 
nos Conselhos de Saúde, com representação paritária de usuários, governo, profissionais de 
saúde e prestadores de saúde. Outra forma de participação são as Conferências de Saúde, 
periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde. 
Resolubilidade (resolutividade) 
É a exigência de que, quando o indivíduo busca atendimento ou quando surge um 
problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para 
enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível de sua competência. 
Complementariedade do setor privado 
A Constituição definiu que, quando por insuficiência do setor público, for necessário a 
contratação de serviços privados, isso deve se dar sob três condições: 
1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público 
prevalecendo sobre o particular; 
2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do 
SUS. Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, equidade, etc., como se o serviço 
privado fosse público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste; 
3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS, em 
termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessa forma, 
em cada região, deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os serviços públicos e 
privados contratados, quem vai fazer o que, em que nível e em que lugar. 
Fundamentos jurídicos e normativos do Sus 
 Constituição Federal 1988 
 Lei Orgânica da Saúde – Lei 8.080/90 
 Lei 8.142/90 
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 Emenda Constitucional 29/2000 
 Pacto pela Saúde 2006 
 Lei 141/2012 
SUS (Uma construção compartilhada) Instâncias de controle social e gestão do SUS: 
• Conselhos de Saúde 
• Conselhos Gestores de Serviços 
 Instâncias colegiadas de pactuação 
• CIB – Comissão Intergestores Bipartite 
• CIT – Comissão Intergestores Tripartite 
SUS (Problemas): 
 Recursos financeiros insuficientes e fracionados 
 Pouca participação dos Estados no financiamento 
 Desvios de recursos/ineficiência de gestão 
 Deficiência de recursos humanos 
 Precarização das relações de trabalho 
 Resolutividade insuficiente 
 Limitações no acesso aos serviços 
 
 
 
7. ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA 
É o ramo da enfermagem que está direcionado a saberes e práticas aplicados em prol 
da coletividade. A expressão saúde coletiva é uma invenção tipicamente brasileira que surgiu 
em fins da década de 1970, na perspectiva de constituir uma nova articulação entre as diferentes 
instituições do campo da saúde. 
Definição atual: Compreende um conjunto complexo de saberes e práticas relacionados 
ao campo da saúde, envolvendo desde organizações que prestam assistência à saúde da 
população até instituições de ensino e pesquisa e organizações da sociedade civil. Compreende 
práticas técnicas, científicas, culturais, ideológicas, políticas e econômicas (Carvalho, 2002). 
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8. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA 
História natural da doença é a denominação dada ao conjunto de processos interativos 
que engloba as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo 
global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que designam o estímulo patológico 
no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, 
até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. 
8.1. Período de pré-patogênese 
É o primeiro período da história natural, sendo a própria evolução das inter-relações 
dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os 
fatores próprios do suscetível, até que se chegue a uma configuração favorável à instalação da 
doença. Estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições sócio-econômico- 
culturais que permitem a existência desses fatores. 
8.2. Período de patogênese 
A história natural da doença tem seguimento com a sua fundação e evolução no homem. 
É o período da patogênese. Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes 
patogênicos desempenham sobre o ser afetado. Seguem-se as reações bioquímicas em nível 
celular, prosseguindo comas perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos 
permanentes, cronicidade, morte ou cura. 
 
 
 
9. DOENÇAS INFECCIOSAS 
A doença infecciosa ou doença transmissível é qualquer patologia causada por um 
agente biológico por exemplo: vírus, bactéria, parasita, em contraste com causa física (por 
exemplo: queimadura, intoxicação, etc.). 
9.1-Sarampo 
É uma doença exantemática, sendo um dos cinco exantemas da infância clássicos, com 
a varicela rubéola, eritema infeccioso e roséola. É altamente infeccioso e transmitido por 
secreções respiratórias como espirro e tosse 
Sintomas: As manifestações iniciais são febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, 
conjuntivite e fotofobia (hipersensibilidade à luz). Surgem manchas brancas na mucosa da boca, 
manchas maculopapulares avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e progredindo 
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em direção aos pés, durando pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem de 
aparecimento. 
Diagnóstico e tratamento: O diagnóstico é clínico devido às caracteristicas muito típicas, 
especialmente as manchas de Koplik (manchas brancas na mucosa da boca e parte interna da 
bochecha). Pode ser feita detecção de antígenos em amostra de soro. 
A prevenção é por vacina Tríplice viral, feita com cepa de vírus vivo atenuado. O 
tratamento é sintomático. 
9.2-Rubélola 
A Rubéola ou Rubela é uma doença causada pelo vírus da rubéola e transmitida por 
via respiratória. É uma doença geralmente benigna, mas que pode causar malformações no 
embrião em infecções de mulheres grávidas. 
Epidemiologia: A rubéola é um dos cinco exantemas (com marcas vermelhas na derme) 
da infância. Os outros são o sarampo, a varicela, o eritema infeccioso e a roséola. 
Progressão e sintomas: A transmissão é por contato direto, secreções ou pelo ar. O vírus 
multiplica-se na faringe e nos órgãos linfáticos e depois dissemina-se pelo sangue para a pele. 
A infecção, geralmente, tem evolução benigna e em metade dos casos não produz qualquer 
manifestação clínica. As manifestações mais comuns são febre baixa (até 38ºC), aumento dos 
gânglios linfáticos no pescoço, hipertrofia ganglionar retro-ocular e suboccipital, manchas 
(máculas) cor-de-rosa (exantemas) cutâneas, inicialmente no rosto e que evoluem rapidamente 
em direção aos pés e em geral desaparecem em menos de 5 dias. Outros sintomas são a 
vermelhidão (inflamação) dos olhos (sem perigo), dor muscular das articulações, de cabeça e 
dos testículos, pele seca e congestão nasal com espirros. 
Atenção: O vírus da rubéola só é verdadeiramente perigoso quando a infecção ocorre 
durante a gravidez, com colonização de vírus na placenta e infecção do embrião, notadamente 
durante os primeiros três meses de gestação. Nestes casos a rubéola pode causar aborto, morte 
fetal, parto prematuro e malformações congênitas (cataratas, glaucoma, surdez, cardiopatia 
congênita, microcefalia com retardo mental ou espinha bífida). A infecção nos primeiros três 
meses da gravidez pelo vírus da rubéola é suficiente para a indicação de aborto voluntário da 
gravidez. 
Diagnóstico: O diagnóstico clínico é complexo por semelhança dos sintomas com os 
dos outros exantemas. É mais frequentemente sorológico, com detecção de anticorpos 
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específicos para o vírus, ou por ELISA (teste imunoenzimático que permite a detecção de 
anticorpos específicos no soro). 
Tratamento: 
• Não existe tratamento antiviral especifico 
• Normalmente é sintomático (analgésicos como o paracetamol) 
Vacina: A vacina utilizada na idade de 12 meses é a Tríplice viral , e mais tarde em 
mulheres em idade fértil não grávidas Dupla Viral. A vacina é composta por vírus vivos 
atenuados, cultivados em células de rim de coelho ou em células diplóides humanas. Pode ser 
produzida na forma monovalente, associada com sarampo (dupla viral) ou com sarampo e 
caxumba (tríplice viral). A vacina se apresenta de forma liofilizada, devendo ser reconstituída 
para o uso. Após sua reconstituição, deve ser conservada à temperatura positiva de 2º a 8º C, 
nos níveis local e regional. No nível central, a temperatura recomendada é de menos 20º C. 
Deve ser mantida protegida da luz, para não perder atividade. A vacina é utilizada em dose 
única de 0,5 mL via subcutânea. 
9.3-Hepatites 
Hepatite é toda e qualquer inflamação do fígado e que pode resultar desde uma simples 
alteração laboratorial (portador crônico que descobre por acaso a sorologia positiva), até doença 
fulminante e fatal (mais frequente nas formas agudas). Existem várias causas de hepatite, sendo 
as mais conhecidas as causadas por vírus das hepatite A, B, C, D, E, F, G, citomegalovírus, etc). 
Outras causas: drogas (álcool, antiinflamatórios, anticonvulsivantes, sulfas, derivados 
imidazólicos, hormônios tireoidianos, anticoncepcionais, etc), distúrbios metabólicos (doença 
de Wilson, politransfundidos, hemossiderose, hemocromatose, etc), transinfecciosa, pós-
choque. Em comum, todas as hepatites têm algum grau de destruição das células hepáticas. 
Sintomatologia: A grande maioria das hepatites agudas são assintomáticas ou leva a 
sintomas incaracterísticos como febre, mal estar, desânimo e dores musculares. Hepatites 
mais severas podem levar a sintomas mais específicos, sendo o sinal mais chamativo a 
icterícia, conhecida popularmente no Brasil por “trisa” ou "amarelão" e que caracteriza-se pela 
coloração amarelo-dourada da pele e conjuntivas. Associado pode ocorrer urina cor de coca-
cola (colúria) e fezes claras, tipo massa de vidraceiro (acolia fecal). Hepatites mais graves 
podem cursar com insuficiência hepática e culminar com a encefalopatia hepática e 
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óbito. Hepatites crônicas (com duração superior a 6 meses), geralmente são assintomáticas e 
podem progredir para cirrose. 
Tipos de Hepatites: 
Hepatite A: É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite A, que pode 
cursar de forma subclínica. 
Transmissão: é do tipo fecal oral, ou seja, ocorre contaminação direta de pessoa para 
pessoa ou através do contato com alimentos e água contaminados, e os sintomas iniciam em 
média 30 dias após o contágio. É mais comum onde não há ou é precário o saneamento básico. 
A falta de higiene ajuda na disseminação do vírus. O uso na alimentação de moluscos e ostras 
de águas contaminadas com esgotos e fezes humanas contribui para a expansão da doença. Uma 
vez infectada a pessoa desenvolve imunidade permanente. A transmissão através de agulhas 
ou sangue é rara. 
A prevenção através da vacina contra hepatite A é a melhor forma de prevenção. 
Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, 
sensação de desconforto no abdômen, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarreia. A icterícia é 
mais comum no adulto (60%) do que na criança (25%). A icterícia desaparece em torno de duas 
a quatro semanas. É considerada uma hepatite branda, pois não há relatos de cronificação e a 
mortalidade é baixa. Não existe tratamento específico. O paciente deve receber sintomáticos e 
tomar medidas de higiene para prevenir a transmissão para outras pessoas. Pode ser prevenida 
pela higiene e melhorias das condições sanitárias, bem como pela vacinação. É conhecida como 
a hepatite do viajante. 
Hepatite B 
A transmissão é através de sangue, agulhas e materiais cortantes contaminados, bem 
como através da relação sexual. É considerada também uma doença sexualmente transmissível. 
Pode ser adquirida através de tatuagens, piercings, no dentista e até em sessões de depilação. 
Os sintomas são semelhantes aos das outras hepatites virais, mas a hepatite B pode cronificar e 
provocar a cirrose hepática. 
A prevenção é feita utilizando preservativos nas relações sexuais e não utilizando 
materiais cortantes ou agulhas que nãoestejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso 
de descartáveis de uso único. Quanto mais cedo se adquire o vírus, maiores as chances de ter 
uma cirrose hepática. Existe vacina para hepatite B, que é dada em três doses intramusculares 
e deve ser repetida a cada 10 anos. 
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Hepatite C 
A Transmissão desse tipo de Hepatite pode ser através de transfusão sanguínea, 
tatuagens, uso de drogas, piercings, no dentista e em manicure, é de grande preocupação para 
a Saúde Pública. 
Sintomatologia: A grande maioria dos pacientes é assintomática no período agudo da 
doença, mas podem ser semelhantes aos das outras hepatites virais. A hepatite C é perigosa 
porque pode cronificar e provocar a cirrose hepática e hepatocarcinoma (neoplasia maligna do 
fígado). 
A Prevenção é feita evitando-se o uso de materiais cortantes ou agulhas que não estejam 
devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso de descartáveis de uso único, bem como 
material próprio em manicures. A esterilização destes materiais é possível, porém não há 
controle e as pessoas que ‘dizem’ que esterilizam não têm o preparo necessário para fazer uma 
esterilização eficaz. Não existe vacina para a hepatite C, essa doença é considerada pela 
Organização Mundial da Saúde como um grande problema de saúde pública, é a maior causa 
de transplante hepático. 
Hepatite D 
A Transmissão se dá por RNA-vírus (tão pequeno que é incapaz de produzir seu próprio 
envelope protéico e de infectar uma pessoa), só tem importância quando associada à hepatite 
B, pois a potencializa. Isoladamente parece não causar infecção. Geralmente encontrado em 
pacientes portadores do vírus HIV e está mais relacionado à cronificação da hepatite e também 
à hepatocarcinoma. 
Hepatite E 
É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite E, que pode cursar de 
forma subclínica. Sua transmissão é do tipo fecal oral, através do contato com alimentos e água 
contaminados, e os sintoma iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum após 
enchentes Não existe vacina para hepatite E. Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, 
fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. 
Pode ocorrer diarréia. É considerada uma hepatite branda, apesar de risco aumentado para 
mulheres grávidas, principalmente no terceiro trimestre gestacional, que podem evoluir com 
hepatite fulminante. 
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Tratamento : Não existe tratamento específico. O paciente deve receber medicamentos 
sintomáticos e repousar. Pode ser prevenida através de medidas de higiene, devendo ser evitado 
comprar alimentos e bebidas de origem duvidosa. 
Hepatite F 
É DNA-vírus, transmitido a macacos Rhesus sp. em laboratório experimentalmente, 
através de extratos de fezes de macacos infectados. Ainda não há relatos de casos em humanos. 
Hepatite G 
A hepatite G foi a hepatite descoberta mais recentemente (em 1995) e é provocada pelo 
vírus VHG (vírus mutante do vírus da hepatite C) que se estima ser responsável por 0,3 por 
cento de todas as hepatites víricas. Desconhecem-se, ainda, todas as formas de contágio 
possíveis, mas sabe-se que a doença é transmitida, sobretudo, pelo contato sanguíneo 
(transmissão parenteral). Pode evoluir para infecção persistente com prevalência de 2% entre 
doadores de sangues. Não foi ainda possível determinar com exatidão – dado que a descoberta 
da doença e do vírus que a provoca foram recentes –, as consequências da infecção com o vírus 
da hepatite G. A infecção aguda é geralmente «suave» e transitória e existem relatos duvidosos 
de casos de hepatite fulminante (os especialistas ainda não chegaram a uma conclusão definitiva 
sobre as causas destas hepatites fulminantes). 
9.4-Poliomielite 
O poliovírus é um enterovírus, com genoma de RNA simples. O vírus não tem envelope 
bilipídico, é recoberto apenas pelo cápsideo e é extremamente resistente às condições externas. 
Epidemiologia: É mais comum em crianças ("paralisia infantil"), mas também ocorre 
em adultos, como a transmissão do poliovírus "selvagem" pode se dar de pessoa a pessoa 
através de contato fecal - oral, o que é crítico em situações onde as condições sanitárias e de 
higiene são inadequadas. Crianças de baixa idade, ainda sem hábitos de higiene desenvolvidos, 
estão particularmente sob risco. 
Transmissão: O poliovírus também pode ser disseminado por contaminação fecal de 
água e alimentos. Todos os doentes, assintomáticos ou sintomáticos, expulsam grande 
quantidade de vírus infecciosos nas fezes, até cerca de três semanas depois da infecção do 
indivíduo. Os seres humanos são os únicos atingidos e os únicos reservatórios, daí a vacinação 
universal poder erradicar essa doença completamente. 
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Progressão e Sintomas: O período entre a infecção com o poliovírus e o início dos 
sintomas (incubação) varia de 3 a 35 dias. A descrição seguinte refere-se à poliomielite maior, 
paralítica, mas esta corresponde a uma minoria dos casos. Na maioria o sistema imunitário 
destrói o vírus em alguma fase antes da paralisia. 
Sintomas: Podem ser semelhantes às infecções respiratórias (febre e dor de garganta, 
gripe) ou gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal). Em seguida dissemina-se pela 
corrente sanguínea e vai infectar por essa via os órgãos. Os mais atingidos são o sistema nervoso 
incluindo cérebro, e o coração e o fígado. A multiplicação nas células do sistema nervoso 
(encefalite) pode ocasionar a destruição de neurônios motores, o que resulta em paralisia flácida 
dos músculos por eles inervados. 
Diagnóstico: é por detecção do seu DNA com PCR ou isolamento e observação com 
microscópio electrônico do vírus de fluídos corporais. 
Tratamento: a poliomielite não tem tratamento específico. No passado preservava-se a 
vida dos doentes com poliomielite bulbar e paralisia do diafragma e outros músculos 
respiratórios com o auxílio de máquinas que criavam as pressões positivas e negativas 
necessárias à respiração por eles (respiração artificial ou pulmão de ferro). Antes dos programas 
de vacinação, os hospitais pediátricos de todo o mundo estavam cheios de crianças 
perfeitamente lúcidas condenadas à prisão do seu "pulmão de ferro". 
Prevenção: Vacinação com vacina Sabin a criança. A única medida eficaz é a vacinação. 
Há dois tipos de vacina: a Salk e a Sabin. A Salk consiste nos três sorotipos do vírus inativos 
com formalina ("mortos"), e foi introduzida em 1954 por Jonas Salk. Tem a vantagem de ser 
estável, mas é cara e tem de ser injetada três vezes, sendo a proteção menor. 9.5-Varicela 
(catapora) 
É uma patologia infecciosa aguda, com grande transmissibilidade, causada pelo vírus 
varicela-zóster. A patologia é mais comum em crianças entre um e dez anos, porém pode ocorrer 
em pessoas susceptíveis (não imunes) de qualquer faixa etária. Esta patologia em crianças pode 
evolui sem consequências mais sérias. 
Transmissão: O ser humano é o único hospedeiro natural do vírus varicela-zóster. A 
infecção, em geral, ocorre através da mucosa do trato respiratório superior (porta de entrada). 
A transmissão do vírus acontece, principalmente, pela secreção respiratória (gotículas de saliva, 
espirro, tosse) de um indivíduo infectado ou pelo contato direto com o líquido das vesículas. É 
possível a transmissão da varicela através da placenta. 
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Medidas de proteção: A doença pode ser evitada através da utilização da vacina contra 
a varicela. 
Sintomatologia: Em crianças, em geral, as manifestações iniciais da varicela são as 
lesões de pele. É comum em adultos ocorrer febre e prostração, um a dois dias antes do 
aparecimento das lesões cutâneas. As lesões de pele surgem como pequenas máculopápulas("pequenas manchas vermelhas elevadas"), que em algumas horas tornam-se vesículas 
("pequenas bolhas com conteúdo líquido claro"), das quais algumas se rompem e outras 
evoluem para formação de pústulas ("bolhas com pus") e posteriormente (em 1 a 3 dias) 
formam-se crostas, resultando em cerca de 200 a 500 lesões, que causam intenso prurido 
("coceira"). As primeiras lesões comumente aparecem na cabeça ou pescoço, mas a medida que 
estas evoluem, rapidamente vão surgindo novas lesões em tronco e membros e também em 
mucosas (oral, genital, respiratória e conjuntival), sendo frequente que os diferentes estágios 
evolutivos (pápulas, vesículas, pústulas e crostas) estejam presentes simultaneamente. A 
evolução para a cura, comumente, ocorre em até uma semana, embora lesões crostosas residuais 
possam persistir por 2 a 3 semanas e algumas pequenas cicatrizes permaneçam indefinidamente. 
Tratamento: Todas as pessoas que apresentam manifestações clínicas compatíveis com 
varicela devem ser avaliadas por médico tão logo possível. Os antitérmicos (paracetamol, 
dipirona), caso sejam necessários, podem ser utilizados para controlar a febre. Os 
medicamentos que contenham em sua formulação o ácido acetil-salicílico (AAS®, Aspirina®, 
Doril®, Melhoral® etc) não devem ser usados em crianças com Varicela, pela possibilidade 
de Síndrome de Reye (doença rara, de alta letalidade, caracterizada pelo comprometimento do 
sistema nervoso central e do fígado associado ao uso deste medicamento durante infecções 
virais em crianças). O uso do ácido acetil-salicílico, por provocar alterações na função das 
plaquetas, pode ainda aumentar o risco de episódios de sangramento em pessoas de qualquer 
idade. O prurido pode ser atenuado com banhos ou compressas frias e com a aplicação de 
soluções líquidas contendo cânfora ou mentol ou óxido de zinco. Quando muito intenso, pode 
ser necessário utilizar medicamentos (como a dexclorfeniramina ou a cetirizina), ajustando-se 
a dose pelo peso do doente, para evitar sonolência excessiva. Para reduzir o risco de infecção 
bacteriana na pele, principalmente em crianças, as unhas devem ser cortadas para evitar 
traumatismo durante o ato de coçar. A higiene corporal deve ser observada, bastando para isto 
a limpeza com água e sabão. Não existe comprovação científica de benefício do uso de 
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substâncias como o permanganato de potássio e soluções iodadas para a higiene das lesões de 
pele. Esta prática, pode ainda resultar em danos, incluindo queimaduras e reações alérgicas. 
Quando ocorrerem, as complicações bacterianas (infecção secundária da pele, pneumonia e 
sepse) devem ser tratadas com antibióticos adequados, receitados pelo médico. 
9.6-Febre amarela 
A febre amarela é uma doença infecciosa causada por um flavivírus (o vírus da febre 
amarela, para a qual está disponível uma vacina altamente eficaz. A doença é transmitida por 
mosquitos e ocorre exclusivamente na América Central, na América do Sul e na África. No 
Brasil, a febre amarela é geralmente adquirida quando uma pessoa não vacinada entra em 
áreas de transmissão silvestre (regiões de cerrado, florestas). 
Transmissão: A transmissão pode ocorrer em áreas urbanas, silvestres e rurais 
("intermediária", em fronteiras de desevolvimento agrícola). As manifestações da febre amarela 
não dependem do local onde ocorre a transmissão. O vírus e a evolução clínica são idênticos. 
A diferença está apenas nos transmissores e no local geográfico de aquisição da infecção. 
Medidas de proteção individual: Vacinação contra a febre amarela. 
Manifestações: A maioria das pessoas infectadas com o vírus da febre amarela 
apresentam sintomas discretos ou não apresenta manifestações da doença. Os sintomas da febre 
amarela, em geral aparecem entre 3 e 6 dias (período de incubação) após a picada de um 
mosquito infectado. As manifestações iniciais são febre de início súbito, sensação de mal 
estar, dor de cabeça, dor muscular, cansaço e calafrios. Em algumas horas podem surgir 
náuseas, vômitos e, eventualmente, diarréia. Após três ou quatro dias, a maioria dos doentes 
(85%) recupera-se completamente e fica permanentemente imunizado contra a doença. 
Tratamento: não tem tratamento específico. As pessoas com suspeita desta, devem ser 
internadas para investigação diagnóstica e tratamento de suporte, que é feito basicamente com 
hidratação e antitérmicos. Não deve ser utilizado remédio para dor ou febre, acetil-salicílico 
(AAS®, Aspirina®, Melhoral® etc.), que pode aumentar o risco de sangramentos. Pelo menos 
durante os cinco primeiros dias de doença é imprescindível que estejam protegidas com 
mosquiteiros, uma vez que durante esse período podem ser fontes de infecção para o Aëdes 
aegypti. As formas graves da doença necessitam de tratamento intensivo e medidas terapêuticas 
adicionais como diálise peritonial e, eventualmente, transfusões de sangue. 
9.7-Coqueluche 
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É uma doença extremamente contagiosa provocada pelas bactérias Bordetella pertussis 
e Bordetella parapertussis que ao entrar no organismo permanece incubada até 14 dias. Se 
desenvolvem no nariz, boca e garganta e após tal período de incubação invade o aparelho 
respiratório liberando nele suas toxinas produzidas que fazem com que haja superprodução do 
muco, impede a fagocitose e desregula a ação das células que fazem a fagocitose (macrófagos). 
É transmitida duas semanas antes até três semanas depois do início da tosse após uma pessoa 
doente espirrar, falar ou tossir. Também pode se contrair a doença quando compartilha-se 
lençóis, copos e outros objetos pessoais. Se manifesta em três fases: catarral que dura até 14 
dias, paroxística que dura até 6 semanas e fase de convalescença que permanece por até 3 
semanas. 
Sintomas: Inflamação dos brônquios, febre baixa, tosse seca, coriza, espirros, vômito, 
sudorese, expectoração e posteriormente com a agravação da doença manifesta perda de 
consciência, convulsão, pneumonia, encefalite, lesões cerebrais, óbito. 
Tratamento: O tratamento utiliza antibióticos para combater as bactérias, onde 
normalmente utiliza-se a eritromicina já que é eficaz e pouco tóxica. Neste caso, o emprego 
de imunoglobulina humana ainda não é comprovadamente eficaz. É importante descansar 
muito, ingerir bastante líquidos, utilizar oxigênio e sedativos leves para controlar crises de tosse. 
Prevenção: A doença pode ser prevenida através da vacina tríplice que é administrada 
na criança com dois meses de vida com reforços subsequentes. Se uma pessoa sã for exposta a 
um doente deve procurar auxílio médico para que este prescreva antibióticos para prevenir a 
doença. 
9.8-Esquitossomose ou bilharziose 
É a doença provocada por um parasita, o esquistossomo (gênero Schistosoma). São 
três as espécies que atacam o homem: S. haematobium, agente da esquistossomose vesical; S. 
mansoni, responsável pela esquistossomose intestinal; e S. japonicum, encontrada no Extremo 
Oriente e responsável por uma esquistossomose arteriovenosa, a mais grave delas. Várias outras 
espécies desse gênero parasitam outros mamíferos e mesmo o homem. 
Sintomas: 4 a 8 semanas após a contaminação começam a aparecer sintomas como, 
febre, dor de cabeça, náuseas, calafrios, dores abdominais, inapetência, vômitos e tosse seca. 
Dependendo da quantidade de vermes, a pessoa contaminada pode se tornar portadora do 
parasita sem nenhum sintoma, ou ao longo do tempo apresentar os sintomas iniciais de forma 
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mais crônica. Outros sintomas são decorrentes da obstrução das veias do baço e do fígado 
com aumento dos mesmos e desvio de sangue podem causar dores na parte superior esquerda 
do abdômen e vômitos com sangue. 
Tratamento: O tratamento é feito usando antiparasitários (substâncias químicas tóxicas

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