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Disciplina: Saúde Coletiva Professor: Airton Almeida Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA ................................................................... 8 2.A SAÚDE PÚBLICA E A SAÚDE COLETIVA ...................................................... 12 1.1. Conceito de saúde coletiva ...................................................................................... 12 1.2. Programas dos Centros de Saúde e ESF’s.............................................................. 12 3.O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA .................................................... 16 4.A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ............ 18 4.1.As origens do nosso sistema de saúde ..................................................................... 18 5. CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTIGOS 196 A 200) ........................................... 21 6. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. ................................................................................ 23 7. ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA ............................................................ 27 8. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA. ................................................................... 28 8.1. Período de pré-patogênese ..................................................................................... 28 8.2. Período de patogênese ............................................................................................ 28 9. DOENÇAS INFECCIOSAS. ..................................................................................... 29 9.1-Sarampo .................................................................................................................. 29 9.2-Rubélola. .................................................................................................................. 29 9.3-Hepatites. ................................................................................................................. 30 9.4-Poliomielite .............................................................................................................. 33 9.5-Varicela (catapora) ................................................................................................. 34 9.6-Febre amarela. ........................................................................................................ 36 9.7-Coqueluche .............................................................................................................. 36 9.8-Esquitossomose ou bilharziose ............................................................................... 37 9.9-Malária .................................................................................................................... 38 9.10-Caxumba ............................................................................................................... 39 9.11-Doença de Chagas.................................................................................................. 39 9.12-Tuberculose ........................................................................................................... 41 9.13-Hanseníase. ............................................................................................................ 41 9.14-Meningite ............................................................................................................... 42 9.15-Tétano. ................................................................................................................... 43 9.16-Leptospirose .......................................................................................................... 45 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 9.17-Dengue ................................................................................................................... 47 9.18-Raiva. ..................................................................................................................... 49 9.19-Toxoplasmose ........................................................................................................ 50 9.20-Febre tifóide .......................................................................................................... 52 10. INFECÇÕES SEXUALMENTES TRANSMISSÍVEIS........................................ 53 10.1. Sífilis ....................................................................................................................... 53 10.2. Cancro Mole .......................................................................................................... 54 10.3. Herpes. ................................................................................................................... 55 10.4. Gonorréia .............................................................................................................. 56 10.5. HPV ........................................................................................................................ 56 10.6. Candidíase ............................................................................................................. 58 10.7.-Linfogranuloma Venéreo .................................................................................... 58 10.8. AIDS-SIDA ............................................................................................................ 59 10.9. Infecção por Trichomonas .................................................................................... 60 10.10. Infecção por Gardenerella .................................................................................. 61 11. PARASITOSES INTESTINAIS ..............................................................................62 11.1. Ascaridíase ............................................................................................................ 62 11.2. Giardíase ................................................................................................................ 63 11.3. Amebíase ............................................................................................................... 64 11.4. Teníase ................................................................................................................... 64 12. MICOSES ................................................................................................................. 65 12.1. Micoses superficiais da pele .................................................................................. 65 13. AÇÕES DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM RELAÇÃO A PRODUTOS ALIMENTARES ,DOMICILIARES, MEDICAMENTOS, SERVIÇOS DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE ................................................................................................... 68 13.1. Ações da vigilância sanitária ................................................................................ 68 13.2. Recursos da Comunidade para ações coletivas (estratégias) ............................. 69 13.3. PNI - Programa Nacional de Imunização. ............................................................ 69 14. SINAN- SISTEMA NACIONAL DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO. ............ 72 REFERÊNCIAS. ........................................................................................................... 73 8 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 1.INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA A expressão saúde coletiva é uma invenção tipicamente brasileira que surgiu em fins da década de 1970, na perspectiva de constituir uma nova articulação entre as diferentes instituições do campo da saúde. Saúde coletiva é uma expressão que designa um campo de saber e de práticas referido à saúde como fenômeno social e, portanto, de interesse público. Trata-se de uma forma de abordar as relações entre conhecimentos, práticas e direitos referentes à qualidade de vida. Saúde coletiva é um campo de práticas diversas socialmente determinadas, que se apoiam em diferentes disciplinas científicas interdisciplinarescom o desafio de compreender e interpretar os determinantes da produção social das doenças e da organização social dos serviços de saúde fundamentando-se na interdisciplinaridade como possibilitadora da construção de um conhecimento ampliado da saúde e na multiprofissionalidade como forma de enfrentar a diversidade interna ao saber/ fazer das práticas sanitárias (NUNES, 1994). Saúde coletiva é uma ciência histórico-social, percebendo que as características dos seres humanos (doentes ou não) são sobretudo, um produto de forças sociais mais profundas, ligadas a uma totalidade econômico-social que é preciso conhecer e compreender para explicarem-se adequadamente os fenômenos de saúde e de doença com os quais ela se defronta; (PEREIRA, 1986 apud MATUMOTO et al, 2001). Do ponto de vista do SABER, a Saúde Coletiva se articula em um tripé interdisciplinar composto pela: Epidemiologia, Administração e Planejamento em Saúde e Ciências Sociais em Saúde; com um enfoque transdisciplinar, que envolve disciplinas auxiliares como a: Demografia, Estatística, Ecologia, Economia, História e Ciências Políticas, entre outras. Definição atual: Compreende um conjunto complexo de saberes e práticas relacionados ao campo da saúde, envolvendo desde organizações que prestam assistência à saúde da população até instituições de ensino e pesquisa e organizações da sociedade civil. Compreende práticas técnicas, científicas, culturais, ideológicas, políticas e econômicas (Carvalho, 2002). Enquanto PRÁTICA, a Saúde Coletiva propõe um novo modo de organização do processo de trabalho em saúde que enfatiza: - a promoção da saúde, - a prevenção de riscos e agravos, 9 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva - a reorientação da assistência a doentes, - a melhoria da qualidade de vida, privilegiando mudanças nos modos de vida e nas relações entre os sujeitos sociais envolvidos no cuidado à saúde da população. O objeto de investigação e práticas em Saúde Coletiva, compreende as seguintes dimensões: O Estado de saúde da população: isto é, condições de saúde de grupos populacionais específicos e tendências gerais do ponto de vista epidemiológico, demográfico, socioeconômico e cultural; Os Serviços de saúde: abrangendo o estudo do processo de trabalho em saúde, investigações sobre a organização social dos serviços e a formulação e implementação de políticas de saúde, bem como a avaliação de planos, programas e tecnologia utilizada na atenção à saúde; O Saber sobre a saúde: incluindo investigações históricas, sociológicas, e epistemológicas sobre a produção de conhecimentos neste campo e sobre as relações entre o saber científico; e as concepções e práticas populares de saúde, influenciadas pelas tradições, crenças e cultura de modo geral. A Saúde coletiva visa: - saneamento do meio ambiente, - combate das doenças transmissíveis que ameaçam a coletividade, - ensino dos princípios de higiene individual, - organizações dos serviços médicos e de enfermagem para diagnóstico precoce e tratamento preventivo, - estabelecimento de condições de saúde que assegurem a cada membro da coletividade, um nível de vida favorável à manutenção da vida. Qual seria o núcleo da saúde coletiva? - O apoio aos sistemas de saúde, à elaboração de políticas e à construção de modelos; - a produção de explicações para os processos saúde/enfermidade/intervenção; - práticas de promoção da saúde e prevenção de doenças. Prevenir: preparar; chegar antes de; dispor de maneira que evite (dano, mal); impedir que se realize. A prevenção em saúde exige uma ação antecipada, baseada no conhecimento da história natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença; 10 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Prevenção é o conjunto de medidas que visam evitar a doença na coletividade, utilizando medidas que acabem com a patologia, ou a minimizem na população. Tipos de Prevenção: Primária - quaisquer atos destinados a diminuir a incidência de uma doença numa população, reduzindo o risco de surgimento de casos novos; São exemplos a vacinação, o tratamento da água para consumo humano, de medidas de desinfecção e desinfestação ou de ações para prevenir a infecção por HIV, e outras ações de educação e saúde ou distribuição gratuita de preservativos, ou de seringas descartáveis aos toxicômanos. Secundária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência de uma doença numa população reduzindo sua evolução e duração; um exemplo é o rastreio do câncer do colo uterino, causado pela transmissão sexual do HPV. A prevenção secundária consiste em um diagnóstico precoce e tratamento imediato. Terciária - quaisquer atos destinados a diminuir a prevalência das incapacidades crônicas numa população, reduzindo ao mínimo as deficiências funcionais consecutivas à doença. Como exemplo, podem-se citar ações de formação a nível de escolas ou locais de trabalho que visem anular atitudes fóbicas em relação a um indivíduo infectado pelo HIV. Outro exemplo, a nível da saúde ocupacional seria a reintegração daquele trabalhador na empresa, caso não pudesse continuar a exercer, por razões médicas, o mesmo tipo de atividades As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. Seu objetivo é o controle da transmissão de doenças infecciosas e a redução do risco de doenças degenerativas ou outros agravos específicos. Promover: dar impulso a; originar; gerar. Promoção da saúde define-se, tradicionalmente, de maneira bem mais ampla que prevenção, pois refere-se a medidas que não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais. As estratégias de promoção enfatizam a transformação das condições de vida e de trabalho que conformam a estrutura subjacente aos problemas de saúde, demandando uma abordagem intersetorial. Sendo assim a construção de uma teoria sobre a promoção de saúde, ou sobre o processo saúde/enfermidade/intervenção, não seria ferramenta exclusiva da saúde coletiva, 11 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva mas de todo o campo de saúde. Não há como repensar suas práticas desconhecendo o acervo da biologia, da psicologia e da clínica em geral. Existem diversos modos para produzir saúde. Cada modo de produção de saúde é composto por uma dada combinação qualitativa e quantitativa de práticas. Podemos identificar quatro modos básicos para produzir saúde: 1- a produção social de saúde: em que transformações econômicas, sociais e políticas produzem padrões saudáveis de existência, dificultando o surgimento de enfermidades. 2- a saúde coletiva: em que por meio da vigilância à saúde e da ação específica de profissionais de saúde, mais ou menos articulados com outros setores e outros agentes, e do desenvolvimento de ações predominantemente voltadas para a promoção e prevenção, dificultam-se ou impedem-se mortes e enfermidades; 3- a clínica e a reabilitação: em que práticas de assistência e de cuidado produzem saúde, ainda que em sujeitos isolados; 4- atendimento de urgência e de emergência: em que, a partir de modelos de intervenção que alteraram bastante uma série de características da clínica tradicional, consegue-se evitar morte e sofrimento. 12 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 2.A SAÚDE PÚBLICA E A SAÚDE COLETIVA A Saúde Coletiva é um movimento que surgiu na década de 70 contestando os atuais paradigmas de saúde existentes na América Latina e buscando uma forma de superar a crise no campo da saúde. Ela surge devido à necessidade de construção de um campo teórico- conceitual em saúde frente ao esgotamento do modelo científico biologicista da saúde pública. A saúde pública é entendida neste contexto como vários movimentosque surgiram tanto na Europa quanto nas Américas como forma de controlar, a priori, as endemias que ameaçavam a ordem econômica vigente e depois como controle social, buscando a erradicação da miséria, desnutrição e analfabetismo. Contudo os vários modelos de saúde pública não conseguiram estabelecer uma política de saúde democrática efetiva e que ultrapassasse os limites interdisciplinares, ou seja, ainda permanecia centrado na figura hegemônica do médico. Dessa forma, muitos programas de saúde pública, endossados pela Organização Mundial de Saúde, ficaram reduzidos à assistência médica simplificada, isto é, aos serviços básicos de saúde; resumindo: para uma população pobre um serviço pobre. 2.1. Conceito de saúde coletiva O conceito de saúde coletiva é o efeito das interações socioeconômicas de uma sociedade com o ambiente e o quanto isso pode influir a salubridade de uma região ou comunidade. Ao contrário das demais áreas de saúde que tendem a possuir um caráter de tratamento, a saúde coletiva tem como objetivo principal prevenir o desenvolvimento ou a disseminação de patologias e demais problemas de saúde por meio da implantação de perfis sanitários condizentes com a cultura e a necessidade de uma região. 2.2. Programas dos Centros de Saúde e ESF’s Programa de assistência integral a saúde da mulher e da criança – PAISMIC: O objetivo maior do PAISM é atender a mulher em sua integralidade, em todas as fases da vida, respeitando as necessidades e características de cada uma delas. As áreas de atuação do PAISM são divididas em grupos baseados nas fases da vida da mulher, a saber: • Assistência ao ciclo gravídico puerperal: pré-natal (baixo e alto risco), parto e puerpério; • Assistência ao abortamento; • Assistência à concepção e anticoncepção-; • Prevenção do câncer de colo uterino e detecção do câncer de mama; (Portaria 3040 de 21 de junho de 1998 do Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Combate ao Câncer do Colo Uterino); 13 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva • Assistência ao climatério; • Assistência às doenças ginecológicas prevalentes; • Prevenção e tratamento das IST/AIDS; • Assistência à mulher vítima de violência. TRO-Terapia de Reidratação Oral Este Programa tem por objetivo corrigir o desequilíbrio hidroeletrolítico (restabelecendo em nível o mais próximo possível, a água e os eletrólitos reduzidos durante a diarréia), manter e recuperar o estado nutricional. IRA – Infecção Respiratória Aguda Este Programa visa atender as crianças com IRA que é um conjunto de doenças, que acomete principalmente crianças e que se espalha com facilidade, passando de uma pessoa para outra, dando mais de uma vez na mesma criança. As infecções respiratórias agudas, principalmente a pneumonia, podem trazer risco de vida quando não tratadas. A criança é acompanhada por este Programa até a melhora do Quadro patológico. Programa de prevenção ao câncer do colo do útero e de mama Este Programa consiste no desenvolvimento e na prática de estratégias que reduzam a mortalidade e as repercussões físicas, psíquicas e sociais do câncer do colo do útero e de mama. Programa de incentivo ao aleitamento materno É um Programa de saúde pública, de atendimento ambulatorial, com atuação de uma equipe multidisciplinar que acompanha o crescimento e o desenvolvimento de crianças de 0 a 6 meses de vida, orientando e incentivando as mães para que amamentem seus filhos exclusivamente ao seio durante esse período. Assistência integral as doenças prevalentes O objetivo do Programa é reduzir a morbimortalidade de crianças de zero a cinco anos de idade. A estratégia AIDPI incorporou as ações do Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC), porém introduzindo o conceito de integralidade. Propõe um novo modelo de abordagem à saúde da criança no primeiro nível de atenção, sistematizando o atendimento clínico e integrando ações curativas com medidas preventivas e de promoção da saúde. Programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis e AIDS 14 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva A missão do Programa Nacional de IST e AIDS (PN-DST/AIDS) é reduzir a incidência do HIV/aids e melhorar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Para isso, foram definidas diretrizes de melhoria da qualidade dos serviços públicos oferecidos às pessoas portadoras de aids e outras IST; de redução da transmissão vertical do HIV e da sífilis; de aumento da cobertura do diagnóstico e do tratamento das IST e da infecção pelo HIV; de aumento da cobertura das ações de prevenção em mulheres e populações com maior vulnerabilidade; da redução do estigma e da discriminação; e da melhoria da gestão e da sustentabilidade. ESF-Estratégia Saúde da Família A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. PACS-Programa de Agentes Comunitários de Saúde Ao Programa de Saúde da Família também está associado o PACS, que cria esse ator, o Agente Comunitário de Saúde, morador da comunidade onde trabalha e atua. Ele deve ser instrumentalizado para desenvolver ações de educação em saúde e apoiar a comunidade na melhoria das suas condições de vida. Desempenha papel relevante de interlocutor com a comunidade, que pode contribuir para identificação mais cuidadosa de suas necessidades e ainda estimular a participação da comunidade no controle de suas condições de saúde e de qualidade de vida. Planejamento familiar Programa que engloba a assistência ao planejamento familiar deve incluir acesso à informação e a todos os métodos e técnicas para a concepção e anticoncepção cientificamente aceitos, e que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas. Programa de saúde mental O Programa de Saúde Mental busca reverter o atual modelo baseado na internação em hospitais psiquiátricos por serviços que privilegiem o atendimento fora dos hospitais. Saúde bucal https://www.portaleducacao.com.br/curso-online-odontologia-saude-bucal/p 15 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva A implantação de políticas que minimizem doenças bucais já é conhecida em todo Brasil. Nas escolas públicas a utilização regular de flúor e demais produtos que combatam ou evitem a formação de problemas bucais e dentários, é uma função da saúde coletiva. Palestras que orientem pais e crianças sobre como evitar alimentos que provoquem cáries e a melhor forma de escovar os dentes, são outras ferramentas que possuem um aspecto mais social do que combativo, esse é o grande diferencial da saúde coletiva. Sexualidade e métodos contraceptivos Um importante papel da saúde coletiva é na área de sexualidade, todos os anos o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta milhões de reais com medicamentos para os portadores das mais diversas DST’s. A saúde coletiva trabalha em ações de conscientização que incentivam a utilização de preservativos e os distribuem de forma gratuita, essa prática minimiza a disseminação de diversas doenças até mesmo nas comunidades mais carentes. Outro ponto importante relacionado à saúde coletiva é o estimulo à utilização de métodos contraceptivos por comunidades mais carentes. O governo investe milhões todos os anos com o assistencialismo para famílias mais carentes e mesmo assim, muitas crianças vão dormir com fome por todo o Brasil, o planejamento familiar é a forma mais sensata de combater esses altos índices de natalidade e consequentemente dar a chance dasfamílias conseguirem sair dessa linha de miséria. Práticas sanitárias mais saudáveis Existem diversas práticas sanitárias básicas que são preteridas, em especial em comunidades mais carentes, os profissionais da saúde coletiva têm como meta estimular essas pessoas a adotarem práticas sanitárias adequadas, minimizando assim problemas causados pela insalubridade no manuseio de alimentos, água e resíduos gerados. A conscientização é a melhor forma de minimizar os índices de problemas de saúde relacionados à interações socioambientais inadequadas. https://www.portaleducacao.com.br/curso-online-psicologia-sexualidade/p https://www.portaleducacao.com.br/curso-online-enfermagem-sistema-unico-de-saude/p 16 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 3.O MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA O movimento da Reforma Sanitária nasceu no contexto da luta contra a ditadura, no início da década de 1970. A expressão foi usada para se referir ao conjunto de ideias que se tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Essas mudanças não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor saúde, em busca da melhoria das condições de vida da população. A década de 1980 foi marcada por grave crise mundial, cujas consequências em termos de desequilíbrios macroeconômicos, financeiros e de produtividade atingiram a economia brasileira. Em resposta a essa crise, verificou-se intenso processo de internacionalização dos mercados, dos sistemas produtivos e da tendência à unificação monetária, cujo resultado foi uma perda considerável da autonomia dos Estados nacionais. Nesse período, aproveitando-se do processo de restauração democrática, alternativas de mudanças nesse aparato institucional foram experimentadas no nível federal, enquanto no nível municipal demonstrava-se a viabilidade da implantação de um modelo eficiente de sistema unificado de saúde com direção única. O processo teve como liderança intelectual e política o autodenominado Movimento Sanitário, composto por um grupo de intelectuais, médicos e lideranças políticas do setor, que teve um papel destacado na oposição ao regime militar e na área da saúde (GERSCHMAN, 1995). Contou também – pelo menos nas suas etapas iniciais – com a participação dos movimentos populares em saúde que proliferaram na década de 1970, originados nos bairros pobres das periferias das grandes cidades, organizados em torno da reivindicação de melhores condições de saneamento, assistência médica e transportes. Grupos de médicos e outros profissionais preocupados com a saúde pública desenvolveram teses e integraram discussões políticas. Este processo teve como marco institucional a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. Entre os políticos que se dedicaram a esta luta está o sanitarista Sérgio Arouca. Esse movimento, pela primeira vez, reuniu mais de cinco mil representantes de todos os seguimentos da sociedade civil, que discutiram um novo modelo de saúde para o Brasil, culminando com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) pela Assembleia Nacional Constituinte em 1988. No início, o movimento pela reforma sanitária não tinha uma denominação específica. Era constituído por um conjunto de pessoas com ideias comuns para o campo da saúde. Em uma reunião na 17 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília, esse “movimento”, foi primariamente denominado “partido sanitário”. Proposta da reforma sanitária:“Construção de uma nova política de saúde efetivamente democrática, tomando por base a equidade, a justiça social, a descentralização, universalização e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor.” As propostas da Reforma Sanitária resultaram, finalmente, na universalidade do direito à saúde, oficializado com a Constituição Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS delineado pela Constituição de 1988 resultou da adoção de um novo paradigma segundo o qual a saúde não mais é entendida como seguro social nem restrita a benefícios e serviços específicos de caráter contratualista, afirmando que esses direitos são universais. Nessa nova visão, o papel do Estado é o de garantir o exercício universal desse direito. Apesar de todas as dificuldades para a sua implementação, o SUS tem, hoje, um impacto societário de grande importância, como sistema de proteção social, em razão dos resultados obtidos e da abrangência da cobertura alcançada. Programas brasileiros de controle de doenças – entre os quais os de imunizações, de controle do tabagismo e de controle da AIDS – são reconhecidos internacionalmente por seus resultados positivos enquanto, na área assistencial, são realizados, por ano 2,3 bilhões de procedimentos ambulatoriais; mais de 300 milhões de consultas médicas; dois milhões de partos; onze mil transplantes; 215 mil cirurgias cardíacas; 9 milhões de procedimentos de quimio e radioterapia; 11,3 milhões de internações no âmbito do SUS. 87 milhões de pessoas têm sua saúde acompanhada por 27 mil equipes de saúde da família e 110 milhões são atendidas por agentes comunitários de saúde (BRASIL, 2008). 18 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 4.A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Até 1988, a saúde não era reconhecida como um direito público subjetivo, sendo tratada, nos textos constitucionais anteriores, apenas como mais um serviço público (SANTOS; ANDRADE, 2006). A assistência médica era entendida como um benefício previdenciário, ao qual tinham direito apenas aqueles trabalhadores que contribuíam para a Previdência Social. O sistema público de saúde de que dispomos hoje – o Sistema Único de Saúde ou SUS – foi instituído pela Constituição Federal de 1988, e decorre dos seus artigos 6º – que reconhece a saúde como direito social; 196 – que estabelece ser dever do Estado garanti- lo, mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde; 197 – que declara serem de relevância pública essas ações e serviços, cabendo ao poder público dispor sobre sua regulamentação, execução e fiscalização; e 198 – que determina a organização das ações e serviços públicos de saúde por meio de uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um sistema único, sob diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação da comunidade. Esse sistema decorre de uma concepção de saúde como um direito fundamental e universal do ser humano e que atribui ao Estado o dever de prover as condições necessárias ao seu pleno exercício. Corresponde a uma visão de mundo que privilegia valores de cidadania e de solidariedade, em contraposição a concepções que valorizam o individualismo e o privado. Resultou de um movimento em prol de uma ampla reforma sanitária, iniciado no final da década de 1970, no âmbito do processo de redemocratização do País, que objetivava reverter o quadro de inadequação e perversidade do sistema de saúde vigente, constituído ao longo de quase um século e consolidado no período da ditadura militar. Inadequado porque não dava conta de atender, por meio de um modelo hospitalocêntrico e privatista, à crescente e diversificada demanda decorrente do agravamento do quadro nosológico que emergia do processo de desenvolvimento nacional. Perverso por deixar a sua margem um número enorme de excluídos. 4.1.As origens do nosso sistema de saúde A história do desenvolvimento de um modelo de saúde no Brasil, foi construído pautado na filantropia, de forma mais marcante, a caridade (filantropia religiosa) - sendo que ainda se encontrava a figura do pajé e do boticário. As principais ações eram feitas pela fiscalização da higiene pública, ainda que não tão amplamente realizada, e também pelo 19 CursoTécnico em Enfermagem – Saúde Coletiva afastamento dos doentes do resto da população. Consistia em um tratamento mais focado em ações sobre o corpo e não sobre o ambiente. Com a chegada da família real, iniciou-se a fundação de universidades de medicina no Brasil e melhora da situação sanitária, sobretudo nos portos, porém longe do ideal. Frisa-se que a transferência da família real para o Brasil, em 1808, ocorreu em um período em que o mundo científico evoluía, inclusive a medicina. É importante descrever que, ao chegarem ao Rio de Janeiro, encontraram uma cidade bastante pobre em matéria de saneamento básico: "O Rio de Janeiro, até a chegada da família real em 1808, era uma cidade insalubre, pantanosa, com águas estagnadas e com poucas ruas, crescendo desordenadamente. Existia dificuldade de abastecimento de água, não havia saneamento, a falta de higiene era total, não havia esclarecimento, uma vez que a população era praticamente toda analfabeta." "A população estava à sorte de adquirir diarréias, disenterias, verminoses, sarnas, bichos de pé, bernes, piolhos sem contar com as doenças epidêmicas e contagiosas, como peste, varíola, malária e febre amarela. A transferência da Corte portuguesa para o Brasil fez com que as elites estabelecidas no Rio de Janeiro elaborassem paulatinamente um projeto de “civilização” para os trópicos." Com o aumento do interesse pelas doenças que até então eram renegadas, devido a epidemias de varíola e febre amarela (doenças tropicais), o Brasil começou a juntar esforços no combate de tais agravos, pois representavam também perdas econômicas para o país. Tratava-se também de uma forma de "esconder" a realidade que cercava a capital federal. Durante o período colonial, o País conviveu por mais de três séculos com precários serviços de saúde e uma quase absoluta ausência de atuação do Estado nesse campo. Nossas primeiras instituições de saúde foram criadas com a chegada da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro, no início do século XIX. No campo da assistência médica, uma divisão de responsabilidades se estabeleceu no fim do Império e na Primeira República, com o desenvolvimento de um conjunto de serviços privados, filantrópicos e mutualistas: enquanto o Estado especializava-se na atenção a segmentos populacionais marginalizados ou que pudessem ameaçar a saúde pública – os loucos e os portadores de doenças infecto-contagiosas –, as santas casas assumiam o cuidado dos pobres, as comunidades de imigrantes e os sindicatos organizavam suas beneficências, e a medicina liberal ocupava-se daqueles que podiam pagar. https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/Saneamento_b%C3%A1sico 20 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Nas décadas de 1920 e 1930, em resposta a um longo processo de luta dos trabalhadores por melhores condições de vida e de trabalho, passou a se constituir um sistema previdenciário, caracterizado, inicialmente, pela criação, pelas empresas, das caixas de aposentadoria e pensão para seus empregados, e que incluíam as assistências médica e farmacêutica entre os benefícios oferecidos (Os quatro direitos/benefícios que teriam os contribuintes dessas caixas eram: em primeiro lugar, os “socorros médicos em caso de doença em sua pessoa ou pessoa de sua família”; em segundo, os “medicamentos obtidos por preço especial determinado pelo Conselho de Administração” e, por fim, a “aposentadoria” e a “pensão para seus herdeiros em caso de morte”. (Art. 9º do Decreto nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, que cria, em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes no País, uma caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos empregados, – conhecido como Lei Elói Chaves) . No entanto, dada a insuficiência de recursos para a instalação e manutenção de redes próprias de serviços de saúde, as caixas passaram, desde cedo, a comprar serviços da iniciativa privada, estimulando o desenvolvimento de um setor empresarial médico. A partir de 1930, no bojo do processo de centralização política e administrativa do primeiro Governo Vargas e do Estado Novo, as caixas foram unificadas e absorvidas pelos institutos de aposentadoria e pensão (IAP) então criados, sob a forma de organizações públicas autárquicas de abrangência nacional, de cuja administração o Estado passou a participar diretamente. A área de saúde coletiva se desenvolveu, com a criação de novos organismos estatais de gestão da política e de novos serviços e com a sua profissionalização, ao mesmo tempo em que se reconfiguraram as relações entre as três esferas de governo, adotando-se uma política de saúde centralizadora, definida – e, em grande parte, executada – pelo governo federal. O período caracterizou-se por uma forte expansão dos serviços públicos de saúde em todas as regiões do País, com poder de ampliar a influência da União, por meio do MESP, nas unidades federadas. A criação de um Ministério da Saúde, no entanto, só veio a acontecer em 1953, já no segundo governo Vargas, e, no ano seguinte, uma lei federal estabeleceu “normas gerais sobre defesa e proteção da saúde”. A nova política de saúde que se implementou passou a ter a orientação do movimento que ficou conhecido como “sanitarismo desenvolvimentista”, nascido no contexto da luta pela democratização do País durante o Estado Novo. 21 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva O golpe de 1964 criou as condições para a execução de uma política setorial de caráter centralizador e privatizante, cujo primeiro passo consistiu na unificação da previdência: em 1966, os IAP foram unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) como órgão gestor da Previdência Social. Aprofundou-se, a partir de então, o perfil assistencialista da Previdência Social, com prioridade para a assistência médica sobre os benefícios pecuniários (aposentadorias, pensões, auxílios). 5. CONSTITUIÇÃO FEDERAL (ARTIGOS 196 A 200) Seção II DA SAÚDE Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade. § 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 22 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e incisoII, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) I - os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. § 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. § 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. Art. 200. Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: 23 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 6. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE O Sistema Úniico de Saúde (SUS) é a denominação do sistema público de saúde no Brasil inspirado no National Health Service Britânico. Foi criado pela Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90 com o objetivo de alterar a circunstância de disparidade na assistência à Saúde da população, tornando obrigatório a assistência de saúde, sem ônus a qualquer cidadão, não sendo permitido qualquer cobrança de dinheiro sob qualquer pretexto. Assim, o SUS não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema referem-se ao mesmo tempo, às atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. Considerado um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, segundo informações do Conselho Nacional de Saúde é descrito pelo Ministério da Saúde como "um sistema ímpar no mundo, que garante acesso integral, universal e igualitário à população brasileira, do simples atendimento ambulatorial aos transplantes de órgãos". Foi instituído pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, como forma de efetivar o mandamento constitucional do direito à saúde como um “direito de todos” e “dever do Estado” e está regulado pela Lei nº. 8.080/1990, a qual operacionaliza o atendimento público da saúde. https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/National_Health_Service https://pt.wikipedia.org/wiki/Brit%C3%A2nico https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_Nacional_de_Sa%C3%BAde https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_da_Sa%C3%BAde_(Brasil) https://pt.wikipedia.org/wiki/Transplantes_de_%C3%B3rg%C3%A3os https://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Federal_de_1988 https://pt.wikisource.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_1988_da_Rep%C3%BAblica_Federativa_do_Brasil/T%C3%ADtulo_VIII#Artigo_196 24 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Com o advento do SUS, toda a população brasileira passou a ter direito à saúde universal e gratuita, financiada com recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme rege o artigo 195 da Constituição. Fazem parte do Sistema Único de Saúde, os centros e postos de saúde, os hospitais públicos - incluindo os universitários, os laboratórios e hemocentros (bancos de sangue), os serviços de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental, além de fundações e institutos de pesquisa acadêmica e científica, como a FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz - e o Instituto Vital Brazil. Os Benefícios para o cidadão por meio do Sistema Único de Saúde é que todos os cidadãos têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos. O Financiamento do SUS é feito através de recursos arrecadados através de impostos e contribuições sociais pagos pela população em geral e compõem os recursos do governo federal, estadual e municipal. O SUS deve ser entendido como um processo em marcha de produção social da saúde, que não se iniciou em 1988, com a sua inclusão na Constituição Federal, nem tampouco tem um momento definido para ser concluído. Ao contrário, resulta de propostas defendidas ao longo de muitos anos pelo conjunto da sociedade e por muitos anos ainda estará sujeito a aprimoramentos. Segundo a legislação brasileira, a saúde é um direito fundamental do ser humano, cabendo ao poder público (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) garantir este direito, através de políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de se adoecer e morrer, bem como o acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde. 6.1. Princípios doutrinários Universalidade É a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles contratados pelo poder público. Saúde é direito de cidadania e dever do governo: municipal, estadual e federal, seja através dos serviços privados conveniados ou contratados com o poder público. Equidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_sanit%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_sanit%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_sanit%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_(Brasil) https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_Federal https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpios https://pt.wikisource.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_1988_da_Rep%C3%BAblica_Federativa_do_Brasil/T%C3%ADtulo_VIII#Artigo_195 https://pt.wikipedia.org/wiki/Posto_de_sa%C3%BAde https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospitalhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_universit%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Laborat%C3%B3rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Hemocentro https://pt.wikipedia.org/wiki/Vigil%C3%A2ncia_Sanit%C3%A1ria https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Vigil%C3%A2ncia_epidemiol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/FIOCRUZ https://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_Oswaldo_Cruz https://pt.wikipedia.org/wiki/Funda%C3%A7%C3%A3o_Oswaldo_Cruz https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Vital_Brazil 25 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva É assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada caso requeira, more o cidadão onde morar, sem privilégios e sem barreiras. Todo cidadão é igual perante ao SUS e será atendido conforme suas necessidades, até o limite do que o Sistema pode oferecer para todos. O acesso igualitário (princípio da equidade) não significa que o SUS deva tratar a todos de forma igual, mas sim respeitar os direitos de cada um, segundo as suas diferenças, apoiando- se mais na convicção íntima da justiça natural do que na letra da lei. Integralidade Cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade. O homem é um ser integral, bio-psico-social e deverá ser atendido com essa visão integral por um sistema de saúde também integral, voltando a promover, proteger e recuperar sua saúde. É o reconhecimento na prática dos serviços de que: cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível e prestar assistência integral. 6.2. Princípios que regem a organização do SUS Regionalização A população deve estar vinculada a uma rede de serviços hierarquizados, organizados por região com área geográfica definida. A oferta de serviços deve ser planejada de acordo com os critérios epidemiológicos. Hierarquização Os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade crescente. Além de dividir os serviços em níveis de atenção, deve incorporar os fluxos de encaminhamento (referência) e de retornos de informações ao nível básico de serviço (contrarreferência). O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção que devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os serviços de saúde. Os demais, deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica. A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e regionalizada, permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população da área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade. Descentralização 26 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva É a redistribuição das responsabilidades entre os vários níveis de governo. A partir da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Assim, o que é de abrangência de um município, deve ser de responsabilidade do governo municipal, o que abrange um Estado do governo Estadual e abrangência Nacional será de responsabilidade federal. Participação dos cidadãos É a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Esta participação deve se dar nos Conselhos de Saúde, com representação paritária de usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de saúde. Outra forma de participação são as Conferências de Saúde, periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde. Resolubilidade (resolutividade) É a exigência de que, quando o indivíduo busca atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível de sua competência. Complementariedade do setor privado A Constituição definiu que, quando por insuficiência do setor público, for necessário a contratação de serviços privados, isso deve se dar sob três condições: 1ª - a celebração de contrato, conforme as normas de direito público, ou seja, interesse público prevalecendo sobre o particular; 2ª - a instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do SUS. Prevalecem, assim, os princípios da universalidade, equidade, etc., como se o serviço privado fosse público, uma vez que, quando contratado, atua em nome deste; 3ª - a integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica organizativa do SUS, em termos de posição definida na rede regionalizada e hierarquizada dos serviços. Dessa forma, em cada região, deverá estar claramente estabelecido, considerando-se os serviços públicos e privados contratados, quem vai fazer o que, em que nível e em que lugar. Fundamentos jurídicos e normativos do Sus Constituição Federal 1988 Lei Orgânica da Saúde – Lei 8.080/90 Lei 8.142/90 27 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Emenda Constitucional 29/2000 Pacto pela Saúde 2006 Lei 141/2012 SUS (Uma construção compartilhada) Instâncias de controle social e gestão do SUS: • Conselhos de Saúde • Conselhos Gestores de Serviços Instâncias colegiadas de pactuação • CIB – Comissão Intergestores Bipartite • CIT – Comissão Intergestores Tripartite SUS (Problemas): Recursos financeiros insuficientes e fracionados Pouca participação dos Estados no financiamento Desvios de recursos/ineficiência de gestão Deficiência de recursos humanos Precarização das relações de trabalho Resolutividade insuficiente Limitações no acesso aos serviços 7. ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA É o ramo da enfermagem que está direcionado a saberes e práticas aplicados em prol da coletividade. A expressão saúde coletiva é uma invenção tipicamente brasileira que surgiu em fins da década de 1970, na perspectiva de constituir uma nova articulação entre as diferentes instituições do campo da saúde. Definição atual: Compreende um conjunto complexo de saberes e práticas relacionados ao campo da saúde, envolvendo desde organizações que prestam assistência à saúde da população até instituições de ensino e pesquisa e organizações da sociedade civil. Compreende práticas técnicas, científicas, culturais, ideológicas, políticas e econômicas (Carvalho, 2002). 28 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva 8. HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA História natural da doença é a denominação dada ao conjunto de processos interativos que engloba as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que designam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. 8.1. Período de pré-patogênese É o primeiro período da história natural, sendo a própria evolução das inter-relações dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os fatores próprios do suscetível, até que se chegue a uma configuração favorável à instalação da doença. Estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições sócio-econômico- culturais que permitem a existência desses fatores. 8.2. Período de patogênese A história natural da doença tem seguimento com a sua fundação e evolução no homem. É o período da patogênese. Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos desempenham sobre o ser afetado. Seguem-se as reações bioquímicas em nível celular, prosseguindo comas perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos permanentes, cronicidade, morte ou cura. 9. DOENÇAS INFECCIOSAS A doença infecciosa ou doença transmissível é qualquer patologia causada por um agente biológico por exemplo: vírus, bactéria, parasita, em contraste com causa física (por exemplo: queimadura, intoxicação, etc.). 9.1-Sarampo É uma doença exantemática, sendo um dos cinco exantemas da infância clássicos, com a varicela rubéola, eritema infeccioso e roséola. É altamente infeccioso e transmitido por secreções respiratórias como espirro e tosse Sintomas: As manifestações iniciais são febre alta, tosse rouca e persistente, coriza, conjuntivite e fotofobia (hipersensibilidade à luz). Surgem manchas brancas na mucosa da boca, manchas maculopapulares avermelhadas na pele, inicialmente no rosto e progredindo 29 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva em direção aos pés, durando pelo menos três dias, e desaparecendo na mesma ordem de aparecimento. Diagnóstico e tratamento: O diagnóstico é clínico devido às caracteristicas muito típicas, especialmente as manchas de Koplik (manchas brancas na mucosa da boca e parte interna da bochecha). Pode ser feita detecção de antígenos em amostra de soro. A prevenção é por vacina Tríplice viral, feita com cepa de vírus vivo atenuado. O tratamento é sintomático. 9.2-Rubélola A Rubéola ou Rubela é uma doença causada pelo vírus da rubéola e transmitida por via respiratória. É uma doença geralmente benigna, mas que pode causar malformações no embrião em infecções de mulheres grávidas. Epidemiologia: A rubéola é um dos cinco exantemas (com marcas vermelhas na derme) da infância. Os outros são o sarampo, a varicela, o eritema infeccioso e a roséola. Progressão e sintomas: A transmissão é por contato direto, secreções ou pelo ar. O vírus multiplica-se na faringe e nos órgãos linfáticos e depois dissemina-se pelo sangue para a pele. A infecção, geralmente, tem evolução benigna e em metade dos casos não produz qualquer manifestação clínica. As manifestações mais comuns são febre baixa (até 38ºC), aumento dos gânglios linfáticos no pescoço, hipertrofia ganglionar retro-ocular e suboccipital, manchas (máculas) cor-de-rosa (exantemas) cutâneas, inicialmente no rosto e que evoluem rapidamente em direção aos pés e em geral desaparecem em menos de 5 dias. Outros sintomas são a vermelhidão (inflamação) dos olhos (sem perigo), dor muscular das articulações, de cabeça e dos testículos, pele seca e congestão nasal com espirros. Atenção: O vírus da rubéola só é verdadeiramente perigoso quando a infecção ocorre durante a gravidez, com colonização de vírus na placenta e infecção do embrião, notadamente durante os primeiros três meses de gestação. Nestes casos a rubéola pode causar aborto, morte fetal, parto prematuro e malformações congênitas (cataratas, glaucoma, surdez, cardiopatia congênita, microcefalia com retardo mental ou espinha bífida). A infecção nos primeiros três meses da gravidez pelo vírus da rubéola é suficiente para a indicação de aborto voluntário da gravidez. Diagnóstico: O diagnóstico clínico é complexo por semelhança dos sintomas com os dos outros exantemas. É mais frequentemente sorológico, com detecção de anticorpos 30 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva específicos para o vírus, ou por ELISA (teste imunoenzimático que permite a detecção de anticorpos específicos no soro). Tratamento: • Não existe tratamento antiviral especifico • Normalmente é sintomático (analgésicos como o paracetamol) Vacina: A vacina utilizada na idade de 12 meses é a Tríplice viral , e mais tarde em mulheres em idade fértil não grávidas Dupla Viral. A vacina é composta por vírus vivos atenuados, cultivados em células de rim de coelho ou em células diplóides humanas. Pode ser produzida na forma monovalente, associada com sarampo (dupla viral) ou com sarampo e caxumba (tríplice viral). A vacina se apresenta de forma liofilizada, devendo ser reconstituída para o uso. Após sua reconstituição, deve ser conservada à temperatura positiva de 2º a 8º C, nos níveis local e regional. No nível central, a temperatura recomendada é de menos 20º C. Deve ser mantida protegida da luz, para não perder atividade. A vacina é utilizada em dose única de 0,5 mL via subcutânea. 9.3-Hepatites Hepatite é toda e qualquer inflamação do fígado e que pode resultar desde uma simples alteração laboratorial (portador crônico que descobre por acaso a sorologia positiva), até doença fulminante e fatal (mais frequente nas formas agudas). Existem várias causas de hepatite, sendo as mais conhecidas as causadas por vírus das hepatite A, B, C, D, E, F, G, citomegalovírus, etc). Outras causas: drogas (álcool, antiinflamatórios, anticonvulsivantes, sulfas, derivados imidazólicos, hormônios tireoidianos, anticoncepcionais, etc), distúrbios metabólicos (doença de Wilson, politransfundidos, hemossiderose, hemocromatose, etc), transinfecciosa, pós- choque. Em comum, todas as hepatites têm algum grau de destruição das células hepáticas. Sintomatologia: A grande maioria das hepatites agudas são assintomáticas ou leva a sintomas incaracterísticos como febre, mal estar, desânimo e dores musculares. Hepatites mais severas podem levar a sintomas mais específicos, sendo o sinal mais chamativo a icterícia, conhecida popularmente no Brasil por “trisa” ou "amarelão" e que caracteriza-se pela coloração amarelo-dourada da pele e conjuntivas. Associado pode ocorrer urina cor de coca- cola (colúria) e fezes claras, tipo massa de vidraceiro (acolia fecal). Hepatites mais graves podem cursar com insuficiência hepática e culminar com a encefalopatia hepática e 31 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva óbito. Hepatites crônicas (com duração superior a 6 meses), geralmente são assintomáticas e podem progredir para cirrose. Tipos de Hepatites: Hepatite A: É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite A, que pode cursar de forma subclínica. Transmissão: é do tipo fecal oral, ou seja, ocorre contaminação direta de pessoa para pessoa ou através do contato com alimentos e água contaminados, e os sintomas iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum onde não há ou é precário o saneamento básico. A falta de higiene ajuda na disseminação do vírus. O uso na alimentação de moluscos e ostras de águas contaminadas com esgotos e fezes humanas contribui para a expansão da doença. Uma vez infectada a pessoa desenvolve imunidade permanente. A transmissão através de agulhas ou sangue é rara. A prevenção através da vacina contra hepatite A é a melhor forma de prevenção. Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdômen, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarreia. A icterícia é mais comum no adulto (60%) do que na criança (25%). A icterícia desaparece em torno de duas a quatro semanas. É considerada uma hepatite branda, pois não há relatos de cronificação e a mortalidade é baixa. Não existe tratamento específico. O paciente deve receber sintomáticos e tomar medidas de higiene para prevenir a transmissão para outras pessoas. Pode ser prevenida pela higiene e melhorias das condições sanitárias, bem como pela vacinação. É conhecida como a hepatite do viajante. Hepatite B A transmissão é através de sangue, agulhas e materiais cortantes contaminados, bem como através da relação sexual. É considerada também uma doença sexualmente transmissível. Pode ser adquirida através de tatuagens, piercings, no dentista e até em sessões de depilação. Os sintomas são semelhantes aos das outras hepatites virais, mas a hepatite B pode cronificar e provocar a cirrose hepática. A prevenção é feita utilizando preservativos nas relações sexuais e não utilizando materiais cortantes ou agulhas que nãoestejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso de descartáveis de uso único. Quanto mais cedo se adquire o vírus, maiores as chances de ter uma cirrose hepática. Existe vacina para hepatite B, que é dada em três doses intramusculares e deve ser repetida a cada 10 anos. 32 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Hepatite C A Transmissão desse tipo de Hepatite pode ser através de transfusão sanguínea, tatuagens, uso de drogas, piercings, no dentista e em manicure, é de grande preocupação para a Saúde Pública. Sintomatologia: A grande maioria dos pacientes é assintomática no período agudo da doença, mas podem ser semelhantes aos das outras hepatites virais. A hepatite C é perigosa porque pode cronificar e provocar a cirrose hepática e hepatocarcinoma (neoplasia maligna do fígado). A Prevenção é feita evitando-se o uso de materiais cortantes ou agulhas que não estejam devidamente esterilizadas. Recomenda-se o uso de descartáveis de uso único, bem como material próprio em manicures. A esterilização destes materiais é possível, porém não há controle e as pessoas que ‘dizem’ que esterilizam não têm o preparo necessário para fazer uma esterilização eficaz. Não existe vacina para a hepatite C, essa doença é considerada pela Organização Mundial da Saúde como um grande problema de saúde pública, é a maior causa de transplante hepático. Hepatite D A Transmissão se dá por RNA-vírus (tão pequeno que é incapaz de produzir seu próprio envelope protéico e de infectar uma pessoa), só tem importância quando associada à hepatite B, pois a potencializa. Isoladamente parece não causar infecção. Geralmente encontrado em pacientes portadores do vírus HIV e está mais relacionado à cronificação da hepatite e também à hepatocarcinoma. Hepatite E É uma hepatite infecciosa aguda causada pelo vírus da hepatite E, que pode cursar de forma subclínica. Sua transmissão é do tipo fecal oral, através do contato com alimentos e água contaminados, e os sintoma iniciam em média 30 dias após o contágio. É mais comum após enchentes Não existe vacina para hepatite E. Os sintomas são de início súbito, com febre baixa, fadiga, mal estar, perda do apetite, sensação de desconforto no abdome, náuseas e vômitos. Pode ocorrer diarréia. É considerada uma hepatite branda, apesar de risco aumentado para mulheres grávidas, principalmente no terceiro trimestre gestacional, que podem evoluir com hepatite fulminante. 33 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Tratamento : Não existe tratamento específico. O paciente deve receber medicamentos sintomáticos e repousar. Pode ser prevenida através de medidas de higiene, devendo ser evitado comprar alimentos e bebidas de origem duvidosa. Hepatite F É DNA-vírus, transmitido a macacos Rhesus sp. em laboratório experimentalmente, através de extratos de fezes de macacos infectados. Ainda não há relatos de casos em humanos. Hepatite G A hepatite G foi a hepatite descoberta mais recentemente (em 1995) e é provocada pelo vírus VHG (vírus mutante do vírus da hepatite C) que se estima ser responsável por 0,3 por cento de todas as hepatites víricas. Desconhecem-se, ainda, todas as formas de contágio possíveis, mas sabe-se que a doença é transmitida, sobretudo, pelo contato sanguíneo (transmissão parenteral). Pode evoluir para infecção persistente com prevalência de 2% entre doadores de sangues. Não foi ainda possível determinar com exatidão – dado que a descoberta da doença e do vírus que a provoca foram recentes –, as consequências da infecção com o vírus da hepatite G. A infecção aguda é geralmente «suave» e transitória e existem relatos duvidosos de casos de hepatite fulminante (os especialistas ainda não chegaram a uma conclusão definitiva sobre as causas destas hepatites fulminantes). 9.4-Poliomielite O poliovírus é um enterovírus, com genoma de RNA simples. O vírus não tem envelope bilipídico, é recoberto apenas pelo cápsideo e é extremamente resistente às condições externas. Epidemiologia: É mais comum em crianças ("paralisia infantil"), mas também ocorre em adultos, como a transmissão do poliovírus "selvagem" pode se dar de pessoa a pessoa através de contato fecal - oral, o que é crítico em situações onde as condições sanitárias e de higiene são inadequadas. Crianças de baixa idade, ainda sem hábitos de higiene desenvolvidos, estão particularmente sob risco. Transmissão: O poliovírus também pode ser disseminado por contaminação fecal de água e alimentos. Todos os doentes, assintomáticos ou sintomáticos, expulsam grande quantidade de vírus infecciosos nas fezes, até cerca de três semanas depois da infecção do indivíduo. Os seres humanos são os únicos atingidos e os únicos reservatórios, daí a vacinação universal poder erradicar essa doença completamente. 34 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Progressão e Sintomas: O período entre a infecção com o poliovírus e o início dos sintomas (incubação) varia de 3 a 35 dias. A descrição seguinte refere-se à poliomielite maior, paralítica, mas esta corresponde a uma minoria dos casos. Na maioria o sistema imunitário destrói o vírus em alguma fase antes da paralisia. Sintomas: Podem ser semelhantes às infecções respiratórias (febre e dor de garganta, gripe) ou gastrointestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal). Em seguida dissemina-se pela corrente sanguínea e vai infectar por essa via os órgãos. Os mais atingidos são o sistema nervoso incluindo cérebro, e o coração e o fígado. A multiplicação nas células do sistema nervoso (encefalite) pode ocasionar a destruição de neurônios motores, o que resulta em paralisia flácida dos músculos por eles inervados. Diagnóstico: é por detecção do seu DNA com PCR ou isolamento e observação com microscópio electrônico do vírus de fluídos corporais. Tratamento: a poliomielite não tem tratamento específico. No passado preservava-se a vida dos doentes com poliomielite bulbar e paralisia do diafragma e outros músculos respiratórios com o auxílio de máquinas que criavam as pressões positivas e negativas necessárias à respiração por eles (respiração artificial ou pulmão de ferro). Antes dos programas de vacinação, os hospitais pediátricos de todo o mundo estavam cheios de crianças perfeitamente lúcidas condenadas à prisão do seu "pulmão de ferro". Prevenção: Vacinação com vacina Sabin a criança. A única medida eficaz é a vacinação. Há dois tipos de vacina: a Salk e a Sabin. A Salk consiste nos três sorotipos do vírus inativos com formalina ("mortos"), e foi introduzida em 1954 por Jonas Salk. Tem a vantagem de ser estável, mas é cara e tem de ser injetada três vezes, sendo a proteção menor. 9.5-Varicela (catapora) É uma patologia infecciosa aguda, com grande transmissibilidade, causada pelo vírus varicela-zóster. A patologia é mais comum em crianças entre um e dez anos, porém pode ocorrer em pessoas susceptíveis (não imunes) de qualquer faixa etária. Esta patologia em crianças pode evolui sem consequências mais sérias. Transmissão: O ser humano é o único hospedeiro natural do vírus varicela-zóster. A infecção, em geral, ocorre através da mucosa do trato respiratório superior (porta de entrada). A transmissão do vírus acontece, principalmente, pela secreção respiratória (gotículas de saliva, espirro, tosse) de um indivíduo infectado ou pelo contato direto com o líquido das vesículas. É possível a transmissão da varicela através da placenta. 35 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva Medidas de proteção: A doença pode ser evitada através da utilização da vacina contra a varicela. Sintomatologia: Em crianças, em geral, as manifestações iniciais da varicela são as lesões de pele. É comum em adultos ocorrer febre e prostração, um a dois dias antes do aparecimento das lesões cutâneas. As lesões de pele surgem como pequenas máculopápulas("pequenas manchas vermelhas elevadas"), que em algumas horas tornam-se vesículas ("pequenas bolhas com conteúdo líquido claro"), das quais algumas se rompem e outras evoluem para formação de pústulas ("bolhas com pus") e posteriormente (em 1 a 3 dias) formam-se crostas, resultando em cerca de 200 a 500 lesões, que causam intenso prurido ("coceira"). As primeiras lesões comumente aparecem na cabeça ou pescoço, mas a medida que estas evoluem, rapidamente vão surgindo novas lesões em tronco e membros e também em mucosas (oral, genital, respiratória e conjuntival), sendo frequente que os diferentes estágios evolutivos (pápulas, vesículas, pústulas e crostas) estejam presentes simultaneamente. A evolução para a cura, comumente, ocorre em até uma semana, embora lesões crostosas residuais possam persistir por 2 a 3 semanas e algumas pequenas cicatrizes permaneçam indefinidamente. Tratamento: Todas as pessoas que apresentam manifestações clínicas compatíveis com varicela devem ser avaliadas por médico tão logo possível. Os antitérmicos (paracetamol, dipirona), caso sejam necessários, podem ser utilizados para controlar a febre. Os medicamentos que contenham em sua formulação o ácido acetil-salicílico (AAS®, Aspirina®, Doril®, Melhoral® etc) não devem ser usados em crianças com Varicela, pela possibilidade de Síndrome de Reye (doença rara, de alta letalidade, caracterizada pelo comprometimento do sistema nervoso central e do fígado associado ao uso deste medicamento durante infecções virais em crianças). O uso do ácido acetil-salicílico, por provocar alterações na função das plaquetas, pode ainda aumentar o risco de episódios de sangramento em pessoas de qualquer idade. O prurido pode ser atenuado com banhos ou compressas frias e com a aplicação de soluções líquidas contendo cânfora ou mentol ou óxido de zinco. Quando muito intenso, pode ser necessário utilizar medicamentos (como a dexclorfeniramina ou a cetirizina), ajustando-se a dose pelo peso do doente, para evitar sonolência excessiva. Para reduzir o risco de infecção bacteriana na pele, principalmente em crianças, as unhas devem ser cortadas para evitar traumatismo durante o ato de coçar. A higiene corporal deve ser observada, bastando para isto a limpeza com água e sabão. Não existe comprovação científica de benefício do uso de 36 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva substâncias como o permanganato de potássio e soluções iodadas para a higiene das lesões de pele. Esta prática, pode ainda resultar em danos, incluindo queimaduras e reações alérgicas. Quando ocorrerem, as complicações bacterianas (infecção secundária da pele, pneumonia e sepse) devem ser tratadas com antibióticos adequados, receitados pelo médico. 9.6-Febre amarela A febre amarela é uma doença infecciosa causada por um flavivírus (o vírus da febre amarela, para a qual está disponível uma vacina altamente eficaz. A doença é transmitida por mosquitos e ocorre exclusivamente na América Central, na América do Sul e na África. No Brasil, a febre amarela é geralmente adquirida quando uma pessoa não vacinada entra em áreas de transmissão silvestre (regiões de cerrado, florestas). Transmissão: A transmissão pode ocorrer em áreas urbanas, silvestres e rurais ("intermediária", em fronteiras de desevolvimento agrícola). As manifestações da febre amarela não dependem do local onde ocorre a transmissão. O vírus e a evolução clínica são idênticos. A diferença está apenas nos transmissores e no local geográfico de aquisição da infecção. Medidas de proteção individual: Vacinação contra a febre amarela. Manifestações: A maioria das pessoas infectadas com o vírus da febre amarela apresentam sintomas discretos ou não apresenta manifestações da doença. Os sintomas da febre amarela, em geral aparecem entre 3 e 6 dias (período de incubação) após a picada de um mosquito infectado. As manifestações iniciais são febre de início súbito, sensação de mal estar, dor de cabeça, dor muscular, cansaço e calafrios. Em algumas horas podem surgir náuseas, vômitos e, eventualmente, diarréia. Após três ou quatro dias, a maioria dos doentes (85%) recupera-se completamente e fica permanentemente imunizado contra a doença. Tratamento: não tem tratamento específico. As pessoas com suspeita desta, devem ser internadas para investigação diagnóstica e tratamento de suporte, que é feito basicamente com hidratação e antitérmicos. Não deve ser utilizado remédio para dor ou febre, acetil-salicílico (AAS®, Aspirina®, Melhoral® etc.), que pode aumentar o risco de sangramentos. Pelo menos durante os cinco primeiros dias de doença é imprescindível que estejam protegidas com mosquiteiros, uma vez que durante esse período podem ser fontes de infecção para o Aëdes aegypti. As formas graves da doença necessitam de tratamento intensivo e medidas terapêuticas adicionais como diálise peritonial e, eventualmente, transfusões de sangue. 9.7-Coqueluche 37 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva É uma doença extremamente contagiosa provocada pelas bactérias Bordetella pertussis e Bordetella parapertussis que ao entrar no organismo permanece incubada até 14 dias. Se desenvolvem no nariz, boca e garganta e após tal período de incubação invade o aparelho respiratório liberando nele suas toxinas produzidas que fazem com que haja superprodução do muco, impede a fagocitose e desregula a ação das células que fazem a fagocitose (macrófagos). É transmitida duas semanas antes até três semanas depois do início da tosse após uma pessoa doente espirrar, falar ou tossir. Também pode se contrair a doença quando compartilha-se lençóis, copos e outros objetos pessoais. Se manifesta em três fases: catarral que dura até 14 dias, paroxística que dura até 6 semanas e fase de convalescença que permanece por até 3 semanas. Sintomas: Inflamação dos brônquios, febre baixa, tosse seca, coriza, espirros, vômito, sudorese, expectoração e posteriormente com a agravação da doença manifesta perda de consciência, convulsão, pneumonia, encefalite, lesões cerebrais, óbito. Tratamento: O tratamento utiliza antibióticos para combater as bactérias, onde normalmente utiliza-se a eritromicina já que é eficaz e pouco tóxica. Neste caso, o emprego de imunoglobulina humana ainda não é comprovadamente eficaz. É importante descansar muito, ingerir bastante líquidos, utilizar oxigênio e sedativos leves para controlar crises de tosse. Prevenção: A doença pode ser prevenida através da vacina tríplice que é administrada na criança com dois meses de vida com reforços subsequentes. Se uma pessoa sã for exposta a um doente deve procurar auxílio médico para que este prescreva antibióticos para prevenir a doença. 9.8-Esquitossomose ou bilharziose É a doença provocada por um parasita, o esquistossomo (gênero Schistosoma). São três as espécies que atacam o homem: S. haematobium, agente da esquistossomose vesical; S. mansoni, responsável pela esquistossomose intestinal; e S. japonicum, encontrada no Extremo Oriente e responsável por uma esquistossomose arteriovenosa, a mais grave delas. Várias outras espécies desse gênero parasitam outros mamíferos e mesmo o homem. Sintomas: 4 a 8 semanas após a contaminação começam a aparecer sintomas como, febre, dor de cabeça, náuseas, calafrios, dores abdominais, inapetência, vômitos e tosse seca. Dependendo da quantidade de vermes, a pessoa contaminada pode se tornar portadora do parasita sem nenhum sintoma, ou ao longo do tempo apresentar os sintomas iniciais de forma 38 Curso Técnico em Enfermagem – Saúde Coletiva mais crônica. Outros sintomas são decorrentes da obstrução das veias do baço e do fígado com aumento dos mesmos e desvio de sangue podem causar dores na parte superior esquerda do abdômen e vômitos com sangue. Tratamento: O tratamento é feito usando antiparasitários (substâncias químicas tóxicas
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