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CONTROLE TECNOLÓGICO DE CONCRETO AULA 4 Prof.ª Fernanda dos Santos Gentil CONVERSA INICIAL CONCRETOS ESPECIAIS A área de concretos é bem ampla e, com o avanço da tecnologia, novos concretos foram e estão sendo desenvolvidos. Todas essas inovações são conhecidas como concretos especiais. Eles são especiais, pois foram criados para lidar com diferentes particularidades. Cada concreto apresenta características específicas para determinadas situações. Nesta etapa, serão abordadas algumas informações desses concretos, tais como: a definição do material; as características e propriedades; as vantagens, as desvantagens e as suas aplicações. Os concretos que serão estudos serão: o concreto estrutural leve; concreto autoadensável (CAA); concreto de alto desempenho (CAD); concreto reforçado com fibras (CRF); concreto massa e concreto compactado com rolo (CCR). TEMA 1 – DEFINIÇÕES 1.1 CONCRETO ESTRUTURAL LEVE Os concretos leves apresentam redução da massa específica e alterações das propriedades térmicas. Na sua composição, está presente a utilização dos agregados leves, os quais influenciam diretamente em algumas propriedades do concreto, tais como trabalhabilidade, resistência mecânica, módulo de deformação, retração e fluência, e também ocasionam mudanças significativas na zona de transição, caracterizando a redução da espessura entre o agregado e a matriz de cimento (Watanabe, 2008). 1.2 CONCRETO AUTOADENSÁVEL (CAA) Segundo Tutikian (2004), o CAA representa a categoria de material cimentício que é posicionado em formas com a capacidade de preencher os espaços apenas com o seu peso próprio, ou seja, sem a necessidade de qualquer forma de compactação ou vibração externa. O CAA é caracterizado como sendo um dos concretos da nova geração. Este material apresenta-se com elevada fluidez e estabilidade na etapa da mistura, contribuindo para que não se manifeste a segregação, a exsudação ou até mesmo bloqueios, ao serem utilizados em estruturas armadas. 1.3 CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD) De acordo com Watanabe (2008), o CAD apresenta maiores resistências mecânicas, é mais durável perante ataques de agentes agressivos do ambiente que concretos convencionais. Segundo Aïtcin (2000), o concreto de alto desempenho apresenta uma baixa relação água/aglomerante, especificada em 0,40. 1.4 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS (CRF) O CRF é caracterizado como um material produzido com cimento Portland, agregado, às vezes pode conter pozolanas e outras adições, e com fibras descontínuas misturadas. De acordo com Watanabe (2008), o objetivo de tais fibras, posicionadas de forma aleatória, é atravessar as fissuras que aparecem no concreto provenientes ou por ação de cargas externas ou quando o material está submetido a mudanças na temperatura ou na umidade do meio ambiente. As fibras proporcionam uma determinada ductilidade após o surgimento da patologia de fissuração. Elas permitem ao CRF resistir aos elevados esforços de tração. Segundo Mehta e Monteiro (2008), diversas fibras, de várias formas e tamanhos, podem ser utilizadas na composição do CRF, como de aço, polipropileno, vidro e materiais naturais. No entanto, dentre estas, a fibra de aço é a mais utilizada para a produção de peças estruturais. 1.5 CONCRETO MASSA Segundo Kuperman (2005), o concreto massa é caracterizado como um material que, ao ser utilizado em estruturas, precisa de atenção, pois seu comportamento térmico pode proporcionar o aparecimento de fissuras. A importância da elevação de temperatura no concreto massa, em virtude do calor de hidratação e, em sequência, do aparecimento da retração e fissuração no momento do resfriamento, foi constatada por projetistas e construtores de grandes barragens de concreto (Mehta; Monteiro, 2008). 1.6 CONCRETO COMPACTADO COM ROLO (CCR) De acordo com Mehta e Monteiro (2008), o concreto compactado com rolo é caracterizado como o concreto que é compactado por meio de rolagem. O concreto, no estado ainda não endurecido, deve suportar o rolo enquanto é compactado, ou seja, o concreto deve secar o suficiente para evitar o afundamento do equipamento de rolo vibratório. No entanto, precisa estar úmido o suficiente para permitir a distribuição adequada da argamassa aderente no concreto durante as etapas de mistura e compactação vibratória. TEMA 2 – CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES 2.1 CONCRETO ESTRUTURAL LEVE Segundo Watanabe (2008), geralmente o índice de consistência dos concretos leves se apresenta com valores menores do que os encontrados em concretos convencionais. É importante observar e entender que os concretos leves com valores elevados de índice de consistência apresentam grande probabilidade de segregação dos agregados. Entretanto, se o valor do índice de consistência for muito baixo, também acarretará problemas, por exemplo dificuldade ao realizar o adensamento. Além do processo de segregação que pode aparecer no concreto leve, pode-se também haver o problema da exsudação, a qual é proveniente da vibração excessiva, altos valores de índice de consistência e a baixa coesão (Mehta; Monteiro, 1994). Os concretos estruturais leves são caracterizados por apresentar redução da massa específica seca, chegando aproximadamente a 2.000 kg/m³, em virtude da substituição de parte dos materiais sólidos por ar. De acordo com Watanabe (2008), a massa específica pode apresentar dois terços da massa específica do concreto produzido com agregados naturais convencionais. O concreto estrutural leve pode ser classificado em concreto com agregado leve, concreto celular e concreto sem finos. Para a produção dos concretos estruturais leves, podem ser utilizados apenas agregados leves na composição ou, até mesmo, a combinação de agregados leves com agregados naturais convencionais. Com relação à propriedade de resistência à compressão, o valor que esse material pode alcançar aos 28 dias chega a ser maior que 17 MPa (Watanabe, 2008). Existem algumas pesquisas desenvolvidas que apresentam os valores de resistência à compressão que foram atingidos com a produção de concreto leve. A Figura 1 apresenta tais resultados alcançados. Figura 1 – Resistência à compressão x massa específica do concreto leve Fonte: Rossignolo, 2009. De acordo com a Figura 1, estes pesquisadores realizaram a produção de concreto leve com a utilização de argila expandida, um agregado leve, e constataram que tal utilização tem se mostrado viável economicamente em concretos com resistência à compressão inferior a 50 MPa, para resultados de massa específica do concreto entre 1.400 kg/m³ e 1.800 kg/m³ (Rossignolo, 2009). Com relação a resistência à tração dos concretos leves, pode-se constatar que apresentam valores inferiores aos atingidos nos concretos com massa específica normal, considerando o mesmo nível de resistência à compressão. Tais resultados se devem ao volume alto de vazios dos agregados leves, que podem atingir a 50% do volume total, no caso das argilas expandidas. De acordo com pesquisas realizadas por Rossignolo (2009), os concretos produzidos com argila expandida no Brasil apresentam valores de resistência à tração por compressão diametral com variação entre 6% a 9% da resistência à compressão. E os valores de resistência à tração na flexão variam entre 8% e 11% da resistência à compressão. A utilização de agregado leve no concreto proporciona redução nos valores do módulo de deformação; este valor chega a até 50%. Com relação à propriedade de retração por secagem, sabe-se que os concretos com agregados leves apresentam aumento destes valores quando comparados à retração por secagem dos concretos convencionais, visto que o agregado leve apresenta menor restrição quanto à movimentação da matriz de cimento. Segundo Rossignolo (2009, p. 79), “o uso de argila expandida reduz significativamente os valores de condutividade térmica do concreto e, de modo geral, não altera a permeabilidade a agentes agressivos desse material.”. Ao se falar em durabilidade,é preciso entender sobre a permeabilidade do material. De acordo com Watanabe (2008), a permeabilidade do concreto estrutural leve é considerada baixa, mesmo apresentando agregados leves com porosidade acima de 50%. No entanto, toda esta porosidade não é o problema, pois a maioria dos poros não se encontram interligados. 2.2 CONCRETO AUTOADENSÁVEL (CAA) Segundo Gomes (2002), no estado fresco, o concreto autoadensável precisa apresentar algumas propriedades, dentre elas a capacidade de preencher as formas sem a utilização de vibração, mantendo-se homogêneo; a habilidade de passar através de obstáculos sem apresentar bloqueio de partículas de agregados; e resistência à segregação ou estabilidade. No estado endurecido, considerando um mesmo consumo de cimento e a relação água/cimento, os valores obtidos de resistência à compressão são mais elevados para o CAA. O valor chega a ser 40% maior ao serem comparados com o concreto convencional (Klug; Holchmacher, 2003). O CAA apresenta valores para resistência à tração aproximadamente de 7 a 10% dos valores obtidos no ensaio de resistência à compressão (Gomes, 2002), sendo que, no caso dos concretos convencionais, a resistência à tração é em torno de 10 a 15% da resistência à compressão (Mehta; Monteiro, 1994). De acordo com Mendes (2015), o concreto autoadensável apresenta menor valor para o módulo de elasticidade frente aos resultados obtidos em concretos convencionais, em virtude da maior quantidade de pasta para poder ter a fluidez necessária. 2.3 CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD) No estado fresco, a perda de abatimento dos concretos de alto desempenho, com o passar do tempo, pode acontecer de maneira mais rápida se comparada aos concretos convencionais. Tal processo pode ser evitado ao se realizar em menos tempo as etapas de mistura e lançamento do concreto em formas. Outra comparação com os concretos convencionais é que o CAD apresenta um tempo de pega mais lento, devido à presença de alto teor de aditivos. O CAD, por ser produzido com baixa relação água/cimento, apresenta baixa exsudação. No estado endurecido, o CAD pode chegar a apresentar resistência à compressão próxima de 120 MPa. De acordo com Watanabe (2008, p. 22), “a elevação da resistência à tração nos CAD não ocorre na mesma proporção à elevação da resistência à compressão, atingindo geralmente cerca de 10 MPa”. Com relação ao módulo de elasticidade, tal propriedade nos CAD’s podem chegar a 50 GPa. A utilização de CAD contribui para uma melhor aderência entre concreto e armadura, por causa da redução da zona de transição presente entre a armadura e a pasta de cimento. A utilização deste material proporciona uma maior resistência ao desgaste, e tal vantagem favorece a utilização do CAD em pisos, pavimentos e estruturas hidráulicas submetidas à abrasão. Existem inúmeras características que conferem ao CAD uma durabilidade satisfatória. Por exemplo, este material apresenta uma permeabilidade reduzida, fenômeno que confere à estrutura maior resistência à penetração de agentes agressivos; apresenta baixa porosidade, em virtude da sua menor relação água/cimento; e apresenta uma elevada resistência à carbonatação, contribuindo para o aumento da resistência dos concretos. 2.4 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS (CRF) A utilização de fibras no concreto faz com que se tenha baixas consistências, afetando a trabalhabilidade do material. No entanto, o lançamento e a compactação destes materiais são considerados melhores, mesmo obtendo baixa consistência. Uma propriedade que tem contribuições da utilização da fibra é a tenacidade à flexão do material. O emprego de comprimentos diferentes de fibras interfere tanto na resistência quanto na tenacidade do material. Pesquisas demonstradas por Mehta e Monteiro (2008) retratam que o aumento do comprimento de fibras no concreto, aumenta a resistência e, também, a tenacidade. Por meio de pesquisas realizadas, constatou-se que a incorporação de fibras de aço no concreto não ocasiona efeitos significativos sobre o módulo de elasticidade, retração por secagem e fluência sob compressão. A utilização de fibras de carbono mais rígidas contribui para uma redução relevante da fluência sob o esforço de tração. Segundo Mehta e Monteiro (2008), o CRF normalmente é produzido com elevado consumo de cimento e baixa relação água/cimento. Tal material, quando bem compactado e curado, apresenta excelentes durabilidades. Em ambientes que apresentam cloreto, as fibras no interior do concreto geralmente não sofrem corrosões, mas, na superfície, pode aparecer a formação de ferrugem. 2.5 CONCRETO MASSA Ao se trabalhar com concreto massa, é preciso ter o controle do aumento da temperatura. Duas práticas são utilizadas para realizar tal controle: pré-refrigeração e a pós-refrigeração. Segundo Watanabe (2008, p. 50), a pré-refrigeração consiste: na refrigeração dos agregados graúdos, uso de água gelada e gelo na fabricação do concreto. Caso necessário, pode-se ainda utilizar o resfriamento do concreto pronto por meio de nitrogênio líquido. De modo geral, quanto mais baixa a temperatura do concreto ao passar da fase plástica para a fase elástica, menor a tendência de fissuração. Um dos principais benefícios da pré-refrigeração do concreto massa é a possibilidade de redução de cerca de 0,3% no consumo de cimento para cada grau centígrado de redução da temperatura de lançamento do concreto. Já a prática da pós-refrigeração consiste na passagem de água gelada ou ar frio em tubulações embutidas no concreto. 2.6 CONCRETO COMPACTADO COM ROLO (CCR) Segundo Mehta e Monteiro (2008), o CCR apresenta uma semelhança na relação entre a resistência à compressão e resistência à tração com os valores do concreto convencional, variando de 7 a 13%. Tal variação acontece em virtude do nível de resistência, idade, tipo de agregado e consumo de cimento. Assim como para os concretos convencionais, o módulo de elasticidade do CCR sofre influência do grau de hidratação, volume e tipo de agregado e relação água/cimento. Com relação ao coeficiente de Poisson, o CCR apresenta valores entre 0,15 e 0,20. Referente à fluência, é importante ter conhecimento de que o CCR com resistência à compressão e módulo de elasticidade inferiores apresentará alta fluência, sendo considerado um fator crítico para identificar a relaxação de tensão quando a deformação térmica é restringida (Mehta; Monteiro, 2008). Com relação à durabilidade do CCR, pode-se dizer que o processo de construção com a utilização de tal material pode proporcionar a geração de zonas porosas entre as camadas; consequentemente, haverá infiltração de água. O coeficiente de permeabilidade do CCR, dependendo das dosagens e do processo de construção, pode variar em mais de oito ordens de grandeza. TEMA 3 – VANTAGENS 3.1 CONCRETO ESTRUTURAL LEVE A utilização do concreto leve em sistemas pré-fabricados apresenta algumas vantagens, dentre as quais estão: redução dos custos de transporte por unidade de volume de concreto, possibilidade de produção de peças com maiores dimensões e redução do tempo de montagem das estruturas. Tal material apresenta outras vantagens também. Por exemplo, a utilização deste componente em obra proporciona a redução do peso da estrutura. Este processo acarreta uma redução dos gastos com a fundação. Em comparação com o concreto convencional, os aditivos utilizados na composição do concreto estrutural leve garantem um melhor desempenho térmico, contribuindo para que a sensação térmica do ambiente seja preservada. Outra vantagem significativa deste material é que apresenta um bom desempenho acústico, ou seja, a quantidade de ruídos que é transmitida através das estruturas constituída por concreto estrutural leve é inferior ao ser comparada com os ruídos passantes pelas estruturas feitas de concreto convencional. Outra questão interessante para ser entendida é com relação à durabilidade em relação ao concreto convencional, já que o concreto leve é consideradomais durável, pois apresenta melhores processos de cura interna. 3.2 CONCRETO AUTOADENSÁVEL (CAA) Dentre as vantagens deste material, está a fluidez ou habilidade de preenchimento dos espaços, podendo passar por lugares mais complicados e restritos. Outro benefício da utilização deste material é a capacidade de resistir à segregação (Mendes, 2015). Outras vantagens que podem ser destacadas é que a utilização deste material proporciona excelência no acabamento; a redução do custo da mão de obra; o aumento da qualidade em virtude da redução de defeitos de concretagem e os ganhos ecológicos. 3.3 CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD) O concreto de alto desempenho apresenta menores custos com relação a manutenções e reparos. Tal material tem a capacidade de carga por unidade de custos maior do que a obtida em concretos convencionais. Também, em comparação aos concretos convencionais, o CAD apresenta redução nas dimensões de pilares de edifícios altos; redução do peso próprio da estrutura, possibilitando a diminuição de custo com a fundação; redução das taxas de armadura dos pilares; aumento da velocidade de execução da obra, por causa da maior rapidez na desforma; menor segregação e melhor acabamento das peças pré-moldadas; maior durabilidade das estruturas, em virtude da baixa porosidade e permeabilidade e maior resistência aos agentes agressivos ambientais (Watanabe, 2008). 3.4 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS (CRF) Existem diversas vantagens da utilização de CRF se comparado ao emprego do concreto convencional. Dentre eles, as fibras: proporcionam um aumento nas resistências à compressão e à tração de solos artificialmente cimentados; contribuem para uma mudança no comportamento tensão-deformação de matrizes cimentícias, com o aumento da ductilidade, beneficiando o material no seu estado pós-fissuração; inibem a amplitude das fissuras associadas ao material compósito, ocasionando um aumento da tenacidade; controlam a propagação das fissuras dentro da matriz do compósito; e, como reforço, proporcionam um aumento das resistências à fadiga e às cargas dinâmicas e de impacto (Watanabe, 2008). 3.5 CONCRETO MASSA A vantagem do concreto massa é que tal material pode ser utilizado em todas as obras que apresentam grandes dimensões. 3.6 CONCRETO COMPACTADO COM ROLO (CCR) Dentre as vantagens da utilização do CCR, pode-se destacar: dependendo da complexidade da estrutura, o CCR custa de 25 a 50% menos que o concreto convencional; construção mais rápida, por exemplo barragens feitas com CCR podem ser concluídas em até 2 anos, ou até em menos tempo, se comparadas às barragens produzidas com concreto massa; possibilidade da construção do vertedouro em barragens de talude na própria estrutura principal da barragem e não nas ombreiras; menores danos causados por galgamento de ensecadeiras se comparados com barragens de terra e menor consumo de cimento. TEMA 4 – DESVANTAGENS 4.1 CONCRETO ESTRUTURAL LEVE O concreto estrutural leve apresenta algumas desvantagens que precisam ser compreendidas para não haver surpresa ao utilizar tal material. Dentre as desvantagens, está o alto custo da utilização do concreto estrutural leve, que se justifica devido à oferta deste material ainda ser baixa no mercado quando comparada à do concreto convencional. Outra dificuldade que é identificada ao utilizar este material é com relação ao seu bombeamento para grandes alturas, pois a pressão que é empregada para executar um determinado procedimento pode interferir diretamente na composição do insumo. Outras desvantagens também importantes, e que precisam ser entendidas, é com relação à resistência à compressão e a proteção da armadura de aço. Referente à primeira, o concreto estrutural leve apresenta menos resistência à compressão se comparado ao concreto convencional. E alguns tipos de concreto leve não são indicados para a construção de grandes estruturas, pois a presença de alguns agregados faz com que o concreto não seja satisfatório adequadamente para a proteção das armaduras de aço. 4.2 CONCRETO AUTOADENSÁVEL (CAA) Dentre as desvantagens do CAA, há mais critérios no momento da aplicação em superfícies com desníveis, visto que tal concreto tem maior tendência a se nivelar; desta forma, estas superfícies são mais complicadas para o emprego deste material. A utilização do CAA exige um processo mais enxuto na etapa de construção e, também, mais tecnologia nos canteiros, se comparada a obras que utilizam concretos convencionais. 4.3 CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD) Pode-se dizer que a desvantagem do CAD está relacionada com o seu valor unitário, que, comparado ao dos concretos convencionais, apresenta-se mais elevado. Confere-se tal situação devido ao alto consumo de cimento; à utilização na mistura de aditivos superplastificantes; à adição de materiais cimentícios suplementares na composição, como a adição de sílica ativa e a utilização de agregados de alta qualidade. 4.4 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS (CRF) Existem algumas desvantagens da utilização de fibras de polipropileno em reforços de materiais à base de cimento. Dentre elas, estão a alta sensibilidade à luz solar e oxigênio; o baixo módulo de elasticidade e a fraca aderência com a matriz (Watanabe, 2008). Outra questão que também pode ser caracterizada como desvantagem é o custo elevado das fibras, contribuindo para o aumento do valor final do material. 4.5 CONCRETO MASSA Podem ser consideradas como desvantagens: a utilização do concreto massa necessita de cuidados com as variações ambientais, as alturas de camadas de concretagem, as velocidades e temperaturas de lançamento e o espaçamento das juntas de contração entre blocos da barragem (Watanabe, 2008). O concreto-massa apresenta dificuldade em liberar o calor gerado pelas reações químicas exotérmicas de hidratação do cimento. Quando a temperatura do interior do concreto se diferencia da temperatura ambiente em mais de 25°C, a probabilidade de ocorrer variação de volume e, consequentemente, fissuração é enorme, comprometendo a resistência e a durabilidade da estrutura. 4.6 CONCRETO COMPACTADO COM ROLO (CCR) Como desvantagens do CCR, pode-se destacar que a dosagem desse material é caracterizada como difícil, sendo que é quase impossível de ser avaliado em laboratório. Caso o CCR não for empregado corretamente a estrutura poderá manifestar graves patologias. TEMA 5 – APLICAÇÕES 5.1 CONCRETO ESTRUTURAL LEVE O concreto estrutural leve pode ser utilizado em diferentes setores da construção civil, tais como em sistemas pré-fabricados de construção, plataformas marítimas flutuantes, pontes e edificações de múltiplos andares. São inúmeros os benefícios da utilização do concreto estrutural leve em plataformas marítimas flutuantes, como melhorias nas características de flutuação durante o transporte e a utilização. Já a utilização deste tipo de concreto na construção de pontes proporciona a redução das dimensões dos elementos estruturais e aumento dos vãos entre os pilares. Também, utiliza-se o concreto leve na construção de lajes em edifícios de múltiplos andares moldados in loco, com objetivo de reduzir o peso próprio da estrutura e aumentar a proteção da propagação de incêndio entre os andares (Watanabe, 2008). 5.2 CONCRETO AUTOADENSÁVEL (CAA) Segundo Tutikian (2004, p. 36), “o CAA pode ser utilizado tanto moldado in loco como na indústria de pré- moldados, pode ser dosado no canteiro de obras ou em centrais de concreto e depois transportado via caminhão betoneira para as construções”. Há uma diversidade de aplicações do CAA em edifícios comerciais e residenciais, prédios públicos, recuperações estruturais, elementos de barragens, pré-moldados, base de máquinas pesadas, pisos industriais, pavimentos de aeroportos, reservatório de água, fundações executadas por hélice contínua, dentre outros. 5.3 CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO (CAD) O CAD é muito utilizado nos pilares de edificações, em que, segundo Watanabe (2008, p. 12), “geralmente são obtidasreduções de áreas e volumes das peças estruturais, as quais proporcionam ampliação da área útil das edificações, maior liberdade arquitetônica, agilidade na construção em altura, maior reaproveitamento de fôrmas, redução a quantidade de fôrmas, armação e concreto etc.” O concreto de alto desempenho também pode ser empregado em pontes e obras de artes especiais, em peças de pré-fabricado, pisos e pavimentos. A aplicação do CAD em pontes possibilita a produção de projetos mais leves e esbeltos, com grandes vãos, mais resistentes às solicitações submetidas, uma construção mais ágil e de menor propensão de manutenção. Com relação à utilização do CAD em peças pré-fabricadas, tem proporcionado a rápida reutilização de formas, moldes e mesas de moldagem (Watanabe, 2008). 5.4 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS (CRF) O CRF pode ser aplicado em vários tipos de obras, tais como reforço de base de fundações superficiais, reforço de pavimentos industriais e concreto projetado para revestimento de túneis e taludes. 5.5 CONCRETO MASSA O concreto massa é empregado em estruturas de grande volume, tais como viga, pilar, pontes, viadutos, comporta ou barragem, estaca, blocos de fundação de edificações, fundações de torres eólicas. Em virtude da utilização de grande volume, o concreto massa precisa de cuidados especiais para combater a geração de calor e posterior mudança de volume. 5.6 CONCRETO COMPACTADO COM ROLO (CCR) O CCR é muito empregado em obras de grande porte, que dispensam elevados índices de resistência à tração e flexão. Tal material pode ser utilizado em pavimentações, em base e sub-base, como vias urbanas, autoestradas, pistas de aeroportos e estacionamentos comuns. Em canteiro de obras, o CCR é aplicado em contrapisos ou na contenção de estruturas de barragens do tipo gravidade e comportas. FINALIZANDO O concreto é o material mais empregado na construção civil, sendo um composto originado da mistura de pelo menos um aglomerante, no caso o cimento, e, também, água, pedra e areia, além de outros materiais eventuais, os aditivos. Em virtude do crescimento da área da construção civil, este material vem sendo muito aplicado, pois apresenta grande resistência (Lima et al., 2014). Lima et al. (2014) ressalta que o concreto é um material que possui como característica ser facilmente moldado, por ser bem maleável antes de seu endurecimento, além de ser capaz de sustentar facilmente as bases de qualquer construção. Neste aprendizado, pode-se verificar a existência de alguns tipos de concretos. Foi possível compreender que, para determinadas construções, tem a utilização adequada de um concreto específico. Cada material apresenta suas particularidades que precisam ser bem entendidas para poder aplicá-lo de forma adequada. REFERÊNCIAS AÏTCIN, P. C. Concreto de Alto Desempenho. Tradução de Geraldo G. Serra. São Paulo: PINI, 2000. GOMES, P. C. C. Optimization and characterization of high-strength selfcompacting concrete. Tese (Doutorado em Engenharia de Construção). Escola Técnica Superior D’Enginyers de Camins, Universitat Politécnica de Catalúnya, Catalúnya, 2002. KLUG, Y.; HOLSCHEMACHER, K. A database for the evaluation of hardened properties of SCC. LACER, n. 7, 2002. KUPERMAN, S. C. Concreto massa convencional e compactado com rolo para barragens. In: ISAIA, G. C. (editor). Concreto – Ensino, Pesquisa e Realizações. São Paulo: IBRACON, 2005, p.1260-1295. v. 2. LIMA, C. I. V. et al. Concreto e suas inovações. Ciências exatas e tecnológicas, v. 1, 2014, p. 31-40. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: Pini, 1994. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais. 3. ed. São Paulo: IBRACON, 2008. MENDES, C. J. Concreto autoadensável utilizando cinza de casca de arroz: estudo das propriedades mecânicas. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Ilha Solteira, 2015. ROSSIGNOLO, J. A. Concreto leve estrutural: produção, propriedades, microestrutura e aplicações. São Paulo: Pini, 2009. TUTIKIAN, B. F. Método para dosagem de concretos autoadensáveis. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004. WATANABE, P. S. Concretos especiais – propriedades, materiais e aplicações. Relatório final de Pesquisa (Bolsa de Iniciação Científica). Universidade Estadual Paulista, 2008.
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