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FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO - FATEC SP APOSTILA DE SOLDAGEM DE MANUTENÇÃO Prof. ME Roberto Conz 2 SOLDAGEM DE MANUTENÇÃO I SUMÁRIO 1. FATORES INERENTES A SOLDAGEM DE MANUTENÇÃO 1.1 Introdução 1.2 Classificação dos fatores de influência - Soldagem de fabricação - Soldagem de manutenção - Fatores tecnológicos - Fatores administrativos - Fatores econômicos - Fatores humanos 2. TÉCNICAS OPERATÓRIAS 2.1 Passo peregrino 2.2 Retardamento da vinculação 2.3 Soldagem em blocos 2.4 Balanceamento das tensões 2.5 Reforço cruzado 2.6 Recuperação por triangulo de calor 3. ANALISE DAS CONDIÇÕES DE REPARO 3.1 Condições operacionais 3.2 Métodos de limpeza 4. PREPARAÇÃO PARA SOLDAGEM 4.1 Levantamento e movimentação de peças 4.2 Processos de corte 4.3 Processos de conformação 5. SOLDABILIDADE 5.1 Soldabilidade operatória 5.2 Soldabilidade construtiva 5.3 Soldabilidade metalúrgica 5.4 Identificação prática de metais 6 CONDICIONAMENTO TÉRMICO 6.1 Processos para aquecimento 6.2 Aplicações principais na soldagem 6.3 Alivio de tensões conforme Código ASME 7. SOLDAGEM DE LIGAS ESPECÍFICAS 7.1 Soldagem do ferro fundido 7.2 Soldagem do aço fundido e aço forjado 7.3 Soldagem e brasagem do cobre e suas ligas 7.4 Soldagem do alumínio e suas ligas 7.5 Soldagem dos aços inoxidáveis 7.6 Proteção individual e coletiva 3 SOLDAGEM DE MANUTENÇÃO II SUMÁRIO 8. MECANISMOS DE FALHAS NOS METAIS 8.1 Tipos de falhas mais frequentes 8.2 Trincas e fraturas nos metais 8.3 Tensões e deformações 8.4 Impurezas e descontinuidades 8.5 Ruptura dúctil 8.6 Ruptura frágil e clivagem 9. MECANISMOS DE FORMAÇÃO DAS TRINCAS 9.1 Trinca mecânica 9.2 Trinca de solidificação 9.3 Trinca por fadiga 9.4 Trinca por sensitização 9.5 Trinca por hidrogênio 9.6 Ruptura lamelar 9.7 Trinca de reaquecimento 10. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO DE FALHA 10.1 Inspeção visual 10.2 Inspeção com lupa 10.3 Microscopia óptica 10.4 Estereoscopia 10.5 Microscopia eletrônica de varredura - MEV 11. RECURSOS COMPLEMENTARES 11.1 Endireitamento de eixos empenados 11.2 Montagem de peças com interferência 11.3 Desidrogenização dos aços ao carbono 11.4 Ponto de fusão de alguns metais 11.5 Eletrodeposição 12. APRESENTAÇÃO DE CASOS 12.1 Reconstrução por soldagem de um braço de rotor 12.2 Reparo de um conjunto suporte de mancais 12.3 Soldagem de um trilho ferroviário por aluminotermia 12.4 Recuperação de caixa de engrenagens de Fº Fº 12.5 Sequência de recuperação de peças 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4 1. Fatores inerentes a soldagem de manutenção 1.1 Introdução A tecnologia de Soldagem como elemento de união de partes metálicas e reconstrução de componentes alcançou grande progresso graças às muitas conquistas científicas e tecnológicas alcançadas nos últimos tempos. A soldagem ocupou um lugar de destaque, passando de um processo artesanal para uma tecnologia com bases científicas bastante sólidas. A união de metais já era praticada no ano 1200 antes de Cristo, por forjamento a quente ou por estanho, entretanto evoluiu muito pouco até o final do século XIX. Com o surgimento da soldagem por arco elétrico por eletrodo metálico em 1885 marcou-se o início de uma nova era. A partir de então a evolução da tecnologia de soldagem tem sido intensa, buscando atender aos múltiplos segmentos industriais bem como a uma enorme variedade de ligas metálicas desenvolvidas a partir de então. Essa evolução não aconteceu de forma aleatória ou independente, pois devido à soldagem estar relacionada às transformações metalúrgicas foi necessário um encadeamento de conhecimentos e a consequente criação de normas a fim de fixar características, variáveis e limites dos diversos processos, regras para os projetos e os métodos para ensaios destrutivos e não destrutivos “END” assim como definir os critérios de aceitação para as descontinuidades. Do ponto de vista da aplicação, a tecnologia de soldagem pode ser dividida em dois grandes grupos, a soldagem de fabricação e a soldagem de manutenção, sendo que, enquanto a fabricação baseia-se em: especificações técnicas, cálculos e procedimentos qualificados, conforme normas específicas, a soldagem de manutenção apresenta dificuldades do tipo: metal de base desconhecido, contaminações, e emergências, sendo que tudo isso ainda pode vir acompanhado da necessidade da soldagem ser realizada em local desprovido de recursos adequados e de difícil acesso. Outro aspecto a ser considerado é que na soldagem de manutenção não é comum ser especificado um procedimento, ficando as decisões para o soldador ou para o supervisor. A soldagem de manutenção abrange a recuperação de peças defeituosas, quebradas, trincadas e desgastadas, com ou sem usinagem posterior, consiste em reparar ou reconstruir conjuntos metálicos sem alterar suas características. 5 1.2 Classificação dos fatores de influência Especificações técnicas Projeto, formas, dimensões, tolerâncias Soldagem de fabricação Cálculo dos esforços Processos e procedimentos definidos Normas e códigos aplicáveis Condições operacionais Dificuldades de acesso Soldagem de manutenção Metal base desconhecido Contaminações do produto Experiência e habilidade Processo de soldagem Metalurgia da soldagem Fatores tecnológicos Metal de base e de adição Controle de qualidade Ensaios não destrutivos Manutenção corretiva Fatores administrativos Manutenção preventiva Manutenção preditiva Reposição Fatores econômicos Recuperação Ousadia com bom senso Fatores humanos Integridade moral e ética Capacidade investigativa Poder de análise Custo da recuperação Tempo da recuperação Garantia duvidosa Custo da peça nova Disponibilidade de componentes Garantia possível 6 2. Técnicas operatórias 2.1 Passo peregrino A técnica de soldagem por passo peregrino é também conhecida como (passe a ré). Ela consiste numa técnica de melhor distribuição de calor, onde a junta a ser soldada é dividida em múltiplos segmentos e os cordões de solda são aplicados em sentido contrário ao da evolução da soldagem, dessa forma as linhas isotérmicas (linhas de temperatura constante) assumem um formato conveniente, onde sua somatória conduz a um formato retangular promovendo assim uma deformação regular de fácil correção. Essa técnica é utilizada na soldagem de chapas finas, normalmente em espessuras inferiores a 5 mm. Na soldagem convencional a área aquecida será maior e agravada pelo formato triangular, dessa forma teremos uma deformação irregular, difícil de ser corrigida. Distribuição das linhas de calor em passo peregrino Distribuição das linhas de calor em soldagem convencional 2.2 Retardamento da vinculação A técnica de retardamento da vinculação é muito eficiente para evitar deformações ou trincas no conjunto após soldagem. Essa técnica consiste em evitar altos níveis de restrição no conjunto durante a soldagem, em outras palavras significa buscar uma sequência de soldagem que permita a movimentação dos elementos pelo maior tempo possível. 1º 2º 3º 4º 5º 7 Nesse caso para obter o retardamento da vinculação é necessário executar primeiramente as soldas circunferenciais e depois as radiais, pois ao executar as soldas radiais um disco bastante rígido estará formado criando enorme resistência mecânica e, portanto, grandes tensões residuais. Essas tensões residuais serão responsáveis por uma eventual formação de trincas, fraturas oudeformações. Também é necessária a criação de uma passagem de solda na região onde as soldas irão se cruzar, pois, esse tipo de cruzamento irá gerar uma tri axialidade de tensões, podendo vir a ser um ponto crítico para nucleação de trincas 2.3 Soldagem em blocos A técnica de soldagem em blocos é uma variante do retardamento da vinculação e consiste em se aplicar uma sequência de 3 filetes de solda sobrepostos em processo de soldagem ao arco elétrico, formando assim um bloco e dessa forma garantindo uma maior resistência, associada a um maior aporte térmico conduzindo e um resfriamento mais lento. Essa técnica é aplicável a juntas circunferenciais de grandes espessuras e os processos de soldagem mais adequados para essa técnica são: SMAW e FCAW. Os filetes do primeiro bloco devem ter comprimentos diferentes, de maneira a não permitir alinhamento de possíveis imperfeições oriundas da abertura e fechamento do arco elétrico, essa decalagem deve ser em torno de 10 mm. Os demais blocos terão filetes de igual comprimento. A partir do segundo bloco deve ser feita uma unha utilizando uma lixadeira elétrica com disco rígido de 100 mm, vide figura abaixo, a finalidade dessa unha é evitar deformação do cordão, poros e retenção de escórias. É recomendada a execução de dois ou mais blocos simultaneamente para uma melhor distribuição de tensões residuais. Junta circunferencial Junta radial 75 ɸ1200 25 Passagem de solda 8 Para tanto serão utilizados dois ou mais soldadores uniformemente distribuídos. Uma vez terminada a deposição em blocos em toda extensão da junta, os demais passes podem ser filetados com sequência de soldagem é livre. 2.4 Balanceamento das tensões Essa técnica é considerada a mais comum de todas e tem grande campo de aplicação na soldagem de forma geral, ela pode ser feita dentro do chanfro alternando-se os depósitos do metal de adição em cada lado do chanfro, ou pode ser na distribuição dos filetes em segmentos ao longo da junta em seu comprimento total, nesse caso devemos intercalar os depósitos para melhor distribuição do calor introduzido. Outras formas de balanceamento poderão ocorrer e o método de controle deverá ser visual e dimensional. 9 Balanceamento em cada lado do chanfro Balanceamento ao longo da junta 2.5 Reforço cruzado Aplica-se para metais com estrutura cristalina frágil, como por exemplo alguns tipos de ferro fundido, nesses casos as ligações entre a zona de diluição e o metal de base podem possuir tensões acima do suportável pelo metal de base, dessa forma se aconselha depositar de forma intercalada filetes de solda ortogonais à junta soldada a cada camada de metal depositado, de maneira a melhor distribuir as tensões residuais, essa distribuição de filetes também aumenta as interfaces entre as zonas de diluição e metal base. Nesse caso se recomenda um metal de adição com alto valor de alongamento, por exemplo eletrodo de níquel puro ou eletrodo de Ni Fe com 80% de níquel. A sequência de deposição ideal está mostrada abaixo. Reforço cruzado 2.6 Recuperação por triangulo de calor É utilizado na correção dos empenamentos sofridos por um conjunto durante e após a soldagem, consiste na ação simultânea de duas leis da física a saber: coeficiente de dilatação térmica e diminuição da resistência mecânica pelo calor. A eficiência do processo será diretamente proporcional à velocidade de aquecimento, ou seja: uma grande velocidade de aquecimento irá garantir a formação do triangulo de calor na peça, disso resultará uma dilatação diferencial que irá tentar empurrar o metal adjacente. 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 10 Porém estando o metal contido no triângulo com resistência menor ao metal adjacente ele se auto deformará através da fluência desse metal para fora da peça de maneira que ao resfriar o conjunto assumirá um novo formato. É muito importante a escolha das posições dos triângulos de calor e das suas dimensões, isso porém se obtém com a prática. 3. Analise das condições de reparo 3.1 Condições operacionais Impurezas e ou contaminações As impurezas e ou contaminações, que aderiram à superfície metálica durante as operações de fundição, forjamento, corte, ou como resultado do trabalho realizado pelo componente, podem constituir um sério agravante para a soldagem e portanto devem ser eliminadas. As impurezas mais comuns são: óleos, graxas, resinas diversas, abrasivos, tintas, sais e óxidos. O método de limpeza dependerá: do tipo e volume dos resíduos, da natureza do metal, das dimensões das peças e das facilidades encontradas no local de trabalho. A limpeza das impurezas pode ser feita por processo químico ou mecânico. A limpeza das peças antes da soldagem é de fundamental importância afim de evitar a formação de não metálicos que poderão dar origem a: inclusões, porosidades ou trincas. 3.2 Métodos de limpeza Limpeza química com solvente orgânico Os solventes orgânicos removem óleos e graxas pela ação de hidrocarbonetos clorados. Esses solventes promovem a limpeza dissolvendo rapidamente as gorduras, resinas, ceras, parafina e asfalto. Eles não atacam o metal e não deixam resíduos ou manchas quando aplicados diretamente. Neste processo não é necessária a secagem posterior das peças. 11 O tricloroetileno e o percloroetileno são os principais compostos desses solventes, e o fato deles não serem combustíveis fez com que os hidrocarbonetos combustíveis: gasolina e querosene fossem descartados. Na maioria dos casos as peças devem ser escovadas, a menos que seja possível um jato de solvente sobre a peça em uma câmara fechada. Limpeza química com solvente inorgânico Os solventes inorgânicos se utilizam da propriedade de saponificação ou emulsificação dos óleos e graxas para promover a limpeza. Isto significa que os agentes químicos utilizados promovem a formação de uma mistura (emulsão) ou espuma, quando em contato com os depósitos superficiais da peça. Esta mistura é então removida por lavagem em banho de imersão seguido de escovamento, para eliminar as impurezas. Os agentes presentes são soluções salinas com fortes alcalinos. Para o aço e suas ligas, ferro fundido e níquel, utiliza-se a soda cáustica. Os fosfatos são adicionados como emulgentes e redutores da dureza da água. Para facilitar a lavagem posterior também são adicionados silicatos. Para metais não ferrosos o silicato impede o ataque da peça pelos componentes alcalinos. É preferível trabalhar com as soluções em temperatura de ebulição pois a temperatura tem maior influência no processo do que a sua concentração que normalmente será em torno de 5%. A lavagem final das peças deverá ser feita com água seguida de secagem, a secagem rápida impede o embaçamento e a formação de ferrugem. Para limpeza de peças excepcionalmente sujas em soldagem de manutenção utiliza-se soluções que produzam espuma abundante que são combinações de solventes inorgânicos, como o tricloroetileno, com soluções de sais alcalinos. Em locais de difícil acesso essa solução é esguichada com mangueira sob elevada pressão. Atenção o alumínio e suas ligas são atacados por substâncias alcalinas. Nesses casos também deve haver cuidado com os operadores pois produtos fortemente alcalinos produzem queimaduras graves. Decapagem química Utilizada na limpeza dos aços através do mergulho em banhos de ácidos sulfúrico ou clorídrico, a uma temperatura de aproximadamente 100ºC durante alguns minutos. O processo se dá pela ação do íon sulfato e do íon cloreto oriundos do ácido sulfúrico e do ácido clorídrico, que vão reagir com o ferro e produzir sulfato de ferro e cloreto de ferro respectivamente. O tempo do banho de decapagem pode ser afetado por duas variáveis: primeiramente a natureza do aço, composição, estruturae espessura da camada dos óxidos, a seguir a natureza do ácido, sua composição e temperatura da solução ao longo da imersão. Após a imersão da peça de aço na solução ácida, é importante o imediato tratamento com água em jatos, para que não exista a possibilidade de fragilização por corrosão, deve ser feita periodicamente a regeneração do banho, para eliminar impurezas. Os banhos em ácido sulfúrico têm sido substituídos pelos banhos em ácido clorídrico, que possui uma capacidade de produção maior e uma superfície resultante mais uniforme. 12 Limpeza mecânica por jateamento abrasivo O jateamento abrasivo na soldagem é utilizado para limpeza da região onde será depositado o metal de adição seu objetivo é eliminar as impurezas e os contaminantes, também se aplica em peças fundidas na eliminação de borras, que consistem de diferentes tipos de óxidos mesclados com resíduos metálicos e areia. Os materiais abrasivos comumente utilizados são: granalhas de aço esféricas, granalhas de aço angulares, óxido de alumínio e areia, essa última está proibida a aplicação devido a doenças pulmonares (silicose). As esferas de aço são mais eficientes do que o óxido de alumínio, entretanto não podem ser utilizadas em aços inoxidáveis e metais não ferrosos. As esferas de aço mais utilizadas possuem diâmetro entre 0,5 a 1,2 mm. 4. Preparação para soldagem 4.1 Levantamento e movimentação de peças Equipamentos para manuseio O levantamento e a movimentação de peças, merecem destaque na soldagem de manutenção pois com frequência surge a necessidade de um posicionamento adequado da(s) peça(s) para a execução do reparo. Quando a massa é elevada não é possível fazer essa manobra manualmente, dessa forma existem diversos equipamentos que podem ser utilizados para tais operações. Embora tais movimentações pareçam simples, a operação dos equipamentos deve seguir regras específicas para garantir a segurança do operador e do pessoal no entorno, a primeira delas é escolher o equipamento adequado para a carga (capacidade em [kg] ou [ton]) em seguida verificar o estado conservação das correntes e ou cabos de aço. Equipamento portátil para jateamento Guincho hidráulico Talha manual de: corrente, de alavanca e talha elétrica Empilhadeira 13 É importante estudar a trajetória pretendida eliminando obstáculos e analisando os riscos de tombamento da peça devido a geometrias complexas ou centro de gravidade em situação crítica. Apresentamos a seguir fotografias de alguns equipamentos usuais para a execução de levantamento, posicionamento e movimentação de cargas. As movimentações se tornam ainda mais complexas quando a peça estiver aquecida. Isso ocorre quando, após a soldagem ter sido iniciada surge a necessidade de reposicionar a peça. Nesses casos devem ser previstos os materiais isolantes térmicos adequados e os cuidados devem ser redobrados, pois aumenta muito o risco de acidente. É preciso também considerar que a velocidade da manobra se torna importante pois não é interessante perder a temperatura de pré aquecimento. Cabos de aço Os cabos de aço são fabricados a partir de fios de aço trefilados e polidos onde os teores de carbono variam de 0,3 %C a 0,8 %C, sendo que os mais resistentes se situam entre 0,6 %C a 0,8 %C. O teor de manganês deve estar próximo de 0,6 %C e o (P + S) deverá ser menor que 0,03 %C, tais condições são necessárias para garantir um arame mais maleável e menos sujeito a encruamento. Um conjunto desses fios forma uma perna e um conjunto de pernas será trançado em volta de uma alma, formando assim o cabo. Quanto mais pernas e mais fios tiver um cabo de aço, mais flexível ele será, existem situações que a rigidez é necessária e outras onde a flexibilidade é requerida, portanto não se deve dizer que esse ou aquele é melhor. Cabos que enrolam e desenrolam o tempo todo em tambores de talhas elétricas, pontes-rolantes e guinchos, costumam ser mais flexíveis. Cabos que sofrem grande abrasão devem que ter os arames externos mais espessos, como por exemplo do tipo “Seale”, o diâmetro do tambor tem influência na vida útil do cabo. Se adotamos “d” como diâmetro do cabo e “D” diâmetro do tambor, tememos D/d ≥ 30 como sendo um fator de segurança aceitável, idem para polias, onde o cabo fará ± 180º. Tambor de ponte Polias 14 Códigos utilizados para definir as características de um cabo de aço 1º número - indica a quantidade de pernas do cabo 2º número - indica a quantidade de fios que compõe a perna WS - formato do cabo AF - define alma de fibra, que pode ser fibra natural ou artificial AACi - indica alma de aço com cabo independente Exemplo: 8 x 36 WS x AACi - Cabo com oito pernas, cada perna com 36 arames, formato “WARRINGTON SEALE” ou (1 + 7 + (7+7) + 14) e “alma de aço com cabo independente “ sendo que a alma de aço será um cabo feito separadamente. Existem diversos tipos de cabos, eles são definidos em função da aplicação desejada, cada tipo é indicado para um trabalho específico, dessa forma eles irão possuir vantagens e desvantagens quando comparados entre si. A seguir veja tabela com os principais tipos de cabos. 15 Carga de trabalho é a maior massa que um cabo pode sustentar. A carga de trabalho de um cabo de aço não deve, via de regra, exceder à um quinto (1/5) da carga de ruptura mínima efetiva do mesmo. O fator de segurança é a relação entre a carga de ruptura mínima efetiva do cabo e a carga aplicada. Um fator de segurança adequado garante a segurança durante a operação, evitando rupturas e também aumenta a vida útil do cabo. Para cargas aéreas costuma-se utilizar fator 5:1. A utilização de correntes de aço deve restringida ao mínimo, ou seja, somente para cargas leves em pequena altura que não ofereçam riscos, pois o rompimento de um único elo pode levar ao desastre. Normas para cabos de aço Os cabos de aço para uso geral no Brasil são regidos pela NBR-ISO 2408 acrescidas das resoluções do INMETRO referentes ao Programa de Avaliação da Conformidade, conforme regulamento aprovado pela Portaria Específica que proíbe o uso de construções consideradas perigosas, limitando os diâmetros menores e introduzindo o uso obrigatório de fitilho interno com a identificação do fabricante. CARGAS DE TRABALHO - CABO 6 X 41 “WARRINGTON SEALE + AF (IPS)” - FATOR DE SEGURANÇA 5:1 CARGAS DE TRABALHO - CABO 6 X 47 “WARRINGTON SEALE + AACI (IPS)” - FATOR DE SEGURANÇA 5:1 REFERÊNCIA: CATÁLOGO CIMAF 16 Laços para cabos de aço Os laços nas extremidades, são feitos pelos fabricantes de cabos de aço em maquinas especiais que entrelaçam os arames, inserem e prensam à quente as buchas de retenção, e inserem estribos ou sapatilhas que irão aumentar a durabilidade dos laços quando em carga, tais elementos são adicionados caso seja requerido. Acessórios para a movimentação de peças Existem diversos acessórios recomendáveis para levantamento e movimentação de peças, é preciso critério na escolha, buscando sempre a melhor qualidade, e também não deixar de fazer inspeções, visuais e com liquido penetrante, periodicamente. Manilha Olhal de suspensão Gancho Esticador Garra Grampo 17 Cintas de poliéster O poliéster não propaga a combustão, ele queima em contato com a chama, porém, a combustão se extingue imediatamente, assim que se elimina o contato com a mesma. É uma das fibras têxteis mais elásticas, sua elasticidade variável atinge 8% com a capacidade máxima da cinta. Sua aplicação maior é para peças usinadas ou frágeis onde um cabo de aço poderia causar amassamentos ou riscos ou na superfície dapeça. Tipo – Sling Largura “C” Capacidade “kg” Olhal mm Basket mm 35 S 400 200 35 D 800 200 50 S 1.000 220 50 D 2.000 220 60 S 2.200 260 60 D 5.000 260 80 S 3.000 300 80 D 6.000 300 100 S 4.000 300 100 D 8.000 300 S = cinta simples / D = cinta dupla Largura “C” Capacidade “kg” Olhal mm Choker mm 35 S 200 200 35 D 400 200 50 S 500 220 50 D 1.000 220 60 S 1.100 260 60 D 2.500 260 80 S 1.500 300 80 D 3.000 300 100 S 2.000 300 100 D 4.000 300 Formato - Basket Comprimento L especificar Olhal normal Largura C Comprimento L especificar Olhal torcido Formato - Choker Largura C A máxima temperatura para utilização das cintas de poliéster é 80 ºC 18 4.2 Processos de corte O corte de metais abrange inúmeras modalidades e depende: do tipo do metal, do formato (chapas, perfiz, fundidos, forjados, etc.), das dimensões e da precisão dimensional desejada. A seguir indicamos alguns processos para o corte de metais: 1. Corte mecânico - Tesoura guilhotina - Serra - Cortador de tubos 2. Corte plasma 3. Oxicorte 4. Corte com grafite “Arc Air” 5. Corte LASER Corte mecânico Tesoura guilhotina: é o equipamento utilizado para cortes retos em chapas metálicas, onde o corte é obtido por cisalhamento. Existem diversas versões e capacidades que vão desde a guilhotina mecânica manual para chapas finas, mecânica motorizada, para perfiz industriais capazes de cortar chapas de aço com espessura até 3 mm, enquanto as guilhotinas hidráulicas possuem potência maior e podem cortar chapas de aço até 50 mm de espessura. O funcionamento da guilhotina mecânica motorizada consiste em um volante que acumula energia cinética a partir da rotação, fornecida por um motor elétrico, a qual é liberada por uma fricção que irá acionar uma biela acoplada a um volante excêntrico, transformando assim movimento giratório em linear alternativo, a guilhotina hidráulica funciona com uma bomba de pressão de óleo e cilindros hidráulicos alcançando grande potência, são as mais utilizadas na indústria. Tesoura mecânica Guilhotina mecânica manual 19 Guilhotina mecânica motorizada Guilhotina hidráulica Tipos de serra: existem diversos tipos de equipamentos para o corte de metais com serra, eles são destinados prioritariamente ao corte de perfiz e barras de aço. A escolha do tipo mais apropriado irá depender de vários fatores, tais como: o formato de peça, o tipo de material (natureza metalúrgica e dureza), as dimensões da peça e a quantidade de peças por unidade de tempo desejada (produtividade). Indicamos a seguir, como exemplo, os três equipamentos mais utilizados na indústria. Serra circular: é muito utilizado para o corte de barras, perfiz, cantoneiras e tubos, a maior restrição desse equipamento está na seção transversal da peça devido a limitação da mesa de fixação, o comprimento poderá alcançar grandes dimensões. A refrigeração durante o corte é recomendável e podem ser utilizadas serras com metal duro. Esse equipamento também pode possuir alimentação de barras automática. Serra alternativa: é um equipamento bastante comum para o corte de barras, perfiz e cantoneiras, dependendo do modelo a dimensão da mesa de fixação poderá ser bem maior que no caso anterior. A refrigeração durante o corte é recomendável. A lamina de corte é fabricada em aço de alto carbono, o corte ocorre pela combinação do movimento alternativo da lamina com o esforço de compressão da mesma sobre a peça. O equipamento pode possuir alimentação de barras automática Serra de fita horizontal: é muito utilizado para corte de barras em produção seriada, possui alta eficiência e podem ser equipados com alimentação automática. A refrigeração durante o corte é obrigatória. A fita de serra utilizada é fabricada em aço de alto teor de carbono, fornecida em rolos devendo ser cortada e soldada no comprimento. 20 Cortador de tubos: Trata-se de um dispositivo para uso manual, ideal para cortar tubos metálicos de parede fina, sua vantagem é promover um corte no esquadro com bom acabamento a um baixo custo. Corte plasma Permite o corte de qualquer metal ou liga metálica ferrosa ou não ferrosa, devido à concentração de altas temperaturas o corte é muito rápido e as deformações são minimizadas. Esse processo permite o corte espessuras entre: 0,5 e 200 mm. Os equipamentos mais comuns situam-se entre 500 A e 1500 A, Esse processo possui qualidade mediana de corte quando comparado a outros processos. O corte pode ser manual ou automático. Corte plasma manual Corte plasma automático Oxicorte O oxicorte ocorre pela reação do ferro com oxigênio puro. Consiste em aplicar uma chama de aquecimento ao metal até o mesmo atingir a temperatura ideal para inicio da reação então nesse momento um jato de oxigênio puro é liberado com alta pressão. A oxidação do ferro nessas condições é instantânea e a reação exotérmica resultante gera calor suficiente para manter a oxidação constante. Oxicorte manual Oxicorte automático 21 Esse processo não se aplica a metais não ferrosos ou inoxidáveis. Para o corte de chapas em aço carbono é possível atingir espessuras de até 450 mm. O oxicorte pode ser manual ou automático. Esse processo possui boa qualidade de corte quando comparado a outros processos, sendo adequado para construções soldadas e trabalhos em caldeiraria de forma geral, bastando apenas a eliminação das rebarbas por esmerilhamento. Corte e goivagem com grafite “Arc Air” O processo de corte com eletrodo de grafite, também conhecido como “Arc Air”, consiste de uma tocha especial que se assemelha ao alicate do eletrodo revestido com um dispositivo que direciona um jato de ar comprimido na poça de fusão a fim de expulsar o metal líquido. O eletrodo utilizado é de grafite, revestido com fina camada de cobre para aumentar a sua resistência mecânica, o corte com eletrodo de grafite é mais empregado para a remoção da raiz da solda, podendo também ser empregado para remoção de descontinuidades, tais como: poros e inclusões de escória, etc. Tocha para goivagem com grafite Corte LASER O corte laser encontra sua maior aplicação na produção de peças onde é necessária uma maior precisão dimensional com baixa deformação, as variáveis do processo também garantem uma pequena zona termicamente afetada devido a alta temperatura e velocidade de corte. O equipamento laser mais comum utiliza: o dióxido de carbono CO2 para a emissão do feixe laser, o Nitrogênio para a excitação das moléculas (gás de assistência), e o Hélio na dissipação do calor gerado pelo campo elétrico. Esses gases combinados produzem uma potência em torno de 5 kW para os modelos comerciais mais comuns. Corte LASER Exemplos de peças cortadas a LASER 22 Corte por jato d’água O corte com jato de água consiste na separação das partes através da utilização de um jato d’água com elevada pressão, com ou sem a adição de elementos abrasivos. Os abrasivos mais usuais são: o carbeto de silício extraído de areia da praia e o tipo “hard rock” extraído de rochas. As dimensões dos elementos abrasivos estão entre 0,15 e 0,18 mm. O corte decorre da projeção de um jato d’água com uma pressão entre 2500 a 3000 bar. Nesse processo se pode cortar aços até 100 mm de espessura e fibras de vidro até 120 mm. Dependendo do material a espessura de corte pode chegar a 250mm. O corte com jato de água possuiótima precisão dimensional entretanto é considerado um processo de baixa produtividade devido aos elevados tempos de execução dos cortes. Talvez a maior vantagem esteja no fato dele ser aplicável a materiais metálicos e não metálicos a frio. A precisão dimensional do corte é excelente quando comparada a outros processos. 4.3 Processos de conformação Os processos de conformação mais comuns nas caldeirarias são: dobramento de chapas e perfis, endireitamento de peças, calandragem e rebordeamento de tampos. Dobramento A linha de dobra deve sempre que possível estar ortogonal ao sentido de laminação da chapa, para evitar trincas no lado externo do raio de dobra. Para evitar esmagamento na região do raio a força de dobra não pode ser muito maior do que o valor calculado. As chapas laminadas a serem dobradas são anisotrópicas, ou seja, as propriedades mecânicas variam com a direção quando testados em tração. Esta característica causa deformações nas peças e ao mesmo tempo facilita as operações de dobra desde que se tenha um controle dos parâmetros em cada direção. Diagrama de corte por jato de água 1 - entrada de água a alta pressão 2 - obturador (safira ou diamante) 3 - abrasivo 4 - tubo de mistura 5 - bocal 6 - jato de água 7 - material a ser cortado Elemento abrasivo 23 Como no processo de produção, um controle desta natureza não é viável, alguns cuidados devem ser tomados a fim de se obter uma peça dentro do especificado. A dobra deve, sempre que possível, ser executada na direção perpendicular à direção de laminação para minimizar o risco de trinca. Considerando que não é possível o controle total das propriedades mecânicas, o valor da força de dobra necessária calculado é o mínimo necessário e serve como ponto de partida para o início das operações. O comprimento de dobra depende da potência da prensa. Na definição da faca e prisma deve ser considerada a recuperação elástica que é a capacidade que o material possui de recuperar as deformações ocorridas no regime elástico do material. O cálculo da recuperação elástica é possível de ser feito, porém para cada alteração da geometria de dobra e de material, a faca e o prisma terão de ser alterados. Este procedimento é viável desde que se tenha um volume grande de peças iguais a serem dobradas, compensando os investimentos aplicados nas modificações e fabricação de ferramentas. Prensa dobradeira hidráulica Faca e Prisma Cálculo de dobra A força necessária, em toneladas, para efetuar uma dobra a 90º, em aço de baixo carbono, pode ser calculada pela expressão: F = Força de dobramento em TON s = Espessura da chapa em mm b = Comprimento de dobra em mm T = Tensão de escoamento em kgf/mm2 W = Boca do prisma em mm Espessura da chapa “S” 1.5 2 3 4 5 6 8 10 12 15 20 25 30 35 40 Min. raio de dobra “Ri” 2.5 3,5 5 7 8 10 16 20 24 30 40 50 60 80 90 Min. largura de dobra “L” 10 12 12 24 32 40 65 80 100 120 160 200 240 280 320 Min. boca do prisma “W” 15 15 25 40 50 70 110 120 160 190 250 320 380 450 510 1000 7,1 W Tbs F 24 Representação de faca e prisma Endireitamento de peças O endireitamento de chapas ou perfiz é uma operação usual na preparação de peças para soldagem e também na recuperação de peças empenadas. Uma prensa adequada para desempeno de chapas é quando um pistão hidráulico alcança qualquer posição da mesa. Prensa hidráulica para endireitamento de peças Calandragem A calandragem de cilindros (virolas) é um processo muito comum nas caldeirarias especializadas em produtos petroquímicos ou fabricação de tubos. Seu objetivo é transformar chapas planas em formas cilíndricas através da passagem das chapas entre rolos de aço de alta resistência. O processo consiste em fazer passar uma chapa plana através de três rolos sendo dois inferiores e um superior onde o rolo superior possui movimento de aproximação gerando uma grande tensão de deformação na chapa que será tracionada por um dos rolos inferiores simultaneamente, formando assim uma peça cilíndrica, figura ao lado. 25 Calandra de 3 rolos Calandra de 4 rolos Para iniciar a calandragem é necessário curvar as extremidades da chapa de maneira a aumentar o contato com os rolos favorecendo o arraste da chapa. Existem duas formas para obter essas curvaturas, a mais comum é dobrar as pontas da chapa em uma prensa hidráulica, a outra é através de uma calandra com 4 rolos. Nesse caso existe um rolo suplementar inferior que serve para fixar a chapa enquanto os rolos laterais promovem a devida conformação. A seguir o rolo central se afasta e efetua-se a calandragem no modo tradicional. A calandragem de perfis é possível através de processo análogo onde a alteração é feita nos rolos os quais terão o formato do perfil desejado. Para perfis maiores com pequena espessura de parede o processo é feito a quente, normalmente utilizando um indutor para o aquecimento rápido da região a ser curvada. Em alguns casos utiliza-se areia fina compactada dentro do tubo a ser calandrado para evitar deformações. Calandra de perfil Exemplos de perfis 26 Rebordeamento de tampos industriais O rebordeamento tem como principal objetivo a fabricação de tampos para vasos de pressão ou caldeiras. O processo é semelhante ao repuxo em torno. A partir de um disco em chapa de aço é conformado o grande raio em uma prensa hidráulica, a seguir a peça irá para a rebordeadeira a qual promoverá o repuxo do raio menor com a peça girando. Na região do raio menor ocorre uma diminuição de espessura, essa perda de espessura deve ser prevista e compensada no projeto do tampo. Para grandes diâmetros, onde a largura da chapa não for suficiente, pode ser feita emenda da chapa. As emendas devem ser com penetração total e os reforços das soldas esmerilhados. Dependendo da espessura e do material utilizado pode ser necessário alívio térmico de tensões durante o rebordeamento. Rebordeadeira de tampos industriais Tampos torisféricos 5. Soldabilidade Define-se soldabilidade na soldagem como sendo a capacidade de um metal ser soldado nas condições: ambientais, estruturais e metalúrgicas, sem entrar em colapso, mantendo o mínimo de resistência exigida em conformidade com as normas. Podemos classificá-la em: - Soldabilidade operatória - Soldabilidade construtiva - Soldabilidade metalúrgica 27 5.1 Soldabilidade operatória A soldabilidade operatória está associada às condições encontradas no momento da execução da soldagem. Tais condições devem ser bem analisadas, pois elas são frequentemente muito precárias, seja pela localização, seja pelo acesso ou mesmo pela posição em que a soldagem será executada. As análises devem considerar o processo a ser utilizado, pois poderá haver restrições tais como: contaminações existentes no local, posição de soldagem inviável, técnica operatória escolhida, recursos e condições para o pré aquecimento. O condicionamento térmico pode ser difícil de executar devido ao acesso e ou contaminações. Os métodos de limpeza dependerão de diversos fatores, alguns dos quais foram relatados no item 3.1. 5.2 Soldabilidade construtiva A forma e a disposição das peças ou conjuntos a serem reparados podem influir na recuperação, principalmente devido as tensões residuais existentes, que por serem de natureza complexa e multidirecionais, nãopodem ser verificadas por instrumento. A tendência ao empenamento é indicativo de componente tensionado, nessas condições devemos buscar sequências de soldagem que possam agir em sentido contrário ao das tensões residuais, anulando o efeito das mesmas. Em algumas situações quando a vinculação entre os componentes de um conjunto é muito alta podem ser previstas almofadas de metal de adição (manteiga) em algumas juntas, a fim de desorientar as tensões durante a soldagem. Um distensionamento mecânico por martelamento, durante a soldagem, poderá ser utilizado dependendo do tipo de metal de adição que será depositado. Esse tipo de alivio é perigoso pois poderão ocorrer inversões nos sentidos das tensões residuais atuantes. 5.3 Soldabilidade metalúrgica A soldabilidade metalúrgica é provavelmente a mais complexa, e também a que mais tem sido estudada. A soldabilidade metalúrgica é influenciada por inúmeros fatores. O controle desses fatores se restringe ao condicionamento térmico imposto, dessa forma torna-se imprescindível a verificação da natureza dos metais envolvidos no processo de maneira a se estabelecer o regime térmico apropriado, em grande parte dos casos isso irá implicar na aplicação de pré-aquecimento adequado, controle das temperaturas de interpasse e um pós-aquecimento eficiente. A velocidade de resfriamento terá importante participação. 28 As variantes que podem surgir quando combinamos os fatores acima definidos, com a imensa quantidade de ligas metálicas existentes é praticamente infinita, inviabilizando assim a definição de uma receita ou regra geral, dessa forma precisamos entender esses fenômenos e saber associá-los para uma melhor definição dos parâmetros de condicionamento térmico. Aporte térmico A quantidade de calor introduzida na soldagem é conhecida por aporte térmico ou energia de soldagem “Heat Input”. O aporte térmico “H” para soldagem em geral, pode ser expresso pela equação: H = Onde: H = Energia de Soldagem KJ.mm V = Tensão Volt I = Corrente Ampére Va = Velocidade de avanço mm/min A eficiência do aporte térmico depende do processo de soldagem utilizado, como exemplo citamos: SMAW: eficiência = 0,75, FCAW e SAW: eficiência = 0,90. A eficiência de transmissão “” pode ser considerada constante para um mesmo processo, pois exprime a parcela de energia efetivamente transferida à peça. Perdas decorrentes do aquecimento de cabos e eletrodos, respingos e resfriamento pelo ambiente, diminuem o valor de “”. A energia de soldagem é uma característica do processo e da técnica utilizada, os processos: arco submerso e eletro escoria, por exemplo, possuem energia de soldagem elevada, enquanto que outros onde a área de aquecimento é pequena como o TIG, por exemplo, são considerados de baixa energia. Quanto mais alto for a energia de soldagem, maior será a quantidade de calor transferida a peça, portanto, maior será zona aquecida e menor será o gradiente térmico entre a solda e o metal de base adjacente. A forma de controlar o aporte térmico num determinado processo de soldagem, é buscando a condição de potência e velocidade de soldagem, que garantam uma conformidade de deposição e uma estrutura cristalina sem grandes alterações, se comparadas com a estrutura original do metal base. A técnica de soldagem com cordões estreitos assume valores de velocidade de avanço bem mais elevados do que a técnica de soldagem com oscilação, e consequentemente, com menor quantidade de calor introduzido. 29 Valores elevados de aporte térmico podem provocar alterações metalúrgicas importantes tais como: a precipitação de carbetos de cromo, ou formação de fase sigma nos aços austeníticos, ou mesmo um crescimento de grão exagerado nos aços ferríticos, sendo que em ambos os casos o resultado final é a diminuição da tenacidade do metal depositado ou da zona fundida. Por outro lado, dependendo da natureza do aço, o aporte térmico pode ser insuficiente, levando a uma taxa de resfriamento elevada que por sua vez resultará na formação de estruturas duras como a martensita, aumentado o risco de fissuração. Um método bastante utilizado na prevenção de trincas por hidrogênio (H2) é a determinação da temperatura de pré-aquecimento, a partir da maior ou menor probabilidade de formação de estrutura martensítica, com isso consegue-se alterar a taxa de resfriamento da poça de fusão, atenuando assim a formação de estruturas frágeis. A determinação da temperatura de pré-aquecimento é possível através da quantificação do Carbono Equivalente, que significa dizer, qual o percentual de carbono e de elementos de liga, que favorecem a formação da martensita, estão presentes no aço a ser soldado. Para a determinação do Carbono Equivalente pode ser utilizada a equação desenvolvida por pesquisadores do “IIW - International Institute of Welding” conforme segue: 49,0 24 % 2 % 13 % 15 % 5 %% 4 % 6 % %% SiPCuNiVCrMoMn CCeq sendo: Boa Soldabilidade - Ceq ≤ 0,49 % Média Soldabilidade - 0,5 % ≤ Ceq ≤ 0,65 % Má Soldabilidade - Ceq > 0,65 % Alteração do diagrama de equilíbrio A soldagem nos aços em geral bem como no ferro fundido, devido aos ciclos térmicos envolvidos, implica num tratamento térmico localizado que pode causar alterações na estrutura dos materiais e consequentemente afeta as propriedades mecânicas dos mesmos. Essas alterações podem comprometer o desempenho em trabalho da junta soldada e portanto devem ser minimizadas, na soldagem de produção isso é relativamente fácil, uma vez que contamos com a possibilidade da escolha do aço em função das características desejadas no projeto da junta. Por outro lado isso não ocorre na soldagem de manutenção, onde frequentemente vamos encontrar aços com altos teores de carbono ou mesmo com elementos de liga que favorecem a formação de estruturas frágeis durante o resfriamento. 30 O caso mais comum é o do ferro fundido, que é muito utilizado na fabricação de maquinas e equipamentos, e que possui elevados teores de carbono. As fases de um metal podem se modificar através de ciclos térmicos inibindo ou promovendo a formação de novas fases, dessa forma as propriedades mecânicas, físicas e químicas da liga também se modificam, ou seja: é possível obter diferentes microestruturas, e portanto diferentes propriedades a partir de uma mesma composição química. Quando uma liga é resfriada lentamente a partir da fase líquida, as fases presentes no estado sólido a cada temperatura estarão em equilíbrio termodinâmico e podem ser previstas por diagramas que mostram as fases estáveis em função da temperatura e da composição química, ou seja, percentual de elemento soluto. Estes diagramas são denominados diagramas de fases. Um exemplo clássico de diagrama de fases é o diagrama ferro-carbono, o ferro puro apresenta duas transformações alotrópicas, ou seja, de mudanças de estrutura cristalina. Em temperatura ambiente a estrutura termodinamicamente estável é a cúbica de corpo centrado ccc. Quando aquecido acima de 910°C o ferro passa de ccc para cfc cúbico de faces centradas e volta a ser ccc acima de 1394°C; passando para o estado líquido ao atingir aproximadamente 1500°C. O diagrama é assim representado pois o Fe3C, carboneto de ferro, apresenta saturação a partir desse limite, embora as ligas acima de 4,0% de carbono não apresentem nenhum interesse comercial. As transformações de uma fase para outra ou a variação de composição de uma certa fase, envolvem o rearranjo dos átomos do material, o tempo necessário para essas alterações depende da temperatura, da complexidade da alteração e da velocidade de resfriamento. Temperatura eutetóide: Para os aços ao carbono é 723°C e a composiçãoeutetóide corresponde a 0,83% C. No sistema FeC tem-se uma solução sólida e portanto não ocorre uma reação eutética verdadeira, porém devido sua semelhança foi denominada eutetóide. A perlita é uma mistura de duas fases, formada pela transformação da austenita em ferrita e cementita, há cerca de 12% de cementita e 88% de ferrita na mistura resultante, devido se formarem simultaneamente a ferrita e a cementita estão intimamente ligadas em camadas alternadas caracteristicamente lamelar. 31 Diagrama da liga binária FeC para teores de carbono até 6,5%. Ferro = Ferrita = Cúbico de corpo centrado ( < 910°C ) Ferro = Austenita = Cúbico de face centrada ( > 910°C < 1400°C ) Ferro = Ferrita = Cúbico de corpo centrado ( > 1400°C ) Eutético: Mistura de componentes sólidos que ao fundir ficam em equilíbrio com um líquido da mesma composição, cuja temperatura de fusão é o mínimo na curva. Transformação da estrutura cristalina A velocidade de resfriamento tem um papel fundamental na formação da microestrutura, e por consequência nas propriedades mecânicas da junta soldada, não se deve esquecer que dureza e tenacidade trafegam em vias contrárias. Um aumento de dureza implica quase sempre em uma diminuição da tenacidade e portanto aumenta a propensão à formação e propagação de trincas, no diagrama abaixo podemos observar as diferentes microestruturas que podem se formar a partir de um resfriamento continuo em diferentes velocidades, num aço baixa liga do tipo SAE 4340. 32 Tratamentos térmicos A soldabilidade pode também ser afetada por tratamentos térmicos, isso é devido ao aquecimento localizado promovido pela soldagem, durante o processo o material ultrapassa a temperatura de austenitização dos aços, promovendo transformações das estruturas cristalinas no metal de base nas regiões próximas ao metal de adição, essa região é denominada: Zona Termicamente Afetada. Isso irá alterar as propriedades mecânicas da junta soldada na região. Nessas condições a ZTA poderá apresentar grandes alterações estruturais, tais como: fases martensíticas ou bainiticas, com elevada dureza e risco de fissuração por fragilização da junta soldada. Caso o metal base esteja na condição: temperado e revenido poderão ocorrer alterações ainda mais complexas durante e após soldagem, como a perda do revenimento em alguns pontos, criando estruturas localizadas muito frágeis pelo aumento da dureza. Nesse caso deve-se minimizar o aporte térmico e controlar a temperatura de interpasse com base nos parâmetros de soldagem indicados na EPS. Em alguns casos recomenda- se um tratamento de normalização seguido de tempera e revenimento após soldagem. 5.4 Identificação prática de metais A seguir apresentamos uma outra forma de identificação de materiais, nesse caso quando a ruptura já ocorreu e pela necessidade de um reparo rápido por soldagem, somos obrigados a definir o tipo de material pela análise da face da fratura. °C 100 200 300 723 10 103 100 104 105 103 seg Austenita Martensita Martensita Martensita Ferrita Bainita Martensita Ferrita Perlita Bainita Ferrita Perlita 8,4°C/seg 0,33°C/seg 0,0062°C/seg 0,23°C/seg Martensita Bainita 33 Identificação do material através da face da fratura Características Materiais Fratura Superfície em bruto Usinagem recente Aço baixo carbono e aço fundido Cinza brilhante Cinza escuro, eventualmente marcas de fundição ou forjamento Muito lisa, cinza brilhante Aços alto carbono Cinza muito claro Cinza escuro, riscos de laminação ou marcas de forjamento Muito lisa, cinza brilhante Aços ligados Cinza médio Cinza escuro, relativamente rugosa, eventualmente riscos de laminação ou forjamento Muito lisa, cinza brilhante Cobre Avermelhada Superfície lisa com graduação de marrom avermelhado para verde, devido à oxidação Vermelho brilhante fosco com o tempo, muito lisa Latão e bronze Amarelo avermelhado Superfície lisa com várias tonalidades de marrom, verde ou amarelo devido à oxidação Vermelho amarelada, muito lisa Alumínio e ligas Branca Evidências do molde ou da laminação, cinza muito claro Lisa, muito branca Monel Cinza claro Lisa, cinza escuro Muito lisa e branca Níquel Quase branca Lisa, cinza escuro Muito lisa e branca Chumbo Branca cristalina Branca a cinza, lisa aveludada Muito lisa e branca Ferro fundido branco Estrutura sedosa, muito fina e branca Evidência de molde de areia, cinza fosco Raramente usinada Ferro fundido cinzento Cinza escuro Evidência de molde de areia, cinza muito fosco Moderadamente lisa, cinza claro Ferro fundido maleável Cinza escuro Evidência de molde de areia, cinza fosco Superfície lisa, cinza claro Ferro batido Cinza brilhante Cinza claro, lisa Superfície lisa, cinza claro Identificação de metais por fagulhas É possível reconhecer o material pela fagulha obtida em rebolo de esmeril de desbaste fabricado a partir de oxido de alumínio cinza ( Al2O3 ). Se ocorrer a emissão de fagulhas: o material será ferroso. Se não ocorrer emissão de fagulhas: o material será não ferroso. É possível determinar o teor aproximado de carbono no material, através da análise das fagulhas conforme segue. 34 Teor de carbono Comprimento da cauda Cor Fagulhas Baixo Longa Amarelada Poucas estrelas Alto Curta Avermelhada Muitas estrelas Através da análise prática das fagulhas é possível considerar que: aços carbono com teores de carbono entre 0,10% e 0,45% apresentam limite de escoamento entre 200 MPa e 300 MPa com alongamento em torno de 22%. Essas características conferem a esses materiais boa soldabilidade. Devemos ainda considerar que teores de carbono acima de 0,45% irão diminuir a soldabilidade, portanto haverá risco de trinca. Nesses casos recomendamos uma análise química laboratorial, pois além de definir o teor exato de carbono, também irá detectar a presença de outros elementos que possam contribuir para a alteração da soldabilidade. A seguir apresentamos uma síntese do trabalho apresentado no 74º Congresso anual da ABM desenvolvido pelos seguintes autores: Gustavo Henrique Sousa, Igor Cuzzuol dos Santos, Athos Fernandes Araujo, Jorgimara de Oliveira Braga, Guilherme Vitor de Araújo, Marcelo Alves Fonseca, e denominado: SEPARAÇÃO DE MATERIAIS METÁLICOS PELO MÉTODO DE FAGULHA DIAGNÓSTICO DE MISTURAS NO ESTOQUE DE EMPRESAS SIDERÚRGICAS 35 Nesse trabalho foram analisados 6 materiais metálicos com composições químicas diferentes. Os materiais selecionados foram SAE 1020, 1045, 1080, aço inox, ferro fundido e latão, como mostra a Tabela 1, que apresenta a composição química das amostras utilizadas no trabalho. Os testes foram realizados utilizando um moto esmeril 5”. Nesse teste cada amostra foi fagulhada com um tempo médio de 5 minutos, no qual foram analisadas: as quantidades de estalos, que são comumente chamados de “estrelinhas”; tamanho do feixe de luz; quantidade de fagulha e cor. Os resultados obtidos, foram confirmados por análise microestrutural e teste de dureza. Tabela 1 - Composição química dos materiais utilizados Resultados e discussões Para a realização das análises do comportamento das fagulhas foi necessário a observação de suas principais características, que são a quantidade de fagulhas geradas, o formato da trajetória descrita pelas fagulhas e a cor das fagulhas. O feixe de fagulhas pode ser dividido em três zonas, que podem ser descritas segundo suas características: 1ª Zona: É a mais próxima do rebolo. Os aspectos mais importantes a observar nessa zona são: a coloração dos raios; intensidade luminosa e quantidade de fagulha.2ª Zona: Onde inicia-se a observação de feixes de fagulhas, embora seja uma zona de transição e sem limite preestabelecido. É onde começa o aparecimento das bifurcações e explosões de carbono (“estrelinhas”). Observando-se a quantidade e tamanho das explosões, tem-se uma ideia do teor de carbono. 3ª Zona: é a mais afastada do ponto gerador e onde apareceu o maior número de “estrelinhas”. As imagens dos ensaios obtidas complementam os trabalhos que investigaram o comportamento das fagulhas em alguns aços. Os autores desse trabalho, analisaram o formato das fagulhas na medida com que o teor de carbono se eleva. O SAE 1020 ao ser esmerilhado, apresentou longos feixes de fagulhas de cor alaranjada onde poucas “estrelinhas” foram observados no final das fagulhas, como é indicado por setas pretas na Figura 1a e esquematizado na Figura 1b. Isso é devido a quantidade de carbono presente no material ensaiado, que para o SAE 1020 é 0,20% C. 36 Dentre os elementos presentes nos aços, o carbono é o que mais influencia a formação e aspecto das fagulhas, cuja frequência de explosões distintivas aumenta com o teor de carbono. E como o SAE 1020 têm apenas 0,20% de carbono, poucas “estrelinhas” apareceram. Figura 1. (a) Aspecto da fagulha na amostra do aço SAE 1020 e em (b) representação esquemática da fagulha obtida. O SAE 1045, ao ser esmerilhado, também apresentou longos feixes de fagulhas de cor alaranjada, onde o comportamento diferente foi no aparecimento mais significativo das “estrelinhas ao longo de cada filete de fagulha, como exibido na Figura 2a e esquematizado na Figura 2b. Além disso, essas “estrelinhas” começaram a aparecer mais próximas ao rebolo do esmeril, onde o material era desbastado Figura 2. (a) Aspecto da fagulha na amostra de aço SAE 1045, e em (b) representação esquemática da fagulha obtida. A Figura 3a apresenta o comportamento do SAE 1080 ao ser esmerilhado e a Figura 3b, sua respectiva representação esquemática. Nesse material, os filetes alaranjados de fagulhas ficaram mais curtos em relação ao SAE 1020 e 1045, como também foi possível observar uma maior quantidade de “estrelinhas” em cada filete, que foram aparecendo ainda mais próximas ao rebolo. Portanto, as características foram mudando em relação ao aumento da porcentagem de carbono na composição de cada SAE anterior. 37 Figura 3. (a) Aspecto da fagulha na amostra de aço SAE 1080 e em (b) representação esquemática da fagulha obtida. Para o aço inoxidável notou-se um comportamento bem diferente ao ser esmerilhado onde apenas algumas fagulhas apareciam com praticamente nenhuma “estrelinha”, como mostram as Figuras 4a e 4b, evidenciado que a quantidade de carbono neste material é muito pequena, dessa forma o aço Inox pode ser diferenciado dos outros materiais. Figura 4. (a) Aspecto da fagulha do Aço Inox e em (b) sua respectiva representação esquemática. Analisando as fagulhas do Ferro Fundido esmerilhado, notamos fagulhas mais grosseiras e irregulares, apresentando uma cor mais avermelhada e com inúmeras “estrelinhas” ao longo dos filetes de fagulha, mas em maiores concentrações perto ao rebolo. Isso indica um maior teor de carbono desse material. As Figuras 5a e 5b mostram esse aspecto diferente apresentado pelas fagulhas de Ferro Fundido, que é um fator de diferenciação entre os outros materiais. 38 Figura 5. (a) Aspecto da fagulha do ferro fundido e em (b) representação esquemática da fagulha obtida. Devido a composição do latão ser constituída principalmente de Zinco e Cobre, sem a presença de carbono, foi observado que durante o atrito desta amostra no processo de esmerilhamento não houve nenhuma fagulha, como mostra a Figura 6. Fato crucial que pode ser usado em caso de suspeita de mistura de perfis de latão em meio ao estoque de perfis aços, por exemplo. Figura 6. Ausência de fagulha no esmerilhamento de latão. De acordo com a análise dos resultados do testes de fagulha realizados, notamos o efeito do carbono como o fator que modifica as quantidades de “estrelinhas”, tamanho do feixe de luzes e cor, que podem ser usadas para diferenciar os materiais. Em suma, uma maior quantidade de carbono aumenta o número de “estrelinhas” e diminui o comprimento total da fagulha. As amostras dos aços SAE 1020, 1045 e 1080 se diferenciam quanto ao tamanho da fagulha e número de “estrelinhas” que aparecem durante o atrito. Conclui-se que uma separação de mistura de perfis de 1020 com 1080, com base nos resultados, seria de mais fácil detecção. Aços com teores de carbono mais próximos podem ser difíceis de separar, como poderia ocorrer em uma mistura acidental de perfis de aços 1045 com 1080. 39 Conclusões 1. O teste de fagulha permite fazer verificações sem ensaios em laboratórios. As formas das fagulhas emitidas do esmeril forneceram importantes informações sobre o experimento, e às vezes, podem ser os únicos economicamente viáveis em certos setores da indústria, por serem expedidos e realizáveis sem aparelhamento especial. 2. O objetivo do trabalho, processo para otimizar o diagnóstico do material em estoque com confiabilidade de técnicas para detecção de mistura de materiais, foi plenamente alcançado através da utilização da fagulha. 3. São análises qualitativas importantes, pois as empresas têm aplicações específicas para seus materiais e uma utilização incorreta de diferentes materiais pode ocasionar prejuízos diversos. 6 Condicionamento térmico 6.1 Processos para aquecimento Antes de falar dos diferentes métodos para aquecimento de peças vamos discorrer sobre o bloqueio térmico, pois ele é fundamental para garantir uma boa eficiência do processo de aquecimento ou de manutenção do mesmo. Ele é feito através da aplicação de mantas térmicas fabricadas em lã de rocha ou fibra cerâmica. Essas mantas são encontradas no formato de placas retangulares ou em rolos e as espessuras variam entre 6 até 50 mm. A lã de vidro deve ser evitada para aplicação em soldagem pois causa irritação na pele e as mantas de amianto a muito tempo estão proibidas, por serem supostamente cancerígenas. A lã de rocha é feita a partir da rocha basáltica vulcânica e outros minerais fundidos a alta temperatura para serem transformados a seguir em fibras por um processo de centrifugação. Devido sua origem mineral, ela é não combustível. A lã de rocha resiste a temperaturas de até 1000°C e possui densidades entre 32 e 160 kg/m3, seu coeficiente de condutividade térmica está entre 0,03 a 0,04 W/m lã de rocha 40 Uma outra opção para bloqueio térmico é a manta de fibra cerâmica, que é fabricada a partir de alumina (Al2O3) e sílica (SiO2), ela possui excelente resistência térmica e apresenta bom desempenho sob atmosfera oxidante ou atmosfera redutora, é mais leve e de fácil aplicação. Geralmente é comercializada na forma de mantas com espessuras de 6 / 13 / 25 e 50 [mm], a lã de fibra cerâmica resiste a temperaturas até 1460 °C e pode ser fornecida no formato aluminizada, o que aumenta sua vida útil pois evita a desagregação. lã de fibra cerâmica Resistências elétricas Existe uma ampla gama de resistências elétricas que podem ser utilizadas, entretanto a fonte de energia em AC direto da rede pode ser perigosa, se recomenda utilizar retificadores de solda em corrente contínua por serem mais seguros. Um método seguro é utilizar resistências construídas com fios de Nikrotal 80%Ni 20%Cr, acondicionadas em miçangas de cerâmica refratária à passagem de corrente elétrica, mas não ao calor. Resistencia de contato Miçanga cerâmica Resistencia tipo baioneta cerâmica Aplicação: ContatoTemperatura: até 600°C Material: Ni Cr (80/20) Potência: até 4000W Aplicação: Ar Temperatura: até 1200°C Material: Ni Cr (80/20) Potência: até 8000W 41 Maçaricos Os maçaricos ideais para o pré e pós-aquecimento na soldagem são do tipo chuveiro, com alta taxa de aquecimento e devem ser escolhidos em função da vazão indicada para a massa a ser aquecida e temperatura pretendida. Baixa pressão - GLP Alta pressão - Oxi acetileno Serpentinas As serpentinas são tubos de aço, modelados conforme necessidade, onde uma sequência de furos ao longo do tubo, permitirão a formação de pequenas chamas formadas a partir de GLP e arraste de ar atmosférico. As serpentinas são de baixo custo. Sopro de ar quente O soprador de ar quente apresenta maior uniformidade de temperatura quando utilizado em vasos de pressão ou tanques de grandes dimensões, nesses casos os vasos devem ser revestidos com mantas isolantes para o bloqueio térmico e o ventilador deve estar em um ciclo fechado. Serpentina de GLP 42 6.2 Aplicações principais na soldagem Pré aquecimento O pré aquecimento tem por objetivo minimizar a formação de martensita durante o resfriamento da soldagem, normalmente ele é aplicável em espessuras acima de 25 mm para aços ao carbono. Devem ser considerados o carbono equivalente e a espessura da peça para uma melhor determinação da temperatura ideal de pré aquecimento. CE Espessura 0,41 0,43 0,45 0,47 0,49 0,51 0,53 0,55 > 16 20 - - - - 70 80 90 100 > 20 25 - - - 90 100 120 130 150 > 25 36 - - 80 100 120 140 150 150 > 36 50 - 80 110 130 150 160 175 180 > 50 100 80 100 120 140 160 170 190 200 > 100 150 120 120 130 150 170 190 200 200 Temperaturas de pré aquecimento em função da espessura e do carbono equivalente Acima de 150 mm de espessura é necessário a análise e classificação da junta em função de sua rigidez conforme o seguinte critério: baixa restrição, média restrição e alta restrição. Para baixa restrição utilizar os valores indicados para a faixa de 100 a 150 mm, para média restrição, acrescentar 10% nesses valores, e para alta restrição acrescentar 25%. Para materiais com carbono equivalente superiores a 0,55 a soldabilidade fica bastante prejudicada, pois a susceptibilidade de formação de martensíta é muito grande, nesse caso recomenda-se o pré-aquecimento ligeiramente acima da temperatura de início de formação da martensita (Ms - Martensite starting), o que será muito desconfortável para o soldador. Pós aquecimento O pós aquecimento tem como finalidade difundir o hidrogênio remanescente após soldagem, principalmente das imediações da Zona Termicamente Afetada (ZTA), isso é importante para minimizar o risco de trincas, a duração do pós aquecimento é de no mínimo 15 minutos após o término da soldagem, não sendo necessário um tempo maior que 30 minutos, a temperatura durante o processo de pós aquecimento deve ser no mínimo 150°C, não sendo necessária temperatura acima de 200°C. 43 6.3 Alivio de tensões conforme Código ASME Embora existam outra formas de aliviar as tensões da soldagem como por exemplo o martelamento e as vibrações, o alivio térmico de tensões é o único reconhecido e aceito por diversas normas e códigos. Ele possui eficiência comprovada e pode ser executado com parâmetros controlados, cada norma tem seu critério para execução e aceitação do alivio térmico de tensões. No Brasil o critério mais aplicável é o ASME Code Section VIII. Embora existam outras maneiras de aliviar as tensões da soldagem como por exemplo o martelamento e as vibrações, o alívio térmico de tensões é o único reconhecido e aceito por diversas normas e códigos. Ele possui eficiência comprovada e pode ser executado com parâmetros controlados, cada norma tem seu próprio critério para execução e aceitação do alívio térmico de tensões. No Brasil o critério mais aplicável é o “ASME Code Section VIII”. Apresentaremos a seguir as recomendações para tratamento térmico de alívio de tensões de conjuntos soldados em aços ao carbono e baixa liga, conforme ASME Code Seção VIII Divisão 1, em suas partes UW e UCS, originalmente desenvolvidas para vasos de pressão e adaptadas para estruturas soldadas de maneira geral. Em alguns casos essas curvas de tratamento térmico poderão ser utilizadas durante ou após determinados processos de conformação, como por exemplo no rebordeamento de tampos industriais. a) Nas juntas soldadas pertencentes a dois diferentes números “P” o tratamento térmico após a soldagem deve ser o especificado para o material que requerer a maior temperatura de tratamento térmico após soldagem. b) A espessura nominal a ser considerada no cálculo da curva de tratamento é a espessura da junta soldada como definido a seguir: c) Para estruturas soldadas complexas, com múltiplas juntas, a espessura nominal é a maior espessura de solda que não tenha sido previamente tratada. d) Quando a junta soldada liga partes de mesma espessura, por meio de uma junta de topo com penetração total, a espessura nominal é a profundidade total da solda, desconsiderado o reforço de solda, ou seja, é a espessura da chapa. e) Para as soldas em ângulo com chanfro, a espessura nominal é a profundidade do chanfro, ou a soma das profundidades quando o chanfro for duplo. f) Para solda filete, a espessura nominal é a dimensão da garganta da solda. Solda de filete... g) Se uma solda de filete for utilizada em conjunção com uma solda em chanfro, a espessura nominal é a profundidade da solda em chanfro mais a dimensão da garganta da solda do filete. 44 h) Quando uma junta de topo liga partes de espessuras diferentes, a espessura nominal é a menor espessura entre as duas partes adjacentes à soldagem. i) A espessura do casco ou da garganta da solda de filete, optando-se para a que for maior, nas ligações de tampos intermediários do tipo ilustrado na figura abaixo. j) A espessura da solda através do pescoço do bocal, ou casco, ou tampo, ou chapa de reforço, ou da solda de filete de ligação, ou seja, a que for maior (refere-se às figuras UW 16.1 e UW 16.2 do Código ASME, Seção VIII, Div. 1), exemplo abaixo. k) A espessura do pescoço do bocal, medida na junta de ligação entre o pescoço e o flange do bocal. l) A espessura da solda, medida no ponto de ligação, quando uma parte não sujeita à pressão é soldada a uma parte sujeita à pressão. m) A espessura da solda nas ligações tubo/ espelho. n) No caso de reparos, é a profundidade da solda de reparo. Nota: O alívio térmico de tensões pode ser conduzido em duas etapas (técnica da parede) desde que a sobreposição das partes aquecidas seja igual ou maior que 1,5 m. Carregamento do Forno Durante o carregamento, são tomados cuidados, a fim de evitar deformações. As peças devem ser colocadas sobre calços para permitir a circulação do ar quente para que todas as superfícies sejam aquecidas uniformemente. A temperatura do forno para o início do ciclo térmico não deve exceder 427°C (800°F), sendo que até atingir essa temperatura o forno pode ser aquecido sem controle ou registro da temperatura, a partir desse ponto o controle e o registro da curva são obrigatórios. t1 pode ser diferente de t2 AA B Espessura nominal = B + 2A 45 Cuidados durante o alívio Durante os períodos de aquecimento e de retenção da temperatura de tratamento, nos fornos a gás ou óleo, evita-se a incidência direta da chama sobre as superfícies, se necessário, através da colocação / montagem de defletores. Devem ser tomadas precauções para evitar a expansãodo ar retido nas soldas parcialmente penetradas deixando um dos topos aberto para a saída dos gases, essa precaução tem por objetivo evitar trincas de origem mecânica que poderão ocorrer nessas condições. Termopares Onde conjuntos soldados são tratados em uma única carga de forno, os termopares deverão ser colocados nas posições da carga onde possa ocorrer variações de temperatura. Para tanto será necessário no mínimo 4 termopares, independente do peso ou dimensão da carga, sendo que em cargas onde existe grande variação de espessuras e eventuais zonas mais aquecidas, se recomenda utilizar seis termopares acoplados a um registrador gráfico com controlador de potência. Os termopares devem ser fixados na espessura mais fina e na mais grossa, no topo e na base da carga, e se possível, o mais próximo e o mais longe da porta do forno. A distância entre termopares, em qualquer direção, não deve exceder a 4,5 m. A fixação dos termopares nunca deve ser feita sobre um cordão de solda do equipamento a ser aliviado. A fixação deve ser através de porcas ranhuradas ponteadas no equipamento com dois pontos de solda, utilizar eletrodo AWS E 309-16. Os termopares uma vez alojados nas ranhuras, devem ser levemente pressionados contra a peça por parafuso conforme figura. Termopar Porca ranhurada Termopar Parafuso 46 Gráfico para alívio de tensões - ASME Code - Section VIII Taxa de Aquecimento Acima de 427°C (800°F), a taxa de aquecimento não deve ser maior que 222°C/h (400°F/h) dividido pela máxima espessura de solda das peças, em polegadas; em nenhum caso a taxa de aquecimento deve ser maior que 222°C/h (400°F/h), vide tabela C. Em nenhum caso a taxa de aquecimento precisa ser menor que 37°C/h (100°F/h). Durante o período de aquecimento, as temperaturas não devem ter variação maior que 139°C (250°F). Tempo mínimo de patamar O componente ou equipamento deve ser aquecido até a temperatura especificada, pelo período de tempo indicado na Tabela A. Durante o patamar, a maior diferença entre o ponto mais frio e o ponto mais quente, não deve ser maior que 83°C (150°F), exceto onde os limites suplementares de variação são especificados. Número P Número do Grupo Temperatura de Tratamento Térmico (°C) Tempo mínimo de permanência (t) para cada espessura (e) para Tratamento Térmico e 2” 2” < e 5” e > 5” 1 1, 2 e 3 593 - 625 (1100°F - 1157°F) t = 1h para cada polegada de espessura. Mínimo de 15 minutos. t = 2h mais 15 minutos para cada polegada acima de 2”. t = 2h mais 15 minutos para cada polegada acima de 2”. 3 1, 2 e 3 4 1 e 2 593 - 625 (1100°F - 1157°F) t = 1h para cada polegada de espessura. Mínimo de 15 minutos. t = 1h para cada polegada de espessura. t = 5h mais 15 minutos para cada polegada acima de 5”. 5 1 e 2 680 - 700 (1256°F - 1292°F) 9A 9B 10A 10B 1 1 1 1 593 - 625 (1100°F - 1157°F) 10C 1 593 - 625 (1100°F - 1157°F) 10F 1 593 - 625 (1100°F - 1157°F) Tabela A ºC 1 2 3 4 6 1) Temperatura inicial do tratamento 427 °C 2) Taxa de aquecimento 3) Temperatura de patamar 4) Taxa de resfriamento 5) Tempo de patamar 6) Temperatura final do tratamento 5 Tempo T e m pe ra tu ra 47 Taxa de Resfriamento Acima de 427°C (800°F), o resfriamento é feito no forno fechado, abaixo de 427°C (800°F), pode ser resfriado fora do forno, desde que não haja a presença de ventos. Acima de 427°C (800°F), a taxa de resfriamento não deve ser maior que 222°C/h (400°F/h) dividido pela maior espessura de solda, em polegadas; em nenhum caso, a taxa de resfriamento é maior que 222°C/h (400°F/h), vide tabela C. A taxa de resfriamento não precisa ser menor que 37°C/h (100°F/h). Durante o resfriamento, as temperaturas registradas não devem ter uma variação maior que 139°C (250°F). Redução da temperatura de patamar A redução de temperatura de patamar do tratamento térmico com o consequente aumento do tempo de permanência pode ser aplicado, desde que permitido pelas notas da tabela UCS-56 do Código ASME, Seção VIII, Divisão I, para cada material. Quando esta solução é aplicada, a redução de temperatura com o consequente aumento do tempo, deve ser de acordo com a tabela B. Tempo em função da redução da temperatura Redução da Temperatura de Tratamento Térmico Tempo Mínimo de Permanência (horas / polegada) 28°C - 50°F 2 56°C - 100°F 4 83°C - 150°F 10 111°C - 200°F 20 Tabela B Taxa máxima de aquecimento e resfriamento por espessura Espessura (polegada) Taxa Máxima de Aquecimento e Resfriamento t 1 222°C/h - 400°F/h 1 < t 1.1/4 160°C/h - 320°F/h 1.1/4 < t 1.1/2 130°C/h - 266°F/h 1.1/2 < t 1.3/4 110°C/h - 230°F/h 1.3/4 < t 2 100°C/h - 212°F/h 2 < t 2.1/2 80°C/h - 176°F/h 2.1/2 < t 3 65°C/h - 149°F/h 3 < t 3.1/2 55°C/h - 131°F/h 3.1/2 < t 4 50°C/h - 122°F/h 4 < t 5 40°C/h - 104°F/h 5 < t 6 37°C/h - 100°F/h 6 < t 7 7 < t 8 8 < t 9 9 < t 10 Tabela C 48 Alívio de tensões localizado Existem equipamentos portáteis que podem ser levados ao local da soldagem e através de um sistema de pirometria conseguem controlar as temperaturas e registrar o ciclo térmico. Tais equipamentos também liberam ou cortam a energia elétrica das resistências, nas áreas de aquecimento em função da curva de tratamento térmico desejada. A seguir veja a foto de uma unidade de controle para alívio de tensões com dez canais de pirometria e registrador gráfico necessário para o alivio de tensões. Painel de comando para alívio de tensões localizado Para uma melhor uniformidade da curva de aquecimento deve ser feita uma isolação com mantas de fibra cerâmica em torno da junta a ser aliviada. A distribuição dos termopares deve ser estudada caso a caso buscando a melhor regularidade na área aquecida. Resistência sob manta de fibra cerâmica e termopares 49 7 Soldagem de ligas específicas 7.1 Soldagem do ferro fundido Os metais denominados ferro fundido, são ligas de ferro que possuem normalmente teores de carbono elevados, existem diversos tipos de ferros fundidos, a saber: cinzento, nodular, branco e maleável, entre outros e podem ser obtidos em função da adição de elementos de liga ou de tratamentos térmicos durante a fabricação. O ferro fundido, independentemente do tipo, é um material de baixa soldabilidade e, portanto, requer algumas técnicas específicas para preservar sua integridade. O ferro fundido cinzento é o tipo mais comum de ferro fundido soldável, particularmente devido a seu baixo custo quando comparado ao tipo nodular, sendo esse último também considerado como sendo soldável. Ferro fundido cinzento (características) Considerado o mais comum dentre os vários tipos devido sua razoável soldabilidade, possui baixo custo e boa usinabilidade além de possuir alta fluidez na fundição, permitindo a fundição de peças com paredes finas e complexas, este tipo de material é muito utilizado pela indústria de máquinas e equipamentos, indústria automobilística, ferroviária, naval e outras, sendo geralmente utilizados em: buchas, polias, anéis, corpo de máquinas, flanges, mancais, acoplamentos; cremalheiras, carretéis entre outras aplicações. O ferro fundido cinzento tem considerável quantidade de grafita livre, o que lhe confere uma cor cinza na superfície fraturada. O carbono no ferro cinzento é normalmente próximo a 0,8%. Fogão a lenha em ferro Tampa de compressor em Fundido cinzento ferro fundido cinzento 50 Ferro
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