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Resumo - 2A Prova SistAmica

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1 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS 
FACULDADE DE PSICOLOGIA (FAPSI) 
 
 
 
 
 
Victor dos Santos Morais 
 
 
 
 
Conteúdo 2º Prova Teoria Sistêmica 
 
 
 
 
 
Resumo 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2022 
 
2 
 
 
 
Victor dos Santos Morais 
 
 
 
 
 
 
Conteúdo 2º Prova Teoria Sistêmica 
 
 
 
 
 
Resumo do conteúdo da 2º Prova da 
disciplina Teoria Sistêmica, do curso de 
Psicologia, 6º período. 
 
Professora: Ana Paula Carvalho 
Pereira Passos 
Disciplina: Teoria Sistêmica 
Turma: 2873.1.01 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2022 
3 
 
Sumário 
 
 
Paradigma/Ciência Tradicional e Pós-Moderna..............................................4 
Características de Sistemas.............................................................................6 
Sete saberes - Edgar Morin.............................................................................7 
Pensamento Complexo De Edgar Morin........................................................11 
Teoria do Caos.................................................................................................12 
Estruturas Dissipativas...................................................................................13 
Sistemas Complexos Adaptativos.................................................................14 
Operadores da complexidade:.......................................................................15 
Tetragrama Organizacional.............................................................................20 
Recusas Fundamentais...................................................................................21 
Prigogine..........................................................................................................22 
Maturana e Varella...........................................................................................23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Paradigma 
Focaliza sempre as relações entre os elementos componentes do sistema que 
distingue e também sua própria e inevitável relação com esse sistema. Cria 
contextos conversacionais – colaborativos e de autonomia - em que os 
participantes possam construir conjuntamente as soluções para as situações-
problema, que eles mesmos tenham distinguido. 
 
A CIÊNCIA TRADICIONAL 
 
 
Simplicidade: há a crença de que ao separar o complexo em partes é possível 
conhecê-lo e, nessa direção, as pesquisas científicas estabelecem uma “atitude 
de análise e busca de relações causais lineares”. 
Estabilidade: refere-se à crença de que o mundo é estável, ou seja, que há 
regularidade e ordenação, cujo funcionamento pode ser conhecido, controlado, 
previsto, explicado a partir da formulação de leis explicativas sobre os 
fenômenos. 
Objetividade: compreende que a realidade existe independente do observador, 
sendo possível conhecê- la objetivamente, sem a interferência da subjetividade 
do pesquisador. 
 
A CIÊNCIA PÓS-MODERNA 
A ciência pós-moderna envolve ultrapassar os pressupostos da ciência 
tradicional, sendo caracterizada pelos pressupostos da: 
5 
 
Complexidade, que segundo a epistemologia desenvolvida por Edgar Morin, se 
sustenta em três princípios: 
Dialógico: considera a realidade como multiversa, ou seja, parte da premissa 
de que coexistem múltiplas versões sobre os fenômenos e descarta a 
necessidade de que se chegue a um entendimento unificador. 
Recursividade: em latim recurrere, significa tornar a correr, percorrer de novo, 
e alude à relação que se estabelece entre produto e produtor, ou seja, concebe 
que o produto é produtor daquilo que produz, inviabilizando explicações lineares 
e unicausais. 
Hologramático: considera que a parte está no todo, assim como o todo está na 
parte, lógica vigente tanto no mundo biológico, como no mundo sociológico. 
E além disso levamos em conta também os seguintes pressupostos: 
Instabilidade: surge como revisão da ideia de mundo estável, da ciência 
tradicional, ao considerar que o mundo está em processo dinâmico de 
transformações. 
Intersubjetividade: Considera a impossibilidade de se conhecer objetivamente 
o mundo, ao reconhecer que a realidade emerge das distinções feitas pelo 
pesquisador, em espaços consensuais e como construção social(Maturana & 
Varela, 2001; Maturana, 2014a, 2014b). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Características de Sistemas 
Quando o sistema não possui uma interface de troca de informação com o seu 
meio, este é um sistema fechado. Quando um sistema ocorre de forma 
espontânea e não foram intencionalmente desenhados, este é um sistema 
natural. 
Não Linearidade: Você afeta a cultura da organização mas a cultura também te 
afeta. Uma pequena mudança pode ter um efeito devastador no sistema. 
Adaptabilidade(Homeostase): Um sistema complexo se adaptada ao seu meio 
de acordo com a necessidade. Pense no seu corpo regulando a temperatura de 
acordo com o ambiente. 
Emergência: É a criação de ideias, estruturas ou eventos que não são obra de 
nenhum agente específico do sistema, mas da interação entre todas as partes. 
Normalmente este conceito é sumarizado com a máxima “o todo é maior do que 
a soma individual das partes”. 
Auto-organização: É a capacidade de criar processos, times, políticas a partir 
das próprias regras internas do sistema. 
Reprodução (Autopoiese): É a capacidade de criar outros sistemas e 
subsistemas a partir de si mesmo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Sete saberes - Edgar Morin 
 
1 Saber - O conhecimento 
As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão dizem respeito ao próprio 
conhecimento que o indivíduo possui. Isso quer dizer que Morin pondera 
algumas inquietações no que diz respeito à palavra conhecimento. 
Conforme postula o próprio autor, muito embora a instituição escolar forneça 
uma gama vasta de conhecimento aos alunos de maneira natural, essa mesma 
instituição não ensina, de fato, o que é conhecimento. Em seguida, Morin nos 
faz refletir acerca do que é conhecimento propriamente dito. 
Para Morin, conhecimento nada mais é que uma tradução, a não dizer 
reconstrução da realidade; e, justamente por não ter total fidelidade em refletir a 
realidade, este mesmo conhecimento se torna vulnerável ao erro. Não é, 
portanto, fidedigno em sua totalidade à realidade. 
 
2 Saber - O conhecimento pertinente 
Os princípios do conhecimento pertinente, que apresenta suas raízes na lacuna 
do “não ensinamento” das condições de um conhecimento que seja ‘pertinente’ 
ao aluno. 
Morin fundamenta suas ideias ao apontar o modelo predominante, conhecido por 
ensino disciplinar, responsável por demonstrar apenas a parte (fragmento), e 
não o todo (totalidade). 
Todavia, para o autor, é necessário que o aluno veja o todo, tendo assim, uma 
visão de completude, para que, após, o conhecimento seja, de fato, colocado em 
um grande contexto. 
Tão logo, a Educação fica responsável por promover nos estudantes a chamada 
“Inteligência geral dos indivíduos”; inteligência essa que vigora sua eficiência ao 
ocasionar nos indivíduos a referência ao complexo, ao contexto, de maneira 
multidimensional. 
8 
 
Sendo assim, o conhecimento pertinente é aquele que ocorre quando posto em 
um grande contexto. Para materializar a importância dessa contextualização, 
Morin demonstra o exemplo da Economia (Ciências econômicas), que, conforme 
sabemos, é uma das ciências humanas que têm em seu bojo o cálculo, a bolsa 
de valores, mas que também se estende e tange o social, uma vez que fatores 
econômicos imprevisíveis podem acontecer, e estes envolvem, diretamente, 
aquele que investe; ou seja, o ser humano. 
Ainda, o conhecimento pertinente deve englobar a chamada complexidade. Isto 
é, também deve abranger aquilo que é complexo. Para Morin, o complexo diz 
respeito à união da unidade para com a multiplicidade. 
3 Saber - A condiçãohumana 
Ensinar a Condição Humana; aquele que se relaciona com o da identidade 
humana. Para Morin, a identidade humana se constitui como indecifrável, e é, 
por muitas vezes, ignorada. Todavia, para o autor, há uma relação existente que 
precisa ser colocada em voga: o ser humano como parte constituinte intrínseca 
da sociedade e vice-versa. 
Logo, embora haja a divisão das disciplinas nas conhecidas “ciências 
pluridisciplinares”, todas essas abrangem o ser humano. 
Dentro dessas ciências pluridisciplinares, encontramos algumas ciências, as 
quais podemos citar como exemplo: cosmologia, pré-história, ciências da terra e 
ecologia. 
A intenção de Morin em lançar esse saber é também demonstrar que nós, como 
seres humanos, nos constituímos como parte de uma sociedade, bem como de 
uma única espécie (homo sapiens). Ainda, enfatiza que a sociedade, por sua 
vez, prevalece por conta das interações vivenciadas pelos indivíduos; sem essas 
interações entre os indivíduos, é impossível que a sociedade se constitua como 
tal. 
4 Saber - A compreensão humana 
O quarto saber colocado por Morin diz respeito à compreensão humana. O autor 
levanta tal questão ao observar que até o presente momento em que ele 
9 
 
escrevia, a compreensão não era ensinada, uma vez que predominava a ideia 
de que “na escola não se ensina sobre como compreender uns aos outros”. 
Nesse contexto, o sentido da palavra compreensão também abrange e comporta 
o sentido de “empatia” e “identificação”, a considerar a comunicação humana 
(comunicação entre os seres humanos) como um elemento fundamental e 
imprescindível. O exemplo concreto utilizado por Morin é o do choro. Isto é, para 
compreender a razão do choro, olhar e analisar as lágrimas em um microscópio 
não é a solução para tal situação. É necessário, por outro lado, perguntar ao 
outro a razão de seu choro, de suas dores. 
Todavia, ao passo que uma sociedade caracterizada pelo intenso individualismo 
emergiu, alguns aspectos sobre a responsabilidade individual ganharam força 
cada vez mais, dando voz, por sua vez, a muitos aspectos relacionados ao 
egocentrismo. A compreensão, nessa perspectiva, não se dá apenas para com 
o próximo, mas engloba o indivíduo consigo mesmo, uma vez que a auto análise 
também se configura como necessária. 
 
5 Saber - A incerteza 
Superficialmente, falar sobre incerteza ao lidarmos com ‘conhecimentos’ pode 
parecer um grande paradoxo, uma vez que, predominantemente, a instituição 
escolar se destinou a ensinar somente as “certezas” conceituais e científicas. 
Entretanto, com o passar do tempo, foi possível notar o surgimento e ascensão 
daquilo que é inesperado. 
Como exemplo concreto, podemos olhar para a História, por exemplo, uma vez 
que muitos acontecimentos/fatos inesperados aconteceram ao longo tempo. 
 
6 Saber - A era planetária 
Assunto esse que se relaciona, principalmente, com a era da globalização do 
século XX. 
Todavia, para Morin, essa globalização tem suas raízes no século XVI por meio 
da colonização da América. Ainda, quando Morin discorre sobre a condição 
10 
 
planetária, é importante mencionar o ponto que o autor levanta acerca da 
dificuldade em conhecer o planeta, uma vez que processos de diferentes origens 
(ideológicos, econômicos, sociais, etc) são complexos e estão intimamente 
imbricados. 
 
7 Saber - A antropoética 
Tal saber diz respeito ao que Morin nomeia como antropo-ético, uma vez que 
problemas no âmbito da ética e da moral variam de uma cultura para outra. 
Ainda, Morin vincula intimamente a antropo-ética à democracia, uma vez que é 
na democracia que o indivíduo desenvolve a consciência de uma relação 
indivíduo-sociedade, embora para Morin a democracia não aconteça de maneira 
completa, absoluta. Logo, o autor enfatiza a importância de que o indivíduo 
exerça a cidadania em sociedade, de maneira que sua responsabilidade seja 
colocada em perspectiva, dando lugar também para a tomada de consciência 
social que se faz necessária. 
Em linhas gerais, Morin vem a defender uma reforma que seja paradigmática, e 
não, programática. Mas, o que isso quer dizer afinal? Isso quer dizer que é 
necessário, logo, ensinar o conjunto, e não apenas uma parte da realidade, uma 
vez que é neste conjunto que reside a maior probabilidade de o conteúdo ser 
inserido de modo assertivo no grande contexto (aquele já mencionado 
anteriormente). 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
PENSAMENTO COMPLEXO DE EDGAR MORIN 
 
Edgar Morin faz uma distinção entre “complexidade restrita” e “complexidade 
geral”. 
A Complexidade restrita permanece escrava da epistemologia da ciência 
tradicional e vê a complexidade como emergente das interações de 
componentes ou agentes simples. 
Assume que a complexidade pode ser explicada com base no desenvolvimento 
de equações não lineares ou em algumas regras que governam as interações 
dos agentes. Os sistemas climáticos podem ser difíceis de prever, mas os 
meteorologistas conhecem as equações básicas que os fundamentam. 
O comportamento de bandos de pássaros pode parecer insondável, mas apenas 
três regras precisam ser conhecidas para construir simulações de computador 
precisas. A principal preocupação é com o caos determinístico. 
Segundo Vasconcellos (2010), Morin afirma que “a Cibernética, além de não ter 
desenvolvido o princípio da complexidade, subordinou a comunicação ao 
comando, tornando- se uma ciência do controle organizacional e conduzindo a 
práticas tecnocêntricas, tecnomórficas e tecnocráticas”. 
Assim, Edgar Morin propõe um movimento que resgate e integre todos os 
momentos e aspectos da Cibernética de primeira ordem fazendo emergir um 
novo olhar, que considere a noção de obrigação recíproca entre as partes. 
A cibernética de primeira ordem descrevia os sistemas como se fossem 
independentes de quem os observa. A cibernética de segunda ordem inclui o 
observador no sistema observado, por isso segunda ordem. 
Esta discussão é importante porque representa uma ruptura com uma 
perspectiva ontológica e realista dos sistemas e se configura como uma 
epistemologia, isto é, a cibernética de segunda ordem funciona como um 
instrumento de investigação das percepções do obervador. Este foi um salto 
essencial no pensamento sistêmico porque trouxe o pressuposto da 
intersubjetividade. 
12 
 
TEORIA DO CAOS 
 
Aprendemos com a Teoria do Caos que pequenas alterações nas condições 
iniciais de um sistema podem causar grandes impactos que são completamente 
imprevisíveis. 
Embora alguns fenômenos sejam caóticos, ainda é possível observar padrões 
que são conhecidos como “atratores estranhos”. 
Além disso, também vimos que os atratores estranhos parecem se comportar 
como fractais, isto é, padrões que podem ser observados repetidamente 
independente da escala observada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
ESTRUTURAS DISSIPATIVAS 
 
Aprendemos com a teoria das estruturas dissipativas que sistemas abertos não 
podem ser descritos pela termodinâmica clássica, uma vez que operam 
naturalmente longe do equilíbrio. 
Prigogine demonstrou que processos de auto-organização ocorrem nesses 
estados longe de equilíbrio e acabam por apresentar um comportamento 
complexo. 
Dada a complexidade desses fenômenos, podemos descrevê-los como 
processos irreversíveis, que não estão sujeitos à mecânica clássica de Newton. 
A maior inferência que pode ser extraída daqui é que processos aparentemente 
caóticos possuem uma ordem oculta que se manifesta de forma espontânea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
SISTEMAS COMPLEXOS ADAPTATIVOS 
 
Podemos observar estruturas emergentes de fenômenos sociais a partir das 
“regras de interação locais” entre os agentes do sistema. 
Regras simples podem gerar comportamento complexo, como vimos no caso da 
simulação dos Boids. 
É possível construir modelos de comportamentos complexos a partir dessas 
regras de interaçãolocal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Operadores da complexidade: 
 
Circularidade: A circularidade (ou recursividade) é o operador fundamental. Os 
demais estão muito ligados a ele. Como acabamos de ver, são variantes, modos 
diferentes de apresentação de um mesmo fenômeno. Pode-se até dizer que a 
circularidade é o único conceito operacional do pensamento complexo, e que os 
outros cinco são maneiras diversas pelas quais ele se manifesta. Porém, por 
motivos didáticos, é necessário falar deles em separado. Não há fenômeno de 
causa única no mundo natural nem no cultural. Onde houver seres vivos as 
relações serão sempre circulares. Por mais que pareçam lineares, elas são não-
lineares: os efeitos retroagem sobre as causas e as realimentam. Com isso são 
corrigidos desvios, o que faz com que os ciclos se mantenham em 
funcionamento e os sistemas se conservem vivos. O mesmo raciocínio se aplica 
a sistemas não-vivos. Vimos que a esse mecanismo Wiener chamou de 
feedback (retro-alimentação). À disciplina criada com esse conceito ele 
denominou de cibernética, que pode ser definida como a ciência que estuda os 
sistemas de controle. Aqui a palavra “controle” deve ser entendida no sentido de 
“manutenção de um rumo”. 
 
Os sistemas cibernéticos são circulares e auto-reguladores. Seu funcionamento 
se dá pela constante adaptação ao ambiente, que por sua vez (no caso de seres 
vivos) se adapta a eles. A circularidade, ou feedback, traduz a capacidade de 
um sistema para manter-se em equilíbrio diante das variações do meio. Permite 
comparar sempre os resultados de uma ação com um modelo pré-estabelecido. 
É, pois, indispensável ao controle de processos. Em casos de desvios ou 
imprevistos, o sistema de regulação entra em jogo e faz com que o padrão 
funcional desejado seja mantido. No caso das relações interpessoais, o feedback 
tem um papel essencial. Para que tais relações se mantenham harmoniosas, é 
necessário que as pessoas troquem informações entre si. Esse intercâmbio 
define e estabiliza os comportamentos e com eles o clima grupal. Se a conduta 
de alguém fugir ao modelo consensual de convivência, seus companheiros 
16 
 
podem dar-lhe feedbacks sob a forma de críticas, aconselhamento ou atitudes 
semelhantes. 
 
Autoprodução: Os sistemas vivos produzem e organizam a si próprios. São 
portanto autoprodutores e auto-organizadores. De fato, sabe-se que ao longo da 
vida as células de nossos organismos morrem e logo são substituídas por outras. 
É o que se observa de forma espontânea e também na cicatrização de 
ferimentos e na consolidação de fraturas. Por isso, diz-se que somos ao mesmo 
tempo produtores e produtos. Esse princípio vale para todos os seres vivos e 
seus ambientes. Os grupos, as organizações e as instituições humanas não são 
exceção. 
Assim, pode-se dizer que os sistemas vivos são autônomos. No entanto, como 
vimos antes, para manter essa condição eles dependem de elementos que estão 
no meio ambiente: ar, água, alimentos, informação e a convivência com mais 
seres vivos de sua própria espécie e de outras. Em vista disso, é possível dizer 
que os seres vivos são autônomos mas não independentes. De modo paradoxal, 
são ao mesmo tempo autônomos e dependentes. A essa condição, Morin deu o 
nome de paradoxo autonomia-dependência. 
 
Dialógica (ou operador dialógico): 
A palavra “dialética” significa conversação, diálogo entre posições contrárias. 
Para Hegel, toda ideia é uma tese, que provoca o surgimento de outra que lhe é 
oposta – uma antítese. Do embate entre as duas surge a síntese, que é a 
resolução da contradição. A síntese é o resultado da superação da tensão entre 
os opostos tese e antítese. Na concepção hegeliana, as contradições sempre 
encontram solução: não são insuperáveis e cedo ou tarde se conciliam numa 
unidade que lhes é superior. As oposições vistas como insuperáveis (os 
paradoxos) seriam estados de transição, que cedo ou tarde se resolveriam em 
sínteses. 
A palavra “dialógica” significa que há contradições que não se resolvem. Nelas, 
a tensão do antagonismo é persistente. Tais casos fazem parte da complexidade 
17 
 
natural do mundo e de seus fenômenos. Morin observa que nem sempre é 
possível nem necessário resolver todas as contradições. Há muitos casos em 
que é preciso conviver com elas. São estados paradoxais, inerentes à natureza 
dos sistemas vivos, e tentar resolvê-los por eliminação além de inútil seria um 
desperdício de energia mental. São, enfim, opostos ao mesmo tempo 
antagônicos e complementares. 
 
O operador hologramático: Para definir o operador hologramático Morin usa a 
metáfora do holograma, a fotografia obtida pelo processo holográfico. Nesse tipo 
de imagem, cada ponto contém quase a totalidade do objeto reproduzido. Isto é, 
as partes estão contidas no todo, mas o todo também está contido em cada uma 
das partes que o constituem. O pensamento complexo, tal como desenvolvido 
por Morin, conceitua a relação entre o todo e as partes por meio de quatro 
princípios: a) o da emergência; b) o da imposição; c) o da complexidade do todo; 
c) o da distinção mas não-separação entre o objeto (ou o ser) de seu ambiente. 
O princípio da emergência diz que o todo é superior à soma das partes. É o que 
mostra o fenômeno das propriedades emergentes. Um bom exemplo são as ligas 
metálicas, que têm propriedades que não existem em cada um dos metais que 
as constituem. Outro é o que ocorre quando um grupo se reúne para discutir um 
determinado assunto ou problema. Das interações que se estabelecem 
costumam surgir idéias novas, que antes não haviam ocorrido aos participantes. 
A sabedoria de um grupo é maior do que a soma das sabedorias de seus 
componentes. 
O princípio da imposição diz que o todo é inferior à soma de suas partes. Isso 
significa que as qualidades ou propriedades das partes, quando consideradas 
em separado, diluem-se no sistema. Tornam-se latentes, virtuais. É o que ocorre, 
por exemplo, em um coral. Por mais destacadas que sejam as qualidades da voz 
de um ou de vários de seus participantes, eles têm de restringi-las ao que a 
totalidade do coral exige. Num time de futebol, por mais hábil que seja um 
determinado jogador quase sempre ele precisa jogar com e para o conjunto. 
 
18 
 
Integração sujeito-objeto: Francisco Varela assinalou que estudos sobre a 
visão de cores revelaram fatos importantes. Lembremos alguns: a) os seres 
humanos veem o mundo em quatro cores; b) os pombos veem o mundo em cinco 
cores; c) as abelhas veem o mundo em ultravioleta; d) os morcegos não veem o 
mundo: interagem espacialmente com ele por meio de um mecanismo 
semelhante ao sonar. Cabe, portanto, a pergunta: afinal de contas, de que cor é 
o mundo? É razoável imaginar que ele deve ter uma ou muitas cores. Mas 
também é razoável deduzir que o vemos segundo a nossa estrutura, isto é, de 
acordo com o modo como estamos equipados para vê-lo. 
Dessa maneira, o mundo que percebemos é o que podemos perceber. Já 
aprendemos, com o operador hologramático, que há evidências de que tudo está 
ligado a tudo. Distanciamento físico não quer dizer desligamento real. O 
observador não está separado daquilo que observa, embora possa estar 
macroscopicamente distanciado. Portanto, não podemos viver no mundo como 
se não fizéssemos parte dele. Por estar todos no mesmo mundo somos ao 
mesmo tempo sujeitos e objetos, percebedores e percebidos. Se a consciência 
é sempre a consciência de alguma coisa, as coisas são sempre coisas para 
alguma consciência. 
A realidade é aquilo que percebemos objetiva e subjetivamente. É o que 
observamos e o que sentimos e pensamos em relação ao que observamos. A 
postura objetiva é real, mas a pretensão de que seu resultado final seja só 
objetivo não é real, pois não existe conhecimento em que não entrem ao mesmo 
tempo a objetividade do que se conhece e a subjetividade do conhecedor.A 
percepção é um diálogo, uma transação entre o observador e o observado, entre 
o percebedor e o percebido. Por meio apenas da objetividade não se pode 
conhecer o mundo real. Por meio apenas da subjetividade também não se pode 
conhecê-lo. Para conhecer a realidade, é preciso estabelecer uma relação com 
ela, interagir, trocar, conviver. 
É das relações que emergem as percepções. No encontro do observador com o 
observado, a ênfase não pode ser posta apenas no primeiro nem só no segundo. 
Em qualquer das hipóteses, desviaríamos o foco daquilo que na realidade conta: 
o fenômeno da observação, que é uma relação. A ciência e o conhecimento não 
existem apenas na “subjetividade” das teorias dos cientistas nem na 
19 
 
“objetividade” do mundo. Nasce da relação entre elas. O conhecimento, seja o 
científico, seja o do cotidiano, é um “relato” dessa relação. É uma tentativa de 
“contar a história” dela, de falar sobre as propriedades novas que daí emergem. 
 
Ecologia da ação: 
Morin propôs dois princípios para a ecologia da ação, que Lise Laférière ampliou 
para três: a) O nível de eficácia ótima de uma ação se situa no início do seu 
desenvolvimento; b) a ação não depende só da intenção ou intenções de seu 
autor: depende também das condições peculiares do ambiente no qual ela 
acontece; c) a longo prazo, os efeitos das ações são imprevisíveis. Tudo isso 
significa que, ao interagir com os múltiplos fatores do ambiente, uma ação está 
sujeita à aleatoriedade, à imprevisibilidade e à incerteza próprias desse 
ambiente. Em outras palavras, ela está sujeita a múltiplas variáveis. 
A ecologia da ação se baseia na observação de que o curso da história não é 
linear. A não-linearidade histórica é uma manifestação da complexidade, que 
inclui a ordem, a desordem e a organização. Isso significa que, como observa 
Morin, toda ação está sujeita ao determinismo mas também está sujeita ao 
acaso. Como disse o historiador Fernand Braudel, os homens fazem a Historia, 
a História os arrasta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Tetragrama Organizacional 
 
A ordem estabelecida, em função de aspectos do acaso, desintegra-se, 
desordenando seu estado original e é a partir dessa desordem que se inicia o 
processo de transformação e o sistema se organiza novamente. Então é a 
cooperação do paradoxo ordem-desordem que promove a organização. 
O conceito de ordem transcende a antiga idéia determinista de estabilidade, 
permanência, imutabilidade e constância. Sustenta-se a idéia das interações 
mútuas, o que significa que nada existe sem influências (internas e externas) e 
sua interdependência. 
Morin (1996: 204) analisa esse tetragrama quando diz que ele “... permite-nos 
conceber que a ordem do universo se autoproduz, por meio das interações 
físicas que produzem organização, mas também desordem”. 
Finalizando, diz que “A necessidade de pensar, em conjunto, as noções de 
ordem, de desordem e de organização na sua complementaridade, concorrência 
e antagonismo, nos faz respeitar a complexidade física, biológica e humana. 
Pensar não é servir às idéias de ordem ou de desordem, é servir-se delas de 
modo organizador e, às vezes, desorganizador, para conceber nossa realidade”. 
(1996: 231) (grifo nosso) 
 
 
 
 
21 
 
Recusas Fundamentais 
 
1. Recusar a separação entre a razão e a emoção, entre ciência e arte. 
2. Assumir as implicações da recusa: tensão entre as relações 
3. Recusar que o Estado é o único balizador dos movimentos do 
conhecimento cientifico. 
Você tem que recusar a separação entre a razão e a emoção. Por exemplo: 
recusar a separação entre ciência e arte, entre ciência e mito, que está 
incrustada no pensamento ocidental pelo menos desde Descartes. Essa é a 
primeira recusa. A segunda você tem que assumir e recusar. Assumir as 
implicações da recusa que há entre o singular e o universal, o local e o global, o 
sujeito e o objeto. Há sempre uma relação de tensão entre o local e o global, não 
há nunca uma relação de total harmonia. São opostos que se juntam, mas 
precisa ser entendida dessa maneira. Muitas vezes nós tendemos a isolar os 
opostos. Como os opostos que seriam irreconciliáveis. O pensamento complexo 
nos ensina a assumir a tensão: entre o singular e o universal, entre o global e o 
local, o individual e o coletivo. Assumir a tensão, mas tentar fazer com que se 
estabeleça um canal de comunicação entre esses dois elementos. Em outras 
palavras: o que era aparentemente considerado como posto pode dialogar entre 
si. A terceira recusa, talvez seja a mais complicada, é aquela que diz que 
precisamos recusar que o estado é o único balizador do conhecimento científico. 
Há outras instituições que o fazem, que não seja o Estado, e por vezes o fazem 
muito melhor. O Estado é regido por normas, padrões, por religiosidades. Então, 
assumir que o Estado não é o único balizador dos movimentos do conhecimento 
cientifico. Se você junta essas três modalidades, acopla essas três modalidades 
aos saberes você produzirá currículos muito mais criativos. Você poderia pensar 
que não seria estranho, por exemplo, numa escola ao invés de filosofia, por 
exemplo, você ter uma disciplina denominada a Filosofia da Incerteza. Nada 
impede que você ensine uma disciplina com o nome de Fundamentos da 
Condição Humana, nada impede que você tenha uma disciplina que diga 
Indeterminações da Terra Pátria. 
 
22 
 
Prigogine 
 
Sistemas longe do equilíbrio 
Prigogine estudou sistemas químicos não lineares…afastados do equilíbrio, 
onde a instabilidade e desordem…levam a novos modos comportamentais 
novos padrões de interação e assim – novas estruturas. Ele mostrou que 
instabilidade, desordem e imprevisibilidade constituem a base no 
desenvolvimento de novas…e complexas formas de organização. — Estes 
sistemas são estruturas dissipativas feitas de uma variedade de ‘subsistemas’ – 
interagindo não linearmente interna e externamente. 
 
Estruturas Dissipativas 
Sua teoria das ‘estruturas dissipativas’ é tida como o elo perdido que ‘re-une’ 
biologia à física e química. A exclusão dos compostos estritamente físico-
químicos da categoria de seres vivos, a partir de agora, deve-se apenas a 
critérios convencionais, como os que definem ‘vida‘, pela ocorrência de células 
em reprodução. Prigogine estudou sistemas químicos não lineares…afastados 
do equilíbrio, onde a instabilidade e desordem…levam a novos modos 
comportamentais…novos padrões de interação…e assim – novas estruturas. Ele 
mostrou que instabilidade, desordem e imprevisibilidade constituem a base no 
desenvolvimento de novas…e complexas formas de organização. — Estes 
sistemas são estruturas dissipativas feitas de uma variedade de ‘subsistemas’ – 
interagindo não linearmente interna e externamente. 
 
 
 
 
 
 
23 
 
Maturana e Varella 
 
A realidade emerge para nós a partir de nossas distinções 
Daí vem a noção de “acoplamento estrutural”, também desenvolvida por 
Maturana e Varela. O ser vivo, para manter sua organização, precisa estar em 
um permanente estado de congruência com o ambiente em seu entorno. O 
mundo vivo constitui-se, assim, de uma grande comunidade com variadas 
formas de vida, todas em um contínuo estado de interação, em diversas ordens 
de organização, cujos comportamentos afetam-se mutuamente (ser vivo e meio) 
e, assim, vão estabelecendo consensos contextuais que garantem a 
coexistência e a evolução de todos os integrantes dessa imensa rede que é a 
comunidade de biodiversidade na qual estamos inseridos. Como diz Maturana, 
“o que define uma espécie é o seu modo de vida, uma configuração de relações 
variáveis entre organismo e meio”. 
 
Somos unidades autopoiéticas estruturalmente 
 
O termo “autopoiese”, que vem do grego poiesis, referente à produção, significa 
autoprodução. Foi utilizado pela primeira vez no mundo acadêmico em 1974, em 
um artigo escrito por Maturana, Varela e Ricardo Uribe(PhD em cibernética pela 
Universidade Brunel, Londres) para explicar como os seres vivos produzem 
continuamente a si mesmos. Como diz Maturana, a autopoiese é o “centro da 
dinâmica constitutiva dos seres vivos”. Os organismos vivos, desde o nível dos 
componentes celulares às comunidades de seres vivos, são, desse modo, 
sistemas autônomos que se autoproduzem e se autorregulam. Entretanto, 
paradoxalmente, eles também são dependentes, pois precisam recorrer aos 
recursos disponíveis no meio ambiente para manter sua autopoiese. Daí a 
necessidade do pensamento complexo (que abraça as contradições) para 
compreendermos conceitos que melhor explicam a complexidade inerente ao 
mundo real. 
24 
 
 
A linguagem é constitutiva 
Talvez a principal contribuição de Maturana para a ciência tenha sido a 
ampliação do entendimento do que seja conhecimento e realidade e qual a 
relação entre eles. Maturana concebe que a vida, em suas mais variadas formas, 
trata-se de um processo de conhecimento entrelaçado com a realidade. Nas 
palavras dele, “todo ato de conhecer faz surgir um mundo”. Assim, a realidade 
na qual cada indivíduo vive é o que ele constrói a partir da sua percepção, ou 
seja, da sua visão de mundo ou modelo mental, ao mesmo tempo em que esta 
mesma realidade também retroage sobre o indivíduo, construindo-o. 
Convencionou-se chamar esse campo de estudo de biologia da cognição. Aliás, 
o que Maturana revelou pela fenomenologia biológica, nomes como Nietzsche já 
intuíam pela via da filosofia, quando enunciou: “Contra o positivismo, que para 
perante os fenômenos e diz: ‘Há apenas fatos’, eu digo: ‘Ao contrário, fatos é o 
que não há; há apenas interpretações’. Não podemos constatar nenhum fato ‘em 
si’: talvez seja um disparate querer algo assim. Tudo é subjetivo.” Lembrando 
que Nietzsche, como grande parte dos notáveis de sua época, era um pensador 
mais próximo da visão patriarcal, mas com bons insights não patriarcais. Afinal 
de contas, por mais brilhante que seja uma mente em sua capacidade de 
compreensão da complexidade do mundo real, não há como escapar totalmente 
dos condicionamentos patriarcais estando imerso em um modo de vida que 
assim se sustenta. 
Dizer que cada indivíduo produz o mundo e por ele é produzido, num processo 
recursivo e circular, vai de encontro com a ideia ainda hoje predominante 
chamada representacionismo, na qual há uma realidade objetiva independente 
do observador, que constitui a base da cultura patriarcal. Nela, o mundo já é algo 
pré-dado em relação à experiência humana, que nos faz adotar uma atitude 
passiva diante da realidade. É assim que opera, por exemplo, a visão econômica 
de mundo, hoje, hegemônica, que nos impõe como verdade a ideia de que o 
mundo é um grande mercado regido pela competição, meritocracia, consumo e 
acumulação, por meio da qual se procura justificar que não há outra forma de 
sociabilidade que não seja a que nós vivemos atualmente, que tem como 
centralidade o capital. 
25 
 
 
Senso Comum 
 
Maturana sustenta, com base em estudo de registros fósseis de 3,5 milhões de 
anos, que a origem do humano está no surgimento da linguagem e no seu 
entrelaçamento com a emoção, a qual constitui a base das ações humanas, ao 
contrário do que pensa o senso comum que dá centralidade à razão e à 
objetividade nas nossas ações, entendimento que constituiu a base do 
desenvolvimento da ciência moderna, surgida nos séculos XVI e XVII na Europa. 
Como ele mesmo diz, “todo sistema racional tem um fundamento emocional”. No 
entanto, “pertencemos a uma cultura que dá ao racional uma validade 
transcendente, e ao que provém de nossas emoções, um caráter arbitrário.” 
Maturana também sustenta que, do ponto de vista biológico, a aceitação do outro 
é o que dá origem ao social como acontece em qualquer comunidade de seres 
vivos. Entretanto, não é isso que ocorre entre os humanos. As sociedades 
humanas funcionam a partir de uma dinâmica de comportamentos forçados, que 
é o padrão da cultura patriarcal, na qual se sustenta a visão econômica de 
mundo. Esse padrão de comportamento foi reforçado ainda mais pelo chamado 
darwinismo social, que traz a noção de que o mundo é uma grande arena, ideia 
concebida pelo filósofo, biólogo e antropólogo inglês, Herbert Spencer, por 
alguns considerado o profeta do capitalismo laissez-faire, que cunhou a 
expressão “sobrevivência do mais apto”. Essa é uma versão da teoria evolutiva 
da seleção natural, não aceita totalmente pelo próprio Darwin, que ultrapassou 
o domínio da biologia, e estendeu-se até o âmbito cultural.

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