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Peca liberdade provisoria

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... ª VARA CRIMINAL DA COMARCA BELO HORIZONTE /MG.
PROCESSO/INQUÉRITO Nº:... 
INVESTIGADO: João Brutão
João Brutão, brasileiro, solteiro, vendedor, portador da cédula de identidade nº..., inscrito no CPF sob o nº..., residente e domiciliado na Rua Sangrenta, bairro Inferno Vermelho, no município de Belo Horizonte/MG, atualmente detido junto ao Distrito Policial... Nº..., bairro... , por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a concessão de LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA com fulcro no artigo 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal, bem como nos artigos 310, III do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I - FATOS:
O investigado encontra-se recolhido junto à delegacia X, à disposição da justiça, em virtude da prisão em flagrante pelos suposta prática do crime de tráfico de entorpecentes, previsto no artigo 33 da lei 11.343/2006.
No dia Y, do concorrente mês Y do ano Y, por volta das Y horas, o requerente foi surpreendido e abordado por uma guarnição da PMMG, que invadiu o Beco X, situado no aglomerado Buraco Quente, em Belo Horizonte. Ocasião em que, diversas pessoas correram, inclusive João Brutão, sendo este preso e muito próximo ao mesmo foi encontrado um pequeno pote com cinco pedras de substância de crack. Além disso, foram encontradas duas notas de dinheiro, de R$20,00 e outra de R$50,00, totalizando a quantia de R$70,00. Ademais, observando estes objetos, não foram encontrados requisitos para o tráfico, sendo que nem uma balança ou algo que configure tráfico foi encontrado já que João declarou ser usuário, tendo sido autuado em flagrante delito como incurso nas penas do art. 33 da lei 11.343/2006 e estando encarcerado até o dia de hoje na X unidade prisional.
II- FUNDAMENTOS
Apesar de não confirmar peremptoriamente a autoria do delito que lhe é imputado, cediço que tal negativa deverá ser comprovada em outro momento processual, pretende, através do presente pedido, a concessão da liberdade provisória como contracautela à prisão em flagrante, tendo em vista que não estão presentes os requisitos para prisão preventiva disposta no art. 312, do CPP.
O indeferimento da liberdade provisória fora alicerçado, tão somente, em face da vedação abstrata contida na Lei de Entorpecentes. Contudo, este artigo fora considerado inconstitucional pelo STF, consoante se depreende da ementa supra- aludida. Salienta-se, ademais, que o Réu é primário, de bons antecedentes, com ocupação lícita, residência fixa, ofuscando quaisquer dos parâmetros da segregação cautelar, previstos no art. 312 da Legislação Adjetiva Penal.
Urge salientar que, toda medida cautelar exige a presença de pressupostos condicionadores, quais sejam: fumus comissi delicti, caracterizado pela materialidade e indícios suficientes de autoria, o que não é o caso de João Brutão, uma vez que não se pode afirmar que a droga era dele e que durante a abordagem policial não foram encontrados outros indícios materiais, uma balança por exemplo capaz de comprovar a eventual incidência do crime de tráfico, bem como o periculum llibertatis, caracterizado pelo perigo gerado pelo estado de liberdade, e é possível observar que o requerente possui bons antecedentes, é réu primário, tem residência fixa. Posto isso, não pode ser subjugado dos benefícios da lei apenas pela prática de um suposto delito. Aliás, nenhum dos militares que prenderam João Brutão confirmou ver o mesmo mercanciando drogas.
Verifica-se, também, que não há sequer a menor intenção de o requerente se furtar à aplicação da lei penal, até porque possui meios de provar sua inocência, comprometendo-se a comparecer a todos os atos da instrução criminal para os quais for previamente intimado.
Da mesma forma, não há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução criminal, a ordem pública e, tampouco, traga risco à ordem econômica. Portanto, não há risco à aplicação da lei penal e, destarte, não há fundamento que sustente a manutenção do cárcere.
Noutro giro, impende destacar que é regra, no ordenamento jurídico penal, a concessão da liberdade provisória, sem fiança. Conforme, Guilherme de Souza Nucci:
Além disso, a fiança teria a finalidade de garantir o pagamento das custas e também da multa (se for aplicada). Atualmente, no entanto, o instituto da fiança ainda se encontra desmoralizado. Embora seus valores tenham sido revistos pela Lei 12.403/2011, por culpa exclusiva do constituinte, inseriu-se na Constituição Federal a proibição de fiança para determinados casos graves, como os crimes hediondos e assemelhados, dentre outros. Ora, tais delitos comportam liberdade provisória, sem fiança, gerando uma contradição sistêmica. Para o acusado por homicídio qualificado (delito hediondo), o juiz pode conceder liberdade provisória, sem arbitrar fiança; para o réu de homicídio simples (não hediondo), caberia liberdade provisória com fixação de fiança. Diante disso, o autor de infração penal mais grave não precisa recolher valor algum ao Estado para obter a liberdade provisória; o agente de crime mais leve fica condicionado a fazê-lo. Infelizmente, tal erro somente se pode corrigir com uma revisão constitucional [... ].
Logo, pela pertinência da liberdade provisória, sem fiança, impõe-se acentuar que o Requerente não aufere quaisquer condições de recolhê-la, mesmo que arbitrada no valor mínimo.
II- PEDIDOS:
	Posto isso, requer a Vossa Excelência, nos termos do art. 310, III e 319 do CPP a concessão da liberdade provisória, depois de ouvido o representante do Ministério Público, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo para os quais for intimado.
Requer ainda, a expedição do competente alvará de soltura para o cumprimento imediato pela autoridade policial que mantém sua custódia.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
BELO HORIZONTE/MG, DATA.
(assinatura)
NOME DO ADVOGADO
OAB-MG XXXX

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