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Pecas - PENAL

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Para maiores explicações e fundamentos, ler artigo Ação penal: breve revisão.
Peça:
Petição Inicial
Fundamentação: em regra é o artigo 30 do CPP e o artigo 100, parágrafo 2 do CP. Salvo se for Queixa-crime Subsidiária, onde usaremos o artigo 5, inciso LIX da CF de 88, artigo 29 do CPP e o artigo 100, parágrafo 3 do CP.
Modelo:
Como exemplo usaremos o seguinte caso: Enrico comemora aniversário no dia 19 de dezembro. No ano de 2014, planejou festejar a data em uma famosa churrascaria da cidade de Niterói/RJ. Resolveu, então, enviar o convite por meio do Facebook, para todos os seus contatos. Helena, vizinha e ex-namorada de Enrico, que também possui perfil na referida rede social e está adicionada nos contatos de seu ex, soube, assim, da festa. Então, de seu computador, instalado em sua residência, um prédio em Niterói, publicou a seguinte mensagem, no perfil de Enrico, com o intuito de ofender o ex-namorado: “ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”. Imediatamente, Enrico, que estava em seu apartamento, em Niterói, e conectado à rede social por meio de seu tablet, recebeu a mensagem. Abalado, não soube o que dizer aos amigos, em especial a Carlos, Miguel e Ramirez, que estavam ao seu lado naquele instante. Muito envergonhado, Enrico cancelou a festa. Foi instaurado inquérito policial, a partir do relato e da documentação entregue por Enrico.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __º JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE NITERÓI DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.
(pular de 7 a 10 linhas)
ENRICO, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), (RG), (CPF), (endereço) da cidade de Niterói - RJ, por meio de seu advogado que a esta subscreve, cujo o instrumento de procuração com poderes especiais segue anexo (documento 01), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer QUEIXA-CRIME, com fundamento legal no artigo 30 do Código de Processo Penal e no artigo 100, parágrafo 2º do Código Penal, em face de HELENA, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), (RG), (CPF), (endereço) da cidade de Niterói - RJ, pelos motivos a seguir expostos:
DOS FATOS:
Enrico, ora querelante, planejou festejar seu aniversário, que ocorrera no dia 19 de dezembro de 2014, num famoso estabelecimento situado na cidade de Niterói – RJ. Para tanto, optou por convidar seus contatos por meio da rede social facebook.
Ocorre que Helena, ora querelada, sua vizinha e ex-namorada, pertence ao grupo de amigos adicionados na referida página da rede social de Enrico, meio pelo qual ficou sabendo da comemoração do aniversário do querelante.
Por motivos não esclarecidos e com a intenção de ofender o querelante, Helena, por meio de seu computador, instalado em sua residência, localizada na cidade de Niterói, publicou a seguinte mensagem no perfil de Enrico: “ele trabalha todo dia embriagado! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo”.
Enrico, que estava em seu apartamento na companhia de seus amigos Carlos, Miguel e Ramirez, conectado à rede social por meio de seu tablet, abalou-se ao ver a referida mensagem altamente ofensiva postada em sua página do facebook.
Por relevante, imperial registrar que a repercussão desta mensagem causou um enorme abalo emocional em Enrico, de tal modo que, de tão constrangido pela situação ocorrida, cancelou sua festa.
Por tamanho dano à sua honra, o querelante instaurou inquérito policial para maiores averiguações.
DO DIREITO:
Dispõe o artigo. 139º, caput, do Código Penal:
“Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo a sua reputação:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 ano, e multa. ”
De acordo com o referido artigo, a simples imputação de fato, verídico ou não, que venha a causar danos em relação a honra do sujeito a quem o fato diz respeito, constitui crime de pequeno potencial ofensivo, ou seja, crimes em que a pena máxima, em abstrato, não ultrapasse 2 anos, estabelecendo-se, assim, o Juizado Especial Criminal competente para julgar esta ação, conforme disposto na Lei 9099/95 em seu artigo 61.
Analisando-se o caso em tela, não resta dúvidas de que a querelada, por meio de mensagem ofensiva enviada através da rede social facebook, abalou a honra e o respeito do querelante, acusando-lhe de ter praticado atos que desabonaram sua própria imagem.
O Código Penal dispõe, ainda, em seu artigo 141, inciso III:
“Art. 141 – As penas cominadas neste Capitulo aumentam-se de 1/3 (um terço), se qualquer dos crimes é cometido:
III – na presença de várias, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria; ”
Nesse sentido, vale ressaltar que Helena, além de cometer crime contra a honra, previsto no artigo 139, caput, o fez por intermédio de rede social de grande abrangência, causando, assim, maior divulgação da mensagem entre todos os contatos do querelante, razão pela qual deve incidir na causa de aumento de pena descrita no artigo 141, inciso III, do Código Penal.
Cabe dizer ainda que, em conformidade ao artigo 145 do Código Penal, este tipo penal somente se procede mediante Ação Penal Privada, eis o porquê do oferecimento da presente Queixa-Crime.
Não obstante, é evidente o dolo específico da querelada, na clara intenção de macular a imagem do ex-namorado, ora querelante, que o difamou em meio de acesso a amigos e empregadores, tendo ciência que tal ato o prejudicaria.
Assim sendo, a querelada cometeu o crime de difamação tipificado no artigo 139 do Código Penal, incidindo, ainda, na causa de aumento prevista no artigo 141, inciso III, do mesmo código.
DO PEDIDO:
Ante o exposto, requer à Vossa Excelência, após a manifestação do Ministério Público, o recebimento, processamento e autuação da presente queixa-crime, citando-se a querelada para responder aos termos da presente ação penal, sob pena de revelia e ao final seja condenada nos termos do artigo 139 do Código Penal, tendo sua pena aumentada em 1/3, como dispõe o artigo 141, inciso III do mesmo Código.
Requer, outrossim, a produção de todas as provas admitidas em direito e a intimação das testemunhas do rol abaixo.
Pleiteia, por fim, nos termos do artigo 387, inciso IV, do Código de Processo Penal, que seja ao final fixado valor mínimo de indenização à querelada.
Termos em que,
Pede deferimento.
Niterói, 18 de junho de 2015.
_____________________________________
Nome do Advogado
(OAB ___)
_____________________________________
Enrico
(CPF ___)
ROL DE TESTEMUNHAS
1. CARLOS – (RG, CPF, ENDEREÇO);
2. MIGUEL – (RG, CPF, ENDEREÇO);
3. RAMIREZ – (RG, CPF, ENDEREÇO).
	
EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XXXXXX DO ESTADO DE SANTA CATARINA
O MINISTÉRIO PÚBLICO, por seu Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais (art. 129, I, CRFB/88) e legais (art. 41 do CPP), em face do Inquérito Policial registrado sob no. 0119/2017, vem, respeitosamente, perante este insigne Juízo, oferecer
DENÚNCIA
contra XXXXXXXXXX, brasileiro, solteiro, natural de Curitiba, nascido em 2/3/1995, com 22 (vinte e dois) anos de idade, estudante universitário, filho de AADFADFA e de dfadfads, RG XXXXX, residente à Rua Epopeia, no. 119, apto 19, Bairro Centro, XXXX/SC, pelos seguintes fatos:
Consta no aludido Inquérito Policial baixado nesse Juízo sob os autos XXXX que, no dia 16 de fevereiro de 2017, o denunciado acompanhou a vítima, YYYYYYYY para uso de entorpecentes em uma casa abandonada. Os fatos ocorreram por volta das 22h30min nas proximidades da Faculdade Integrada de Santa Catarina (FISC) deste município. Infere-se pelo respectivo Inquérito que, imediatamente após fazer uso da droga, a vítima perdeu a consciência.Ao acordar somente no dia seguinte, estava sozinha e percebeu que seus pertences haviam sido subtraídos. A última pessoa em companhia da vítima foi o acusado (termo de depoimento à fl. 4 do IP).
Após proceder-se às oitivas da vítima, testemunhas e interrogado o acusado na Delegacia de Polícia Civil, foi deferido por este ilustre Juízo um mandado de busca e apreensão domiciliar no endereço do acusado (fl. 13). O resultado desta busca apreendeu provas inequívocas da autoria e materialidade delitiva (celular, bolsa e carteira da vítima).
Destarte, deduz-se que após o desfalecimento da vítima, XXXXXXXXXX evadiu-se do local levando consigo os pertences que foram encontrados em sua posse. Não resta dúvida de estar incurso nas sanções do artigo 157, caput, do Código Penal e, portanto, requer-se que seja citado para que responda à esta acusação e compareça ao interrogatório em data e hora designada por este Juízo. Também se requer que as testemunhas abaixo arroladas sejam intimadas a depor e, corroborando-se o que se infere até aqui, seja XXXXXXXXX condenado nos termos da lei.
Requer, ainda, o Ministério Público:
1. Folha de antecedentes criminais fornecida pelo INI e pela SSP
Seja requisitado da autoridade presidente do Inquérito Policial que junte aos autos cópia dos documentos de qualificação, identificação e antecedentes criminais;
2. Seja juntado aos autos Certidão do Cartório distribuidor desta Comarca sobre eventuais inquéritos policiais, ações penais e procedimentos criminais existentes em desfavor do denunciado;
3. A não inclusão na denúncia de pessoas mencionadas ou não nas peças que compõem os autos, não importa em pedido de arquivamento implícito, reservando-se o Ministério Público o direito de aditar a denúncia para eventual inclusão das mesmas, como faculta a lei.
Termos em que pede deferimento.
XXXXXXX/SC, 17 março de 2017.
JOÃO SICRANO DE SOUZA
Promotor de Justiça
Rol de testemunhas:
1º. ZZZZZZZ, vítima, qualificado à fl. 3 do IP;
2º. JJ, Professor, qualificado à fl. 4 do IP;
3º. WWWWW, estudante, qualificado à fl. 5 do IP;
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA xx VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XYZ – XX.
PROCESSO Nº 111111-11.1111.1.11.111
Fulano de tal, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade RG nº xxxxxxxx, inscrito no CPF sob nº xxxxxxxxx, residente e domiciliado na Rua (endereço completo), por seu advogado que abaixo subscrevem, na ação penal promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE xxxxxxx, que alega a suposta consumação de crime de RECEPTAÇÃO e CORRUPÇÃO DE MENORES, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar tempestivamente, com fulcro nos artigos 396 caput e 396-A do Código de Processo Penal, a presente
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
nos termos que em linhas se aduzem;
1. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
Antes de adentrarmos o mérito da presente defesa, o cidadão acusado requer a concessão da justiça gratuita, por ser pessoa pobre no sentido jurídico do vocábulo, não possuir condições de demandar em juízo sem sacrifício do sustento próprio e de seus familiares, nos termos do artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal de 1988, e artigo 99 do Código de Processo Civil de 2015, conforme declaração de hipossuficiência econômica anexa (doc. 1).
2. SÍNTESE DOS FATOS
O Ministério Público do Estado de xxxx ofereceu denúncia em face do cidadão acusado, imputando ao mesmo, os delitos descritos respectivamente, no artigo 180, caput, do Código Penal e artigo 224-B da Lei nº 8.069/90.
Segundo as alegações do i. parquet, o cidadão acusado, juntamente com dois adolescentes, Ciclano e Ticio, recebeu, em proveito comum, coisa que sabia ser produto de crime, bem como, corrompeu os menores de dezoito anos, praticando em conjunto, o delito de receptação.
Supostamente, o cidadão acusado teria recebido e conduzido, juntamente com os menores, o referido automóvel roubado, tendo plena ciência de sua origem.
Contudo, a verdade real dos fatos será demonstrada de forma inequívoca, uma vez que, na noite do dia xx/xx/xx, o cidadão acusado encontrava-se em sua residência, quando foi procurado por ciclano e ticio, ambos menores e também acusados nos autos do B. O nº yyyyy/xx, para dar uma volta de carro.
Em que pese o cidadão acusado estar dentro do veículo no momento da abordagem, na delegacia, ocorreu um fato de suma importância, demonstrando a fragilidade do acervo probatório da promotoria, qual seja, a VÍTIMA DO CRIME DE ROUBO NÃO O RECONHECEU COMO AUTOR DO DELITO, conforme auto de reconhecimento de pessoa parcialmente positivo acostado aos autos, fls. 0 e 0 e relatório final, fls. 00 e 00.
Ainda assim, o cidadão acusado restou detido em flagrante, pelo delito tipificado no art. 180 caput do Código Penal e art. 224-B da Lei nº 8.069 de 1.990.
Ato contínuo houve pedido de Liberdade Provisória, que restou indeferido pelo MM. Juíz do Plantão Judiciário desta Comarca, convertendo a prisão em flagrante em prisão preventiva, alegando em apartada síntese, que “...”
Todavia, conforme se verifica do termo de declaração do menor apreendido e reconhecido pela vítima, o mesmo reservou o direito de manter-se em silêncio conforme fls. 00, não havendo se falar em participação do cidadão acusado do roubo, vez que não há nos autos qualquer declaração que impute ao mesmo a participação no crime ora perpetrado.
Paralelamente, houve pedido de Revogação da Prisão Preventiva, que foi deferida por esse D. Juízo, por verificar a ausência de motivos para que a segregação subsistisse, aplicando, cumulativamente, medida cautelar diversa da prisão, nos termos dos artigos 319 e 321 do CPP.
Recebida a denúncia, o cidadão acusado foi intimado para, no prazo de 10 dias, apresentar sua Resposta à Acusação, o que vem fazer, tempestivamente, pelos motivos de fato e direito a seguir delineados.
3. DA CONDUTA DO CIDADÃO ACUSADO
Preliminarmente, cumpre ressaltar que, o cidadão acusado FULANO, é pessoa íntegra, de bons antecedentes, que jamais respondeu qualquer processo crime, conforme certidão de antecedentes anexa aos autos, fls. 00.
Indubitável que o cidadão acusado jamais teve participação em qualquer tipo de delito, visto que é primário, possui bons antecedentes, sempre foi pessoa honesta, trabalha como... E possui residência fixa, qual seja na Rua ENDEREÇO COMPLETO, onde reside com seus pais.
Cumpre ratificar que, dentre as elementares do delito não consta violência ou grave ameaça à pessoa. Ainda, o fato da vítima não ter reconhecido o acusado como autor do delito demonstra a insegurança sobre a prova da autoria, operando assim, o princípio do in dubio pro reo.
4. DA INÉPCIA DA DENÚNCIA
Tratando-se da apreciação de esqualidez da denúncia, dois são os parâmetros objetivos que devem orientar o exame da questão, quais sejam, o artigo 41, que detalha o fato criminoso com todas as suas circunstâncias, e o artigo 395, que avalia as condições da ação e os pressupostos processuais descritos, ambos do CPP.
Da simples leitura da denúncia oferecida, verifica-se que foi imputado ao cidadão acusado, os crimes acima mencionados, onde constata-se que o mesmo recebeu e conduziu o veículo roubado por um adolescente. Adolescente este que, frisa-se, foi convictamente reconhecido pela vítima como autor do delito, conforme termo de declaração acostada as fls. 00 e 00 dos autos.
Todavia, a denúncia ofertada, diverge em seu detalhamento, do termo de depoimento em auto de prisão em flagrante, as fls. 00, onde a autoridade policial relata que, no momento da abordagem, o veículo estava sendo conduzido pelo menor TICIO, bem como afirma que o acusado FULANO e o outro adolescente CICLANO, estavam como passageiros.
Pretende o i. Parquet consubstanciar a exordial acusatória, com uma tese que difere dos documentos acostados aos autos, eivada, portanto, de vícios que impedem a instauração da relação processual.
Neste sentido pronunciou-se o E. STJ, nos autos do HC XXXXX/SC, 5º T, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ-E 07/03/2012:
“A ausência absolutade elementos individualizados que apontem a relação entre os fatos delituosos e a autoria ofende o princípio constitucional da ampla defesa, assim inepta a denúncia.”
E, quanto ao momento processual para se admitir a inépcia da Denúncia, transcrevemos o também posicionamento do E. STJ, no sentido de que é absolutamente cabível o presente momento processual para a rejeição da peça acusatória, conforme pronunciamento no Recurso Especial nº 1.318.180 STJ, 6º Turma, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 16/05/2013, publicado no DJ em 29/05/2013, discorre:
(...) O fato de a denúncia já ter sido recebida não impede o Juízo de primeiro grau de, logo após o oferecimento da resposta do acusado, prevista nos arts. 396 6 e 396-A A do Código de Processo Penal l, reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao constatar a presença de uma das hipóteses elencadas nos incisos do art. 395 5 do Código de Processo Penal l suscitada pela defesa. (...)
Assim, requer-se a rejeição da exordial acusatória, vez que a mesma é inepta nos termos do art. 395, inciso I do CPP.
5. DO DIREITO
a) Da alegação de consumação do crime de receptação – art. 180, CP.
Está previsto no artigo 180 do Código Penal que, é receptador aquele que sabe que a coisa recebida é fruto de um crime ou quem, dadas as circunstâncias, deveria pelo menos suspeitar, in verbis:
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Em vista dos fatos aduzidos, nota-se que o cidadão acusado não adquiriu, recebeu, transportou, conduziu ou ocultou o produto do crime, fruto de ato ilícito, o que descaracteriza o dolo, requisito do crime em questão.
Nesse sentido, necessário se faz mencionar a decisão do MM. Juízo da 4º Vara Criminal de São José dos Campos, que preconiza litteris:
“Processo XXXXX-58.2007.8.26.0577 (577.07.748175-9) - Ação Penal - Procedimento Ordinário - Receptação - justiça pública - Peterson Cavichi do Amaral:
Trata-se o delito de receptação, cujo tipo requer que a conduta do acusado seja a de adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime. Portanto, para que se faça possível a condenação, dois são os requisitos necessários, prova de autoria (prática de uma das condutas descritas no tipo penal) e materialidade (coisa produto de crime). Também necessária, a efetiva prova do elemento subjetivo dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar uma das condutas puníveis inseridas no tipo, sabendo ser o objeto produto de crime. [...] sendo certo que com relação ao dolo não existem provas bastantes à condenação. [...] Ou seja, nada há nos autos que demonstre tivesse o acusado realmente adquirido, recebido ou ocultado o veículo que sabia ser produto de crime. Está ausente a prova do dolo, o que conduz à absolvição.”
In casu, é certo que não existem provas com relação ao dolo, já que o acusado não tinha o pleno conhecimento de que o veículo era fruto de ato delituoso, praticado pelos adolescentes.
b) Da alegação do crime de corrupção de menor – art. 244-B Lei nº 8.069/90.
No que tange ao crime de corrupção de menores, nos termos do artigo 244-B da lei nº 8.069/90, conforme alega à acusação, tal imputação não merece prosperar, uma vez que, tendo em vista que o crime fora planejado e executado pelos adolescentes, resta impossível a participação do cidadão acusado que se encontrava em sua residência no momento do delito de roubo.
Ainda, não coadunamos com o entendimento esposado na Súmula 500 do STJ, entendendo que “A configuração do crime previsto no art. 244-B do Estatuto da Criança e Adolescente independe de prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal”.
A tese de que, corrupção de menores, é crime material, é reforçada na jurisprudência, vejamos:
RECURSO ESPECIAL. PENAL. CORRUPÇÃO DE MENORES. LEI N.º 2.252/54. CARACTERIZAÇÃO. INIMPUTÁVEL. SIMPLES PARTICIPAÇÃO EM DELITO NA COMPANHIA DE MAIOR. AUSÊNCIA DE PROVAS DA CORRUPÇÃO. DELITO NÃO CONFIGURADO. RECURSO IMPROVIDO.
O delito de corrupção de menores, previsto pela Lei n.º 2.252/54, art. 1º, pretende evitar a incursão ou permanência do menor em práticas delituosas.
Para a sua configuração, não se faz necessário que o agente apresente a vida criminosa ao adolescente, ou que, em decorrência disso, este passe a trilhar o caminho do crime - basta que o inimputável participe de prática criminosa uma única vez para que esteja caracterizada a corrupção de menores.
Todavia, é imperioso que a conduta do imputável tenha sido bastante a persuadir o menor ao cometimento do delito por meio de atração, estímulo ou fornecimento de meios eficazes para a prática do delito.
Inexistindo prova suficiente da existência da corrupção ou da sua facilitação, impõe-se a absolvição do recorrido. Recurso especial improvido. (STJ - REsp XXXXX / SP RECURSO ESPECIAL XXXXX/XXXXX-8)
Como já mencionado, a absolvição se torna viável não apenas em negativa das condutas imputadas ao cidadão acusado, mas também pela inviabilidade de provas acerca de indícios de autoria, animus associativo e da corrupção de menor prevista no art. 244-B do ECA, qual seja, “Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la”, como pretende se mostrar.
Ainda, ao interpretar o crime de corrupção de menor, sujeito à incidência penal por ser crime de perigo abstrato, o julgador incorre contra os princípios penais dispostos na teoria do delito. Neste sentido, leciona Claux Roxin, no livro Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 11 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2007. P. 91:
“(...) só pode ser castigado aquele comportamento que lesione direitos de outras pessoas e que não é simplesmente um comportamento pecaminoso ou imoral (...)”.
Não foi possível mensurar pelas provas dos autos se o cidadão acusado corrompeu os menores, até porque, um deles já havia cometidos atos infracionais antes de conhecer o acusado.
Podemos confirmar tal tese, com a jurisprudência abaixo descrita:
Corrupção de menores - Descaracterização-Simples prática de infração penal com criança ou adolescente-Necessidade que se apure a inocência preexistente do menor e que a atuação do acusado tenha sido decisiva sobre ele-Interpretação do art. 1º da Lei 2.252/54 (RT 750/606-TJSP).
A luz das informações ventiladas, pugna-se pela absolvição do cidadão acusado, a respeito do artigo 386, V do Código de Processo Penal.
6. DA ATIPICIDADE DA CONDUTA DO CIDADÃO ACUSADO E CONSEQUENTE AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
Como mencionado alhures, não restou comprovado a veracidade dos argumentos elencados na exordial acusatória, uma vez que o cidadão acusado não agiu com a intenção de praticar o delito de receptação, tão pouco, aliciou os adolescentes à praticar tal fato. Ao contrário, o cidadão acusado agiu com imprudência ao entrar no veículo sem saber a procedência do mesmo, mas não concorreu para consumação do delito perpetrado.
Cumpre ressaltar que, segundo entendimento do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, (RT – 599/434; TJDF, Ap. 11.303, DJU 3.2.93, p. 2105, in RBCCr 2/241), para a configuração do crime de receptação, é imprescindível que o agente tenha certeza da origem criminosa da coisa, devendo a prova a respeito ser certa e irrefutável. É necessária a identificação do delito antecedente, definindo-se com clareza em que consistiria a origem ilícita da coisa.
Novamente, verifica-se um requisito imprescindível para a concretização da conduta tipificada imputada ao cidadão acusado, qual seja, o dolo.
Neste sentido, o ilustre doutrinador Fernando Capez, em sua obra Curso de Direito Penal – Parte Especial, descreve precisamente o elemento subjetivo necessário para a caracterização do crime:
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar a coisa, ou de influir para que terceiro de boa-féa adquira, receba ou oculte. O TIPO PENAL EXIGE EXPRESSAMENTE O DOLO DIRETO. SÓ HAVERÁ O ENQUADRAMENTO NO CAPUT DO ARTIGO SE O AGENTE SOUBER, TIVER CERTEZA DE QUE A COISA PROVÉM DE PRÁTICA CRIMINOSA ANTERIOR. NÃO BASTA O DOLO EVENTUAL. Se assim agir, o fato será enquadrado na modalidade culposa do crime. Exige-se também um fim especial de agir, encontrado na expressão “em proveito próprio ou alheio”, ou seja, o intuito de obter vantagem para si ou para terceiro. Se o ocultamento da coisa for realizado com o fim de favorecer o autor do crime antecedente, haverá o crime de favorecimento real.
E SE O DOLO FOR POSTERIOR (DOLO “SUBSEQUENS”) AO RECEBIMENTO DO OBJETO? Na hipótese em que o agente recebe o objeto e depois toma conhecimento de que se trata de produto de crime, NÃO HÁ A CONFIGURAÇÃO DO DELITO EM ESTUDO. Segundo Noronha, a ciência de que se trata de produto de crime deve ser anterior ou, pelo menos, contemporânea à ação de adquirir, receber, ocultar. Poderá suceder que o agente, após receber o objeto e tomando conhecimento de sua origem ilícita, venha a oculta-lo ou a influir para que terceiro o adquira, receba ou oculte. Nesta hipótese, diante da prática de uma nova ação, haverá o crime em tela. ”
Fica evidenciado a não caracterização de conduta criminosa de receptação por parte do cidadão acusado, uma vez que, frisa-se repetidamente, desconhecia que o veículo era produto de ato ilícito.
Ainda, há total incongruência entre a exordial acusatória e a declaração da vítima, nos autos do inquérito policial, haja vista que, em momento algum houve reconhecimento do cidadão acusado como autor do delito, tampouco como partícipe do crime. Simplesmente não há provas!
Nesse sentido, sempre útil e oportuna, é a lição de Cícero no exórdio da defesa de Coeli, que assevera:
“uma coisa é maldizer, outra é acusar. A acusação investiga o crime, define os fatos, prova com argumentos, confirma com testemunhas; a maledicência não tem outro propósito senão a costumélia”.
Em caso análogo, aonde a anemia probatória conduziu à absolvição do acusado, decidiu o egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina:
APELAÇAO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE AGENTES (ART. 157, 2º, INC. II, O CÓDIGO PENAL). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO MINISTERIAL ALMEJANDO A CONDENAÇAO. AUSÊNCIA DE APREENSAO DA RES FURTIVA E DE QUALQUER OBJETO QUE LIGASSE O RÉU AOS FATOS. INCOERÊNCIAS NOS RELATOS ACUSATÓRIOS E TAMBÉM NAQUELES DEFENSIVOS. CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS QUE NAO AUTORIZA A CONCLUSAO SEGURA DE QUAL VERSAO É A VERDADEIRA. APLICAÇAO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO. CONDENAÇAO IMPOSSÍVEL. CRIME CONTRA A INFÂNCIA E A JUVENTUDE. CORRUPÇAO DE MENORES (ART. 244-B DA LEI N. 8.069/90). AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO AO DELITO DE ROUBO QUE LEVA À CONCLUSAO LÓGICA DE QUE, OUTROSSIM, SÃO INSUFICIENTES OS ELEMENTOS DE CONVICÇAO TAMBÉM PARA DEMONSTRAR TER O ACUSADO ENVOLVIDO A ADOLESCENTE DESCRITA NA DENÚNCIA NA PRÁTICA ILÍCITA. ABSOLVIÇAO MANTIDA. RECURSO MINISTERIAL DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Criminal n., de Chapecó, rel. Des. Alexandre d'Ivanenko, j. 07-05-2013). (Grifo Nosso).
Registre-se que, dentre vários princípios norteadores do nosso Direito Penal, o in dubio pro reo determina que, havendo dúvida à autoria do delito, deve-se absolver o réu, e para que haja condenação, é necessária a real comprovação da autoria e da materialidade do fato, caso contrário, o fato deve ser resolvido em favor do cidadão acusado.
Assim também é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
“EMBARGOS INFRINGENTES. FURTO DE UMA ÉGUA. ANIMAL ENCONTRADO NA PROPRIEDADE DO ACUSADO. PROVA ORAL CONSTITUÍDA APENAS DO DEPOIMENTO DA VÍTIMA. DÚVIDA SOBRE A AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. A prova produzida não foi capaz de demonstrar ter sido o réu o autor do furto do animal encontrado em sua propriedade. O processo penal não autoriza conclusões condenatórias baseadas em suposições ou indícios pouco robustos. A prova deve estar clara, escorreita e sem ensejar qualquer dúvida para resultar condenação. Caso contrário, imperativa a absolvição. Prevalência do voto vencido. Embargos acolhidos. Por maioria."(Embargos Infringentes e de Nulidade Nº 70030654552, Terceiro Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Alberto Etcheverry, Julgado em 21/08/2009). (Grifo Nosso).
Não é despiciendo observar que, o ônus probandi, no tocante a imputação feita ao acusado, cabe a quem alega, eis que se trata de fato modificativo e extintivo do direito, o que jamais restará evidenciado nos autos.
Assim, para que a ação penal seja deflagrada, a acusação necessita apresentar provas capazes de apontar os indícios de autoria e materialidade, além da constatação da ocorrência de infração penal, não podendo uma denuncia ser baseada em provas tão inconsistentes e tese divergente dos fatos relatados, tanto pela autoridade policial, quanto pela vitima.
Destarte, vale ratificar que o Código Penal, em seu artigo 13, exige que haja a relação de causalidade para o resultado do crime:
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe der causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Posto isto, conclui-se que em matéria de condenação criminal, não bastam meros indícios. A prova da autoria deve ser lógica e livre de dúvida, pois só a certeza autoriza a condenação no juízo criminal.
Quando a prova se mostrar inverossímil, prevalecerá o princípio do in dubio pro reo, patente in casu.
Desta feita, restando comprovada a fragilidade da acusação, face às provas de conduta atípica, bem como a falta de materialidade e autoria do delito, não há se falar em crime cometido pelo cidadão acusado.
7. DO PEDIDO
Diante do exposto requer se digne Vossa Excelência:
a) Seja rejeitada de plano a denúncia, com fulcro nos art. 395, e incisos, do CPP, eis que objetiva a denúncia imputar responsabilidade penal sob conduta atípica e/ou inexistentes as condições para o exercício da ação;
b) Caso Vossa Excelência não entenda pela rejeição da denúncia, e a absolvição do cidadão acusado, com fundamento no art. 386, V do Código de Processo Penal;
c) Subsidiariamente, seja o cidadão acusado absolvido sumariamente, em conformidade com o art. 397, III do Código de Processo Penal;
d) Caso superadas as preliminares, o que admitimos apenas por amor a argumentação – requer sejam intimados, na qualidade de informantes elencadas no rol abaixo.
e) No mérito, requer a presente seja a denúncia julgada totalmente IMPROCEDENTE.
Protesta provar o alegado por todos meios de provas, documental, testemunha e demais meios de prova em direito admitidos.
Termos em que,
pede deferimento.
Cidade, data, ano.
Advogado
OAB nº
ROL DE INFORMANTES:
· Sr. Xxxxx
RG: xxxxx
CPF: xxxxx
Rua (endereço completo)
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE __________, ESTADO DE __________.
(5 a 8 linhas)
Processo nº __/__
TECO, já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal, interpor RECURSO DE APELAÇÃO, por não se conformar com a r. Sentença de fl. X.
Requer o recebimento e processamento do presente, com as anexas razões recursais.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e data
Advogado _________________
OAB. Nº _________
RAZÕES DE APELAÇÃO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA, DO ESTADO DE ______
Processo nº __/__
Comarca de __________
Apelante: Teco
Apelado: Justiça Pública do Estado de _______
DOUTO PROCURADOR,
COLENDA CÂMARA.
A r. Decisão de fl. X, não traz aos autos a correta e eficaz aplicação da Justiça, conforme será demonstrado pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
1. DOS FATOS.
O réu foi denunciado por furto qualificado, sob a acusação de ter invadido a residência e subtraído um monitor de televisão do senhor Tico.
Quando citado, apresentou sua defesa e no depoimento dastestemunhas de acusação não houve esclarecimentos sobre os fatos alegados. Por outro lado, as testemunhas da defesa confirmaram a boa índole e alegaram não possuir conhecimento da prática do crime. Após, nenhuma diligência adicional foi requerida.
O Parquet requereu a condenação do acusado (art. 155 § 4º, I do CP), pedido que foi acolhido pelo magistrado, condenando o réu a 2 (dois) anos de reclusão e multa, sem possibilidade de substituição de pena ou sursis.
2. DO DIREITO.
2.1. PRELIMINARES.
O acusado fora condenado a pena de 2 (dois) anos de reclusão e pagamento de multa, pela suposta prática do crime de furto qualificado, previsto no artigo 155 do Código Penal, parágrafo 4º, I do CP.
Imporante ressaltar, inicialmente, que a Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LV, assegura a todo acusado o contraditório e a ampla defesa, com todos os meios e os recursos inerentes.
Assim, a omissão do advogado de defesa em realção a apresentação das alegações finais, evidencia-se o cerceamento de defesa, tendo em vista que ninguém pode ser condenado sem que os atos essenciais de defesa no processo sejam apresentados.
Posto isso, não há de se caracterizar o exposto no artigo 565 do Código de Processo Penal, visto que no momento da omissão, era de responsabilidade do magistrado a nomeação ad hoc de um defensor público para que houvesse a apresentação das alegações finais.
Dessa forma, resta demonstrado a ofensa do princípio do contraditório e ampla defesa, dando causa a nulidade suscitada no artigo 564, IV do Código de Processo Penal. Conforme consolidado pelo Supremo Tribunal Federal, na súmula 523 “No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
2.2 DO MÉRITO.
a) Da absolvição por insuficiência de provas
Conforme se depreende dos autos, em fase de instrução foi realizada a oitiva de testemunhas da acusação que não conseguiram demonstrar a evidência de qualquer indício que indicasse a autoria do acusado.
Ressalte-se que as testemunhas levadas ao juízo pela defesa, foram capazes de atestar a boa conduta do acusado, posto que afirmaram irrefutavelmente que trata-se de uma boa pessoa, trabalhadora, responsável, e que não tinham notícia da prática do crime em questão.
Destarte, em análise à todos os atos praticados no curso do processo, resta demonstrado que não foi realizado qualquer exame ou perícia técnica, bem como não foi apresentada qualquer prova nova capaz de imputar ao acusado a autoria do crime de furto qualificado, elencado no artigo 155, § 4º, I do Código Penal.
Dessa forma, faz-se necessário a absolvição do réu, com base no artigo 386, inciso VII, Código de Processo Penal. Ocorrendo a reforma da r. Sentença para que seja declarada a absolvição do acusado, visto que não existem provas suficientes para sua condenação.
Assim, a dúvida deve levar, necessariamente, à absolvição, em apreço à constitucional presunção de inocência, a menos que haja robusto conjunto probatório a elidi-la.
Contudo, não é o que ocorre nos autos, sendo manifesta a insuficiência probatória. Assim, imprescindível a absolvição do apelante da acusação do delito de furto qualificado, conforme previsão do Código de Processo Penal, artigo 386, inciso VII.
b) Desclassificação para Furto Simples
Para que haja a imputação de qualificadora no tipo penal deve se fazer prova da existencia dos fatos que levem a tanto.
No caso em questão, não se pode abstrair da análise dos autos quaisquer provas que remetam ao embasamento da qualificação do crime de furto qualificado pelo inciso I do parágrafo 4º do artigo 155 do Código Penal.
Para tanto, deveria, ao menos, existir um laudo ou parecer pericial que fizesse prova cabal da destrição ou do rompimento de obstaculo. O que não há.
Dessarte, fica impossível a imputação de qualificadora ao réu, dada a total inexistência de provas de quaisquer gêneros. Ante o exposto, requer a desclassificação do furto qualificado para a furto simples, conforme o art. 155 do CP.
c) Da pena Restritiva de Direito
Ademais, a pena aplicada pelo d. Juízo “a quo”, não se torna necessária e principalmente proporcional, uma vez que, confrome demonstrado na instrução, o réu preenche os requisitos necessários do artigo 44, inciso III do Código Penal. Assim, requer substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, sem qualquer perigo de dano para a sociedade.
3. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer:
a) Seja o presente recurso conhecido e provido, sendo anulada a r. Sentença de fl. X., com fulcro no inciso IV, do artigo 564, do Código de Processo Penal e súmula 523 do STF, conseguinte o retorno dos autos à vara de origem, para que seja assegurado ao acusado o direito de apresentar alegações finais.
b) Subsidiariamente, seja o réu absolvido, ante a insuficência de prova para condenação, com fulcro no art. 386, VII do Código de Processo Penal.
c) Na hipótese da não aceitação das teses anteriores, que seja desclassificado o crime de furto qualificado para a figura simples do mesmo, qual seja, artigo 155 “caput” do Código Penal.
d) Finalmente, caso não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer-se a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos, aplicando o artigo 44, III do Código Penal.
Local e data
Advogado _________________
OAB nº _________
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE RIO BRANCO, ESTADO DO ACRE
Processo nº: XXXXX-00.2010.8.01.0001
Origem: Cidade/__ª Vara Criminal
Classe: Ação Penal
Apelante: Ministério Público do Estado do Acre – MPE/AC
Apelado: Nome do Apelado
NOME DO APELADO, já qualificado nos autos da ação penal em epígrafe que lhe move o Ministério Público do Estado do Acre, por meio de seu Advogado que a esta subscreve, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, em atenção à interposição de recurso de apelação e apresentação das respectivas razões por parte do Ministério Público, constante nos autos às fls. 97 e 103/112, à abertura de vista dos autos à defesa (fls. 114) e com espeque no artigo 600, caput, do Código de Processo Penal ( CPP), requerer a juntada das
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
Assim, requesta-se pelo seu recebimento, autuação e devido processamento, para que, ao final, esta Câmara Criminal, usando de seu poder jurisdicional, conheça e dê total improvimento ao apelo ministerial, mantendo, in totum, a sentença proferida pelo juízo a quo de fls. 89/91, que absolveu o apelado do crime a ele imputado, consoante as razões fáticas e jurídicas esposadas a seguir.
Nestes termos,
Espera deferimento.
Rio Branco - AC, 06 de junho de 2017.
Fernando Henrique Schicovski
Advogado OAB/AC nº 4.780
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
Processo nº: XXXXX-00.0000.8.01.0001
Origem: Cidade__ª Vara Criminal
Classe: Ação Penal
Apelante: Ministério Público do Estado do Acre – MPE/AC
Apelado: Nome do Apelado
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara Criminal,
Douta Procuradoria de Justiça,
Senhores Desembargadores.
Em que pese o árduo e reconhecido trabalho do órgão ministerial, merece o apelo por este interposto, ser julgado totalmente improcedente, mantendo-se irretocável a sentença absolutória encartada nos autos digitais às fls. 89/91, conclusão esta a que chegará esta colenda câmara criminal após análise da argumentação defensiva que está a seguir:
I – DOS FATOS
1 – Conforme consta dos autos, o apelado foi processado e absolvido pela prática do delito de roubo duplamente circunstanciado, previsto no artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal ( CP).
2 - A acusação, entretanto, findou por discordar do r. Juízo sentenciante, interpondo recurso de apelação (fls. 97) e apresentando, por conseguinte, suas respectivas razões (fls. 103/112), oportunidade em que propugnou pela reforma da sentença absolutória, para ver condenado o apelado, nas penas do delito ao qual fora processado (artigo 157, § 2º, incisos I e II, do CP).
3 – Ocorre que andou muitíssimo bem o juiz sentenciante, eis que,a míngua de elementos certeiros e incontestes aptos à desmistificação da autoria, decidiu julgar improcedente a pretensão ministerial e absolver o apelado.
II – DO MÉRITO
a) Da absolvição por ausência de provas para a condenação – aplicação do princípio do favor rei.
4 – Antes de qualquer coisa, cabe-nos transcrever, com o intuito de substanciar os argumentos defensivos, a fundamentação e dispositivo que repousam no decisum absolutório prolatado pelo magistrado, in verbis:
(...)
Autoria: A autoria, contudo, não restou confirmada na pessoa do acusado, como se verá.
Ouvida em juízo, a vítima Nome da Vítima afirmou o seguinte:
Que entraram no comércio do depoente, armados, e permaneceram dentro da casa por uns 10 a 15 minutos, procurando o dinheiro; Que estavam armados, e chegara a retirar o capuz; Que por isso conseguiu reconhecer o Evanir, com certeza, como sendo um dos assaltantes; Que já conhecia o acusado de vista, pois ele mora próximo do depoente; Que apelado foi o único que retirou o capuz, sendo que ele quem apontava a arma para a cabeça do depoente; Que o depoente foi espancado; Que levaram cerca de R$ 8.000,00 (oito mil reais), além de televisão, relógio e perfumes; Que nada foi recuperado; Que a arma que ele usava aparentava ser uma pistola.
O acusado não confessou o delito em juízo:
Que nega o crime; Que não conhece a vítima, mas apenas o mercado dele, pois é próximo da casa do depoente; Que um trabalhador dele é vizinho do depoente e com ele tinha problemas, e por isso pode estar tentando prejudicar o depoente; Que no horário desse crime o depoente costuma estar em casa.
Pois bem. Como se vê, aparentemente o réu é o autor do delito. No entanto, tenho que o conjunto probatório constante dos autos não se mostrou forte o suficiente para embasar uma condenação contra ele.
Explico.
Em sede policial, a vítima foi omissa quanto á informação de que teria visto algum rosto durante a ação delituosa. Insta ressaltar que a mesma foi ouvida horas após o fato, o que nos faz crer que estava apta a recordar-se do máximo de detalhes possível. Na ocasião, ela afirmou que apenas um funcionário do seu estabelecimento teria alertado que estavam planejando roubar seu estabelecimento e que um dos suspeitos seria Evanir.
Em juízo, a vítima afirmou reconhecer o acusado de vista, o que tornaria a identificação ainda mais fácil. Se a vítima o conhecia de vista, não se compreende o motivo de não ter constado isso em seu depoimento prestado na Delegacia, horas após o crime.
O que pode ter acontecido é que, com a suspeita mencionada por Frank, a vítima tenha feito a ligação de certas características ao acusado e ter se convencido de que se tratava do responsável pelo roubo. Ou seja, tenha sido induzido, ainda que involuntariamente, pela afirmação de Frank.
Destaco que a vítima não apontou nenhum traço característico do acusado, como tatuagem, marca ou cicatriz, que pudesse corroborar sua afirmação. Ademais, não foi realizada sequer uma busca e apreensão na tentativa de encontrar um dos vários objetos que foram subtraídos, a fim de que colaborar com a elucidação do caso.
Portanto, vê-se que o conjunto probatório não restou inabalável pois não há como condenar o acusado com base exclusivamente nas informações trazidas pela vítima, baseadas nos comentários de uma terceira pessoa.
Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTE a pretensão punitiva estatal, razão pela qual ABSOLVO o acusado NOME DO APELADO, qualificado nos autos, da prática do delito previsto no artigo 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal, o que faço com fundamento no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.
Em decorrência disso, revogo a prisão preventiva do acusado, devendo o mesmo ser colocado em liberdade, salvo se por outro motivo estiver preso.
(...) – fls. 89/91, dos autos
4 – Pois bem. Conforme se verifica da sentença, o sapiente juízo sentenciante optou pela absolvição do apelado porquanto, em apertada síntese, a única prova constante dos autos era a claudicante e controversa palavra da vítima, a qual, inicialmente, em seu depoimento em sede administrativa, mesmo conhecendo o apelado, não o indicou como autor do fato, tampouco levantou características físicas ou detalhes comportamentais do apelado que o individualizassem.
5 – Tão somente após sofrer relevante indução, voluntária ou não, por parte da testemunha Francisco, conhecida por “Frank”, foi que passou a “fantasiar” que possivelmente o apelado seria um dos autores.
6 – Menciona também o magistrado que não fora realizada nenhuma diligência investigativa aprofundada no sentido de localizar o objeto material da infração penal. Poder-se-ia, com demasiada facilidade, se proceder à busca e apreensão na casa do apelado para verificar se este teria em sua posse algum dos objetos do roubo sub judice.
7 – Diante dos sólidos fundamentos do juízo sentenciante (e apoiados pela defesa), jamais se poderia retirar, do processo, elementos aptos a permitir a segura afirmação de que o apelado foi o autor do delito sub judice, eis que, sinteticamente falando, a vítima tão somente trouxe suspeitas relativas à autoria, baseando-se na palavra de terceiro, restando tão somente estas sobre o apelante.
8 – Referida suspeita, como o próprio nome o é, não é prova, havendo no ponto, diferenças tanto ontológicas, quanto axiológicas entre esta e aquela, razão porque esta câmara criminal deve se acautelar para não fazer passar uma pela outra, sob pena de condenar um inocente.
9 – Fica claro, portanto, o pecado interpretativo cometido pela promotoria de justiça quando recorreu, pretendendo a condenação do apelado, repousando referido equívoco na confusão entre a definição de prova e de suspeita, eis que visa, com suspeitas, dobrar esta câmara criminal, inclinando-vos à condenação do apelado.
10 – Repise-se queo apelado, tanto em sede policial (fls. 35) quanto em sede judicial (interrogatório – fls. 86), negou, com firmeza, a prática do delito de roubo.
11 – Ante as razões serenamente expostas pelo juízo sentenciante para absolver o apelado, fica fácil compreender que no presente processo, fora dada correta aplicação ao princípio do favor rei, estando perfeitamente subsumida na hipótese em voga a ordem do artigo 386, inciso VII, do CPP, que indica a necessidade de absolvição de qualquer acusado quando não houver provas suficientes para a condenação.
12 – Assim, depois de todo a argumentação proposta pela defesa do apelante, não há outra saída à esta colenda câmara criminal senão manter a absolvição do apelado, tendo em vista o mandamento previsto no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, que talha a seguinte regra:
Artigo 386, CPP – O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
(...) – Omissis
Inciso VII – não existir prova suficiente para a condenação;
13 – Havendo, pois, dúvida sobre a autoria, incerteza quanto à participação do apelado no delito, deve esta corte abraçar-se ao princípio do favor rei, para garantir a absolvição do apelado. Sobre o tema, vide lição de Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, em sua obra Curso de Direito Processual Penal, 11ª Edição, Editora Juspodivm, págs. 87 e 88, in verbis:
“A dúvida sempre milita em favor do acusado (in dubio pro reo). Em verdade, na ponderação entre o direito de punir do Estado e o status libertatis do imputado, este último deve prevalecer. Como mencionado, este princípio mitiga, em parte, o princípio da isonomia processual, o que se justifica em razão do direito à liberdade envolvido – e dos riscos advindos de eventual condenação equivocada. Neste contexto, o inciso VII, do art. 386, CPP, prevê como hipótese de absolvição do réu a ausência de provas suficientes a corroborar a imputação formulada pelo órgão acusador típica positivação do favor rei (também conhecido como favor inocentiae e favor libertatis).”
14 – Neste sentido também caminha a jurisprudência, conforme se verifica dos julgados abaixo, todos com grifo da defesa:
TJ-AC - Apelação: APL Nº XXXXX-42.2009.8.01.0006
PENAL. PROCESSO PENAL. APELAÇÃOCRIMINAL. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. RETRATAÇÃO DA VÍTIMA EM JUÍZO. DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA QUE NÃO DÃO CERTEZA DA MATERIALIDADE DELITIVA. DÚVIDA INSTAURADA. APLICAÇÃO DO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. RECURSO PROVIDO.
1. No processo penal, a dúvida não pode militar em desfavor do réu, haja vista que a condenação, como medida rigorosa e privativa de uma liberdade pública constitucionalmente assegurada (Art. 5º, XV, LIV, LV, LVII e LXI, da CF), requer a demonstração cabal da autoria e materialidade, pressupostos autorizadores da condenação.
2. Na hipótese de constarem nos autos elementos de prova que conduzam à dúvida acerca da ocorrência do crime, a absolvição é medida que se impõe, em observância ao princípio do in dubio pro reo.
3. Recurso provido.
TJ-MG - Apelação Criminal APR XXXXX40035208001 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 24/03/2017
Ementa: EMENTA APELAÇÕES CRIMINAIS - RECURSO DEFENSIVO: CRIME DE RESISTÊNCIA - ABSOLVIÇÃO - NECESSIDADE - AUSÊNCIA DE PROVA - PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO - ROUBOS - REDUÇÃO DAS PENAS-BASE - POSSIBILIDADE - APELO MINISTERIAL: PREPONDERÂNCIA DA AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA EM DETRIMENTO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA - VIABILIDADE - FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA CONFORME O ARTIGO 72 DO CÓDIGO PENAL - INVIABILIDADE - RECONHECIMENTO DA CAUSA DE AUMENTO DA PENA DO EMPREGO DE ARMA - POSSIBILIDADE. Se não houver prova segura e judicializada da prática do crime descrito no artigo 329, caput, do Código Penal, é necessário absolver o acusado, pois a dúvida o favorece, conforme o princípio do in dubio pro reo. Se quase todas as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Codex forem favoráveis ao réu, é necessário reduzir as penas-base, mas não ao mínimo legal. É viável preponderar a agravante da reincidência em detrimento da atenuante da confissão espontânea se o réu for reincidente específico. Conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o artigo 72 do Código Penal, que prevê a aplicação distinta e integral da pena pecuniária, se aplica somente nos casos de concursos material e formal, afastada a incidência do referido artigo na hipótese de crime continuado (HC XXXXX/RJ, REsp XXXXX/PR, REsp XXXXX/PR, HC XXXXX/SP, HC XXXXX/MG, HC XXXXX/DF). O emprego de arma de brinquedo (réplica) no crime de roubo caracteriza a majorante prevista no artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal, uma vez que reduz substancialmente a capacidade de resistência da vítima.
TJ-MT - Apelação APL XXXXX20128110042 134331/2015 (TJ-MT)
Data de publicação: 21/03/2017
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL – TRÁFICO DE ENTORPECENTES – CONDENAÇÃO – INCONFORMISMO DA DEFESA – ANELA A ABSOLVIÇÃO OU A DESCLASSIFICAÇÃO DA IMPUTAÇÃO PELO DELITO DE TRÁFICO DE DROGAS PARA A DE PORTE DE ENTORPECENTES PARA USO – PARCIAL POSSIBILIDADE – DESTINAÇÃO MERCANTIL NÃO CABALMENTE CARACTERIZADA – INSUFICIÊNCIA DE PROVAS ACERCA DA TRAFICÂNCIA – PRINCÍPIO DO “IN DUBIO PRO REO” – APELO PARCIALMENTE PROVIDO. Imperiosa a desclassificação da imputação pelo delito de tráfico de drogas para o de porte de entorpecentes para uso quando – a despeito do afastamento da instância por absolvição – presentes dúvidas objetivas a respeito da destinação mercantil da substância ilícita, mormente diante de meras conjecturas, despidas de substrato probatório e, pois, inidôneas à comprovação cristalina da traficância [in dubio pro reo!]. (Ap XXXXX/2015, DES. ALBERTO FERREIRA DE SOUZA, SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL, Julgado em 15/03/2017, Publicado no DJE 21/03/2017)
15 - Assim, considerando os mandamentos constantes dos articulados acima, além do entendimento doutrinário colacionado e da massiva jurisprudência que acolhe a argumentação defensiva e proclamada pelo juízo sentenciante, a manutenção da absolvição é medida que se impõe, sob pena de violação ao artigo 386, inciso VII, do CPP, que já segue devidamente prequestionado, para fins de acesso às vias recursais especiais, caso necessário.
III – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer, respeitosamente à esta Colenda Câmara Criminal, seja juntada a presente petição de contrarrazões de apelação, para que, seja conhecido e ao final, improvido o apelo ministerial, mantendo inalterada a sentença absolutória prolatada pelo juízo a quo, em favor do apelado NOME DO APELADO, sob pena de violação ao artigo 386, inciso VII, do CPP.
Nestes termos,
Espera deferimento.
Rio Branco - AC, 06 de junho de 2017.
Fernando Henrique Schicovski
Advogado OAB/AC nº 4.780
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SÃO PAULO-SP
A, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe que lhe move o Ministério Público Estadual, por seu advogado que esta subscreve, não se conformando com a respeitável decisão de pronúncia à fls. ___, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO EM SENTIDO ESTRITO com fulcro no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal.
Desde já, requer o recorrente que o presente instrumento seja recebido, processado e, na hipótese de Vossa Excelência não considerar os argumentos e manter a r. Sentença de pronúncia, que seja encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Nestes termos, pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado: ______
OAB: __________
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Recorrente: A.
Recorrido: Ministério Público de São Paulo.
Autos nº: ________.
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Ínclitos Desembargadores,
Douta Procuradoria de Justiça
Em que pese a respeitável decisão do Excelentíssimo Juiz de Direito a quo, não merece prosperar a pronúncia do recorrente pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas, vejamos:
I – SÍNTESE DO OCORRIDO
A” e B eram amigos e resolveram fazer uma viagem para explorar algumas cavernas na cidade de São Paulo. Ocorre que acabaram por se perder por longos 2 meses, passando por dificuldades inimagináveis ao homem comum. Quando os bombeiros os alcançaram, conforme a denúncia o acusado havia tirado a vida de B e assado a coxa da perna esquerda deste para se alimentar. O recorrente foi preso em flagrante, sendo processado por homicídio doloso simples (art. 121 do CP), tendo sua liberdade provisória concedida (fls. ___). Restou pronunciado (fls. ___), em decisão prolatada há 2 dias. Vem, então, o recorrente requerer o que se segue.
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A) Ausência de provas ou indícios de homicídio.
Consta da inicial acusatória que o recorrente incorreu na conduta prevista no art. 121 do Código Penal, homicídio simples. Embora tenha sido constado o óbito de B (laudo fls. __), e os próprios bombeiros testemunharam o acusado assando um de seus membros (depoimento fls. __), em nenhum momento há a imputação ou qualquer indício de que de fato o acusado tenha tirado a vida de seu colega. O fato de o recorrente estar comendo os restos mortais de seu amigo não prova, por si só, que o mesmo cometeu a conduta descrita no art. 121. Não havendo prova de ter o réu concorrido para infração penal, não deveria o magistrado a quo ter pronunciado o recorrente, pois o art. 413 do CPP indica que haverá a pronúncia quando houver indícios suficientes de sua autoria ou participação do acusado no crime, o que não há neste caso. Portanto, erra o juízo a quo ao pronunciar o recorrente na inexistência de provas ou indícios de crime contra vida, devendo neste caso, haver desde logo a impronúncia do acusado neste aspecto, conforme preceitua o art. 414 do CPP.
B) Estado de necessidade.
Por outro lado, ainda que na eventualidade de V. Exas considerarem as razões acusatórias, há de se ressaltar que um eventual homicídio praticado pelo recorrente foi apenas em razão da circunstância extrema de vida ou morte: a fome. Preceitua o art. 23 do Código Penal, que não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade. Vejam julgadores, é o típico caso de necessidade extrema, onde o recorrente apenas mataria seu amigo para saciar a sua fome, tanto que assim o fez, assando parte de seus membros por estarema 2 meses presos numa caverna e sem perspectiva alguma de resgate. Neste caso, prevê o CPP em seu artigo 415, IV, que o juiz absolverá desde logo o acusado quando o fato não for punível, havendo excludente de ilicitude, isto é, a exclusão do próprio crime. Destarte, incabível e errônea a decisão de pronúncia, que desde logo deveria absolver sumariamente o recorrente.
III – PEDIDOS
Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso em sentido estrito, para que haja a devida reforma, impronunciando o acusado, pela ausência de indícios de crime contra vida, conforme o art. 414 do CPP, ou, eventualmente, na conclusão de haver ocorrido o delito, desde logo absolvido sumariamente em razão da existência da excludente de ilicitude do estado de necessidade (art. 23 do CP c/c art. 415 do CPP).
Nestes termos, pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado:___.
OAB:___.
Revisão:
No direito penal há duas espécies de prisão:
1) Prisão Penal
É aquela que se dá após o trânsito em julgado de sentença condenatória, ou seja, é pena.
Essa pena privativa de liberdade pode ser:
Prisão simples: contravenções penais
Detenção: ou reclusão: crimes comuns. A Mais grave é a reclusão pois permite o início da pena no regime fechado.
2) Prisão Processual
Prisão provisória ou prisão cautelar, ocorre antes do trânsito em julgado. Esta pode ser:
Temporária: apenas pode ser decretada durante o inquérito, sua decretação somente será feita pelo juiz. Há dois tipos de prazos: 1- crimes comuns de até 5 dias prorrogável por até mais 5 dias e 2 – crimes hediondos até 30 dias prorrogável por até mais 30.
Preventiva: pode ser decretada na fase do inquérito e na fase da ação penal, porém é muito mais comum que seja decretada na fase de ação penal e somente será decretada pelo juiz. Requisitos: 1 – garantia da ordem pública; 2- garantia da ordem econômica; 3- conveniência da instrução penal e 4 – aplicação da lei penal.
Flagrante: artigo 301 do CP, qualquer do povo PODE realizar a prisão, Autoridade policial e seus agentes DEVEM realizar o flagrante.
Flagrante Próprio: o agente está praticando o crime ou acabou de praticar o fato (artigo 302, incisos I e II)
Flagrante Impróprio: o agente é perseguido logo após a pratica do crime. Perseguição deve ser contínua, ininterrupta.
Flagrante Presumido: o agente é encontrado logo após a pratica do crime portando objetos que façam presumir ter sido ele o autor.
Obs: A legislação traz que para ocorrer a prisão em flagrante deve-se observar algumas formalidades: a) Comunicação imediata ao juiz e ao MP; b) O preso tem direito de informar a família ou pessoa por ele indicada; c) Se não houver advogado, os autos da prisão serão remetidos à defensoria pública: d) Entrega da nota de culpa ao preso no prazo de 24h (Nota de Culpa é o documento que informa o motivo da prisão).
Peça:
Fundamentação - Artigo 5, inciso LXV da CF e artigo 310, inciso I, do CPP.
Modelo:
Como exemplo usaremos o seguinte caso: João da Silva foi preso em flagrante delito, no dia 14 de agosto de 2015. Segundo consta do depoimento prestado por Lúcio Pereira, ele teria sido o autor do crime de homicídio praticado contra Maria do Socorro, em data de 11 de agosto de 2015. O referido depoimento se deu somente no dia seguinte, 12 de agosto. Somente a partir de então João da Silva foi perseguido, até a efetivação da sua prisão. Até o presente momento, o auto de prisão em flagrante delito não foi remetido ao juízo competente. A família de João da Silva lhe procurou hoje.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA DO JÚRI DA COMARCA DE __.
JOÃO DA SILVA, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), (RG), (CPF), (endereço), vem por meio de seu advogado, conforme procuração em anexo (documento 01), requerer à Vossa Excelência o pedido de RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, visando declaração de nulidade do auto de prisão em flagrante (nº) com a correspondente expedição de alvará de soltura com o fundamento no art. 5º LXV, da Constituição Federal e artigo 310, inciso I, do Código de Processo Penal, pelas seguintes razões fáticas e jurídicas:
DOS FATOS:
O requerente foi preso em flagrante no dia 14 de agosto de 2015 por ter, supostamente, incorrido no crime de homicídio nos termos do art. 121, caput, do Código Penal.
Ocorre que, segundo depoimento prestado no dia 12 de agosto por Lúcio Pereira, João da Silva teria sido o autor do crime de homicídio praticado contra a vítima Maria do Socorro ocorrido no dia 11 de agosto de 2015.
Por relevante, imperial registrar que somente a partir deste depoimento o requerente passou a ser perseguido, sendo, então, efetivada sua prisão em flagrante.
Ressalte-se que até o presente momento o auto de prisão em flagrante não foi encaminhado ao Juiz competente.
DO DIREITO:
Dispõe art. 5º, LXV, da Constituição Federal:
“A prisão será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”.
No caso em tela é de rigor o relaxamento da prisão em flagrante, como será demonstrado a seguir.
Registre-se, embora ocioso, que a situação exposta não enseja o auto de prisão em flagrante delito nos moldes do artigo 302 do Código de Processo Penal.
É notória a ilegalidade desta prisão, tendo em vista que a perseguição ao suposto autor do delito ocorreu um dia após a sua consumação, sendo realizada a prisão em flagrante no dia 14 de agosto, três dias após o fato.
Conforme anotado alhures, nenhuma das quatro hipóteses legais do artigo 302, do Código de Processo Penal se encontram presentes nesse caso, quais sejam, estar cometendo infração penal, acabá-la de cometê-la, ser perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer do povo, em situação que faça presumir ser autor da infração, ou ser encontrado, logo após, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração penal.
Ressalte-se, ainda, conforme disposto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Demais disso, não se olvida, por óbvio, que a prisão em flagrante, no caso em tela, não observou as formalidades essenciais elencadas no artigo 306, § 1o do Código de Processo Penal, ou seja, não foi remetida a lavratura e remessa do auto de prisão em flagrante ao juiz competente no prazo de 24 horas.
No decorrer do processo criminal, se houver, será provada a inocência de João.
Pede-se, contudo, o imediato relaxamento dessa prisão ilegal, nos termos do art. 310, I, do Código de Processo Penal, uma vez que não se caracterizou a situação de flagrância nos termos do artigo 302, incisos I, II, III e IV, do Código de Processo Penal.
DO PEDIDO:
Ante o exposto, requer à Vossa Excelência, uma vez provada a inexistência de flagrante delito, determinar o relaxamento da prisão, colocando o requerente em liberdade.
Por fim, que seja ouvido o representante do Ministério Público, expedindo-se o competente alvará de soltura e, caso haja necessidade, que seja designada Audiência de Custódia, nos termos do provimento conjunto nº 3/2015 do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Nesses termos,
Pede e espera deferimento.
(Local, data.)
Nome do Advogado
(OAB ___)
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ‘’...’’ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ‘’...’’ DO ESTADO DE ‘’...’’
URGENTE/RÉU PRESO
Processo nº: ‘’...’’
Autor: Ministério Público do Estado de ‘’...’’
Denunciado: ‘’...’’(Nome do Cliente)
NOME DO CLIENTE, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, através de seu procurador que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença de V. Exa., nos termos dos artigos 57, caput, da Lei 11.343/06 c/c 403, § 3º do Código de Processo Penal, tempestivamente, no quinquídio legal, apresentar ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS, pelas razões de fato e de Direito a seguir apontadas;
SÍNTESE DOS FATOS
Obs:Aqui, deve-se expor de forma clara e objetiva todos os pontos importantes do processo (dia dos fatos, manifestaçõese decisões, etc).
Exemplo:
Narram os autos que na data de ‘’...’’, policiais militares receberam a denúncia de que o ‘’...’’(Nome do Cliente) estaria deslocando do bairro ‘’...’’ no intuito de realizar uma entrega de entorpecentes.
A guarnição foi no encalço do denunciado que segundo os policiais, tentou evadir, mas conseguiram abordá-lo na Rua. ‘’...’’, do Bairro ‘’...’’.
Receberam ainda, a informação de que na tentativa de fuga o denunciado havia dispensado algo, mas nada foi encontrado.
Vale destacar que, na abordagem pessoal nada de ilícito foi encontrado.
Deslocaram-se então para a residência do denunciado, e lá foi encontrada uma porção de maconha em seu quarto.
Foi então o denunciado preso em flagrante sob a acusação de estar praticando traficância de substância conhecida como maconha, o que na verdade não merece prosperar.
A Denúncia foi recebida na data de ‘’...’’ em fls. ‘’...’’.
O denunciado apresentou resposta escrita em fls. ‘’...’’.
Na Audiência de Instrução e Julgamento foram ouvidas 4 testemunhas e ao final, o interrogatório do denunciado em fls. ‘’...’’.
O Ministério Público em suas Alegações Finais de fls. ‘’...’’ pede a condenação do denunciado, sob o argumento de que existem provas suficientes para condená-lo pelo delito de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da lei 11.343/06.
Autos à defesa, para apresentação de Alegações Finais.
Em síntese, são os fatos.
DO MÉRITO
Obs: Nesse momento, deve-se argumentar e expor teses e provas que demonstrem a existência do seu direito e consequentemente, sirvam de amparo para a concessão dos pedidos. Acho sempre interessante ressaltar os efeitos negativos gerados pela pena, a real necessidade de submeter a pessoa ao cárcere, as condições dos presídios, etc. Portanto, expor tudo o que for favorável e capaz de influenciar no convencimento do julgador.
Exemplo:
Inicialmente, cumpre ressaltar que o denunciado é primário, possui residência fixa e trabalho lícito, conforme documentos acostado aos autos.
Cumpre esclarecer ainda, que o denunciado não exerce comércio ilícito de entorpecentes conforme afirmado na denúncia. A irrisória quantidade de drogas encontrada, seria para o consumo pessoal, haja vista que se trata de usuário de drogas.
Verifica-se que nos autos não há nenhuma prova capaz de incriminar o denunciado de forma concreta e inequívoca ao delito em que é acusado, pelo contrário, existem apenas presunções de que a droga encontrada seria para a comercialização.
Como sabemos, no processo penal vigora o princípio segundo o qual a prova, para alicerçar um decreto condenatório, deve ser indiscutível e cristalina.
Portanto, se o conjunto probatório não permitir precisar essa conclusão em decorrência da dúvida, cumpre ao magistrado optar pela absolvição com base no princípio do in dúbio pro réu.
Importante destacar também, que segundo os relatos obtidos nesse procedimento, seja pelas testemunhas ou interrogatório do denunciado, não há qualquer elemento que evidencie a prática do comércio de drogas, maiormente quando não houvera flagrante de venda, detenção de usuários, apreensão de objetos destinados à preparação, embalagem e pesagem da droga.
Conforme se observa do exposto, resta comprovada a situação do denunciado como usuário, conduta tipificada no artigo 28 da Lei 11.343/06 e não a de traficante, conforme aduzido na denúncia.
Não há prova nos autos, de acordo com a análise dos depoimentos, do local do fato, das condições em que se desenvolveu a ação, das circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do denunciado, cheguem à certeza de que a prática do fato era realmente tráfico de drogas, razão pela qual, em caso de não absolvição, mostra-se necessária a desclassificação.
Diante disso, verifica-se que não há nos autos qualquer prova que o denunciado tinha a intenção de vender a droga apreendida em sua residência. Em seu interrogatório, o denunciado é categórico ao afirmar que é apenas usuário habitual e jamais se envolveu na mercância de qualquer entorpecente, fato este corroborado pelo depoimento das testemunhas e demais provas trazidas ao processo.
Portanto Exa., não há nos autos prova inquestionável quanto a ocorrência do delito em que está sendo acusado o denunciado. Mostrando-se prudente a absolvição do mesmo, e em última análise, caso não entenda dessa forma, a desclassificação do delito para uso de drogas, para que assim prevaleça a efetiva aplicação do direito e ditames da justiça.
DOS PEDIDOS
Obs: Muito importante essa parte, deve-se analisar as possibilidades e proceder os pedidos principais e subsidiários, ou seja, requerer absolvição, desclassificação do delito, exclusão de qualificadoras, acatamento de causas de diminuição, aplicação da pena no mínimo legal, conversão em restritivas de direitos, possibilidade de suspensão do processo, concessão de algum benefício, etc.
Exemplo:
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência;
a/ A ABSOLVIÇÃO do denunciado, nos termos do artigo 386, inciso V, VI e VII do Código de Processo Penal, haja vista que não há prova concreta e inquestionável para sustentar uma condenação, prevalecendo o princípio do in dúbio pro réu.
b/ Caso não seja a absolvição o entendimento de V. Exa., pelo princípio da eventualidade, que seja acolhida a tese de DESCLASSIFICAÇÃO para o delito de Uso de Drogas (artigo 28 da Lei 11.343/06), dando definição diversa do teor da denúncia, nos termos do artigo 383 do Código de Processo Penal, com a consequente remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal, nos termos do § 2º do artigo 383 c/c 394, § 1º, inciso III, do Código de Processo Penal.
c/ Por derradeiro, caso entenda pela condenação do denunciado, o que não se espera, requer a APLICAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL, com a devida aplicação do § 4º do artigo 33 da Lei 11.343/06, analisando as circunstâncias pessoais favoráveis do denunciado (artigo 59, inciso IV, do Código Penal) e conversão em penas restritivas de direitos, de acordo com o artigo 44 do Código Penal, posto que o denunciado preenche todos os requisitos.
d/ Em caso de condenação, a aplicação do art. 59 da Lei 11.343/06 c/c 283 do Código de Processo Penal, somado aos princípios da presunção de inocência (art. 5º, inciso LVII da Constituição Federal), entendimento da prisão como última ratio, Lei 12.403/11 (medidas cautelares diversas da prisão), pelos efeitos negativos do cárcere, requisitos favoráveis do denunciado (primário, residência fixa, trabalho lícito), para que possa RECORRER EM LIBERDADE, sendo expedido o devido e competente alvará de soltura em favor do denunciado, para que possa ser restabelecida imediatamente sua liberdade.
Para a efetivação da justiça, direitos e garantias asseguradas a todos os cidadãos, e por tudo evidenciado nos autos, revela-se mais adequada, razoável e humana, o acatamento dos argumentos e total procedência dos pedidos formulados pela defesa.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Local ‘’...’’ e data ‘’...’’
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS EXECUÇÕES CRIMINAIS DA COMARCA ___
Execução Penal nº. ____
X, já qualificado nos autos em epígrafe, atualmente recolhido no presídio estadual ____, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosa e tempestivamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a r. Decisão de fls. ___, que indeferiu sua unificação de penas, interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO com fulcro no artigo 197 da Lei 7.210/84.
Requer o agravante que seja recebido e processado o presente agravo, já com as inclusas razões, para que possa Vossa Excelência retratar-se, caso entenda. Na eventualidade da manutenção de seu "decisum", após a oitiva do ilustre representante do Ministério Público, requer que seja encaminhado o recurso ao Egrégio Tribunal de Justiça de ____.
Nestes termos, pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/____ n. ____.
RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO
AGRAVANTE: X.
AGRAVADO: Ministério Público.
EXECUÇÃO PENAL Nº: ____.
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Douta Procuradoria,
Em que pese o ilibado saber jurídico do MM juízo a quo, arespeitável decisão de fls. __ não merece prosperar, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I - SÍNTESE: O agravante resta condenado à pena de 6 anos de reclusão, em regime inicial fechado, por infração ao artigo 157 do CP, praticada em 29 de janeiro de 2004. Possui ainda condenações em outros dois processos, com trânsito em julgado, às penas de 5 anos e 4 meses e 6 anos e 2 meses de reclusão, pelo mesmo delito, cujos fatos ocorreram, respectivamente, em 10 de janeiro e 15 de fevereiro de 2004. Foi pleiteado junto ao Juiz da Vara das Execuções a unificação de penas, que, todavia, indeferiu-a, ao fundamento de que o sentenciado agiu reiteradamente de forma criminosa, não fazendo jus à unificação.
II – FUNDAMENTOS: A decisão foi publicada no Diário Oficial há dois dias e o condenado intimado ontem, portanto, tempestiva o presente recurso.
Diz o art. 66 da Lei de Execucoes Penais, que compete ao Juiz da execução, entre outras atribuições, realizar a soma ou unificação de penas.
Realizado o devido pedido nos moldes acima, o magistrado a quo equivocou-se ao negar a unificação com base apenas na reiteração criminosa, uma vez que isto por si só não é motivo para negar a unificação de penas.
O art. 111 da LEP diz que quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.
Portanto, por expressa previsão legal, deve o juiz da Execução realizar a unificação, inclusive para fins de cálculos de detração, remição, e futuras progressões de regime e livramento condicional.
III - PEDIDOS: Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso, sendo devidamente concedida a unificação de penas nos termos acima, como medida da mais pura e lídima justiça.
Nestes termos, pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/____ n. ____.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA...ª VARA CRIMINAL DA COMARCA... /...
"ACUSADO", nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade nº..., inscrito no CPF/MF sob o nº..., residente e domiciliado na rua na comarca de..., atualmente detido junto ao Distrito Policial... Nº..., bairro..., por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a concessão de LIBERDADE PROVISÓRIA com fulcro no artigo 5º, inciso LXVI, da Constituição Federal, bem como nos artigos 310, III e 321 do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I - SÍNTESE DOS FATOS
O acusado encontra-se recolhido junto à delegacia..., à disposição da justiça, em virtude de prisão em flagrante pelos suposta pratica do delito previsto no artigo 155, § 4º do Código Penal, por supostamente ter participado junto de dois amigos, o furto de um automóvel Fiat Uno.
Em razão da qualificadora do concurso de pessoas, a autoridade policial entendeu por bem não arbitrar fiança, determinando o recolhimento do acusado ao cárcere e entregando-lhe nota de culpa, sendo a cópia dos autos de prisão em flagrante remetida para este juízo (fls...).
Eis os fatos.
II - FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Embora a autoridade policial tenha optado pela não concessão da fiança, vê-se, Excelência, que o acusado é pessoa de boa conduta social, sendo primário e trabalhador (conforme registro anexos), o que leva a concluir que não é um indivíduo corriqueiro a atividades criminosas.
Destaca-se que esta foi a primeira vez que tal indivíduo se deparou com uma situação como esta. Não pode ser subjugado dos benefícios da lei apenas pela prática de um suposto delito. Aliás, o veículo do delito em tela fora encontrado em perfeito estado de conservação, sem maiores danos ou prejuízos ao proprietário, conforme autos de apreensão (fls...), não tendo a vítima qualquer prejuízo financeiro.
A prisão cautelar reveste-se de caráter de excepcionalidade, pois somente deve ser decretada quando ficarem demonstrados o fumus bonis iuris e o periculum in mora, o que não ocorreu no presente caso.
Para a legítima manutenção em cárcere, na forma de prisão preventiva, há de ser preenchido os requisitos do art. 312 e 313 do Código de Processo Penal. Passa-se a análise destes:
O Requerente é primário e portador de bons antecedentes, conforme comprova documentos de folhas..., logo não há risco à ordem pública se posto em liberdade.
Da mesma forma, não há indícios de que o acusado em liberdade ponha em risco a instrução criminal, a ordem pública e, tampouco, traga risco à ordem econômica.
Portanto, não há risco à aplicação da lei penal e, destarte, não há fundamento que sustente a manutenção do cárcere.
Assim, conforme leciona a melhor doutrina, uma vez verificado que estão ausentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, a liberdade provisória é medida que se impõe, conforme determina o artigo 321, do Código de Processo Penal:
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código.
III - DO PEDIDO
Ante o exposto, requer que seja deferida a liberdade provisória sem fiança ao Requerente, com a expedição do devido alvará de soltura.
Caso assim não se entenda, desde já postula também a concessão da liberdade provisória cumulada com as medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, uma vez que a prisão é a ultima ratio a ser seguida pelo julgador.
Por tudo, requer a intimação do Ilustre representante do Ministério Público, nos termos da lei.
Nesses termos, pede deferimento.
Comarca..., data...
Advogado...
OAB.../UF...
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...
A, nacionalidade, estado civil, profissão, residente e domiciliado no endereço..., portador da cédula de identidade RG nº... E inscrito no CPF/MF sob o nº..., atualmente recolhido junto ao presídio estadual..., por seu advogado, que esta subscreve, inconformado com a respeitável sentença transitada em julgado da ação penal... Que o condenou pelo crime de estupro (art. 213 do Código Penal), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor REVISÃO CRIMINAL com fulcro no artigo 621, III do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I – SÍNTESE DOS FATOS
A resta condenado definitivamente, com trânsito em julgado pela prática do crime de estupro (art. 213 do CP), com uma pena a cumprir de 06 anos de reclusão em regime fechado, eis que teria constrangido a vítima B à conjunção carnal mediante grave ameaça.
Ocorre que agora, decorrido um ano já do trânsito em julgado, com o condenado cumprindo pena privativa de liberdade, a vítima B confidenciou à sua amiga C, que antes dos fatos, já namorava A e que com ele havia mantido relacionamento sexual por diversas oportunidades e por sua própria vontade.
Ademais, relatou também, que o acusou de crime, porque A rompera definitivamente com o namoro, e, não sabendo lidar com o fim do relacionamento, desejou prejudicá-lo apenas por vingança.
II – FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Como visto da narrativa, injustiça pura é o que ocorre com o autor. Ele jamais cometeu o crime de estupro. Prevê o art. 213 da norma penal que só há o crime quando alguém, mediante violência ou grave ameaça, constrange o outro a ter conjunção carnal ou a praticar ato libidinoso. Por outro lado, se a relação sexual é de livre e espontânea vontade, sendo o indivíduo maior, capaz, e responsável pelos atos da vida civil que pratica, não havendo violência nem ameaça pelo parceiro, inexiste a figura do estupro.
Portanto, em razão da ação penal... Já ter transitado em julgado, o art. 621, III do Código de Processo Penal autoriza a revisão de processo findo, quando após a sentença, se descobrirem

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